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A MODÉSTIA CRISTÃ NO VESTIR Filipe Luiz C. Machado

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A MODÉSTIA CRISTÃ NO VESTIR_ICRB

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A MODÉSTIA CRISTÃ

NO VESTIR

Filipe Luiz C. Machado

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Este material é fruto de uma série de estudos realizados na Igreja Cristã Reformada de Blumenau pelo presbítero Filipe Luiz C. Machado.

Você está incentivado e autorizado a distribuir, bastando citar a fonte e o autor.

Imagem de capa: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:The_peale_family_charles_willson_peale.jpg

Brasil – 2013

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A MODÉSTIA NO VESTIR - (Estabelecendo a questão)

Vivemos em dias onde as palavras "modéstia", "honra", "pureza" e "simplicidade"

acarretam todo tipo de entendimento errôneo e sempre se diz que tais palavras são

similares às utilizadas por aqueles fariseus e legalistas no tempo de Jesus. No entanto, já

nos é claro que apesar de toda ignomínia que sofremos do mundo, a Bíblia sempre

continuará a ser nosso padrão de fé e verdade para nossos dias. Porém, ponho-me a

pensar sobre os porquês de haver tão pouca abordagem em nossas igrejas acerca desse

assunto deveras vital para os crentes em Cristo Jesus. Nos causa espanto que as

mesmas palavras que suscitam ódio nos ímpios (relacionadas à pureza e modéstia), por

muitas vezes instiguem uma reação bastante similar na vida dos professos do

cristianismo, ou seja, poucas são as congregações que "resistem" a um firme

ensinamento bíblico sobre a modéstia em todas as áreas da vida. Contudo, todas as

nossas atividades deverão passar pelo crivo bíblico caso queiramos viver de maneira

digna de nossa vocação (Ef 4.1).

Tenho certeza de que muitos de nós (senão, todos) jamais conversaram, ouviram ou

leram algum material realmente bíblico sobre como o cristão deve portar-se em seu

vestir, caminhar e agir perante esse mundo. Talvez já tenhamos lido alguns materiais que

trataram sobre determinados assuntos de forma genérica, isto é, que tocaram

apenas em pontos superficiais do que vem a ser um cristão "politicamente correto" diante

da igreja e da sociedade em que está instalado. Entretanto, não podemos aceitar que a

Bíblia seja somente uma espécie de guia geral para nossas vidas, deixando-nos a

incumbência de viver conforme os tempos, modas e filosofias de nossa época. É preciso

que os crentes resgatem o verdadeiro discernimento do que vem a ser um homem e

mulher "modestos" diante do Senhor.

Também deixamos registrado que ao falar deste assunto não estamos dizendo que não

aceitaremos pessoas na igreja que não estejam se vestindo modestamente. Toda sorte

de pessoas, jeitos, cores e vestimentas serão aceitas para ouvir a mensagem do

evangelho e terem suas vidas transformadas. De modo algum alguém será excluído de

assentar-se em nosso meio para conversar sobre sua vida; homens e mulheres, ricos e

prostitutas, todos, sem exceção são bem-vindos neste lugar, não importando a roupa que

estejam usando, pois cremos que o evangelho é poderoso para transformar estas vidas.

Todas as pessoas serão recebidas para ouvir as Boas Novas e, então, posteriormente,

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pela graça de Deus, através da admoestação e poder do Espírito Santo, tais pessoas vão

se vestindo modestamente e crendo no Senhor Jesus. Assim pontuado, olhemos ainda

outras questões sobre o que estamos querendo dizer com modéstia.

Em primeiro lugar, é preciso deixar bastante evidente que a modéstia cristã, tanto no

vestir-se como no portar-se, não se inicia exterior, mas no interior - deixe-me explicar:

poderíamos citar centenas de miríades de atitudes, formas e roupas que seriam

adequadas para cada situação de nosso dia-a-dia. Haveriam centenas, senão milhares

de casos onde ser-nos-ia lícito apontar qual a melhor solução e como se portar perante o

que o mundo requer de nós. Contudo, nada disso surtiria o verdadeiro efeito

desejado pelas Escrituras, pois proveito algum teria o escrever de um tratado sobre a

"modéstia cristã externa" se não começarmos com o problema inicial de todos os

crentes: o pecado.

