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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FACS CURSO: ENFERMAGEM ROSA MARIA SOUZA XIMENES A PARTICIPAÇÃO DO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM NA SALA DE ACOLHIMENTO: uma experiência em campo de estágio de alunos de graduação do UniCEUB Brasília, DF Maio / 2007

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Page 1: A PARTICIPAÇÃO DO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM NA SALA DE ACOLHIMENTO uma experiência em campo de estágio de alunos de graduação do UniCEUB

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA

FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – FACS

CURSO: ENFERMAGEM

ROSA MARIA SOUZA XIMENES

A PARTICIPAÇÃO DO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM NA SALA

DE ACOLHIMENTO: uma experiência em campo de estágio de alunos de

graduação do UniCEUB

Brasília, DF

Maio / 2007

Page 2: A PARTICIPAÇÃO DO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM NA SALA DE ACOLHIMENTO uma experiência em campo de estágio de alunos de graduação do UniCEUB

ROSA MARIA SOUZA XIMENES

A PARTICIPAÇÃO DO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM NA SALA

DE ACOLHIMENTO: uma experiência em campo de estágio de alunos de

graduação do UniCEUB

Monografia apresentada ao Centro Universitário de

Brasília – UNICEUB, como requisito parcial à

conclusão do 9º semestre do Curso de Enfermagem.

Sob a orientação da Profª: MsC Nílvia Jaqueline

Reis Linhares

Brasília, DF

Maio / 2007

Page 3: A PARTICIPAÇÃO DO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM NA SALA DE ACOLHIMENTO uma experiência em campo de estágio de alunos de graduação do UniCEUB

Dedicatória

Dedico este trabalho a Deus que me

capacitou e encorajou para eu chegasse ao

final dessa caminha e aos meus pais,

marido e filhos que me apoiaram durante

todo trajeto.

Page 4: A PARTICIPAÇÃO DO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM NA SALA DE ACOLHIMENTO uma experiência em campo de estágio de alunos de graduação do UniCEUB

Agradecimentos

Meus sinceros agradecimentos aos professores pelo excelente desempenho no

cumprimento de suas missões, principalmente, àquelas de dividir a sabedoria para multiplicar

o conhecimento.

A todos serei eternamente grata.

Agradecimentos especiais ao meu esposo Ximenes, pela compreensão e presença de

espírito e; às professoras Jacqueline Linhares e Adriene Paiva, pelo auxílio nos

conhecimentos construídos; à minha colega Edna Rocha e à minha sobrinha Tatiane Costa,

pelo carinho e atenção.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES - GRÁFICOS

Gráfico 1 - Julgamento do acolhimento por parte dos acadêmicos de saúde 18

Gráfico 2 - A importância de atividades na sala de acolhimento 19

Gráfico 3 - Atitudes de melhoria pra a sala de acolhimento 20

Gráfico 4 - Sugestões de ações e idéias sugeridas por alunos de enfermagem 21

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Resumo

O presente estudo tem como objetivo principal conhecer a percepção dos alunos do Curso de

Enfermagem do Centro Universitário de Brasília (UniCEUB), junto aos pacientes e

acompanhantes em relação ao acolhimento mais humanizado na sala de acolhimento,

buscando sugestões de como proporcionar a melhoria e bem-estar dos pacientes. O interesse

por esse trabalho de humanização na sala de acolhimento surgiu durante os estágios

supervisionados na Unidade de Saúde da Secretaria do Distrito Federal. O trabalho foi

desenvolvido por meio da aplicação de questionamentos de perguntas fechadas e abertas aos

alunos do oitavo e nono semestres. Durante esses estágios, que foram realizados na rede

pública e privada de saúde do Distrito Federal, algumas atividades foram levadas, tais como:

palestras, recreação e atividades lúdicas. Foi aí que percebemos a necessidade de um

acolhimento mais humano, buscando otimização dos espaços, organização, educação e

humanização. Para o alcance dos objetivos propostos, utilizou-se a revisão da literatura, para

conhecer a realidade das salas de acolhimento de hospitais e postos de saúde. E, para definir a

metodologia, várias leituras e análises foram feitas para melhor elucidar o problema proposto.

O resultado do trabalho nas salas de acolhimento foi imediato e notamos uma recepção

positiva, pois as crianças ficaram mais estimuladas com as brincadeiras e ocupações, as mães

mais tranqüilas e satisfeitas, despertando seu o interesse em aprender certos assuntos citados

nas palestras, enfatizando, assim, a importância do melhor uso do local como espaço

educativo.

