a natureza da gestalt
DESCRIPTION
Esplanação sobre a abrdagem da GestaltTRANSCRIPT
A Natureza da Revolta da Gestalt
1
2
3
4
5
( 7 Votes )
As idéias dos psicólogos da Gestalt contradiziam grande parte da tradição acadêmica da psicologia
alemã. Nos Estados Unidos, o behaviorismo não se constituiu em uma revolta tão imediata contra a
psicologia wundtiana e contra o estruturalismo de Titchener, porque o funcionalismo já provocara
mudanças básicas na psicologia americana. O caminho para a revolução da Gestalt não contou com os
efeitos assim moderados. As declarações dos psicólogos da Gestalt eram consideradas total heresia.
Como a maioria dos revolucionários intelectuais, os líderes da Gestalt exigiam completa revisão da
antiga ordem. Köhler declarou:
Estamos entusiasmados com o que descobrimos, e ainda mais com a perspectiva de constatar mais os
fatos reveladores. (...) a inpiração não veio apenas da novidade do nosso trabalho. Ocorreu também uma
grande onda de alívio - como se estivéssemos fugindo de uma prisão. A prisão era a psicologia tal como
era ensinada nas universidades, quando ainda éramos estudantes. (Köhler, 1959, p. 728.)
Depois que Wertheimer passou a estudar a percepção do movimento aparente, os psicólogos
daGestalt começaram a se dedicar a outro fenômeno perceptual. A experiência da constancia perceptual
produziu apoio adicional para as suas visões. Por exemplo: quando paramos em frente a uma janela, uma
imagem retangular é projetada na nossa retina, mas, quando paramos de lado, a imagem da retina
transforma-se em um trapezóide, embora, é claro, continuemos a perceber a janela no formato retangular.
A percepção sobre a janela permanece constante, embora a informação sensorial (a imagem projetada na
retina) mude.
O mesmo ocorre com a constância do tamanho e do brilho em que os elementos sensoriais mudam,
mas não a percepção. Nesses casos, assim como no movimento aparente, a experiência perceptual é
dotada da qualidade da totalidade ou da integridade não encontrada em nenhuma parte componente.
Assim, existe uma diferênça entre o caráter da etimulação sensorial e da percepção em si. A percepção
não pode ser explicada simplesmente como um conjunto de elementos ou a soma das partes.
A perepção é um todo, uma Gestalt, e qualquer tentativa de analisá-la ou reduzi-la em elementos a
destruirá.
Começar com os elementos é começar de forma errada, já que eles são produtos de reflexão e da
abstração, derivados remotamente a partir da experiência imediata e utilizados para explicá-la. A
psicologia da Gestalt tenta retornar a percepção simples, à experiência imediata (...) e insiste em afirmar
que não encontra ali conjuntos de elementos, mas unidades completas; não massas de sensações, mas
árvores, nuvens e céu. E essa afirmação convida todos a verificação, simplesmente abrindo os olhos e
olhando apenas para o mundo de forma simples e cotidiana. (Heidbreder, 1933, p. 331.)
A própria palavra criou dificuldades. Diferentemente do termo funcionalismo ou behaviorismo, ela não
expressa a idéia principal do movimento. Além disso, não existe equivalente exato na lingua inglesa,
embora hoje o termo já faça parte da linguagem cotidiana da psicologia. Os termos equivalentes mais
comuns seriam "froma", "formato" e "configuração".
Na obra Gestalt psychology (1929), Köhler afirmou que a palavra era empregada de duas formas na
Alemanha. Uma que denota forma ou formato como propriedade dos objetos. Nesse
sentido, Gestaltrefere-se às propriedades gerais expressas em termos como angular ou simétrico e
descreve as características como a forma triangular de uma figura geométrica ou o ritmo de uma melodia.
A segunda forma denota a unidade ou a entidade concreta que tem como atributo uma forma ou um
formato específico. E, nesse sentido, a palavra refere-se, digamos, a triângulos, e não à noção de formato
triangular da figura.
Assim, Gestalt pode ser usada para se referir a objetos ou as suas características formais. Além disso,
o termo não se restringe ao campo visual nem mesmo a todo campo sensorial. Ele pode abranger a
aprendizagem, o pensamento, as emoções e o comportamento (Köhler, 1947). É nesse sentido geral e
funcional da palavra que os psicólogos da Gestalt tentaram lidar com toda a área de atuação da
psicologia.