Em sua grandiosa maioria, todos os professos da vida cristã reconhecem que são

pecadores por natureza e que devido a isso todas as suas atitudes estão manchadas e

corrompidas pelo pecado. Mas, o que é estranho notar, é que ao lado dessa afirmação,

muitos não acreditam na suficiência das Escrituras para discernirem o que é aceitável a

Deus, o que Ele reprova e que sobre isso despeja Sua ira santa. Compreendermos a

situação pecaminosa de nossas vidas é certamente muito importante, mas não devemos

brecar por aí e deixar nossos corações livres para decidir o que será ou não adequado

para nossas vidas. Nesse sentido, corretamente sustentam os bons escritores cristãos de

que para conhecermos o pecado, precisamos olhar primeiramente para Cristo,

contemplar sua beleza, santidade, retidão, justiça e verdade, e, então, olharmos

novamente para nós mesmos e visualizarmos a mancha horrível do pecado que se

espalha sobre absolutamente todo nosso corpo, tanto interior como exterior. Só

conseguiremos entender nossa situação pecaminosa diante do Senhor quando

entendermos que n'Ele reside toda fonte de pureza e santidade, mas não apenas como

atributos divinos não alcançáveis, e sim como designativos de Deus que devem

imperar na vida do crente que agora foi lavado pelo sangue de Cristo.

Quando falamos em modéstia, estamos querendo abordar sobre o que chamamos

também de "bom senso cristão", "prudência e juízo cristão", mas, talvez, não como

comumente entendido em certos círculos evangélicos, e sim de acordo com àquilo que as

Escrituras nos ensinam ser prudente e lícito para a vida cristã. Bem sabemos que todas

as ações do homem são provenientes de suas faculdades mentais e de suas emoções, e

isso é importante para nós, pois uma vez que o agir exterior provém do interior, é salutar

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que visualizemos todas as nossas atitudes diante do mundo e da igreja a partir da

disposição fundada em nossos corações. Então, sendo a modéstia uma questão

proveniente do coração e disposição interior do homem (gênero) pecador, é preciso que

entendamos que primeiro precisamos renovar e modificar nosso pensar e discernir sobre

a vida cristã para posteriormente conseguirmos aplicar com entendimento, graça e

alegria em nossas vidas tudo aquilo que o Senhor deseja ver visível em nossas vidas - "E

não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do

vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita

vontade de Deus" (Rm 12.2).

Em segundo lugar, quando falamos em modéstia cristã, estamos a dizer que o Senhor

nos legou uma santa e viva palavra que suplantou todas as ideologias e demagogias que

já surgiram e ainda surgem em nossos tempos. É preciso levar cativo que a Bíblia possui

um caráter atemporal, isto é, fora do tempo, desvinculado de qualquer contexto ou época

específica - mas o que devemos entender com isso? Devemos compreender que apesar

das Escrituras terem sido escritas em tempos bastante remotos ao que vivemos, suas

doutrinas, práticas e verdades não estão condicionadas àqueles tempos em que foram

escritas, ou seja, o mesmo pentateuco (os cinco primeiros livros da Bíblia) que foi válido

para os judeus, hoje também nos comunica ensinamentos e sanções da parte de

Deus; as cartas de Paulo escritas para as mais diversas igrejas, apesar de não mais

existirem (fisicamente), ainda continuam a falar aos nossos corações e a nos admoestar

a viver uma vida conforme a inspiração divina. Certamente que sempre precisamos

analisar o contexto onde as cartas e passagens estão inseridas para por fim retirarmos

um melhor entendimento; no entanto, o contexto e época não determinam a doutrina para

os nossos dias, aliás, fazem justamente o contrário, isto é, mostram-nos que a palavra de

Deus muitas vezes irá contra tudo àquilo que se diz ser normal e ordinário para os seres

humanos - não foi assim com Noé e sua família, com o povo israelita em meio aos

egípcios, com os profetas em meio a toda sorte de heresias, com Jesus entre os fariseus,

com Paulo dentro os gentios...?

