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ANO 9 Nº74 MAIO DE 2014 Director: Mário Carvalho A Noa Identi da de

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DE

201

4

Director: Mário Carvalho

A Nossa Identidade

O Açoriano2

EditorialEDIÇÕES MAR

4231-B, Boul. St-LaurentMontréal, Québec

H2W 1Z4

Tel.: (514) 284-1813Fax: (514) 284-6150

[email protected]

PRESIDENTE: Sandy Martins

VICE-PRESIDENTE: Nancy Martins

DIRECTOR: Mario Carvalho

DIRECTOR ADJUNTO: Antero Branco

REDACÇÃO: Sandy Martins

COLABORADORES: Debby MartinsMaria Calisto

Natércia Rodrigues

CORRESPONDENTES:Açores

Alamo OliveiraEdite MiguelJorge Rocha

Roberto Medeiros

FOTOGRAFIA: Anthony NunesRicardo Santos

AçoresHumberto Tibúrcio

INFOGRAFIA: Sylvio Martins

CORRECTORORTOGRáFICO

Natércia Rodrigues

Envie o seu pedido para ser

AssinanteO Açoriano

4231-B, Bl. St-LaurentMontréal, Québec

H2W 1Z4

O Açoriano

A grande riqueza de um povo é a sua iden-tidade. A maior herança que podemos deixar às gerações futuras é esta nossa tão própria e genuína identidade açoriana, que vem das nossas mais longínquas raízes, séculos e sé-culos, para além de ser um povo ilhéu, é um povo de fé e de devoção, amigo de partilhar a alegria, que se identifica com os sete dons do Divino Espírito Santo, Sabedoria, Entendi-mento, Conselho, Fortaleza, Ciência, Piedade, Temor a Deus.A revista ‘’O Açoriano’’ volta aos vossos lares

para continuar a relatar, mostrar e dar a conhecer a todo o mundo português a identidade do povo açoriano, aquilo que ele é como ser humano e como comunidade.Quando se fala de identidade própria de um

grupo ou de um povo está-se referindo àquele conjunto de características que tornam os seus membros individualmente ou colectivamente distintos de outros grupos e que é desejável gerir uma imagem positiva de si próprio, que desen-volva o gosto de ser como é e consequentemente se aprecie a diferença.Povo que não tem a sua própria identidade é

como ser humano que não sabe quem são os seus pais, vive perdido à procura da sua verdadeira identidade! É o grande problema da província do Quebeque, aonde a identificação com o Ca-nada não faz a unanimidade e por este motivo, cada povo, das mais várias origens técnicas que compõem o painel multicultural desta província, identificam-se com o país de origem dos seus progenitores, recuando em várias gerações!E assim é comum ouvir-se: Canadiano de ori-

gem, Francesa, Inglesa, Italiana, Portuguesa, Grego, Árabe, Latino, Judeu etc.Nos açorianos que temos uma riquíssima iden-

tidade cultural, baseada na nossa fé cristã, de maneira alguma devemos deixar de transmitir as novas gerações!É da responsabilidade dos pais e avós transmi-

tirem aos seus filhos e netos as suas tradições, fazerem com que eles participem e se sintam or-gulhosos das suas origens. Durante o inverno os clubes e associações organizam no interior das suas sedes e salas de recepções as mais variadas actividades e convívios, sócio culturais, matança do porco, festa do chicharro etc.Aonde a identidade açoriana é mais relevante,

é ao redor da morte e paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, Romeiros, Santo Cristo e Espírito Santo.A primeira manifestação pública, exterior do

ano, da comunidade açoriana aqui residente,

O Açoriano e a sua identidadeacontece na Sexta-feira Santa com a romaria dos ro-meiros de Montreal.Após a Páscoa e até ao domingo de Pentecostes vem

as “7 Domingas” do Espírito Santo, tradição comum, entre todos os açorianos!Antes das festas do Divino Espírito Santo, e por volta

da quinta dominga, acontece as grandes festas em Hon-ra do Senhor Santo Cristo dos Milagres.Para além da nossa identidade religiosa, também

mantemos esta ligação com Portugal, orgulhosamente, identificamos os nossos carros com as cores da bandei-ra de Portugal.Finalmente, 61 anos após a chegada dos primeiros

portugueses ao Canadá, foi eleito o primeiro deputado para o parlamento do Quebeque de origem portugue-

sa (Peniche) Carlos Leitão. E, logo tivemos a honra, de ser o nosso compatriota, Carlos Leitão o escolhido para, ministro das Finanças da província canadiana do Quebeque. Analista financeiro e antigo chefe econo-mista do Laurentian Bank, Carlos Leitão foi conside-rado pela Bloomberg News como o segundo melhor economista do mundo. Mas é a selecção portuguesa de futebol que os portugueses e seus descendentes aqui residentes mais se identificam!Boa sorte selecção de Portugal, em terras de Vera

Cruz, no mundial de Futebol Brasil 2014.Portugal descobriu o Brasil, para o Mundo em 22 de

Abril de 1500, faço votos que o Mundo descubra o Por-tugal campeão do mundo, no dia 13 de Julho de 2014!Vamos todos viver, sofrer e sentir Portugal no Mun-

dial de 2014.E para terminar felizes festas do Divino Espírito

Santo!

