a natureza da gestalt

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A Natureza da Revolta da Gestalt 1 2 3 4 5 ( 7 Votes ) As idéias dos psicólogos da Gestalt contradiziam grande parte da tradição acadêmica da psicologia alemã. Nos Estados Unidos, o behaviorismo não se constituiu em uma revolta tão imediata contra a psicologia wundtiana e contra o estruturalismo de Titchener, porque o funcionalismo já provocara mudanças básicas na psicologia americana. O caminho para a revolução da Gestalt não contou com os efeitos assim moderados. As declarações dos psicólogos da Gestalt eram consideradas total heresia. Como a maioria dos revolucionários intelectuais, os líderes da Gestalt exigiam completa revisão da antiga ordem. Köhler declarou: Estamos entusiasmados com o que descobrimos, e ainda mais com a perspectiva de constatar mais os fatos reveladores. (...) a inpiração não veio apenas da novidade do nosso trabalho. Ocorreu também uma grande onda de alívio - como se estivéssemos fugindo de uma prisão. A prisão era a psicologia tal como era ensinada nas universidades, quando ainda éramos estudantes. (Köhler, 1959, p. 728.) Depois que Wertheimer passou a estudar a percepção do movimento aparente, os psicólogos daGestalt começaram a se dedicar a outro fenômeno perceptual. A experiência da constancia perceptual produziu apoio adicional para as suas visões. Por exemplo: quando paramos em frente a uma janela, uma imagem retangular é projetada na nossa retina, mas, quando paramos de lado, a imagem da retina transforma-se em um trapezóide, embora, é claro, continuemos a perceber a janela no formato retangular. A percepção sobre a janela permanece constante, embora a informação sensorial (a imagem projetada na retina) mude. O mesmo ocorre com a constância do tamanho e do brilho em que os elementos sensoriais mudam, mas não a percepção. Nesses casos, assim como no movimento aparente, a experiência perceptual é dotada da qualidade da totalidade ou da integridade não encontrada em nenhuma parte componente. Assim, existe uma diferênça entre o caráter da etimulação sensorial e da percepção em si. A

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Esplanação sobre a abrdagem da Gestalt

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Page 1: A Natureza Da Gestalt

A Natureza da Revolta da Gestalt

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 ( 7 Votes )

   As idéias dos psicólogos da Gestalt contradiziam grande parte da tradição acadêmica da psicologia

alemã. Nos Estados Unidos, o behaviorismo não se constituiu em uma revolta tão imediata contra a

psicologia wundtiana e contra o estruturalismo de Titchener, porque o funcionalismo já provocara

mudanças básicas na psicologia americana. O caminho para a revolução da Gestalt não contou com os

efeitos assim moderados. As declarações dos psicólogos da Gestalt eram consideradas total heresia.

   Como a maioria dos revolucionários intelectuais, os líderes da Gestalt exigiam completa revisão da

antiga ordem. Köhler declarou:

   Estamos entusiasmados com o que descobrimos, e ainda mais com a perspectiva de constatar mais os

fatos reveladores. (...) a inpiração não veio apenas da novidade do nosso trabalho. Ocorreu também uma

grande onda de alívio - como se estivéssemos fugindo de uma prisão. A prisão era a psicologia tal como

era ensinada nas universidades, quando ainda éramos estudantes. (Köhler, 1959, p. 728.)

 

   Depois que Wertheimer passou a estudar a percepção do movimento aparente, os psicólogos

daGestalt começaram a se dedicar a outro fenômeno perceptual. A experiência da constancia perceptual

produziu apoio adicional para as suas visões. Por exemplo: quando paramos em frente a uma janela, uma

imagem retangular é projetada na nossa retina, mas, quando paramos de lado, a imagem da retina

transforma-se em um trapezóide, embora, é claro, continuemos a perceber a janela no formato retangular.

A percepção sobre a janela permanece constante, embora a informação sensorial (a imagem projetada na

retina) mude.

   O mesmo ocorre com a constância do tamanho e do brilho em que os elementos sensoriais mudam,

mas não a percepção. Nesses casos, assim como no movimento aparente, a experiência perceptual é

dotada da qualidade da totalidade ou da integridade não encontrada em nenhuma parte componente.

Assim, existe uma diferênça entre o caráter da etimulação sensorial e da percepção em si. A percepção

não pode ser explicada simplesmente como um conjunto de elementos ou a soma das partes.

   A perepção é um todo, uma Gestalt, e qualquer tentativa de analisá-la ou reduzi-la em elementos a

destruirá.

   Começar com os elementos é começar de forma errada, já que eles são produtos de reflexão e da

abstração, derivados remotamente a partir da experiência imediata e utilizados para explicá-la. A

Page 2: A Natureza Da Gestalt

psicologia da Gestalt tenta retornar a percepção simples, à experiência imediata (...) e insiste em afirmar

que não encontra ali conjuntos de elementos, mas unidades completas; não massas de sensações, mas

árvores, nuvens e céu. E essa afirmação convida todos a verificação, simplesmente abrindo os olhos e

olhando apenas para o mundo de forma simples e cotidiana. (Heidbreder, 1933, p. 331.)