Em terceiro lugar, como já brevemente pontuado, é mister que entendamos que a

modéstia inicia-se em nosso interior: "O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira

o bem, e o homem mau, do mau tesouro do seu coração tira o mal, porque da

abundância do seu coração fala a boca" (Lc 6.45), "Porque do coração procedem os

maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e

blasfêmias" (Mt 15.19). Um coração mau não pode falar coisas realmente agradáveis aos

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olhos do Senhor; um homem com pensamentos pervertidos não consegue olhar com

pureza para a criação e criaturas feitas por Deus; uma boca ímpia não conseguirá

sustentar a falsidade exterior por muito tempo; tão logo o lobo em pele de cordeiro se

manifesta, e já todas as ovelhas se põem a correr em direção de seu pastor. A modéstia

cristã no vestir-se e portar-se exteriormente não deve ser desassociada em relação à

atitude interior. Notemos que em momento algum a Bíblia revela-nos uma

descontinuidade entre aquilo que desejamos e o que realizamos; não há sequer um

mandamento ou exemplo positivo que nos diga que pode haver uma disparidade entre o

professar da fé cristã e a sua vivência diante dos homens. Essa censura nos é muito bem

conhecida com relação a Jesus e os mestres da Lei, onde o Messias, sabendo a intenção

de seus corações, constantemente os repreendia e proferia seu julgamento eterno sobre

tais indivíduos.

Em quarto lugar, um dos princípios básicos da interpretação bíblica é que a Escritura se

auto interpreta e, portanto, se auto explica; isto é, não devemos e nem podemos desejar

compreender o evangelho de Cristo à luz do século em que vivemos. O verdadeiro

intérprete da Bíblia é aquele que vai ao texto sagrado e deixa com que a própria

sequência e naturalidade do texto traga-lhe a resposta às dúvidas e incertezas. Não é

prudente, nessa questão da modéstia, desejarmos intentar o que é moral, lícito e legal

para nossos dias, sem antes irmos para a palavra de Deus e entendermos quais são os

padrões que ela mesma reserva para si e de que não abre mão. Ao contrário do senso

comum, a Bíblia ensina firmes padrões de modéstia para o vestir do homem, da mulher,

da criança e sobre como todos devem se portar nesse mundo vil e pervertido pelo

pecado. Quando Cristo roga ao Pai para que não tirasse seus discípulos do mundo, mas

sim que os fortalecesse e os livrasse do mal (Jo 17.15), Ele está claramente ensinando

que se o Pai os fortalecerá nesse mundo, Ele também certamente os legará Sua

providência para que assim o façam.

Em quinto lugar, se somos verdadeiramente crentes, certamente desejaremos fazer

tudo em conformidade com a Lei e prescrições do Senhor. Um homem que ama sua

esposa e deleita-se em sua doçura, busca agradá-la com gestos e presentes que a

fazem feliz; um filho que se orgulha de seu pai e reconhece-o como protetor de sua vida,

sempre deseja mostrar exteriormente o quanto está contente por tê-lo por perto e junto

de si; até mesmo os cães nos são evidência da relação de afeições que há entre eles e

seus donos, mostrando continuamente no abanar do rabo e no latir o quanto se divertem

em sua companhia. De forma semelhante, mas que dever-nos-ia ser muito mais intensa,

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é também nossa relação com o Senhor e salvador de nossas vidas. Se, demonstramos

aos nossos pares, pais, familiares e amigos (e até mesmo para os animais!) a noção de

amor que temos por eles, quanto mais evidente deveria ser nossa prática e vida cristã

diante do Altíssimo e por tudo o que Ele nos fez. Homens e mulheres cristãs não podem

ter prazer na imodéstia e em coisas imorais que até mesmo o mundo pecador julga

serem contrárias a toda ética e sensatez humana. O crente não deve sair de casa com a

expectativa de ser admirado por todos, quer seja por seu novo corte de cabelo, nova

camisa ou novo visual que tenha adotado - "Aquele que diz que está nele, também deve

andar como ele andou" (1Jo 2.6). Se, professamos uma fé em Cristo Jesus, nosso andar

e falar diário precisa necessariamente refletir a salvação que alegamos estar presente em

nossos corações. É uma contradição de afirmações o professar uma fé no Santo e sumo

Salvador de todos os Seus filhos e ao mesmo tempo viver uma vida devassa e

segundo os costumes, modas e intentos deste mundo decaído.

