a morte e a morte da modernidade- quão pós-moderno é o posmodernismo

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FIDES REFORMATA 1/2 (1996) A Morte e a Morte da Modernidade: Quão Pós-moderno é o Posmodernismo? Ricardo Quadros Gouvêa* Em A morte e a morte de Quincas Berro D’água, Jorge Amado nos oferece a estória das duas mortes de Quincas, obra típica do realismo mágico latino-americano. Esta obra faz- nos perguntar: Quincas de fato morreu duas vezes? Quando ele morreu? No seu quarto, como dizia a família, ou no mar, atirando-se de um saveiro? Os amigos de Quincas não hesitariam em garantir que ele estava vivo até aquele momento em que a tempestade o lançou às águas. E o leitor, embevecido pela linguagem e pelas imagens do apto escritor, admite que isso possa ser verdade.1 Afinal de contas, "que é a verdade?" (João 18.38) Existem verdades absolutas e/ou universais? Ou são todas as verdades subjetivas, e relativas em termos culturais e históricos? O posmodernismo prega a morte da modernidade e da verdade objetiva.2 Mas Jorge Amado é um autor moderno ou pós- moderno? O subjetivismo que esta sua estória inspira não é novidade. Será possível que, como os amigos de Quincas, estamos carregando um cadáver sem o saber? Morreu a modernidade ou continua viva? Quando e como se deu o passamento? O que há por trás de toda esta comoção funérea? É isto que cabe-nos investigar. Neste artigo eu me proponho a analisar este misterioso óbito, e a validade dos argumentos daqueles que o proclamam. Para o estudioso familiarizado com a história da teologia moderna e contemporânea, tais novas obituárias soam fantásticas. São como as palavras dos amigos de Quincas, garantindo que o mesmo faleceu ao se lançar em um mar pós-moderno, e não no bar pós-kantiano, afogado ao engolir o trago amargo da revolução epistemológica de Immanuel Kant (1724-1804). O modernismo perdeu suas forças agora, no fim do século vinte, ou no fim do século dezoito, com a publicação da Crítica da Razão Pura?3 Qual é a verdadeira cara do posmodernismo, por trás da máscara de novidade, promovida como em uma grande campanha de publicidade? Trata-se de um novo produto, ou de alguma velha mercadoria em que o rótulo trocado e um novo "jingle" dão a sensação de novo? O iluminismo e a teologia iluminista: origem ou apogeu da modernidade? Segundo os posmodernistas, a modernidade é a sociedade influenciada pelas idéias iluministas, período do apogeu do racionalismo europeu,4 a chamada "era da ciência", identificado como o mais puro modernismo. Referimo-nos à Inglaterra de Locke, Hume, Adam Smith, Isaac Newton; à França de Condillac, Diderot, Condorcet, Voltaire; à Alemanha de Goethe, Mendelssohn, Semler e Reimarus. O Iluminismo se caracterizou pelo ideal da auto-emancipação humana dos preconceitos, superstições e tradições européias provenientes da Idade Média. Na verdade, a "Idade Média", a "idade das trevas", é uma invenção iluminista. O iluminismo francês queria o fim do domínio sobre a França da igreja católica e da monarquia absolutista. Liberdade, igualdade, e propriedade privada passaram a ser vistas como direitos naturais de todo homem, e o ideal da fraternidade universal acenava com a esperança de que todos os conflitos étnicos e entre classes sociais teriam um fim. Esta filosofia audaciosamente otimista e orientada para o futuro foi desde o começo o elemento básico da biocosmovisão (Weltanschauung) americana. Mas o "reino do terror" após a revolução francesa (1789) demonstrou a

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Artigo sobre a pós-modernidade!!