 

   A própria palavra criou dificuldades. Diferentemente do termo funcionalismo ou behaviorismo, ela não

expressa a idéia principal do movimento. Além disso, não existe equivalente exato na lingua inglesa,

embora hoje o termo já faça parte da linguagem cotidiana da psicologia. Os termos equivalentes mais

comuns seriam "froma", "formato" e "configuração".

 

   Na obra Gestalt psychology (1929), Köhler afirmou que a palavra era empregada de duas formas na

Alemanha. Uma que denota forma ou formato como propriedade dos objetos. Nesse

sentido, Gestaltrefere-se às propriedades gerais expressas em termos como angular ou simétrico e

descreve as características como a forma triangular de uma figura geométrica ou o ritmo de uma melodia.

A segunda forma denota a unidade ou a entidade concreta que tem como atributo uma forma ou um

formato específico. E, nesse sentido, a palavra refere-se, digamos, a triângulos, e não à noção de formato

triangular da figura.

 

   Assim, Gestalt pode ser usada para se referir a objetos ou as suas características formais. Além disso,

o termo não se restringe ao campo visual nem mesmo a todo campo sensorial. Ele pode abranger a

aprendizagem, o pensamento, as emoções e o comportamento (Köhler, 1947). É nesse sentido geral e

funcional da palavra que os psicólogos da Gestalt tentaram lidar com toda a área de atuação da

psicologia.

As Influências Anteriores Sobre Psicologia da Gestalt

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As Influências Anteriores Sobre Psicologia da Gestalt

 

   Assim como todo o movimento, as idéias contestadoras da Gestalt tiveram origem em conceitos

anteriores. A base da posição da Gestalt, ou seja, o enfoque na unidade da percepção, encontra-se no

trabalho do filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1894) que, curiosamente, escrevia os seus livros

confortavelmente vestido de roupãoe calçando chinelos. Kant alegava que, quando percebemos o que

Page 3: A Natureza Da Gestalt

chamamos de objeto, encontramos os estados mentais que parecem compostos de partes e pedaços.

Essa idéia é semelhante à proposta dos elementos sensoriais defendida pelos empiristas ingleses e

associacionistas. No entanto, para Kant, esses elementos são organizados de forma que tenham algum

sentido, e não por meio de processo de associação. Durante o processo de percepção, a mente forma ou

cria uma experiência completa. Desse modo, a percepção não é uma impressão passiva e uma

cominação de elementos sensoriais, como afirmavam os empiristas e associacionistas, mas uma

organização ativa dos elementos, de modo que forme uma experiência coerente. Assim, a mente molda e

forma os dados originais da percepção.

    Franz Brentano, da University of Vienna, opôs-se ao enfoque de Wundt acerca dos elementos de

experiência consciente e propôs à psicologia o estudo do ato da experiência. Ele considerava artificial a

introspecção utilizada por Wundt e defendia uma observação menos rígida e mais direta da experiência

na forma como ela ocorre. A visão de Brentano estava mais próxima dos métodos mais recentes dos

psicólogos da Gestalt.

    Ernst Mach (1838-1916), professor de física da University of Praga, exerceu influência mais direta

sobre o pensamento da Gestalt com a obra The analyisis of sensations (1885). Nesse livro, Mach discutia

os padrões espaciais, como as figuras geométricas, bem como os padrões temporais, como as melodias,

e os considerava sensações. Essas sensações de forma do espaço e da forma do tempo independem

dos elementos individuais. Por exemplo: a forma do espaço de um círculo pode ser branca ou preta,

grande ou pequena e ainda manter a qualidade elementar circular.

    Mach alegava que a percepção de um objeto não muda, ainda que modifiquemos nossa orientação em

relação a ele. Uma mesa continua a ser uma mesa se a olharmos de lado, de cima ou de algum ângulo.

Do mesmo modo, o tom continua o mesmo em nossa percepção inclusive quando a forma do tempo é

modificada, ou seja, quando é executada mais lenta ou rapidamente.

 

   Christian von Ehrenfels (1859-1932) estudou as idéias de Mach e propôs qualidades de experiência que

não podem ser explicadas como combinações de elementos sensoriais. Chamou esss qualidades de

Gestalt qualitäten (qualidades de forma), que são percepções baseadas em algo além da aglutinação de

sensações individuais. A melodia é uma qualidade de forma porque parece a mesma até quando

transporta para outra nota. A melodia independa das sensações de que é composta. Para Ehrenfels e os

seus seguidores, a forma em si era um elemento criado pela mente em operação sobre os elementos

sensoriais. Desse modo, a mente seria dotada de capacidade para criar formas a partir de sensações

elementares. Max Wertheimer, um dos três principais fundadores da psicologia da fGestalt, percebeu

que, do trabalho de Ehrenfels , com quem ele estudara em Praga, vinha o maior incentivo para o

movimento de Gestalt.

