a morte de d. sebastião e a questão da sucessão

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A MORTE DE D. SEBASTIÃO E A QUESTÃO DA SUCESSÃO

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Page 1: A Morte de D. Sebastião e a Questão da Sucessão

A MORTE DE D. SEBASTIÃO E A QUESTÃO DA SUCESSÃO

Page 2: A Morte de D. Sebastião e a Questão da Sucessão

► Com a morte de D. João III, na Com a morte de D. João III, na ausência de um sucessor directo, ausência de um sucessor directo, jà que entretanto o seu filho tinha jà que entretanto o seu filho tinha morrido, quem estava destinado a morrido, quem estava destinado a herdar o trono era o seu neto D. herdar o trono era o seu neto D. Sebastião.Sebastião.

► No entanto na altura este tinha No entanto na altura este tinha apenas três anos e de acordo com apenas três anos e de acordo com as leis e costumes da época só as leis e costumes da época só aos catorze poderia ser coroado. aos catorze poderia ser coroado. Assim quem assegurou Assim quem assegurou provisoriamente a regência do provisoriamente a regência do reino foram primeiro a sua avó reino foram primeiro a sua avó Dona Catarina, e após a morte Dona Catarina, e após a morte desta ,o seu tio-avô Cardeal D. desta ,o seu tio-avô Cardeal D. Henrique .Henrique .

► Rei por duas vezes. A primeira Rei por duas vezes. A primeira como regente e após a morte de como regente e após a morte de D. Sebastião , rei de facto e por D. Sebastião , rei de facto e por direito. Mas velho demais para direito. Mas velho demais para deixar descendência.. deixar descendência..

Page 3: A Morte de D. Sebastião e a Questão da Sucessão

► Com a subida ao trono de D. Com a subida ao trono de D. Sebastião Portugal regressou Sebastião Portugal regressou nostalgicamente aos tempos das nostalgicamente aos tempos das conquistas Africanas.conquistas Africanas.

► Em nome dos valores cristãos e do Em nome dos valores cristãos e do espírito de cavalaria que tinham espírito de cavalaria que tinham presidido à sua educação, D. presidido à sua educação, D. Sebastião ressuscitava os tempos de Sebastião ressuscitava os tempos de D. Afonso V “ O Africano “No espírito D. Afonso V “ O Africano “No espírito e na pratica.e na pratica.

► Personagem imatura ,teimoso dado Personagem imatura ,teimoso dado a acessos de exaltação mística que a acessos de exaltação mística que roçavam a loucura , D. Sebastião roçavam a loucura , D. Sebastião vivia num mundo a que poucos vivia num mundo a que poucos tinham acesso .Não mais que os tinham acesso .Não mais que os nobres e clérigos que o tinham nobres e clérigos que o tinham moldado.moldado.

► E claro o habitual circulo de E claro o habitual circulo de oportunistas e bajuladores que o oportunistas e bajuladores que o acompanhava para todo o lado. acompanhava para todo o lado.

Page 4: A Morte de D. Sebastião e a Questão da Sucessão

► Para o jovem rei, a solução para os Para o jovem rei, a solução para os problemas do reino e do Império , problemas do reino e do Império , estaria no reforço e alargamento estaria no reforço e alargamento das conquistas territoriais das conquistas territoriais Africanas, opção que desde D. João Africanas, opção que desde D. João II, tinha vindo progressivamente a II, tinha vindo progressivamente a perder importância no âmbito da perder importância no âmbito da nossa politica expansionista. nossa politica expansionista.

► D. Sebastião tinha recebido , de um D. Sebastião tinha recebido , de um clero conservador e de uma clero conservador e de uma nobreza que já tinha conhecido nobreza que já tinha conhecido melhores tempos, uma educação melhores tempos, uma educação que pouco tinha a ver com a época, que pouco tinha a ver com a época, e lhe predestinava o papel de e lhe predestinava o papel de salvador de um Império em crise.salvador de um Império em crise.

► Para ele o mar e o comércio não Para ele o mar e o comércio não podiam ser tudo. Nem sequer o podiam ser tudo. Nem sequer o mais importante .mais importante .

► O mais importante eram a O mais importante eram a conquista e expansão da Fé . No conquista e expansão da Fé . No fundo ,o Império feito de”Guerra fundo ,o Império feito de”Guerra Santa”. Santa”.