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FIDES REFORMATA 1/2 (1996) A Morte e a Morte da Modernidade:Quo Ps-moderno o Posmodernismo? Ricardo Quadros Gouva* Em A morte e a morte de Quincas Berro Dgua, Jorge Amado nos oferece a estria dasduas mortes de Quincas, obra tpica do realismo mgico latino-americano. Esta obra faz-nos perguntar: Quincas de fato morreu duas vezes? Quando ele morreu? No seu quarto,como dizia a famlia, ou no mar, atirando-se de um saveiro? Os amigos de Quincas nohesitariam em garantir que ele estava vivo at aquele momento em que a tempestade olanou s guas. E o leitor, embevecido pela linguagem e pelas imagens do apto escritor,admitequeissopossaserverdade.1Afinaldecontas,"queaverdade?"(Joo18.38)Existemverdadesabsolutase/ouuniversais?Ousotodasasverdadessubjetivas,erelativasemtermosculturaisehistricos?Oposmodernismopregaamortedamodernidadeedaverdadeobjetiva.2MasJorgeAmadoumautormodernooups-moderno? O subjetivismo que esta sua estria inspira no novidade. Ser possvel que,comoosamigosdeQuincas,estamoscarregandoumcadversemosaber?Morreuamodernidade ou continua viva? Quando e como se deu o passamento? O que h por trsdetodaestacomoofunrea?istoquecabe-nosinvestigar.Nesteartigoeumeproponhoaanalisarestemisteriosobito,eavalidadedosargumentosdaquelesqueoproclamam. Para o estudioso familiarizado com a histria da teologia moderna e contempornea, taisnovasobituriassoamfantsticas.SocomoaspalavrasdosamigosdeQuincas,garantindoqueomesmofaleceuaoselanaremummarps-moderno,enonobarps-kantiano,afogadoaoengolirotragoamargodarevoluoepistemolgicadeImmanuel Kant (1724-1804). O modernismo perdeu suas foras agora, no fim do sculovinte, ou no fim do sculo dezoito, com a publicao da Crtica da Razo Pura?3 Qual averdadeiracaradoposmodernismo,portrsdamscaradenovidade,promovidacomoem uma grande campanha de publicidade? Trata-se de um novo produto, ou de algumavelha mercadoria em que o rtulo trocado e um novo "jingle" do a sensao de novo? Oiluminismoeateologiailuminista:origemouapogeudamodernidade?Segundoosposmodernistas,amodernidadeasociedadeinfluenciadapelasidiasiluministas,perododoapogeudoracionalismoeuropeu,4achamada"eradacincia",identificadocomoomaispuromodernismo.Referimo-nosInglaterradeLocke,Hume,AdamSmith,IsaacNewton;FranadeCondillac,Diderot,Condorcet,Voltaire;AlemanhadeGoethe,Mendelssohn,SemlereReimarus.OIluminismosecaracterizoupeloidealdaauto-emancipaohumanadospreconceitos,superstiesetradieseuropiasprovenientesdaIdadeMdia.Naverdade,a"IdadeMdia",a"idadedastrevas", uma inveno iluminista. O iluminismo francs queria o fim do domnio sobre aFrana da igreja catlica e da monarquia absolutista. Liberdade, igualdade, e propriedadeprivadapassaramaservistascomodireitosnaturaisdetodohomem,eoidealdafraternidade universal acenava com a esperana de que todos os conflitos tnicos e entreclassessociaisteriam umfim. Esta filosofia audaciosamente otimista e orientada para ofuturofoidesdeocomeooelementobsicodabiocosmoviso(Weltanschauung)americana.Maso"reinodoterror"apsarevoluofrancesa(1789)demonstrouafragilidade das esperanas iluministas.Na Alemanha o iluminismo foi relativamente calmo quando comparado com o francs. OracionalistaleibnitzianoChristianWolff(1679-1754)eAlexanderBaumgarten(1714-1762) foram representantes mximos do iluminismo alemo, caracterizado pela confianano poder da razo para obter respostas no campo da metafsica. A razo deveria julgar oque aceitvel, ou no, que se creia sobre Deus, e substituindo a revelao e a tradio,tornou-seonovorbitrodaverdade.Ohomemseviucapazdeentenderaordemfundamentaldouniverso,eosPrincpiosnewtonianossimbolizaramessanovaera.5Asleisdanaturezatornaram-seinteligveis,eohomemseviucapazdedominaretransformar o mundo. O ideal cientfico determinou que apenas os aspectos mensurveisdavidaedocosmosdeviamsertratadoscomoreais.Noapenasascinciasnaturais,mas tambm a poltica, a tica, a metafsica e a teologia teriam que se submeter rigidezdos cnones cientficos. Ateologia"moderna",segundoosposmodernistas,seriaadoiluminismo,emqueanoo agostiniana de pecado original foi abandonada. O pecado foi entendido como umadoena da infncia da raa humana, algo de que podemos nos livrar proporo em queamadurecemos enquanto espcie. Apelos a formulaes teolgicas clssicas no poderiammais ter qualquer fora nos debates. O indivduo tornou-se responsvel por testar todasasproposiesatravsdousodarazo,enenhumatutelapoderiasertolerada.Comoconseqncia,areligiobaseadanarevelaofoiatacada,eumaformadereligionatural, o desmo, foi elevada ao status de verdadeira