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Wolfgang Bühne

Encorajamento e Desafio

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Encorajamento e Desafio

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T r a d u zi d o d o o r i g i n a l e m a l e m ã o :Das Gebetsleben Jesu – Ermutigung und Herausforderung

I S B N 9 7 8 - 3 - 8 6 6 9 9 - 3 1 2 - 9

T r a d u çã o : M a r co A n d r é S i e g e lR e vi sã o : S é r g i o H o m e n i , I o n e H a a ke , C é l i a K o r za n o w ski

E d i çã o : A r t h u r R e i n keC a p a e L a yo u t : T o b i a s S t e i g e r , R o b e r t o R e i n ke

P a ssa g e n s d a E scr i t u r a se g u n d o a ve r sã o A l m e i d a R e vi sa d a e A t u a l i za d a ( S B B ) , e xce t o q u a n d o i n d i ca d o e m co n t r á r i o : N o va

V e r sã o I n t e r n a ci o n a l - N V I , A l m e i d a R e vi st a e C o r r i g i d a – A R C o u A l m e i d a C o r r i g i d a e R e vi sa d a F i e l – A C F .

T o d o s o s d i r e i t o s r e se r v a d o s p a r a o s p a í se s d e l í n g u a p o r t u g u e sa .C o p yr i g h t © 2 0 1 3 A ct u a l E d i çõ e s

R . E r e ch i m , 9 7 8 – B . N o n o a i9 0 8 3 0 - 0 0 0 – P O R T O A L E G R E – R S / B r a si l

F o n e ( 5 1 ) 3 2 4 1 - 5 0 5 0 – F a x: ( 5 1 ) 3 2 4 9 - 7 3 8 5www.chamada.com.br - [email protected]

C o m p o st o e i m p r e sso e m o f i ci n a s p r ó p r i a sD A D O S I N T E R N A C I O N A I S D E C A T A L O G A Ç Ã O D A P U B L I C A Ç Ã O ( C I P )

( B i b l i o t e cá r i a r e sp o n sá ve l : N á d i a T a n a ka – C R B 1 0 / 8 5 5 )

B 9 3 1 o B ü h n e , W o l f g a n gA o r a çã o n a vi d a d e Je su s : e n co r a j a m e n t o e d e sa f i o

/ W o l f g a n g B ü h n e ; t r a d u çã o , M a r co A n d r é S i e g e l . – P o r t o A l e g r e : A ct u a l E d i çõ e s, c2 0 1 3 .

1 3 6 p . ; 1 3 , 5 x1 9 , 5 cm .

T r a d u çã o d e : D a s G e b e t sl e b e n Je su : E r m u t i g u n g u n d H e r a u sf o r d e r u n g .

I S B N 9 7 8 - 8 5 - 7 7 2 0 - 0 8 6 - 3

1 . R e l i g i ã o . 2 . O r a çã o . I . S i e g e l , M a r co A n d r é . I I . T í t u l o .

C D U 2 4 8 . 1 4 3C D D 2 4 8 . 3 2

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Índice

Introdução ........................................................................................................................................7

1. A Oração – Uma Medida da Nossa Profundidade Espiritual ....................11

2. O Ministério Público de Nosso Senhor Começou Com Oração .............. 15

3. A Oração na Solidão .......................................................................................................23

4. Oração Persistente – Base Para a Cooperação Abençoada na

Obra do Senhor .................................................................................................................37

5. Oração – Uma Condição Para o Discernimento Espiritual .......................49

6. A Oração Muda Principalmente a Pessoa Que Ora ........................................57

7. O Poder Transformador do Exemplo ....................................................................69

8. A Bênção Dos Bons Hábitos .......................................................................................73

9. Pessoas de Oração da Bíblia e da História da Igreja – Um Apelo

em Prol da Disciplina ................................................................................................... 79

10. A Luta em Oração de Jesus no Getsêmani .........................................................91

Concluindo - A Herança de David Brainerd................................................................ 101