Page 5: A Morte de D. Sebastião e a Questão da Sucessão

Ora, para um clero sempre Ora, para um clero sempre aberto a novas oportunidades aberto a novas oportunidades para evangelizar selvagens para evangelizar selvagens ou infiéis , para criar novas ou infiéis , para criar novas dioceses e arrecadar mais dioceses e arrecadar mais impostos ,e para uma impostos ,e para uma nobreza decadente que já só nobreza decadente que já só se revia no passado, estas se revia no passado, estas palavras soavam a música. palavras soavam a música.

Era altura de erguer um Era altura de erguer um novo Império Territorial , novo Império Territorial , altura de reviver Glórias altura de reviver Glórias passadas, e de dar novas passadas, e de dar novas energias a um povo energias a um povo demasiado acomodado demasiado acomodado perante a lenta decadência perante a lenta decadência do império marítimo e do império marítimo e colonial .colonial .

Page 6: A Morte de D. Sebastião e a Questão da Sucessão

► E para tal era preciso mais que um E para tal era preciso mais que um simples rei. Era preciso um homem simples rei. Era preciso um homem providencial,providencial,

que exaltasse e fizesse cumprir o que exaltasse e fizesse cumprir o destino de um povo. destino de um povo.

► Foi acreditando que esse papel lhe Foi acreditando que esse papel lhe estava destinado, que D. Sebastião estava destinado, que D. Sebastião cresceu. Disso se encarregaram os cresceu. Disso se encarregaram os seus mestres. seus mestres.

► Quanto ao povo, farto de velhos e Quanto ao povo, farto de velhos e apagados regentes, desesperava apagados regentes, desesperava por um verdadeiro rei. E por isso por um verdadeiro rei. E por isso também acreditava…Jovem, loiro, também acreditava…Jovem, loiro, teimoso ,mimado e com cara de teimoso ,mimado e com cara de anjo barroco, D. Sebastião era o anjo barroco, D. Sebastião era o filho de todos os portugueses. Nele filho de todos os portugueses. Nele depositavam todas as esperanças e depositavam todas as esperanças e dele não esperavam menos que a dele não esperavam menos que a redenção. redenção.

► Uma “ Pop - Star ” como hoje lhe Uma “ Pop - Star ” como hoje lhe chamaríamos. E como verdadeira chamaríamos. E como verdadeira Pop- Star , quando morreu tornou-se Pop- Star , quando morreu tornou-se uma lenda.uma lenda.

Page 7: A Morte de D. Sebastião e a Questão da Sucessão

► No tempo de D. Sebastião, No tempo de D. Sebastião, vivia-se um clima de” fim de vivia-se um clima de” fim de época “.época “.

A Saudade, o sentimento que A Saudade, o sentimento que os portugueses descobriram os portugueses descobriram durante a expansão, durante a expansão, contagiava todo o reino. contagiava todo o reino.

Enquanto um cansado Enquanto um cansado Camões recitava os Camões recitava os “Lusíadas” ao jovem rei , “Lusíadas” ao jovem rei , fechando as contas do fechando as contas do Império, o povo continuava Império, o povo continuava pobre, e os mais poderosos pobre, e os mais poderosos já tinham passado melhor. já tinham passado melhor.

Qualquer mudança seria Qualquer mudança seria bem vinda. Entretanto em bem vinda. Entretanto em África os Muçulmanos África os Muçulmanos desavinham-se. Parecia a desavinham-se. Parecia a altura ideal.altura ideal. Camões recitando os “ Lusíadas

perante D. Sebastião

Page 8: A Morte de D. Sebastião e a Questão da Sucessão

► Além disso tinham falhado as Além disso tinham falhado as medidas tomadas por D. João III medidas tomadas por D. João III para equilibrar as finanças do para equilibrar as finanças do reino: reino:

► Nessa altura ,substituíram - se os Nessa altura ,substituíram - se os tradicionais capitães -donatários tradicionais capitães -donatários por um único Governador, com o por um único Governador, com o objectivo de tornar mais eficiente objectivo de tornar mais eficiente e produtiva a colonização do e produtiva a colonização do Brasil.Brasil.

► Foi encerrada a feitoria de Foi encerrada a feitoria de Antuérpia na Flandres e Antuérpia na Flandres e abandonaram-se mesmo algumas abandonaram-se mesmo algumas praças Africanas.praças Africanas.

