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    1 O VIVER BEM PARA OS CÍNICOS E EPICURO

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    IDADE 1

    FILOSOFIAENCONTRO COM A UNIDADE 1 AS ESCOLAS HELENÍSTICAS E A ARTE DE VIVER BEM

    O VIVER BEM PARA OS CÍNICOS E EPICURO CAPÍTULO 1

  • O cinismo e a vida simples• As pessoas costumam precisar de muitas coisas materiais para serem felizes.

    • Os filósofos cínicos, porém, afirmavam que, em nossa essência, precisamos de muito pouco para suprir nossas necessidades.

    • O cinismo foi uma corrente filosófica fundada por Antístenes de Atenas, discípulo de Sócrates, mas o principal filósofo entre os cínicos foi Diógenes de Sinope.

    • De modo geral, esses pensadores defendiam que, vivendo de modo simples, o indivíduo seria feliz.

    FILOSOFIAENCONTRO COM A UNIDADE 1 AS ESCOLAS HELENÍSTICAS E A ARTE DE VIVER BEM

    O VIVER BEM PARA OS CÍNICOS E EPICURO CAPÍTULO 1

  • Diógenes de Sinope e o cinismo• Diógenes (c. 400-325 a.C.) nasceu na cidade grega de Sinope, na Ásia Menor.

    • O filósofo acreditava que o ser humano deveria viver conforme a natureza, isto é, abdicar das necessidades criadas pela vida em sociedade, como o luxo, a fama e a riqueza.

    • O ser humano precisaria viver de maneira simples, satisfazendo suas necessidades básicas (alimentação, habitação, vestuário).

    • Contrárias à natureza humana, as coisas desnecessárias levariam os homens à infelicidade.

    FILOSOFIAENCONTRO COM A UNIDADE 1 AS ESCOLAS HELENÍSTICAS E A ARTE DE VIVER BEM

    O VIVER BEM PARA OS CÍNICOS E EPICURO CAPÍTULO 1

    Assim, Diógenes defendia que a felicidade estava no encontro

    com a própria essência, na conformidade do indivíduo com

    sua natureza.

  • Epicuro e a Escola do Jardim

    • Epicuro (c. 341-270 a.C.) nasceu na ilha de Samos, na Ásia Menor.

    • Fundou a escola conhecida como a Escola do Jardim, cuja doutrina foi chamada de Filosofia do Jardim.

    • Para Epicuro, é preciso identificar e separar os prazeres saudáveis daqueles que nos prejudicam, distinguindo o que pode trazer tranquilidade daquilo que pode provocar dor e sofrimento.

    Baldo (2004), de Hector Cantú e Carlos Castellanos. Na tirinha, o pai não espera se satisfazer com bens materiais, e sim ter paz e tranquilidade.

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    FILOSOFIAENCONTRO COM A UNIDADE 1 AS ESCOLAS HELENÍSTICAS E A ARTE DE VIVER BEM

    O VIVER BEM PARA OS CÍNICOS E EPICURO CAPÍTULO 1

  • O prazer e a felicidade no epicurismo

    • Epicuro concebe a felicidade como ausência de perturbação na alma e de dor no corpo.

    • No epicurismo, o sábio é aquele que busca o prazer duradouro e se afasta dos prazeres momentâneos.

    • Classificou os prazeres em: 1) naturais e necessários; 2) naturais, mas não necessários; 3) não naturais. Apenas o primeiro seria benéfico ao corpo e à alma.

    • Para os epicuristas, a verdade pode ser encontrada por meio dos sentidos.

    • Eles discordavam da realidade inteligível proposta por Platão e das quatro causas descritas por Aristóteles.

    FILOSOFIAENCONTRO COM A UNIDADE 1 AS ESCOLAS HELENÍSTICAS E A ARTE DE VIVER BEM

    O VIVER BEM PARA OS CÍNICOS E EPICURO CAPÍTULO 1

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    2 OS ESTOICOS, OS CÉTICOS E A VIDA VIRTUOSA

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    IDADE 1

    FILOSOFIAENCONTRO COM A UNIDADE 1 AS ESCOLAS HELENÍSTICAS E A ARTE DE VIVER BEM

    OS ESTOICOS, OS CÉTICOS E A VIDA VIRTUOSA CAPÍTULO 2

  • Principais características do estoicismo• No século IV, Zenão de Cítio (c. 334-262 a.C.) fundou a escola estoica em Atenas. • O nome da escola vem da palavra grega stoá, “pórtico”, pois os estoicos se reuniam

    na entrada dos prédios.