Apêndice 1 - “Casa de Oração” ou “Covil de Ladrões”? .........................................107

Apêndice 2 - Uma Pesquisa – Um Resultado Chocante .........................................121

Apêndice 3 - Mais Uma Pesquisa – O Alerta Permanece! .................................... 127

Notas ............................................................................................................................................... 133

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O ponto de Arquimedes fora do mundo é um quarto de oração, na qual uma verdadeira pessoa de oração

intercede com toda sinceridade – e ela moverá o mundo.[1]

Soren Kierkegaard (1813-1855)

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Introdução

“Nossa pureza, nossa força, nossa piedade e nossa santidade sempre serão somente tão fortes quanto nossa oração!”[2], afirma A. W. Tozer – e ele tem razão. Por esse motivo, expressar pensamentos sobre o relevante tema “oração” ou colocá-los no papel sempre será um tópico humilhante.

Apesar de que a imensa importância e as agravantes conseqüências da oração sejam ressaltadas em quase todos os livros bíblicos, e uma grande porção da Bíblia seja composta exclusivamente de orações, infelizmente, na maioria das vezes, a oração exerce apenas um negligencia-do papel coadjuvante em nossas próprias vidas.

Orar, muitas vezes foi chamado de “o respirar da alma”. Se essa comparação for correta, então todos nós sofremos, às vezes mais, às vezes menos, de falta de ar, de falta aguda de oxigênio, espiritualmente falando.

Em séculos passados, a “oração” era um tema central na proclamação, na literatura e acima de tudo na vida diá-ria dos cristãos. Hoje em dia são outros temas que deter-minam nosso pensamento e nossa vida. A honra de Deus, Sua glória e exaltação através de nós quase não são mais tematizados, mas é o ser humano, com suas necessidades, reivindicações e problemas que preenche nossas cabeças, revistas e estantes de livros.

Também nós, como cristãos chamados “evangélicos”, perdemos, em grande medida, nosso norte e com isso nossa orientação dada por Deus e vagamos – em maior ou menor medida, impelidos pelo frouxo espírito da época – sem rumo ou giramos em círculo. Assim também se pare-ce nossa vida de oração.

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A ORAÇÃO NA VIDA DE JESUS

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Infelizmente, no momento só existem alguns poucos livros na língua alemã sobre o significado da oração que realmente podem ser indicados. O clássico muito precioso “Vom Beten” (“Sobre a Oração”, em tradução livre), de Ole Hallesby, foi continuamente reimpresso, o que merece nossa gratidão. Junto com alguns bons livretos sobre esse tema, o livro de Benedikt Peters “Lehre uns beten” (“Ensina-nos a Orar”, em tradução livre), publicado há poucos anos, é um auxílio encorajador. Devo a esse autor o estímulo de estudar a vida de oração de Jesus.

Os reformadores e também os pregadores do avivamen-to dos séculos 18 e 19 não apenas pregaram e escreveram bastante sobre a oração, mas também eram pessoas de ora-ção. Suas vidas de oração muitas vezes me envergonharam e sou grato por poder, nos capítulos seguintes, fazer cita-ções de seus escritos e passar suas experiências adiante.

Nesse ponto também quero expressar minha gratidão pelo exemplo de pessoas de oração que meus pais foram. Até onde eu posso me lembrar, eles mantinham diariamen-te, cedo de manhã, sua “hora silenciosa” na sala, cada um por si. E todas as noites se ajoelhavam para orarem juntos.

Até hoje me recordo do clamor de meu pai, quando eu, como adolescente, tentava passar sorrateiramente pela sala e escutava como ele orava por todos, nominalmente. Mesmo que naquela época eu ainda não tivesse a vida eterna e não tivesse absolutamente nenhum interesse em seguir a Cristo, ainda assim eu pressentia nesses momen-tos algo da realidade e força da oração.

