a palavra parque como oxítona; fogo como dissilábica, fogos como monossilábica uma visão do...

16
A palavra parque como oxítona; fogo como dissilábica, fogos como monossilábica: uma visão do comportamento da sílaba pós-tônica na língua portuguesa brasileira Leandro Aparecido Meneghin GOMES 1 Resumo: Este artigo visa a analisar a perda e o ganho de sílabas do léxico da língua portuguesa em comportamento sintático e em modificação morfológica. Têm-se dissecado a estrutura das sílabas na língua portuguesa e a atuação das vogais dentro delas a fim de posteriormente alcançar a depreensão do processo de paragoge e apócope, responsáveis por alterar o número de sílabas mesmo na língua padrão. Palavras-chave: Português Brasileiro; Sílaba; Vogal; Paragoge; Apócope. Abstract: This article aims to analyze the loss and gain of syllables of the lexicon of Portuguese in syntactic and morphological behavior modification. The structure of syllables in the Portuguese language and the role of vowels in them has been dissected in order to subsequently reach the apprehension of the process of paragoge and apocope responsible for changing the number of syllables even in the standard language. Key-works: Brazilian Portuguese; Syllable; Vowel; Paragoge; Apocope. Introdução Presentemente, expandi-se a gramática descritiva no ensino de língua portuguesa para brasileiros, prosperando preferir a analise linguística ao ensino sistemático da gramática normativa. Destarte, ao contrário de pretender ensinar o que o aluno já sabe, já usa em sua língua e torná-lo num gramático, recorre-se ao almejo de aperfeiçoar o que já conhecem, formando usuários conscientes da condição da sua língua. Aliás, o ensino de gramática tem negligenciado os fenômenos naturais da língua, aqueles que explicariam os acontecimentos da sua ortografia, desempobrecendo o ensino lógico sobre as questões gramático-ortográficas da língua. Para realizar este artigo, analisam-se comportamentos naturais da língua portuguesa brasileira em comparação com comportamentos parelhos em outros idiomas a fim que haja reflexão sobre a lógica ou ilógica da descrição formal da língua. O foco é 1 Especializando em Ensino de Língua Portuguesa, Literatura e Redação pelas Faculdades Integradas Claretianas, na polo de Rio Claro SP, CEP: 13503-257; licenciado em Letras pela UNIP, habilitação em português e em inglês. E-mail: [email protected]

Upload: leandro-meneghin

Post on 11-Aug-2015

152 views

Category:

Education


11 download

TRANSCRIPT

Page 1: A palavra parque como oxítona; fogo como dissilábica, fogos como monossilábica  uma visão do comportamento da sílaba pós-tônica na língua portuguesa brasileira

A palavra parque como oxítona; fogo como dissilábica, fogos como monossilábica:

uma visão do comportamento da sílaba pós-tônica na língua portuguesa brasileira

Leandro Aparecido Meneghin GOMES1

Resumo: Este artigo visa a analisar a perda e o ganho de sílabas do léxico da língua portuguesa

em comportamento sintático e em modificação morfológica. Têm-se dissecado a estrutura das

sílabas na língua portuguesa e a atuação das vogais dentro delas a fim de posteriormente

alcançar a depreensão do processo de paragoge e apócope, responsáveis por alterar o número de

sílabas mesmo na língua padrão.

Palavras-chave: Português Brasileiro; Sílaba; Vogal; Paragoge; Apócope.

Abstract: This article aims to analyze the loss and gain of syllables of the lexicon of Portuguese

in syntactic and morphological behavior modification. The structure of syllables in the

Portuguese language and the role of vowels in them has been dissected in order to subsequently

reach the apprehension of the process of paragoge and apocope responsible for changing the

number of syllables even in the standard language.

Key-works: Brazilian Portuguese; Syllable; Vowel; Paragoge; Apocope.

Introdução

Presentemente, expandi-se a gramática descritiva no ensino de língua portuguesa

para brasileiros, prosperando preferir a analise linguística ao ensino sistemático da

gramática normativa. Destarte, ao contrário de pretender ensinar o que o aluno já sabe,

já usa em sua língua e torná-lo num gramático, recorre-se ao almejo de aperfeiçoar o

que já conhecem, formando usuários conscientes da condição da sua língua. Aliás, o

ensino de gramática tem negligenciado os fenômenos naturais da língua, aqueles que

explicariam os acontecimentos da sua ortografia, desempobrecendo o ensino lógico

sobre as questões gramático-ortográficas da língua.

Para realizar este artigo, analisam-se comportamentos naturais da língua

portuguesa brasileira em comparação com comportamentos parelhos em outros idiomas

a fim que haja reflexão sobre a lógica ou ilógica da descrição formal da língua. O foco é

1 Especializando em Ensino de Língua Portuguesa, Literatura e Redação pelas Faculdades Integradas

Claretianas, na polo de Rio Claro – SP, CEP: 13503-257; licenciado em Letras pela UNIP, habilitação em

português e em inglês. E-mail: [email protected]

Page 2: A palavra parque como oxítona; fogo como dissilábica, fogos como monossilábica  uma visão do comportamento da sílaba pós-tônica na língua portuguesa brasileira

a flexibilidade dos fonemas da última sílaba em português, os quais se reagem de

maneira a fazer acrescer ou decrescer o número de sílabas. Desta maneira, analisar-se-

ão os fenômenos apócope e paragoge, estes os responsáveis pela real mudança de

número de sílabas dos significantes do léxico brasileiro. Convém mencionar que se faz

a transcrição fonológica usando o alfabeto fonético internacional (IPA).