Palavras-chave: Enfermagem – Acolhimento – Sala de acolhimento – Humanização

Page 7: A PARTICIPAÇÃO DO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM NA SALA DE ACOLHIMENTO uma experiência em campo de estágio de alunos de graduação do UniCEUB

Abstract

This study aimed to know perceiving of students of Nursery College of UniCEUB, with

patients and familiars in relation to reception more humanized in reception room, searching

suggestions to proportionate a better condition of patients in those places. The interesting to

that work appeared during supervised probation in Healthy Unit of Healthy Secretary of

Distrito Federal-Brazil. The research was developed thought out questioners of close and open

questions to students of eighth and ninth semesters. During those probations, which were

accomplished in the public and private net of Healthy Secretary of Distrito Federal, some

activities were done, such as: lectures, jokes, and funny activities. That event, we perceived

necessity of a reception more humanized, searching better places, organization, education and

humanization. To reach the propose goals, we used literature review, to know reality of room

reception of hospitals and healthy units. And to define methodology, several readings were

made to better elucidate the theme. The results of activities in reception room were immediate

and we observed a positive reception, because children were more stimulated with jokes and

occupations, mothers more tranquil and satisfied, showing their interesting to learning issues

mentioned in some lectures, emphasizing, this way, the importance of better use of place as

educative space.

Key-words: Nursery – Reception – Reception Room – Humanity

Page 8: A PARTICIPAÇÃO DO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM NA SALA DE ACOLHIMENTO uma experiência em campo de estágio de alunos de graduação do UniCEUB

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................ 9

2 DESENVOLVIMENTO .............................................................................. 11

3 METODOLOGIA ....................................................................................... 13

3.1 MÉTODO DE ABORDAGEM ................................................................ 14

3.2 MÉTODO DE PROCEDIMENTO ......................................................... 14

3.3 DELIMITAÇÃO DO UNIVERSO .......................................................... 16

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................................ 17

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................... 21

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO ........................................................... 22

ANEXO A ....................................................................................................... 24

ANEXO B - QUESTIONÁRIO SALA DE ACOLHIMENTO .................... 26

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INTRODUÇÃO

O presente estudo tem como objetivo principal conhecer a percepção dos alunos do

Curso de Enfermagem do Centro Universitário de Brasília (UniCEUB), junto aos pacientes e

acompanhantes em relação ao acolhimento mais humanizado na sala de acolhimento,

buscando sugestões de como proporcionar a melhoria e bem-estar dos pacientes.

A enfermagem como prática laboral em saúde tem papel preponderante, por ser uma

profissão que pretende promover o bem-estar do ser humano, considerando, de certo modo, a

liberdade, individualidade e dignidade, atuando na promoção da saúde, prevenção de

enfermidades.

O interesse por esse trabalho de humanização na sala de acolhimento surgiu durante os

estágios supervisionados na unidade de Saúde da Secretaria do DF. O trabalho foi

desenvolvido pelos alunos do UniCEUB, junto aos pacientes e acompanhantes, através da

aplicação de questionamentos de perguntas fechadas e abertas aos alunos do oitavo e nono

semestres.s

Durante esses estágios, que foram realizados nas redes: pública e privada de saúde do

Distrito Federal, levamos atividades, tais como: palestras, distribuição de revistas, brinquedos,

folhetos educativos, lápis de cor, cartazes e percebemos a necessidade da intervenção nessas

salas de acolhimento junto aos acompanhantes, intervindo no acolhimento, organização,

educação e humanização.

O resultado foi imediato e notamos uma recepção positiva, as crianças ficaram mais

quietas com as brincadeiras e ocupações, as mães mais tranqüilas e satisfeitas e podemos

notar o seu interesse em aprender certos assuntos citados em palestras, despertando assim, a

importância do uso do local como espaço educativo.

A metodologia utilizada é o estudo de caso, por ser a mais adequada aos objetivos

propostos. Foram aplicados cinqüenta questionários com questões fechadas e abertas sobre

acolhimento e humanização. Destes, trinta cinco foram respondidos como solicitado e são a

base de dados que utilizamos para a nossa análise.