    • Eles defendiam que o logos (razão ou inteligência) divino era o princípio de todo o existente, estando presente em todas as coisas.

    • O mundo estaria organizado segundo essa ordem divina.

    Assim, cada evento ou objeto da realidade faz parte da razão divina e se harmoniza com ela. Tudo o que existe está justificado. O Universo é

    uma totalidade perfeita.

    FILOSOFIAENCONTRO COM A UNIDADE 1 AS ESCOLAS HELENÍSTICAS E A ARTE DE VIVER BEM

    OS ESTOICOS, OS CÉTICOS E A VIDA VIRTUOSA CAPÍTULO 2

  • Os estoicos e a questão do destino humano• Da razão divina como princípio ordenador do Universo, decorre que o ser humano deve

    aceitar seu destino como parte da perfeição de Deus. • Então, devemos harmonizar nossa razão ou logos individual à razão ou logos universal. • Por consequência, nos caberia a serenidade para aceitar o destino que Deus nos determinou.

    O jogador Neymar cobra pênalti durante a final da disputa de futebol masculino nos Jogos Olímpicos, Rio de Janeiro (RJ), 2016. Diante de situações decisivas, devemos manter a tranquilidade, segundo os estoicos.

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    FILOSOFIAENCONTRO COM A UNIDADE 1 AS ESCOLAS HELENÍSTICAS E A ARTE DE VIVER BEM

    OS ESTOICOS, OS CÉTICOS E A VIDA VIRTUOSA CAPÍTULO 2

  • A tranquilidade da alma

    • Os estoicos entendiam que a natureza do ser humano é racional. Porém, os prazeres e as emoções prejudicariam o equilíbrio necessário ao bom uso da razão.

    • Portanto, é preciso afastá-los para podermos viver de acordo com nossa natureza e, assim, atingir a vida virtuosa.

    • A razão deve controlar as emoções e os prazeres, pois assim alcançamos a tranquilidade da alma.

    • O sábio domina suas emoções e desejos em qualquer circunstância. A felicidade e o bem-estar são um estado interno e dependem do equilíbrio fornecido pela razão.

    FILOSOFIAENCONTRO COM A UNIDADE 1 AS ESCOLAS HELENÍSTICAS E A ARTE DE VIVER BEM

    OS ESTOICOS, OS CÉTICOS E A VIDA VIRTUOSA CAPÍTULO 2

  • Ceticismo, dúvida e investigação• O ceticismo se desenvolveu na Grécia a partir do século IV a.C.

    • Os céticos argumentavam que não havia um critério confiável para descobrir a verdade. Nem a razão nem os sentidos poderiam cumprir esse papel.

    • Acreditavam não ser possível chegar a conclusões certas e inquestionáveis sobre o ser humano ou a natureza. Mesmo assim, eles continuaram suas investigações para aprimorar a compreensão sobre a realidade.

    • Por duvidarem da possibilidade de atingirmos um verdadeiro conhecimento, os céticos propunham a suspensão do juízo, ou seja, não emitiam opiniões definitivas.

    • O ceticismo passou por distintas fases e teve diversos representantes. Os mais conhecidos são Pirro (c. 365-275 a.C.) e Sexto Empírico (nascido no século II d.C.).

    FILOSOFIAENCONTRO COM A UNIDADE 1 AS ESCOLAS HELENÍSTICAS E A ARTE DE VIVER BEM

    OS ESTOICOS, OS CÉTICOS E A VIDA VIRTUOSA CAPÍTULO 2

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    3 A DEFESA DA REVELAÇÃO DIVINA

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    FILOSOFIAENCONTRO COM A UNIDADE 2 A PATRÍSTICA E AGOSTINHO

    A DEFESA DA REVELAÇÃO DIVINA CAPÍTULO 3

  • A religiosidade e a filosofia• A reflexão sobre a existência de Deus, da alma e da vida após a morte é inevitável.