3O Açoriano

Mário CArvAlho

Gente da TerraHaja Saúde meu velho

Tardiamente, mas, finalmente chegou a primavera, após um inverno tão frio e longo que a minha memória, antes, nunca havia registado outro igual!Vamos todos brindar a primavera, com

um haja saúde!É tão lindo ver o amanhecer, escutar as

aves a cantar, ver os campos verdejantes, os jardins floridos, crianças a brincar na rua, é a primavera que chegou para reno-var a natureza!O mesmo devemos fazer nas nossas vi-

das, dar calor e amor a quem nos rodeia.Quanto mais o tempo passa mais dou ra-

zão aos ensinos que os meus pais me de-ram!Na natureza todos os anos se renovam as

estações, primavera, verão, outono e in-verno, mas, as estações da vida modifica--nos mas, vivemo-las uma só vez, criança, jovem, adulto e idoso! Por isso é aprovei-tar enquanto é tempo!A vida é uma corrida, ao contrário das

outras, primeiro é a chegada e no fim é que é a partida.E porque é que é assim? Porque na vida

nascer é a chegada, morrer é a partida!Todas as outras corridas são ao inverso,

começamos pela partida com desejo de chegar à meta o mais rápido possível!Na corrida da vida andamos ao contrá-

rio de recuo com medo de chegar ao fim, quanto mais devagar o tempo passar me-lhor é, ninguém tem pressa de chegar ao fim.Como se costuma dizer ‘’todos gostam

do céu, mas ninguém tem pressa de lá chegar’’.Como uma maratona, conhecemos a li-

nha da partida e da chegada, no percurso da vida não conhecemos nem uma nem outra, e quanto mais distantes estiverem uma da outra, melhor será para quem ama

a vida.

Quanto mais nos distanciamosDo dia em que nascemos

É quanto mais apreciamosA vida que nós temos

A vida é uma caminhadaregada por sangue quenteQuando a pele fica geladaÉ a morte que leva a gente

A vida é um passaportePara uma viagem sem dataCaduca na hora da morte

registado em pedra lavrada

Já anos vou semeandoSorrisos todo o dia

Cada hora vou sonhandoCom uma vida de alegria

A morte é um segredoQue faz da vida um desafioPara muitos um pesadelo

Para outros um alívio

A vida é uma estradaQue se vive em corridao nascer é a chegadaE a morte é a partida

Não se esqueçam de sorrir, mesmo quan-do o sol não brilha nas vossas vidas, certa-mente um dia, as nuvens irão desaparecer para deixar o sol brilhar de novo, o mais bonito espetáculo da natureza é ver o sol nascer, e poucas vezes nos levantamos da cama, para apreciar este maravilhoso es-petáculo, o sol não morre, quem não as-sistiu ao seu espetáculo um dia! Não perca o próximo, porque só assim será feliz, as coisas boas da vida estão todos os dias ao nosso alcance, somos nós que muitas ve-zes, teimosamente, não as queremos ver,

ao fim de cada dia, assim como o sol nos deitamos, para nascer na manhã seguinte. Estejam cientes, de que a felicidade não morre, renasce todos os dias, só depende de cada um de nós se passarmos a vida a não querer ver o sol nascer, certamente que não queremos ser felizes!Muitas vezes as nuvens cinzentas não

deixam o sol brilhar, o mesmo aconte-ce nas nossas vidas, devemos manter um pensamento positivo, que por mais des-gostos ou azares que tivermos na vida, resta uma esperança que o sol na manhã seguinte volte a brilhar.haja saúde, porque a esperança não

morre, renova-se todos os dias!

O Açoriano4

Nosso povoMudam-se as Gerações,Alteram-se as TradiçõesEste fim-de-semana celebraram-se na

cidade de Montreal as grandiosas festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres.