 

   Willian James, que se opôs à tendência do elementarismo na psicologia, também foi percursor da

escola de psicologia da Gestalt. James considerava os elementos da consciência como abstrações

artificiais. Afirmava que as pessoas vêem os objetos como uma unidade, e não como pacotes formados

de sensações. Outros principais fundadores da psicologia da Gestalt, Kurt Koffka e Wolfgang Köhler,

tomaram contato com o trabalho de James quando foram alunos de Stumpf.

 

   Outra influência anterior foi o movimento ocorrido na filosofia e na psicologia alemãs, conhecido como

fenomenologia, doutrina baseada na descrição imparcial da excperiência imediata na forma como ela

ocorre. A experiência não é analisada nem reduzida em elementos ou abstraída de alguma forma

artificial. Ela envolve uma experiência praticamente ingênua de senso comum, e não uma experiência

relatada por um observador treinado, dotado de orientação ou tendência sistemática.

Page 4: A Natureza Da Gestalt

    Um grupo de psicólogos fenomenologistas trabalhou na University of Göttingen de 1909 a 1915, isto é,

no período em que o movimento da Gestalt estava começando a se desenvolver. O trabalho desses

psicólogos precedeu a escola formal da Gestalt, que mais tarde acabou adotando a visão desse estudo.

 As Mudanças do Zeitgeist na Física - Gestald

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    O Zeitgeist - mais especificamente, a atmosfera intelectual predominante na física - exerceu grande

influência no desenvolvimento da psicologia da Gestalt. Nas últimas décadas do século XIX, as soções

da física tornavam-se cfada vez menos atomísticas com reconhecimento e a aceitação dos campos de

força - regiões ou espaços atravessados por linhas de força como, por exemplo, por corrente elétrica.

 

    O exemplo clássico desse coneito é o magnetismo, propriedade difícil de explicar com base na visão

tradicional de Galileu ou Newton. Por exemplo: quando limalhas de ferro são sucudidas em uma folha de

papel colocada sobre um imã, os pedacinhos formam um padrão característico. Embora as linhalas não

toquem no imã, são obviamente afetadas pelo campo de força existente em torno do magneto.

Acreditava-se que a luz e a eletricidade funcionavam da mesma forma. Esses campos de força eram

considerados entidades novas, e não apenas a soma dos efeitos dos elementos ou das partículas

individuais.

    Desse modo, a noção do atomismo ou elementarismo, tão influente no estabelecimento de grande

parte da mais recente ciência da psicologia, estava sendo reconsiderada na física. Os físicos descreviam

campos e entidades orgênicas completas, proporcionando, assim, munição e apoio para a visão

revolucionária dos psicólogos da Gestalt a respeito da percepção. As noções oferecidas pelos psicólogos

de Gestalt refletiam a nova física. Mais uma vez, os psicólogos esforçavam-se para imitar as ciências

naturais já estabelecidas.

    Hove uma conecção pessoal no impacto da nova física sobre a psicologia da Gestalt. Köhler havia

estudado com Max Planck, um dos criadores da física moderna, e afirmou que, por influência de Planck,

percebera haver uma conexão entre a aula de física e o conceito de unidade da Gestalt. Köhler

testemunhou diretamente na física a crescente retulância em lidar com os átomos e a substituição dessa

idéia pelo enfoque no conceito mais amplo dos campos, e afirmou: "A partir de então, a psicologia

da Gestalt transformou-se em uma espécie de aplicação da física de campo nas áreas essenciais da

psicologia" (1969, p. 77).

Page 5: A Natureza Da Gestalt

    Por outro lado, Watson aparentemente não tomou conhecimento da nova física. Sua escola de

pensamento behaviorista manteve a abordagem reducionista enfatizando os elementos - os elementos do

comportamento. Essa visão é compatível com a antiga perspectiva atomística da física.

O Fenômeno Phi: um Desafio à Psicologia Wundtiana

Gestalt

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   A Gestalt surgiu nas primeiras décadas deste século como uma espécie de resposta ao atomismo

psicológico, escola que pregava uma busca do todo psicológico através da soma de suas partes mais

elementares; o complexo viria pura e simplesmente da reunião de seus elementos mais simples, era uma

escola de adição. A Escola da Forma dizia o contrário: não podemos separar as partes de um todo, pois

dele elas dependem e não faz sentido, pelo menos o mesmo, senão enquanto partes formadoras daquele

todo.