    Questões como essas se baseiam na necessidade humana de vínculo com o sagrado.

    • É necessário respeitar todas as formas de religião e religiosidade, bem como o indivíduo ateu, pois todos têm direito de compreender o mundo como queiram.

    • A filosofia surgiu diferenciando-se dos mitos. Estes explicam o mundo pela vontade e desejo dos deuses. Aquela explica a realidade (ser humano e natureza) segundo argumentos racionais: leis e princípios.

    • Porém, mesmo a filosofia não afastou por inteiro ideias místicas e religiosas. Podemos percebê-las, por exemplo, em certas passagens de Pitágoras e Platão.

    FILOSOFIAENCONTRO COM A UNIDADE 2 A PATRÍSTICA E AGOSTINHO

    A DEFESA DA REVELAÇÃO DIVINA CAPÍTULO 3

  • Formação da filosofia cristã e neoplatonismo• No século III, o Império Romano estava em crise. Nesse momento, o cristianismo

    começa a conquistar mais adeptos.

    • Passa-se a usar ideias e conceitos da tradição filosófica grega na fundamentação da filosofia cristã.

    • Nesse período, o filósofo Plotino (c. 203-269), nascido em Licopoli, no Egito, fundou o neoplatonismo.

    • Apoiado na filosofia platônica, Plotino defendia que a principal tarefa da filosofia era libertar o homem da vida terrena, conectando-o ao divino por meio da contemplação.

    O neoplatonismo é considerado

    intermediário entre a filosofia grega e a

    filosofia cristã.

    FILOSOFIAENCONTRO COM A UNIDADE 2 A PATRÍSTICA E AGOSTINHO

    A DEFESA DA REVELAÇÃO DIVINA CAPÍTULO 3

  • União mística com Deus e salvação da alma

    • Na filosofia de Plotino, Deus é o princípio propagador de toda a realidade. É a causa perfeita, eterna e imóvel de tudo o que existe. Plotino acreditava que a alma humana é derivada de Deus.

    • Pela interiorização (retorno da alma para si mesma), encontramos Deus ou o Uno, e a alma entra em harmonia com o divino. Assim, a função da filosofia seria mostrar a unidade entre a alma humana individual e Deus.

    • Para Plotino, a filosofia tinha um objetivo religioso. Isso antecipa uma característica da filosofia cristã.

    A sagrada manjedoura (1993), pintura de Joseph Stella. O neoplatonismo antecipa características da filosofia cristã.

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    FILOSOFIAENCONTRO COM A UNIDADE 2 A PATRÍSTICA E AGOSTINHO

    A DEFESA DA REVELAÇÃO DIVINA CAPÍTULO 3

  • O surgimento da Patrística e a filosofia cristã• De acordo com o cristianismo, Deus teria castigado os seres humanos após Adão e Eva

    desobedecerem suas recomendações.

    • Mas, por amar a humanidade, Ele enviou seu filho, Jesus, para nos salvar. Desse modo, materializou em carne o Logos divino.

    • Em seu início, o cristianismo precisava se defender dos ataques dos não cristãos (pagãos) e do Estado romano. Ao mesmo tempo, precisava tornar coerente o discurso de seus fiéis, a fim de ganhar novos adeptos.

    • A defesa da fé cristã feita pelos padres da Igreja por meio de argumentos racionais, usando ideias e conceitos filosóficos, é chamada de Patrística. É o momento inaugural da filosofia cristã. Seu principal filósofo é Agostinho de Hipona.

    FILOSOFIAENCONTRO COM A UNIDADE 2 A PATRÍSTICA E AGOSTINHO

    A DEFESA DA REVELAÇÃO DIVINA CAPÍTULO 3

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    4 AGOSTINHO: DEUS É VERDADEIRO

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    IDADE 2

    FILOSOFIAENCONTRO COM A UNIDADE 2 A PATRÍSTICA E AGOSTINHO

    AGOSTINHO: DEUS É VERDADEIRO CAPÍTULO 4

  • A filosofia e a defesa da mensagem de Cristo• No cristianismo, Logos significa a

    razão ou verbo de Deus, transformado em homem (Jesus) para salvar a humanidade.