As Influências Anteriores Sobre Psicologia da Gestalt
1
2
3
4
5
( 7 Votes )
As Influências Anteriores Sobre Psicologia da Gestalt
Assim como todo o movimento, as idéias contestadoras da Gestalt tiveram origem em conceitos
anteriores. A base da posição da Gestalt, ou seja, o enfoque na unidade da percepção, encontra-se no
trabalho do filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1894) que, curiosamente, escrevia os seus livros
confortavelmente vestido de roupãoe calçando chinelos. Kant alegava que, quando percebemos o que
chamamos de objeto, encontramos os estados mentais que parecem compostos de partes e pedaços.
Essa idéia é semelhante à proposta dos elementos sensoriais defendida pelos empiristas ingleses e
associacionistas. No entanto, para Kant, esses elementos são organizados de forma que tenham algum
sentido, e não por meio de processo de associação. Durante o processo de percepção, a mente forma ou
cria uma experiência completa. Desse modo, a percepção não é uma impressão passiva e uma
cominação de elementos sensoriais, como afirmavam os empiristas e associacionistas, mas uma
organização ativa dos elementos, de modo que forme uma experiência coerente. Assim, a mente molda e
forma os dados originais da percepção.
Franz Brentano, da University of Vienna, opôs-se ao enfoque de Wundt acerca dos elementos de
experiência consciente e propôs à psicologia o estudo do ato da experiência. Ele considerava artificial a
introspecção utilizada por Wundt e defendia uma observação menos rígida e mais direta da experiência
na forma como ela ocorre. A visão de Brentano estava mais próxima dos métodos mais recentes dos
psicólogos da Gestalt.
Ernst Mach (1838-1916), professor de física da University of Praga, exerceu influência mais direta
sobre o pensamento da Gestalt com a obra The analyisis of sensations (1885). Nesse livro, Mach discutia
os padrões espaciais, como as figuras geométricas, bem como os padrões temporais, como as melodias,
e os considerava sensações. Essas sensações de forma do espaço e da forma do tempo independem
dos elementos individuais. Por exemplo: a forma do espaço de um círculo pode ser branca ou preta,
grande ou pequena e ainda manter a qualidade elementar circular.
Mach alegava que a percepção de um objeto não muda, ainda que modifiquemos nossa orientação em
relação a ele. Uma mesa continua a ser uma mesa se a olharmos de lado, de cima ou de algum ângulo.
Do mesmo modo, o tom continua o mesmo em nossa percepção inclusive quando a forma do tempo é
modificada, ou seja, quando é executada mais lenta ou rapidamente.
Christian von Ehrenfels (1859-1932) estudou as idéias de Mach e propôs qualidades de experiência que
não podem ser explicadas como combinações de elementos sensoriais. Chamou esss qualidades de
Gestalt qualitäten (qualidades de forma), que são percepções baseadas em algo além da aglutinação de
sensações individuais. A melodia é uma qualidade de forma porque parece a mesma até quando
transporta para outra nota. A melodia independa das sensações de que é composta. Para Ehrenfels e os
seus seguidores, a forma em si era um elemento criado pela mente em operação sobre os elementos
sensoriais. Desse modo, a mente seria dotada de capacidade para criar formas a partir de sensações
elementares. Max Wertheimer, um dos três principais fundadores da psicologia da fGestalt, percebeu
que, do trabalho de Ehrenfels , com quem ele estudara em Praga, vinha o maior incentivo para o
movimento de Gestalt.
Willian James, que se opôs à tendência do elementarismo na psicologia, também foi percursor da
escola de psicologia da Gestalt. James considerava os elementos da consciência como abstrações
artificiais. Afirmava que as pessoas vêem os objetos como uma unidade, e não como pacotes formados
de sensações. Outros principais fundadores da psicologia da Gestalt, Kurt Koffka e Wolfgang Köhler,
tomaram contato com o trabalho de James quando foram alunos de Stumpf.
Outra influência anterior foi o movimento ocorrido na filosofia e na psicologia alemãs, conhecido como
fenomenologia, doutrina baseada na descrição imparcial da excperiência imediata na forma como ela
ocorre. A experiência não é analisada nem reduzida em elementos ou abstraída de alguma forma
artificial. Ela envolve uma experiência praticamente ingênua de senso comum, e não uma experiência
relatada por um observador treinado, dotado de orientação ou tendência sistemática.
Um grupo de psicólogos fenomenologistas trabalhou na University of Göttingen de 1909 a 1915, isto é,
no período em que o movimento da Gestalt estava começando a se desenvolver. O trabalho desses
psicólogos precedeu a escola formal da Gestalt, que mais tarde acabou adotando a visão desse estudo.
