a origem do garimpo em jaupaci - go, no rio claro, tendo como foco as fazendas santo antônio, nova...

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE IPORÀ DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA A ORIGEM DO GARIMPO EM JAUPACI-GO, NO RIO CLARO, TENDO COMO FOCO AS FAZENDAS: SANTO ANTÔNIO, NOVA ESPERANÇA, PACU E DIAMANTINA (1950 -1994) IPORÁ/GO 2010

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS

UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE IPORÀ

DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA

A ORIGEM DO GARIMPO EM JAUPACI-GO, NO RIO

CLARO, TENDO COMO FOCO AS FAZENDAS: SANTO

ANTÔNIO, NOVA ESPERANÇA, PACU E DIAMANTINA (1950

-1994)

IPORÁ/GO

2010

1

ROBSON FERREIRA DE SOUZA

A ORIGEM DO GARIMPO EM JAUPACI-GO NO LEITO, E NAS MARGENS DO RIO

CLARO PEGANDO COMO FOCO AS FAZENDAS, SANTO ANTONIO, ESPERANÇA,

PACU, E DIAMANTINA NO ANO DE 1950 ATE 1994.

Monografia apresentada como exigência para obtenção

do grau de licenciado do curso de Geografia da

Universidade Estadual de Goiás, Unidade Universitária

de Iporá.

Orientador: Nelson Gomes Ribeiro

Iporá- Goiás

2010

2

ROBSON FERREIRA DE SOUZA

A ORIGEM DO GARIMPO EM JAUPACI-GO NO LEITO, E NAS

MARGENS DO RIO CLARO PEGANDO COMO FOCO AS FAZENDAS,

SANTO ANTONIO, ESPERANÇA, PACU, E DIAMANTINA NO ANO DE

1950 ATE 1994.

Monografia submetida á banca examinadora designada pela coordenação de trabalhos de

conclusão do curso de geografia da universidade estadual de Goiás. UnU – Iporá como parte

dos requisitos necessários á obtenção do grau de licenciados em geografia,sob a orientação do

professor Nelson Gomes Ribeiro

Iporá, ........... de .....................de.....................

Banca Examinadora:

Professor____________________________________________UEG-Iporá

Professor____________________________________________UEG- Iporá

Professor____________________________________________UEG-Iporá

3

AGRADECIMENTOS

À minha família que sempre me apoiou nos momentos difíceis, especialmente

meus dois filhos que são a minha vida, pois, suportaram a minha ausência,

Meu pai J. F. S. e à minha mãe que cuidaram e lutaram me orientando para que eu

chegasse até aqui;

A Deus meu protetor e à minha mãezinha Maria a mãe divina que intercede por

mim todos os momentos.

Ao Senhor por ter me abençoado a cada dia em cada momento da minha vida, eu

clamei e ele me ouviu, hoje estou subindo mais um degrau da minha vida, segurando nas

mãos do pai, para receber mais uma vitória.

À minha família que foi essencial, em especial aos meus dois filhos Kauã e

Lorrayne, suportando a minha ausência, durante o período que fiquei aqui na Universidade.

Aos colegas de trabalhos, e os irmãos de fé com suas orações a meu favor, para

mim é orgulho ser um vencedor, com a graça de Deus cheguei aqui com muitos tropeços pelas

pedras que colocaram em meu caminho, mas nosso Deus é maior e me fez conseguir.

Aos meus velhinhos pai e mãe que me ajudaram a conquistar mais uma vitória em

minha vida.

À Dona Maria que neste mundo me colocou por muitas noites orou a Deus por

esta oportunidade na minha vida.

A todos os colegas de trabalho e meus amigos que sempre me apoiaram com

muito carinhoo.

4

RESUMO

O estudo que aqui se propõe tem como premissa inicial analisar a origem do garimpo em

Jaupaci e sua expansão no período de 44 anos, tendo como foco as fazendas Diamantina,

Santo Antônio, Nova esperança, e Cipó. Destaca-se que entre os anos de 1950 a 1994, os

descobrimentos das jazidas de ouro e diamantes fizeram com que vários garimpeiros

migrassem para o pequeno povoado do “Monchão do Pacu”, hoje cidade de Jaupaci buscando

melhoras na condições financeiras da noite pro dia, sem, no entanto, mensurar as

conseqüências ,nem os impactos ambientais causados pela ação do garimpo. Neste trabalho

acadêmico pretende-se analisar os impactos causados pelo garimpo em Jaupaci, visando a

busca pela resposta de varias indagações sobre como surgiu o garimpo e como o meio

ambiente sofreu as modificações que o processo de extração de minérios acarreta. Portanto

este trabalho procura responder a alguns e aprofundar sobre o conhecimento dos fatos dos 44

anos das explorações dos garimpos em Jaupaci, e ao mesmo tempo podendo levar a uma

solução econômica e ecologicamente aceitável pela população resultando assim á preservação

do Rio Claro e seus ribeirões.

Palavras - chave: Garimpo. Extração. Impactos.

5

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 07

1.A GENESE DA ATIVIDADE GARIMPEIRA EM JAUPACI ..................................... 08

1.1 Surgimento do garimpo em Jaupaci ....................................................................... 08

1.2 O garimpo em Jaupaci na mancha do João Paraíba no ano de 1950 a 1960 ......... 10

1.3 O garimpo em Jaupaci de 1960 a 1970 ................................................................... 12

1.4 A historia do garimpo do Jaupaci e a virada da lua de 1970 a 1980 ..................... 13

1.5 O garimpo do Cipó de 1980 a 1992 ......................................................................... 15

1.6 O garimpo da Diamantina de 1988 a 1994 ............................................................. 16

1.7 Garimpo na Fazenda Pacú ..................................................................................... 16

1.8 O garimpo manual ................................................................................................... 16

2. ESTRATÉGIAS DO GARIMPO E IMPACTOS AMBIENTAIS ............................... 18

2.1Satélite ou formas que acompanham as formações diamantíferas ......................... 19

2.2 Os locais que foram explorados pelo garimpo e os impactos causados ................. 19

2.3 A exploração do garimpo na Diamantina ............................................................... 21

2.4 O garimpo na fazenda Pacu, o garimpo do Taperão ............................................. 22

2.5 O fim do garimpo em Jaupaci e o impacto no meio ambiente ............................... 23

CONCLUSÃO .................................................................................................................... 25

REFERENCIAS ................................................................................................................. 26

VOCABULARIO DO GARIMPEIRO ............................................................................. 27

ANEXOS ............................................................................................................................ 32

6

INTRODUÇÃO

Na atividade garimpeira existem riquezas que podem resultar em uma ação

devastadora para o ambiente quando não tomados os cuidados necessários que sejam capazes

de aliar a atividade exploratória à preservação ambiental . Nesse contexto, tem-se a cidade de

Jaupaci que é banhada pelo Rio Claro e por ser uma área de cerrado e rica em minérios como

o ouro, diamantes, representou um movimento significativo de exploração e degradação,

principalmente no tocante aos anos que vão de 1950 a 1994.

