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a essência ideológica da linguagem

A NATUREZAIDEOLÓGICADA LINGUAGEM

LINGUAGEM, CULTURAE IDEOLOGIA

Livro I

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EDITORA UNIVERSITÁRIA DO L IVRO DIGITAL

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A pesquisa de Cid Seixas,situada no limiar dos anos 70e 80, sobre a linguagem, numaperspectiva da cultura e da ide-ologia, contrariando os estu-dos imanentes do estruturalis-mo, antecipa importantesquestões hoje em debate.

Entre as manifestações favo-ráveis ao seu trabalho pioneiro,está a do filólogo Antonio Hou-aiss, como integrante da bancaque avaliaou o seu primeiro tra-balho acadêmico de porte.

“Quero desde o início dei-xar patente minha admiraçãopor várias altas qualidades ma-nifestas, dentre as quais real-ço a sequência nas idéias, a ma-dureza do pensamento, o es-pectro rico da informação eerudição, o inteligente apro-veitamento das fontes e bibli-ografia, e a elegância da expo-sição.

Nutro a esperança de queCid Seixas não abandone a di-reção de estudos que tomou ea prossiga, aprofundando pon-tos que parecem merecer in-dagação mais acurada de suaparte. Afloro, a seguir, algunscom o só fim de espicaçá-lo,mas sem intuitos polêmicosou, muito menos, professoraisou magistrais: será, antes, umdiálogo entre pares de angús-tias e buscas (malgrado – ah! adiferença de nossas idades).”

Antonio Houaiss

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Tipologia: OriginalGaramond, corpo 12.Formato: 120 x 190 mm.Número de páginas: 114.

Endereço deste e-book:https://issuu.com/ebook.br/docs/linguagem1https://issuu.com/cidseixas/docs/linguagem1

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Cid Seixas

LINGUAGEM, CULTURA E IDEOLOGIA

Livro I

e-book.brEDITORA UNIVERSITÁRIA

DO L IVRO DIGITAL

A NATUREZA IDEOLÓGICADA LINGUAGEM

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EDITORA UNIVERSITÁRIA DO LIVRO DIGITALLinguagem, Cultura e Ideologia | Livro I

CONSELHO EDITORIAL:Cid Seixas

Dante LucchesiItana Nogueira NunesFlávia Aninger Rocha

Francisco Ferreira de LimaMoanna Brito S. Fraga

2016

LINGUAGEM, CULTURA E IDEOLOGIA

1 | A natureza ideológica da linguagem2 | A linguagem, origem do conhecimento

3 | Sob o signo do estruturalismo4 |A linguagem como contrato social

5 |A linguagem: do idealismo ao marxismo

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Capítulo ILINGUAGEM E CARACTERIZAÇÃODAS IDEOLOGIAS ................................................. 9A ideologia desde Heráclito e Platão ....................... 19A alegoria da caverna ................................................ 24

Capítulo IIO NOVUM ORGANUM, DE BACON,E A TEORIA DOS IDOLA .................................... 35A máscara e o espelho da bruxa ............................... 46O signo, este traidor do real .................................... 52

Capítulo IIIIDEOLOGIA E DISCURSO:DO RENASCIMENTO AO ROMANTISMO ..... 63De Locke a Destutt de Tracy ................................... 72A fantasia de Napoleão ............................................. 80

REFERÊNCIAS E BIBLIOGRAFIA ...................................... 89O que é a e-book.br ................................................. 112

SUMÁRIO

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Entende-se ideologia como conjuntoorgânico de ideias e concepções, sus-tentado numa determinada escala devalores estabelecida pelo indiv íduo,pelo grupo social ou pela nação, cons-tituindo, assim, um sistema de pensa-mento responsável pela visão de mun-do (Weltanschauung) de um determina-do sujeito ou do universo de agentes dacultura.

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LINGUAGEME CARACTERIZAÇÃO

DAS IDEOLOGIAS

A linguagem é o mediador cultural entre ohomem e o mundo; o universo simbólico noqual a natureza, a sociedade e o indivíduo seencontram, unificados pelo vínculo simultane-amente conceptivo e comunicativo da cultura.

Se os animais convivem diretamente comos outros e com a natureza, o homem inter-põe os signos como forma de conhecimento ede representação das coisas presentes e ausen-tes. Deste modo, pode trazer, para diante de sie dos outros, pessoas e objetos distantes, con-figurados no universo sígnico da linguagem.

Neste sentido, o mundo humano é mais am-plo e abrangente do que o mundo dos animais,pois é a unificação do tempo e do espaço; doontem, do hoje e do amanhã; das terras doaquém e além limites do olhar. O animal lin-

Capí t ulo I

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guístico que é o homem não mais vive presoàs fronteiras do universo físico, mas reservapara si e para as gerações futuras o sem-fim douniverso simbólico.

A linguagem verbal, através da qual as soci-edades humanas se unificam e constituem, éum instrumento mediador entre o sujeito e osobjetos, sendo ao mesmo tempo uma barreirae uma lente que permite ampliar a percepção.Se o homem, com relação aos outros animais,abandona a natureza e passa a conviver com ossignos, seu conhecimento dos objetos natu-rais passa também a ser parcial, e sua percep-ção destes objetos a ser condicionada pelomediador cultural de espectro mais amplo: alinguagem.

Busquemos um exemplo: a intensidade deum sentimento de perda de um objeto presen-te na memória, chamado de “saudade” pelopovo de língua portuguesa, é dimensionadapelo conteúdo linguístico que este povo atri-bui à palavra. O falante deixa de conviver dire-tamente com o sentimento, cujos limites elepróprio teria que descobrir e traçar, para co-nhecer o sentimento contido no signo, que é aexpressão da experiência social de sucessivasgerações.

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Pode-se dizer que um fato psíquico, comoa saudade, é perpassado por um mediador so-cial, a língua, e transformado em um fato cul-tural: a saudade; objeto comum aos povos deculturas e expressão lusófonas.

(Abrindo um parêntese, em encontros econgressos linguísticos e literários, o sintagma“povos de expressão portuguesa” foi explosi-vamente rejeitado, quando se propunha o tro-cadilho “povos de ex-pressão portuguesa”, paraexorcizar os fantasmas pós-coloniais. Taisgladiadores do politicamente correto preferemusar “povos de língua portuguesa”. Parece-me,no entanto, que o termo segregado é o maispertinente. Sendo a língua formada por umaexpressão e um conteúdo, as ex-colônias man-tiveram as mesmas expressões dos antigos fa-lantes, dando a elas, além dos velhos conteú-dos, vários outros somados pela experiênciade cada um dos países falantes da Língua Por-tuguesa, por exemplo. Angola, Brasil, CaboVerde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomée Príncipe formamos, portanto, uma comuni-dade linguística multicultural.)

Fechado o parêntese do parágrafo anterior,desse modo, sua saudade será a saudade regis-trada pela sua língua, e a forma de tal senti-

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mento estará condicionada pela forma anteri-ormente experimentada e constituída pelasgerações precedentes. Um sentimento que fujaa essas características não será mais a saudade,mas um outro sentimento, cuja experiência estásimbolizada numa outra palavra.

Assim, o homem vai encontrar nas palavrasda sua língua as cômodas cápsulas do pensa-mento e do sentimento. A direção do seu es-pírito será a direção da sociedade em que vive,e da sua língua, e a transgressão desse direcio-namento será o próprio espaço de transgres-são contido na sua cultura.

Para Walther von Wartburg, quando a cri-ança aprende a falar está também aprendendoa conhecer o espírito objetivo depositado nalíngua. Colocando a questão de outra forma, é

“a língua, com toda a mentalidade nelaprefor-mada, que se apropria do jovem, àmedida em que ela nele encontra um novoreceptáculo ao seu dispor. Ela molda o seupensamento; é ela que se torna a senhorade seu pensamento. Dizemos dominar umalíngua, mas na verdade é a língua que nosdomina”. (Wartburg & Ullmann, 1975, p.190)

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Enquanto a estrutura psíquica, a consciên-cia ou as formas mentais se renovam em cadaindividuo, para esse autor, “no reino orgânicoa vida se acrescenta à vida de forma contínua eindividual”. E conclui: “A vida do espírito, talcomo ela se exprime na língua, apresenta umacontinuidade supra-individual, e essa continui-dade de certa forma se apresenta bem visível.”

Segundo a concepção de Wartburg, toda vezque surge uma nova vida humana, o espíritocoletivo que vive na língua transforma e mo-dela esse indivíduo. Mesmo quando ele pro-cura se expressar de um modo pessoal, seusconceitos obedecem aos contornos das pala-vras postas à disposição dos membros da co-munidade linguística a que pertence.

Se a língua é um instrumento e um resulta-do da percepção da realidade, ou melhor, seela possui uma função cognoscitiva, toda lín-gua está comprometida com uma ideologia,uma vez que o conhecimento humano é parci-al, ideológico e condicionado. Se, pelo contrá-rio, considerarmos a língua como uma formapura ou um esquema, um código descompro-metido com o ato concreto dos falantes, elanão será de natureza ideológica nem manterárelações com a cultura.

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Toda formação da realidade – ou toda for-ma simbólica, conforme a denominação pro-posta por Ernst Cassirer – traduz o modo depensar daqueles que empregam essas formas;o que equivale a se reconhecer a natureza ide-ológica das formas simbólicas não-científicas,como a linguagem, o mito, a arte e a religião.

Enquanto as formas de percepção e repre-sentação científicas da realidade se pretendemisentas e não-ideológicas, as não-científicasestão comprometidas com as circunstâncias emque são produzidas. Se reconhecemos o cará-ter ideológico de formas simbólicas como omito, a arte e a religião, por que ignorar talcaráter da linguagem verbal?

A sociologia do conhecimento tem procu-rado demonstrar que nem mesmo a ciênciapura escapa inteiramente ao compromisso ide-ológico, pois é resultado do trabalho da razãohumana. A língua de um povo é, portanto, aexpressão do modo pelo qual este povo vê omundo.

O linguista dinamarquês Louis Hjelmslev,apesar da forte influência, simultaneamenteplatônica e neo-positivista, sofrida pela suateoria, se vê compelido a reconhecer a estreita

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relação entre o que se chama de Weltanschau-ung e a fala dos indivíduos. Para ele:

“A linguagem é o instrumento graças aoqual o homem modela seu pensamento, seussentimentos, suas emoções, seus esforços,sua vontade e seus atos, o instrumento gra-ças ao qual ele influencia e é influenciado, abase última e mais profunda da sociedadehumana. Mas é também o recurso último eindispensável do homem, seu refúgio nashoras solitárias em que o espírito luta coma existência, e quando o conflito se resolveno monólogo do poeta e na meditação dopensador. Antes mesmo do primeiro des-pertar de nossa consciência, as palavras járessoavam à nossa volta, prontas para en-volver os primeiros germes frágeis de nos-so pensamento e a nos acompanharinseparavelmente através da vida, desde asmais humildes ocupações da vida cotidianaaos momentos mais sublimes e mais ínti-mos dos quais a vida de todos os dias retira,graças às lembranças encarnas pela lingua-gem, força e calor. A linguagem não é umsimples acompanhante, mas sim um fio pro-fundamente tecido na trama do pensamen-

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to; para o indivíduo, ela é o tesouro da me-mória e a consciência vigilante transmitidade pai para filho. Para o bem e para o mal, afala é a marca da personalidade, da terra na-tal e da nação, o título de nobreza da huma-nidade”. (Hjelmslev, 1943, p. 1-2)

Em seguida, conclui, nos mesmos Prolegô-menos a uma teoria da linguagem: “O desen-volvimento da linguagem está tão inextrica-velmente ligado ao da personalidade de cadaindivíduo, da terra natal, da nação, da humani-dade, da própria vida, que é possível indagar-se se ela não passa de um simples reflexo ou seela não é tudo isso: a própria fonte do desen-volvimento dessas coisas”. É conveniente des-tacar, no entanto, que embora veja a lingua-gem desse modo, Hjelmslev a identifica essen-cialmente com a forma, como será discutidono oitavo capítulo deste livro.