religio. Milagres seriam indignosdeDeus.Asproposiesreligiosasaceitveisseresumiramsditasuniversalmentediscernveisequepossuamumabagagemmoralpositiva,comoporexemplo,aexistncia de um Criador (o grande Arquiteto do desmo e da maonaria), a imortalidadedaalma(umadoutrinaplatnica),ealiberdadedoespritohumano(pelagianismo).Lockesentiu-sevontadeparaafirmarqueocristianismo,umavezdestitudodesuabagagemdogmticainteiramentedispensvel,eraumareligiomuitorazovel.6Segundoosiluministas,nenhumcredodogmticopoderiaserconsideradoautoritativo,poisnenhumsistemareligiosopoderiaserprovadoporargumentoscientficosuniversalmentevlidos.Opapeldareligiotornou-seodesancionaramoralidadedapoca. O valor de uma religio, e a melhor forma de test-la, segundo eles, era o efeitoque teriam na conduta humana. O Ocaso do Iluminismo e o Surgimento da Teoria ps-KantianaH muito tempo que o pensamento iluminista caiu em descrdito, ainda que ele continuesendolouvadoemcrculosinfluenciadospelacinciamoderna,aindaimpregnadapeloideal cientfico, e pela filosofia analtica anglo-saxnica, com suas pretenses racionalistaspositivistas.OracionalismocomeouaagonizarquandoKantpsumfimnaepistemologia de homens como Descartes e Locke. Kant contrastou seu idealismo crticotranscendentalcomo"dogmatismo"queelevianosseusantecessores:apresuno dequeointelectohumanopodechegarverdadesatravsdopuroatodepensar,semantes avaliar criticamente seus prprios recursos e poderes.Ainda que o conhecimento se inicie pela experincia, dizia Kant, isso no quer dizer quetodo conhecimento emprico: h as impresses, que so obtidas pelos sentidos, e h ascategoriasmentaisaprioristaspelasquaisessasimpressessosintetizadas.Ohomemno um mero receptor de impresses, mas ativamente impe nas impresses recebidassuas prprias categorias transcendentais. A mente humana no uma tabula rasa (contraLocke),masumaativainterpretadoradarealidade,umaconstantehermeneuta.EssascategoriasmentaisdequeKantfalavaseriamanterioresaosdadosempricos,pressupostaspelaexperincia,eindependentesdela.Oconhecimento,segundoKant,tambm subjetivo porque o objeto , em grande parte, uma criao do sujeito. O mundoao nosso redor uma criao da nossa prpria mente, nossas impresses espacialmentedispostas,eas"leis"queencontramosnanaturezasoumreflexodanossaprpriaracionalidade.EsseidealismosubjetivodeKantsalvouaconsistnciadoconhecimentocientfico,ameaadopeloceticismoHumeano,aocustotremendodeseuvalorobjetivo:cadafenmeno do mundo exterior apenas uma idia da nossa mente e no existe enquanto"coisa em si" (Ding an Sich). Da a separao kantiana entre o reino fenomnico, criado eaprendido pela mente humana, e o reino noumnico, composto por aquilo que est almdasnossascapacidadesmentaisdeapreenso,ouporquenotemososaparatosnecessrios para detect-lo, ou porque aparentemente no tem nenhuma relao com osujeito. Deus, por exemplo, seria noumnico. A linguagem da metafsica , na melhor dashipteses, simblica. Kantafirmouqueestavaremovendooconhecimentoafimdecriarespaoparaaf.Eassim nasceu a teologia ps-kantiana. Kant deu um golpe mortal na teologia e na filosofiailuministas,ou,comoqueremosposmodernos,nateologiaefilosofiamodernas.Oposmodernismonadamaisqueumnovonomeparaopensamentops-kantianoqueinfluenciaoscrculosacadmicoshnadamenosqueduzentosanos!Anicapossvelnovidade a chamada "posmodernidade", isto , o fato de que a sociedade mundial estem geral absorvendo agora esta transio, assumindo em termos prticos e no dia-a-diaos pressupostos do pensamento ps-kantiano, e esta assimilao est sendo refletida naculturapopular.Estefenmenoculturalesocialnodeixadesernotvel,masnecessrio que reconheamos a verdadeira natureza daquilo com que estamos lidando. A novidade , portanto, a absoro das concepes filosficas ps-kantianas na cultura enoimaginriopopular.Hmuitotempoqueateologiadecunhoiluministanopossuiqualquerinflunciarelevanteemmeiosacadmicos.Ateologiaps-kantiana,aindaqueinfluenciada pelo Iluminismo, uma teologia que visa exatamente dar uma resposta ps-iluminista ao conflito entre teologias iluminista e ortodoxa.ocasodeFriedrichSchleiermacher(1768-1834),porexemplo.Comsuateologiadosentimentoentendidonocomomeraemooesimcomoconscinciaimediata,Schleiermacher props uma teologia de sntese que salvaria a religio crist da armadilhakantiana. A religio crist, segundo Schleiermacher, no pode ser reduzida moralidade(contra Kant), nem uma filosofia metafsica (contra J. W. F. Hegel - 1770-1831), nem proposiesdoutrinrias;aessnciadareligioosentimentocaractersticodacomunidadecristdedependnciaabsolutaemumpodertranscendente.Suaintenoera adaptar a