"Quem te não temerá, ó Senhor, e não magnificará o teu nome? Porque só tu és santo;

por isso todas as nações virão, e se prostrarão diante de ti, porque os teus juízos são

manifestos" (Ap 15.4) O apóstolo João, por meio de inspiração e visão divina, nos é

clarividente em sua sentença: "por isso todas as nações virão, e se prostrarão diante de

ti" (grifo meu). É corretamente lícito afirmar que tal visão se dá em relação a um futuro

ainda não concretizado, no entanto, é igualmente certo sustentarmos que se todas as

nações irão ao Senhor e se dobrarão em sinal de reverência e temor diante d'Ele, hoje,

nós que somos cristãos gentios (isto é, não judeus), necessitamos externar tudo que está

em nossos corações, precisamos demonstrar ao mundo que apesar de termos nascido

em meio ao pecado e corrupção, fomos transformados pelo sangue do Cordeiro e já no

tempo presente nos prostramos em adoração ao único santo e perfeito Senhor de toda a

terra. Todo aquele que procrastina o dobrar amoroso e submisso de seus joelhos perante

o Senhor nessa vida, por fim acabará de ter de dobrá-los forçosamente e para sua

própria condenação – como diz a frase atribuída a J. C. Ryle, "O inferno é a verdade

reconhecida tarde demais".

Tendo pontuado tais posicionamentos, precisamos responder a essa questão: de que tipo

de modéstia estamos falando? Isto é, qual a finalidade de estudarmos a modéstia na vida

cristã? Acaso, podem pensar alguns, mudaremos nossos modos de falar, agir e nossas

roupas do guarda-roupa tão somente porque estamos vendo sobre a modéstia cristã?

Respondo: sim. Mas ressalvo: mudemos primeiro o nosso coração.

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Haveriam muitas definições para a palavra modéstia em nossos dicionários

contemporâneos, no entanto, seria perigoso calcar nossas bases em palavras que vão

tendo seus significados alterados conforme o tempo em que estão inseridas. O que hoje

se diz ser modesto, puro e adequado, há não mais de cinquenta anos atrás teria uma

conotação totalmente diversa; o que presentemente nos representa imoralidade e

perversidade moral, há cem anos atrás nem sequer seria digno de menção pública; as

roupas que atualmente dizemos ser "mais ou menos prudentes e modestas", há

quinhentos anos atrás eram vestimentas que não seriam vistas nem mesmo nos mais

esdrúxulos e malignos prostíbulos existentes. Então, tendo em vista que a definição de

modéstia, honestidade e prudência variam conforme as épocas, precisamos nos ater a

algum baluarte que seja fixo e imutável em sua definição, cujos princípios sempre

permanecem os mesmos e assim estarão até o último dia - e certamente que só

encontramos tal definição nas Escrituras reveladas pelo Senhor.

"Os olhos do SENHOR estão sobre os justos, e os seus ouvidos atentos ao seu clamor"

(Sl 34.15), "Dá-me, filho meu, o teu coração, e os teus olhos observem os meus

caminhos" (Pv 23.36). Por toda a Escritura encontramos sentenças que nos admoestam

sobre a bênção e sobre os perigos que corremos nessa vida, pois nada escapa aos olhos

do Senhor, nem coisa alguma consegue persuadir-Lhe o coração para que intente nova

percepção de suas criaturas. Como peregrinos que somos por essa terra, devemos

compreender que apesar de muitas lutas, aflições, desesperanças e, quem sabe, até

mesmo martírios que possamos passar, nossa estadia não se resume a esta terra

infestada e encharcada com o pecado, mas sim que estamos vivendo aquilo que o

Senhor intentou e decretou para nós, a fim de que "Saiamos, pois, a ele fora do arraial,

levando o seu vitupério. Porque não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a

futura" (Hb 13.13-14). Se assim se faz real conosco, isto é, que devemos levar as

ofensas de Cristo em nossa vida e nela nos gloriar (além de Seu exemplo vivo), é salutar

compreendermos as palavras de Cristo que dizem: "Se alguém quiser vir após mim,

renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me;" (Mt 16.24; Mc 8.34; Lc

9.23).