Mesmo um teórico da linguagem marcadopelas limitações epistemológicas ditadas peloimanentismo estruturalista, ou pela primazia daimanência no recorte do objeto estudado,como Louis Hjelmslev, não deixa de levar emconta na sua obra o caráter social e ideológicoda língua. Para os estruturalistas, a língua é es-

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sencialmente forma – e a imanência consisteno estudo linguístico se restringir a essa for-ma; o que transforma toda substância culturalem transcendência.

Não obstante, alguns expoentes do méto-do neopositivista (abandonando a assepsia es-terilizante que dominou a primeira metade doséculo XX e chegou ao seu ponto crítico noinício dos anos setenta) legaram notáveis con-tribuições que possibilitam a utilização dasconquistas cientificistas para a compreensãodos fatos culturais. Isso significou o rompi-mento com a preocupação em delimitar o ob-jeto à sua imanência, permitindo relacioná-locom a sua circunstância e o seu entorno, semtemer que a análise viesse a ser consideradatranscendente.

O estudo disciplinar no âmbito das ciênci-as da cultura que ultrapassa o espaço fechadoda construção do objeto, não se recusando aum diálogo interdisciplinar, pode vencer a cri-se atual dessas ciências e chegar a um patamarde maior visibilidade para os pesquisadores. Talquadro começa a se delinear, conforme já ob-servamos de forma irônica e crítica, com rela-ção ao caráter impositivo do método estrutu-ral, no artigo “A falência do estruturalismo ou

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a remissão dos pecados do objeto”. Os estu-dos literários, que na década de sessenta ren-diam culto à linguística e a um limitante rigorestrutural, consolidam um movimento de ne-gação de tudo que foi dito para concordaremcom os velhos adversários. “E voltam à tonaas implicações históricas, sociológicas, psica-nalíticas etc. da obra”. (Seixas, 1978b, p. 6)

Ainda nesse artigo tem espaço uma preo-cupação que constitui o tema do texto: com asuperação do estruturalismo, se instaurou umanova forma de radicalismo idealista, centradano outro pólo. Se antes havia uma espécie deestrangulamento do objeto linguístico e lite-rário, decorrente da compulsiva tentativa dediscutir, apenas, os aspectos considerados in-trínsecos da obra de arte verbal, afastando delaa vida, a sociedade e a cultura, como coisasextrínsecas; começa agora a se peneirar fatosculturais particulares para substituírem o es-tudo da literatura.

“Que a falência do estruturalismo nossirva como etapa do processo dialético dasciências da cultura, mas nunca como foliaapocalíptica, ou período de expiação. Quea remissão dos pecados do objeto – desti-

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nada a lavar a culpa mecanicista que esteveem moda – não se transforme em penitên-cias e jejuns, mas na construção de uma sín-tese histórica capaz de empreender umaanálise científica de coerência e alcancehumanísticos.” (Seixas, 1978b, p. 7)

Mas, recorrendo ao saber popular, o riscodo corisco é que tudo caia no chão e vire cisco.Dito de outro modo: a esterilização do objetoliterário leva ao pólo oposto, o estudo de tudoque ficou de fora do que era intrínseco, des-cartando dessa vez a própria literatura, comofaziam os biógrafos, historiadores e outrospolígrafos.

A IDEOLOGIA DESDEHERÁCLITO E PLATÃO

Quando o homem passou a considerar avisão de mundo do outro homem como falsa,em oposição à sua, que seria a verdadeira, aidentificação do erro com a perspectiva adota-da pelo antagonista deu lugar à aparição doconceito de ideologia usualmente aceito.Como o conhecimento humano se constitui a

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partir da colaboração entre dois tipos de me-diadores: os objetos presentes no universo e osujeito do conhecimento – ou melhor, entre aobjetividade e a subjetividade –, o mascara-mento decorrente da ação do indivíduo con-duz a um conhecimento ideológico ou parcial.

Modernamente, a psicanálise, como disseWilhelm Reich em Materialismo dialético e psi-canálise (p. 106), “graças ao seu método – quelhe permite descobrir as razões pulsionais daatividade social do indivíduo – e graças a suateoria dialética das pulsões, é chamada a escla-recer no pormenor as repercussões psíquicas,no indivíduo, das forças produtivas, isto é, aexplicar a formação das ideologias no cérebrodos homens”. Por outro lado, o estudo cientí-fico mais abrangente da ideologia cabe à soci-ologia do conhecimento, tal como é procedi-do na obra pioneira de Karl Mannheim,Ideology and utopia: an introduction to thesociology of knowledge.

Para efeito da discussão, neste ensaio, so-bre a natureza ideológica e cultural da lingua-gem, entende-se ideologia como conjunto or-gânico de ideias e concepções, sustentadonuma determinada escala de valores estabele-cida pelo indivíduo, pelo grupo social ou pela

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nação, constituindo, assim, um sistema de pen-samento responsável pela visão de mundo(Weltanschauung) de um determinado sujeitoou do universo de agentes da cultura.

Como, mesmo antes que se forjasse o ter-mo ideologia, diversos autores e filósofos re-conheceram e analisaram a natureza faccionáriado pensamento humano e do conhecimento,essas reflexões são de grande importância parao nosso problema. A teoria do conhecimento,desde suas especulações mais remotas, trazimportantes dados para o estudo da ideologia,como o reconhecimento do fato de que o co-nhecimento do mundo é um atributo do espí-rito e que, portanto, os mundos do homempodem divergir, como efetivamente acontece,a depender do tempo, do espaço, e das rela-ções sociais em vigor. Daí a afirmação de Herá-clito, incorporada por Bacon, de que os ho-mens buscam nos seus pequenos mundos e nãono grande ou universal. “Por isso convém quese siga a universal [razão, logos], quer dizer, a[razão] comum, uma vez que o universal é ocomum. Mas, embora essa razão seja univer-sal, a maioria vive como se tivesse uma inteli-gência absolutamente pessoal”. (Heráclito:Fragmento nº 2, numeração de Diels, apud

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Francis Bacon: Novum organum, p. 28.) Aconsciência da relatividade do conhecimentohumano e o desejo de atingir um conhecimen-to universal está presente na obra desse filó-sofo pré-socrático, como uma das preocupa-ções básicas. Infelizmente, o leitor só tem aces-so ao pensamento de Heráclito através de frag-mentos, citações e críticas, feitas principalmen-te por Platão e Aristóteles – o que prejudica asua compreensão abrangente e precisa.

Se modernamente podemos entender o pro-cesso do conhecimento como constante, e averdade como um conceito provisório e sem-pre mutável, o mesmo não se pode exigir dosantigos, para os quais a filosofia se sustentavaessencialmente em pressuposições não com-provadas pela prática científica, ao contráriodo que acontece com a moderna filosofia, queconta com a colaboração da ciência. Apesardisso, Heráclito afirmava: “De todos os dis-cursos que ouvi, não há nenhum que compre-enda que a sabedoria é alheia a todos”.(Heráclito apud Russel, 1977, v. 1, p. 47) Emoutro lugar, Heráclito escreve: “Estão iludidosos homens quanto ao conhecimento das coi-sas visíveis, mais ou menos como Homero, quefoi mais sábio que todos os helenos. Pois en-

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ganaram-no meninos que matando piolhos lhedisseram: o que vimos e pegamos é o que lar-gamos, e o que não vimos nem pegamos é oque trazemos conosco.” (Fragmento n.° 56,número da edição brasileira.) E acrescenta:“Natureza ama esconder-se.” (Fragmento nº123. Cf. Heráclito de Éfeso: Doxografia, Frag-mentos e Critica moderna, in Tales de Miletoet alii: Os pré-socráticos, p. 73-136.)

Essa crítica ao pensamento clássico, feitapor um antigo, vai implicar ainda a crença doautor da Teoria do Fogo de que toda compre-ensão do mundo é ideológica, ou que todaperspectivação é parcial.

Segundo ele, o homem divide os objetos esepara as suas partes, a partir das próprias con-vicções, chegando a uma dualidade onde háunidade: “O bem e o mal são uma única coi-sa”. (Heráclito apud Russell, p. 50) Segundoessa filosofia pré-socrática, tudo que existe écorreto e justo, sendo os homens que elegemumas coisas como erradas e outras como cer-tas, segundo um juízo de valor estabelecido poreles mesmos.

Não é sem causa que Bacon, ao formular ateoria dos ídolos, cita Heráclito, do mesmomodo que nos remete a Platão, embora não

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faça referência explícita a este último filósofo.No entanto, ao expor a natureza dos idolaspecus, ou ídolos da caverna, a descrição doprocesso de sombreamento ou deobscurecimento do real evoca o episódio pla-tônico.

No Livro VII de A República, figurando umdiálogo de Sócrates com Gláucon, no qual oprimeiro é o narrador, Platão engendra a co-nhecida alegoria da caverna, como reductio adabsurdum da tese sobre a falsa natureza doconhecimento objetivo.

Retomemos, em uma ou duas páginas, aspalavras do autor dos Diálogos. A necessidadede uma longa transcrição justifica-se pela par-ticularidade do texto de Platão, conforme serávisto a seguir.

A ALEGORIA DA CAVERNA

“– E agora – disse eu – compara com aseguinte situação o estado de nossa almacom respeito à educação ou à falta desta.Imagina uma caverna subterrânea providade uma vasta entrada aberta para a luz e quese estende ao largo de toda a caverna, e unshomens que lá dentro se acham desde me-

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ninos, amarrados pelas pernas e pelo pes-coço de tal maneira que tenham de perma-necer imóveis e olhar tão-só para a frente,pois as ligaduras não lhes permitem voltar acabeça; atrás deles e num plano superior,arde um fogo a certa distância, e entre o fogoe os encadeados há um caminho elevado, aolongo do qual faze de conta que tenha sidoconstruído um pequeno muro semelhantea esses tabiques que os titeriteiros colocamentre si e o público para exibir por cimadeles as suas maravilhas.

– Vejo daqui a cena – disse Gláucon.– E não vês também homens a passar ao

longo desse pequeno muro, carregando todaespécie de objetos, cuja altura ultrapassa ada parede, e estátuas e figuras de animaisfeitas de pedi-a, de madeira e outros mate-riais variados? Alguns desses carregadoresconversam entre si, outros marcham em si-lêncio.

– Que estranha situação descreves, e queestranhos prisioneiros!

– Como nós outros – disse eu. – Em pri-meiro lugar, crês que os que estão assim te-nham visto outra coisa de si mesmos ou deseus companheiros senão as sombras

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projetadas pelo fogo sobre a parede fron-teira da caverna?

– Como seria possível, se durante toda asua vida foram obrigados a manter imóveisas cabeças?

– E dos objetos transportados, não veri-am igualmente apenas as sombras?

– Sim.– E se pudessem falar uns com os ou-

tros, não julgariam estar se referindo ao quese passava diante deles?

– Forçosamente.– Supõe ainda que a prisão tivesse um eco

vindo da parte da frente. Cada vez que fa-lasse um dos passantes, não creriam eles quequem falava era a sombra que viam passar?

– É indubitável.– Para eles, pois – disse eu -, a verdade,

literalmente, nada mais seria do que as som-bras dos objetos fabricados.