Além das leituras e experiências em sala de aula, partimos para a prática e, um evento

em particular foi o motivador desta pesquisa, a história do pequeno A. P., que apresentava um

quadro de saúde preocupante. Um grupo de acadêmicos fez uma reunião para tentar fazer

algo, visando à melhora desta e de outras crianças, então se decidiu introduzir musicoterapia e

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outras técnicas. Durante estas intervenções observou-se, a reação positiva de cada criança e o

pequeno A.P. foi quem apresentou se sentiu motivado e com rápida melhora. Depois da alta,

foram feitas visitas à família durante toda a realização deste estudo, observando a convivência

da criança no seio de sua família. Daí, pudemos constatar uns dos motivos que levava a

criança a várias internações era o fato que as crianças dormiam no chão frio em virtude do

baixo pode aquisitivo da família.

Ao mesmo tempo em que nos sentimos chocados, este evento nos deu propulsão para

continuar a realizar nosso trabalho cada vez melhor e proporcionando alento a quem

necessita.

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2 DESENVOLVIMENTO

De acordo com Wanda Horta, a enfermagem é a ciência e a arte de assistir o ser

humano em suas necessidades básicas e torná-lo independente destas necessidades, quando

for possível através do auto-cuidado. Desse modo, a enfermagem como ciência pode ser

exercida em vários locais tais como: Hospitais, Empresas Particulares (Enfermagem do

Trabalho), Escolas, Centros de Saúde (Enfermagem de Saúde Pública)1.

Com os avanços científicos, tecnológicos e a modernização de procedimentos,

vinculados à necessidade de se estabelecer controle, o enfermeiro passou a assumir cada vez

mais encargos administrativos, afastando-se gradualmente do cuidado ao paciente, surgindo

com isso a necessidade de resgatar os valores humanísticos da assistência de enfermagem

(ZEN; BRUTSHER,1986, p.06).

Segundo o Programa Saúde da Família (PSF), atualmente no contexto do Acolhimento

representa um importante instrumento para a humanização da atenção à saúde. Estes

profissionais vivenciam diariamente a prática do acolhimento da forma mais humana de sua

concepção, extrapolando, para isso, até mesmo sua formação profissional, que, geralmente,

habilita-os para ações curativas.

Segundo Franco; Bueno; Merhy (1999), a definição das necessidades da organização

do contexto hospitalar e da área da Saúde tem como uma das atividades básicas a elaboração

de um plano de metas, visando a integração dos sistemas existentes, bem como padronização

das soluções propostas e otimização dos serviços, pressupondo escolhas e direcionamentos,

com vistas à melhoria da qualidade do atendimento em salas de acolhimento por parte dos

profissionais de saúde.

Desse modo, o acolhimento, nos serviços de saúde, tem sido considerado como um

processo, especificamente de relações humanas; um processo que deve ser realizado por todos

os trabalhadores de saúde e em todos os setores do atendimento. Não se limitando, portanto,

ao ato de receber, e sim se constituindo em uma seqüência de atos e modos que compõem o

processo de trabalho em saúde (MATUMOTO, 1998).

1 Disponível em: http://www.marimar.com.br/ tecnicas_basicas_em_enfermagem. Acesso em 8 mai. 2007.

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Muito antes do encontro profissional de saúde/usuário, a unidade de saúde como um

todo se prepara para esta relação. Esta preparação se dá desde a concepção de sua finalidade,

operacionalizada através da estruturação do trabalho, segundo seu modelo de assistência, da

destinação de um ambiente físico, da definição do quê, de quem e em quais circunstâncias irá

acolher bem como da presença de determinadas condições de trabalho, contexto em que os

trabalhadores de fato concretizarão o atendimento, em nome da unidade de saúde.

O acolhimento na saúde, como produto da relação trabalhadores de saúde e usuários,

vai além da ‘recepção, atenção, consideração, refúgio, abrigo, agasalho”, do

conceito do Aurélio. Passa pela subjetividade, pela escuta das necessidades do sujeito, passa pelo processo de reconhecimento de responsabilização entre serviços e

usuários, e abre o começo da construção do vínculo. Componentes fundamentais

para um reinventar a qualidade da assistência”(FRANCO;BUENO; MERHY, 1997,

p.3)

A preocupação com o outro pode ser observada também pela forma com que se utiliza

a sinalização e se informa a localização das salas e setores de atendimento, isto é, como se

lança mão da tecnologia dura, placas, cartazes, painéis informativos e outros. Desde a entrada

são pouco destacadas, as placas são pouco evidentes e os setores, em muitas situações, ficam

sem ninguém para informar.

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3 METODOLOGIA

Este estudo foi realizado segundo as categorias assinaladas por Demo (1996), que são

pressupostas a partir de necessidade, bem como da totalidade dialética, condições objetivas e

subjetivas, além de unidades de contrários e teoria e prática.