Mas eu também devo gratidão a alguns homens que durante suas vidas desafiaram e encorajaram a mim e à minha esposa Ulla através de seus visíveis exemplos de vida. Dentre estes estão os poucos, mas bastante impres-sionantes, encontros com o irmão indiano Bakht Singh (1903-2000) e seus cooperadores quando eles visitaram a Alemanha e a Suíça nos anos de 1980. Não foram, em primeira linha, as mensagens, mas acima de tudo o exem-

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INTRODUÇÃO

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plo de pessoa de oração desse modesto, singelo, mas temente irmão, que não esqueceremos.

E também havia o “desconhecido e conhecido” irmão idoso de um pequeno vilarejo próximo a Meinerzhagen que durante muitos anos orou por nós como pai espiritual e com quem eu – naquela época como jovem pai de família – reiteradamente pude orar.

Esse experiente, provado por muitos sofrimentos e amadurecido “tio Wilhelm” parecia, em sua aparência e conduta, com o conhecido pastor de Nümbrecht, Alfred Christlieb, de quem Wilhelm Busch escreveu que o “Espírito de Deus gravara Suas linhas em seu rosto”[3]. Quando entrava em nossa moradia com passos comedi-dos, ele sempre exalava algo semelhante a ares eternos.

Devo muita gratidão a estes e muitos outros irmãos e irmãs – mas principalmente a nosso Senhor Jesus, cuja amigável direção possibilitou esses encontros e cujo exem-plo como pessoa de oração me encoraja continuamente a ser um pouco mais parecido com Ele nesse serviço.

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1A Oração – Uma Medida da Nossa

Profundidade Espiritual

“Quem quiser humilhar outra pessoa, deveria apenas perguntar a ela sobre o estado de sua vida de oração”,[4] avalia Oswald Sanders, o experiente autor e antigo diretor da “OMF” (Overseas Missionary Fellowship, n.trad.) em seu precioso livro “Liderança Espiritual”.

Nenhum outro assunto nos envergonha mais e nenhum outro assunto reflete tão acuradamente nossa pobreza espiritual.

John Wesley costumava dizer que não tinha um bom conceito de um homem que não orasse 4 horas por dia. E, com isso, ele provavelmente lançou o veredito sobre a maioria de nós – eu, pelo menos, não oro 4 horas por dia.

Leonard Ravenhill escreve de forma apropriada:

A cinderela da igreja de hoje é o culto de oração. Essa ‘serva do Senhor’ continua sendo não-amada e desper-cebida, pois ela não se enfeita com as pérolas do intelec-tualismo, nem brilha com os panos de seda da filosofia, nem enfeitiça com a tríplice coroa da psicologia. Ela se veste de seriedade e humildade e não se envergonha de se ajoelhar!

A oração é escandalosa porque no fundo não combi-na com eficácia intelectual... A oração só depende de uma coisa: de espiritualidade. Não precisamos ser espiri-tuais a fim de pregar, ou seja, desenvolver e entregar dis-cursos acuradamente exegéticos e perfeitamente homiléti-cos... Pregar toca pessoas; orar toca Deus. Pregar tem

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A ORAÇÃO NA VIDA DE JESUS

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implicações no tempo; orar tem implicações na eternida-de. O púlpito pode ser uma vitrine na qual nós expomos nossos talentos; no silêncio do quarto qualquer encena-ção encontra seu fim.[5]

O conhecido pregador e autor Martyn Lloyd-Jones também declarou em relação à importância da oração:

Eu me aproximo com grande timidez e um sentimento de total indignidade quanto a essa questão. Suspeito que todos nós fracassamos nesse ponto mais do que em qual-quer outro.[6]

Nossa vida de oração – pessoal ou como igreja – é a medida para nossa profundidade espiritual. Em nenhu-ma outra área, nossa aridez e fraqueza espiritual são tão óbvias.