 

Em seu início, havia duas correntes na Gestalt, a dos dualistas e a dos monistas:

 

   Para os dualistas acreditavam existir uma percepção mental que diferiria da sensorial. Sendo assim,

perceberíamos os elementos separadamente e só então eles formariam o todo através de uma ação do

espírito, de uma percepção mental. Um desenho, por exemplo, não é um todo, mas o que estaria

produzindo a forma total que percebemos, o que ligaria seus elementos seria o espírito. Encontram-se

nessa corrente muitos resquícios do atomismo psicológico, enquanto que os monistas realmente

romperam com eles, ao sustentarem que as partes dependem mais do todo que ele destas, que é ele

quem as determina. Para os monistas o esquema da percepção seria, basicamente: estímulos sensoriais

-> forma -> sensação.

 

   Para os monistas, forma e matéria não são separáveis, os elementos de uma forma não existem em si,

singularmente, isso só seria possível através de abstração. Todos os elementos aparecem ao mesmo

tempo, e um observar um ou outro, um tomar um ou outro como figura ou fundo tornaria a experiência

diferente. Cada parte é percebida como elemento formador do todo, pertencente a ele.

 

Page 6: A Natureza Da Gestalt

Organização Perceptual - Assimilação e Contraste; Figura e fundo

 

   Somos bombardeados por estímulos físicos todo o tempo e, para compreendê-los, formamos

organizações perceptuais (termo que se aplica tanto ao processo de organização quanto ao resultado em

si). Há várias maneiras de se organizar esses estímulos, e, de fato, o fazemos, mas de tal modo que

exista sempre apenas uma: nunca há dois tipos de organização em um só momento. Esse

empreendimento se dá de maneira espontânea, inerente ao indivíduo, porém o consciente pode exercer

um papel nesse processo, pois a organização perceptual ocorre dentro e fora da consciência: se a pessoa

quiser, poderá criá-la conscientemente, mas se não o fizer, o inconsciente agirá.

 

   Um ponto importante no processo de organização perceptual é a diferenciação do campo perceptual. A

maneira com que a forma é apresentada pode, por exemplo, suscitar fenômenos como a associação e o

contraste.

   O primeiro destes princípios diz respeito a uma homogeneização das partes da forma a que somos

compelidos quando não há fronteiras entre elas, ou quando não as percebemos. Os contornos se tornam

importantes neste sentido: tendemos a tornar cada parte homogênea em matéria de luz; a assimilação

pode acontecer quando há proximidade, especialmente quando estas áreas próximas não estão

delimitadas. Já o contraste consiste em perceber-se uma diferença maior do que ela realmente é, e

ocorre quando há uma separação das partes, quase de maneira contrária à assimilação.

 

   Observando-se o comportamento espontâneo do cérebro durante o processo de percepção, chegou-se

á elaboração de leis que regem esta faculdade de conhecer os objetos. Estas normas podem ser

resumidas como:

 

- Semelhança: Objetos semelhantes tendem a permanecer juntos, seja nas cores, nas texturas ou nas

impressões de massa destes elementos. Esta característica pode ser usada como fator de harmonia ou

de desarmonia visual.

 

- Proximidade: Partes mais próximas umas das outras,em um certo local, inclinam-se a ser vistas como

um grupo.

 

- Boa Continuidade: Alinhamento harmônico das formas.

 

- Pregnância: Este é o postulado da simplicidade natural da percepção, para melhor assimilação da

imagem. É praticamente a lei mais importante.

 

- Clausura: A boa forma encerra-se sobre si mesma, compondo uma figura que tem limites bem marcado.

 

Page 7: A Natureza Da Gestalt

- Experiência Fechada: Esta lei está relacionada ao atomismo, pensamento anterior ao Gestalt. Se

conhecermos anteriormente determinada forma, com certeza a compreenderemos melhor, por meio de

associações do aqui e agora com uma vivência anterior.

Fundamentos Teóricos

 

Segundo a Gestalt, existem quatro princípios a ter em conta para a percepção de objectos e formas:

 

Tendência à estruturação

 

   Tendência à estruturação é um conceito desenvolvido pela Psicologia da Forma. Explica-se pela

propensão natural do ser humano a organizar ou estruturar os diferentes elementos que se lhe deparam.

Tendemos a agrupar elementos que se encontram próximos uns dos outros ou que são semelhantes

 

Segregação figura-fundo

 

   Explica-nos que percepcionamos figuras definidas e salientes que se inscrevem em fundos indefinidos.

Não se podem ver objectos sem separá-los do seu fundo.

 

Pregnância

 

   Por pregnância das formas, entende-se pela qualidade que determina a facilidade com que

percepcionamos figuras. Percepcionamos mais facilmente as boas formas, ou seja, as simples, regulares,

simétricas e equilibradas.

Constância perceptiva

   Traduz-se na estabilidade da percepção (os seres humanos possuem uma resistência acentuada à

mudança). Existem três grandes tipos de constância: a da grandez (estabilidade de percepção em relação

ao tamanho dos objectos), a da forma (em relação à forma que os objectos normalmente têm) e a

constância da cor (que tem a ver com a quantidade de luz recebida). A constância perceptiva é

particularmente importante porque, graças a ela, o mundo surge-nos com relativa estabilidade.