As Mudanças do Zeitgeist na Física - Gestald
1
2
3
4
5
( 4 Votes )
O Zeitgeist - mais especificamente, a atmosfera intelectual predominante na física - exerceu grande
influência no desenvolvimento da psicologia da Gestalt. Nas últimas décadas do século XIX, as soções
da física tornavam-se cfada vez menos atomísticas com reconhecimento e a aceitação dos campos de
força - regiões ou espaços atravessados por linhas de força como, por exemplo, por corrente elétrica.
O exemplo clássico desse coneito é o magnetismo, propriedade difícil de explicar com base na visão
tradicional de Galileu ou Newton. Por exemplo: quando limalhas de ferro são sucudidas em uma folha de
papel colocada sobre um imã, os pedacinhos formam um padrão característico. Embora as linhalas não
toquem no imã, são obviamente afetadas pelo campo de força existente em torno do magneto.
Acreditava-se que a luz e a eletricidade funcionavam da mesma forma. Esses campos de força eram
considerados entidades novas, e não apenas a soma dos efeitos dos elementos ou das partículas
individuais.
Desse modo, a noção do atomismo ou elementarismo, tão influente no estabelecimento de grande
parte da mais recente ciência da psicologia, estava sendo reconsiderada na física. Os físicos descreviam
campos e entidades orgênicas completas, proporcionando, assim, munição e apoio para a visão
revolucionária dos psicólogos da Gestalt a respeito da percepção. As noções oferecidas pelos psicólogos
de Gestalt refletiam a nova física. Mais uma vez, os psicólogos esforçavam-se para imitar as ciências
naturais já estabelecidas.
Hove uma conecção pessoal no impacto da nova física sobre a psicologia da Gestalt. Köhler havia
estudado com Max Planck, um dos criadores da física moderna, e afirmou que, por influência de Planck,
percebera haver uma conexão entre a aula de física e o conceito de unidade da Gestalt. Köhler
testemunhou diretamente na física a crescente retulância em lidar com os átomos e a substituição dessa
idéia pelo enfoque no conceito mais amplo dos campos, e afirmou: "A partir de então, a psicologia
da Gestalt transformou-se em uma espécie de aplicação da física de campo nas áreas essenciais da
psicologia" (1969, p. 77).
Por outro lado, Watson aparentemente não tomou conhecimento da nova física. Sua escola de
pensamento behaviorista manteve a abordagem reducionista enfatizando os elementos - os elementos do
comportamento. Essa visão é compatível com a antiga perspectiva atomística da física.
O Fenômeno Phi: um Desafio à Psicologia Wundtiana
Gestalt
1
2
3
4
5
( 17 Votes )
A Gestalt surgiu nas primeiras décadas deste século como uma espécie de resposta ao atomismo
psicológico, escola que pregava uma busca do todo psicológico através da soma de suas partes mais
elementares; o complexo viria pura e simplesmente da reunião de seus elementos mais simples, era uma
escola de adição. A Escola da Forma dizia o contrário: não podemos separar as partes de um todo, pois
dele elas dependem e não faz sentido, pelo menos o mesmo, senão enquanto partes formadoras daquele
todo.
Em seu início, havia duas correntes na Gestalt, a dos dualistas e a dos monistas:
Para os dualistas acreditavam existir uma percepção mental que diferiria da sensorial. Sendo assim,
perceberíamos os elementos separadamente e só então eles formariam o todo através de uma ação do
espírito, de uma percepção mental. Um desenho, por exemplo, não é um todo, mas o que estaria
produzindo a forma total que percebemos, o que ligaria seus elementos seria o espírito. Encontram-se
nessa corrente muitos resquícios do atomismo psicológico, enquanto que os monistas realmente
romperam com eles, ao sustentarem que as partes dependem mais do todo que ele destas, que é ele
quem as determina. Para os monistas o esquema da percepção seria, basicamente: estímulos sensoriais
-> forma -> sensação.
Para os monistas, forma e matéria não são separáveis, os elementos de uma forma não existem em si,
singularmente, isso só seria possível através de abstração. Todos os elementos aparecem ao mesmo
tempo, e um observar um ou outro, um tomar um ou outro como figura ou fundo tornaria a experiência
diferente. Cada parte é percebida como elemento formador do todo, pertencente a ele.