1. A edificação luso-silábica: um panorama das vogais

Há, em algumas línguas, a admissão de que o núcleo de uma sílaba seja uma

consoante. A tcheca classifica-se como um exemplo, na qual aparecem consoantes

laterais como núcleo. Todavia, na tradição gramatical da língua portuguesa, o núcleo é

unicamente constituído de vogal, logo, consoantes e semivogais são elementos

assilábicos.

A palavra [bicicleta] é constituída de quatro letras que representam vogais,

portanto, tornam-se patentes quatro sílabas. No antropônimo [Maria], três letras

vocálicas põem-se em evidência, por conseguinte, neste substantivo próprio, há três

sílabas. No substantivo [ideia], aparecem quatro letras de vogais, contudo, apenas três

dessas letras são fonologicamente vogais de fato; o [i] é uma semivogal combinado em

ditongação à [a]. Desta sorte, na língua portuguesa, não descortina a discrepância

gráfica entre vogal e semivogal.

Há essa disparidade gráfica entre vogal e semivogal em algumas línguas

modernas. Na língua espanhola, como título de exemplo, em ditongos, o /j/ é

representado pela letra ipsolon no término da palavra, por instância, rey e ley; os

mesmos ditongos em português são transcritos, respectivamente, rei e lei. O /w/, por sua

vez, é representado distintamente no início de palavra como dígrafo, como guau, /waw/,

e guey, /wej/. A língua alemã, também, utiliza-se de dígrafo para distinguir vogal de

semivogal, no entanto, no caso dessa língua, é a vogal do fonema /i/ que é grafada como

dígrafo ([ie]). Outra língua que grafa diferentemente é a russa, em que /i/ é grafado [И] e

/j/, [Й].

Sobre o número de vogais, no padrão da fonologia brasileira, as gramáticas,

como a de Bechara (2009), reconhecem sete vogais, menos que em Portugal por não

Page 3: A palavra parque como oxítona; fogo como dissilábica, fogos como monossilábica  uma visão do comportamento da sílaba pós-tônica na língua portuguesa brasileira

haver o [a] fechado. Porém, em estudos mais recentes, já se trabalha na aceitação de dez

vogais, sendo essas três adicionais as lassas que sempre têm sido consideradas

virtualmente a mesma articulação que as fechadas. São elas o /ɪ/, i curto como em sit da

língua inglesa, /ʊ/, como em good do padrão da mesma língua, e /ɐ/, como [er] em

mutter do padrão da língua alemã, às vezes /ǝ/. Bechara assume que são articulações

diferentes, entretanto, ele ainda não as correlata a uma letra fonética distinta das vogais

abertas e fechadas. Na verdade, apenas as refere como vogais fechadas que são

debilitadas:

A vogal de timbre reduzido é proferida debilitada, anulando-se a oposição

entre aberta e fechada. A distinção entre abertas e fechadas só se dá nas

vogais tônicas e subtônicas; nas átonas desaparece a diferença entre /ó/ 2e /ô/,

/é/ e /ê/, e o /a/ reduzido é proferido com menos nitidez, como se pode

depreender comparando-se os dois tipos em casa, em que o primeiro é aberto

e o segundo,reduzido.

Já no português europeu, o /ǝ/ também aparece, representando, mormente, o [e]

átono - é também, por vezes, considerado como /ɐ/ ou, até mesmo, transcrito como /ɯ/,

sendo um fonema que distingue fonologicamente porque e porquê, o que não ocorre no

Brasil. Na pronúncia brasileira, porque e porquê têm o [e] sempre fechado, aquele

apenas se excetua como semivogal ou mudo quando precede vogal, em caso contrário,

no Brasil, antes de consoantes, não há distinção, diferente do que ocorre em Portugal.

Em Engelbert (2011), no seu livro Fonética e fonologia da língua portuguesa, e

em Castilho (2013), A construção fonológica da palavra, é apresentada a distinção total

das vogais postônicas das fechadas reduzidas propostas em Bechara, fazendo-a de sorte

que a representação fonética das reduzidas difere das vogais fechadas. No Dicionário de

fonética e fonologia, Silva (2013) igualmente considera articulações diferentes entre as

reduzidas das vogais fechadas descrevendo-as, as pós-tônicas, como frouxas,

apropriando-as de fonemas próprios. Assim, a transcrição considerada de reduzidas de

articulação autônoma da palavra fale é /ˈfa.lɪ/; falo, /ˈfa.lʊ/; fala, /ˈfa.lɐ/ ou /ˈfa.lə/.