Gastando menos, Gastando menos, concentrando as atenções nos concentrando as atenções nos territórios e produtos mais territórios e produtos mais lucrativos tentávamos-mos , lucrativos tentávamos-mos , compensar as perdas no comercio compensar as perdas no comercio oriental, e atenuar a escalada das oriental, e atenuar a escalada das despesas com a defesa das praças despesas com a defesa das praças africanas. .Uma receita velha que africanas. .Uma receita velha que ainda por cá se gasta.ainda por cá se gasta.

Cultura e transporte do Algodão

Page 9: A Morte de D. Sebastião e a Questão da Sucessão

► Entretanto a nossa Entretanto a nossa agricultura continuava agricultura continuava tradicionalmente a produzir e tradicionalmente a produzir e a exportar o mel e o azeite, a exportar o mel e o azeite, enquanto a produção de enquanto a produção de cereais teimava em não cereais teimava em não chegar para as chegar para as necessidades .Mas a pesca necessidades .Mas a pesca estava desde há muito em estava desde há muito em franco desenvolvimento. franco desenvolvimento.

► Valia-se das novas técnicas e Valia-se das novas técnicas e embarcações. Ia-se agora embarcações. Ia-se agora mais longe , pescava-se mais longe , pescava-se mais e em maior variedade. mais e em maior variedade. O mesmo acontecia com a O mesmo acontecia com a produção de sal que produção de sal que continuávamos a exportar continuávamos a exportar em considerável quantidade.em considerável quantidade.

Page 10: A Morte de D. Sebastião e a Questão da Sucessão

Entretanto a ” industria” continuava Entretanto a ” industria” continuava atrasada. Por falta de investimentos, atrasada. Por falta de investimentos, mas também por falta do espírito de mas também por falta do espírito de risco e inovação de uma sociedade risco e inovação de uma sociedade cada vez mais instalada e cada vez mais instalada e conservadora fechada às ideias conservadora fechada às ideias reformistas que se impunham na reformistas que se impunham na Europa do norte. As importações Europa do norte. As importações mantinham-se assim altas. A crise mantinham-se assim altas. A crise económica prometia durar.económica prometia durar.

► Mas nem tudo corria mal. Em 1557 Mas nem tudo corria mal. Em 1557 obtivemos da china o território de obtivemos da china o território de Macau, segundo a lenda como Macau, segundo a lenda como recompensa pelo auxilio prestado ao recompensa pelo auxilio prestado ao Imperador Chinês na luta contra a Imperador Chinês na luta contra a pirataria .A partir de Macau e da sua pirataria .A partir de Macau e da sua Feitoria poderíamos expandir mais para Feitoria poderíamos expandir mais para oriente os nossos interesses na Ásia e oriente os nossos interesses na Ásia e fugir à concorrência .O Império fugir à concorrência .O Império aguentava-se e permanecia quase aguentava-se e permanecia quase intacto, apesar do abandono das intacto, apesar do abandono das praças de Safim , Azamor e Arzila ,por praças de Safim , Azamor e Arzila ,por decisão de D. João III .decisão de D. João III .

Page 11: A Morte de D. Sebastião e a Questão da Sucessão

► E. na Ásia abriam-se agora perspectivas de novas conquistas E. na Ásia abriam-se agora perspectivas de novas conquistas e negócios. e negócios.

Entretanto as coisas corriam bem entre Portugal e Castela. Entretanto as coisas corriam bem entre Portugal e Castela. Os dois Impérios católicos tornavam-se cada vez mais Os dois Impérios católicos tornavam-se cada vez mais complementares. complementares.

Page 12: A Morte de D. Sebastião e a Questão da Sucessão

Com o encerramento da feitoria Com o encerramento da feitoria da Flandres, era agora em da Flandres, era agora em Sevilha, transformada pelo Sevilha, transformada pelo comércio da prata num comércio da prata num importante centro do comercio importante centro do comercio internacional ,que os portugueses internacional ,que os portugueses vendiam os produtos do oriente.vendiam os produtos do oriente.

O número de casamentos entre O número de casamentos entre os nobres dos dois reinos não os nobres dos dois reinos não parava de aumentar ,esbatendo parava de aumentar ,esbatendo antigas rivalidades .antigas rivalidades .