Organização Perceptual - Assimilação e Contraste; Figura e fundo
Somos bombardeados por estímulos físicos todo o tempo e, para compreendê-los, formamos
organizações perceptuais (termo que se aplica tanto ao processo de organização quanto ao resultado em
si). Há várias maneiras de se organizar esses estímulos, e, de fato, o fazemos, mas de tal modo que
exista sempre apenas uma: nunca há dois tipos de organização em um só momento. Esse
empreendimento se dá de maneira espontânea, inerente ao indivíduo, porém o consciente pode exercer
um papel nesse processo, pois a organização perceptual ocorre dentro e fora da consciência: se a pessoa
quiser, poderá criá-la conscientemente, mas se não o fizer, o inconsciente agirá.
Um ponto importante no processo de organização perceptual é a diferenciação do campo perceptual. A
maneira com que a forma é apresentada pode, por exemplo, suscitar fenômenos como a associação e o
contraste.
O primeiro destes princípios diz respeito a uma homogeneização das partes da forma a que somos
compelidos quando não há fronteiras entre elas, ou quando não as percebemos. Os contornos se tornam
importantes neste sentido: tendemos a tornar cada parte homogênea em matéria de luz; a assimilação
pode acontecer quando há proximidade, especialmente quando estas áreas próximas não estão
delimitadas. Já o contraste consiste em perceber-se uma diferença maior do que ela realmente é, e
ocorre quando há uma separação das partes, quase de maneira contrária à assimilação.
Observando-se o comportamento espontâneo do cérebro durante o processo de percepção, chegou-se
á elaboração de leis que regem esta faculdade de conhecer os objetos. Estas normas podem ser
resumidas como:
- Semelhança: Objetos semelhantes tendem a permanecer juntos, seja nas cores, nas texturas ou nas
impressões de massa destes elementos. Esta característica pode ser usada como fator de harmonia ou
de desarmonia visual.
- Proximidade: Partes mais próximas umas das outras,em um certo local, inclinam-se a ser vistas como
um grupo.
- Boa Continuidade: Alinhamento harmônico das formas.
- Pregnância: Este é o postulado da simplicidade natural da percepção, para melhor assimilação da
imagem. É praticamente a lei mais importante.
- Clausura: A boa forma encerra-se sobre si mesma, compondo uma figura que tem limites bem marcado.
- Experiência Fechada: Esta lei está relacionada ao atomismo, pensamento anterior ao Gestalt. Se
conhecermos anteriormente determinada forma, com certeza a compreenderemos melhor, por meio de
associações do aqui e agora com uma vivência anterior.
Fundamentos Teóricos
Segundo a Gestalt, existem quatro princípios a ter em conta para a percepção de objectos e formas:
Tendência à estruturação
Tendência à estruturação é um conceito desenvolvido pela Psicologia da Forma. Explica-se pela
propensão natural do ser humano a organizar ou estruturar os diferentes elementos que se lhe deparam.
Tendemos a agrupar elementos que se encontram próximos uns dos outros ou que são semelhantes
Segregação figura-fundo
Explica-nos que percepcionamos figuras definidas e salientes que se inscrevem em fundos indefinidos.
Não se podem ver objectos sem separá-los do seu fundo.
Pregnância
Por pregnância das formas, entende-se pela qualidade que determina a facilidade com que
percepcionamos figuras. Percepcionamos mais facilmente as boas formas, ou seja, as simples, regulares,
simétricas e equilibradas.
Constância perceptiva
Traduz-se na estabilidade da percepção (os seres humanos possuem uma resistência acentuada à
mudança). Existem três grandes tipos de constância: a da grandez (estabilidade de percepção em relação
ao tamanho dos objectos), a da forma (em relação à forma que os objectos normalmente têm) e a
constância da cor (que tem a ver com a quantidade de luz recebida). A constância perceptiva é
particularmente importante porque, graças a ela, o mundo surge-nos com relativa estabilidade.
Exemplo:
É o caso do cinema. Uma fita cinematográfica é composta de fotogramas com imagens estáticas. O
movimento que vemos na tela é uma ilusão de ótica causada pelo fenômeno da pós-imagem retiniana
(qualquer imagem que vemos demora um pouco para se ‘apagar’ em nossa retina). As imagens vão se
sobrepondo em nossa retina e o que percebemos é um movimento. Mas o que de fato é projetado na tela
é uma fotografia estática, tal como uma seqüência de slides.
Os Princípios da Gestalt
18
Os Pricípios da Gestalt sobre a Organização Perceptual
Wertheimer aprensentou os princípios de organização perceptual da escola de psicologia da Gestaltem
um artigo publicado em 1923. Ela alegava que percebemos os objetos do mesmo modo que observamos
o movimento aparente, como unidades completas e não como agrupamentos de sensações individuais.
Esses pricípios da Gestalt seriam as regras fundamentais por meio das quais organizamos nosso
universo perceptual.