Nos últimos anos os nossos compatriotas têm participado em menor quantidade talvez porque as condições atmosféricas não ajudaram mas em contrapartida este ano tivemos tempo bonito com sol embora um pouco fresco.O tríduo preparatório para estas festas

teve lugar nos dias 15 e 16 de maio tendo as pregações sido feitas pelo distinto ora-dor Sacro, o Sr. Padre Jason Gouveia que se deslocou até nós da ilha de S. Miguel, Açores.No sábado pelas 18h00 houve a saída da

imagem do Senhor Santo Cristo dos Mila-gres da sua capela em procissão no parque da igreja. A procissão foi acompanhada pela Filarmónica Portuguesa de Montreal

e a imagem regressou ao interior da igre-ja onde ficou à disposição dos fiéis. Houve uma representação de várias motas sob a

direção do nosso colega José Sousadando assim um toque mais “Açoriano” à

festa. No sábado à noite o arraial foi abri-lhantado pela Filarmónica Portuguesa de Montreal e a animação musical esteve a cargo de Mário Marinho que se deslocou de Toronto para animar esta tão importante festa religiosa. Dos nossos artistas comunitários pode-

mos apreciar as vozes de Fátima Miguel, Jimmy Faria eJomani.Domingo, dia 18 houve a missa solene às

14h00 e a procissão saiu pelas 16h00 com a participação do folclore, coros corais, S. Vicente de Paul, varias associações e clu-bes e vários outros grupos e entidades. Esta procissão saiu da rua Rachel, subiu a rua Clark até à rua Villeneuve, descendo depois a rua St. Urbain até à igreja e foi acompa-nhada pela Filarmónica Portuguesa de Montreal, Filarmónica Do Espirito Santo de Laval e Filarmónica de Nossa Senhora

5O Açoriano

fazendo outras escolhas de divertimentos e passa tempo!Possivelmente que haverá muitas razões e

poucas explicações, tudo na vida é relativo, mudam-se as condições de vida alteram-se as tradições e costumes.

Termino deixando esta reflexão, quando oramos dizemos o seguinte:Senhor, perdoa-me pelos pecados come-

tidos, ajuda a minha família, ajuda-me no meu trabalho, senhor dá-me saúde etc.!Raramente dizemos, senhor juro-te que

nunca mais irei pecar, que serei o melhor pai para os meus filhos, o melhor trabalha-dor para o meu patrão etc.Uma graça recebida do senhor Santo

Cristo, é uma divida para toda a vida!

Nosso povodos Milagres de Hochelaga.Depois da entrada do Senhor Santo Cristo

na igreja, era ver a fila de fiéis a prestarem homenagem ao Senhor e darem a sua “es-mola”, agradecer-Lhe as graças recebidas e pedir-lhe alguns favores. O arraial foi ofe-recido pela Filarmónica do Divino Espirito Santo de Laval, por Mário Marinho, Jimmy Faria, Jomani, Fátima Miguel e o grupo Folclórico Português da Santa Cruz.Foi um bonito fim-de- -semana, uma linda

festa do Senhor Santo Cristo, pena é que as pessoas participem cada vez menos, fazen-do com que pela primeira vez esta festa te-nha durado apenas dois dias e não três com tem vindo a acontecer desde o seu início. Sente-se falta de interesse, de participação e até de religiosidade. Mas quando na reali-dade queremos adorar o senhor nosso Deus pai todo-poderoso, não há vento, nem frio que o impeça de o ir visitar e demonstrar publicamente a nossa fé e amor.Quase sempre nos recorremos ao Se-

nhor Santo Cristo quando estamos aflitos e doentes, mas depois de curados, poucas vezes estamos presentes e disponíveis para honrar no dia da sua festa, para o agradecer,

O Açoriano6

Nossas TradiçõesRezando para o Divinona Associação Dos Pais

A Associação dos Pais em Montreal, nos últimos anos tem de-dicado uma semana das suas atividades, há oração, ao Divino Espírito Santo!Este ano, foi a quarta dominga da Associação do Espírito Santo

de Hochelaga, que foi sorteada pela associação dos pais.Gostaria de compartilhar com os nossos leitores esta grande força

espiritual que cobre a alma do Açoriano, e esta fé no Espírito San-to, não tem limites, nem fronteiras nem obstáculos!A prova disto é o que aconteceu nesta semana, aonde uma sala de

jogo de cartas e dominó, de visualização de programas televisivos,

se transformou num altar do Espírito Santo, aonde toda a semana não houve jogos de cartas nem dominó, foi apenas lugar de oração e meditação sem que nenhum dos membros tenha usado contestar.A relação entre o Divino e os homens, foi também mediada, pela

reza do terço, todos os dias desta semana, por volta das 19H30. Durante os sete dias da semana, algo acontece a cada uma das se-manas entre Páscoa e Pentecostes, os irmãos que foram sorteados no ano anterior abrem suas casas para receber os devotos que que-

rem fazer, preces e promessas junto ao altar onde fica a coroa do Espírito Santo. As rezas em alguns casos podem ocorrer também na capela da irmandade, ao invés da residência do irmão e neste caso na sede da associação.