Não são raras as vezes em que nos deparamos com professos da fé cristã e que

constantemente afirmam estar passando por aflições, angústias, doenças e poucas

expectativas de melhoras no porvir. Porém, ao analisarmos a vida dos profetas, de Cristo

e dos apóstolos em face do mundo em que viviam, percebemos que tais dificuldades são

cotidianas para todos os homens, tanto crentes como ímpios. Tanto o crente e o ímpio

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sofrem, ambos têm angústias, os dois passam por tempos de doença e frequentemente

se veem desolados quanto a melhoras significativas em suas vidas. Nesse sentido,

portanto, não há que se falar que apenas o levar da cruz de Cristo seja sofrer o mesmo

que os ímpios sofrem, mas no final ter a coroa da vida, ao passo que eles terão o

tormento eterno. Se a cruz de Cristo se resume somente às mesmas dores e

peculiaridades da vida dos homens contrários ao Evangelho, não haveria o porquê de

sermos ensinados a carregar uma cruz e O seguir; talvez, se assim fosse, as palavras

seriam: "Se alguém quiser vir após mim, renuncie a si mesmo, coloque a cruz no

pescoço, e siga-me". A cruz de Cristo, quando viva em nossas vidas, atua de maneira

dupla em nosso ser: primeiro nos dando um profundo senso do pecado, morte e

destruição iminente que se aproximam de nós, e, em segundo lugar, uma paz e amor tão

grandes, que mesmo em meio a todas as dificuldades, excedem todo nosso

entendimento (Fp 4.7).

Portanto, a modéstia cristã também precisa estar anexa na cruz de Cristo, isto é, ao

levarmos o vitupério e martírio que Cristo sofreu, necessitamos entender que a cruz

também deve se fazer presente em nosso pensar, agir e na forma como nos vestimos

diante do mundo. De coisa alguma adiantaria tratarmos da modéstia cristã se ela não

fosse ligada a cruz de Cristo que precisa estar constantemente em nossos ombros. Se,

desejamos ser homens e mulheres que de fato refletem o caráter de Cristo nas ações do

dia-a-dia, é necessário que comecemos a refletir se compreendemos a modéstia cristã e

se de fato ela se faz latente em nossas vidas - nossos pensamentos são bons e dignos

de apreciação? Nossas palavras refletem a glória de Deus que afirmamos habitar em

nós? Nossas roupas e os lugares que frequentamos são lícitos para com a fé que

dizemos professar? Ao escrever sobre tal assunto, sei que para alguns posso muito bem

ser entendido como legalista, frio, calculista e odioso de toda e qualquer forma de

descontração e beleza natural. No entanto, peço que os leitores reflitam primeiramente se

de fato podem olhar para dentro de si e exclamarem com o apóstolo: "Miserável homem

que sou!" (Rm 7.24). Mas, peço também com amor: olhe para seus relacionamentos e

também para com a forma com que se veste e se apresenta diante das pessoas. Busque

verificar nas Escrituras se de fato o seu vestir tem sido de acordo com as prescrições

divinas, afinal, acaso alguém pensaria que na presença do Senhor poderia habitar a

sensualidade e vestimentas contrárias ao que Ele mesmo ordenou em Sua palavra?

A modéstia cristã precisa saltar aos olhos dos não cristãos. Nossa família, nossos amigos

e colegas de trabalho precisam enxergar em nós uma mudança significativa de

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pensamentos e atitudes, quando comparadas as da sociedade pervertida em que

estamos inseridos. Não há nada mais maligno para um cristão do que o apoiar-se em

falsas premissas do tipo "não seja diferente, seja crente", ou ainda, quando ouve de um

ímpio os dizeres, "Nossa! Mas você nem parece crente!", achar que está dando bom

testemunho, pois aparenta não ser um alienígena em meio à sociedade "pós-moderna". É

perniciosa a doutrina da contextualização da Palavra, onde lemos que o evangelho

supostamente deve ser moldado pela sociedade em que vivemos. Lamentavelmente já

não é incomum observarmos grandes desvirtuações das Escrituras nos professos da

suposta fé cristã e que quando juntos e analisados segundo a luz da Verdade, suas

roupas mais parecem refletir o espírito de dançarinos e manequins sensuais de Satanás

e das bestas indomáveis do que dos crentes piedosos em Cristo Jesus.