Para o alcance dos objetivos propostos utilizou-se a revisão da literatura, buscando

conhecer a realidade das salas de acolhimento de hospitais e postos de saúde.

E, para definir a metodologia que conduziu essa pesquisa, várias leituras e análises

foram feitas para escolha da que melhor (ou das melhores) que elucidassem o problema

proposto.

Uma dessas leituras (Demo, 1996), em particular, foi importante para deixar claro o

que é uma pesquisa científica. Desse modo, quebramos paradigmas construídos, quando

tratamos de um assunto distante da realidade, em relação ao cotidiano do profissional de

enfermagem em suas atividades profissionais.

A pesquisa, na maioria das vezes, é vista e ensinada como a transcrição de umas

poucas informações coletadas em meia dúzia de enciclopédias e livros que fazem referências

superficiais aos assuntos, ou ainda como algo que pessoas de extrema preparação acadêmica,

lacrados em laboratórios longínquos fazem pelo bem da humanidade.

Esta reflexão traz a necessidade de desmistificar o processo de pesquisa e torná-lo algo

mais próximo do dia-a-dia, para que o conhecimento possa ter maior contexto e significado

com a realidade.

A partir dessa leitura e da reflexão que ela propiciou, foi abandonada a postura de

pseudo-especialista que havia sido imbuída, num primeiro momento para imprimir uma

postura de investigação, observação e análise do ambiente natural do objeto de pesquisa.

Dessa maneira, a metodologia, antes parto laborioso, definiu-se de maneira fácil e de

forma contextualizada ao assunto, e não de maneira asséptica como outrora havia sido escrito

apenas para cumprir com a obrigação de copiar um método científico.

Definida a área de estudo, partiu-se para identificação da metodologia a ser utilizada

na qual seja, após rigoroso estudo definiu-se pelo estudo de caso, e por ser a mais adequada

para o trabalho em alusão, em seguida defini-se método de abordagem, método de

procedimento, e delimitação do universo de estudo para ao final concluir que a sala de

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acolhimento é um local propício para desenvolver atividades educativas, onde o enfermeiro

pode utilizar métodos citados na pesquisa para o melhor acolhimento e humanização.

A partir da definição do estudo de caso como método de pesquisa, partimos para

elaboração do instrumento de pesquisa. Então, optou-se por um questionário com perguntas

abertas de fechadas, aplicado aos estudantes de enfermagem do oitavo e nono semestres, para

atingir os objetivos propostos e servirem de base de dados para a nossa análise.

3.1 MÉTODO DE ABORDAGEM

Por ser esta pesquisa cientifica desenvolvida na área da saúde, e seu material de

estudo, um grupo específico de alunos da graduação de enfermagem nos quais diversos

aspectos subjetivos e únicos foram estudados, a escolha privilegiou aspectos que possibilitem

um maior aproveitamento das observações, vivencias e coleta de dados, numa perspectiva

qualitativa.

[...] Esses problemas, pela sua natureza específica, requerem técnicas de estudo

também especialmente adequadas. Em lugar dos questionários aplicados a grandes

amostras, ou dos coeficientes de correlação, típicos das análises experimentais, são

utilizadas mais freqüentemente neste novo tipo de estudo a observação participante

que cola o pesquisador a realidade estudada; a entrevista, que permite um maior

aprofundamento das informações obtidas; e a análise documental que complementa

os dados obtidos através da observação e da entrevista e que aponta novos aspectos

da realidade pesquisada (MENGA; MARLI, 1986, p.8).

A abordagem utilizada na pesquisa foi baseada na convivência e troca de experiências

com os alunos do sétimo e oitavos semestres do curso de Enfermagem do Uniceub a no

ambiente natural onde desenvolvem seus estudos, portanto podemos caracterizá-la como

sendo um método dialético, que “penetra o mundo dos fenômenos através de sua ação

recíproca, da contradição inerente ao fenômeno e da mudança dialética que ocorre na natureza

da sociedade” (LAKATOS, 1992, p. 106).