“Ninguém é maior do que sua vida de oração!”[7] e poderia ser acrescentado: “...e nenhuma igreja é maior do que sua reunião de oração”. Infelizmente, o que se percebe nas igrejas é o seguinte:

- Nenhuma outra programação é tão pobremente fre-qüentada como a reunião de oração semanal!

- Muitas vezes, nem mesmo os líderes responsáveis pela igreja a freqüentam regularmente!

- Irmãos jovens participam pouco ou raramente.- Em alguns lugares, a reunião de oração parece estar em

risco de extinção – ou já foi abolida por falta de interesse.Existe algum medicamento contra o assustador cansa-

ço ou a indiferença para com a oração?Livros, palestras, conferências e seminários referentes

a este assunto podem certamente ser de ajuda. Porém, o mais seguro e duradouro encorajamento e instrução para a oração é o exemplo de nosso Senhor.

Em Efésios 5.1, somos chamados a sermos “imitadores” de Deus como “filhos amados”. No texto grego há uma pala-

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A ORAÇÃO – UMA MEDIDA DA NOSSA PROFUNDIDADE ESPIRITUAL

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vra da qual vêm os termos “representar”, “imitar” ou, tam-bém, “pantomima”. Um bom imitador que consegue con-vencer, se identifica totalmente com a pessoa a quem ele quer imitar. Ele está fascinado por ela, observou-a e estu-dou-a cuidadosamente e, então, está em condições de imi-tar mais ou menos bem o comportamento dessa pessoa.

Em 1 João 2.6 lemos que “aquele que diz estar nele, também deve andar como ele [nosso Senhor] andou”. Sua vida – e com isso, também Sua vida de oração – é, então, exemplo e medida para nossa vida de oração. Quando estudamos a vida prática de nosso Senhor nos Evangelhos e refletimos sobre Seus hábitos de oração, o exemplo de nosso Senhor e o amor por Ele irão nos incentivar, mais do que tudo, a imitá-lO e, dessa forma, nos tornarmos mais semelhantes a Ele (cf. 2 Co 3.18).

É por isso que nos próximos capítulos, cenas da vida de oração do Senhor devem nos ocupar, cenas que principalmente Lucas descreveu detalhadamente em seu relato.

São sete cenas nas quais o Senhor orava e nas quais também são indicados o contexto e o motivo das orações do Senhor.

Como se sabe, o Senhor Jesus é descrito no Evangelho de Lucas como “verdadeiro homem”. Suas sensações, os hábitos, as circunstâncias de vida, a pobreza, a compaixão e o amor do Senhor pelas pessoas e assim por diante, são narradas de forma particularmente impressionante pelo médico e filantropo Lucas.

Lucas tinha a incumbência de descrever Jesus como um ser humano perfeito e sem pecado – um ser humano, assim como Deus havia imaginado e que viveu para a honra e alegria de Deus em todos os aspectos.

Mateus descreve apenas duas cenas de oração de Jesus, Marcos narra três e João, certamente, anotou o conteúdo de algumas orações do Senhor, mas não usou a palavra “oração”. As circunstâncias externas das conver-

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A ORAÇÃO NA VIDA DE JESUS

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sas de Jesus com seu Pai também são apenas insinuadas neste Evangelho.

Com razão, o Evangelho de Lucas foi chamado de “o Evangelho do discipulado”, no qual o Senhor nos é apre-sentado como a figura ideal do discípulo e cujo exemplo deve ser imitado. Certamente esse também é o motivo pelo qual o Espírito Santo inspirou Lucas a nos relatar, de forma detalhada e clara, a vida de oração de Jesus como exemplo para nossa vida de oração.

Como se sabe, é mais fácil “seguir pegadas do que ordens”. Por isso esperamos que as seguintes exposições sobre a vida de oração de nosso Senhor e também os exemplos da Bíblia e da história da Igreja, não pareçam ser “ordens” ou que desencorajem, mas sim pareçam ser “pegadas” que despertem no coração o desejo de seguí-las – mesmo que seja com passos menores.