2. Apócope e Paragoge

2 No IPA, os fonemas /ó/, /ô/, /é/ , /ê/ e /a/ , citados por Bechara (2009, pag. 64), são transcritos,

respectivamente, /ɔ/, /o/, /ɛ/, /e/ e /a/.

Page 4: A palavra parque como oxítona; fogo como dissilábica, fogos como monossilábica  uma visão do comportamento da sílaba pós-tônica na língua portuguesa brasileira

O que essas vogais lassas têm em comum é a faculdade de mutismo,

nomeadamente em pronúncia coloquial. Dessarte, ela é po e ser tra s r to o o / ɛl’ɛ/,

ele é o o el’ɛ] e elo é] o o /ɛlˈɛ/. Mes o que per a a vogal ter at va e a frase

esteja fora do contexto, é exequível que haja perspicuidade entre ela é e elo é mediante

seus determinantes concordados em gênero, respectivamente feminino e masculino, tal

qual como quando distinguimos o gênero de substantivos comum de dois gêneros.

Essa el são o orre a es a for a a lí gua fra esa, el o o fo e a /ǝ/,

marcado graficamente [e]: ce est escreve-se formalmente como c’est. Dentro das

circunstâncias da língua portuguesa, essa elisão formal ocorre em compostos já

consagrados, ela é marcada com apóstrofos, além de haver emprego do hífen obrigatório

para esse evento ortográfico, exemplos: copo- ’água e ãe- ’água.

No ensino tradicional da língua, no que a palavra é a base de sentido, esse evento

de elisão é negligenciado tolhendo a reflexão da ortografia da língua, pela qual poderia

beneficiar a eficiência do uso de [i] e [e] no término da palavra, ademais de outros

desígnios. Por outro lado, permanece a consideração da vogal como muda na

metrificação poética, mas, de modo raro, o conceito linguístico chega-se ao aluno; a

rigor, esse conhecimento é dogmático em regras predefinidas sem se fazer servir da

análise linguística, assim, há elisão da metrificação poética no ensino de literatura

unicamente porque a vogal é átona terminativa.

Já são, também, formalizadas as elisões de preposições com outros elementos

átonos que outrora eram marcadas com apóstrofe, a saber: em/ne + artigos ou pronomes

(na,nas, no, nos, num, nuns, numa, numas, noutra, nesta, etc); de+ artigos ou pronomes

(da, das, do, dos, dum, etc); per + artigos ou pronomes (pelo, pelos, pela, pelas, etc); me

+ pronomes (mo, mos, ma, mas); te + pronomes (to, tos, ta, tas), lhe+ pronomes (lho,

lhos, lha, lhas). Em “Os Lusíadas” de Camões, mostra-nos que no quinhentismo já

existia o emudecimento das vogais reduzidas e isso é refletido formalmente na escrita:

“A ítara par'eles só ob ço”

“(...) Co o se aqu os trabalhos s'a abasse (...)”

“A Le te ho 'Aquele a ujo pér o

Obe e e o v síb l e v síb l”

“A tão pou os ta a ho esforço e arte,

Page 5: A palavra parque como oxítona; fogo como dissilábica, fogos como monossilábica  uma visão do comportamento da sílaba pós-tônica na língua portuguesa brasileira

Qu'eu, co grão Macedónio e Romano,

Dê os lugar ao o e Lus ta o? “

“Outros em cima o mar alevantavam

Salta o 'água, a a o se a olh a ”

“Se lh'aprese ta ass o o ao Tro a o”

“E posto, e f , que es 'o ar e Atla te (...)”

“Custar-t'-e os o tu o ura guerra”

Nota-se que a elisão é marcada graficamente somente nos elementos

gramaticais, tal como ocorre na escrita da língua francesa moderna. Na língua inglesa, é

muito usado para marcar metaplasmos entre pronomes do caso reto e o verbo de cópula

(to be); entre auxiliares e advérbio de negação, porém também marca imitação da fala

(waitin’), embora informal. Hoje, no caso da língua portuguesa, a elisão formal é restrita

à imitação da fala nos gêneros poéticos pelo ritmo.

Na medida em que as vogais pós-tônicas não são emudecidas, excetuando a

vogal [a], elas se manifestaram como semivogais, o que é mais provável ocorrer uma

vez que não sejam caladas. Dessa forma, /j/ para [e] e /w/ para [o]: / elˈjɛ/ e / ɛlˈwɛ/ para

ele é e elo é na devida ordem. Essa ocorrência nunca foi marcada formalmente na

escrita da língua portuguesa em nenhum gênero textual e, no caso da língua francesa, é

inexistente tal evento linguístico, isto é, o [e] desta língua somente se qualifica perante

vogais como mudo, nunca semivogal.