3.2 MÉTODO DE PROCEDIMENTO

Pela exigüidade de tempo e quantidade de informações disponíveis, foram escolhidas

características de várias metodologias de procedimentos para que propiciassem maiores

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possibilidades de acerto ao estudo, fazendo com que a pesquisa pudesse atingir os objetivos

propostos. Algumas características do estudo de caso são:

[...] uma caracterização abrangente para designar uma diversidade de pesquisas que coletam e registram dados de um caso particular ou de vários

casos a fim de organizar um relatório ordenado ou crítico de uma

experiência, ou avaliá-las analiticamente, objetivando tomar decisões a seu respeito ou propor ação transformadora (CHIZZOTI, 1995, p. 102).

Deste ponto de vista, a escolha do estudo de caso o fato de várias fontes de informação

serem utilizadas para que se tenha um desenho fidedigno do processo, pois “Ao desenvolver o

estudo de caso, o pesquisador recorre a uma variedade de dados, coletados em diferentes

momentos, em situações variadas e com uma variedade de tipos de informantes” (MENGA;

MARLI, 1986, p. 19).

Além de características do estudo de caso também será utilizado o procedimento de

pesquisa de fonte primária ou documental:

Os documentos de fontes primárias são aqueles de primeira mão,

provenientes dos próprios órgãos que realizaram as observações. Englobam

todos os materiais, ainda não elaborados, escritos ou não, que podem servir como fonte de informação para a pesquisa científica. Podem ser encontrados

em arquivos públicos ou particulares, assim como em fontes estatísticas

compiladas por órgãos oficiais e particulares. Incluem-se aqui como fontes não escritas: fotografias, gravações, imprensa falada (televisão e rádio),

desenhos, pinturas, canções, indumentárias, objetos de arte, folclore etc.

(LAKATOS, 1992, p. 43).

A partir da aplicação da metodologia, os dados e generalizações conseguidos

possibilitaram indicações de possíveis ações corretivas nas salas de espera.

A coleta de dados, a fim de abranger o maior número de aspectos do objeto de estudo,

utilizará a documentação indireta abrangendo a pesquisa documental dos estágios realizados

(premissas, objetivos, orientações) e a documentação direta que será feita através dos

instrumentos:

Observação – Utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade,

Não consiste apenas em ver e ouvir, mas também em examinar fatos ou fenômenos que se

deseja estudar (LAKATOS, 1992, p. 107).

Questionário – constituído por uma série de perguntas que devem ser respondidas por

escrito e sem a presença do pesquisador (LAKATOS, 1992, p. 107). Ver modelo no apêndice.

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Para este estudo, foram aplicados cinqüenta questionários com questões fechadas e

abertas sobre acolhimento e humanização. Destes, trinta cinco foram respondidos como

solicitado e são a base de dados que utilizamos para a nossa análise.

3.3 DELIMITAÇÃO DO UNIVERSO

O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Uniceub sob o

número CAAE 0004/06 e foi realizado entre fevereiro e março do corrente ano, com um

grupo de 37 acadêmicos do Curso de Enfermagem do Uniceub. (Os alunos pertencem aos

sétimo e oitavo semestres, sendo que sete destes já atuam na área de saúde como auxiliares ou

técnicos de enfermagem, a faixa etáriamédia de idade é de 28 anos, variando de 24 – 56 anos

de idade) sendo que o mais novo do grupo tem 24 anos e a mais velha 56 anos.

O ambiente da pesquisa foi o Bloco IX, onde funciona a Faculdade de Saúde do

Uniceub, localizado no seu Campus, na Asa Norte, em Brasília-DF.

Desse modo, temos a consciência de preocupação do processo e não somente o

produto tem relevância nessa dinâmica, pois o objetivo prioritário não é a análise da qualidade

dos serviços, e sim os caminhos que podem proporcionar uma melhoria qualitativa no serviço

humanizado de atendimento em salas de acolhimento.

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4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

A seguir, apresentamos os dados da pesquisa, referentes aos questionários, analisando

os principais itens pesquisados.

Gráfico 1 Julgamento do acolhimento por parte dos acadêmicos de saúde

Fonte: Questionário aplicado aos alunos do Curso de Enfermagem da Faculdade de Saúde do UniCEUB,

Brasília, 2007.

Este primeiro gráfico representa a avaliação do acolhimento nas unidades de saúde

pública e privada do DF, aos olhos dos alunos entrevistados. Do total de pesquisados, 23 (%)

responderam que o acolhimento é regular, oito por cento consideram ruim e cinco por cento

consideram esse acolhimento bom, com esse resultado é cabal que a grande maioria não

aprova a forma como a população e recebida nas unidades de saúde estudadas.