– Também é forçoso.– Toma a olhar agora e examina o que

naturalmente sucederia se os prisioneirosfossem libertados de suas cadeias e curadosda sua ignorância. A princípio, quando sedesate um deles e se obrigue a levantar-sede repente, a virar o pescoço e a caminhar

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em direção à luz, sentirá dores intensas e,com a vista ofuscada, não será capaz de per-ceber aqueles objetos cujas sombras via an-teriormente; e se alguém lhe dissesse queantes não via mais do que sombras inanes eé agora que, achando-se mais próximo darealidade e com os olhos voltados para ob-jetos mais reais, goza de uma visão mais ver-dadeira, que supões que responderia? Ima-gina ainda que o seu instrutor lhe fossemostrando os objetos à medida que passas-sem e obrigando-o a nomeá-los: não seriatomado de perplexidade, e as sombras queantes contemplava não lhe pareceriam maisverdadeiras do que os objetos que agora lhemostram?

– Muito mais – disse ele.– E se o obrigassem a fixar a vista na pró-

pria luz, não lhe doeriam os olhos e não seescaparia, voltando-se para os objetos quepode contemplar, e considerando-os maisclaros, na realidade, do que aqueles que lhesão mostrados?

– Assim é – respondeu.– E se o levassem dali à força, obrigan-

do-o a galgar a áspera e escarpada subida, enão o lograssem antes de tê-lo arrastado à

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presença do próprio Sol, não crês que so-freria e se irritaria, e uma vez chegado até aluz teria os olhos tão ofuscados por ela quenão conseguiria enxergar uma só das coisasque agora chamamos realidades?” (Platão,1964, p. 203-204)

* * *

Reproduziu-se aqui uma extensa passagemde A República, entendendo que, por melhorque fossem discutidas as ideias expostas esugeridas por Platão, seriam omitidos detalhesessenciais para a compreensão do assunto ilu-minado por ele, através de um recurso alegóri-co. A natureza do texto do autor, simultanea-mente filosófico e literário, justifica a longatranscrição.

A cena prossegue com a sugestão feita porSócrates para que Gláucon imagine o que acon-teceria se esse prisioneiro, depois de conhecera realidade do mundo exterior à caverna, e decompreendê-la, resolvesse voltar à antiga mo-rada e compartilhar da convivência dos com-panheiros. Ao tentar explicar-lhes as novasdescobertas dos seus sentidos, seria visto comdesconfiança ou tomado como delirante.

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Os outros prisioneiros, que não viveram amesma experiência, recusariam a possibilida-de de fazê-lo, porque a transgressão do conhe-cido, ou a ida ao mundo exterior à caverna dassombras, representaria grave perigo para oequilíbrio do pequeno mundo conhecido edominado.

Assim é que Platão conclui: “esta imagem,amigo Gláucon, deve ser aplicada sem tirar nempôr ao que antes dizíamos. A caverna-prisão éo mundo das coisas visíveis”. (Idem, p. 205)

A filosofia do autor de A República se sus-tenta no pressuposto segundo o qual o conhe-cimento do mundo sensível é ditado pela sub-jetividade do indivíduo, que não conhece osverdadeiros objetos, mas a representação apa-rente, ou a sombra – aquilo que a sua condiçãode prisioneiro dos sentidos lhe deixa perceber.

Platão é suficientemente claro quanto àcrença no que hoje chamamos de natureza ide-ológica do conhecimento, principalmente aoconcluir que a caverna-prisão é o mundo dascoisas visíveis. Mas, além disso, ele vai procla-mar o caráter transcendental do verdadeiroconhecimento, ao colocar a realidade comoinacessível ao homem. Para ele, o verdadeiromundo é o ideal, matriz do plano objetivo sen-

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sível que se reduz a uma simples cópia das for-mas apriorísticas. Isso significa excluir a parti-cipação humana de todo o processo de cons-trução da sua própria realidade, e reduzir ohomem a simples fantoche de uma força – oude uma possibilidade de acontecer – superior.

Ao reconhecer a natureza parcial do conhe-cimento humano, Platão desenvolve a crençana existência de um conhecimento universal etranscendente, que independeria da espéciehumana. Por isso, a sua contribuição ao estu-do da ideologia – avant la lettre – não chega ase constituir numa reflexão específica sobre aquestão, embora, indiretamente, possa ser con-siderada como uma bem sucedida tentativa dedemonstrar a parcialidade do conhecimento,analisando os modos como o homem, atravésda subjetividade, filtra os aspectos do objetoque não lhe interessam, obtendo uma percep-ção do real marcada pela parcialidade.

O problema, para nós que partimos de umentendimento aristotélico, reside na concep-ção platônica da ideia, que, para o criador dosDiálogos, precede a existência dos objetos sen-síveis. Originalmente, aliás, eidos significa ‘fi-gura’, ‘visão’, ‘aspecto’, ‘ideia’, etc., mas o sig-nificado do termo grego ganha uma direção

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particular na filosofia de Platão, onde a ideia éo objeto real do conhecimento, transcendentale existente por si mesmo. É por isto que naconcepção platônica o conhecimento é sem-pre um reconhecimento. Analogamente, essepressuposto reaparece na linguística modernade base cartesiana, principalmente com NoamChomsky, que alia a concepção das ideias ina-tas à teoria da estrutura profunda, sustentadana crença dos modelos universais do pensamen-to, dos quais as línguas seriam manifestações.

O idealismo de Platão, que fez escola nomundo inteiro e ainda persiste nas ciências doséculo XX, foi refutado pelo seu mais desta-cado discípulo, Aristóteles, defensor do rea-lismo filosófico. Enquanto o mestre coloca omundo das ideias fora e acima do mundo sen-sível, superpondo assim dois mundos distin-tos, Aristóteles põe a ideia no próprio objeto.O que produz o homem – afirma o discípulode Platão, ironizando a filosofia do mestre –não é a ideia do homem, mas um outro ho-mem, de carne e osso.

Tal irreverência do grande Aristóteles tam-bém pode ser entendida como uma crítica pre-ventiva ou antecipada, em muitos séculos, aocogito cartesiano. Diante da formulação do

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estagirita seria difícil alguém afirmar: “Penso,logo existo”. A práxis aristotélica alvitraria oantípoda: “Existo, por isto penso”. Mas tem-pos depois surgiu Descartes...

Enquanto Platão desdenha dos objetos con-cretos e proclama a realidade da ideia a elestranscendentes, Aristóteles concebe uma es-trutura unitária onde forma e matéria são soli-dariedades, existindo uma em função da outra.A sua crítica à teoria platônica é incisiva, po-dendo falar-se do seu pensamento como antí-tese do pensamento platônico. Por isso mes-mo, a forte tendência ao empirismo manifes-tada na filosofia aristotélica representou umpasso decisivo para a constituição das ciênciasparticulares.

Numa passagem da Metafísica, Aristótelesvolta a discutir criticamente os pressupostosdo mestre, contra os quais erigiu o seu edifí-cio filosófico:

“Depois dos sistemas que mencionamosvem a filosofia de Platão, que a muitos res-peitos segue esses pensadores, mas tem ca-racterísticas próprias que a apartam da Es-cola Itálica. Tendo-se familiarizado desdejovem com Crátilo e com as doutrinas

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heraclitéias (de que todas as coisas sensí-veis se encontram em perpétuo estado defluxo e não se pode ter conhecimento de-las), manteve mais tarde estas opiniões.Sócrates, no entanto, ocupava-se com ques-tões éticas e negligenciava o mundo naturalcomo um todo, mas buscava o universalnesses assuntos de Ética e, pela primeira vez,aplicou o pensamento às definições. Platãoaceitou a sua doutrina, sustentando, porém,que o problema não dizia respeito às coisassensíveis e sim a entidades de outra espécie– e, por este motivo, a definição comum nãopode versar sobre qualquer coisa sensível,uma vez estas mudavam constantemente. Aessa outra espécie de coisas chamou Ideias(ou Formas), dizendo que os sensíveis eramdenominados de acordo com elas e em vir-tude de uma relação com elas; pois o múlti-plo existe graças à participação nas Ideiasque com eles têm nome em comum. Aquisó existe de novo o termo «participação»,pois os pitagóricos dizem que as coisas exis-tem por «imitação» dos números, e Platão,por «participação», mudando apenas onome. Mas quanto ao que seja «imitação»ou «participação» nas Ideias, deixam a ques-

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Cid Seixas

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tão aberta”. (Aristóteles: Metafísica, 987a 30até 987b 14)

Conforme o uso consagrado, citamos asobras clássicas pela referência tradicional, o quefacilita o confronto do texto tanto pela tradu-ção consultada quanto pelas melhores ediçõesda obra.

A contribuição de Platão ao problema danatureza ideológica do conhecimento huma-no, como se pode depreender do que foi ditoacima, está prejudicada pelas implicações da suafilosofia, de certo modo contraditória comrelação à posição filosófica das correntes quemodernamente estudam a ideologia, sobre ba-ses científicas. Se abstrairmos os princípiospelos quais Platão se norteia, poderemos en-contrar na sua obra trechos de grande utilida-de para a discussão do nosso problema, comoo já transcrito episódio da caverna. Como ado-tamos aqui uma posição francamentearistotélica, a referência à obra de Platão valeapenas como exercício para a compreensão dodesenvolvimento posterior do problema. Em-bora a filosofia de Platão não possa ser utiliza-da como sustentação do fio dos argumentos,ela é imprescindível para o entendimento dosdois pontos de vista abordados neste ensaio.

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A Filosofia da Renascença, ao abandonar osdogmas impostos pelos limites do mundomedieval e promover o retorno do pensamen-to ao espírito clássico, inaugura em bases maissólidas a distinção entre ciência teórica e prá-tica. A primeira está empenhada em compre-ender o mundo; e a segunda, em modificá-lo.Nessa mesma época se reconhece o prestígiodas ciências como conjunto de técnicas, estan-do o homem dividido entre o especular e otentar demonstrar. É nesse quadro que se in-sere a figura do Lorde Francis Bacon, autor dotratado conhecido como Novum organum;cujo título original , conforme o rito de utili-zar o latim como língua científica, é Pars se-cunda operis quae dicitur novum organum siveindicia vera de interpretatione naturae.

O NOVUM ORGANUM,DE BACON,

E A TEORIA DOS IDOLA

Capít ulo I I

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O problema do conhecimento e da inter-pretação da natureza, que havia preocupado osantigos filósofos, é retomado em profundida-de, através da análise das causas que condicio-nam a percepção e conduzem à parcialidade.

Para atingir sua finalidade, ou sua utopia,Bacon opôs o conhecimento do mundo trans-mitido pela linguagem, ou o conhecimentovulgar, ao conhecimento científico; aquele queprocura eliminar as imprecisões do discurso.Enquanto a ciência tenta conceber o mundoex analogia universi, sem comprometer a suaconcepção com as normas de entendimentoparticular, o conhecimento vulgar se verificaex analogia hominis, contendo as variações eas determinações impostas pela condição hu-mana e pelas relações sócioculturais existen-tes.

Paralelamente, ele percebeu de modo níti-do a dicotomia entre a ciência teórica, que ex-plica o mundo, e a ciência prática, que o modi-fica, antecipando as afirmações que Karl Marxfaria três séculos depois. O aforismo da “XITese sobre Feuerbach” parece desenvolver osaforismos de Bacon, como se pode notar nes-tas palavras que constituem a base doposicionamento filosófico do marxismo: “Os

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filósofos não fizeram senão interpretar o mun-do de diversas maneiras: importa agora trans-formá-lo”. (Marx, 1946, p. 63) Assim comoMarx e Engels procuraram sublinhar as finali-dades práticas da filosofia, Bacon, trezentosanos antes, procurou fazer o mesmo com re-lação à ciência, direcionando a sua especula-ção no sentido de alcançar resultados úteis aohomem.