Eu gostaria de inculcar em vocês a persistência em es-tudar a Cristo a fim de que nos tornemos iguais a ele. Nada mais preenche a alma com bênção e encorajamen-to. Nada mais tem um efeito tão santificador, transmite tanto o sentimento vivo do amor divino e nos dá cora-gem. Que o Senhor nos dê que – descansando em seu precioso sangue – O contemplemos, nos alimentemos dE-le e vivamos através dEle.[8] (J. N. Darby - 1800-1882)

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2O Ministério Público de Nosso Senhor

Começou Com Oração

“E aconteceu que, ao ser todo o povo batizado, também o foi Jesus; e estando ele a orar, o céu se abriu, e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea como pomba; e ouviu-se uma voz do céu: Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo” (Lucas 3.21-22)

Jesus, o Filho de Deus, se deixou batizar no Jordão e começou assim o seu ministério público! João Batista o havia anunciado e agora o Senhor se juntava à multidão dos israelitas que atendiam ao chamado de João ao arre-pendimento e confessavam seus pecados antes do batis-mo (Mc 1.5).

No entanto, o perfeito, imaculado Filho de Deus não tinha pecados a confessar. Mesmo assim, Lucas narra que Ele orou na ocasião do batismo.

Nenhum outro evangelista percebe esse detalhe e, assim, parece que o Espírito Santo gostaria de chamar a atenção para o fato de que o ministério público de nosso Senhor começou com obediência e oração.

Deus, como Homem na Terra e orando – que condes-cendência, que humildade vergonhosa!

Lucas é o único evangelista que não registra apenas esta primeira oração pública, mas também a última ora-ção de Jesus antes de sua morte: “Pai, nas tuas mãos entre-go o meu espírito” (Lc 23.46).

O ministério de nosso Senhor Jesus começou com oração – e terminou com oração! Sua obra de vida foi

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A ORAÇÃO NA VIDA DE JESUS

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semelhantemente emoldurada pela oração e demonstrou a Sua total dependência de Seu Pai.

A raiz de todo pecado é a vontade própria, independência e auto-realização. A primeira frase do Diabo, transmitida a nós na Bíblia foi: “É assim que Deus disse...?” (Gn 3.1) e a pri-meira declaração do faraó do Egito, o opressor do povo de Deus, testemunha da arrogância e soberba obstinada: “Quem é o Senhor para que lhe ouça eu a voz, e deixe ir a Israel?” (Êx 5.2).

Aqui no Jordão, porém, nós vemos o Criador e Sustentador de toda vida que, com humilde oração, inicia o duro caminho que terminará na cruz do Gólgota.

Quem pode compreender totalmente esse amor:Aqui entre pecadores se instala,Aquele que não pode ser contido pelo universo,Quer ser perfeito servo.(Henri Rossier)

Enquanto as pessoas na margem do Jordão não ima-ginavam nem entendiam o significado dessa cena, Deus não podia ficar calado. O céu se abriu e o Espírito Santo desceu “em forma corpórea, como uma pomba” sobre o Filho de Deus, enquanto a voz de Deus ressoou: “Tu és o meu Filho amado; em ti me comprazo”.

A alegria que o Pai expressou acerca de seu Filho e a confirmação do Espírito Santo que, como uma pomba – o símbolo da pureza, simplicidade e inocência – desceu sobre Ele, mostra a nós, seguidores de Jesus, que tipo de disposição e comportamento recebe a confirmação e bên-ção de Deus.

É claro que, em todo tempo, nosso Senhor tinha o Espírito Santo dentro de Si. Trata-se de um engano quan-do alguns pregadores ensinam que encontramos o “batis-mo no Espírito” de Jesus nesse texto.