Uma premissa subjacente estabeleca que a organização perceptual ocorre instantaneamente, sempre
que percebemos diversos padrões ou formatos. As minúsculas partes do campo perceptual unem-se para
formar estruturas distintas das originais. A organização perceptual é espontânea e inevitável, sempre que
vemos ou ouvimos. Normalmente, não precisamos aprender a formar padrões, como afirmavam os
associacionistas, embora algumas parcepções de nível superior, como nomear os objetos, dependam da
aprendizagem.
De acordo com a teoria da Gestalt, o cérebro é um sistema dinâmico em que todos os elementos ativos
interagem em determinado momento. A área visual do cérebro não responde separadamente aos
elementos individuais do estímulo visual, conectando-os mediante algum processo mecânico de
associação. Ao contrário, os elementos similares, ou bem próximos, tendem a se combinar, e os
elementos diferentes ou distantes, a não se combinar.
Listamos a seguir vários princípios de organização perceptual ilustrados na figura12.1.
1. Paroximidade.
As partes bem próximas umas das outras no tempo e no espaço pareçem unidas e tendem a ser
percebidas juntas. Na figura 12.1(a), percebemos círculos nas três colunas duplas e não apenas como um
grande conjunto.
2. Continuidade.
Há uma tendência de a nossa percepção seguir uma direção para conectar os elementos de modo que
eles pareçam contínuos ou fluir em uma direção específica. Na figura 12.1(a), a tendência é seguir as
colunas com pequenos circulos de cima para baixo.
3. Semelhança.
As partes similares tendem a ser vistas juntas, formando um grupo. Na figura 12.1(b), os círculos e os
pontos parecem juntos, e a tendência é perceber fileiras de círculos e de pontos em vez de colunas.
4. Preenchimento.
Há uma tendencia da nossa percepção em completar as figuras incompletas, de preencher as lacunas.
Na figura 12.1(c), é possível perceber três quadrados, mesmo que as figuras estejam incompletas.
5. Simplicidade.
Há uma tendência de vermos a figura como tendo boa qualidade sob as condições de estímulos; a
psicologia da Gestalt chama essa característica de prägnaz ou boa foma. Uma boa Gestalt é simétrica,
simples e estável, e não pode ser mais simples nem mais organizada. Os quadrados na figura 12.1(c) são
boas Gestalts porque são claramente percebidos como completos e organizados.
6. Figura/fundo.
Há uma tendência de organizar as pecepções do objeto (a figura) sendo visto e do fundo (a base) sobre o
qual ele aparece. A figura parece mais substancial e parece destacar-se do fundo. Na figura 12.1(d), a
figura e a base são reversíveis; é possível ver dois rostos ou um vaso, dependendo de como a percepção
é organizada.
Esses princípios de organização não dependem dos processos mentais superiores nem de experiências
passadas, mas estão presentes nos próprios estímulos. Wertheimer chamou-os de fatores periféricos,
reconhecendo também os fatores centrais dentro do organismo influenciam a percepção. Por exemplo:
sabe-se que os processos mentais superiores de familiaridade e de atitude afetam a percepção. No
entanto, em geral, os psicólogos da Gestalt concentran-se mais nos fatores periféricos da organização
perceptual do que nos efeitos da aprendizagem ou da experiência.
O Fenômeno Phi - Gestald
1
2
3
4
5
( 4 Votes )
Um Desafio à Psicologia Wundtiana
A psicologia da Gestalt desenvolveu-se a partir de um estudo de pesquisa conduzido, em 1910, por
Max Wertheimer. Enquanto viajava de trem pela Alemanha durante as férias, ocorreu-lhe a idéia de
realizar uma experiência para visualizar um movimento quando quando ele não estivesse efetivamente
ocorrendo. Abandonou seus planos de viagem, desceu do trem em Frankfurt, comprou um estroboscópio
de brinquedo e analisou as sensações que ele lhe provocavam, em um estudo preliminar que realizou no
quarto de um hotel. Mais tarde, conduziu um programa de pesquisa mais abrangente na University of
Frankfurt, juntamente com dois psicólogos, Koffka e Köhler.