É conveniente sublinhar o fato de tantoMarx quanto Engels terem se tornado respon-sáveis pela modificação sofrida pelo conceitode ideologia, enquanto Bacon é considerado oprecursor das modernas reflexões sobre o fe-nômeno ideológico. Coincidente­mente, tan-to uns quanto o outro, embora tenham se re-ferido poucas vezes, de modo explícito e es-pecífico, à linguagem, deixaram uma contribui-ção de grande importância a respeito da suainfluência sobre a ideologia, e vice-versa, ouda interdependência entre estes dois fatossuperestruturais: linguagem e ideologia.

O autor do Novum organum adverte os seuscontemporâneos para o perigo representadopelo condicionamento ideológico a que estãosubordinadas as doutrinas e concepções cien-tíficas, condicionamento esse imposto não só

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pelas convicções dos seus defensores como,de modo menos perceptível ainda, pelaperspectivação implícita na linguagem verbal,contaminada pelo modo de ver o mundo damassa falante. A crença na relatividade do co-nhecimento, determinado pelo ponto de vistado sujeito cognoscente ou da sua cultura, le-vou o filósofo a observar o modo de atuaçãodos fenômenos que se interpõem ao conheci-mento, como máscaras ou filtros da sonhadaverdade objetiva. No prefácio da sua obra fun-damental, sobre a questão ideológica, Baconafirma no prefácio da sua obra nuclear:

“Todos aqueles que ousaram proclamara natureza como assunto exaurido para oconhecimento, por convicção, por vezoprofessoral ou por ostentação, infligiramgrande dano tanto à filosofia quanto às ci-ências. Pois, fazendo valer a sua opinião,concorreram para interromper e extinguiras investigações. Tudo mais que hajam feitonão compensa o que nos outros corrompe-ram e fizeram malograr. Mas os que se vol-taram para caminhos opostos e asseveraramque nenhum saber é absolutamente seguro,venham suas opiniões dos antigos sofistas,

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da indecisão dos seus espíritos ou, ainda,da mente saturada de doutrinas, alegarampara isso razões dignas de respeito”. (Bacon,1620, p. 11)

Ao mesmo tempo em que o reconhecimen-to da natureza relativa do que é proclamadocomo verdade constitui o assento da mentali-dade científica, a desconfiança metódica repre-senta a consciência do caráter ideológico. Todoinvestigador que se recusa a admitir o condici-onamento ideológico como propulsor dos seusresultados tende a acreditar na validade abso-luta das suas constatações, chegando assim aum sistema fechado e anticientífico pelos seusprincípios e pressupostos. A verdadeira cons-ciência científica é orientada pela convicção deque as atitudes humanas são ideológicas, ca-bendo ao investigador localizar a atuação des-se fenômeno. O estudioso que declara ainaceitabilidade dos pontos de vista dos seusadversários, por se sustentarem numa perspec-tiva falsa, e defende os seus próprios pontosde vista como verdades absolutas e não-ideo-lógicas, está incorrendo numa das formas decondicionamento ideológico mais cegas.

Precisamente por isto, Adam Schaff podeser considerado o redimensionador da concep-

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ção marxista da ideologia, quando admite ocaráter ideológico da sua própria abordagem –a filosofia marxista – e a possibilidade de osseus opositores, a despeito das discordânciasfundamentais, defenderem pontos de vista tãocoerentes quanto os seus (ou, até mesmo, maiscoerentes do que os seus). Para ele, nenhumhomem ou nenhum grupo é detentor do mo-nopólio da verdade, porque esta é uma cons-trução permanente e dialética do espírito.

Num momento em que os pensadores cul-tivavam a ilusão clássica da universalidade daverdade, Bacon recusou esse pressuposto, as-sentado nos monumentos filosóficos de Platãoe Aristóteles, para admitir a contribuiçãosofística, de natureza relativista. Foram os so-fistas, aliás, os primeiros filósofos a insistiremna construção da verdade através da linguagem,quando deram mais ênfase ao processo de for-mação dos objetos do conhecimento do que àsua substância, supostamente imutável. Omodo de formar e ver as coisas passa a ser achave sofística, uma vez que esses filósofosdesmontam o caráter fixo e estabelecido dasconcepções. A constituição do discursosofístico vai representar, também, a constitui-ção do mundo; o que equivale a dizer que a

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realidade linguística interfere na construção darealidade humana.

Não é por acaso que os companheiros deProtágoras cuja doutrina afirma que o homemé a medida de todas as coisas – continuam sen-do vistos com desconfiança, e merecendo orepúdio daqueles que defendem a universali-dade da verdade. A citação de um tradicionalcompêndio escolar de filosofia, de 1934, refle-te o pavor ao pensamento sofístico e o inte-resse em desqualificar estes pré-socráticos:

“Homens venais e sem convicções, ávi-dos de riqueza e de glória que, nesta épocade crise para o pensamento grego, explo-ram, em benefício da própria vaidade ecupidez, o estado de espírito criado pelasespeculações filosóficas e condições soci-ais do tempo. Mais retóricos que filósofos,argutos, artificiosos e eruditos, ensinavamà juventude ateniense, atraída pelos encan-tos da eloquência, a arte de defender o próe o contra de todas as questões, o segredode tirar partido de qualquer situação, gal-gando as mais elevadas posições numa de-mocracia volúvel e irrequieta. Serviam-sedas armas da razão para destruir a própria

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razão e, sobre as ruínas da verdade, erigir ointeresse em norma suprema de ação”.(Franca apud Santos, 1964, p. 378)

O libelo de Leonel Franca contra o pensa-mento sofístico já contém em si mesmo o des-taque do caráter relativista dessa filosofia, cujoestudo constituiria uma importante pesquisasobre a natureza cognoscitiva da linguagem.Quando os sofistas se dedicaram à retórica,compreenderam como o uso das palavras con-duz a uma formação dos conteúdos expressos;razão pela qual Bacon se refere a eles, mesmosem avançar nas questões suscitadas pelo pa-pel da linguagem na filosofia sofística.

A conversão da ideia a respeito dos sofistasem algo pejorativo deveu-se a um preconcei-to, em Atenas, da época de apogeu da civiliza-ção grega, o chamado século de Péricles. En-quanto os demais sábios transmitiam seus co-nhecimentos como uma missão religiosa, e nãocomo uma profissão destinada ao sustento, ossofistas foram postos sob suspeita por teremsido os primeiros filósofos profissionais, an-tecipando a atividade dos modernos pesquisa-dores e docentes de filosofia.

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No mundo grego, muitos filósofos difun-diam seus conhecimentos como uma espéciede sacerdócio. Sócrates atribuiu a sua missãode desenvolver raciocínios através de pergun-tas e diálogos à inspiração ditada por uma di-vindade, a uma determinação sagrada, portan-to. (Platão, 1970, p. 87-88)

Através do texto apologético de Platão,Sócrates credita a sua ação enquanto sábio (otermo filósofo ainda não era usado) a uma for-ça transcendente, que os gregos chamavam dedemônio. Nas crenças da Antiguidade e nopoliteísmo, um demônio era um gênioinspirador da alma, ou uma divindade que pre-sidia o caráter e o destino dos indivíduos. So-mente nas religiões mais novas, é que o termodaimon passou a designar um anjo mau ou umespírito maligno: o diabo cultuado pela civili-zação ocidental cristã.

Heráclito usou esta palavra em seu sentidoconhecido, no aforismo 119: “o ethos é odaimon do ser humano”, o que significa dizerque a casa é o anjo protetor do ser humano. 

Platão, que foi talvez o principal responsá-vel pela má vontade para com os sofistas, eraum homem de posses e também transmitia seusconhecimentos filosóficos sem obter remune-

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ração dos discípulos. Já os sofistas foram umaespécie de professores profissionais. Nummomento em que a democracia grega se sus-tentava no poder argumentativo dos cidadãos,tanto em questões políticas mais amplas quantoem pendências judiciais, aqueles que detinhamconhecimentos capazes de formular raciocíni-os convincentes e aceitáveis conseguiam sesobrepor aos menos hábeis na florescente arteretórica. O ensino dos sofistas possibilitavadesmontar a estrutura do discurso, evidenci-ando suas falhas e ilogicidades enganosas, paraque o indivíduo pudesse tanto se defender dasmesmas ou usar armas retóricas iguais às dosadversários.

A arte de arguir como forma de denunciaros equívocos do adversário também está pre-sente na ironia de Sócrates, com plena aquies-cência de Platão, que, por essa razão, deveriamelhor compreender o método dos sofistas.Rejeitá-los pelo fato de cobrarem pelo trans-missão do seu saber não invalida, naturalmen-te, um conhecimento acumulado.

Observe-se que o termo sofisma, entendi-do como raciocínio, ou mesmo como silogis-mo, identificado com estes filósofos, é redu-zido a um mero engano ou a um logro intenci-

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onal. A maioria dos dicionários continua con-tribuindo, mesmo involuntariamente, para ainternalização dessa ideia. Lembre-se, ainda,que termos como sofisticação, sofismar e ou-tros semelhantes vêm de uma mesma raiz.

Bertrand Russel observa que os professo-res modernos, que não encontram nenhuminconveniente no fato de serem pagos pelo seutrabalho, são os maiores detratores dos sofis-tas. Ocorre ainda que tal preconceito é alimen-tado principalmente pelos professores de fi-losofia de instituições religiosas, conforme oexemplo do padre Leonel Franca, acima cita-do. Para estes, a filosofia, tacitamente, está aserviço dos bons princípios morais e da fé, ou,mesmo, se confunde com as tarefas religiosas;enquanto o magistério dos sofistas, comoacrescenta Russel,

“não se relacionava com a religião ou a vir-tude. Ensinavam a arte de arguir e todo co-nhecimento que pudesse ser-lhe útil. Esta-vam preparados, como os advogados mo-dernos, para mostrar de que maneira se ar-gumenta contra ou a favor de qualquer opi-nião, sem procurar defender suas própriasideias.” (Russel, 1977a, p. 89)

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Ele observa ainda que “o ódio suscitadopelos sofistas”, não só entre o público mas

“quanto ao que se refere a Platão e aosfilósofos subsequentes, foi devido ao seumérito intelectual. A busca da verdade (...)deve ignorar as considerações de ordemmoral; não podemos saber de antemão se averdade acabará sendo o que se julgaedificante, em determinada sociedade. Ossofistas estavam preparados para seguir umargumento aonde quer que o pudesse levar.Às vezes, ela os conduzia ao ceticismo.”(Idem, p. 90.)

A MÁSCARAE O ESPELHO DA BRUXA

Por sustentar a tese segundo a qual saber époder, o autor do Novum organum procuradescobrir as causas da imperfeição do conhe-cimento, distinguindo dois métodos de inves-tigação: a antecipação da mente e a interpreta-ção da natureza. No aforismo número três,Bacon expõe a sua convicção de que a ciênciae o poder do homem coincidem, uma vez quesó se obtêm os fins desejados quando se co-

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nhecem os meios. Desta forma, é preciso obe-decer à natureza, para vencê-la.