Na associação dos Pais o terço foi dirigido pela Senhora, Maria do Santo Cristo que também ajudou a preparar o altar onde a coroa do Divino e o cetro estavam colocados. É tradição que o altar do Divino fique geralmente na sala de visita das residências, em um lugar de destaque, e recebe uma intensa elaboração. Sendo o ponto central do espaço do sagrado na casa dos irmãos, neste caso foi na sala principal da sede da Associação, o altar recebe geralmente uma luz especial. A coroa do Divino está sempre iluminada.

Durante a reza do terço é para a coroa que todos se dirigem. Em posição mais próxima ao altar estão as mulheres: primeiramente a dona da casa (esposa do presidente) e em seguida as demais mu-lheres. Logo após ficavam os homens. A reza tem a participação alternada e complementar de homens e mulheres.

7O Açoriano

O terço é rezado e cantado de pé, com o olhar voltado para o altar do Divino onde está a coroa. A responsável (Maria do Santo Cristo) iniciava o ritual das rezas dirigindo-se ao Espírito Santo e pedindo pelas melhoras dos irmãos que estão doentes, por todos os que necessitam de ajuda, pela associação e pela paz no mundo. Após as rezas, e enquanto se canta o Hino Do Divino Espírito

Santo o cetro é retirado do altar e levado a cada um dos irmãos. Estes, respeitosamente inclinam a cabeça para beijar a pomba que fica na ponta do cetro e tocam com ela a sua fronte, em seguida o próprio peito, próximo ao coração. Concluídas as rezas e depois do cetro circular por todos os pre-

sentes, são convidados a comer e beber. Esse é o lado informal e

profano das rezas. É nesse momento de informalidade que todos se reúnem para conversar e muitas vezes falar sobre o Divino, o que conseguiram e como ele os ajudou. Geralmente o grupo se separa

entre homens e mulheres, situados em espaços distintos.O domingo da coroação das crianças, representou o ponto mais

alto da semana, na associação dos Pais, dedicada ao Espírito San-

to. Nesse momento há uma intensa proximidade entre o Divino e os homens. A coroação ocorreu na igreja de Santa Cruz e o ritual foi conduzido pelo padre, José Maria Cardoso, e a animação musi-cal esteve a cargo do Armando Loureiro e filhos.O momento da coroação, desperta atenção e emoções intensas

por parte dos presentes, especialmente por parte dos parentes das crianças e doentes.Depois da missa, todos foram convidados a almoçar juntos,

carne guisada confecionada pelo Ângelo. Depois, houve tempo para conviver na sede da associação dos Pais. Parabéns aos di-rigentes da associação dos pais, e, a todos os que participaram e colaboraram com ofertas.

Nossas Tradições

O Açoriano8

Nossas Tradições

MArio CArvAlhoEste ano pela décima sétima vez consecutiva, se cum-

priu a tradição, e o rancho de romeiros de Montreal sai à rua na sexta-feira santa, percorrendo vários quilóme-tros, para fazer mais uma caminhada, de oração à vir-gem Nossa Senhora.Este ano o rancho de Montreal foi composto por 136 irmãos

Romaria por amor a Jesus e asua mãe Maria Virgem Santíssima

romeiros, homens e mulheres de todas as gerações, crianças, adolescentes, jovens e adultos que em coro íam entoando em voz alta, avé-marias.Agasalhados em xailes, colocados sobre os ombros ou a

cobrir a cabeça – que o frio não tem por hábito poupá-los – transportam o indispensável bordão e o rosário com o res-petivo crucifixo junto ao peito. Por cima do xaile usam o tradicional lenço rameado, carregandoàs costas (sob o xaile) a «cevadeira» (saco).Os romeiros de Montreal, deram início à romaria, bem

cedo, de madrugada, saindo da igreja de Nossa Senhora de Fátima em Laval com destino à igreja de Santa Cruz em Montreal. Pelo caminho levavam consigo a fé de um povo, a gratidão e o pedido de proteção ao alto dos Céus, pelo Mun-do e pelos homens, sem esquecer os vulcões, os terramotos e a memóriados seus mortos. “Deus não fez a morte, nem se alegra com

a perdição dos vivos. Porquanto Ele criou todas as coisas para que subsistissem e não havia nelas nenhum veneno mortífero, nem o domínio da morte existia sobre a terra” (Sb, 1, 13-14). Diz ainda a Escritura que “foi na soberba que teve início a perdição” (Tob 4, 14). Para além da designação que todos já conhecemos quanto

ao traje do romeiro, na minha opinião, poderia acrescentar que o traje do romeiro ainda simboliza a igualdade entre os homens e mulheres, todos cobertos de xaile e lenço. Como é sabido, antigamente as mulheres usavam xaile e lenço na