    • O termo “logos” vem da filosofia grega e é usado, por exemplo, por Heráclito e pelos estoicos.

    • A partir do século II, quando a Grécia já era parte do Império Romano, muitos gregos conhecedores da filosofia se converteram ao cristianismo. E passaram a usar o pensamento racional em um novo sentido, o de defesa da fé.

    Interior de igreja medieval localizada em Kutaisi (Geórgia), 2016. A filosofia cristã promovia a defesa da fé no cristianismo.

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    FILOSOFIAENCONTRO COM A UNIDADE 2 A PATRÍSTICA E AGOSTINHO

    AGOSTINHO: DEUS É VERDADEIRO CAPÍTULO 4

  • Justino: da filosofia grega à cristã• O filósofo e teólogo Justino (c. 100-165) nasceu em Flávia Neápolis, na Cisjordânia,

    e é o fundador da Patrística. • Ele conhecia a filosofia grega, porém considerava a doutrina cristã a única filosofia

    completamente verdadeira e útil, capaz de unir o ser humano a Deus.

    • Desse modo, pensava que a filosofia cristã foi além de todas as outras.

    • Porém, Justino não desprezava a filosofia de Sócrates, Platão ou Aristóteles, pois interpretava que a verdade ali contida era expressão do Logos divino, numa antecipação da doutrina cristã.

    • Entre os filósofos cristãos, houve aqueles que, diferentemente de Justino, combateram a filosofia grega por considerarem que a religião não buscava um conhecimento racional dos fatos.

    • Tertuliano, por exemplo, defendia que a salvação devia ser buscada unicamente na fé cristã.

    FILOSOFIAENCONTRO COM A UNIDADE 2 A PATRÍSTICA E AGOSTINHO

    AGOSTINHO: DEUS É VERDADEIRO CAPÍTULO 4

  • Agostinho: o filosofar na fé• O filósofo Agostinho de Hipona (354-430) nasceu na atual Argélia.

    • Para Agostinho, Deus é o ser verdadeiro. Ele não depende de nada para existir: tudo o que existe é fruto da perfeição e inteligência divinas. Por sua completude, a existência de Deus é eterna e imutável.

    • Deus também é amor, e o homem bom é aquele que não só busca a verdade, mas, principalmente, aquele que ama.

    • Amar o amor (ou seja, amar a Deus) é se colocar no caminho do ser verdadeiro. Portanto, para Agostinho, amor e verdade caminham juntos.

    • E como explicar o mal? O mal existe quando os homens, por vontade própria (livre -arbítrio), se afastam de Deus, assumindo caminhos que não levam a Ele. O mal é, portanto, a ausência do bem ou o afastamento de Deus.

    FILOSOFIAENCONTRO COM A UNIDADE 2 A PATRÍSTICA E AGOSTINHO

    AGOSTINHO: DEUS É VERDADEIRO CAPÍTULO 4

  • Iluminação divina, fé e razão

    • Para Agostinho, a alma humana deveria buscar Deus. Porém, após o pecado original, teríamos nos perdido no prazer ilimitado, na ostentação e na busca por riqueza.

    • Para sair disso, precisaríamos da ajuda de Deus. Deveríamos buscar o divino em nosso interior, iluminando nossa alma.

    • Agostinho defendia que fé e razão não são opostas, mas complementares. Porém, a imperfeição humana não nos permite compreender racionalmente a perfeição divina em sua totalidade.

    • A investigação racional, quando guiada pela fé, nos leva à compreensão de certas verdades bíblicas. Dizia Agostinho: “Compreender para crer e crer para compreender”.

    FILOSOFIAENCONTRO COM A UNIDADE 2 A PATRÍSTICA E AGOSTINHO

    AGOSTINHO: DEUS É VERDADEIRO CAPÍTULO 4

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    5 ESCOLÁSTICA: A FILOSOFIA DAS ESCOLAS CRISTÃS

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    IDADE 3

    FILOSOFIAENCONTRO COM A UNIDADE 3 A ESCOLÁSTICA E TOMÁS DE AQUINO

    ESCOLÁSTICA: A FILOSOFIA DAS ESCOLAS CRISTÃS CAPÍTULO 5

  • Escolástica: a filosofia das escolas cristãs• No período da Baixa Idade Média (entre os séculos XI e XV), a Igreja desenvolvia as

    iniciativas educacionais mais importantes na Europa.