A sinalefa não está limitada às reduzidas orais, mas também ocorre amiúde nas

nasais reduzidas:

O te ela a ou: /ˈõn tʃjɛˈlɐ. o:/ por /ˈõ

n tẽjɛˈlɐ. o:/

Ho e : /ɔmʲ/ por /ɔ ẽj/

a tage : /vɐ ˈtaʒʲ/ por /vɐ ˈta.ʒẽj/

Co ela: /ˈkwɛ.lɐ/ por / õˈɛ.lɐ/

Essa sinalefa, perda de vogais nasalizadas, acarreta no apagamento de certas

construções sintáticas. Para que não haja efeito de ambiguidade, os falantes, conhecendo

de modo internalizado o processo linguístico de sua língua, tendem a evitar estruturas

Page 6: A palavra parque como oxítona; fogo como dissilábica, fogos como monossilábica  uma visão do comportamento da sílaba pós-tônica na língua portuguesa brasileira

léxicas que afetaria dois ou mais significantes, dessa maneira, seus significados. Um

exemplo contextualizado:

Maria, fazendo sua caminhada, encontra-se na rua com Lúcia por casualidade:

- Oi, Maria! Correndo muito?

- Pois é, Lúcia, não correndo só pela manhã, mas também correndo levando os

fi’ na escola, correndo nas coisa’ sempre atrasada’ no trabalho, correndo com as o sa’

da aposentadoria da minha mãe...

- Mas, nossa! e não te farta?

- Segundo o meu médico, ainda não, né?

- O importante é que está tudo bem!

- Sim, foi ótimo te ver, Lúcia! Tchau!

Nessa encenação, Lúcia acarreta a informação de que quem decide do que Maria

está farta não é ela própria, mas, sim, o seu médico. Entretanto, porventura, Maria pode

ter sido mal-interpretada por Lúcia por razões fonossintáticas:

E não te farta = /iˈ ɐ w.tʃʲˈfaʁ.tɐ/ = e não te enfarta

Por ser foneticamente ambígua, a construção não te farta?, na fala, perde vez

para não te enche o saco?. Portanto, aquela construção que seja a mais comum da

modalidade da fala tende a ter primazia de uso. Enquanto a outra, tem-se preferência o

uso de uma expressão sinônima.

Na ordem sintática, a perda de sílaba é comum na fala como visto, além disso,

não só a vogal é elidida mas também a consoante, dependendo de sua configuração

articulatória.

Je to e hu = /ˈʒej.nẽjˈũ/

Verifica-se assimilação da oclusiva surda com a nasal em virtude de produzirem-

se no mesmo ponto de articulação; o mesmo ocorre na língua inglesa com palavras

como center (/ˈsɛ. ǝ/), internet (/ˈɪ. ǝ. ɛt/) e dentist (/ˈ ɛ.nɪst/).

Page 7: A palavra parque como oxítona; fogo como dissilábica, fogos como monossilábica  uma visão do comportamento da sílaba pós-tônica na língua portuguesa brasileira

As ocorrências de crase são extremamente comuns da língua portuguesa e

distende as analises de perda da sílaba. Por exemplo, todo o mundo tem a mesma

contagem de sílaba que todo mundo na fala em virtude da crase entre a vogal pós-tonica

e o artigo. Na escrita, esse fato de crase é acolhido e comporta-se com acento agudo,

entretanto, somente com a preposição a, pois, somente essa quando não diferenciada na

escrita, poder-se-ia equivocar o sentido com um complemento direto.

Tudo considerado, eis onde entra a proposição sobre a contagem de sílabas das

palavras, uma vez que são escritas e consideradas como vogais, mas é verificável que

são mudas ou aproximadas, isto é, a língua portuguesa tem seu sistema de sílabas mais

flexível do que se parece. Essa flexibilidade de sílabas é comum em quaisquer línguas

modernas, afetadas pelos metaplasmos naturais que permite a língua a adequar-se à

cultura dos seus falantes. Todavia, a flexibilidade da de português não é só coloquial,

mas também formal; é reconhecida tal maleabilidade, mas não sistematizada

propriamente no seu ensino, julgada como facínora da pureza da língua.

Todavia, se por um lado temos perda silábica dentro do léxico do PB, por outro

temos o acréscimo que afeta a tonicidade da sílaba. Esse acréscimo ocorre no presente

do indicativo com palavras como optar, adaptar, raptar e pugnar. No padrão da língua, a

pronúncia para esses verbos em primeira pessoa do presente segue-se /ˈɔ:p.tʊ/,

/ɐˈda:p.tʊ/, /ˈʁa:p.tʊ/ e /ˈpu:g. ʊ/, e qua to, o PB, o f gura-se /oˈp :.tʊ/, /ɐ. aˈp :.tʊ/,

/ʁaˈp :.tʊ/ e /puˈg :. ʊ/, as, o pretér to, /oˈpʲtej/, /ɐ. aˈpʲtej/, /ʁaˈpʲtej/ e /puˈgʲ ej/.