As condições que iriam As condições que iriam conduzir à união Ibérica conduzir à união Ibérica começaram de facto a criar-se começaram de facto a criar-se bem cedobem cedo

► No entanto ,num contexto de No entanto ,num contexto de grande competição e de ataque grande competição e de ataque aos nossos interesses, os lucros aos nossos interesses, os lucros eram cada vez menores. eram cada vez menores. enquanto as despesas com o enquanto as despesas com o funcionamento e defesa dos funcionamento e defesa dos nossos territórios não paravam de nossos territórios não paravam de crescer…crescer…

Page 13: A Morte de D. Sebastião e a Questão da Sucessão

Não foi por isso difícil convencer o país a regressar ao Norte de Não foi por isso difícil convencer o país a regressar ao Norte de África. Ao território dos infiéis. As conquistas Africanas interrompidas África. Ao território dos infiéis. As conquistas Africanas interrompidas desde D. João III seriam retomadasdesde D. João III seriam retomadas

A glória, a honra e a riqueza esperavam-nos. A glória, a honra e a riqueza esperavam-nos. Tal como aconteceu no caso de Ceuta , os escassos recursos da Tal como aconteceu no caso de Ceuta , os escassos recursos da

coroa e do reino foram utilizados para financiar a expedição militar a coroa e do reino foram utilizados para financiar a expedição militar a Alcácer - Quibir, mas os resultados foram bem diferentes.Alcácer - Quibir, mas os resultados foram bem diferentes.

PARTIDA PARA ÁFRICA

Page 14: A Morte de D. Sebastião e a Questão da Sucessão

► Alcácer - Quibir não repetiu as Alcácer - Quibir não repetiu as glórias de que o pais se cobriu glórias de que o pais se cobriu com a conquista de Ceuta. com a conquista de Ceuta. Aproximou-se mais do desastre Aproximou-se mais do desastre de Tânger ,dos tempos de D. de Tânger ,dos tempos de D. Duarte .Mas numa versão ainda Duarte .Mas numa versão ainda mais negra. O martírio e a morte mais negra. O martírio e a morte do infante D. Fernando repetem-do infante D. Fernando repetem-se em Alcácer Quibir .Mas aqui a se em Alcácer Quibir .Mas aqui a vítima é próprio rei. E com ele a vítima é próprio rei. E com ele a elite da nobreza Portuguesa e dos elite da nobreza Portuguesa e dos seus primogénitos. Em vez do seus primogénitos. Em vez do baptismo de sangue que os baptismo de sangue que os consagraria como guerreiros, em consagraria como guerreiros, em vez do saque com que encheriam vez do saque com que encheriam os cofres, muitos encontraram aí os cofres, muitos encontraram aí a morte. E os que sobreviveram a morte. E os que sobreviveram só transportavam consigo a só transportavam consigo a vergonha, a humilhação. Nem vergonha, a humilhação. Nem sombra da honra e da glória de sombra da honra e da glória de que o país precisava.que o país precisava.

Page 15: A Morte de D. Sebastião e a Questão da Sucessão

► Dizimadas as elites do reino ,o Dizimadas as elites do reino ,o caos instalou-se. caos instalou-se.

► O clima de fim de época O clima de fim de época Sebastianista, salpicado de Sebastianista, salpicado de nostalgia mas também de euforia nostalgia mas também de euforia e esperança, deu lugar à e esperança, deu lugar à depressão,.A um novo depressão,.A um novo “sentimento de orfandade “sentimento de orfandade colectiva” nunca inteiramente colectiva” nunca inteiramente resolvido .resolvido .

► Ninguém dizia ter visto morrer o Ninguém dizia ter visto morrer o jovem rei. Alguns recusavam-se a jovem rei. Alguns recusavam-se a admitir o facto. Outros punham a admitir o facto. Outros punham a circular historias fantasiosas circular historias fantasiosas acerca do seu destino . Em todas acerca do seu destino . Em todas elas ele tinha sobrevivido e só elas ele tinha sobrevivido e só esperava um sinal para regressar esperava um sinal para regressar e fazer redimir um povo. e fazer redimir um povo. Recuperavam-se as profecias ,que Recuperavam-se as profecias ,que no tempo de D. João III, tinham no tempo de D. João III, tinham dado ao poeta - sapateiro dado ao poeta - sapateiro Bandarra ,a reputação de vidente.Bandarra ,a reputação de vidente.