 

 

Exemplo:

 

   É o caso do cinema. Uma fita cinematográfica é composta de fotogramas com imagens estáticas. O

movimento que vemos na tela é uma ilusão de ótica causada pelo fenômeno da pós-imagem retiniana

Page 8: A Natureza Da Gestalt

(qualquer imagem que vemos demora um pouco para se ‘apagar’ em nossa retina). As imagens vão se

sobrepondo em nossa retina e o que percebemos é um movimento. Mas o que de fato é projetado na tela

é uma fotografia estática, tal como uma seqüência de slides.

Os Princípios da Gestalt

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Os Pricípios da Gestalt sobre a Organização Perceptual

 

   Wertheimer aprensentou os princípios de organização perceptual da escola de psicologia da Gestaltem

um artigo publicado em 1923. Ela alegava que percebemos os objetos do mesmo modo que observamos

o movimento aparente, como unidades completas e não como agrupamentos de sensações individuais.

Esses pricípios da Gestalt seriam as regras fundamentais por meio das quais organizamos nosso

universo perceptual.

 

   Uma premissa subjacente estabeleca que a organização perceptual ocorre instantaneamente, sempre

que percebemos diversos padrões ou formatos. As minúsculas partes do campo perceptual unem-se para

formar estruturas distintas das originais. A organização perceptual é espontânea e inevitável, sempre que

vemos ou ouvimos. Normalmente, não precisamos aprender a formar padrões, como afirmavam os

associacionistas, embora algumas parcepções de nível superior, como nomear os objetos, dependam da

aprendizagem.

 

   De acordo com a teoria da Gestalt, o cérebro é um sistema dinâmico em que todos os elementos ativos

interagem em determinado momento. A área visual do cérebro não responde separadamente aos

elementos individuais do estímulo visual, conectando-os mediante algum processo mecânico de

associação. Ao contrário, os elementos similares, ou bem próximos, tendem a se combinar, e os

elementos diferentes ou distantes, a não se combinar.

 

   Listamos a seguir vários princípios de organização perceptual ilustrados na figura12.1.

 

Page 9: A Natureza Da Gestalt

1. Paroximidade. 

 

As partes bem próximas umas das outras no tempo e no espaço pareçem unidas e tendem a ser

percebidas juntas. Na figura 12.1(a), percebemos círculos nas três colunas duplas e não apenas como um

grande conjunto.

 

2. Continuidade.

 

Há uma tendência de a nossa percepção seguir uma direção para conectar os elementos de modo que

eles pareçam contínuos ou fluir em uma direção específica. Na figura 12.1(a), a tendência é seguir as

colunas com pequenos circulos de cima para baixo.

 

3. Semelhança.

 

As partes similares tendem a ser vistas juntas, formando um grupo. Na figura 12.1(b), os círculos e os

pontos parecem juntos, e a tendência é perceber fileiras de círculos e de pontos em vez de colunas.

 

4. Preenchimento.

 

Há uma tendencia da nossa percepção em completar as figuras incompletas, de preencher as lacunas.

Na figura 12.1(c), é possível perceber três quadrados, mesmo que as figuras estejam incompletas.

 

5. Simplicidade.

 

Há uma tendência de vermos a figura como tendo boa qualidade sob as condições de estímulos; a

psicologia da Gestalt chama essa característica de prägnaz ou boa foma. Uma boa Gestalt é simétrica,

simples e estável, e não pode ser mais simples nem mais organizada. Os quadrados na figura 12.1(c) são

boas Gestalts porque são claramente percebidos como completos e organizados.

 

6. Figura/fundo.

 

Há uma tendência de organizar as pecepções do objeto (a figura) sendo visto e do fundo (a base) sobre o

qual ele aparece. A figura parece mais substancial e parece destacar-se do fundo. Na figura 12.1(d), a

figura e a base são reversíveis; é possível ver dois rostos ou um vaso, dependendo de como a percepção

é organizada.

 

Page 10: A Natureza Da Gestalt

   Esses princípios de organização não dependem dos processos mentais superiores nem de experiências

passadas, mas estão presentes nos próprios estímulos. Wertheimer chamou-os de fatores periféricos,

reconhecendo também os fatores centrais dentro do organismo influenciam a percepção. Por exemplo:

sabe-se que os processos mentais superiores de familiaridade e de atitude afetam a percepção. No

entanto, em geral, os psicólogos da Gestalt concentran-se mais nos fatores periféricos da organização

perceptual do que nos efeitos da aprendizagem ou da experiência.

O Fenômeno Phi - Gestald

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Um Desafio à Psicologia Wundtiana

 

   A psicologia da Gestalt desenvolveu-se a partir de um estudo de pesquisa conduzido, em 1910, por

Max Wertheimer. Enquanto viajava de trem pela Alemanha durante as férias, ocorreu-lhe a idéia de

realizar uma experiência para visualizar um movimento quando quando ele não estivesse efetivamente

ocorrendo. Abandonou seus planos de viagem, desceu do trem em Frankfurt, comprou um estroboscópio

de brinquedo e analisou as sensações que ele lhe provocavam, em um estudo preliminar que realizou no

quarto de um hotel. Mais tarde, conduziu um programa de pesquisa mais abrangente na University of

Frankfurt, juntamente com dois psicólogos, Koffka e Köhler.