3. Semivogal agente de palatalização ou vogal palatal reduzida

Costuma-se dizer que o idioma francês é uma língua aguda, que seu léxico é

limitado a sempre ser oxítona. Embora seja de cunho literário, transfunde como se fosse

a gramática geral da língua e é ensinada dessa maneira até mesmo como língua

estrangeira para comunicação espontânea. Claro que é um mito essa consideração do

idioma francês, já que há, sim, distinção entre, por exemplo, cuir e cuire, esta sendo de

tonicidade grave, pois a pronúncia do [e] é claramente audível, salvo quando

imediatamente sucedido de uma vogal. Esse [e] é considerado mudo por ser um fonema

desconsiderado na metrificação, mas a sua realidade é oposta a essa teoria tradicional,

Page 8: A palavra parque como oxítona; fogo como dissilábica, fogos como monossilábica  uma visão do comportamento da sílaba pós-tônica na língua portuguesa brasileira

u a vez que ele, sobretu o e fat za o, passa a pro ú a e /ə/ para /ɵ/, tal como

afirmam Fagyal, Kibbee & Jenkins (2006, pag. 59):

No francês (...) o huá é pro u a o /ɵ/ a tes e voga s altas ou esl zes (...)

e no final da maioria das frases prosódicas (Dis-le! / lǝ/ “ ga!”), as soa

como / œ/ em outros contextos, essencialmente antes e depois de /ʀ/3

(tradução do autor) 4.

Co tu o, o autor ut l za /ǝ/ e vez e /ɵ/ ou /œ/ para tra s rever as palavras

porque não dificulte a analise fonológica do comportamento do chuá em específicos

contextos.

Dessa forma, considerada a citação, é audível /ˈ yj.ʁœ/ para cuire, isto é, é

patente que não há mutismo como afirma a tradição da língua, portanto, cuire não é uma

palavra oxítona, tampouco palavra monossilábica, mas o torna condicionada à sintaxe.

Mesmo que titulem o e caduc 5 do francês de muda, ainda sim é uma vogal que tem sua

própria articulação bem definida pela fonética como qualquer outra vogal. Na língua

inglesa, também aparece traços e t tular /ə/ o o muda, contudo ainda é considerada

base para definir uma sílaba: em inglês banana é transcrito e /bəˈ ɑː. ə/ , reconhece-

se como palavra trissilábica, enquanto em francês banane, /baˈ a. ə/, o o ss láb a.

Na língua portuguesa, por sua vez, acontece o contrário, a tendência da tradição

gramatical é tornar grave a tonicidade das palavras que são agudas por processo de

aproximação (semivocalização) de vogal terminal. O vocábulo parque é visto como

dissílabo durante a alfabetização, entretanto, o [e] não é claramente uma vogal

pronunciada: há a palatização dessas oclusivas que são grafadas com o [e] no final.

Na língua russa, há a diferencia entre o que tipificam de consoantes duras e as

suaves, estas são as palatalizadas e aquelas as não palatalizadas. Na escrita russa, a coda

recebe uma letra diacrítica para sinalizar essa palatalização das consoantes suaves ([ь]).

Por exemplo, [t] é alveolar oclusiva surda em palavras como [ ост] (/most/) e [cto]

(/sto/), mas é palatalizado antes de [ь]: [пять] (/pjatʲ/), быть] (/bɨtʲ/).

Convém, por ora, emprestar esse conceito do russo para compreender

melhormente o português brasileiro, doravante PB, pois, assim, veríamos que o [que]

3 Mesmo fonema para /ʁ/

4 In French (...) the schwa is pronounced /ɵ/ before high vowels and glides (…) and at the end of major

prosodic phrases (Dis-le! /dilǝ/ “say it!”), but it sounds like / œ/ in other contexts, particularly before and

after /ʀ/. 5 Sinônimo de chuá.

Page 9: A palavra parque como oxítona; fogo como dissilábica, fogos como monossilábica  uma visão do comportamento da sílaba pós-tônica na língua portuguesa brasileira

em parque é nada menos que palatalizado, ou seja, o /k/ como consoante suave, logo,

temos o fonema /kʲ/ ou /c/. O som da vogal não existe ali, no mais alto grau, se escuta a

semivogal /j/, já que a consoante foi palatalizada. Dessa forma, se não há vogal, não há

a sílaba; o vocábulo parque é monossilábico, pois, oxítono. Tomando o exemplo do

mesmo lexema em francês, vê-se que a grafia é de um monossilábico, sendo que o cê

em francês é pronunciado exatamente como o quê em português, que acompanha o [e]:

Francês: parc /paʁc/

Português: parque/paʁc/

Observa-se, também, a pronúncia análoga em palatalizando o /k/ entre o

português e o francês para palavras estrangeiras:

Tabela 1: Proximidade da pronúncia de palavras de coda /k/ palatalizada

em francês e PB

Palavra Francês PB

Crack /kʁac/ /kɾac/

Flashback /flɛʃˈbɛ / /ˈflɛʃˈbɛ /

Rock /ʁɔ / /ʁɔ /

Para a língua francesa, todas essas palavras estrangeiras são proferidas

monossilabicamente, enquanto para a língua portuguesa todas são dissilábicas, pois que

se afirma que se insere um /i/ às consoantes mudas. De fato, isso se verifica dentro da

língua brasileira, onde a vogal reduzida /ɪ/, dificilmente a /i/, é introduzida formando

uma sílaba adicional à palavra oriunda, entretanto, raramente ocorre tal inserção após

oclusivas, sobretudo, se forem surdas. A paragoge implica a inserção da /ɪ/ depois da

coda, enquanto, depois de codas oclusivas velares surdas, há a inserção da semivogal

palatalizando essas consoantes plosivas. Nessa proveniência de paragoge em consoantes

surdas, quando não somente palatalizadas, resulta a sucessão do /ɪ/ surdo. Na palavra

pop, como título de exemplo, tería os /pɔpʲ/ ou a serção e u /ɪ/ que seria surdo ao

final por mor da sonoridade da oclusiva bilabial. O mesmo ocorre com os vocábulos da

própr a lí gua: pe xe /pe:ʃʲ/ ou o e] ter al pro u a o o o /ɪ / surda.