f crist ao novo bidimensionalismo criado por Kant sem que toda teologiaseperdessenoburaconegronoumnico,ou,setransformasseemumapndicedafilosofia moral, como no caso do prprio Kant que, ironicamente, enquanto telogo, nuncadeixoudeserumtpicoiluminista.7Deus,diziaSchleiermacher,nopodesercompreendidocomoextraemrelaoaomundonaturalpassveldeinvestigaocientfica,massimcomooobjetomaiordaconscinciahumana,umaexperinciaessencial verdadeira humanidade.Outros telogos do sculo dezenove como Albrecht Ritschl (1822-1889) e Ernst Troeltsch(1865-1923)procuraramencontraroespaodateologianomundops-kantiano.MastalveztenhasidootelogosuoKarlBarth(1886-1968)quemmelhorresultadosalcanounessadireo.Barth,insatisfeitocomassoluespropostaspelostelogosdosculo dezenove, e inspirado por crticos como Soren Kierkegaard (1813-1855), FriedrichNietzsche(1844-1900).WilhelmHerrmann(1846-1922)eAlbertSchweitzer(1875-1965),deuincionoentre-guerrasaummovimentoteolgicoquebuscavaalcanaraquiloqueateologiaoitocentistanohaviaconseguido:umateologianoiluministaeps-kantianaquenoseevaporassemedidaquefosseproduzida,quenofosseredutvel a nada alm da teologia crist propriamente e da revelao de Deus em JesusCristo. Na "teologia da crise" de Barth (do grego krinein, julgar), no a infinita bondadede Deus que salientada, como na teologia desta, mas o juzo divino sobre tudo que serevela humano, sobremodo humano, inclusive a religio.Mitos iluministas ou "modernos" que haviam persistido na teologia oitocentista, como, porexemplo, a f no progresso, j no eram aceitveis no nosso sculo de guerras e horroresimpensveis como Auschwitz e Hiroshima. Mas no seria possvel fazer neste artigo umapanormica da teologia ps-kantiana. Barth foi telogo de vrias fases, e no possvelfazer-lhejustiaembreveslinhas.8Entretanto,oseuRmerbrief(ComentriodeRomanos, 1919) foi um marco na histria da teologia apontando para aquilo que estamosdiscutindonesteartigo:queofimdoracionalismoiluminista,chamadopelosposmodernos de "modernismo", deu-se h muito tempo, e foi anunciado por Kierkegaarde Nietzsche, por Schleiermacher e Ritschl, por Karl Barth e Emil Brunner (1889-1966). Caractersticas Bsicas do PosmodernismoA rejeio dos chamados mitos modernos O posmodernismo, enquanto movimento acadmico (principalmente filosfico e literrio),comeounosanossessenta,pretensamenterefletindoumanovatendnciasocialecultural.Apartirdosanossetentaomovimentoacadmicopassouaexercerumaforteinflunciasobreasociedade,apoltica,aculturapopular,amdia.Segundoosposmodernistas, o pensamento moderno se caracteriza por (i) cientificismo, a crena dequeacinciafuncionacomofonterevelatriaonisciente,(ii)tecnologismo,acrenanaonipotncia tecnolgica, que a traduo do conhecimento cientfico em termos de controleepodersobreacriaopermiteaohomematingirqualquerfimalmejado,e(iii)economismo, a crena que o constante elevar dos padres de vida em termos materiais oprincipalobjetivodavidahumananaterraeonicocaminhorealparaafelicidadepessoal e harmonia social. A esses mitos modernos o posmodernismo se ope. Desconstrucionismo e o problema do conceito de verdade O desconstrucionismo o mtodo filosfico por excelncia dos pensadores posmodernos,aindaqueseuinventor,ofrancsJacquesDerrida(n.1930),neguequesetratedeummtodo.9 O desconstrucionismo uma prtica de leitura baseada em uma hermenuticadesuspeitaemqueotextoentendidoapartirdasuaauto-desintegraoterica.Adesconstruo implica na subverso, na descentralizao de qualquer origem perceptvelde discursos autoritativos associados "metanarrativas", isto , macroestruturas tericascomo,porexemplo,sistemasfilosficoseteolgicos.Asmetanarrativassodesconstrudasatravsdeuma"arqueologiadoconhecimento"edeuma"tipologiadosdiscursos".10 Oposmodernismorejeitaebuscadesconstruirqualquernoodeverdadequeseproponha unitria, absoluta, universal, ou mesmo coerente. Entretanto, h muito tempoqueafilosofia"desconstruiu"anooclssicadeverdade:oquetemoshojesodiferentesteoriassobreaverdade,comoocorrespondentismo,ocoerentismo,overificacionismo,opragmatismodeWilliamJames(1842-1910),osemanticismodeA.Tarski, etc.11 Martin Heidegger (1889-1976) dizia que a verdade como ns a entendemosumainvenodosgregos.A-letheiades-cobriraquiloquejazocultonamemria(lethe = esquecimento), lembrar-se daquilo que o burburinho das idias e opinies nosfez esquecer.MasdesdeostemposdePlatooserhumanoseesqueceudisso,eopensamentoocidental passou a encarar a verdade como se fosse algo nossa disposio. Heideggersugeria restaurar noo de verdade este elemento de suspeita e mistrio que