Para Eiglier; Langeard (1988, apud Serapioni), entretanto, a qualidade é constituída de

dois elementos: um objetivo, relacionado a componentes físicos de um determinado item, e

outro subjetivo, relacionado à satisfação do usuário, do ponto de vista da sua percepção e das

suas expectativas. Como no caso dos serviços não há separação entre produção e distribuição,

a qualidade se resumiria à satisfação do cliente em determinada situação.

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Gráfico 2 A importância de atividades na sala de acolhimento

Fonte: Questionário aplicado aos alunos Curso de Enfermagem da Faculdade de Saúde do UniCEUB,

Brasília, 2007.

Fica evidente neste gráfico, a importância de atividades, tais quais: educação

continuada, palestras e atividades afins, nas salas de acolhimento, um total de 100% dos

pesquisados, enfatizando a necessidade de estabelecer uma relação satisfatória entre o

profissional e o usuário.

O presente resultado vai ao encontro das idéias defendidas por Giovanella et al (2000)

que alerta sobre os sistemas integrais de saúde. Nesta perspectiva, estes deveriam atender a

algumas premissas básicas, quais sejam: a primazia das ações de promoção e prevenção; a

garantia de atenção nos três níveis de complexidade da assistência médica; a articulação das

ações de promoção, prevenção, cura e recuperação; a abordagem integral do indivíduo e

famílias.

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Gráfico 3 Atitudes de melhoria pra a sala de acolhimento.

Fonte: Questionário aplicado aos alunos Curso de Enfermagem da Faculdade de Saúde do UniCEUB,

Brasília, 2007.

O gráfico três, aborda as sugestões de atividades para serem desenvolvidas nas salas

de acolhimento Neste item, todos referiram que é importante o desenvolvimento de atividades

educativas; fato que reforça nossa hipótese de que atividades diversificadas neste período

oportunizam resultados mais imediatos, além de proporcionar um ambiente mais saudável e

propício a recuperação mais rápida.

Motta; Enumo (2004, p.20) observam que “revendo a bibliografia nacional e

internacional sobre a introdução do brincar no hospital, verifica-se que esta temática vem

ocupando um espaço significante no estudo da hospitalização infantil, trazendo questões

relacionadas à sua importância no processo de humanização hospitalar”.

Observamos, entretanto, que poucos estudos analisam, sistematicamente, os efeitos de

programas específicos de recreação sobre o repertório de comportamentos de crianças e

adolescentes em tratamento médico e suas implicações para o enfrentamento da doença e da

adesão à terapêutica.

Durante nosso estágio na pediatria do Hospital Regional de Planaltina-DF, tivemos a

oportunidade de realizar algumas atividades lúdicas e ao final do estágio constatou-se sensível

melhora naquela unidade pediatra.

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Gráfico 4 – Sugestões de ações e idéias sugeridas por alunos de enfermagem

Fonte: Questionário aplicado aos alunos do Curso de Enfermagem da Faculdade de Saúde do UniCEUB,

Brasília, 2007.

Nesta abordagem, destacam-se as ações ideais para que toda dinâmica do acolhimento

saia a contento e que deverão ser realizadas nas salas de espera das Unidades de Saúde

Pública e Privadas do Distrito Federal.

Enfatiza-se, pois, que a educação continuada ainda é um forte item sugerido pela

maioria dos profissionais de saúde.

Para McGrath; Huff (2001), as crianças em idade pré-escolar constituem o grupo de

maior vulnerabilidade a sofrer efeitos adversos, quando expostas às experiências de

internação hospitalar. Entre os adolescentes, podemos levantar a hipótese de que uma unidade

pediátrica, com ambientes físicos decorados e voltados às necessidades prioritárias da

infância, pode ter inibido a participação mais efetiva dos mesmos.

Sem dúvida, a educação, bem como a implantação de políticas adequadas são métodos

eficazes para que tudo ocorra de modo satisfatório e, todos os profissionais envolvidos

destaquem-se em suas funções e sirvam de alento, com suas potencialidades para conduzir a

missão conferida pela ética do trabalho, além de delinear suas ações cotidianas e experiências

de mundo.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A disposição para o desenvolvimento do presente trabalho teve fulcro na consciência

acadêmica construída nos quatro primeiro anos de estudos na faculdade de enfermagem do

UniCEUB

Nesse período de intensos trabalhos sobre as diversas áreas de estudos da enfermagem,

aquele que mais despertou a necessidade de maior aprofundamento ao estudo foi justamente,

o da sala de acolhimento, pois ali é a porta de entrada, onde portanto, a forma do acolhimento

poderia definir o sucesso ou insucesso da cura do paciente.