Segundo Bertrand Russell, a obra de Baconé extraordinariamente moderna e toda a suafilosofia é prática, procurando dar à humani-dade maior domínio sobre as forças da nature-za, o que se toma possível através de desco-bertas e invenções científicas. Como a filoso-fia de Bacon é eminentemente prática, criticacom severidade o pensamento do estagiritaporque, apesar de Aristóteles ter desenvolvi-do as ciências empíricas, lê-se na Metafísica:

“Que a filosofia não é uma ciência práti-ca, vê-se claramente pela própria históriados primeiros filósofos. Com efeito, foi pelaadmiração que os homens começaram a fi-losofar tanto no princípio como agora; per-plexos, de início, ante as dificuldades maisóbvias, avançaram pouco a pouco e enunci-aram problemas a respeito das maiores,como os fenômenos da Lua, do Sol e dasestrelas, assim como a gênese do universo.E o Homem que é tomado de perplexidadee admiração julga-se ignorante (por isso oamigo dos mitos é, em certo sentido, umfilósofo, pois também o mito é tecido de

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maravilhas); portanto, como filosofavampara fugir à ignorância, é evidente que bus-cavam a ciência a fim de saber, e não comuma finalidade utilitária”. (Aristóteles:Metafísica, 982a 11)

É precisamente no aspecto acima citado queBacon rejeita o pensamento aristotélico, poisesse autor grego acha que o filósofo não temem mira outra vantagem além da vantagem deespecular: “assim como declaramos livre o ho-mem que existe para si mesmo e não para umoutro, assim também cultivamos esta ciênciacomo a única livre, pois só ela tem em si mes-ma o seu próprio fim”. (Metafísica, 982b 25)

Ao recusar o pensamento do autor doOrganum, propondo um Novum organum, afilosofia de Bacon estaria próxima, neste pon-to, da de Marx, atribuindo ao filósofo um pa-pel prático dentro da sociedade em que vive.Assim é que, distinguindo a antecipação damente da interpretação da natureza, Bacon iden-tifica a primeira com o cultivo das ciências e asegunda com a descoberta científica; uma, dan-do continuidade à crença nas verdadesestabelecidas, e a outra, preocupada com no-vas constatações. Nas já citadas Teses sobre

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Feuerbach, Marx diz que saber se o pensamen-to humano consegue atingir uma verdade ob-jetiva não é uma questão teórica, mas uma ques-tão prática. O homem deve demonstrar a ver-dade através da práxis, porque a disputa sobrea realidade ou não do pensamento, quando nãoverificada na prática, é uma questão puramen-te escolástica, para o marxismo. É isto preci-samente que está implícito no pensamento deBacon, quando ele vai desenvolver o métododa interpretação da natureza, sustentando suafilosofia na análise de dados extraídos da ex-periência. A teoria dos idola é um exame dascausas da distorção da consciência pelo espe-lho da mente, visando dar ao homem instru-mentos práticos para o conhecimento da na-tureza.

Como a compreensão humana não é umaluz seca ou pura, mas admite a tintura da von-tade e das paixões, Bacon afirma que ela geraum sistema próprio de valores, uma vez que ohomem se inclina a acreditar mais prontamen-te no que prefere do que nas coisas que efeti-vamente ocorrem. O conhecimento humanosofre a interferência dos ídolos ou das concep-ções falsas que ocupam a razão, dificultando oacesso à verdade objetiva, ou da natureza, e

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constituem obstáculos ao conhecimento cien-tífico.

Acreditando que, se os homens estiveremprecavidos contra esses filtros arbitrários, po-derão se aproximar mais da verdadeira inter-pretação da natureza, Bacon chama a si a tarefade denunciar tais fantasmas, classificando osídolos que bloqueiam a mente humana a partirde quatro grupos assim denominados:

1) idola tribus ou condicionamentos co-muns à própria natureza humana. Em lingua-gem moderna, são os mitos da aldeia global;

2) idola specus ou condicionamentos ineren-tes a cada indivíduo particular, oriundos da suacaverna ou do seu modo pessoal de ver o mun-do e de se relacionar com ele;

3) idola fori, os condicionamentos impos-tos pela tribuna, ou pela linguagem verbal, re-sultantes do consórcio dos homens ou da co-municação;

4) idola theatri, finalmente, os pré-concei-tos trazidos ao espírito humano pelas doutri-nas filosóficas e concepções científicas, religi-osas ou partidárias que constituem o grandeteatro das cultura.

Os ídolos da tribo, ou da espécie humana,são causas de erro porque as percepções dos

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sentidos e da mente são determinadas pela na-tureza humana e não pelo universo. Para Bacon,a asserção de que os sentidos do homem são amedida das coisas é falsa, pois o intelecto é se-melhante a um espelho que reflete de mododesigual os raios das coisas, distorcendo a ima-gem projetada.

Na formulação do conceito dos ídolos dacaverna, idola specus, ele nos lembra, pela de-nominação, o autor de A República, quando dizque, além das falsas interpretações impostaspela natureza humana, cada indivíduo tem tam-bém uma espécie de caverna que intercepta aluz da natureza, seja devido às inclinações sub-jetivas, à educação e à relação com os outros,ou às influências de ordem intelectual. Mas estaformulação, embora partindo de umarecorrência ao texto grego, não se confundecom o idealismo transcendente de Platão, queatribui às ideias o papel de criadoras da reali-dade; Bacon, pelo contrário, defende a cola-boração dos elementos externos com os in-ternos para a constituição da realidade huma-na, ou melhor, sublinha a necessidade de serestabelecer o predomínio do natural sobre oconvencionado. A propósito, Russell comen-ta a afirmativa de Bacon segundo a qual “Não

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devemos ser nem como as aranhas que tecemempregando coisas tiradas de si próprias, nemcomo as formigas, que simplesmente as co-lhem, mas como as abelhas, que colhem e or-denam”. (Bacon apud Russell, 1977c, p. 65)

Para o autor do Novum organum, o univer-so natural, ou tal como existente na natureza,comporta a desordem dos elementos, sendo,portanto, pouco sistemático para a nossa com-preensão. É a razão dos indivíduos, mediantea colaboração social, que atribui uma ordem euma classificação aos fatos, constituindo ouniverso humano. Com isso, ele não está iden-tificando a natureza com o caos, mas estabele-cendo a diferença entre ordem natural e or-dem racional ou humana. De certo modo, essaideia vai reaparecer de forma mais elaboradaem Cassirer, quando distingue o universo físi-co do universo simbólico. (Ver adiante Cap.V, item II.)

O SIGNO, ESTETRAIDOR DO REAL

A filosofia de Bacon considera a comunica-ção dos homens responsável pela formação epela transmissão dos diversos obstáculos ao

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conhecimento, pois são os idola fori que, jun-tamente aos idola tribus, atuam mais decisiva-mente sobre o espírito humano. Enquanto oprimeiro tipo de ídolos nasce da relação doshomens nas sociedades, o segundo se originada própria natureza humana, sendo portantoincomparáveis aos demais. Bacon afirma queos idola fori

“são de todos os mais perturbadores: in-sinuam-se no intelecto graças ao pacto daspalavras e nomes. Os homens, com efeito,crêem que sua razão governa as palavras.Mas sucede também que as palavras volveme refletem suas forças sobre o intelecto, oque torna a filosofia e as ciências sofísticase inativas. As palavras, tomando quase sem-pre o sentido que lhes inculca o vulgo, se-guem a linha de divisão das coisas que sãomais potentes ao intelecto vulgar. Contu-do, quando o intelecto mais agudo e a ob-servação mais diligente querem transferiressas linhas para que coincidam mais ade-quadamente com a natureza, as palavras seopõem”. No mesmo parágrafo deste aforis-mo, acrescenta ainda: “Daí suceder que asmagnas e solenes disputas entre os homens

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doutos, com frequência, acabem em con-trovérsias em tomo de palavras e nomes,caso em que melhor seria (conforme o usoe a sabedoria dos matemáticos) restaurar aordem, começando pelas definições. E mes-mo as definições não podem remediar to-talmente este mal, tratando-se de coisasnaturais e materiais, posto que as própriasdefinições constam de palavras e as palavrasengendram palavras.” (Bacon, Novumorganum, Livro I, aforismo número LIX)

Dessa forma, o autor escritura a diferençaentre o plano da natureza e o plano da lingua-gem ou da cultura, apontando o fato de as pa-lavras não conseguirem representar a realida-de tal como ela é, mas como parece à comuni-dade falante. Ele sabe que são os homens, atra-vés dos processos sociais de convenção, queestabelecem os limites semânticos do signolinguístico; e compreende a dialética verbal,quando afirma que as palavras volvem e refle-tem suas forças sobre o intelecto. Linguistas eantropólogos gastaram alguma tinta no séculoXIX e no início do seguinte para discutir seera a língua que influenciava a cultura ou a cul-tura que influenciava a língua, sem terem che-

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gado a uma conclusão satisfatória. Se tivessemobservado melhor a proposição de Bacon, nãose colocariam em pólos opostos nem tentari-am ignorar a inter-relação do homem com alíngua. É essa dialética, ou esse processo dedeterminação recíproco, que distingue a lín-gua dos códigos artificiais, conferindo à pri-meira a produtividade e a criatividade que as-seguram a permanente mudança. Não fosse atroca de influência, a língua se reduziria a umcódigo estéril, o que se pode observar quandoo povo falante de um idioma deixa de existir;esse idioma perde a produtividade e tende a seidentificar com um simples código formal,como é o caso do latim nos nossos dias. Daí,inclusive, a designação de língua morta,criticável porque o epíteto está comprometi-do com a crença na hipótese natural ou divinado fenômeno linguístico, mas compreensívelpor flagrar a ausência da produtividade.

A ideologia da linguagem nasceria, assim,quando se distorce a natureza dos objetos evo-cados. As palavras tomam o sentido atribuídopela massa falante e traçam uma linha de divi-são das coisas tal como parece ao homem. ParaBacon a classificação e o ordenamento do uni-verso empreendidos pela língua obedecem ape-

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nas à intuição dos seus falantes, estando sujei-tos aos equívocos provenientes da percepçãohumana. Mesmo quando o observador maisarguto tenta transferir essas linhas demarca-doras dos objetos conhecidos, para que seaproximem da natureza, a linguagem se opõeao trabalho, conduzindo o pensamento atra-vés dos caminhos abertos pela prática verbal.

Os ídolos da linguagem podem interferir naformação e na modificação dos demais, que sãotransmitidos através desse sistema de organi-zação e comunicação, estando sujeitos, portan-to, aos seus filtros ideológicos. É através deuma língua comum que múltiplas individuali-dades – que na diversidade desfrutam da uni-dade definidora do gênero humano – consti-tuem conjuntos menores que a espécie e mai-ores que o indivíduo. As nações, as culturasou os povos, unidos por uma língua comum atodos os membros desse condomínio, repre-sentam também um consórcio ideológico, ouseja, um conjunto de crenças e modos de ver eorganizar o mundo, estabelecidos e compar-tilhados pelo contrato social.

Bacon identifica os ídolos da linguagem –idola fori – através dos processos comunicativosentre os homens, dos quais eles se originam:

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“Há também os ídolos provenientes, decerta forma, do intercurso e da associaçãorecíproca dos indivíduos do gênero huma-no entre si, a que chamamos de ídolos doforo devido ao comércio e consórcio entreos homens. Com efeito, os homens se as-sociam graças ao discurso, e as palavras sãocunhadas pelo vulgo. E as palavras impos-tas de maneira imprópria e inepta bloque-iam espantosamente o intelecto. Nem asdefinições, nem as explicações com que oshomens doutos se munem e se defendem,em certos domínios, restituem as coisas aoseu lugar. Ao contrário, as palavras forçamo intelecto e o perturbam por completo. Eos homens são, assim, arrastados a inúme-ras e inúteis controvérsias e fantasias”.(Idem, aforismo XLIII.)