    • As primeiras escolas cristãs foram organizadas no interior das igrejas e das catedrais.• Essas escolas tinham o objetivo de formar aspirantes à vida religiosa.

    • O ensino era constituído por diversos conteúdos: gramática, lógica, retórica, geometria, aritmética, astronomia, música e princípios da Bíblia e do cristianismo.

    • O ensino das escolas contribuiu para a continuidade das reflexões filosóficas despertadas pela Patrística.

    A filosofia ensinada nessas escolas ficou

    conhecida como Escolástica.

    FILOSOFIAENCONTRO COM A UNIDADE 3 A ESCOLÁSTICA E TOMÁS DE AQUINO

    ESCOLÁSTICA: A FILOSOFIA DAS ESCOLAS CRISTÃS CAPÍTULO 5

  • • Muitas escolas cristãs deram origem às primeiras universidades europeias (que foram muito importantes para o desenvolvimento cultural da Europa).

    • As universidades europeias mais antigas foram fundadas nos séculos XI e XII, principalmente ao redor das escolas da Igreja: Universidade de Bolonha, Itália (1088); Universidade de Oxford, Inglaterra (1096); Universidade de Paris, França (1170).

    • Essas universidades religiosas tinham como objetivo a formação de padres e teólogos capacitados a defender a mensagem das Escrituras Sagradas.

    Imagem das instalações da Universidade de Oxford, na Inglaterra. Trata-se de uma das mais antigas universidades do mundo, com cerca de 40 colégios espalhados pela cidade de Oxford.

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    As primeiras universidades

    FILOSOFIAENCONTRO COM A UNIDADE 3 A ESCOLÁSTICA E TOMÁS DE AQUINO

    ESCOLÁSTICA: A FILOSOFIA DAS ESCOLAS CRISTÃS CAPÍTULO 5

  • A filosofia como instrumento de compreensão da verdade

    • A filosofia da Escolástica estava subordinada à tradição religiosa cristã, que determinava o que seria investigado.

    • Para o cristianismo, a verdade divina já havia sido revelada ao homem e estava escrita na Bíblia.

    • A filosofia seria o instrumento utilizado para aproximar os homens dessa verdade revelada, para que eles pudessem compreendê-la melhor.

    Nesse contexto, a Escolástica deu continuidade à filosofia cristã iniciada pela

    Patrística e elaborou diferentes argumentos na defesa da fé, gerando grandes

    polêmicas e debates.

    FILOSOFIAENCONTRO COM A UNIDADE 3 A ESCOLÁSTICA E TOMÁS DE AQUINO

    ESCOLÁSTICA: A FILOSOFIA DAS ESCOLAS CRISTÃS CAPÍTULO 5

  • As polêmicas da Escolástica

    Principais polêmicas da Escolástica

    Polêmica Envolvidos O que cada um defendia

    Qual caminho nós devemos seguir

    para compreender e justificar as crenças

    da fé?

    Dialéticos e antidialéticos.

    Os dialéticos afirmavam que devemos seguir o caminho da razão e da argumentação lógica.

    Os antidialéticos defendiam que a fé é suficiente; não precisamos de argumentos lógicos para defender a

    doutrina cristã.

    Os conceitos universais existem

    ou são apenas nomes para representar

    as coisas?

    Realistas e nominalistas.

    Os realistas afirmavam que os conceitos gerais existem independentemente das coisas particulares (aquelas que são visíveis). Se as coisas particulares visíveis morressem,

    os conceitos gerais continuariam existindo.Os nominalistas defendiam que os conceitos universais são

    apenas palavras criadas para representar as coisas ou os seres, ou seja, são apenas nomes. Esses nomes não teriam

    realidade fora do pensamento.