ter-se-iaperdido.12Portanto,proporumaredefiniodaidiamodernadeverdadenonadanovonahistriadafilosofia,emaisumavezaoriginalidadeposmodernapodeserquestionada.Dequalquerforma,oposmodernismoprope,emtermospositivos,apluralidadedaverdade.Nohumanicaverdadeirainterpretaodeumfato,deumtexto ou discurso, mas muitas interpretaes igualmente vlidas. A verdade entendidaemtermossemiticosepolticos,evistacomoalgoinerentementenocivo,poistodapretensoverdadeimplicaemexclusivismopreconceituoso,dominao exploratria, etirania obscurantista. Pluralismo, discurso e diffrance Oposmodernismo,conseqentemente,buscaumareinterpretaodaidiadeumasociedadepluralista.Opluralismomoderno(entenda-seiluminista)visavaaconvivnciaamigvel entre vises diferentes e opostas, relacionada ao ideal iluminista da fraternidadeuniversaletolerncia.Jopluralismoposmoderno(entenda-seps-kantiano)dumpassoalm,epropenoapenastolerncia,masinclusivismo.Oposmodernismoseprope,naprtica,aserumcatalisadorquerenetodasasforasinteressadasnadecadnciadosdiscursosunitriosemproldopluralismoinclusivista.Espera-sequeasopiniescedamespaoumassoutras,particularmenteaospontos-de-vistamarginalizados,aquelesqueforamcaladosporgeraespelasvozesdominantesdasociedade, como o caso do ponto-de-vista feminista, das minorias raciais, das culturasdesprezadas. Todo discurso que tem a pretenso de impor-se como superior rejeitado,no por mostrar-se intrinsecamente defectivo, mas por demonstrar uma incapacidade de"comportar-se" corretamente (da a moda do "politicamente correto") diante desse novocontexto.MichelFoucault(1926-1984)vaiaoextremodeafirmarquetodoequalquerdiscursouma violncia, que toda defesa de uma verdade como absoluta e universal terrorismo,poisnoexisteconhecimentoouverdadeinocente,isto,noexisterepresentaodesinteressadadarealidade."Discurso"aquinoapenasdiscursoverbal,faladoouescrito, mas todo e qualquer discurso, verbal ou no-verbal. A universalidade da violnciaexpandir-se-iaatodasasexpresseshumanas:todaarte,todacultura,todafilosofia,todacincia,todareligio,enfim,tododiscursofundamentadonoqueNietzschechamoude"avontadedepoder",o"querer-poder",foraelementalquedeterminariatodasasatividadeshumanas.Anicadefesadiantedestasituaobuscaramaiordiversidade possvel de expresses. E como sugeria Giles Deleuze (m.1995), o filsofo dasingularidade serial, cada ser humano deve ser um laboratrio de experincias nicas, namais completa absolutizao da diversidade e da diferena.OconceitocentralnafilosofiadeJacquesDerrida"diffrance"(emportugus,"diferncia"),queuneemsiossentidosde"diferena"e"deferncia".Diffranceoelemento de valorao discursiva que d sentido a todo discurso. Diffrance implica umadiferena entre idias, e o conceder natural a outras idias. Diferncia seria o movimentodo sentido que s existe em termos relacionais. "O sentido no faz sentido para Derrida,porque falar do sentido, no singular, seria estar dentro do idealismo que ele combate. Aescritanotemsentidosunvocos;elaproduzsentidososquais,maisdoquemltiplos(polissemia), so sempre relacionais, incertos e no sabidos..."13 A noo derrideana dedifernciaaconseqncialgicadoestruturalismofrancsqueteveorigemnopensamento do celebrado lingista francs Ferdinand de Saussure (1857-1913).Saussurehaviadeterminadoquetodaunidadelingsticaobtmseuvalorsomenteapartir das diferenas em relao s outras unidades do mesmo paradigma. Saussure fezdalinguagemumsistemafechadoqueseexplicaasimesmo,despojandoaidiaracionalista de que palavras referem-se a conceitos mentais, e que podem ser valoradasportantopormeiodeumarelaodecorrespondnciacomasidiasefatosexistentesperse.Masdiferentementedosestruturalistas,quetentaramsalvarapossibilidadedosentido textual unvoco por meio de uma pretensa estrutura interna dos textos, os ps-estruturalistas rejeitaram tais esforos, sugerindo que um texto s obtm sentido em suarelao com outros textos, e uma "verdade" em relao a outra "verdade".Narrativas, metanarrativas, e o problema da linguagemO posmodernismo rejeita todo e qualquer sistema metafsico sob a acusao de que soabsolutistasepreconceituosos.Doponto-de-vistaposmoderno,questionvelqueconsensosculturaisdequalquerespcie(inclusivereligiosos)sejamnecessrios,possveis,oumesmodesejveis.Ossistemasmetafsicosexclusivistaseabsolutistas(metanarrativas)sorepudiadosdevidosuapretensodeseremestruturastotalizadoras que revelam verdades universais e absolutas. O cristianismo, na maioria dassuasexpresses,includonestegrupo.Afreformadaparticularmenteofensivamenteposmoderna,comsuafilosofiadahistriacompreensivaesuaepistemologiarevelacional.Oposmodernismoelevaanarrativalocalizadaesubculturalaostatusdelocalporexcelnciadaverdade.Issoimplicanarejeiodoparadigmatranscultural:nohnenhumdiscursoqueseapliqueindiscriminadamenteatravsdebarreirasculturais,eno