Page 10: A palavra parque como oxítona; fogo como dissilábica, fogos como monossilábica  uma visão do comportamento da sílaba pós-tônica na língua portuguesa brasileira

Engelbert (2011) comprova, em uma pesquisa comparando entre a pronúncia do

nativo de PB e nativo falante da língua inglesa, que o proferimento das vogais finais

pelos brasileiros nas palavras inglesas terminadas em /i/ são bastante curtas. Isso põe em

evidencia que o brasileiro não tem tendência de acrescentar /i/, mas, no máximo, um /ɪ/.

O [e] tradicionalmente ensinado como pronúncia de /i/ ou, na pior das hipóteses,

como /e/ porquea fala imite a escrita, tem refletido equívoco ortográfico comum como:

Tapeti por tapete

Piriti por pirite

Iorqui por Iorque

Caiqui por Caique

Filipi por Filipe

Essa f ul a e e fere ar u a o soa te “suave” (emprestando o termo da

língua russa novamente) com uma consoante seguida de vogal manifesta-se também no

uso de línguas estrangeiras. Isso porque palavras que têm pronúncia terminal em /i/ ou

/ɪ/, tendem a ter compreendidas sua última vogal como mera palatalizadora pelos

nativos do PB em vez de vogal longa propriamente. De outra maneira, a coda é

acreditada ser palatalizada, por conseguinte, insere-se um grafema a mais na palavra.

I’m read por I’m ready

Punk por punky

Doroth por Dorothy

Thirty por thirth

Sweet por sweety

Shop/shopping por shoppy

Em suma, o PB está inclinado a palatalizar ou a transpor a coda da sílaba átona

com /ɪ/, reduzindo a quantidade do /i:/ do inglês ou acrescentando a vogal palatal onde

não existe. Na língua francesa, passa-se semelhante havendo paragoge o /ǝ/ a últ a

coda da palavra: shining /ʃajˈ .ɲǝ/. Isso ev o à l ação esse o a e ter ar

em /ǝ/, ou /ɵ/ ou /œ/.

Page 11: A palavra parque como oxítona; fogo como dissilábica, fogos como monossilábica  uma visão do comportamento da sílaba pós-tônica na língua portuguesa brasileira

4. O papel de [e] como agente de mutação consonantal e de [i] de câmbio

tônico

O [e] terminal no PB teoricamente equivaleria ao grafema russo [ь], que sempre

aparece no final da palavra para indicar que a consoante que ele sucede é palatalizada.

Tal ação no PB transmuda a consoante a igualando a outras já existentes na língua.

a) Nasal /n/ para /ɲ/

Dominar: / o. ’ aʁ/

Domine a vida: /dʊ’ . ɲa.v . ɐ/

b) Líquido /l/ para /ʎ/

Valer: /vaˈleʁ/

Vale um real: /ˈva. ʎũˈʁe.aw/

Desse modo, explicita-se que o alveolar nasal, que poderia ser um dental nasal

também, transformou-se em palatal nasal, correspondente ao [ñ] do espanhol; a

aproximante líquida de lateral alveolar para lateral palatal, como se ele é fosse grafado

“elh’é”.

Seja qual for a leitura do [e], semivogal lassa agente de palatalização ou

semivogal, o granema ele e o lexema domine permanecem oxítona, esse tendo duas

sílabas e aquele uma apenas; essas palavras são, portanto, oxítonas tal qual como na

língua portuguesa europeia, pro u a as respe t va e te /eɫ/ e / uˈ ɳ/. Não obstante,

considerando as variações topográficas, é possível que essas palavras sejam

pronunciadas com uma sílaba adicional, isto é, do modo tradicional de contar as sílabas

do léxico segregado de enunciado. Na última sílaba, pronuncia-se um /e/, mormente nos

dialetos sulistas. De outro modo, em outros dialetos, é improvável que ocorra esse

aparecimento da vogal, sobretudo depois de oclusivas surdas. Por exemplo, no

fluminense, dente é pouco provável que sua pronúncia seja como /ˈ ẽn.t e/, as / ẽtʃʲ/.

Nem mesmo em uma língua muito polida isso poderia ocorrer em razão de soar

espanhola a pronúncia, no entanto, pode aparecer o /j/ ou /ɪ/ ressaltado ou, no máximo, a

inserção da vogal alta /i/ para que desacelere o ritmo da fala.