    FILOSOFIAENCONTRO COM A UNIDADE 3 A ESCOLÁSTICA E TOMÁS DE AQUINO

    ESCOLÁSTICA: A FILOSOFIA DAS ESCOLAS CRISTÃS CAPÍTULO 5

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    6 ALBERTO MAGNO E TOMÁS DE AQUINO

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    IDADE 3

    FILOSOFIAENCONTRO COM A UNIDADE 3 A ESCOLÁSTICA E TOMÁS DE AQUINO

    ALBERTO MAGNO E TOMÁS DE AQUINO CAPÍTULO 6

  • A retomada de Aristóteles pelos escolásticosNo período da Baixa Idade Média (séculos XI a XV), muitas obras gregas e árabes foram traduzidas para o latim, proporcionando a professores e mestres das universidades o acesso a diversas áreas de estudo. Quais foram os efeitos disso?

    • As principais obras de Aristóteles foram lidas pelos Escolásticos e houve um fortalecimento do pensamento racional.

    • Desenvolveram-se estudos acerca da natureza.

    • A retomada do pensamento de Aristóteles estimulou a discussão sobre a relação entre razão e fé nas universidades.

    • O pensamento aristotélico sofreu resistências no início, porque suas ideias eram consideradas contrárias aos princípios do cristianismo. Mas, graças ao estudo de pensadores cristãos, as ideias desse filósofo foram sendo aceitas aos poucos.

    Interior da Igreja de Santa Maria do Mar, localizada em Barcelona (Espanha). Construção datada do período da Baixa Idade Média, em estilo gótico.

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    FILOSOFIAENCONTRO COM A UNIDADE 3 A ESCOLÁSTICA E TOMÁS DE AQUINO

    ALBERTO MAGNO E TOMÁS DE AQUINO CAPÍTULO 6

  • Aristóteles: o motor imóvel

    O conceito de Deus no aristotelismo e no cristianismo

    O Motor Imóvel(Deus – conceito

    aristotélico)

    Princípio primeiro de todo movimento presente na natureza. Move os seres, mas não se mexe.

    Eterno, fixo, inalterável e invisível.Sempre existiu.

    Não é a única divindade eterna. Não criou o mundo, a alma nem o homem.

    Não ama a humanidade, ama somente a perfeição.

    Deus – conceito cristão

    Imaterial.Eterno.

    Sempre existiu. Única divindade eterna.

    Criou o mundo, a alma e o homem. Ama a humanidade.

    FILOSOFIAENCONTRO COM A UNIDADE 3 A ESCOLÁSTICA E TOMÁS DE AQUINO

    ALBERTO MAGNO E TOMÁS DE AQUINO CAPÍTULO 6

  • Alberto Magno • Alberto Magno (1200-1280) nasceu na Alemanha. Ligado à ordem dos dominicanos,

    foi mestre de Tomás de Aquino.

    • Estudou a filosofia aristotélica (os livros de física, lógica, metafísica e ética) e a atualizou. • Reconheceu a importância do conhecimento sensível: a percepção e o experimento

    são fontes seguras para conhecer a natureza.

    • Acreditava que, para haver colaboração entre filosofia e religião, era necessário primeiro estabelecer o campo de atuação de cada uma.

    • A filosofia estuda a natureza e busca as causas dos seres e dos fenômenos naturais.• A teologia estuda a revelação, a encarnação, a ressurreição e outros mistérios

    que a razão não pode explicar.

    Não existe conflito entre filosofia e teologia. Razão e fé andam juntas, porque a luz natural e a iluminação

    sobrenatural vêm de Deus.

    FILOSOFIAENCONTRO COM A UNIDADE 3 A ESCOLÁSTICA E TOMÁS DE AQUINO

    ALBERTO MAGNO E TOMÁS DE AQUINO CAPÍTULO 6

  • Tomás de Aquino • Nascido em Nápoles, Tomás de Aquino (c. 1224-1274) foi um bispo ligado à ordem dos

    dominicanos. Seguindo seu mestre Alberto Magno, uniu aristotelismo e cristianismo.• Além de ter fé na existência de Deus, buscou prová-la com argumentos racionais.

    Elaborou cinco argumentos comprovatórios.

    • Em um desses argumentos, utilizou o conceito aristotélico de Motor Imóvel. A partir da observação do movimento da natureza e da investigação racional sobre ele, concluiu a existência de Deus.

    • Defendeu a ideia de que não há confronto entre a filosofia e a teologia: as verdades da razão e as verdades da fé são complementares.