h nenhum absoluto que transcenda diferenas culturais. Tudo que h so narrativasintracomunitrias, referentes a tradies culturais e subculturais especficas, e cada umadessasnarrativasvlidadentrodoslimitesdasuatradio.Acinciamodernaocidental,porexemplo,conseguiuvalidarsua"narrativa"pormeioderesultadosexperienciaisefomulaeslgicas,masnopodeterapretensodeinvalidaroutrosdiscursossupostamenteno-cientficos.Acinciaposmodernaassumeumaposioderespeito, por exemplo, diante de medicinas alternativas que aparentemente no possuemqualquerbase"cientfica".Ateoriadaevoluo,porexemplo,temsidoseveramentequestionadaporcientistasno-cristosquetmpercebidoaquestionabilidadedeseuspressupostosfilosficosnaturalistas.Opensamentoposmodernosecaracterizatambmpelaprefernciadadasnarrativasquesoexprimidas,noemtermosracionais,massim por meio de emoes particulares e intersubjetivas, por meio de imagens religiosas,mitolgicas,poticas,artsticas,pormeiodeumaprticaintuitiva,umaepistemologiaafetiva e imediata. Anooposmodernade"narrativa"incluiasuspeitadetododiscursoqueseproponhaunvoco. Devido polissemia natural da linguagem, impossvel determinar o sentido deum texto verbal ou no-verbal. O posmodernismo questiona discursos que apresentam oautor ou "remetente" como autoridade, e o leitor ou "destinatrio" como mero aprendiz.O sentido do texto determinado no momento da leitura medida em que ele interagecomodepsitodiscursivoeoideriodoleitor.LudwigWittgenstein(1889-1951)hmuito props que a linguagem um jogo, jogado a partir de certas regras bsicas, com oobjetivodealcanardeterminadosobjetivosprticos.Hmuitoquealinguagemnovistacomomeradenotao,isto,comoreferenteaumarealidadeexternarazo.Linguagementendidacomoperformticaeconotativa,isto,comoexpressooudesempenhopessoaldeumabiocosmovisoparticulareinexpressvel.Noposmodernismo, o indeterminismo lingstico enfatizado, e o discurso tornou-se culpadodeviolnciamaquiavlica,deserumveculodaobliteraodaverdade.DasuanfaseemumahermenuticadesuspeitacujosmodelosmaioressoNietzsche,FreudeMarx,curiosamente todos pensadores do sculo dezenove.Em suma, os diferentes discursos lingsticos, em vez de servirem para o esclarecimentoeiluminaodasmentes,sempreteriamservidoparaadominaoecontroledosindivduos,paraamanutenodostatusquo,paraencobriraverdadeedeix-laparasempre inviolvel. O estruturalismo havia demonstrado a arbitrariedade natural do signolingstico,masadmitiaqueotextooudiscurso,guardavaescondidoemsimesmoachavedesuaprpriainterpretao.Paraocrticoposmodernoissoinadmissvel,poisimplicanaexistnciadeumainterpretaoexclusivaeunvoca.Jafilosofiaanalticacontinuouasuabuscadeumareduodalinguagemlgicasimblica,comofimdebuscar, a partir dessa reduo, o sentido evasivo dos discursos. Wittgenstein, assim comotambmodeutero-Heidegger,viramumasadaparaacrisehermenuticananoodalinguagemcomoumaforaindependentequecriaoseuprpriosentidoapartirdoincessante fluxo heracliteano.14 Isso levou Heidegger a uma atitude de reverncia diantedo "mistrio" inerente linguagem, e Wittgenstein a dizer que "onde no possvel falar, melhor calar".15Deste impasse nasceriam as chamadas filosofias hermenuticas de diferentes coloraes:maisotimistaseconservadores(Hans-GeorgGadamer-n.1900),menosotimistasemenos conservadoras (Paul Ricoeur - n.1913), pessimistas e no-conservadoras (JacquesDerrida).Damesmaforma,oposmodernismotambmnomonoltico.Humposmodernismocptico,maisconsistentecomseuspressupostos,quetendemaisclaramente em direo ao niilismo. A desconstruo das metanarrativas, a genealogia dasverdadespretensamenteabsolutas,atipologiacnicadosdiscursos,soprticascaractersticasdestetipodeposmodernismo.Mashtambmumposmodernismopositivo,menosconsistentecomseus pressupostos, que tende a engajar-se na luta porjustiasocial.Estesposmodernosinsistemquepossvelconsertaroserrosdasociedade. O prprio Derrida tem optado por esta orientao. AVerdadeiraNaturezadoPosmodernismoeasmuitasFaces da ModernidadeMinhaconclusocertamentenoagradanemamodernosnemaposmodernos.MasevitandoScyllaeCharybdisquechegaremostalvezaumainterpretaocorretadosfatos. No nos cabe negar a existncia e a particularidade do pensamento ps-moderno.Masnoprecisamosaceitarasuapretensodeseralgoverdadeiramentenovonahistria do pensamento. preciso desmascarar o posmodernismo para saber melhor comquem estamos lidando. O que tem sido hoje chamado de posmodernismo no diferentedo pensamento promovido em crculos filosficos e teolgicos nos ltimos