 

    O problema de pesquisa de Wertheimer, para a qual Koffka e Köhler serviram como sujeitos, envolvia a

percepção do movimento aparente, ou seja, do movimento quando não há efetivamente o movimento

físico. Wertheimer referia-se a essa percepção como "impressão" do movimento. Usando o

taquistoscópio, projetava a luz através de duas fendas, uma vertical e a outra com ângulo de 20 ou 30

graus de vertical. Se a luz era projetada primeiro através de uma fenda e depois através da outra, com um

intervalo relativamente longo entre elas (mais de 200 milisegundos), os sujeitos enxergavam algo como

duas luzes sucessivas, primeiro em uma fenda depois na outra. Quando o intrvalo entre as luzes era

menor, os observadores percebiam duas luzes que pareciam contínuas. Com intervalo de tempo ótimo

entre as luzes, cerca de 60 milisegundos, eles enxergavam um único feixe de luz que parecia se mover

de uma fenda a outra, voltando novamente ao lugar.

   Essas descobertas podem parecer pouco importantes. Os cientistas conhecem  o fenômeno há anos, e

ele parece fazer parte do senso comum. No entanto, de acordo com a posicção predominante na

psicologia, que era denominada pela visão de Wundt, toda experiência consciente era passível de análise

em elementos sensoriais. Portanto, como explicar a percepção do movimento aparente como uma soma

Page 11: A Natureza Da Gestalt

de elementos individuais, quando os elementos eram simplesmente duas fendas fixas de luz? Seria

possível adcionar um estímulo fixo a outro para produzir uma sensação de movimento? Não, não era

possível, e foi exatamente esse o ponto demonstrado de modo simples e brilhante por Wertheimer, o qual

confrontou a explicação baseada no sistema de Wundt.

 

   Wertheimer acreditava que o fenômeno na forma verificada no laboratório era tão elementar quanto

uma sensação, mas era diferente de uma sensação ou de uma série de sensações. Chamou a essa

noção de "fenômeno phi". E como Wertheimer explicava o fenômeno phi quando a psicologia da época

não conseguia encontrar nenhuma explicação? Sua resposta era tão simples quanto sua pesquisa. O

movimento aparente dispensa qualquer explicação. Ele existe assim como é percebido e não pode ser

reduzido em um elemento mais simples.

   Para Wundt, a introspecção do estímulo produzia apens duas linhas de luz e nada mais, no entanto,

não importa quão rigorozamente um observador realizasse a introspecção dos dois feixes de luz, a

experiência de uma única linha em movimento persistia. Qualquer tentativa de análise fracassava. Toda a

experência, que consistia no movimento aparente do feixe de uma fenda a outra, era distinta da soma das

partes (as duas linhas fixas). Desse modo, a psicologia associacionista e elementarista, rebatida, não fora

capaz de sustentar o seu ponto de vista.

 

   Wertheimer publicou os resultados da pesquisa, em 1912, no artigo intitulado "Experimental studies of

perception of moviment" (Extudos experimentais de percepção do movimento), considerado o marco

formal do único da escola de pensamento da psicologia da Gestalt.

O Isoformismo - Gestald

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   Satisfeitos por estabelecerem que os seres humanos percebem unidades organizadas e não conjuntos

de elementos sensoriais, os psicólogos da Gestalt mudaram o enfoque para os mecanismos cerebrais

envolvidos na percepção. Tentaram desenvolver uma teoria sobre correlatos neurológicos subjacentes

das Gestalts percebidas. Descreviam o cortéx cerebral como um sistema dinâmico, em que os elementos

ativos interagem em um determinado momento. Essa idéia contradiz o conceito de semelhança entre o

homem e a máquina, que compara a atividade neural a uma central telefônica, conectando

mecanicamente as ligações sensoriais recebidas de acordo com os princípios da associação. Nessa visão

associacionista, o cérebro opera de forma passiva e é incapaz de organizar ou modificar ativamente os

Page 12: A Natureza Da Gestalt

elementos sensoriais recebidos. Essa última teoria também implica a correspondência direta entre a

percepção e o seu equivalente neurológico.

   Com base na sua pesquisa sobre o movimento aparente, Wertheimer sugeriu que a atividade cerebral

é um processo integral de configuração. Como o movimento aparente e o real são percebidos de forma

idêntica, os respectivos processos corticais também devem ser similares, ou seja, devem ocorrer

processos cerebrais correspondentes.