"Certa vez Spurgeon disse aos seus alunos que eles iriam descobrir que pessoas que

nas reuniões de oração oraram como autênticos santos, e que geralmente se

comportavam como piedosas, numa assembleia da igreja poderiam de repente virar

demônios! Ah! a história da igreja prova que o que ele disse não é senão muito

verdadeiro. Você vê, orando a Deus elas pensam espiritualmente. Depois vêm a uma

reunião de negócios da igreja e se tornam demônios. Por quê? Porque já partem de

maneira não espiritual, com base na suposição de que há uma diferença essencial entre

uma assembleia eclesiástica e uma reunião de oração. Têm dentro de si um espírito

partidário, e ele vem para fora. Simplesmente porque esquecem que precisam pensar

espiritualmente em tudo. Daí, o primeiro princípio que firmamos é que devemos aprender

a pensar sempre espiritualmente." [1]

Assim como colocou o Dr. Jones, para entendermos como a modéstia cristã deve ser

aplicada em nossas vidas, precisamos começar a pensar com pressupostos bíblicos, isto

é, deixando de lado nossos conceitos pré-concebidos sobre o que vem a ser uma vida

modesta e um agir prudente diante do mundo e sob os ditames deste, e, então, nos

lançarmos à luz das Escrituras e buscar investigar quais são os padrões estabelecidos

pelo Senhor em Sua santa e viva palavra.

Nota:

[1] JONES, Martyn Lloyd, Por Que Prosperam os Ímpios? Ed. PES - pág. 41.

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A MODÉSTIA NO VESTIR - (Introdução e as vestes dadas pelo senhor)

Tendo em vista que a modéstia cristã no vestir-se inicia não no exterior, e sim no interior

do ser humano "Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios,

prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias" (Mt 15.19) - observemos

que Cristo não diz que "das roupas procedem os maus pensamentos", mas sim do

coração), é necessário ainda fazer alguns apontamentos extras.

Em primeiro lugar, todo cristão verdadeiro reconhece que "Toda a Escritura é

divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para

instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído

para toda a boa obra" (2Tm 3.16-17). Isto implica em dizer que ele reconhece que a

Bíblia, no mínimo deve lhe fornecer padrões sobre absolutamente todas as coisas

existentes na terra - não que ela possua literalmente cada situação descrita, mas, por

exemplo, nos ensina sobre que ao construir uma moradia, devemos cuidar para a

fazermos segura (Dt 22.8); quando andarmos por e para algum lugar (tanto em

doutrina como fisicamente), devemos lembrar de andar na velocidade que os mais fracos

possam acompanhar (Gn 33.14).

Em segundo lugar, o cristão sincero irá reconhecer que a Bíblia não é legalista (no

sentido ruim da palavra) em suas ordens acerca de todos os assuntos. O cristão sabe

que a ética, moral e pressupostos bíblicos são quase sempre opostos a tudo que vemos

na sociedade, todavia, isto nunca o leva a afirmar que a Palavra seja ultrapassada ou que

seja um mero ajuntado de leis morais e vazias, como que supostamente não desejando

que homem e mulher pudessem ter certas alegrias e regozijos neste mundo.

Em terceiro lugar, por já termos fixado que o problema principal é o pecado do ser

humano, o cristão devoto ao Senhor irá reconhecer que todas as vezes que achar

alguma doutrina "difícil" ou de dura aplicação em sua vida e por isto não as conseguir

compreender e/ou aplicar imediatamente, fará como a frase atribuída a John Newton que

disse: "Atribuirei todas as aparentes incoerências da Bíblia à minha própria ignorância."

Assim sendo, então resumimos que o autêntico filho de Deus reconhece:

1. A suficiência das Escrituras;

2. Procura nela toda a base para suas respostas e aplicações;

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3. Compreende que toda dificuldade que tem de entender a aplicar a Bíblia, não provém

de erro da Palavra, mas sim de seu coração enganoso e perverso.

Conforme pontuamos nos estudos anteriores, há uma claríssima (ou deveria haver)

diferença entre o ser masculino e o feminino. Sendo isto verdade no tocante à família,

sociedade e igreja, é mister a compreensão de que também haja uma distinção no portar-

se de cada sexo. Na verdade, a própria natureza (criada por Deus) nos ensina esta

distinção, como a diferença de altura entre homem e mulher (geralmente os homens são

mais altos), o tom da voz, pêlos no corpo, força, memória, capacidade de fazer mais

coisas de uma só vez... cada qual possuindo as atribuições que o Senhor conferiu. Estas

diferenças devem sempre ser relembradas, pois uma vez que nosso Deus é ordeiro e

age com solenidade em tudo o que faz (vide desde a criação, a distinção das plantas, dos

animais, dos corpos celestes...), igualmente Ele nos legou Sua revelação (a Bíblia) para

que por ela fossemos regulados e instruídos em nosso viver.