A Morte de D. Sebastião

Page 16: A Morte de D. Sebastião e a Questão da Sucessão

► Nas suas trovas, um misterioso rei- Nas suas trovas, um misterioso rei- salvador ,surgiria incógnito ,do nada. salvador ,surgiria incógnito ,do nada. Foram muitos os que se apresentaram Foram muitos os que se apresentaram com “o regressado”. Todos foram com “o regressado”. Todos foram desmascarados.desmascarados.

Mas solidamente ancorada na Mas solidamente ancorada na tradição, começava a desenhar-se a tradição, começava a desenhar-se a lenda do “ Desejado”,que nos piores lenda do “ Desejado”,que nos piores momentos do domínio filipino, momentos do domínio filipino, entreteve um povo à espera de um entreteve um povo à espera de um salvador e de melhores dias. salvador e de melhores dias. Personagem que ,o duque de Bragança, Personagem que ,o duque de Bragança, futuro D. João IV , encarnará , nas futuro D. João IV , encarnará , nas vésperas da restauração. vésperas da restauração.

► A lenda do desejado perdura ainda, nos A lenda do desejado perdura ainda, nos Sebastianismos de vário tipo que Sebastianismos de vário tipo que Portugal ressuscita sempre que está Portugal ressuscita sempre que está mal e não sabe o que fazer. Uma mal e não sabe o que fazer. Uma “canga”,que nos tornou passivos e “canga”,que nos tornou passivos e indolentes.indolentes.

Afinal de contas tem sido sempre Afinal de contas tem sido sempre assim.assim.

Alguém nos salvará. Só é preciso Alguém nos salvará. Só é preciso esperaresperar..

O” Bandarra “

Page 17: A Morte de D. Sebastião e a Questão da Sucessão

A D. Sebastião sucede em 1578, A D. Sebastião sucede em 1578, agora como rei ,aquele que o tinhaagora como rei ,aquele que o tinha precedido como regente. O seu tio - precedido como regente. O seu tio - avô ,o Cardeal D. Henrique, que era avô ,o Cardeal D. Henrique, que era também na altura o inquiridor - mor do também na altura o inquiridor - mor do reino . reino .

Consciente da sua velhice ,num Consciente da sua velhice ,num ambiente de descontentamento e ambiente de descontentamento e instabilidade, em que se começavam a instabilidade, em que se começavam a perfilar os candidatos à sua sucessão, perfilar os candidatos à sua sucessão, D. Henrique cansado e temeroso, D. Henrique cansado e temeroso, convoca as Cortes ,entre 1559 e 1580.convoca as Cortes ,entre 1559 e 1580.

Aí mostra-se hesitante e incapaz de Aí mostra-se hesitante e incapaz de tomar o partido de qualquer dos tomar o partido de qualquer dos candidatos ao trono. Acaba então por candidatos ao trono. Acaba então por delegar o poder numa Junta composta delegar o poder numa Junta composta por cinco Governadores.por cinco Governadores.

A BATALHA DE ALCAÇER -QUIBIR

Page 18: A Morte de D. Sebastião e a Questão da Sucessão

Esta encarregar-se-ia dos Esta encarregar-se-ia dos

assuntos correntes da governação assuntos correntes da governação enquanto não fosse encontrado e enquanto não fosse encontrado e aclamado um novo rei. Todos os aclamado um novo rei. Todos os pretendentes naturais pretendentes naturais reclamavam laços de sangue com reclamavam laços de sangue com o rei D. Manuel I, já que D. João III o rei D. Manuel I, já que D. João III não tinha deixado descendência. não tinha deixado descendência. Dentre estes, pelo poder e Dentre estes, pelo poder e influencia que detinham, influencia que detinham, destacavam-se três : Dona destacavam-se três : Dona Catarina neta de D. Catarina neta de D. Manuel ,casada com o duque de Manuel ,casada com o duque de Bragança, D. António. o Prior do Bragança, D. António. o Prior do Crato, e Filipe II de Espanha. Crato, e Filipe II de Espanha.