O problema de pesquisa de Wertheimer, para a qual Koffka e Köhler serviram como sujeitos, envolvia a
percepção do movimento aparente, ou seja, do movimento quando não há efetivamente o movimento
físico. Wertheimer referia-se a essa percepção como "impressão" do movimento. Usando o
taquistoscópio, projetava a luz através de duas fendas, uma vertical e a outra com ângulo de 20 ou 30
graus de vertical. Se a luz era projetada primeiro através de uma fenda e depois através da outra, com um
intervalo relativamente longo entre elas (mais de 200 milisegundos), os sujeitos enxergavam algo como
duas luzes sucessivas, primeiro em uma fenda depois na outra. Quando o intrvalo entre as luzes era
menor, os observadores percebiam duas luzes que pareciam contínuas. Com intervalo de tempo ótimo
entre as luzes, cerca de 60 milisegundos, eles enxergavam um único feixe de luz que parecia se mover
de uma fenda a outra, voltando novamente ao lugar.
Essas descobertas podem parecer pouco importantes. Os cientistas conhecem o fenômeno há anos, e
ele parece fazer parte do senso comum. No entanto, de acordo com a posicção predominante na
psicologia, que era denominada pela visão de Wundt, toda experiência consciente era passível de análise
em elementos sensoriais. Portanto, como explicar a percepção do movimento aparente como uma soma
de elementos individuais, quando os elementos eram simplesmente duas fendas fixas de luz? Seria
possível adcionar um estímulo fixo a outro para produzir uma sensação de movimento? Não, não era
possível, e foi exatamente esse o ponto demonstrado de modo simples e brilhante por Wertheimer, o qual
confrontou a explicação baseada no sistema de Wundt.
Wertheimer acreditava que o fenômeno na forma verificada no laboratório era tão elementar quanto
uma sensação, mas era diferente de uma sensação ou de uma série de sensações. Chamou a essa
noção de "fenômeno phi". E como Wertheimer explicava o fenômeno phi quando a psicologia da época
não conseguia encontrar nenhuma explicação? Sua resposta era tão simples quanto sua pesquisa. O
movimento aparente dispensa qualquer explicação. Ele existe assim como é percebido e não pode ser
reduzido em um elemento mais simples.
Para Wundt, a introspecção do estímulo produzia apens duas linhas de luz e nada mais, no entanto,
não importa quão rigorozamente um observador realizasse a introspecção dos dois feixes de luz, a
experiência de uma única linha em movimento persistia. Qualquer tentativa de análise fracassava. Toda a
experência, que consistia no movimento aparente do feixe de uma fenda a outra, era distinta da soma das
partes (as duas linhas fixas). Desse modo, a psicologia associacionista e elementarista, rebatida, não fora
capaz de sustentar o seu ponto de vista.
Wertheimer publicou os resultados da pesquisa, em 1912, no artigo intitulado "Experimental studies of
perception of moviment" (Extudos experimentais de percepção do movimento), considerado o marco
formal do único da escola de pensamento da psicologia da Gestalt.
O Isoformismo - Gestald
1
2
3
4
5
( 9 Votes )
Satisfeitos por estabelecerem que os seres humanos percebem unidades organizadas e não conjuntos
de elementos sensoriais, os psicólogos da Gestalt mudaram o enfoque para os mecanismos cerebrais
envolvidos na percepção. Tentaram desenvolver uma teoria sobre correlatos neurológicos subjacentes
das Gestalts percebidas. Descreviam o cortéx cerebral como um sistema dinâmico, em que os elementos
ativos interagem em um determinado momento. Essa idéia contradiz o conceito de semelhança entre o
homem e a máquina, que compara a atividade neural a uma central telefônica, conectando
mecanicamente as ligações sensoriais recebidas de acordo com os princípios da associação. Nessa visão
associacionista, o cérebro opera de forma passiva e é incapaz de organizar ou modificar ativamente os
elementos sensoriais recebidos. Essa última teoria também implica a correspondência direta entre a
percepção e o seu equivalente neurológico.
Com base na sua pesquisa sobre o movimento aparente, Wertheimer sugeriu que a atividade cerebral
é um processo integral de configuração. Como o movimento aparente e o real são percebidos de forma
idêntica, os respectivos processos corticais também devem ser similares, ou seja, devem ocorrer
processos cerebrais correspondentes.
Em outras palavras, deve haver uma correspondência entre a experiência cosciente ou psicológica e a
cerebral subjacente, responsável pelo fenômeno phi. Essa idéia é denominado isoformismo, princípio já
aceito na biologia e na química. Os psicólogos da Gestalt compararam a percepção com um mapa, no
sentido de ser idêntica ("iso") na forma ou formato ("morfo") ao que representa, sem ser uma cópia literal.
No entanto, a percepção não é um guia confiável para perceber o mundo real.
Isoformismo: doutrina que afirma existir uma correspondência entre a experiência psicológica ou
consciente e a experiência cerebral latente.