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ENTENDENDO O QUE QUEREMOS DIZER COM A PALAVRA "modéstia"

De pronto já deixemos estabelecido que modéstia não significa se vestir de forma feia e

alheia a este mundo, mas sim implica em um viver não luxuoso, não sensual, não

provocador. O viver do homem e da mulher do Senhor deve ser simples, honroso,

discreto e santo (como veremos no restante do estudo). Todavia, este tipo de abordagem

tem gerado toda sorte de confusão e intriga entre os professos da fé cristã, pois

muitíssimos (infelizmente) ainda pensam como o mundo, por nunca terem tido suas

mentes verdadeiramente transformadas pelo evangelho - "E não sede conformados com

este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que

experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus" (Rm 12.2).

Assinalemos também e entendamos que modéstia não significa se vestir como nos

séculos passados; porém, igualmente não se traduz em dizer que ignoraremos a

prudência que muitas daquelas roupas representavam.

Nosso Senhor Jesus já deixou o salutar e precioso alerta sobre o grande pecado em que

incorrem aqueles que levam outros a tropeçarem por suas doutrinas, atos, e, por que

não, modos de se vestirem: "Mas, qualquer que escandalizar um destes pequeninos, que

crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma mó de azenha, e

se submergisse na profundeza do mar. Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é

mister que venham escândalos, mas ai daquele homem por quem o escândalo vem!

Portanto, se a tua mão ou o teu pé te escandalizar, corta-o, e atira-o para longe de ti;

melhor te é entrar na vida coxo, ou aleijado, do que, tendo duas mãos ou dois pés, seres

lançado no fogo eterno. E, se o teu olho te escandalizar, arranca-o, e atira-o para longe

de ti; melhor te é entrar na vida com um só olho, do que, tendo dois olhos, seres lançado

no fogo do inferno" (Mt 18.6-9). Basta ler os versículos anteriores e se perceberá que os

pequeninos são os cristãos. Cristo enfatiza que sempre haverão pessoas sendo pedra de

tropeço - "porque é mister que venham escândalos". Contudo, "ai daquele homem por

quem o escândalo vem!" Para a Santa palavra de Deus, levar um irmão ou irmã a pecar é

algo digno de morte - "melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma mó de

azenha, e se submergisse na profundeza do mar". Duras palavras, meus amados! Isto,

por si só, dever-nos-ia causar extremo espanto e desconforto em nossos corações,

levando cada um a perscrutar se já se tornou ou se fez conscientemente pedra de

tropeço por seu modo de andar, falar e vestir - homens com camisetas muito colocadas

ao corpo, usando "regatas" apenas para aparecer às garotas e se orgulharem diante dos

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outros homens, short's muito curtos, calças caindo ou muito apertadas, andando sem

camiseta em lugares públicos... mulheres com seus decotes na frente e atrás, calças

justíssimas e que colam ao corpo, vestidos e saias curtas, short's minúsculos, penteados

chamativos e toda sorte de ouro, joia e bijuteria que brilha. Todas estas coisas, embora a

grandiosa maioria não saiba, são contra as Escrituras e afrontam a santidade de Deus.

Iniciemos, pois, a verificar de onde se extrai os subsídios (bases) para se afirmar o que

dissemos acima.

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A QUEDA E A VESTIMENTA DADA PELO SENHOR

Observemos o primeiro ato após a queda: "Então foram abertos os olhos de ambos, e

conheceram que estavam nus; e coseram [costuraram] folhas de figueira, e fizeram para

si aventais" (Gn 3.7). Por certo que nenhum de nós pode conhecer com exatidão a forma,

tamanho e formato do avental feito pelos primeiros pais, entretanto, a palavra hebraica

para "aventais" é "Chagowr" (rwgx) e significa "cinto, lombo de cobertura, tanga,

armadura". [1] Que tipo de roupa era esta fica mais evidente quando contrastamos com a

fornecida pelo Senhor: "E fez o SENHOR Deus a Adão e à sua mulher túnicas de peles,

e os vestiu" (Gn 3.21). A palavra "túnicas" em hebraico é "Kethoneth" (tntk) e significa

"túnica, uma longa veste'. [2] Notemos, então, que há uma grande diferença entre uma

"tanga" e uma "longa veste".