duzentos anos.ThomasOdenchamaoposmodernismodehipermodernismo.16Defato,oposmodernismomaisumreavivamentodestetiposofisticadodemodernismops-kantiano,doqueumarevoluops-moderna,anoserqueestejamosdispostosachamartodoopensamentops-kantianodeps-moderno,situaoemqueotermoganharia um novo sentido, isto , denotaria o pensamento ps-iluminista e ps-kantiano.Neste caso, quase toda teologia moderna teria de ser reconhecida como ps-moderna, oque chega a ser cmico. Hpelomenostrsrazesparaapopularidadedoposmodernismo:(i)ficamaisfcilvender um produto quando usamos uma embalagem nova; (ii) em meios onde a filosofiaanaltica anglo-saxnica prepondera e o ideal cientfico ainda levado a srio, os rumosdopensamentops-kantianoestofinalmentetendoconsidervelefeitotransformador(em grande parte isto possvel agora porque a ameaa marxista j no amedronta); efinalmente,(iii)aculturapopular(emparticularaculturapopularamericana,eaquelasquesoamericanizadascomoanossa)estrefletindoestatendncia.Oneo-kantianismo, depois de duzentos anos, chegou ao corao do povo, e est influenciando asua biocosmoviso at aqui constituda por ideais iluministas.Precisamos hoje compreender esta nova mentalidade popular. As "novas" idias esto noar.Masnorecomendvelquelevemosgatoporlebre.Amelhormaneiradeentendermosaposmodernidadeatravsdoestudodafilosofiaedateologiaps-iluminista. Os grandes pensadores posmodernos como Foulcault, Derrida e Richard Rortyconcordariamcomisso,poisrejeitamanoobastantedifundidadequeestaramosnoinciodeumanovaera.Elessabemmuitobemqueaquiloquedefendemjvemsendocozidoemfogolentohduzentosanos.Valelembrarquetem-seditonosmeiosacadmicosqueoocasodoposmodernismo,enquantomovimentoquepregaofimdamodernidade,jteriachegado.Enessecaso,omodernosobreviveaoposmoderno.Arazo simples: o posmoderno revelou-se muito moderno (hipermoderno) e viu-se que omoderno (entenda-se ps-kantiano) sempre foi posmoderno (entenda-se ps-iluminista).Modernismo e Posmodernismo aos ps da CruzQuerespostadeveopensadorreformadodaraoposmodernismo?Antesdemaisnada,cabe-nosnonosdeixarmosenfeitiarpelanovaembalagem,ereconhecermosoproduto.Umavezdesmascaradooposmodernismo,cabe-nosavali-locomcalmaepropriedadeporaquiloqueeledefato.Osgrandesfilsofosposmodernosnosoessencialmentediferentesdoscrticosdamodernidadequeosantecederam;elessoapenas mais consistentes em sua rejeio dos pressupostos iluministas, em sua absoroda revoluo epistemolgica kantiana, e em sua reinterpretao do pensamento dialtico.Em segundo lugar, cabe-nos desenvolver uma autocrtica biblicamente orientada que nospermitaavaliarondeequantodanossateologiafoiecontinuasendoinfluenciadaporfilosofiasesprias,sejamelasdecunhoiluministaouneo-kantiano.Modernos,posmodernosouhipermodernos,cabe-nostrazertodoargumentoaospsdacruz,obedinciadeCristo(2Co10.4-5),poisquandotodasaspalavrashumanasestiveremesquecidasnasareiasdascivilizaesderribadas,oVerbodeDeuspermanecer.Atuapalavra a verdade (Joo 17.17).17

English Abstract InthisarticleR.Gouvaattemptsaninvestigationoftheclaimsofpostmoderniststhatmodernityisdeadandthatwelivenowinapostmodernworld.Gouvathinksthatpostmodernismisactuallynothingelsethanoldmodernitywithanewsetofclothes.Gouva begins his analysis by tracing the historical and philosophical birth of modernityanditsmaincharacteristics.BorninIluminism,modernityhasreceivedindeedaformidable blow from Kant with his new epistemology, introducing a new kind of religiousthinking.Gouvamainthesisisthatpostmodernityisonlytheactualabsorptionbytheworldsocietyofpost-kantianpresuppositions,thathasitseffectsinpopularculture.Hegoesontoshowsomeofthemainelementsofthesocalledpostmodernism,suchasdeconstructionism,anewbrandofpluralismandtherejectionofabsolutetruth.Hisconclusion is that postmodernism is really a revival of a sophisticated kind of post-kantianthought. ___________________________ *Oautorministropresbiteriano,temseuMestradoemTeologiaSistemticapeloWestminsterTheologicalSeminary,nosEstadosUnidos,ondeatualmenteconcluiseudoutorado na mesma rea. 1OautorreconheceotalentodopremiadoescritorbrasileiroJorgeAmado,ecitaestahistriaporserumbomexemplodaliteraturadosculovinte,muitomaisambguae"posmoderna",emuitomenosracionale"moderna"(ouiluminista)doqueseriadeseesperar.Oautorevidentementenoendossaosposicionamentosticos,filosficosouteolgicos que so explcita ou implicitamente expostos na obra de Jorge Amado. 2Nesteartigoeuusootermo"posmodernismo"emrefernciaaomovimentoassimchamado. Ao me referir a algo teoricamente ps-moderno eu uso expresses hifenizadascomo "ps-moderno". 