9O Açoriano

Nossas Tradiçõescabeça, eis então que o romeiro adota o traje da mulher aço-riana (xaile negro e lenço) na romaria para demonstrar que não é superior, no romeiro não há ricos nem pobres. O ro-meiro é símbolo de respeito e muita amizade e fraternidade entre os irmãos. O romeiro trajado daquela maneira terem a coragem de dar a cara ao desprezo e escárnio de quem não ama a Jesus, é testemunhar publicamente com humildade a sua fé e a fé de um povo em Jesus Cristo o Salvador.A caminhada é feita de um sofrimento físico, sacrifício que

alivia a alma, é a tristeza no rosto que alegra o coração!O romeiro por baixo do xaile carrega o pecado, por baixo

do lenço os maus pensamentos, nas mãos o rosário da ora-ção que dá perdão e no bordão a esperança de alcançar a vida eterna. Na cevadeira (saco) o romeiro guarda a razão pela qual decidiu fazer esta penitência, pela graça recebida na doença, também leva o desgosto da morte, da droga, da prisão, do divórcio, do sofrimento, dor, luto e saudade!O romeiro vai rezando as avé-marias, muitas vezes vai cho-

rando, pelos desgostos da vida!Nas suas orações, implora pela paz, que ilumine os cora-

ções e o perdão a quem mal faz!É tão bonito ver tantas crianças e jovens da nossa co-

munidade já nascidos aqui participarem na romaria de Montreal. É sinal que as novas gerações, irão continuar as tradições.

O Açoriano10

Nossas TradiçõesAssociação Saudadesda Terra QuebequenteSylvio MArTiNS

A Associação Saudades da Terra Quebequente tem sempre surpresas escondidas, e distinguiu- se com mais uma edição da muito popular festa dedicada ao chicharro, sábado passado, 5

de Abril, no subsolo da igreja Saint-Enfant-Jesus.Esta festa é uma das mais conhecidas e reconhecidas através da

comunidade. Porquê? É simples quando este grupo organiza uma festa, todos querem ir.Não por causa da comida, mesmo se é muito gostosa, mas, mais porque esta coletividade faz um bom “show” e este ano conseguiram fazer o que muitos não conseguem.Este ano foi na mesma onda, um grande sucesso para todos os

gostos, e, não é uma festa que podemos ficar parados, 7 ou 8 horas sentados, mas, porque é uma festa que todos estão a dançar, bailar e festejar.A Associação Saudades da Terra Quebequente (ASTQ) é mesmo

uma organização que tras artistas de qualidade, tal como o grupo musical Starlight, DJ Jeff Gouveia e Ricardo Cidade, onde todas estas pessoas conseguiram seduzir todos com as suas cantigas.Começando pelo o inicio, a sala de Saint-Enfant Jésus, não é um

grande luxo, paredes amarelas, uma sala mais ou menos normal para uma pequenina festa, bem normal. Mas, esta organização fez o impossível,... possível. Todas as paredes da sala foram tapadas por um tecido branco, com lindas decorações,... um sistema de luz através da sala, a cozinha tapada e lindamente decorada, o Bar es-tava muito bem apresentado, todas as cadeiras e as mesas forradas em branco e com um centro de mesa realmente luxuoso com luzes,

o teto parecia um ceu e o palco estava muito bem organizado e decorado. Tudo estava a 100%, sem falha nenhuma. Podemos di-zer que a sala era uma sala de receção muito luxuosa. A festa teve inicio com as boas-vindas do mestre de cerimonia Mario Carvalho, seguido da canção de Humberto Tibúrcio “Visita ao Emigrante” que acompanhou a entrada da equipa que iria servir aquela mul-tidao de gente. Acho que, já começa a ser normal que esta festa é sempre cheíssima.Depois desta apresentação tivemos a canção do Starlight que já