Desse modo, identificamos e analisamos aspectos relacionados ao preparo para relação

estabelecida entre trabalhador e o usuário em unidade de saúde, tendo por perspectiva o

acolhimento. Este é, pois, entendido enquanto processo, constituindo-se em um conjunto de

atos executados de modos distintos no momento do atendimento.

Nesta abordagem, identificou-se que para o acolhimento se processar há um

“momento” de preparo do profissional, do seu espaço físico e das relações presentes no

trabalho para que se dê o atendimento ao usuário, no qual nem sempre são consideradas suas

necessidades.

Embora haja dificuldades quanto à disponibilidade de recursos, especialmente do setor

público, é preciso atentar para a preparação da relação serviço/usuário e profissional/usuário,

buscando na estruturação do serviço.

Desse modo, podemos considerar que a disponibilidade do trabalhador para o preparo

do ambiente, de si próprio e da relação de atendimento propriamente dita, passa por dentro do

próprio trabalhador (seus afetos, desejos, projetos) e pelo contexto no qual está inserido.

Em seu quotidiano, o profissional de saúde, de um modo geral, não se percebe e vive

atribulado, correndo o tempo todo, com grande dispêndio de energia, sem parar para refletir

sobre o que faz.

Portanto, o acolhimento tem a potencialidade de inverter a lógica de organização e

funcionamento do serviço de saúde, partindo do princípio atender a todas as pessoas que

procuram os serviços de saúde, garantindo a acessibilidade universal, assumindo sua função

primordial de acolher, escutar e dar uma resposta positiva, capaz de resolver os problemas de

saúde da população.

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REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

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documentação – referências – elaboração. Rio de Janeiro, 2002.

______. NBR 10520: informação e documentação – citações em documentos – apresentação.

Rio de janeiro, 2000.

______. NBR 14724: informação e documentação – trabalhos acadêmicos – apresentação.

Rio de Janeiro, 2002.

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ANEXO A

RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA EM SALA DE ACOLHIMENTO

O papel do enfermeiro na sala de acolhimento é de grande relevância devido à

natureza da própria profissão, visando o cuidar que já vem desde a época de Florence

Nightingale. Cuidado este que pode ser prestado desde a sala de acolhimento até em uma

enfermaria, que foi o local usado para este estudo. É, sem dúvida, referência e uma

experiência de grande valor que serviu de crescimento profissional e pessoal.

Das leituras e experiências em sala de aula, pudemos partir para a prática e, um evento

em particular foi o motivador desta pesquisa, fato ímpar que nos fez repensar todo um

histórico de vida e perspectivas, não do só do paciente em questão como da pesquisadora. É

esta experiência que relataremos a seguir.

A.P. nasceu no dia 08 de junho de 2000. Filho de André Pereira, 39 anos, 2º grau

completo funcionário do Colégio Agrícola na área de sérvios gerais, e Rosa Pereira Martins,

34 anos, 1º grau incompleto, freqüentadora da Assembléia de Deus, do lar; procedentes da

Bahia, o casal possui mais dois filhos (7 anos e 3 anos), renda familiar de R$ 1.000,00, casa

de alvenaria, alugada tendo água encanada e esgoto tratado, possuem cão.

A.P. não foi planejado, nasceu de parto normal com o auxílio de fórceps, pesando

2,700 kg, teve amamentação materna normal até os 12 meses. Nasceu com pneumonia intra-

uterina; IRA; ficando internado por 13 dias. Esta é a sua 57ª internação. Tem AVC,

Pneumonia, Bronquite e Anemia Falciforme (descoberta entre 7/8 meses de idade), apresenta

edemas e cianose nos dedos e articulações. Chora muito.

Fazia acompanhamento no Posto 03 de Planaltina, antes de ser descoberta a Anemia

Falciforme. Com um ano de idade, foi internado com crise de “seqüestro”, no Hospital de

Base, inclusive na UTI, ficando lá vários dias, seus pais não souberam precisar o tempo.

Nessa internação foi introduzida a papinha em sua dieta. Transferido para o HUB, não

aceitou mais o alimento, retornando ao peito materno, desmamado após oito meses. Nunca

tomou outro leite. Só alimentava de papinha e sucos.

Faz três anos que ele faz transfusão de sangue de 21/21 dias, usa também de 21/21

dias Benzetacil. Aos quatro anos retirou o baço no HUB, após esse processo cirúrgico houve

um aumento de dores nas articulações.