Talvez uma imagem do Antigo Testamento nos ajude a entender corretamente o significado dessa cena: em se 01

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O MINISTÉRIO PÚBLICO DE NOSSO SENHOR COMEÇOU COM ORAÇÃO

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tratando das prescrições de ofertas em Levítico 2.1-10, percebemos que a oferta de cereais deveria ser constituída de flor de farinha, azeite e incenso. Ela deveria ser cozida ao forno, ser “amassada” com azeite ou, em formato de pães ázimos, “untada” com azeite.

O significado tipológico disso não é difícil de ser reconhecido:

A flor de farinha ilustra a pureza e perfeição moral de nosso Senhor e o azeite é conhecidamente uma figura do Espírito Santo, enquanto que o incenso expressa devoção e consagração. Assim, o Senhor Jesus, como homem, era permeado (“idêntico”) com o Espírito Santo, mas tam-bém, ao mesmo tempo, “Ungido”. No batismo, isso ficou claro para todos os espectadores através da descida do Espírito Santo na forma de pomba.

Talvez também tenhamos aqui um cumprimento da profecia de Isaías 42.1 e do Salmo 89.21-22:

“Eis aqui o meu servo, a quem sustenho; o meu escolhido, em quem a minha alma se compraz; pus sobre ele o meu Espírito, e ele promulgará o direito para os gentios”.

“A minha mão será firme com ele, o meu braço o fortalece-rá. O inimigo jamais o surpreenderá, nem o há de afligir o filho da perversidade”.

No Antigo Testamento, a unção de um rei, sacerdote ou profeta, era a confirmação pública ou a nomeação para um serviço especial. Foi exatamente isso que aconteceu aqui na vida de Jesus após Seu batismo. Deus confirmou o serviço e o encargo de Seu Filho com autoridade, com um sinal visível para todos os presentes.

O que podemos aprender dessas observações como discípulos de Jesus?

1. Uma vida frutífera para a honra e alegria de Deus e para ser bênção para nosso próximo, deveria começar com oração e terminar com oração – como sinal de 0101

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nossa dependência de Deus. Cada dia, cada missão, toda nossa vida deveria ser emoldurada pela oração.

Quão valioso é o enérgico conselho de C. H. Spurgeon:

“Não olhe no rosto de ninguém antes de ter visto a fa-ce de Deus. Não fale com ninguém antes de ter tido uma conversa com o Altíssimo. Não comece o seu trabalho sem que seu quadril esteja cingido com o cinto da devo-ção a fim de que a tua obra tenha êxito. Não comece a corrida antes de ter colocado de lado todo o fardo, senão você perde a corrida”.[9]

Todos os dias da minha vidaPermita que eu, daquilo que me deste,Não esconda dos outrosQue no dia-a-dia estão comigo.Todo meu fazer deve mostrar a eles,Todo meu falar e meu calar,Que por tua mão na vidaTudo pode ser diferente.(W. Kilp)

Os biógrafos do conhecido explorador da África e mis-sionário David Livingstone (1813-1873) contam como, nos pântanos de Ilala (Zâmbia), com suas forças total-mente esgotadas, sofrendo de tumores e hemorragias internas, ele ainda só podia ser carregado por seus aju-dantes em uma maca.

Os ajudantes haviam armado, para a noite, uma bar-raca que servisse de proteção contra a garoa. Um garoto ficava de prontidão na entrada. Quando ele foi checar Livingstone, viu que o missionário não estava deitado em sua maca, mas ajoelhado em frente dela. Cheio de preocu-pação e medo, o garoto buscou outros ajudantes que final-mente se aproximaram com cautela e medo do vulto ajoe-lhado e então constataram, consternados, que ele já esta-

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va frio e rijo. David Livingstone havia terminado sua grande tarefa no coração da África de joelhos e entrou orando – como seu grande Mestre – solitário e ainda assim não sozinho, na eternidade...