    • A teologia é a ciência do sobrenatural. O teólogo parte da investigação de Deus para compreender as criaturas naturais.

    • A filosofia é a ciência do natural. O filósofo parte da investigação das criaturas naturais para compreender a existência de Deus.

    • Toda criatura é obra de Deus e está direcionada ao criador. Porém, a vontade do ser humano é livre e ele pode se afastar de Deus caso escolha o caminho do pecado.

    FILOSOFIAENCONTRO COM A UNIDADE 3 A ESCOLÁSTICA E TOMÁS DE AQUINO

    ALBERTO MAGNO E TOMÁS DE AQUINO CAPÍTULO 6

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    7 A MUDANÇA DE MENTALIDADE

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    IDADE 4

    FILOSOFIAENCONTRO COM A UNIDADE 4 ENTRE DOIS MUNDOS

    A MUDANÇA DE MENTALIDADE CAPÍTULO 7

  • A mudança de mentalidade• O Renascimento é um período da

    história europeia que ocorre entre os séculos XIV e XVI.

    • Ocorreram gradualmente profundas mudanças econômicas, políticas, religiosas, culturais e científicas.

    • Nesse período, usou-se como modelo a arte e a cultura da Antiguidade clássica: o homem passa a ser o centro da vida.

    • Transformações no campo das ciências: o desenvolvimento científico leva o homem a refletir sobre sua capacidade de conhecer a realidade e investigar a natureza, a vida e a sociedade.

    • Mudança na forma de compreender o mundo: o foco agora é o ser humano.

    Davi (1501 --1504), escultura do renascentista Michelangelo Buonarroti. FR

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    FILOSOFIAENCONTRO COM A UNIDADE 4 ENTRE DOIS MUNDOS

    A MUDANÇA DE MENTALIDADE CAPÍTULO 7

  • O desenvolvimento do humanismo• O humanismo é um movimento literário, filosófico

    e artístico que buscou ressaltar o valor, a dignidade, a razão e a liberdade dos homens.

    • Os humanistas destacaram a grandeza do ser humano por sua capacidade de conhecer a natureza e interferir na realidade.

    • Deus continua sendo o fundamento de todas as coisas e de toda a ordem do mundo, mas o ser humano é capaz de entender e agir sobre o mundo.

    • O italiano Petrarca é considerado o primeiro humanista: criticou as discussões metafísicas dos escolásticos por acreditar que não contribuíam para a formação humana e defendeu que a educação deveria se apoiar na sabedoria clássica (gregos e romanos).

    O homem vitruviano (c. 1490), de Leonardo da Vinci. Esse desenho representa a mudança de foco ocorrida no Renascimento: da realidade metafísica para o ser humano.

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    FILOSOFIAENCONTRO COM A UNIDADE 4 ENTRE DOIS MUNDOS

    A MUDANÇA DE MENTALIDADE CAPÍTULO 7

  • Montaigne• Nascido na França, Michel de Montaigne (1533-1592) foi um importante filósofo

    do Renascimento.

    • Criticou humanistas que exaltavam demasiadamente a razão humana.

    • Desenvolveu sua filosofia com base no estoicismo, no ceticismo e na filosofia socrática.

    • Defendeu que não é possível chegar a qualquer certeza sobre a realidade natural ou social.

    • Considerava o ser humano muito pretensioso por acreditar que a razão humana e a ciência tornavam-no superior a outros animais. Ao contrário, achava que o afastamento da simplicidade tornava o homem mais miserável.

    • O ser humano deveria buscar em seu interior a sabedoria para viver bem e ser feliz.

    FILOSOFIAENCONTRO COM A UNIDADE 4 ENTRE DOIS MUNDOS

    A MUDANÇA DE MENTALIDADE CAPÍTULO 7

  • Maquiavel• Nascido na Itália, Nicolau Maquiavel (1469-1527) inaugurou a filosofia política

    moderna.• Não partiu de nenhuma situação religiosa, metafísica ou imaginária a respeito do

    ser humano. Definiu o homem a partir de sua observação: o ser humano é egoísta, covarde, tem ambição por riqueza e glória pessoal.