Köhler aprofundou a posição de Wertheimer no trabalho Static and stationary physical gestalts (1920),
em que afirmou comportarem-se os processos corticais de modo semelhante aos campos de força.
Sugeriu que, tal como o comportamento de um campo de força eletromagnética em volta de um imã, os
campos de atividades neurais são estabelecidos por processos eletromecânicos do cérebro em resposta
aos impulsos sensoriais.
O Pensamento Humano Produtivo - Gestald
1
2
3
4
5
( 4 Votes )
O livro de Wertheimer a respeito do pensamento produtivo (Wertheimer, 1945), publicado após a sua
morte, apresentou os princípios da Gestalt sobre a aprendizagem aplicados ao pensamento criativo
humano. Sua proposta afirmava que o pensamento forma-se como um todo. O aprendiz considera
considera a situação como um todo, e o professor deve apresentar a situação igualmente. É possível
notar as diferenças entre esse método e o do ensaio-e-erro, em que a solução do problema, em certo
sentido, fica oculta, e o aprendiz pode cometer erros antes de alcançar a resposta correta.
Os casos apresentados no livro de Wertheimer vão de processos de pensamento infantil na solução de
problemas de geometria até processos cognitivos complexos, como o do físico Albert Einstein na
elaboração da teoria da relatividade. Em diversas faixas etárias e vários níveis de
dificuldade,Wertheimer constatou evidências para sustentar a idéia de que o problema como um todo
deve dominar as partes. Acreditava que os detalhes de um problema devessem ser considerados apenas
em relação a situação inteira. Ademais, a solução do problema deve seguir do todo para as partes, e não
o contrário.
Em um ambiente de sala de aula, por exemplo, se o professor organizar ou arrumar os elementos dos
exercícios, como as palavras ou os números, em uma unidade com sentido, os alunos obterão mais
facilmente o insight e assimilarão os problemas e as soluções. Wertheimer mostrou que, uma vez
compreendido, o princípio básico de uma solução pode ser transferido ou aplicado em outras situações.
Ele desafiou as práticas educativas tradicionais, como a repetição mecânica de estruturas e a
aprendizagem dirigida, derivadas da abordagem associacionista. Considerava a repetição pouco
produtiva e citava como prova a incapacidade de um aluno resolver a variação de um problema quando a
solução fora adquirida por outro método e não assimilada por um insight. Concordava, no entanto, que
nomes e datas deviam ser aprendidos por memorização, por meio de associação reforçada por repetição.
Desse modo, admitia ser a reptição útil em alguns casos, mas insistia em que esse método produzia um,
desempenho mecânico e não a compreensão ou um pensamento produtivo ou criativo.
Os Estudos da Gestalt sobre a Aprendizagem
1
2
3
4
5
( 9 Votes )
O Insight e a Mentalidade dos Macacos
Foi na longa visita de Köhler ao Tenerife (1913-1920), que ele investigou a inteligência dos chipanzés
demostrada por meio das habilidades na solução de problemas. Essas experiências foram realizadas
tanto dentro como em volta das jaulas dos animais e envolveram apetrechos muitos simples como as
barras das jaulas dos animais (usadas para bloquear o acesso), bananas, varas para puxar as frutas para
dentro das jaulas e caixas que serviam de apoio para os animais tentarem alcançar as frutas penduradas
no teto. Com base na visão de percepção da Gestalt, Köhler, interpretou os resultados da pesquisa
animal analisando toda a situação e as relações entre os estímulos. Acreditava que a resolução de
problemas estava relacionada com a reestruturação do campo perceptual.
Em um dos estudos, colocou-se uma banana do lado de fora, com um barbante amarrado chegando
até a jaula. O macaco agarrou o barbante e puxou a banana para dentro, quase sem
titubear. Köhlerconcluiu que, nessa situação, o animal percebera facilmente todo o problema. No entanto,
se vários fios saíssem da jaula em direção à banana, o macaco não saberia imediatamente qual deles
puxar para obter a fruta. Assim, Köhler observou que, nessa situação, o animal não conseguia visualizar
claramente todo o problema.
Em outro estudo, colocou-se um epdaço da fruta do lado de fora, pouco além do alcançe do animal.
Quando se colocou uma vara perto das grades, em frente à fruta, os dois objetos foram percebidos como
parte da mesma situação, e o animal rapidamente usou a vara para puxar a fruta. Mas, se a vara era
colocada no fundo da jaula, então os dois objetos (a vara e a banana) não eram prontamente vistos como
parte do mesmo problema. Nesse caso, era preciso reestruturar o campo perceptual para o chimpanzé
resolver a questão.