é o tema desta festa nos últimos dois anos,... “No Chicharro é pá Espinha”, iniciando a festa com o DJ Jeff Gouveia, que fez, logo de início mexer um os presentes. E, através da noite tivemos a

oportunidade de o ver animar esta festa até ao fim.O Ricardo Cidade, o “Roberto Carlos” dos Açores, vindo de To-

ronto, fez um ótimo trabalho, fazendo bailar muitas durante esta noite memorável. O convidado de honra, Dinis Melo que se fez acompanhar pela sua esposa Liliana Couto, vieram diretamente da Ribeira Quente a convite da associação para estar presente na festa do chicharro de Montreal. De seguida foi entrada em palco do con-junto Starlight, que mais uma vez fez um grande espectáculo e que aproveitou a sua passagem por Montreal para fazer o lançamento do seu mais recente trabalho discografico, que tem por nome“30 Primaveras”. O que podemos dizer mais sobre este grupo, que fez dançar todos até as duas da manhã. Agradeço aos organizadores pelo seu empenho e dedicação

durante todos estes 17 anos a organizarem esta festa. Para ter-minar, viva a ribeira Quente.

11O Açoriano

Nossas TradiçõesPézinho e Cantoria em HochelagaANTEro brANCoNo sábado passado, numa casa agrícola de Saint-Philippe de

la Prairie, a Associação Portuguesa do Espírito Santo organi-zou a escolha, a compra e a abatate do gado para a sua festa em Louvor do Espírito Santo que tem lugar próximo fim-de--semana. Já há muitos anos, que Montreal não vivia, ao ritmo de “Um Cheirinho Terceirense”, como o que se está a viver esta semana.Para o terceirense, dia de “Bezerrada”, é dia de pezinho e de can-

toria. Os cantadores do improviso, na casa agrícola, cantaram em

quadras ou seis tilhas os louvores ao Divino e agradeceram, com praxe, os criadores e aos bem feitores da festa. Este ano, o Décio Cardoso e a sua equipa, convidaram o grupo “Só Forró”, vindo directamente da ilha Terceira, para animar a festa. O “Só Forró”, é um grupo original e é o único nos Açores a se produzirem nos acontecimentos culturais, cantando em improviso, graças ao re-pentista José Fernando.

À noite, na sede social da Associação Portuguesa do Espírito Santo, outras surpresas agradáveis embelezaram o serão. Um ar-tista de Toronto, Manuel Augusto, interpretou algumas melodias do seu reportório habitual e ainda “Ilha Lilás”, com a letra de José Fernando. De seguida, Álvaro Godinho, o coordenador da Festa em Louvor do Espírito Santo, apresentou o bailinho de Carnaval, muito divertido, do Clube dos Velhos de Toronto, intitulado “Dois

casais em dificuldade”, da autoria de Ramiro Nunes, relata a re-lação problemática de dois casais, em que as esposas matam-se a trabalhar e os senhores passam a vida na farra. Uma comédia cheia de humor e de talento teatral.

Para terminar o serão, teve lugar a cantoria ao desafio. O primeiro foi o de Vasco Aguiar e de José Fernando. O grande Vasco com toda a sua arte e sabedoria, encantou a assistência, dando largas ao José, deixando-o ir para o caminho do humor. De seguida, Manuel dos Santos e Marco Fernandes, um noviço da arte do improviso, mas com muito potencial. Sentia-se nervosismo nas suas cantigas, mas o Manuel dos Santos, um grande cavalheiro, foi-o apoian-do, dando-lhe a oportunidade de se exprimir com seus versos. Foi depois a vês de Manuel de Fátima e de José Fernandes. A certa altura o Manuel necessitou de um empurrãozinho, mas seu amigo Fernandes, sem dar nas vistas o ajudou a sobressair. O ultimo de-

safio foi o de Vasco Aguiar e Manuel dos Santos, dois mestres da improvisação e da poesia popular. Os escutar faz bem à nossa alma e alegra o nosso coração. Como é tradição, no final da cantoria, todos os cantadores cantam a desgarrada. Uma moda mais diverti-da. Serve para quebrar tensões que possam ter surgido durante os desafios e ao mesmo tempo, uma maneira de alegrar a assistência.Toda a equipa do Décio está de parabéns e a comunidade agrade-

cida por fazerem reviver as nossas tradições em Hochelaga.venham passar um bom momento o resto da semana nesta

agremiação e divertir-se ao som do Grupo Só Forró, além de todas aos outras actividades já anunciadas neste semanal.