Esse perigo representado pela sugestão ide-ológica das palavras ainda hoje persegue os eru-ditos; as definições operacionais e as explica-ções, às vezes, não são suficientes para desfa-zer os mal-entendidos de uma hipótese, advin-dos menos dela e mais dos termos emprega-dos para designar os conceitos. Na linguística,temos o exemplo da palavra “evolução”, para

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significar o resultado da dinâmica da língua,que passou a se chamar “mudança”, pois a in-sistência dos linguistas no fato de tal evoluçãonão implicar um aperfeiçoamento dos meiosexpressivos, mas uma simples modificação ouadequação às necessidades ou preferências dofalante, não foi capaz de desfazer os equívo-cos. Os antropólogos, por sua vez, exorcizamas designações do tipo “sociedades primitivas”,muito comuns até o início do século, mas hojerecusadas, para sublinhar a pretensa identida-de cultural dos estudiosos para com os povosde vida selvagem.

É preciso observar que a recusa de um ter-mo pelo seu compromisso ideológico podeimplicar também uma tentativa do erudito denegar a sua ideologia. A psicanálise demonstracomo o homem elabora reaçõesdiametralmente opostas aos estímulos, paramascarar seus verdadeiros conteúdos. As neu-roses são reações típicas desse processo de dis-simulação inconsciente (ou consciente). As-sim, quando a “identidade” ou a “generosida-de” de um estudioso procura uma expressãoeufêmica para designar as sociedades primiti-vas, está incorporando o fantasma de que serprimitivo ou selvagem representa uma desvan-

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tagem com relação ao modo de ser de outrospovos, quer o chamemos de civilizado, deri-vado (em oposição a primitivo) ou complicado(em comparação à simplicidade primitiva). Épor isso que ao longo deste livro nos opomos,neste e em outros pontos, à rigidez estrutura-lista, representante de certas neuroses idealis-tas e de incertos não-me-toques do derrocadohomem deste final do século XX.

O recalque de um desejo idealizado podeeclodir depois, sob a forma de sublimação oude sintoma. Segundo a teoria freudiana, orecalcamento é consequência de uma contra-dição insolúvel no estado de consciência.Como, por ironia, falamos em neuroses idea-listas, isto é, neuroses advindas do conflitoentre o ser real e o ser ideal, universal e teóri-co, cabe lembrar que as neuroses advêm da re-pressão (ou do recalque) de uma pulsão e deuma posterior reaparição disfarçada, em for-ma de sintoma.

Explicitando a teoria de Freud, Reich dizque

“o sintoma contém simultaneamente a mo-ção pulsional contra a qual o sujeito se de-fende e a própria defesa: o sintoma dá con-

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ta de duas tendências opostas. Em que resi-de então a dialética do modo de formaçãodo sintoma? O eu do indivíduo está sub-metido à pressão de um «conflito psíqui-co». A situação contraditória, constituídapela exigência pulsional por um lado e pelarealidade que recusa ou sanciona a satisfa-ção por outro, exige uma solução. O eu édemasiado fraco para desafiar a realidade,demasiado fraco também para dominar apulsão.” (Reich, 1977, p. 74-75)

Hjelmslev, nos Prolegômenos a uma teoriada linguagem, uma das mais importantes pro-duções do estruturalismo saussuriano, chegaa propor o uso de uma metalinguagem especí-fica e absolutamente neutra, em que todos ostermos têm seu uso precedido por uma defi-nição, como condição sine qua non à suaglossemática; nome por ele mesmo atribuídoà teoria da linguagem resultante das suas pes-quisas, em cujo contexto as precisas definiçõesdos termos pretendem alcançar um rigor si-milar ao das formulações algébricas.

Esse artifício serviria para diminuir a tira-nia das imposições ideológicas contidas no dis-curso da cultura, quer sob a sua forma colo-

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quial quer científica. Alguns linguistas consi-deram tal postura de fundamental importân-cia, não obstante outros critiquem severamentea proposta, quando confrontada com a práti-ca.

Não é sem causa, portanto, que FrancisBacon já considerava os ídolos da linguagemcomo os mais perturbadores, os que mais de-cisivamente atuam sobre a consciência do ho-mem, pois é difícil traçar um divisor de águasentre o que é, puramente, a consciência, en-quanto coisa em si, e o que é a linguagem, for-ma prática de a consciência existir e se mani-festar como tal para as outras consciências.

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A tradição cartesiana propunha a existên-cia de ideias inatas, presentes no cérebro hu-mano, o que implica a desvinculação da lin-guagem com o conhecimento. O empirismo,por sua vez, afirma que a ideia é um objetosimbólico que substitui o mundo objetivo namente humana. Para Locke, a mente é um pa-pel em branco, desprov ido de todos oscaracteres, onde a experiência grava a totali-dade dos materiais do conhecimento adquiri-do.

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A filosofia de Bacon, apesar de denunciar ocaráter ideológico do conhecimento humano,não se opõe à crença segundo a qual a verdadeé um fato absoluto ou universal. A sua preo-cupação em adequar o pensamento humano ànatureza termina por estabelecer o culto domundo natural, como verdadeiro, negligenci-ando o mundo social que, apesar de ser umresultado de convenções e construções huma-nas sobre o simbólico, não é menos verdadei-ro. De certa forma, o empirismo de Locke vairetomar a linha das investigações de Bacon,tentando conciliar o estudo dos fatos que seopõem ao conhecimento com a análiseempírica dos processos cognoscitivos.

IDEOLOGIA E DISCURSO:DO RENASCIMENTO

AO ROMANTISMO

Capít ulo II I

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Sobre a importância do pensamento de JohnLocke, o simples fato de o empirismo inglêsvir a mudar o curso da filosofia, até então debase cartesiana, é suficientemente esclarecedor.Sua obra vai se levantar contra o mentalismode Descartes e erigir a experiência como a fontedo conhecimento. O próprio Kant, que maistarde conseguiu atenuar a influência lockiana,restaurando a mentalidade idealista, acredita-va ter feito uma síntese das escolas de Descar-tes e de Locke. O desenvolvimento posteriordo idealismo, no entanto, demonstra o con-trário: a linha que vem de Platão, passando porDescartes e por Kant, é distinta de uma outra,realista, que se origina em Aristóteles, incor-porando o empirismo de Locke e resultandono materialismo dialético de Marx.

A teoria do conhecimento lockiana vai erigira linguagem à condição de condutora e detransmissora da verdade, chegando mesmo aconstatar a impossibilidade de o homem dis-tinguir a verdade real da verdade verbal. Em-bora classifique as proposições como mentaise verbais, Locke admite a impossibilidade dese operar com categorias puras, pois é inevitá-vel, com referência às proposições mentais,usar palavras, e desse modo elas deixam de ser

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simplesmente mentais, para se tomarem ver-bais.

Leia-se, a propósito, a seguinte passagemdo Ensaio acerca do entendimento humano deLocke:

“E o que faz com que seja ainda mais di-fícil tratar separadamente as proposiçõesmentais das verbais decorre do fato de quea maioria dos homens, se não todos, em seuspensamentos e raciocínios consigo mesmos,faz uso de palavras em lugar de ideias, aomenos quando o assunto de sua meditaçãocontém ideias complexas. Quando forma-mos quaisquer proposições com nossospróprios pensamentos acerca de branco oupreto, doce ou amargo, um triângulo ou umcírculo, podemos e frequentemente forma-mos em nossas mentes as próprias ideiassem refletir sobre os nomes. Mas, quandoconsideramos ou formamos proposições arespeito das ideias mais complexas, comode um homem, vitríolo, fortitude, glória,substituímos usualmente a ideia pelo nome;porque as ideias que estes nomes significam,sendo em grande parte imperfeitas, confu-sas e indeterminadas, refletimos acerca dos

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próprios nomes, porque são mais claros,certos e distintos, e mais prontos para ocor-rer em nossos pensamentos do que as ideiaspuras; e, deste modo, usamos essas palavrasno lugar das próprias ideias, mesmo quan-do queremos meditar e raciocinar interior-mente e formar tacitamente proposiçõesmentais”. (Locke: Ensaio acerca do enten-dimento humano, Livro IV: Conhecimentoe opinião, Cap. V, item 4)

A tradição cartesiana propunha a existên-cia de ideias inatas, presentes no cérebro hu-mano, o que implica a desvinculação da lingua-gem com o conhecimento. O empirismo, porsua vez, afirma que a ideia é um objeto simbó-lico que substitui o mundo objetivo na mentehumana. Para Locke, a mente é um papel embranco, desprovido de todos os caracteres,onde a experiência grava a totalidade dos ma-teriais do conhecimento adquirido.

É a partir da tradição mentalista que se falamais enfaticamente em pensamento puro, ra-zão pela qual Locke considera esse tipo opera-ção no seu tratado. Mas ele se dá conta de queé difícil o homem desenvolver um pensamen-to não verbal, pois são as palavras que forne-

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cem ao cérebro os conjuntos de ideias pré-for-madas pela sua cultura. Enquanto o homempode dispensar as veredas da língua ao refletirsobre coisas extremamente simples, derivadasda sua percepção direta (se é que existe umapercepção direta e não mediada pela lingua-gem), não pode fazer o mesmo quando operacom conceitos abstratos e mais complexos.

O pensamento obedece a um ordenamentosemiótico, sendo geralmente a língua a semió-tica básica, que propõe as noções mais simples,a partir das quais são formadas as mais com-plexas. Se alguém tentar pensar através de umsistema não verbal, terá que construir seus pró-prios módulos ideativos, a partir da operaçãodo pensamento – o que seria penoso e retar-daria o raciocínio acerca do objeto pretendi-do. Mas suponhamos que um indivíduo inte-ressado em pensar sem a interferência da lin-guagem desejasse refletir sobre a criação domundo: para não sofrer a influência ideológi-ca contida na língua dos seus contemporâne-os, ele começaria por estabelecer suas própri-as noções de objetos como mundo, universo,deus, etc., construindo os sinais ou as expres-sões capazes de evocar mais prontamente, nomomento conveniente, estes conceitos. Assim,

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ele construiria sua própria língua, destinada asubstituir a língua social que lhe possibilitou oacesso ao conhecimento acumulado pelas ge-rações precedentes e pelos seus contemporâ-neos.

Como mostram os estudos psíquicos, esteseria um caso a ser visto como exceção à regra,não podendo, portanto, ser considerado pelateoria da linguagem ou pela teoria do conheci-mento como prova da existência do pensamen-to não verbal. Em condições normais, o ho-mem pensa solidariamente ao seu povo, isto é,através da sua língua, sofrendo as restrições eas imposições sociais contidas nas suas formasdo conteúdo e nas suas formas da expressãoconstruídas socialmente pela língua de umpovo.

Tal pensamento não verbal, além de extre-mamente difícil e improvável, pois o simplesexercício do discurso cotidiano conduz a ra-zão pelas trilhas da linguagem, seria uma ano-malia do ponto de vista social. Essa espécie demonstro teórico serviria apenas para ilustraros argumentos dos cartesianos, antigos e atu-ais, que tentam demonstrar a ausência de rela-ções entre o conhecimento e a prática. Se ti-vermos em mente o fato de as concepções

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cartesianas atuais se originarem na crença se-gundo a qual Deus fez o homem à sua imageme semelhança; inoculado do saber e da lingua-gem; perceberemos que os requintados edifí-cios filosóficos destinados a negar o papel daprática na construção do conhecimento – eimplicitamente da linguagem – são formaspretensamente científicas de defender umdogma antigo.