Outra experiência constituiu na colocação de uma banana fora da jaula e além do alcançe do animal e,
do lado de dentro, duas varas ocas de bambu que não eram de tamanho suficiente para puxar a fruta.
Para isso, o animal tinha de juntar as duas (inserindo a ponta de uma dentro da extremidade da outra)
para criar outa do tamanho que precisava. Assim, para solucionar o problema, o animal tinha de perceber
uma nova relação entre as duas varas.
isão da Gestal sobre a percepção
1
2
3
4
5
( 12 Votes )
O Que os Olhos Não Vêem
Para ilustrar a diferença entre a abordagem de Wundt e a da Gestalt acerca da percepção,
suponhamos que você seja um aluno do um laboratório de psicologia alemão do estilo de Wundt no início
do século XX. O psicólogo responsável pede-lhe para descrever um objeto sobre a mesa, e você
responde:
"Um livro."
"Sim claro que é um livro", ele concorda, "mas o que você está realmente vendo?"
Intrigado, você pergunta: "Mas o que você quer dizer com 'o que eu realmente estou vendo?' Eu disse
que estou vendo um livro. Um livro pequeno, de capa vermelha."
O psicólogo insiste. "Qual a sua real percepção do objeto? Descreva-o com a maior precisão possível."
"Você está dizendo que não é um livro? Isso é alguma piada?"
Ele demonstra certa inpaciência. "Sim, isso realmente é um livro. Não se trata de nenhuma brincadeira.
Eu apenas gostaria que você descrevesse exatamente o que está vendo, nem mais, nem menos."
Você vai ficando cada vez mais desconfiado e diz: "Bem, olhando deste ângulo, a capa do livro parece
um paralelogramo vermelho escuro".
"Isso!" ele diz, satisfeito. "Ótimo, você está vendo uma espécie de tira vermelho escuro com o formato
de um paralelogramo. E o que mais?"
"Há uma borda branca meio acinzentada abaixo dela e mais para baixo outra linha fina, do mesmo tom
vermelho escuro. Debaixo de tudo vejo a mesa." Ele se retrai. "Em volta do objeto vejo umas manchas
marrons com algumas listras paralelas, meio onduladas, em marrom claro."
"Ótimo, ótimo!" E ele agradece a sua colaboração.
Você fica parado ali, olhando para o livro sobre a mesa, e sente-se um pouco constrangido por ter-se
deixado induzir pelo insistente psicólogo a uma análise desse tipo. Ele o deixou muito desconfiado, a
ponto de não ter mais certeza do que estava vendo ou pensava que estava vendo... Essa cautela o fez
descrever o que via em termos de sensações, quando apenas um momento antes tinha certeza de estar
observando um livro sobre a mesa.
Os seus devaneios são interrompidos de repente pela presença de um psicólogo que se parece
vagamente com Wilhelm Wundt. "Obrigado por ajudar a comprovar mais uma vez a minha teoria da
percepção. Você comprovou", ele diz, "que o livro que via nada mais é do que um composto de
sensações elementares. Quando estava tentando precisar e dizer exatamente o que realmente via, teve
de se expressar em termos de padrões de cor, e não do objeto em si. As sensações de cor é que são as
características primárias, e todo objeto visual pode ser reduzido a essas sensações. A sua percepção do
livro é construída com base nas sensações, assim como a molécula é contituída a partir dos átomos."
Ao que parece, esse breve discurso é um sinal para o início da batalha. "É um absurdo!", grita uma
pessoa do outro lado do salão. "Bobagem! Qualquer idiota sabe que o livro é o fato peceptual primário,
imediato, direto e incontestável." O psicólogo que agora olha pra você possui certa semelhança com
William James, mas parece ter sotaque alemão, e o seu rosto está tão vermelho de raiva que não há
como ter certeza. "Essa redução da percepção em sensações de que você está falando não passa de um
jogo intelectual. Um objeto não é um pacote de sensações. Qualquer homem que vê manchas vermelhas
escuras quando devia enchergar um livro deve estar doente!"
Quado a briga começa a esquentar, você fecha a porta devagarinho e desaparece. Você acaba de ter o
que queria: uma ilustração de que há duas atitudes diferentes, duas formas diferentes de falar sobre as
informações que os nossos sentidos nos proporcionam. (Miller, 1962, p. 103-105.)
Os psicólogos da Gestalt acreditam que a mais na percepção do que os olhos vêem. Em outras
palavras, a percepção vai muito além dos elementos sensoriais, dos dados físicos básicos
proporcionados aos órgãos dos sentidos.