O Açoriano12

Recordando

É fácil fazer um filho,mais difícil é educa-lo!Mário CArvAlhoNão há nenhum manual, que possa orientar e ajudar os pais

na perfeição e na difícil tarefa de educar os filhos!Por muito bem que se diga dos filhos, a verdade é que ‘’temos 5

dedos numa mão e nenhum é igual’’.Tudo é uma incógnita, cada momento é uma descoberta, é uma

das grandes virtudes da vida, não podemos traçar nem escolher o destino, desde a sua fecundação, nascimento, crescimento e edu-cação de um filho.A vinda de um filho ao mundo é uma constante descoberta e de-

safio para os pais, momentos de alegria outros de desespero, mo-mentos de felicidade outros de medo, porque queremos o melhor para os nossos filhos. Mas o que é o melhor?É uma pergunta muito subjetiva, que não consigo responder, por-

que para mim mesmo não tenho resposta, dificilmente sabemos o que na realidade é o melhor para nós próprios, muito mais difícil é saber o que é o melhor para os nossos filhos, porque o que penso ser o melhor para a minha filha nem sempre é o que ela quer.O que podemos e devemos fazer é educa-los nas boas maneiras,

transmitindo os nossos princípios, dando-lhes ferramenta (educa-

13O Açoriano

Recordandoção) para estarem preparados para mais facilmente conseguirem vencer na vida.Esta reflexão vem a propósito, da minha grande preocupação que

tenho em que as minhas filhas e que todas as crianças do mundo não desistem da escola, porque a educação é a melhor escola da vida.Neste artigo irei compartilhar com os leitores um dos momentos

mais desejados na minha vida!Este inverno, quando já fazia noite, ao sair do meu carro a minha

filha Mónica, chegou ao mesmo tempo que eu a casa, vinha da universidade, correu para os meus braços, abraçou-me e chorando disse-me Papa consegui o meu diploma:

Logo me ocorreu na memória, aquilo que escrevi há 18 anos atrás e que publiquei num jornal da ilha de São Miguel “Seara Verde”. “Saudades da minha escola”.Era uma manhã como outra qualquer. Levantei-me para ir para

o trabalho, quando, no corredor, para grande surpresa, me deparei frente a frente com a minha filha. Nesse dia, estava mais linda e mais fresca do que nunca. Os seus olhos brilhavam como duas pe-dras raras perdidas no universo, que era o seu corpo de criança. A alegria reinava no seu mundo de fantasia, tudo era magia!Com o seu olhar inocente, olhou-me e disse: Pai, hoje é o meu

primeiro dia de escola. Sinto-me feliz e ansiosa por conhecer a minha professora, os meus colegas, o recreio onde irei brincar. Sei que não é a mesma escola onde aprendeste a ler e a escrever, nem tão pouco será na tua língua. No meu peito, formou-se uma nuvem de emoção, a saudade transportou-me há minha infância, recordei o meu primeiro dia de escola, pé descalço, calça curta, saco de flanela, quadro de pedra. Lá fui para a escola. Foi-nos apresentada

a nossa professora….Desejou-nos as boas vindas ‘’Hoje é o dia mais importante das

vossas vidas, o qual ireis aprender a ler e a escrever’’.Depois do exame da quarta classe, perdi a minha primeira pro-

fessora.No ano seguinte, primeiro ano da telescola muitos dos meus cole-

gas não continuaram, as necessidades económicas obrigavam-nos a terem de começar a trabalhar para ajudar no sustento da família, eram ainda simples crianças com vontade de brincar e aprender.O meu professor era um homem descontraído e coma um ar ar-

rogante.

Disse estar ali para nos preparar para o mundo de amanhã em que seriamos homens e mulheres com instrução e que para defender os nossos direitos necessitamos de formação escolar.Terminando a telescola, inscrevi-me no Externato Maria Isabel

do Carmo Medeiros, na Povoação, onde completei o 9 ano de es-colaridade.Emigrei, talvez desesperado, frustrado, ansioso por realizar o so-

nho de conhecer um mundo novo, imenso como o mar que olhava em frente da minha varanda, mas, mais frio que o vento Norte que soprava nas noites de Inverno.Muitas vezes chorei para não ir para a escola. Hoje choro com

saudades da minha escola, porque sem ela não seria o homem que sou nem teria o trabalho que tenho. E decerto, não poderia escrever o que escrevo se não fosse a minha escola.Abracei a minha filha, desejando-lhe ‘’sorte e sucesso na sua es-

cola’’.Hoje, passados tantos anos, voltei a chorar de alegria, dizendo

‘’obrigado senhor, missão cumprida’’. Desta vez foi diferente, mi-nha filha disse-me ‘’pai passei o exame de contabilista’’ terminei a escola com a consciência de que completei os estudos para a profissão que eu queria, ter, ser contabilista.Abracei a minha filha, que hoje é uma adulta, mas tem sempre o

mesmo sorriso de criança, e juntos entramos em casa, para dar a notícia ao resto da família.Parabéns minha família, sê feliz e muito sucesso no teu trabalho,

sê sempre honesta, humilde e boa profissional.Transmite à tua irmã esta paixão de estudar, sê útil a ti própria e a

todos os que precisarem da tua ajuda.