    • Defendeu que a política e as relações de poder têm suas próprias leis e necessidades.

    • Escreveu O príncipe, livro que serviu de guia para os governantes.• Nessa obra, afirmou que são as circunstâncias que determinam o que pode ou não ser

    feito na política: o governante virtuoso é aquele que conhece a situação em que se encontra e sabe agir para conquistar o governo ou para manter-se no poder.

    • O governante, se tiver que optar, deve preferir ser temido a ser amado.

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    A MUDANÇA DE MENTALIDADE CAPÍTULO 7

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    8 A REVOLUÇÃO CIENTÍFICA

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    A REVOLUÇÃO CIENTÍFICA CAPÍTULO 8

  • Leonardo da Vinci• Leonardo da Vinci (1442-1519) nasceu na

    Itália e foi engenheiro, arquiteto, mecânico, desenhista, pintor, filósofo, anatomista etc.

    • Era um típico pensador renascentista: em sua maneira de pensar conviviam ideias da Idade Média e um novo pensamento sobre o homem e o Universo.

    • Afirmou que o conhecimento da natureza deveria se basear na experiência sensível, isto é, na observação direta dos fenômenos naturais e no cálculo matemático.

    • Declarou que a experiência sensível e o cálculo matemático explicam a natureza como ela verdadeiramente é.

    • Eliminou explicações místicas, espirituais ou metafísicas comuns na Idade Média.

    Estudos de Leonardo da Vinci sobre a estrutura muscular, século XV. A observação permitiu que o pensador compreendesse o funcionamento do corpo humano.

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  • Do geocentrismo ao heliocentrismo• O astrônomo e matemático Nicolau Copérnico (1473-1543) nasceu na Polônia.• Ele escreveu a obra A revolução dos corpos celestes e afirmou que o Sol está no

    centro do Universo (teoria heliocêntrica).• Sua teoria foi recebida com muita resistência, especialmente da Igreja Católica,

    pois a teoria predominante era a de Ptolomeu (geocentrismo: a Terra é o centro do Universo).

    • Nascido na Alemanha, Johannes Kepler (1571-1630) estudou o movimento dos planetas e, por meio de cálculos matemáticos, contribuiu para a comprovação do heliocentrismo.

    Copérnico e Kepler contribuíram para a

    Revolução Científica, que foi consolidada por pensadores

    como Galileu e Newton.

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  • Galileu Galilei• Galileu Galilei (1564-1642) nasceu em Pisa, na Itália.

    • Aprimorou a luneta e com ela começou a demonstrar os erros do sistema ptolomaico e a revelar uma nova organização do mundo: a Lua e o Sol apresentam irregularidades e manchas; existem outras estrelas além das que podem ser vistas a olho nu; há luas girando ao redor de Júpiter, e Vênus gira ao redor do Sol.

    • Não reconheceu a autoridade da Igreja ou da Bíblia em estudos da natureza: há leis na própria natureza e os homens podem descobri-las ao investigar os fenômenos naturais.

    • A natureza possui uma ordem e uma regularidade, que podem ser apreendidas pela matemática. A natureza está escrita em linguagem matemática.

    • O pensamento de Galileu era conflitante com os dogmas do cristianismo, por isso ele foi condenado durante a Inquisição e precisou negar todas as conclusões de seus estudos.

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  • Isaac Newton• O matemático e físico Isaac Newton (1642-1727) nasceu na Inglaterra.

    • Apoiado nos estudos de Kepler e Galileu, elaborou uma teoria física que explicava todos os movimentos do Universo.

    • Percebeu que há forças que agem na Terra e também nos movimentos dos planetas.

    • A força gravitacional é responsável pela queda dos corpos, pela órbita da Lua ao redor da Terra e pela órbita dos planetas, entre outros fenômenos.

    • O princípio ou lei de inércia estabelece que todo corpo permanece em seu estado de repouso ou de movimento retilíneo uniforme, a menos que forças externas atuem sobre ele.

    • A partir de poucas leis, Newton unificou a explicação sobre os fenômenos terrestres e celestes.

    • A Revolução Científica realizada por Copérnico, Kepler, Galileu, Newton e outros mudou para sempre nosso entendimento sobre o homem e o Universo.

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