   Em outras palavras, deve haver uma correspondência entre a experiência cosciente ou psicológica e a

cerebral subjacente, responsável pelo fenômeno phi. Essa idéia é denominado isoformismo, princípio já

aceito na biologia e na química. Os psicólogos da Gestalt compararam a percepção com um mapa, no

sentido de ser idêntica ("iso") na forma ou formato ("morfo") ao que representa, sem ser uma cópia literal.

No entanto, a percepção não é um guia confiável para perceber o mundo real.

Isoformismo: doutrina que afirma existir uma correspondência entre a experiência psicológica ou

consciente e a experiência cerebral latente.

   Köhler aprofundou a posição de Wertheimer no trabalho Static and stationary physical gestalts (1920),

em que afirmou comportarem-se os processos corticais de modo semelhante aos campos de força.

Sugeriu que, tal como o comportamento de um campo de força eletromagnética em volta de um imã, os

campos de atividades neurais são estabelecidos por processos eletromecânicos do cérebro em resposta

aos impulsos sensoriais.

O Pensamento Humano Produtivo - Gestald

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   O livro de Wertheimer a respeito do pensamento produtivo (Wertheimer, 1945), publicado após a sua

morte, apresentou os princípios da Gestalt sobre a aprendizagem aplicados ao pensamento criativo

humano. Sua proposta afirmava que o pensamento forma-se como um todo. O aprendiz considera

considera a situação como um todo, e o professor deve apresentar a situação igualmente. É possível

notar as diferenças entre esse método e o do ensaio-e-erro, em que a solução do problema, em certo

sentido, fica oculta, e o aprendiz pode cometer erros antes de alcançar a resposta correta.

   

Page 13: A Natureza Da Gestalt

   Os casos apresentados no livro de Wertheimer vão de processos de pensamento infantil na solução de

problemas de geometria até processos cognitivos complexos, como o do físico Albert Einstein na

elaboração da teoria da relatividade. Em diversas faixas etárias e vários níveis de

dificuldade,Wertheimer constatou evidências para sustentar a idéia de que o problema como um todo

deve dominar as partes. Acreditava que os detalhes de um problema devessem ser considerados apenas

em relação a situação inteira. Ademais, a solução do problema deve seguir do todo para as partes, e não

o contrário.

    Em um ambiente de sala de aula, por exemplo, se o professor organizar ou arrumar os elementos dos

exercícios, como as palavras ou os números, em uma unidade com sentido, os alunos obterão mais

facilmente o insight e assimilarão os problemas e as soluções. Wertheimer mostrou que, uma vez

compreendido, o princípio básico de uma solução pode ser transferido ou aplicado em outras situações.

    Ele desafiou as práticas educativas tradicionais, como a repetição mecânica de estruturas e a

aprendizagem dirigida, derivadas da abordagem associacionista. Considerava a repetição pouco

produtiva e citava como prova a incapacidade de um aluno resolver a variação de um problema quando a

solução fora adquirida por outro método e não assimilada por um insight. Concordava, no entanto, que

nomes e datas deviam ser aprendidos por memorização, por meio de associação reforçada por repetição.

Desse modo, admitia ser a reptição útil em alguns casos, mas insistia em que esse método produzia um,

desempenho mecânico e não a compreensão ou um pensamento produtivo ou criativo.

 

Os Estudos da Gestalt sobre a Aprendizagem

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O Insight e a Mentalidade dos Macacos

 

   Foi na longa visita de Köhler ao Tenerife (1913-1920), que ele investigou a inteligência dos chipanzés

demostrada por meio das habilidades na solução de problemas. Essas experiências foram realizadas

tanto dentro como em volta das jaulas dos animais e envolveram apetrechos muitos simples como as

barras das jaulas dos animais (usadas para bloquear o acesso), bananas, varas para puxar as frutas para

dentro das jaulas e caixas que serviam de apoio para os animais tentarem alcançar as frutas penduradas

no teto. Com base na visão de percepção da Gestalt, Köhler, interpretou os resultados da pesquisa

Page 14: A Natureza Da Gestalt

animal analisando toda a situação e as relações entre os estímulos. Acreditava que a resolução de

problemas estava relacionada com a reestruturação do campo perceptual.

   Em um dos estudos, colocou-se  uma banana do lado de fora, com um barbante amarrado chegando

até a jaula. O macaco agarrou o barbante e puxou a banana para dentro, quase sem

titubear. Köhlerconcluiu que, nessa situação, o animal percebera facilmente todo o problema. No entanto,

se vários fios saíssem da jaula em direção à banana, o macaco não saberia imediatamente qual deles

puxar para obter a fruta. Assim, Köhler observou que, nessa situação, o animal não conseguia visualizar

claramente todo o problema.

 

   Em outro estudo, colocou-se um epdaço da fruta do lado de fora, pouco além do alcançe do animal.