A Casa de Bragança, na pessoa A Casa de Bragança, na pessoa do marido da pretendente D. do marido da pretendente D. Catarina. o Duque D. João, que Catarina. o Duque D. João, que também contava com algum apoio também contava com algum apoio entre a alta nobreza, preferia entre a alta nobreza, preferia esperar para ver.esperar para ver.

FILIPE II

D. ANTÓNIO

Page 19: A Morte de D. Sebastião e a Questão da Sucessão

► Mas secretamente esperava que vencesse o partido Espanhol. Mas secretamente esperava que vencesse o partido Espanhol. Assim pensavam também as principais famílias da nobreza e Assim pensavam também as principais famílias da nobreza e o alto clero. Afinal de contas Espanha era uma nação o alto clero. Afinal de contas Espanha era uma nação economicamente pujante ,enriquecida pelo comércio da economicamente pujante ,enriquecida pelo comércio da prata que vinha da América e também empenhada num prata que vinha da América e também empenhada num processo de expansão marítima e territorial.processo de expansão marítima e territorial.

Os Conquistadores espanhóis na América Central

Page 20: A Morte de D. Sebastião e a Questão da Sucessão

► Havia poder, terras ,riquezas e Havia poder, terras ,riquezas e empregos que chegavam para empregos que chegavam para todos A união Ibérica era por todos A união Ibérica era por muitos visto como uma muitos visto como uma verdadeira bênção. E. como era verdadeira bênção. E. como era mais fácil e barato, dirigir um mais fácil e barato, dirigir um império a partir do litoral império a partir do litoral Atlântico , do que a partir do Atlântico , do que a partir do interior, pensava-se mesmo que interior, pensava-se mesmo que não seria difícil convencer os não seria difícil convencer os Castelhanos a estabelecer em Castelhanos a estabelecer em Lisboa a capital do novo Império.Lisboa a capital do novo Império.

► D. Catarina por outro lado sem D. Catarina por outro lado sem o apoio do povo, que se o apoio do povo, que se inclinava fortemente para o lado inclinava fortemente para o lado de D. António, era apenas uma de D. António, era apenas uma pretendente formal. pretendente formal.

Page 21: A Morte de D. Sebastião e a Questão da Sucessão

► Quanto ao velho Quanto ao velho cardeal apesar da sua cardeal apesar da sua proximidade com Dona proximidade com Dona Catarina via no prior Catarina via no prior do Crato um novo do Crato um novo Mestre de Avis .Mestre de Avis .

► O único candidato que O único candidato que contando com o apoio contando com o apoio popular podia impedir popular podia impedir que fossemos que fossemos engolidos por Castela.engolidos por Castela.

Page 22: A Morte de D. Sebastião e a Questão da Sucessão

► É D. António quem toma a É D. António quem toma a iniciativa. Apercebendo-se da iniciativa. Apercebendo-se da posição hesitante e esquiva da posição hesitante e esquiva da Casa de Bragança. Talvez mais Casa de Bragança. Talvez mais que isso .Oportunista e cobarde.que isso .Oportunista e cobarde.

► É pois neste contexto , reunindo É pois neste contexto , reunindo algum apoio popular que se algum apoio popular que se estendia também ao baixo – estendia também ao baixo – clero, que D. António se clero, que D. António se proclama rei em Lisboa e noutros proclama rei em Lisboa e noutros concelhos do sul .concelhos do sul .

► No entanto logo de seguida as No entanto logo de seguida as tropas do duque de tropas do duque de Alba ,invadem o país Alba ,invadem o país desembarcando em Cascais e desembarcando em Cascais e derrotam em Alcântara o escasso derrotam em Alcântara o escasso e mal armado exercito de fiéis e mal armado exercito de fiéis que D. António tinha conseguido que D. António tinha conseguido reunir à pressa.reunir à pressa.

Page 23: A Morte de D. Sebastião e a Questão da Sucessão

► Exilado em França António tentará ainda recuperar a Exilado em França António tentará ainda recuperar a coroa ,a partir da ilha terceira que lhe permanecia leal .e coroa ,a partir da ilha terceira que lhe permanecia leal .e que só se submeterá pela força em 1583,depois de ter que só se submeterá pela força em 1583,depois de ter conseguido repelir em 1551 um primeiro ataque conseguido repelir em 1551 um primeiro ataque castelhano. castelhano.