Hoje em dia toma leite bovino com achocolatado no copo, come sozinho, muitas

vezes, acorda a noite para com fome e toma o leite, que a mãe já deixa preparado. Utiliza vaso

sanitário, mas, às vezes, evacua nas roupas. Não tem alergia alimentar. É alérgico a

esparadrapo. Possui uma prima paterna com Anemia Falciforme.

Vomitava muito e não alimentava direito. Sua urina estava muito amarelada,

(hemólise: quebra das hemácias), própria da doença, faz uso de Diclofenaco. Não tinha

previsão de alta no momento.

Quando iniciei o estágio na pediatria do Hospital Regional de Planaltina, deparei com

A.P., menino inquieto e que chorava bastante, impedindo até os procedimentos e

apresentando uma resistência ao corpo de enfermagem, ninguém queria cuidar dele, pois era

realmente estressante. Lembrei de uma reportagem apresentada em um telejornal enfocando

um grupo de médicos e enfermeiros em São Paulo chamado “Doutores da Alegria”, que

voluntariamente percorriam as enfermarias levando apresentações de palhaços, mágicas e

brinquedos para os internos da pediatria.

Fui para casa pensando naquela criança e no outro dia ao voltar para o estágio levei

alguns brinquedos e balas para tentar me tornar amiga de A.P., para minha alegria recebeu os

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brinquedos de bom grado e naquele dia permitiu que fosse feito todo o procedimento sem

nenhuma reação contrária por parte do paciente.

O grupo de acadêmicos fez uma reunião para tentar fazer algo, visando à melhora

dessas crianças, então foi decidimos levar um rádio para utilização da musicoterapia, e foi

adquirido brinquedos, revistas, livros infantis, massinhas coloridas, balões, e pinturas.

Durante estas intervenções foi observada, a reação de cada criança. Foi surpreendente,

algumas crianças que eram mais arredias, apresentaram mais interesse por tudo, inclusive a

alimentação e banho, o pequeno A.P. foi quem apresentou uma maior reação.

Para minha satisfação pude assistir a alta do pequeno A.P. ainda no decorrer do meu

estágio naquela unidade de pediatria, pois com os brinquedos e uma maior atenção por nossa

parte A.P, se recuperou não mais necessitando de ficar internado.

Depois da alta, foram feitas várias visitas a família durante toda a realização deste

estudo, observando a convivência da criança no seio de sua família, concluindo que uns dos

motivos que levava a criança a várias internações era o fato que as crianças dormiam no chão

frio, pois a baixa renda da família não permitiu a compra de camas para os filhos. Durante

esse acompanhamento A.P. esteve internado mais duas vezes na mesma unidade, com quadro

de pneumonia e crise dolorosas devido a Anemia Falciforme.

Este evento nos fez refletir sobre os diversos aspectos, não somente sobre acolhimento

propriamente dito como também sobre as condições socioeconômicas dos pacientes e que

vários fatores entram em cena, quando se trata da humanização em salas de acolhimento.

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ANEXO B - QUESTIONÁRIO SALA DE ACOLHIMENTO2

(Questionário Aplicado aos alunos do 7º e 8ª semestres do Curso de Enfermagem) (“A

PARTICIPAÇÃO DO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM NA SALA DE

ACOLHIMENTO: uma experiência em campo de estágio de alunos de graduação da

UniCEUB”).

1. Qual a sua atuação na Área de Saúde:

( ) Auxiliar de Enfermagem

( ) Técnico de Enfermagem

( ) Outra ( ) Nenhuma

2. Que nota daria as salas de acolhimento das unidades de saúde pública?

( ) 01 ( ) 02 ( ) 03 ( ) 04 ( ) 05 ( ) mais de 05

3. Que nota daria ao atendimento das salas de acolhimento das unidades de saúde pública?

( ) 01 ( )02 ( ) 03 ( ) 04 ( ) 05 ( ) mais de 05

4. Você acha que desenvolver atividades sócio-educativas em salas acolhimento de unidades

de saúde pública seria?

( ) Não faria diferença.

( ).Ruim

( ).Bom

( ) Muito Bom

5. Qual seria a ação ideal da enfermagem na sala de acolhimento?

6. Como você considera a atuação do enfermeiro na sala de acolhimento?

7. O que você faria na sala de acolhimento visando a população alvo?

2 2 Sala de Acolhimento, nomenclatura usada atualmente para “Sala de Espera”.