O garimpo destruiu grande parte das matas ciliares, deixou enormes depressões,

desviou o leito do Rio Claro, para extrair ouro e diamantes causando erosões nas margens

com a retirada da cobertura vegetal e o mau uso do solo causou grandes problemas ao meio

ambiente, que são colocados principalmente ao se fazer a observação e a análise dos

fenômenos que ocorrem na natureza tem-se a necessidade de buscar soluções que possam

diminuir o impacto que a ação humana pode causar no ambiente, principalmente no que diz

respeito à atividade extratora de minérios.

O objetivo principal do estudo aqui proposto é fazer uma progressão histórica

acerca do início do garimpo na cidade de Jaupaci, buscando, nessa gênese as estratégias

usadas pelos garimpeiros para conseguir retirar do leito dos rios os minérios buscados. Desse

modo, este trabalho tem o intuito de pesquisar a história do garimpo em Jaupaci desde o seu

início na década de 1950 até o seu fim no ano de 1994, com o fim das explorações das jazidas

de ouro e diamantes.

Nesse sentido, o primeiro capítulo abordará o histórico do garimpo em Goiás,

mostrando também os dados pertinentes ao município de Jaupaci, mostrando, nesse ínterim

os diversos locais onde foram explorados os garimpos, como surgiram, desde o desmatamento

inicial do local da exploração, em 1950 até o garimpo de diamante de 1988 a 1994.

O segundo capítulo detalha melhor como se deu o processo de impacto ambiental

advindo da exploração mineral nos rios da cidade de Jaupaci e quais foram as medidas que

foram tomadas, no sentido de se buscar a diminuição dos problemas causados pela extração

dos minérios, bem como os danos causados pelo uso do mercúrio, não apenas para o

ambiente, mas também aos mineradores que o utilizavam.

7

1. A GENESE DA ATIVIDADE GARIMPEIRA EM JAUPACI.

De acordo com dados pesquisados, a extração de minérios, popularmente

denominada de garimpo, é uma atividade existente já há muito tempo e os primeiros sinais

dessadatam do século XV, com os europeus que partiam em busca de novas terras para

conquistar suas riquezas minerais.

Em Goiás a história da mineração no estado se construiu às margens do Rio Aráes (Rio

Araguaia) de onde vieram as primeiras descobertas de jazidas auríferas em solo goiano. Feita

pelo paulista Manuel Correia, filho de Geraldo Correia Sardinha experiente descobridor de

minas de ouro, a sua incursão por terras goianas é bastante controvertida, alguns escrevem

que ele teria acontecido em meados da primeira metade do século XV com o Barão do Rio

Branco, que aponta para o ano de 1647. Outros divergem para o final do século, quando os

primeiros bandeirantes vieram para o interior da Colônia em busca de minérios preciosos.

Em Goiás, a exploração do ouro foi se expandindo e sendo encontrado em várias

regiões nos diversos municípios como: Crixás, Faina, Goiás, Pilares de Goiás, Fazenda Nova,

Iporá, Guarinos, Isrelândia, Jaupaci, Barro Alto, Hidrolandia, Ipameri, Maripotaba, Minaçu,

Piranhas, Pirinópolis, Porangatu, Teresina de Goiás, Santa Teresa e Uruaçu.

O primeiro a descobrir as riquezas minerais da região, foi o paulista Manoel

Correia, que por vezes ali penetrou no século XVII á testa de uma bandeira de caçadores de

escravos. Dela, segundo Galli (2005), trouxe algumas oitava de ouro, apanhados num dos rios

oferecendo-as depois com contribuição, para uma coroa de nossa, senhora, na vila de

Sorocaba (SP). Já os diamantes foram explorados em vários rios do Estado de Goiás, como a

do Rio Paranaíba, Araguaia, Aporé Veríssimo, São Marcos, Rio Claro, Pilões, Caiapó, Verde,

Bonito, Piranhas e Santa Maria.

1.1 Surgimento do garimpo em Jaupaci

Em sua configuração atual, a cidade de Jaupaci encontra-se localizada à 204 km

da capital do estado, Goiânia. O garimpo já não é principal fonte de economia do município,

que agora se volta, principalmente para o comércio varejista e agropecuário.

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Figura 1. Localização da cidade de Jaupaci, no Estado de Goiás. Fonte: IBGE, 2010.

As fontes históricas pesquisadas, principalmente os documentos de fundação da

cidade discorrem que o surgimento da cidade de se deu por volta do ano de 1949, com a

fundação do povoado “Monchão do Pacu”, nome surgido pelo fato de que não época haviam

muitos peixes dessa espécie no Rio Claro, cujas margens serviram para o estabelecimento dos

primeiros moradores desse lugar. De acordo com o relato de alguns moradores da cidade, o

nome “Monchão do Pacú” foi dado ao local da exploração do garimpo por alguns

garimpeiros que já residiam no local, que ali se instalaram e deram início à atividade

garimpeira.

O “Monchão do Pacu” era considerado como local de descanso de muitos

garimpeiros, que passavam por ali, vindos de outras localidades em busca de um local ideal

para explorar o garimpo e como o local não era muito conhecido os mineradores vinham,

descansavam e iam embora.

Um ano depois em 1950 veio então residir no povoado do Monchão do Pacú, o

Senhor João Paraíba conhecido por (Paraibano) e toda a sua família que descobriu com outros

garimpeiros uma jazida de diamantes. Tal notícia se espalhou pro toda a região e com isso, o

número de garimpeiros foi aumentando, o povoado foi crescendo, logo surgiram os primeiros

comércios.

9

O pequeno povoado mais tarde passou a condição de município, pela Lei Estadual

nº 2.111 de 14 de novembro de 1958, com o novo toponômio (Jaupaci - derivado de três

travessias no Rio Claro, conhecidas por Jau, Cipó e Pacú). A cidade foi elevada à categoria de

município e distrito com a denominação de Jaupaci ex-povoado de Monchão do Pacu. Pela

Lei Estadual nº 2.111 de 14/11/1958, desmembrando-se de Iporá

1.2 O garimpo em Jaupaci na mancha do João Paraíba 1950 a 1960

Durante o período de 1950 a 1960 extraíram-se muitos diamantes e outro,

manualmente, com vários garimpeiros, que vieram explorar o garimpo da Fazenda Santo

Antônio, na época Jaupaci era o pequeno povoado do Monchão do Pacú.

Os garimpeiros buscaram principalmente o local em que fora descoberta uma das

maiores jazidas de diamantes e ouro, hoje, conhecidas como Praia do Leto que com o fim da

atividade de extração passou a ser o local turístico da cidade de Jaupaci. Considera-se que

neste local, tenha começado a história dos 44 anos do garimpo em Jaupaci, e por

conseqüência, se deram também os primeiros processos de degradação ambiental, uma vez

que o modo de extração artesanal pressupõe o uso de técnicas que acabaram por prejudicar o

sistema ecológico da região.