Voltemos então a Locke, que parte do pres-suposto segundo o qual a experiência constróio conhecimento, sendo a linguagem o instru-mento mediador. Como este instrumento podeser utilizado de forma imprecisa, o conheci-mento resulta imperfeito, consistindo nisso aprincipal contribuição do autor para o moder-no estudo da ideologia. A linguagem assumeum papel tão importante no conhecimento quetermina impondo as suas categorias comomodelos:

“Elas são reuniões de ideias unidas ao bel-prazer da mente, seguindo os próprios ob-jetivos do discurso e seguidas por suas pró-prias noções; por meio do que não se de-signa para copiar nenhuma coisa realmenteexistente, mas para denominar e classificar

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coisas concordantes com esses arquétiposou formas por ela estabelecidos”. (Locke,Ensaio acerca do entendimento humano, Li-vro III: Palavras, Cap. IX, item 7)

Como Locke admite que um homem nun-ca forma os seus conceitos de modo inteira-mente igual a outro, mesmo quando ambosfalam a mesma língua, a imprecisão resultantedaí dificulta o conhecimento e, através da prá-tica ao longo do tempo, constrói sistemas deopiniões diversos, contidos num modo de fa-lar, ou num idioleto, em oposição a outro, ounuma língua, em oposição a outra língua.

Os problemas linguísticos estão, de tal for-ma, ligados aos problemas do conhecimentoque, para Locke, os debates mais controverti-dos acerca de questões diversas são, em últimainstância, debates sobre o significado das pa-lavras arroladas para designar os conceitos dis-cutidos; “assim toda disputa que decorre dis-so é apenas sobre o significado do som”.(Ibidem, item 9) E no sexto item do mesmocapítulo, ele observa:

“Mas quando uma palavra significa umaideia muito complexa, que é composta e de-

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composta, não é fácil para os homens for-mar e reter esta ideia com tal exatidão a pon-to de fazer com que o nome em uso ordi-nário signifique exatamente a mesma ideia,sem a menor variação. Por isso, aconteceque os nomes dados pelos homens a ideiasmuito complexas, tais como são em grandeparte as palavras morais, têm raramente emdois diferentes homens o mesmo significa-do, desde que a ideia complexa de um ho-mem raramente concorda com a de outro,e frequentemente difere da sua própria, daque tinha ontem ou terá amanhã.”

O conteúdo das palavras está, portanto, in-timamente relacionado à formação dos con-ceitos, o que equivale a dizer que, para a teoriado conhecimento de Locke, o significado ex-presso pela linguagem não é uma entidade deexclusiva competência linguística, mas se con-funde com o próprio mundo do homem.

Não é por acaso que o Ensaio acerca do en-tendimento humano é dividido em quatro li-vros assim denominados: Livro I: “Nem osprincípios nem as ideias são inatos”; Livro II:“As ideias”; Livro III: “Palavras”; e Livro IV:“Conhecimento e opinião”.

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No Livro I, ele se coloca contra os pressu-postos de Descartes, procedendo, no segun-do, à análise das ideias e da sua origem. Comotal pesquisa implica a observação do meio deaquisição do conhecimento, o terceiro analisao papel desempenhado pela linguagem nesseprocesso, preparando o terreno para as obser-vações do Livro IV, onde a palavra é tomadacomo ponto de partida para o conhecimentohumano dos problemas mais complexos.

Embora a condição de Locke de iniciadordo empirismo não lhe permitisse ainda chegara conclusões que contrariassem mais radical-mente as crenças estimuladas pela tradição, osseus argumentos representam uma importan-te contribuição para a hipótese aqui defendidasegundo a qual a verdade é a coerência das pro-posições verbais.

DE LOCKEA DESTUTT DE TRACY

Quando a mentalidade romântica estabele-ce seu domínio sobre a filosofia, a criação ar-tística e a literária, assim como sobre as de-mais manifestações da cultura dos povos oci-dentais, o século XIX – contraditoriamente –

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recebe também o influxo de várias tendênciasde pensamento desenvolvidas na Renascença.

Ao longo deste capítulo, falamos na filoso-fia do Renascimento e na filosofia do Roman-tismo sem levar em conta os momentos inter-mediários, incluindo aí a consequência maisplena da Renascença: o Iluminismo. Por umaquestão de comodidade operacional, falamosem Bacon, Descartes, Locke e outros comopensadores do Renascimento; e em Rousseau,Destutt de Tracy, Marx etc. como do Roman-tismo. Na verdade, o critério é defensável sobo seguinte aspecto: o que chamamos de filo-sofia do Renascimento é um tipo de pensamen-to restaurador do espírito clássico, onde asrelações socioeconômicas eram diferentes da-quelas implantadas a partir da época chamadade romântica. Tal critério pode ser considera-do simplista, mas está ancorado na constataçãode Marx segundo a qual o estabelecimento dosistema capitalista condicionou inteiramenteo pensamento e os valores das sociedades e dosindivíduos submetidos a novas relações, opon-do-se assim ao pensamento e aos valores ante-riormente vigentes. O Romantismo foi toma-do aqui como a coroação plena dos valores ca-pitalistas desenvolvidos desde o enfraqueci-

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mento do feudalismo e o início das guerras desaque sob pretexto falsamente religioso.

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Se a tradição cartesiana e idealista vai en-contrar ressonância, graças às suas raízes me-dievais e escolásticas, compatíveis com o espí-rito romântico, por outro lado, o empirismose adequaria às inclinações construtivistas pre-sentes na nova mentalidade.

Uma das sínteses mais representativas dasinquietações que caracterizam essa época ro-mântica é o sistema filosófico edificado porKarl Marx que, ao retomar o pensamentohegeliano, instaura a filosofia da práxis, onde adialética consegue incorporar a contribuiçãode tendências opostas e inconciliáveis para opensamento pré-marxista.

A importância atribuída à prática por Marxe pelo seu imprescindível co-autor, FriedrichEngels, vai atender aos anseios de modifica-ções da ordem estabelecida que norteiam ohomem romântico. Esse é um momento emque o espírito humano se debate entre a con-templação e a ação, movido pelos sentimentos

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de pessimismo e inutilidade dos vencidos, e derevolta e desespero dos que resistem.

Desse modo, enquanto o idealismoradicalizado por Descartes domina algumascorrentes do pensamento do século XIX, a fi-losofia de Locke tanto impressiona os culto-res dessa tradição quanto fornece as bases desustentação de novas tendências científicas efilosóficas. É esse clima um tanto confuso quevai gerar o aparecimento dos chamadosideólogos franceses, preocupados em associaruma prática política mais justa à interpretaçãodas ideias arroladas no palco dos conflitos.Cada vez mais o homem sente com nitidez apresença de sistemas de organização do pen-samento divergentes entre si, por ordenaremas ideias a partir de princípios conflitantes.Mais do que antes, os homens estão sob o sig-no da ideologia, essa força estranha que preci-sa ser conhecida e desmascarada.

O termo foi registrado pela primeira vez,na França, por Destutt de Tracy, que em 1801publicou Les eléments de l’ideologie, obra des-tinada a estudar a formação das concepçõesresponsáveis pela orientação intelectual do in-divíduo e dos grupos. A palavra foi propostapara designar a análise das sensações e das

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ideias, segundo o modelo de Condillac que,por sua vez, teria desenvolvido o pensamentode Locke.

Para o autor do Ensaio acerca do entendi-mento humano, um sinal inequívoco de amor àverdade é não defender proposição alguma commaior segurança do que a permitida pelas pro-vas sobre as quais ela se edifica. Visto que asideias não são inatas, mas adquiridas mediantea experiência, tipos de experiência diferentespodem conduzir o homem a pressupor os ob-jetos do conhecimento diferentemente, engen-drando visões de mundo diversas. É por istoque Locke refuta os pontos de vista dosescolásticos acerca da essência, propondo umateoria que se opõe a todas as outras de baseplatônica:

“A medida ou limite de cada classe ou es-pécie, por meio da qual é constituída estaclasse particular, e distinguida das outras, éa isso que denominamos essência, que nadaé exceto esta ideia abstrata para a qual onome é anexado, de sorte que tudo contidonesta ideia é essencial a esta classe”. (Locke,Livro III: Palavra, Cap. VI, item 2)

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A essência do objeto é, portanto, o resulta-do dos limites que o conhecimento humanotransmitido pela língua traça para o referidoobjeto. Em outras palavras, Locke diz que oslimites das espécies pelas quais os homens clas-sificam as coisas são estabelecidos pelos pró-prios homens. Daí, Russell (1977c, p. 141),interpretando o pensamento lockeano, con-cluir com propriedade lógica: “As diferentesespécies não são um fato da natureza, mas dalinguagem”.

A teoria do conhecimento de Locke vai dis-tinguir a essência nominal da essência real: aprimeira é constituída pelo que o homem apre-ende do objeto, os conceitos atribuídos e aspropriedades conhecidas, enquanto a essênciareal é a constituição das partes insensíveis dessecorpo. É evidente que existe uma defasagementre essência nominal e essência real, sendoesse campo de discrepância que vai criar a di-versidade das concepções, possibilitando aoshomens extraírem dos objetos conceitosconflitantes entre si, pois tais conceitos isola-dos derivam de uma visão parcial ou de umaimpressão superficial.

Em termos atuais, o aparato ideológico doindivíduo faz com que ele, ao conhecer um

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objeto determinado, dê um corte que só apre-ende certos aspectos, convenientes aos seusfins, deixando de lado características que po-dem caber nos limites da visão de um outroindivíduo. A inteligência e a sensibilidade dohomem selecionam as partes da natureza a se-rem apreendidas, obedecendo essa seleção ainteresses e inclinações dos indivíduos ou gru-pos de indivíduos, assim como às proprieda-des dos aparelhos de apreensão e percepção,que foram desenvolvidas de forma a percebertais ou quais elementos. Um exemplo extraí-do do dia-a-dia pode bem ilustrar como os in-divíduos diferem no seu modo de perceber: umhomem que foi privado da visão apura o tato eoutros sentidos de modo a serem capazes deressaltar qualidades de um corpo que são im-perceptíveis ao nosso aparelho de apreensão.Assim, também em circunstâncias considera-das normais, obedecendo a impulsos subjeti-vos e sociais, os indivíduos desenvolvem dife-rentemente a sensibilidade e o modo de ver eclassificar o mundo objetivo.

Tais fatos não passaram despercebidos aosolhos dos ideólogos franceses, tanto assim queDestutt de Tracy propôs uma ciência destina-da a estudar os complexos processos de for-

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mação das ideias pelos indivíduos. Para ele,ideologia é o verdadeiro método de conheci-mento do homem, ocupando-se da indicaçãodas origens, limites e grau de exatidão dos meca-nismos de apreensão do mundo pela razão.

Uma palavra criada para designar determi-nada ciência tem o sentido alterado ao longoda sua história, como ocorre com diversas ou-tras palavras que, inicialmente cunhadas paraevocar um objeto, passam a designar uma ca-racterística desse objeto, ou uma propriedadeàs vezes falsamente atribuída a ele.

Contemporânea da Revolução Francesa, apalavra ideologia terminou por se ligar a umgrupo de intelectuais comprometidos com oideal de desenvolver uma ação política maisjusta aos seus princípios, o que só seria possí-vel a partir do estabelecimento de um modode pensar comum, que fosse mais coerente emenos sujeito a distorções.

Originariamente, por conseguinte, o termodesignava a ciência das ideias, tendo depoissofrido as modificações impostas pelo uso epela interpretação disseminada pelos oposito-res do grupo responsável pela sua formulação.

Para Destutt de Tracy, o conhecimento serealiza, em última instância, por meio das ideias

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e das suas operações, razão pela qual a ciênciafundamental deverá ser a ideologia, ou ciênciadas ideias. Mesmo assim, o termo passou adesignar apenas um tipo específico de ideia,ou um sistema determinado do pensamento,em oposição a outros sistemas erigidos sobrebases diferentes. A ideologia deixa, então, dese constituir numa ciência destinada a analisaras diferentes formulações dos conceitos, paraser vista como um conjunto particular deideias, cuja identificação constituía o objetodos ideólogos franceses. O termo ideologia nãomais se refere à ciência que estuda e classificaos sistemas ideológicos, mas designa cada umdos sistemas.