Page 12: A palavra parque como oxítona; fogo como dissilábica, fogos como monossilábica  uma visão do comportamento da sílaba pós-tônica na língua portuguesa brasileira

Na língua portuguesa, o [i], quando aparece grafado no final, sem outra vogal

antecedendo-o, é grafado na ortografia não só porque ele é pronunciado como uma

vogal, acrescendo o montante de sílaba, mas também devido a ele fazer sempre parte da

sílaba tônica. E, se o [i] sempre no fim das palavras é tônico, então não há necessidade

de acentua-lo para indicar essa informação. Caqui, jabuti, abacaxi, são palavras

exemplares de que não há acentos, pois são grafados com [i] fazendo parte do padrão

universal de tonicidade aguda. Ao ter conhecimentos aquém do grau rudimentar sobre o

funcionamento das vogais de sua língua, é comum que um aluno de educação básica, ou

até de grau superior, grafe acento no [i] em palavras como vi (do verbo ver), aqui e ali.

Nos casos de braquissemia, costuma-se grafar o [i] na qualidade de atônico no

final de palavras, por exemplo, para a pronúncia de /dɐ ʲ/, cuja vogal tônica é /ɐ /,

transcrever-se-ia Dani por Dane. Não se passa exclusivamente com topônimos, mas

também com substantivos comuns como multi que, aliás, é homofônico a multe (verbo

multar).

5. Apócope por palatalização ou velarização e síncope por morfema

pluralizador

Além do [e], o [o] também se configura, como visto anteriormente, como

aproximante. Neste caso, no entanto; a consoante não é palatalizada, mas velarizada.

Destarte, há distinção fonológica entre publique e publico (/puˈblic/ e /puˈblikw/),

outross e tre e que e e o (/ eˈdic/ e /deˈdikw/). No entanto, deixa-se perder essa

distinção caso sucedido de som vocálico, momento em que há chances da aproximante

não se manifestar. De qualquer maneira, é recuperada a diferença pelo comportamento

sintático em que atuam.

Percebe-se, nos meios de produção midiáticos pelos quais a língua brasileira

passa, que após oclusivas velares a vogal é inexistente, a consoante que precede a última

sílaba tem alterada sua articulação, sendo palatalizada ou velarizada. Com vídeos

analisados no Youtube, pôde-se relatar que a pronúncia da última consoante em sílaba

átona, cuja sílaba termina em [e] ou [o] na grafia, é sempre somente palatalizada ou

velarizada sem pronúncia de uma vogal quando se trata de uma consoante oclusiva velar

Page 13: A palavra parque como oxítona; fogo como dissilábica, fogos como monossilábica  uma visão do comportamento da sílaba pós-tônica na língua portuguesa brasileira

surda. Após oclusiva velar sonora, a sílaba final predominantemente permanece sem

vogal, sendo somente palatalizada ou velarizada, como a surda, entretanto, mormente

nos vídeos de História, em que há topologias e termologias cuidadosamente

pronunciadas, e os de narrativas, há a apar ção as voga s /ʊ/ e /ɪ/.

Há preferência de que a vogal seja usada como aproximante, muito corrente

depois das oclusivas e silibantes surdas. Entretanto, em uma pronúncia artificial,

tentando imitar de forma fiel a escrita, não se exclui a hipótese de que a sílaba seja

mantida intacta e que, até mesmo, tenhamos /u/ e /i/ por /ʊ/ e /I/ ou, os asos a s

extremos de artificialidade, /o/ e /e/ respectivamente. Considera-se artificial /o/ e /e/ no

lugar e /ʊ/ e /I/ o o orrido em dialetos que apresentam a redução, não aqueles que não

o fazem.

Conquanto que alguns substantivos permaneçam dissilábicos, apresentando a

vogal reduzida ao final, assim como apresenta Bisol (1986, apud Paula), com a

introdução de uma fricativa, a pronúncia é monossilábica na maioria dos dialetos

brasileiros. Assim como par[ts], me[ts]iná, des[ts]. Outros exemplos:

a) Oclusiva dental -ou alveolar- com agregação de silibante

Todo: /ˈt o. ʊ/ ou /t o /

To os: /t ot s /

Tar e: /taʁ ʲ/ ou /ˈtaʁ.dɪ/; /taʁ ʒʲ/ ou /ˈtaʁ. ʒɪ/

Tar es: /taʁt ʲs /; /taʁt ʃ ʲs /

b) Oclusiva velar com agregação de silibante

Fogo: /Fog / ou /ˈFo.gʊ/

Fogos: /fɔk s/

Jegue: /ʒɛgʲ/ ou /ˈʒɛ.gɪ/

Jegues: /ʒɛ s/

c) Oclusiva bilabial com agregação de silibante

erbo: /vɛʁb / ou /ˈvɛʁ.bʊ/

erbos: /vɛʁp s/

Page 14: A palavra parque como oxítona; fogo como dissilábica, fogos como monossilábica  uma visão do comportamento da sílaba pós-tônica na língua portuguesa brasileira