Os garimpeiros desmatavam com machado e foice marcando os locais, eles eram

unidos e trabalhavam sempre em grupos, devido à dificuldade de conseguir sozinho, realizar

todo o procedimento necessário para se chegar ao diamante e ao ouro e quando estes

desmatavam para avançar em busca de novos veios, diversas espécies de plantas acabaram

por desaparecer da região do garimpo, dentre essas árvores consideradas “nobres”, como o

mogno e o cedro.

Geralmente os garimpeiros se utilizavam de equipamentos rústicos, mas que se

mostravam capazes de limpar grandes áreas, o uso da enxada ou do enxadão significava em

um grande avanço em direção ao objetivo que se determinavam e em um curto espaço de

tempo, as margens do Rio Claro, local principal dos garimpos da região, acabou sendo

devastada.

No processo de extração dos minérios preciosos havia uma série de passos a

serem dados, desde a consideração da existência dos veios, até a sua chegada às mãos do

garimpeiro que se tornava então o feliz proprietário do que era encontrado. A extração do

diamante e do ouro se dava, então, da seguinte forma.

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Após o cascalho ser jogado fora do local onde se instalavam as dragas e feito um

local para lavar o cascalho feito em um poço com aproximadamente 1 metro de

profundidade, contendo água. Geralmente os garimpeiros pegavam as quatro peneiras uma

mais grossa, para retirar as pedras maiores que ficassem no cascalho, logo após esse

processo, todo o cascalho e passados por outra peneiras, sendo uma grossa, outra média e

outra fina.

O cascalho é lavado peneira por peneira chocalhando e rodando até juntar a forma

que sãos os sinais que levam ao diamante. Depois que é feito a lavagem do cascalho, os

garimpeiros pegam a areia em que foi lavado o cascalho, coloca em uma banca, que é feita de

zinco e madeira com um carpete colocada para segurar o outro. A banca e colocada de forma

inclinada para lavar e depois desse processo, pega-se uma bateia feita de ferro de forma

arredondada, coloca o carpete dentro e bate até sair o pó preto, que se mistura com o ouro.

A bateia é girada de forma no sentido horário, até ficar pouco pó preto e outro no

fundo depois se joga em um recipiente como um prato de alumínio. Naquela época usava-se

um prato esmaltado ou outro objeto que se mostrasse resistente ao fogo para que se pudesse

secar o pó preto com o ouro e por fim, se soprar levemente até ficar somente o ouro apurado.

Durante esse período foram encontradas muitas jazidas de ouro e diamantes e a

próxima figura mostra os garimpeiros que exploraram a mancha do João Paraíba, enfim,

faziam enormes barracos de lona para abrigar cerca de 50 garimpeiros no ano de 1952.

Figura 2. Garimpeiros acomodados em barracas de lona. Fonte: Costa 1952

11

1.3 O garimpo em Jaupaci de 1960 a 1970

No período de1960 a 1970 a população do povoado do Monchão do Pacú tinha

aumentado devido a quantidade de ouro e diamantes que foram encontrados nas jazidas

exploradas às margens do Rio Claro na Fazenda Santo Antônio.

De acordo com o relato dos remanescentes desses garimpos, líderes de turmasnão

desfaziam a sociedade, pois cada um possuía uma turma de garimpeiros o que resultava em

um maior lucro com o minério produzido.

Os barracos de lona feitos nas margens do Rio Claro eram inúmeros, os

garimpeiros viviam em condições precárias, em busca da ilusão da riqueza que poderia vir

com o ouro e com o diamante. De acordo com o relato do Senhor Manoel (Manelim) que veio

para o povoado de Monchão do Pacú em 1946, muitos trabalhavam durante a noite, para

aproveitar o período da seca antes do rio encher. Ressalta-se que nessa época ainda não se

dispunha de equipamentos sofisticados para a extração dos minérios, o que significava em um

trabalho, acima de tudo artesanal, feito por dragas, cujas conseqüências resultavam em um

impacto significativo ao ambiente constituído no entorno do garimpo.

Os líderes ou chefes das equipes dos garimpeiros tinham um motor, que vinham

equipados com um cano para retirar areia dos locais mais rasos do Rio, que com o auxílio de

pedras e capim, diminua a velocidade das correntezas e até desviava os pequenos braços que

tinham no Rio onde era usado para ser explorado dentro do leito.

No período de 1980 começou a chegar equipamentos sofisticados, um maquinário

que iria interferir na vida do garimpeiro manual, pois, a partir de então, as máquinas passaram

a fazer o serviço que antes necessitaria de no mínimo dez homens para ser executado.

A chegada dessa tecnologia resultado em um processo acelerado de destruição das

margens do Rio Claro, das matas ciliares, o que causou, dentre outros problemas, um

retrocesso no desenvolvimento econômico da cidade Jaupaci, quando se considera que

embora muitos tenham conseguido enriquecer com a exploração do ouro, essa riqueza não foi

aplicada na cidade, resultando na fuga de divisas que estancou o crescimento econômico

desta.

A chegada desses equipamentos aumentou a produção dos garimpeiros, na

extração dos minérios e com esse aumento registrou maiores quantidades de ouro a serem

extraídas em especial a extração do ouro, que antes de era realizada de modo manual.

12

A partir dessas evoluções chegou ao mercado do garimpo um produto tóxico,

chamado mercúrio, usado na apuração final do ouro. O uso do mercúrio representou sucesso

na finalização da produção do ouro, no processo denominado “amalgação” que no processo

anterior demoraria de 5 a 9 horas para terminar a apuração e com o uso do mercúrio, poderia

ser feito em torno de 10 minutos.

A amalgação era feita com um prato velho, ou um recipiente que resistisse à

temperatura do calor do fogo, onde se coloca o mercúrio dentro do recipiente e levava ao fogo

até secar, tornando um volume único de ouro, saindo toda a impureza ficando apenas o ouro

limpo. Durante o período que se usou o mercúrio, dentre os muitos impactos ficou a

contaminação dos peixes do Rio Claro , onde eram jogados todos os resíduos que sobravam

da apuração do ouro. O mercúrio além de poluir os rios, contaminar não só os peixes, mas

também os animais ou pessoas que ingeriam a água causaram doenças que se tornaram

crônicas e levaram muitas pessoas à morte.

1.4 A história do garimpo do Jacundá e Virada da Lua de 1970 a 1980

Depois de explorar o garimpo na jazida denominada “ Mancha do João Paraíba”

os mineradores descobriram o “Monchão do Jacundá” , que ficava a 500 metros do primeiro

entremeio a ser explorado. O Jacundá ficou famoso devido à profundidade de o cascalho ser

fácil e mais próxima à superfície, o segundo o discurso dos moradores mais antigos da região,

no local havia tantos diamantes que os garimpeiros iam para as festas, e se o dinheiro

acabasse, bastava pegar suas lanternas, lavar o cascalho para pegar mais diamantes.