Quando se colocou uma vara perto das grades, em frente à fruta, os dois objetos foram percebidos como

parte da mesma situação, e o animal rapidamente usou a vara para puxar a fruta. Mas, se a vara era

colocada no fundo da jaula, então os dois objetos (a vara e a banana) não eram prontamente vistos como

parte do mesmo problema. Nesse caso, era preciso reestruturar o campo perceptual para o chimpanzé

resolver a questão.

 

   Outra experiência constituiu na colocação de uma banana fora da jaula e além do alcançe do animal e,

do lado de dentro, duas varas ocas de bambu que não eram de tamanho suficiente para puxar a fruta.

Para isso, o animal tinha de juntar as duas (inserindo a ponta de uma dentro da extremidade da outra)

para criar outa do tamanho que precisava. Assim, para solucionar o problema, o animal tinha de perceber

uma nova relação entre as duas varas.

isão da Gestal sobre a percepção

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O Que os Olhos Não Vêem

 

   Para ilustrar a diferença entre a abordagem de Wundt e a da Gestalt acerca da percepção,

suponhamos que você seja um aluno do um laboratório de psicologia alemão do estilo de Wundt no início

do século XX. O psicólogo responsável pede-lhe para descrever um objeto sobre a mesa, e você

responde:

 

Page 15: A Natureza Da Gestalt

"Um livro."

 

   "Sim claro que é um livro", ele concorda, "mas o que você está realmente vendo?"

     Intrigado, você pergunta: "Mas o que você quer dizer com 'o que eu realmente estou vendo?' Eu disse

que estou vendo um livro. Um livro pequeno, de capa vermelha."

     O psicólogo insiste. "Qual a sua real percepção do objeto? Descreva-o com a maior precisão possível."

 

   "Você está dizendo que não é um livro? Isso é alguma piada?"

    Ele demonstra certa inpaciência. "Sim, isso realmente é um livro. Não se trata de nenhuma brincadeira.

Eu apenas gostaria que você descrevesse exatamente o que está vendo, nem mais, nem menos."

 

   Você vai ficando cada vez mais desconfiado e diz: "Bem, olhando deste ângulo, a capa do livro parece

um paralelogramo vermelho escuro".

 

   "Isso!" ele diz, satisfeito. "Ótimo, você está vendo uma espécie de tira vermelho escuro com o formato

de um paralelogramo. E o que mais?"

    "Há uma borda branca meio acinzentada abaixo dela e mais para baixo outra linha fina, do mesmo tom

vermelho escuro. Debaixo de tudo vejo a mesa." Ele se retrai. "Em volta do objeto vejo umas manchas

marrons com algumas listras paralelas, meio onduladas, em marrom claro."

 

   "Ótimo, ótimo!" E ele agradece a sua colaboração.

    Você fica parado ali, olhando para o livro sobre a mesa, e sente-se um pouco constrangido por ter-se

deixado induzir pelo insistente psicólogo a uma análise desse tipo. Ele o deixou muito desconfiado, a

ponto de não ter mais certeza do que estava vendo ou pensava que estava vendo... Essa cautela o fez

descrever o que via em termos de sensações, quando apenas um momento antes tinha certeza de estar

observando um livro sobre a mesa.

 

 

   Os seus devaneios são interrompidos de repente pela presença de um psicólogo que se parece

vagamente com Wilhelm Wundt. "Obrigado por ajudar a comprovar mais uma vez a minha teoria da

percepção. Você comprovou", ele diz, "que o livro que via nada mais é do que um composto de

sensações elementares. Quando estava tentando precisar e dizer exatamente o que realmente via, teve

de se expressar em termos de padrões de cor, e não do objeto em si. As sensações de cor é que são as

características primárias, e todo objeto visual pode ser reduzido a essas sensações. A sua percepção do

livro é construída com base nas sensações, assim como a molécula é contituída a partir dos átomos."

 

   Ao que parece, esse breve discurso é um sinal para o início da batalha. "É um absurdo!", grita uma

pessoa do outro lado do salão. "Bobagem! Qualquer idiota sabe que o livro é o fato peceptual primário,

imediato, direto e incontestável." O psicólogo que agora olha pra você possui certa semelhança com

William James, mas parece ter sotaque alemão, e o seu rosto está tão vermelho de raiva que não há

como ter certeza. "Essa redução da percepção em sensações de que você está falando não passa de um

jogo intelectual. Um objeto não é um pacote de sensações. Qualquer homem que vê manchas vermelhas

escuras quando devia enchergar um livro deve estar doente!"

    Quado a briga começa a esquentar, você fecha a porta devagarinho e desaparece. Você acaba de ter o

que queria: uma ilustração de que há duas atitudes diferentes, duas formas diferentes de falar sobre as

informações que os nossos sentidos nos proporcionam. (Miller, 1962, p. 103-105.)

Page 16: A Natureza Da Gestalt

 

   Os psicólogos da Gestalt acreditam que a mais na percepção do que os olhos vêem. Em outras

palavras, a percepção vai muito além dos elementos sensoriais, dos dados físicos básicos

proporcionados aos órgãos dos sentidos.