Page 24: A Morte de D. Sebastião e a Questão da Sucessão

► O pais estava pacificado e ordeiro. O pais estava pacificado e ordeiro. Nada de conflitos revoltas ou motins. Nada de conflitos revoltas ou motins.

► Ainda assim ,de novo exilado em Ainda assim ,de novo exilado em França, D. António conseguiu algum França, D. António conseguiu algum apoio de Franceses e ingleses que de apoio de Franceses e ingleses que de vez em quando mas sem grandes vez em quando mas sem grandes consequências passaram a atacar os consequências passaram a atacar os nossos navios e territórios. Aqui e nas nossos navios e territórios. Aqui e nas colónias. Mas nada disso mudaria o colónias. Mas nada disso mudaria o curso dos acontecimentos.curso dos acontecimentos.

► Em 1580 ao contrário do que Em 1580 ao contrário do que aconteceu durante a crise de 1383-aconteceu durante a crise de 1383-85,não se respirava a mesma 85,não se respirava a mesma atmosfera revolucionária de exaltação atmosfera revolucionária de exaltação nacionalista. Os dez anos de nacionalista. Os dez anos de incompetência e desvario que incompetência e desvario que caracterizaram o reinado de D. caracterizaram o reinado de D. Sebastião tinham devastado os Sebastião tinham devastado os recursos e as energias de um país e de recursos e as energias de um país e de um povo. Estávamos cansados e um povo. Estávamos cansados e descrentes.descrentes.

Page 25: A Morte de D. Sebastião e a Questão da Sucessão

► Além disso a união Ibérica tinha Além disso a união Ibérica tinha

deixado para quase todos de ser deixado para quase todos de ser um assustador fantasma . um assustador fantasma .

Desde D. Afonso V ,que nos dois Desde D. Afonso V ,que nos dois lados da Península se tinham lados da Península se tinham urdido planos que conduziam à urdido planos que conduziam à fusão entre os dois reinos .fusão entre os dois reinos .

D. Manuel esteve quase a D. Manuel esteve quase a consegui-lo. consegui-lo.

Há muito que os portugueses Há muito que os portugueses entendiam e falavam o castelhano. entendiam e falavam o castelhano. Muitos autores portugueses Muitos autores portugueses publicavam as suas obras nesta publicavam as suas obras nesta língua e por cá circulavam escritos língua e por cá circulavam escritos castelhanos que não precisavam castelhanos que não precisavam de recorrer à tradução. Afinal de de recorrer à tradução. Afinal de contas só a elite lia… E esta contas só a elite lia… E esta pensava cada vez mais em fazer pensava cada vez mais em fazer parte de um mundo maior e mais parte de um mundo maior e mais rico .Um Mundo que resultaria da rico .Um Mundo que resultaria da união dos dois impérios católicos.união dos dois impérios católicos.

ESTANDARTE DE D . AFONSO V

Page 26: A Morte de D. Sebastião e a Questão da Sucessão

► A forma inteligente como A forma inteligente como Filipe II se assumiu como Filipe II se assumiu como soberano nas” Cortes de soberano nas” Cortes de Tomar”, preservando no Tomar”, preservando no fundamental a nossa fundamental a nossa autonomia e autonomia e identidade , aliada a identidade , aliada a uma eficiente uma eficiente administração , e a uma administração , e a uma generosa distribuição de generosa distribuição de privilégios e dádivas , privilégios e dádivas , manteve os ânimos manteve os ânimos calmos.calmos.

Page 27: A Morte de D. Sebastião e a Questão da Sucessão

► Foi por isso tranquilamente Foi por isso tranquilamente que Filipe II se instalou em que Filipe II se instalou em Lisboa até 1583, ano em que Lisboa até 1583, ano em que parte definitivamente .O país parte definitivamente .O país passou a partir de então a ser passou a partir de então a ser dirigido por representantes dirigido por representantes por si nomeados e que agiam por si nomeados e que agiam em seu nome. E por algum em seu nome. E por algum tempo as coisas até tempo as coisas até melhoraram. melhoraram.

► Graças a uma administração Graças a uma administração do reino mais moderna e do reino mais moderna e eficiente . mas também eficiente . mas também graças à prosperidade de graças à prosperidade de Espanha em cujas áreas de Espanha em cujas áreas de interesse económico interesse económico passamos a poder negociar.passamos a poder negociar.

FILIPE II DE ESPANHA