As margens do Rio Claro ficaram tomadas de garimpeiros de todas as regiões do

estado e com o ganho de muito dinheiro em pouco tempo como motivação passou-se a

considerar o desvio do rio, passando-o, inicialmente por outros filtros, para em seguida voltá-

lo para a vegetação que havia na outra margem, acontecendo na margem esquerda no sentido

Noroeste.

O maior impacto ambiental começou a se fazer sentir a partir dessa ação, pois na

ânsia de se ter maior acesso ao cascalho do leito do rio e por conseqüência aos possíveis

diamantes aí resguardados, uma grande porção da margem ciliar foi derrubada, deixando as

margens a descoberto e passiveis de sofrerem os danos causados pela erosão.

Os garimpeiros começaram a colocar forquilhas das mais grossas e resistentes,

cortavam folhas de babaçú, para colocar entre as forquilhas com pedras maiores e mais

13

pesadas, outros com uma pá iam carregando a areia em sacos de panos, como um formigueiro

todos estavam empenhando em fechar o Rio e desviá-lo para o outro lado. Trabalhando dia e

noite os garimpeiros aos poucos foram fechando e desviando o curso do rio para outro lugar

com muito trabalho e suor, eles realmente conseguiram fazer a tão falada Virada da Lua.

Os garimpeiros quando estavam fechando o Rio desviando o seu curso encontro

blocos enormes de rochas eles foram cavando o local que o Rio iria passar com explosão de

diamantes. A dinamite era o material que facilitava a destruição das rochas, devido não ter

uma ferramenta adequada quando conseguiram fazer a Virada da Lua foi um dia de festa,

agora os garimpeiros que estavam todos em um só bloco, foram divididos em vários grupos

de 5,10, garimpeiros para explorar no local em que passava o Rio Claro, só que tinha que

pagar 20% do valor vendido dos diamantes encontrados e do ouro extraído.

Segundo relatos de alguns garimpeiros da época, em algumas partes do local da

Virada tinha alguns poços de água onde era possível pegar uma pá, um saco de pano e dentro

dos pequenos poços, o cascalho que dava muitos diamantes, o ouro pouco tinha interesse de

lavar devidos ser difícil o processo da exploração deste.

Figura 3. Local onde o leito do rio foi desviado para a instalação de um garimpo. Fonte: a pesquisa.

14

1.5 O garimpo do cipó de 1980 a 1992

No período de 1980 a 1992 período funcionou fortemente o garimpo do Cipó na

Fazenda Esperança do outro lado do Rio com muitas manchas de diamantes encontradas e de

ouro também.

Chamado pelos garimpeiros como “Mancha do Cipó” atraiu garimpeiros de outras

regiões, embora esse afluxo de pessoas não tenha determinado mudanças no panorama

econômico da cidade de Jaupaci. De acordo com os documentos sobre a atividade de

mineração desse período, todo o dinheiro resultante da venda não era aplicado na cidade, no

sentido de investimento no mercado, mas as divisas acabavam se deslocando para as regiões

dos garimpeiros, uma vez que em sua maioria, vinham de fora para exercer a atividade.

Em meados da década de 80 as dragas passaram a ser mais velozes e potentes e

com essa evolução tecnológica a produção de diamantes triplicou triplicando também os

problemas da região. Poucas pessoas possuíam dragas em Jaupaci, nesse mesmo período o

Senhor Arnaldo colocou uma draga novamente par explorar o garimpo do Jacundá, olha que

pegou muito ouro e diamantes voltando para o garimpo do Cipó, o Senhor José Ary, chegou

a juntar dois litros de ouro a notícia espalhou e logo muitos garimpeiros vieram para Jaupaci.

Em 1984 começavam a surgir as “chupadeiras” que faziam o mesmo processo das

dragas, mas era mais barato e eliminou as dragas do mercado. Na mancha do João Paraíba o

Senhor Caixeta começou a explorar o garimpo mais uma vez e desviou novamente o curso

d’água do Rio, do outro lado, o garimpo o Senhor (Cabeludo).

Extraiu-se muitos diamantes em locais que haviam sido explorados agora com

equipamentos sofisticados o garimpo tornou ainda mais atraente devido à facilidade de pegar

diamantes e outros porque a chupadeira fazia o serviço mais pesado e explorava os garimpos

com mais rapidez.

Ainda no garimpo da praia – Mancha do João Paraíba, o Senhor Wilmazão

garimpava de mergulho com equipamentos que além da chupadeira tinha uma marcação

especial, onde dentro dele era jogado oxigênio para o garimpeiro respirar e trabalhar no fundo

do Rio com segurança, era usado uma balsa de ferro com o motor, os canos para sugar o

cascalho no fundo do leito do Rio, geralmente o garimpo de mergulho era feito nos poços do

rio devido a força das correntezas que dificultam a exploração dos minérios, o outro e os

diamantes.

15

Depois do Senhor Caixeta que não deu conta de explorar todo minério que ainda

existia no poço da Mancha do João Paraíba, o Senhor Valdir, apelidado por Valdir Pão de

Queijo conseguiu desviar o canal do Rio Claro na Mancha do João Paraíba mais uma vez,

devido o local ser bastante rico em ouro e diamantes. No período de 80 a 94. Foi um momento

muito intenso e movimentou a cidade de Jaupaci, com garimpeiros migrando de várias regiões

em busca do ouro e diamante que a cada ano iam sendo descobertas várias manhas desses

minerais em Jaupaci.

1.6 Garimpo da Diamantina no ano de 1988 a 1994

Foi um garimpo em que pouco tempo extraíram muitos diamantes não tanto ouro.

Diamantina fica a 7 km de Jaupaci ao noroeste da mancha do João Paraíba o

Senhor José Pernambuco foi um dos precursores dando início à exploração das jazidas com

chupadeiras que exploravam vários locais das margens do Rio.

Foram cerca de quatro anos a exploração em diamantina, as jazidas foram

descobertas por um garimpeiro faiscando manualmente, o senhor Bento, filho de uma

conhecida benzedeira a Dona Maria Maranhense. Ele estava lavando cascalho quando

encontrou pepitas de ouro na peneira que lavava o cascalho, ou seja, o ouro, quando

encontrado em pepita que é um pequeno pedaço de ouro é sinal de mancha de ouro e

diamantes, porém o ouro foi pouco explorado, encontraram no local, muitas manchas de

diamantes.

Os garimpeiros que não trabalham em máquinas o nome que deram às

chupadeiras, que extraem muitos diamantes e ouro em menos tempo.