Fica evidente que há câmbio de sonoridade com a introdução da silibante;

mesmo sem a fricativa, é caso comum esse câmbio em idiomas. Por exemplo, no

alemão, a consoante é sempre surda no fim da transmissão da mensagem ou antes de

outras surdas, mas, antes de sonoras e vogais, destas acompanha a sonoridade. Vale a

comparação entre os idiomas:

a) Alemão

Kuchen und Trinkgeld.: /ˈkuːx . ʊ t’tʀɪŋk.gɛlt/

Kuchen und Obst.: /ˈkuːx . ʊ ’o:pst/

b) PB

Fogos para festas: /’fɔks’p ɾɐ’fɛs’tɐs/

Fogos e a versár o: /’fɔ.g z. ʒjɐ. .veʁ’sa. ɾiw/

Em alemão, além de perceber-se o [d] ensurdecido no fim das palavras und e

Trinkgeld, verifica-se que o mesmo ocorre com o [b] em Obst devido às consoantes

surdas imedatas. Em português, ocorre o mesmo: temos o [g] representado como /k/

com a introdução de /s/, morfema pluralizador; contudo, só na língua portuguesa há

perda de sílaba.

6. Conclusão

Conclui-se que se presencia uma considerável flexibilidade nas sílabas pós-

tonicas da língua portuguesa, flexibilidade essa dessas sílabas que sofrem mutismo ou

variação de articulação. As vogais [a], [e] e [o], são reduzidas a articulações autônimas,

diferentes das tônicas, e, comumente, sucedem-se a cambio de articulações [e] e [o] de

/ɪ/ e /ʊ/ para /j/ e /w/. Já em outras línguas, geralmente apenas um fonema de vogal sofre

u ez, geral e te, o huá /ǝ/, o o e fra ês. Entretanto, mesmo existindo esse

chuá, ele é desconsiderado da contagem de sílabas na língua, portanto, cuir e cuire, por

exemplo, têm a mesma quantidade de sílabas, embora essa seja funcionalmente

paroxítona e aquela oxítona. Já em português, o [a] sofre o mesmo efeito que em

Page 15: A palavra parque como oxítona; fogo como dissilábica, fogos como monossilábica  uma visão do comportamento da sílaba pós-tônica na língua portuguesa brasileira

francês, porém, na tradição da gramática portuguesa, ele sempre é considerado na

contagem de sílaba. Dessa maneira, toda vida e toda a vida têm, fonologicamente, a

mesma quantidade de fonemas, no entanto, na contagem tradicional a segunda frase tem

uma silaba a mais.

O ensino tradicional, infelizmente, rejeita a análise de metaplasmos da língua

por considerá-lo fenômeno de informalidade e depravar a pureza da língua, já que esse

ensino prestigia a escrita, assim, quaisquer eventos linguísticos que fogem da estrutura

da escrita, seja contagem de sílabas ou câmbio de pronúncia não registrada pelas

gramáticas, são estigmatizados, com exceção da crase de preposição e artigo. Todavia,

vê-se que não se apresenta, tais fenômenos linguísticos comuns, somente na variação

coloquial mas também na culta, tanto modalidade escrita clássica quanto oralidade. O

transcuro desses fatos reais da língua, afeta não só na eficácia da alfabetização, mas

também para leitura competente para que absorva efeitos estilísticos e seus consecutivos

efeitos de ênfase, além da não automatização de segmentos fonológicos de línguas

estrangeiras não condizentes àquela realidade da língua.

Basicamente, O ensino de gramática, que prestigia a escrita, a rigor, negligencia

o que é comum em muitos idiomas, como comparados com vários eventos linguísticos

do PB com outras línguas. A definição da língua ainda foge da sua realidade tentando

ainda imitar o clássico ou se manter num idiotismo para diferenciar-se de línguas com o

francês, cujos fenômenos fonológicos são parelhos ao português. Contudo, o que se

colhe é o aumento da desarmonia da ortografia da língua em equívocos ordinários

substantificados devido a escassos conceitos lógicos do funcionamento fonia x grafia da

língua.

Referências bibliográficas:

BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa: ampliada e atualizada

conforme o novo Acordo Ortográfico. 37. ed. rev. Rio de Janeiro: Editora Nova

Fronteira, 2009.

ENGELBERT, Ana Paula Petriu Ferreira. Fonética e Fonologia da Língua

Portuguesa. Curitiba: Ibpex, 2011.

Page 16: A palavra parque como oxítona; fogo como dissilábica, fogos como monossilábica  uma visão do comportamento da sílaba pós-tônica na língua portuguesa brasileira

CASTILHO, Ataliba T. de. A Construção Fonológica da Palavra. São Paulo:

Contexto, 2013.

SILVA, Thaïs Cristófaro. Dicionário de Fonética e Fonologia. São Paulo:

Contexto, 2011.

CAMÕES, Luís de. Os Lusíadas. Lisboa: Rei dos Livros, 2002.

FAGYAL, Zsuzsanna; KIBBEE, Douglas; JENKINS, Fred. French: a linguistic

introduction. Cambridge: Cambridge University Press, 2006.