3ImmanuelKant,CritiqueofPureReason(GardenCity,NY:Doubleday,1966),originalmente publicado em alemo em 1781. 4 O racionalismo continental teve incio com o francs Ren Descartes (1596-1650), seuapogeu com o holands Baruch Spinoza (1632-1677) e o alemo G.W. F. Leibniz (1646-1716),eencontrouseufimnosurgimentodafilosofiaKantiana.Oempiricismoingls,que data da mesma poca, no era menos racionalista que a escola continental, e podeser chamado de "o outro racionalismo". Teve incio com Francis Bacon (1561-1626) e seupontoculminantecomocpticoDavidHume(1711-1776).Entreosprincipaisnomesdestacam-se John Locke (1632-1704) e George Berkeley (1685-1753). 5IsaacNewton(1642-1727)tornou-seumsmbolodesteperodoemqueascinciasnaturaispareciamcapazesdedesvendartodososmistriosdomundoedavida.Arefernciasuaprincipalobra,Philosophianaturalisprincipiamathematica.Newtonvistocomoopontoculminanteda"eradacincia",seguindoahomenscomoNicholasCopernicus (1473-1543), Galileo Galilei (1564-1642), Giovanni Bruno (1548-1600), TychoBrahe (1546-1601), e Johannes Kepler (1571-1630). 6 Confira a obra de John Locke, The Reasonableness of Christianity. 7 Veja seu mais importante testamento teolgico, publicado em 1793, Religion Within theLimits of Reason Alone (New York: Harper, 1960). 8 Neste artigo estamos enfatizando a primeira fase da obra de Barth, caracterizada peloseucomentriodeRomanosepelosseusartigosnarevistateolgicaZwischendenZeiten. No estamos levando em considerao as fases posteriores de Barth, em que senotaumpaulatinodistanciamentodotelogodeBasiliadesuasformulaesiniciais.NoseriapossvelempreendermosumaanlisemaisampladateologiadeBarthnesteartigo. 9Paraumamelhorcompreensododesconstrucionismo,verJohnM.Ellis,AgainstDeconstructionism(Princeton:PrincetonUniversityPress,1989),CarlRaschkeetal.,DeconstructionandTheology(NewYork:Crossroad,1982),StephenMoore,Poststructuralism and the New Testament. Melhor ainda, confira as obras de Derrida emqueodesconstrucionismopraticadonomelhorestilo,comoporexemploemDissemination (Chicago: University of Chicago Press, 1981), publicado originalmente emfrancs em 1972. 10ConfiraMichelFoucault,TheArchaelogyofKnowledgeeTheDiscourseonLanguage(NewYork:Harper.1972),originalmentepublicadosemfrancscomoLarchologiedusavoir (Gallimard, 1969) e Lordre du discours (Gallimard, 1971). 11AteoriadeverdadedeTarskiganhoupopularidadeentreosadeptosdafilosofiaanaltica com a publicao do seu influente artigo "The Semantic Conception of Truth" narevistaPhilosophyandPhenomenologicalResearch(1944).Maisrecentementeelafoidesenvolvidanoquehojesechama"speech-acttheoryoftruth"(teoriadeverdadedoato-da-fala).Paraanoopragmtica,vejaWilliamJames,TheMeaningofTruth(NewYork: New America Library, 1974), publicado originalmente em 1909. Evidentemente noseria possvel nos determos neste artigo em uma longa exposio das diferentes teoriasde verdade. Para uma boa introduo a este complexo assunto, veja Hendrik M. Vroom,Religions and the Truth (Grand Rapids: Eerdmans, 1989) 21-42. 12 Esse pensamento se manifesta de forma mais explcita na obra do chamado "segundoHeidegger",isto,seupensamentops-segunda-guerra.Confira,porexemplo,MartinHeidegger, On the Way to Language (New York: Harper, 1971), originalmente publicadoem alemo em 1959. 13LeylaPerrone-Moiss,"Outrasmargens"emFolhadeSoPaulo,3dedezembrode1995. Para uma melhor compreenso do conceito derrideano de diffrance, confira DavidWood&RobertBernasconi(eds.),DerridaandDiffrance(Evanston:NorthwesternUniversity Press, 1988). 14Herclitodefeso(c.530-470AC)conhecidocomoofilsofodoeternofluir,adversrio de Parmnides de Elia (c. 515-440 AC), que com sua filosofia do ser estvelfoi o verdadeiro patriarca da metafsica grega. 15 Traduo minha das ltimas palavras de Wittgenstein no seu conciso Tractatus Logico-Philosophicus,publicadooriginalmenteemalemoem1921.ParamelhorcompreenderWittgenstein, confira Anthony Kenny, Wittgenstein (Cambridge: Harvard University Press,1973). 16VerThomasOden,"The Death of Modernity and Postmodern Evangelical Spirituality"emDavidS.Dockery(ed.),TheChallengeofPostmodernism(Wheaton:Bridgepoint,1995), 19-33. 17Paraosleitoresinteressadosemestudaroassuntomaisafundo,eugostariadesugerir algumas leituras como Truth Is Stranger Than It Used to Be, de Richard Middletone Brian Walsh (Inter-Varsity Press, 1995). A Primer on Postmodernism, de Stanley Grenz(Eerdmans,1996),InterpretingGodandthePostmodernSelf,deAnthonyThiselton(Eerdmans,1995),TheChallengeofPostmodernism,editadoporDavidDockery(BridgePointBooks,1995),queincluiartigosimportantescomoosdeCarlHenryeThomas Oden, entre outros.