Esses garimpeiros trabalhavam manualmente, mas também pegavam muitos

diamantes, demoravam mais tempo, dava mais trabalho, porque todo o processo era feito

manualmente e no verão época de mais calor.

1.7 Garimpo na Fazenda Pacú

No mesmo período que era explorado o garimpo da diamantina, foi descoberto o

garimpo do Taperão que fica localizado próximo à GO-060 da Rodovia Juca Rocha que liga

16

Jaupaci a Montes Claros, os locais das jazidas foram explorados pela maioria de garimpeiros

de outras regiões, tinham poucos garimpeiros que eram de Jaupaci. Um deles o Senhor Joserly

da família de Paula era proprietário de uma das máquinas que explorava aquele local.

A exploração do garimpo do Taperão durou pouco tempo devido os boatos de que

o garimpo iria fechar, mesmo assim ajudou muitas pessoas que por ali trabalharam.

1.8 O garimpo manual

Em uma retrospectiva dos 44 anos de garimpo em Jaupaci é preciso registrar os

garimpeiros que manualmente foram os percussores na descoberta de todas as jazidas

exploradas no Rio Claro.

Por mais que os equipamentos sofisticados como as chupadeiras, as dragas, as

resumidoras vieram para facilitar a extração dos minerais, esses equipamentos invadiram o

garimpo deixando o faiscador, aquele garimpeiro que arduamente procura a manutenção de

sua vida familiar, com ferramentas rústicas, é considerado homem de coragem porque

enfrenta barrancos de 3 a 7 metros de altura com os braços não tem auxílio dos equipamentos,

demora 30 dias ou 40, mas não desiste do seu sonho.

Com a chegada dos equipamentos acima citados, retirou-se do faiscador o direito

de procurar o ouro ou diamante em qualquer lugar, esses homens não gostaram da evolução,

das novas tecnologias, equipamentos motorizados, como balsas, maraca, jato de águas.

O garimpo manual vendo que suas possibilidades tinham diminuído, pelo simples

fato de que é praticamente impossível ao homem competir com a máquina, foi então procurar

novos métodos para garimpar, eles lavavam o cascalho que já era lavado pelas chupadeiras,

dragas chamado de cascalho do rabo da bica.

Eles pegavam bastantes diamantes, pois, a velocidade em que a chupadeira e as

dragas jogavam o cascalho não seguravam todos os diamantes e nem o ouro, mesmo que e

debaixo das grelhas era colocado um carpete para segurar o ouro.

17

2. ESTRATÉGIAS DO GARIMPO, IMPACTOS AMBIENTAIS.

Vendo os garimpeiros manuais e os faiscadores pegando muitos diamantes e outro

nos rabos de bicas. Inventaram a resumidora, que veio e diminuiu ainda mais a chance dos

faiscadores pegarem diamantes e ter um espaço no garimpo.

O sucesso da resumidora foi tão grande que os proprietários mais o equipamento,

muitas foram abandonadas ou vendidas para o ferro velho, porque a resumidora tinha

compartimentos que não precisavam das grelhas de ferro e nem das bicas e caixa que eram

usadas para lavar o cascalho.

Por mais que o garimpo estava chegando ao fim, os donos das resumidoras, como

o Senhor Valdir Pão de Queijo, ficou bem de vida reexplorando os rabos de bicas deixados

pelas chupadeiras, o trabalho era bem menos porque o cascalho já estava jogado não tinha

desmatamento nem barrancos para derrubar na Fazenda Diamantina, por exemplo, o Senhor

Valdir relavou o cascalho que estava jogado nos buracos do garimpo já abandoado e ainda

pegou mais de 400 unidades de diamantes de vários tamanhos.

Os danos das resumidoura eram equipamentos bem mais caros que as chupadeiras

devido segurar e não jogar nem um diamante fora, colocava no máximo 7 pessoas, onde 51%

era para o dono da resumidora e 51% para o dono 7 garimpeiros.

Parece que 51% era pouco para distribuir para 7 pessoas mas 7% era o suficiente

para cada garimpeiros que quando trabalhava manualmente tirava cerca de R$ 300 à R$ 500

por quinzena, quem trabalhava nas máquinas com os seus 7% tirava em torno de 2.000 a

5.000 por quinzena, isso quando não encontrava uma veia de diamantes, que chamavam de

mancha.

Todos os garimpeiros que pegavam muito dinheiro eram chamados de

bamburrados, aqueles que trabalham uma semana seja manual ou em uma máquina e não

pegava quase nada de outro e de diamantes era possível encontrar lugar que não encontrava

um diamante ou ouro.

Para o garimpeiro que trabalhava manualmente tinha catreado que ele gastava 1

mês para concluir o serviço, gastava e não tinha retorno. Segundo Gomes (1993) ao Sul -

sudoeste goiano, a garimpagem de diamantes e, mais recentemente, do ouro, fez nascer

algumas cidades como: Aragarças Baliza, Iporá, Israelândia, Cachoeira de Goiás, Jaupaci.

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2.1 Satélite ou formas que acompanhavam as formações diamantíferas

Constituem os elementos anunciadores das formações diamantíferas, estes foram

muito estudados por Hussak e Henri Gorceix e a este último se deve a expressão satélites do

diamante. Os garimpeiros são muito práticos no reconhecimento desses elementos que

acompanhavam o diamante.

Todavia, é preciso acrescentar que a presença deste satélite não significa em

absoluto a existência do mineral típico. Os garimpeiros denominavam com nomes muito

expressivos, os minerais que acompanham o diamante como: agulha, bagaceira, cativos de

ferro, chifre de boi, esmeril. Como disse Hussak e Henri Gorceix “Quando é encontrado todos

os vestígios de que no local que está sendo explorado o garimpo, não é seguro de que no

cascalho encontrado existem diamantes, o ouro.”

Todo local que o garimpo é explorado encontra-se porém é bom lembrar do

processo da apuração final ouro demora e teria que se rum local que exista uma veia,

denominada pelos garimpeiros local de muita quantidades, para compensar a exploração, e

geralmente quando não encontra-se diamantes, o ouro é muito pouco e não cobre os prejuízos

que foram gastos pelos garimpeiros.

Podemos pegar o exemplo de quem trabalha com maquinários usando motor,

como nas dragas e chupadeiras, que usam o diesel, óleo para o motor, as vezes quebra uma

peça, ou seja, só diesel, geralmente em uma máquina, consome em torno de 200 litros por

emana, devido o motor ficar ligado o dia todo, consome muito porque força o motor todo

momento para escavar o burca, com o jato d’água, com o motor que suga o cascalho do

fundo da depressão. Todos os maquinários usam-se dois motores.

2.2. Os locais que foram explorados pelo garimpo e os impactos causados

Ao observar os locais de exploração do garimpo em Jaupaci, temos que ao mesmo

tempo fazer uma análise dos impactos deixados de herança.