A FANTASIADE NAPOLEÃO

Estando os ideólogos franceses empenha-dos numa prática política que conduzisse a re-sultados mais satisfatórios, sua atitude mera-mente filosófica evoluiu para uma atitude ne-cessariamente participante. Daí o conflito sur-gido entre eles e Napoleão Bonaparte, uma vezque o espírito crítico e o anseio de construçãoda liberdade de pensamento, característicos

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dos ideólogos, foram considerados pela auto-cracia bonapartista como inimigos da socieda-de e do Estado. É como se o grupo de Destuttde Tracy representasse para o Corso uma es-pécie de novos sofistas, capazes de demons-trar a parte contrária da verdade, através dodiscurso.

O responsável pela primeira alteração doconceito de ideologia foi, por conseguinte,Napoleão: o Imperador passou a utilizar o ter-mo em sentido depreciativo, aproveitando-sedo fascínio exercido pelos detentores do po-der sobre alguns espíritos, para caracterizar osideólogos como homens desprovidos de sen-so político e de efetivo contato com a realida-de. A ideologia era vista por Napoleão, inten-cionalmente ou não, como um equívoco, ummodo parcial de ver e interpretar as coisas, emoposição ao modo verdadeiro – ou real – que,naturalmente, seria o seu modo. De modo in-verso, os ideólogos tentavam chamar atençãopara a diversidade de modos pelos quais a ver-dade se apresenta; portanto, nada, além da des-medida onipotência que infla os detentores dopoder, autorizava Napoleão a inferir que ummodo seria falso, em oposição aos demais; pelocontrário, se ele tivesse sabido aproveitar a li-

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ção, veria que a verdade se apresenta fragmen-tariamente nas suas várias manifestações, sen-do uma totalidade extraída dos modos parti-culares.

É precisamente em tais circunstâncias quea palavra vai entrar na filosofia marxista, nomomento em que ideologia era um termo des-tinado a designar as doutrinas desprovidas devalidade objetiva e mantidas por interesses cla-ros ou ocultos dos seus defensores. O manus-crito intitulado A ideologia alemã, um dos pri-meiros trabalhos de Marx e Engels, revela cla-ramente a situação. Infelizmente, a obra só foipublicada anos após a morte de ambos os au-tores, não lhes sendo possível rever a predis-posição herdada contra essa palavra. O fatoprovocou muitos equívocos entre os marxis-tas mais apressados; felizmente, pensadorescomo Gramsci, Lefebvre, Schaff e outros, dis-cutidos ao longo deste ensaio, tiveram o bomsenso de retomar a questão.

Hoje em dia, no âmbito do marxismo, oufora dele, acredita-se que o significado de umaideologia não reside “no fato de ela exprimiros interesses ou as necessidades de um gruposocial; nem consiste na sua verificação empíricanem em sua validade ou ausência de validade

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objetiva; mas simplesmente em sua capacida-de de controlar e dirigir o comportamento doshomens numa determinada situação”.Abbagnano (1970, p. 307-308), que difundeesse conceito, acrescenta ainda, no mesmo tex-to: “Em geral, pode-se denominar ideologiatoda crença usada para o controle dos com-portamentos coletivos”.

Depois de Marx – que durante a permanên-cia em Paris, entre 1844 e 1845, copiou a mãoboa parte dos Elementos de ideologia, deDestutt de Tracy, visando distinguir o sentidoatribuído por Napoleão do sentido original –várias propostas de redefinição foram feitas.Não se pretende neste trabalho fazer uma re-visão histórica do problema, mas tão-somentediscutir aquilo que parece de utilidade para oproblema central tratado.

Voltemos então aos ideólogos franceses,que

“se interesaron grandemente por el análisisde las facultades y de los diversos tipos deideas producidas por estas facultades. Estasideas no eran ni formas (lógicas e metafí-sicas) ni hechos estrictamente psicológicosni categorías (gnoseológicas), aunque de

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algún modo participaban de cada una de és-tas. La ideología es, según Destutt de Tracy,una ciencia fundamental cuyo objeto son losconocimientos. La ideología está íntima-mente ligada a la gramática general, que seocupa de los métodos de conocimiento, yla lógica, que trata de la aplicación del pen-samiento a la realidad”. (Mora, 1975, p. 908)

Para melhor compreensão do sentido ori-ginal do termo, convém remontarmos às fon-tes que teriam influenciado o fundador da ide-ologia como ciência. Para Condillac, a origemdas ideias são as sensações, ou a experiênciasensível; o papel da ideologia é promover a re-dução das ideias à sua origem, o que permitiriaa criação de uma linguagem e de uma gramáti-ca em que, a cada ideia, corresponderia um si-nal linguístico adequado.

Destutt de Tracy julga, de acordo comCondillac, que o pensamento correto é a con-dição da ação política adequada ou justa. “Pre-tendendo alcançar o mesmo grau de certezadas ciências físico-matemáticas, a ideologiapermitiria constituir uma ciência do homemque, por sua vez, seria a base de toda a vida

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política e econômica, o fundamento teórico dasociedade”. (Corbusier, 1974, p. 97)

Julia Kristeva, em A linguagem, esta desco-nhecida, dá ênfase ao livro de Destutt de Tracy,considerando a teoria da linguagem implícitanessa obra. Para o estudo das ideias, Tracy sentea necessidade de compreender as diversas lin-guagens como sistemas de signos: “Todos osnossos conhecimentos são ideias; essas ideiassó nos aparecem quando estão revestidas designos”. (Tracy apud Kristeva, 1974, p. 251)Como a gramática é a ciência dos signos, ofundador da ideologia afirma que ela é a conti-nuação da ciência das ideias.

Adotando uma perspectiva nitidamentesemiológica, Destutt de Tracy não limita o es-tudo das ideias e das suas manifestações à lín-gua ou a uma semiótica verbal. Para ele, “qual-quer sistema de signos é uma linguagem, qual-quer emissão de signos é um discurso; e faça-mos com que a nossa gramática seja a análisede todas as espécies de discursos”. (Idem,ibidem) Essa tentativa de ampliação do objetoda teoria da linguagem, modernamente, foifeita pelo linguista dinamarquês LouisHjelmslev: além de pretender instaurar um

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estudo contrastivo das semióticas, ele alenta ailusão de construir uma metalinguagem parasua teoria, descomprometida com a parciali-dade da linguagem objeto de uso corrente.

Discutindo as colocações de Destutt deTracy, no capítulo consagrado ao estudo dopensamento dos enciclopedistas e da sua épo-ca, no livro Le langage, cet inconnu – traduzi-do em Portugal como História da linguagem –Kristeva ressalta a tentativa universalista do quechama de “semiótica ideológica”. Conformeela percebeu, o autor dos Elementos de ideolo-gia, através da ampliação das funções da gra-mática, pretendeu ordenar qualquer discursosegundo as regras comuns das ideias, prepa-rando as bases onde se pode assentar uma dastendências modernas da semiologia (ou dasemiótica). Mas, por outro lado, é convenien-te ressaltar o fato de toda tentativa universalistaestar comprometida com o idealismo e comsuas crenças em verdades gerais e absolutas –o que afasta as correntes defensoras de taispontos de vista daquelas que partem do prin-cípio da relatividade de todos os valores, porserem condicionados pelas relações sociais.

Finalizando, convém justificar um dos sub-título precedentes deste capítulo, “De Locke

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a Destutt de Tracy”, transcrevendo um trechodos Elementos de ideologia, onde a divisãotripartida nos remete aos livros II: “As Ideias”,III: “Palavras” e IV: “Conhecimento e Opi-nião”, do Ensaio acerca do entendimento hu-mano. Destutt de Tracy, nestas palavras, de-nuncia a presença de Locke:

“A ciência pode ser chamada ideologia,caso se considere apenas seu objeto; gra-mática geral, caso se considerem apenas seusmétodos; e lógica, caso se considere apenasseu objetivo. Qualquer que seja o nome,contém necessaria­mente três subdivisões,já que não se pode tratar adequadamente deuma sem tratar igualmente das duas outras.Ideologia me parece ser o termo genéricoporque a ciência das ideias compreende tan-to a da sua expressão quanto a da sua deri-vação”. (Tracy apud Mannheim, 1976, p. 97)

Para Locke, as proposições verbais e as men-tais são igualmente objetos da teoria do co-nhecimento, tal como concebida no Ensaioacerca do entendimento humano. Os limites dodiscurso coincidem com os limites de todo oconhecimento humano, como anos mais tar-

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Cid Seixas

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de foi percebido pelo lógico Ludwig Wittgens-tein, que, no Tractatus logico-philosophicus, for-mula uma proposição que constitui o núcleorecorrente da sua obra: os limites da minha lin-guagem são os limites do meu mundo.

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Incluem-se neste item tanto as referências às obras cita-das nos cinco volumes de Linguagem, cultura e ideologia quan-to a bibliografia geral consultada e não referenciada.

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coleção oficina do livro112

Cid Seixas

linguagem, cultura e ideologia

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O que é a e-book.br

A Editora Universitária do Livro Digital, identificadacomo e-book.br, é um projeto editorial do CEDAP, com-partilhado por instituições de ensino e pesquisa voltadaspara o trabalho de difusão do livro. Conta atualmente coma participação docente da UEFS, da UFBA e da UNEB,com vistas ao apoio da Biblioteca Nacional.

Os trabalhos publicados pela Editora Universitária doLivro Digital são de acesso gratuito aos leitores.

Propõe-se a funcionar de modo integrado, com nú-cleos independentes, ou unidades editoriais, em institui-ções de ensino e pesquisa. Na qualidade de universidade àqual está ligado o proponente da iniciativa, a UEFS sediaa e-book.br, em cujo campus funciona a Coordenação doprojeto.

Caberá a cada Unidade Editorial criar suas própriasColeções de Livros que, embora com linhas editoriais edesigns gráficos independentes, deverão utilizar a marcada Editora Universitária do Livro Digital | e-book.br.

Os livros eletrônicos da e-book.br também são im-pressos em tiragens destinadas a divulgação, leitura embibliotecas e outras formas de distribuição.

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Mais identificado pelos seus livrose artigos literaturários, Cid Seixas de-dicou-se também aos estudos lin-guísticos, como forma de compreen-der a base ou a ossatura do texto lite-rário. É desse período o seu estudoconsiderado inovador, por alguns es-tudiosos do porte do filólogo Anto-nio Houaiss.

Professor Titular aposentado daUniversidade Federal da Bahia e Pro-fessor Adjunto da Universidade Es-tadual de Feira de Santana, atuou nosprojetos de criação do Mestrado emLiteratura e Diversidade Cultural,bem como da UEFS Editora.

Jornalista e escritor, antes de se tor-nar professor universitário, trabalhouna imprensa como repórter, copy deske editor, atuando em rádio, jornal etelevisão. Fundou e dirigiu um dosmais qualificados suplementos literá-rios dos anos 70, o Jornal de Cultura,publicado pelo Diário de Notícias.

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LINGUAGEM, CULTURAE IDEOLOGIA

Livro I

A NATUREZA IDEOLÓGICADA LINGUAGEM

e-book.brEDITORA UNIVERSITÁRIA

DO L IVRO DIGITAL

A pesquisa de Cid Seixas,situada no limiar dos anos 70 e 80,

sobre a linguagem,numa perspectiva da cultura e da ideologia,

contrariando os estudos imanentesdo estruturalismo, antecipa

importantes questões hoje em debate.É o que nos mostra esta série

de cinco volumes sobre o tema.

https://issuu.com/ebook.br/docs/linguagem1https://issuu.com/cidseixas/docs/linguagem1

http://www.e-book.uefs.brhttp://www.linguagens.ufba.br