Poucas semanas antes, em seu último aniversário, ele havia escrito em seu diário:

“Meu Jesus, meu rei, meu tudo; eu te entrego mais uma vez minha vida inteira. Aceite-me e permita, ó honroso Pai, que eu tenha terminado minha tarefa antes que esse ano termine. Isso eu peço em nome de Jesus. Amém, per-mita que isso aconteça”.[10]

2. Quando se ora seriamente, o Céu se abre e Deus aprova nosso serviço e nossas orações – às vezes de forma bastante impressionante.

Em Atos 4.23-31, lemos acerca de uma das primeiras reuniões de oração da jovem igreja em Jerusalém. Os maio-rais dos judeus, com seus anciãos e principais sacerdotes, haviam advertido e ameaçado Pedro e João após sua prega-ção evangelística que chamava ao arrependimento, a não “mais falarem neste nome a quem quer que seja” (v. 17). Depois que os dois apóstolos haviam compartilhado suas experiên-cias e a proibição de falar com a igreja reunida, começaram a orar unânimes. E Deus aprovou as orações:

“Tendo eles orado, tremeu o lugar onde estavam reunidos; todos ficaram cheios do Espírito Santo, e, com intrepidez, anunciavam a palavra de Deus” (v. 31).

Alguma vez já tivemos uma experiência semelhante – pessoal ou como igreja?

Houve e há momentos em nossas reuniões de oração nas quais o Espírito Santo pode provocar “movimentos”, que estão ligados a uma capacitação de poder espiritual para nossas tarefas evangelísticas e demais tarefas?

Ou será que nossas reuniões de oração são caracteriza-das por cansaço, rotina e tédio que faz dormir, sendo

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A ORAÇÃO NA VIDA DE JESUS

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necessário que certos irmãos – como eu vivenciei muitas vezes em minha mocidade – fossem acordados depois que todos os outros haviam levantado da oração? (Essa vergo-nha não é mais sentida ali, pois no meio tempo a reunião de oração semanal foi cancelada por falta de participação e no lugar dela instituíram-se reuniões nos lares).

“Ser cheio do Espírito Santo” não deveria ser um tabu para nós apenas porque em certos meios esse assunto é tratado de forma abusiva e manipulativa. No Novo Testamento, somos chamados a criar as condições para isso (Ef 5.18-21).

Seria pena se nós conhecêssemos essa experiência apenas de livros e relatos missionários...

Geralmente, o “Grande Avivamento” na Inglaterra e nos Estados Unidos é ligado ao 1º de janeiro de 1739.

Nesse dia de ano novo, George Whitefield, John e Charles Wesley, quatro outros metodistas de Londres e 60 irmãos de Herrnhut estavam reunidos na “Fetter Lane Society” de Londres para uma “Ceia de amor”.

John Wesley relata em seu diário acerca desse dia memorável:

Por volta das 3 horas da manhã, enquanto orávamos, veio repentinamente o poder de Deus sobre nós com tal força que muitos choravam alto de alegria e outros caíam no chão. Mas assim que o temor e o espanto acerca da tão perceptível presença de Deus haviam diminuído, rom-peu de nós a expressão: “Nós te louvamos, ó Deus. Reconhecemos que Tu és o Senhor”.[11]

Três dias depois, houve um outro encontro e George Whitefield anotou em seu diário:

Nós persistimos em jejum e oração até as 3 horas e nos despedimos com a firme convicção de que Deus faria algo grandioso em nosso meio.[12]

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O MINISTÉRIO PÚBLICO DE NOSSO SENHOR COMEÇOU COM ORAÇÃO

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Nas semanas seguintes, Deus concedeu um avivamen-to – primeiro na Inglaterra e então nos Estados Unidos, onde primeiramente George Whitefield e mais tarde John Wesley pregaram o Evangelho. Algumas vezes para 30.000, 50.000 e mais ouvintes, ao ar livre.

Naquela época, o Espírito de Deus podia operar de forma tão poderosa que não apenas milhares se converte-ram, mas as condições sociais, a moral e a política foram transformadas de forma total e permanente.

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