O garimpo da mancha do João Paraíba, onde no decorrer dos anos, foi explorado

por vários garimpeiros manuais que não degradavam tanto, porém no início da década de 80

surgiram as dragas, chupadeiras, que desenfreadamente em curto período de tempo, usufruiu

das riquezas minerais, empobrecendo o solo, entre outros malefícios.

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Vimos a imagem do começo do garimpo em um Rio Claro com águas limpas,

margens perfeitas, em alguns locais e sem mata ciliar, devido a ação do homem, porém ainda

não haviam tecnologia na extração de ouro e diamante. Com a chegada desses maquinários o

garimpo tomou outros rumos, pois a água que era limpa começou a ficar suja barrenta e

poluída pelos óleos dos motores, da gasolina, do diesel.

Além do centro do poço da mancha do João Paraíba, muitos exploraram as

bordas, devido o leito do Rio Claro ter sido desviado, para o outro lado da margem. Pode-se

observar toda a área explorada por tantos garimpeiros que hoje é ponto turístico da cidade de

Jaupaci.

Aqui ficou o assoreamento e um estreitamento das margens. A cada ano vai

morrendo uma parte do nosso Rio Claro e mesmo sendo local de turismo, não podemos deixar

de mostrar que para fazer a praia muitas árvores foram derrubadas, querendo ou não, é um

impacto, sem falar nas modificações dos relevos, feita pela mão do homem.

Figura 4. Assoreamento das margens do Rio Claro por conta do processo de mineração. Fonte: a

pesquisa

Ao analisar este local que antes não secava em nenhum momento, devido a ação do

homem tudo mudou, o grande Rio que aqui passava, já passa mais, com a falta da mata ciliar

no verão esse braço seca, só volta ao estado normal na época das chuvas, como podemos

perceber do outro lado existe uma mata ciliar, que mantém as margens não causando erosões

e mais assoreamento.

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Nesse local feito a Virada da Lua, onde gastaram três anos tentando até que

conseguiram, ali a frente avistamos as forquilhas do matame, ou seja, a divisa da Virada,

onde eles desviaram todo o canal do Rio.

2.3 A exploração do garimpo na Diamantina

O período do garimpo na Diamantina localizada ao Sudoeste de Jaupaci, a 7 km

da extração das jazidas do garimpo da Virada da Lua.

Por pouco tempo foi explorado o garimpo, porém muitos impactos ocorreram no

meio ambiente. No perímetro de cerca de 200m toda a vegetação foi arrancada sem que em

momentos posteriores se aplicasse alguns projeto de reflorestamento. Esse local está a 200m

do leito do Rio Claro e todos os resíduos como areia, terra e outros sedimentos foram jogados

nas pastagens, sem falar dos impactos deixados pelas grandes depressões feitas pelos

garimpeiros. Somente alguma vegetação nasceu em algumas partes e outras continuam com

depressões, ou seja, buracos com águas, sem aproveitamento, a mão ser para seguir de poços

de água para o gado beber água, em outros buracos nem para isso serve devido ser profundo

sem jeito de aproximar.

Existem muitas erosões causadas pelas chuvas que a cada ano vai alarmando

ainda mais os impactos na natureza.

Figura 5. Erosão causada pelo processo de retirada de minério. Fonte: a pesquisa.

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2.4 O garimpo na Fazenda Pacú, o garimpo do Taperão

O Garimpo do Taperão, nome dado devido ser próximo do córrego Taperão que

fica a 50 m do local que iniciou a extração do ouro e diamantes.

Figura 6. Jazida de exploração do Taperao. Fonte: a pesquisa.

Nesse período de 1989 a 1993, as explorações dessas jazidas tinham poucas

pessoas que eram daqui da cidade de Jaupaci. A maioria era de fora. Hoje com o passar dos

anos podemos analisar, o arraso que o garimpo fez nestes locais onde enormes erosões foram

formadas, o córrego foi assoreado deixando algumas partes que em determinada época do

ano, seca, causando o estreitamento do córrego que é o manancial que abastece a cidade de

Jaupaci.

As depressões acabaram com grande parte da vegetação onde a natureza, principal

atingida, levará milhões de anos para se recuperar, enquanto que em 44 anos de exploração do

Garimpo em várias partes de Jaupaci, foram suficientes para deixar esses problemas sem

solução, sendo que no mínino o enorme trabalho de revitalização poderá em algumas partes

que ouve o garimpo, ajudar a natureza em que estamos inseridos.

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2.5 O fim do garimpo em Jaupaci e impacto no meio ambiente.

No ano de 1990, começaram boatos que o garimpo iria fechar, porém devido ser

apenas boatos, a extração continuou, normalmente, esse período foi o momento que o último

equipamento, que foi inventado para o garimpo estava agradando os proprietários que

investiam mais caro, mas tinham resultado, com a famosa resumidora que não deixava

passar diamantes, a exploração de diamantes e outro foi mais intensa, ainda, o que muitos

podiam imaginar que o garimpo poderia chegar a fechar em Jaupaci, ou nas regiões vizinhas,

devido a influência política, que tinha nas pequenas regiões de Israelândia e Jaupaci.

No ano de 1994, através de uma ação popular que teve início na Comarca de

Jussara-Goiás. Essa atitude partiu do Ministério Público e do Instituto Brasileiro dos Recursos

Naturais não-renováveis – IBAMA.

No ano de 1980, todo o ouro extraído era usado o mercúrio para apurar com mais

rapidez o ouro, pois a amalgação e um processo feito quando junta toda produção em um

recipiente de colocar-se o mercúrio, onde ele agarra todo minério deixando apenas as

impurezas, pois coloca se ao fogo para queimar secando o mercúrio, fica apenas o ouro. O

mau uso dos mercúrios nos garimpos traz conseqüências irreversíveis, ao meio ambiente e a

saúde.

Devido ele ser um produto altamente tóxico. O mercúrio contamina os peixes os

animais que usufruem das águas nos mananciais que fica próximo ao garimpo. Sem falar no

ser humano que tem contato diretamente com o produto. Durante todo o tempo em que foi

explorado o garimpo em Jaupaci pode se disser o quanto à natureza ficou prejudicada, sem

falar das depressões feitas próxima as margens, do rio Claro o com o assoreamento onde em

varia partes não se vê vegetação ou matas ciliares.

Diante de todos os problemas causados pelo garimpo a natureza não foi capaz de

corrigi-la e certo que levará muitos anos para que volte ao normal. Será que todo o dinheiro

ganhado com a exploração dos minérios ouro e diamantes conseguirão acabar com os danos

ambientais deixados pelo garimpo.

A intoxicação crônica afeta o aparelho gastrintestinal e o sistema nervoso,

podendo ocasionar distúrbios comportamentais cujas alterações variam de quadros leves a

moderados.