O Açoriano14

Informações para o povoSata: Aviso de AtrasoAplicam-se as seguintes regras: Aos voos que partem de um aero-

porto situado num país terceiro, com destino a um aeroporto da UE (exceto quando tenham recebido benefícios ou uma indemnização e tenha sido prestada assistência naquele país terceiro); Para passageiros que tenham uma reserva (bilhete validado ou outra prova que indique que a reserva foi aceite e registada pela SATA ou operador turístico)

confirmada para o voo em questão e se apresentem para registo com a antecedência indicada e escrita (incluindo por meios eletrónicos), ou, não sendo indicada qualquer hora, até 45 minutos antes da hora de partida publicada; Para passageiros que viajem com tarifa dispo-nível direta ou indiretamente ao público, ou com bilhetes emitidos no âmbito de um programa de passageiro frequente ou outro programa comercial; Onde a SATA é a transportadora aérea operadora do voo.regras para indemnização e AssistênciaQuando a SATA tiver motivos razoáveis para prever que em relação

à sua hora programada de partida um voo se vai atrasar: duas horas ou mais no caso de quaisquer voos até 1500 km; três horas ou mais no

caso de quaisquer voos intracomunitários superiores a 1500 km e no de quaisquer outros voos entre 1500 e 3500km; quatro horas ou mais no caso de voos não abrangidos por (1) e (2) acima.A SATA oferecerá a título gratuito: refeições e bebidas em pro-

porção razoável com o tempo de espera; duas chamadas telefónicas, mensagens fax ou mensagens por correio eletrónico.Quando o atraso envolver uma pernoita, além da assistência

descrita acima, a SATA oferecerá: alojamento em hotel; transporte entre o aeroporto e o local de alojamento (hotel ou outro).Quando o atraso for de pelo menos cinco horas e decida não reali-

zar a sua viagem no voo atrasado, além da assistência de refeições e comunicações descrita acima, a SATA oferecerá: o reembolso no prazo de sete dias (em numerário, através de transferência bancária eletrónica, de ordens de pagamento ou cheques bancários ou, com o seu acordo escrito, através de vales de viagem e/ou outros serviços) do preço total de compra do bilhete, para a parte ou partes da viagem não efetuadas, e para a parte ou partes da viagem já efetuadas se o voo já não se justificar em relação ao plano inicial de viagem, e, nos casos em que se justifique, um voo de regresso para o primeiro ponto de partida.A SATA prestará a assistência descrita acima dentro dos limites de-

finidos nas alíneas, de acordo com cada intervalo de distâncias. Con-tudo, a assistência aos passageiros que aguardam um voo atrasado ou um voo alternativo poderá ser limitada ou recusada nos casos em que a própria prestação de assistência venha a provocar um atraso maior.

15O Açoriano

Gastronomia

iNGrEDiENTES:

PrEPArAção:

Alcatra Regional da Terceira

4 kg de carne de novilho200 gr e cebola30 gr de alhos100 gr de toucinho fumado ou bacon0,5 litro de vinho branco0,5 litro de vinho de cheiro americano

Corte a carne em bocadinhos com cerca de 200 gr e deita-se numa panela com o toucinho fumado ou bacon, cortado aos cubos pe-quenos, e a cebola e o alho já cortados miudinhos). Juntam-se os vinhos e um pouco de sal grosso. Mistura-se tudo muito bem. Un-ta-se uma caçarola de barro de ir ao forno com banha e deita-se a carne e os restantes ingredientes nesse alguidar. Junta-se a manteiga, cobre-se com papel de alumínio e leva-se ao forno a cozer durante uma hora ou mais, dependendo do forno. Também se pode dar uma fervura na panela de pressão, durante 25 minutos, e pôr na caçarola , depois, para acabar de cozer no forno.

20 gr de manteiga10 gr de banha de porco1 folha de louro5 a 10 baguinhas de jamaica (pau de cravo em gão)sal a gosto

Licor de anisiNGrEDiENTES:1 1/2 xícara (360ml) de água2 xícaras (320g) de açúcar

5 estrelas de anis750 ml de álcool de cereais

Ferva a água com o açúcar e o anis. Deixe por mais 10 minutos.retire do fogo e adicione o álcool. Coloque em um vidro com tampa e deixe por 12 dias. Coe em filtro de papel.

PrEPArAção:

O Açoriano16

Quem são eles?

4701 ST-URBAIN - 514.842.3373