O quadro gastrintestinal manifesta-se por lesões orais, de estômago, intestino e

fígado, também ocorrem queixas desagradáveis, gosto amargo ou metálico na boca, sialorréia,

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ulcerações, orais e amolecimento dos dentes, faringite inespecífica e comum, outra

manifestação encontrada e a gastrite e a gastroduodenite (Zariz, Clima 1992).

O mercúrio é uma ameaça ao meio ambiente, podendo atingir as espécies animais,

como a fauna e a flora, os peixes dos rios, enfim, os animais que vivem nas matas, nas

florestas, nas margens do rio e bebem dessa água.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho foi realizado através de conhecimentos, convivências no próprio

local, onde o membro do garimpo ou do próprio garimpeiro e vendo criticamente a

necessidade de alguma transformação não só com palavras, mas, com gestos.

No término deste trabalho podemos concluir que por mais que o garimpo foi uma

ótima fonte de renda da comunidade de Jaupaci, é notório os impactos causados na extração

dessas jazidas, manualmente e quinzenalmente.

De qualquer forma, se pudéssemos fazer uma retrospectiva da vida no garimpo do

ponto de vista capitalista, ótimo, mas do ponto de vista ambiente, foi uma catástrofe para os

meio naturais e nos locais do garimpo.

Verificou-se de certa forma o descumprimento da lei em termos da legalização do

garimpo, da legislação ambiental na poluição do Rio e do desmatamento dentre outros.

É preciso uma ordenação da parte da comunidade do poder público, onde o

mesmo poderá auxiliar na preservação dos Rios Pilões e Rio Claro, mesmo com o fim do

garimpo.

No empenho para a preservação e conservação da natureza, deve ser estabelecido

uma participação primordial do poder público, na sensibilização da população em parceria

com todas as escolas, através de projeto que visão a revitalização, das margens nos locais do

garimpo, e próximo das margens onde foram feitas enormes depressões.

Na busca por soluções, ações como reflorestamento, implantação de viveiros com

mudas nativas, reunir os proprietários das fazendas nas áreas de exploração dos garimpos.

É preciso unir forças em busca de um ideal que é a proteção das águas dos Rios e

parte dos Pilões e em toda área que forma explorada pelo garimpo para que priorizassem a

preservação do nosso maior manancial que banha a nossa cidade que é o Rio Claro, para

garantir água com qualidade para as futuras gerações.

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REFERÊNCIAS

Disponível em: PT.wikipedia.org/wiki/Jaupaci (Acesso em: 13/09/2010 às 00h45min).

Disponível em: citybrazil.uol.com.br/gol/Jaupaci/historia.php (Acesso em: 13/09 às

00h55min).

GALLI, Ubirajara. A História da mineração: do séc. 17 às lavras do séc. 21/Ubirajara

Galli. – Goiânia: Ed. Da UCG, Contato Comunicação, 2005. 118p.il.

LIEBMAN, Hans. Terra um planeta inabitável. Rio de janeiro, biblioteca do exercito

HORIESTE, Gomes, Antônio Teixeira Neto. Geografia de Goiás Goiás-Tocantins. Editora

UFG, 1993. Publicação nº 204.

MARTINEZ, P. H. História Ambiental no Brasil: Pesquisa e Ensino. São Paulo: Cortez, 2006.

MIRANDA, J. G. D; Cipriami, M. Martires; R. A. C; Giacome, MJ. Atividades Garimpeiras

no Brasil: Aspectos Técnicos, Econômicos e Sociais. Rio de Janeiro: CETEM/CMPQ, 1997,

61 p.

TEIXEIRA, Neto. Pequena História da Agropecuária Goiana. Net Goiás.com. br.

Disponível em: http://observatóriogoias.com. BR (Acesso em: 17/10/2010 às 13h25min).

PERES, Amujaci Maria, apud VARJÃO, Valdon. Garimpeiros: Visionários da esperança.

Brasília, Gráfica do Senado 1987.

ZARIZ, C; Eliana, DM. R. Avaliação Clínica neuropsicológica de trabalhadores expostos a

mercúrio metálico em indústrias de lâmpadas elétricas. Revista de Saúde Pública, São Paulo.

V. 26, nº 25 p. 356, 1992.

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VOCABULARIO DO GARIMPEIRO

Apurar: lavar o cascalho na bateia.

Apuração: ultima etapa no trabalho de garimpagem manual, o mesmo que resumir.

Abrir campo: quebrar pedra grande, ter condição de trabalho.

Aço de lima: diamante de cor de carbonato.

Açude: represa de onde se trás água para o manchão.

Água virada: nascente localizada em região que alcança o garimpo.

Agulha: informação diamantífera, rutilo tetragonal, satélite de diamante.

Alavanca: instrumento de trabalho, usado para cavar ou rolar pedras.

Alivusia: visão, fantasma ou miragem quando são vistas luzes ou ruídos nos garimpos.

Amarelão: diamante amarelo-escuro, também denominado mele, de baixo valor.

Almocrafe: mesmo que mucafo, enxada de cabo curto.

Avião: diamante muito pequeno, só encontrado em garimpagem abateia; olho de mosquito.

Azulinha: informação diamantífera designação dada pelos garimpeiros á água marinha,

mineral, satélite do diamante

Baita: diamante grande.

Babau: acabou-se, perdeu-se.

Bacará: barraco com pouco cascalho.

Bagere: camada de cascalho bruto existente antes do cascalho manso, onde às vezes, são

encontrados os maiores diamantes. Entretanto, dificilmente é garimpado.

Barroca: desbarrancado

Batear: diz se do garimpeiro que vagueia em diversos locais, ex pedimento cascalhos

diamantíferos.

Batedeira: conjunto de quadro a cinco peneiras superpostas utilizadas para separar cascalho.

Batear: diz se do garimpeiro que vagueia em diversos locais, ex pedimento cascalhos

diamantíferos.

Batido: porção de água que escorre por um ladrão do rego mestre, suficiente para trabalhar

numa corrida.

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Blefado: sem dinheiro para o cigarro

Bregueços: objetos de uso domestico.

Bitelo: xibiu maior.

Boca de capanga: pequena cobra venenosa que tem seu habito nas áreas dos manchões, onde

existe boca de capanga, existe diamante, dizem os garimpeiros.

Boião: refeição.

Boliche: casa comercial de pequeno porte ou venda, nome usado pele os mais antigos.

Bornal: capanga de guardar a petrechos.

Boteco: venda de bebidas.

Bronze: diamante amarelo escuro.

Bucho: mulher velha, ou apetrecho do garimpeiro, mala, saco.

Brugalhau: pedras pequenas misturada no cascalho.

Buzo: diamante já conhecido por todos os compradores, às vezes com defeitos.

Cacumbu: resto de ferramentas.

Calunbe: vasilha cilíndrica de macieira utilizada em forma de bacia para o transporte de

cascalho ou apuração do esmeril.

Canjica: informação ou forma diamantífera, designação dada pelos garimpeiros a limolita,

satélite de diamante.

Capanga: lote de diamantes comprados durante a temporada.

Capangueiro: comprador de diamantes em alta escala.

Capinar: fugir, capir

Carro de cascalho: denominação de cada monte de cascalho com 60latas de 20litros,

equivalente a 1.200litros de cascalho.

Cascalho: mistura de pedra e areia onde se encontra o diamante.

Cascalho manso: cascalho preferido para procurar diamantes.

Cativo: informação diamantífera, denominação cientifica titânio.

Catra: buraco de 20ª 25 palmos perfurados no solo para cata ou procura dos diamantes.

Catreado: local das catras, local de assentamento de dragas, de escafandrosou matames de

golfos.

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Chacoalhar: movimentar as peneiras na lavagem do cascalho.

Chapéu de frade: diamante triangular de lapidação difícil, sempre tacado.

Chicória: informação diamantífera, mineral bruto. satélite de diamante também denominada

pedra de bispo.

Chumbar corrida: colocar pedras na canoa da corrida para travar a rodagem de diamantes.

Chupão: mangueira usada nas dragas para sucção de areia ou cascalho

Ciscagem: ato de escrever e ler a apuração. Resumo.

Corminboque: picuá grande de chifre,isqueiro que através de uma pedra e um pedaço de lima

de amolar retira,por atrito ,fogo para acender cigarros.

Correr a praça: tentar melhorar o preço na venda dos diamantes, oferecidos à primeira.

Curau: garimpeiro inexperiente. Neófitos em garimpagem, entretanto, às vezes são os mais

sortudos.

Dente de cão: informação diamantífera, cristal de rocha ou pequeno mineral satélite.

Descabreado: garimpeiro desacorçoado, abandono de catra.

Desmontar: barranco de terra arrancado com a pá ou de outra forma ate descobrir o cascalho.

Diamante: carbono puro é o mais duro, mais pesado e o mais brilhante dos minerais, e a mais

cobiçada, valiosa das pedras preciosas.

Diamante industrial: diamante de preço inferior por degeneração de sua qualidade.

Draga: equipamento mecânico para arrancar e lavar cascalho na procura do diamante ou

remoção da areia.

Emburrado: pedra de tamanho extraordinário que vez por outra aparece no afloramento do

cascalho.

Esfarinhado: Diamante que se esfarela na lapidação.

Esmeril: oxido de ferro, também denominado forma ou apuração da corrida escrita.

Extra: diamante raro, azulado ou branco puro.

Extraordinário: despesas que ocorrem por conta do garimpeiro meia praça tais como:

cigarros, remédios, guloseimas, pinga ou objetos pessoal.

Faiscação: ato de faiscar

Faiscar: garimpagem eventualmente.

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Faisqueira: pequena garimpagem com consentimento do dono da catra, onde às vezes são

repartidos os lucros na venda do produto.

Faisqueiro: compra de diamantes em pequena escala, fraco de bolso.

Farinha: xibiu diminutos ou olhos de mosquito, farelo de diamante tacado que se quebra ao

ser lapidado.

Farracho: ferramenta, ferro chato de limpar cascalho.

Fazenda fina: diamante perfeito de 25 pontos ate 2 quilates.

Fazer rebaixo: preparar a corrida para melhor trabalho.

Ferragem: informação de diamante de nome “rutilo”.

Ferrugem: azul, informação diamantífera de nome cientifica “octaedrita”.

Ferro: forma de satélite nome “titânica”

Ferve dor. 1:ressalto da corrida para prender diamantes.

Ferve dor. 2:matanie para assoprar a areia ou remover entulhos,feitos nos leitos dos rios ou

córregos.

Fiel: cabo de aço ou corda guia que e amarada ao barranco, vai à catra no fundo do rio.

Formas: o mesmo que informação. Minerais satélites que indicam incidência de diamantes.

Fornecimento: cesta básica dada semanalmente ao garimpeiro que trabalha de meia praça.

Frente: catra ou trecho de garimpagem, normalmente de 52 a 60 palmos.

Garimpar: procurar diamante ou outros minerais

Garimpeiro: homem que faz a labuta de garimpagem.

Garimpo: local onde são encontrados os minerais.

Garimpo de golfo: garimpagem a mergulho sem equipamentos mecânicos.

Garimpo a seco: Monchão longe de água para lavagem.

Garimpo de virada: desvio de córrego ou rio para servir a garimpagem.

Grão: peso equivalente a ¼ de quilate ou 25 pontos.

Grelho: agre debaixo do cascalho, piçarra.

Grupiara: garimpos nos barrancos dos rios ou córregos do picuá, diamantes.

Imbé: cipó parasitário que e preferido para confecção do picuá recipiente de guardar

diamantes.

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Jirau: armações rústicas onde se guardam panelas e outros objetos domésticos.

Lapidar: processo de transformar o diamante em brilhante, abrilhantar, facetar, polir.

Lavadeira: buraco aberto para efetuar lavagem do cascalho.

Lavagem: operação de apurar o cascalho em esmeril para encontrar os diamantes.

Mancha: local de muitos diamantes.

Mediana: peneira media, abaixa da grossa.

Mediano: diamante retido na peneira media, normalmente de 3 a 5 quilates.

Meia praça: garimpeiro que depende do patrão.

Melada: pedra recusada pelo garimpeiro.

Melê: diamante escuro bronzeado.

Mergulhar: garimpeiro que trabalha escavando ou golfo.

Mocororô: cascalho de cor diferente ou pesará mole que encobre a camada de diamante.

Monchão: área que apresenta formação diamantífera ou de outros minerais.

Olho de mosquito: xibiu de tamanho inferior.

Paiol: monte do cascalho já retirado, antes de ser lavado.

Palha de arroz: forma de satélite monte dado ao distêmio ou cinta.

Pedra-grossa: diamante de mais de 10 ate 20quilates.

Pião: parte pontiaguda do diamante.

Picareta: utensílio, ferramenta, ou sujeito trambiqueiro

Pesará: mergulho em que o garimpeiro vai ao fundo.

Pingo d’água: informação diamantífera nome do topázio rodado.

Pretinha: forma satélite, denominada turmalina pretinha.

Queimar: não encontrar diamantes no garimpo.

Quilatagem: peso do diamante.

Quilate: unidade de peso equivalente a 4 grãos ou 100pontos.

Rabo de bica: bica que sai do batido.

Resumir: apurar o cascalho.

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Sondar: procurar garimpo, introdução da sonda no chão em profundidade de 20 ate40

palmos.

Suruca: peneira grossa que faz a depredação

Tubo: diamante grande

Traia: utensílios da garimpagem

Unha seca: diamante pegado sem lavar o cascalho.

Urubu: mancha negra no interior do diamante que o desvaloriza em 50%.

Xibiu: diamante pequeno, variando entre 5 e 40 pontos.

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Anexos