Há duas funções principais de uma longa veste: esconder a pele e não revelar a

forma do corpo. Isto é evidente até mesmo em nossos dias, pois basta olhar para uma

mulher de vestido longo e não justo, que se percebe que aquela vestimenta não marca as

"curvas" do corpo como outras roupas. Olhando para tal pessoa, não conseguimos saber

qual o grossura de suas pernas, por exemplo - esta é a função da longa veste. Este é um

ponto importante para se compreender a modéstia, pois a vestimenta, para a Bíblia,

se tornou sinônimo de cobrir a vergonha e não de beleza (ainda que a roupa não seja

inerentemente má, pois como visto em vários lugares das Escrituras, a roupa é também

usada para distinguir, por exemplo, um rei de um súdito)! Após a queda os homens não

se cobrem mais para serem bonitos ou chamarem a atenção, mas sim para esconderem

sua nudez! Ora, não é isto que fazemos ao sair de casa? Qual é a razão para que não

andemos nus por nossas cidades? Certo estou de que é por reconhecermos que a nudez

é má e contrária à civilidade e ao Senhor. Certamente que isto não significa que devemos

nos vestir da pior maneira que conseguirmos (para mostrarmos que somos modestos),

mas sim que devemos entender o porquê de haverem vestes: para esconder a nudez. O

Senhor Deus não foi um costureiro ou doador de roupas, mas sendo o Soberano e

regente de toda a criação, então algo Ele estava a comunicar por meio da túnica.

Neste ponto, os opositores da modéstia irão afirmar que esta descrição bíblica da túnica,

ou não tem coisa alguma para nos comunicar, ou que era parte da cultura, ou zombarão

e dirão que se deve, então, voltar a usar túnicas tais quais as usadas pelos primeiros

pais, a saber, "túnicas de peles". Contudo, se refuta facilmente estas objeções, pois se a

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narrativa bíblica não contém algo para nos ensinar neste aspecto, por que teria em algum

outro qualquer? O que define, então, o que é proveitoso e não é? Quanto à cultura ser

outra, que se relembre que a narrativa se passa no belo e glorioso jardim, portanto, se

assim podemos dizer, em um lugar "neutro", pois Adão e Eva ainda não haviam sido

expulsos do Éden. Quanto a se ter de utilizar túnicas feitas literalmente de animais, que

se recorde que a Bíblia não se encerra nesta narrativa, fazendo que com que

absolutamente qualquer pessoa racional consiga ler o restante das Escrituras e perceba

que há muitos outros tipos de tecidos e panos de cobertura que se usavam (cf. Êx 39.27;

Lv 16.4; Dt 22.11; Pv 31.22).

Antes de avançarmos às demais explicações, que a Palavra de Deus, "mais penetrante

do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e

das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração"

(Hb 4.12), possa ser nosso guia por meio do Espírito Santo e fale aos nossos corações

sobre quantas foram as vezes que no passado ou presente usamos roupas que não

condizem com este pequeno apontamento que fizemos: roupas longas, que não

marcam o corpo e escondem a forma dele. Que olhemos para a roupa natural que o

homem perverso deseja fazer e usar (curta e apertada como o avental de folhas) e a

comparemos com a túnica feita pelo Senhor (longa e não apertada). O motivo de muitas

fornicações e adultérios é certamente o coração vil e pecador, porém muitíssimas são

as roupas (de ambos os sexos) de hoje que são como que forjadas diretamente nas

fábricas diabólicas e demoníacas de Satanás. Homens têm ido à igreja (e ido a todos os

lugares) com roupas que tem apenas um objetivo: chamar a atenção - ou para à grife ou

para seus próprios corpos. Mulheres têm se vestido como nunca se imaginou em toda a

história humana e jamais foi sequer pensado por uma filha do Senhor nos tempos

passados.

Infelizmente, os seres humanos se esquecerem de que o pecado corrompeu até mesmo

as vestimentas e a prudência ao usá-las. Muitos professos da fé cristã se esqueceram

dos ditos de Paulo: "Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa,

fazei tudo para glória de Deus. Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos

judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus" (1Co 10.31-32). A Palavra é certeira ao

dizer que todas as coisas devem ser feitas para a glória de Deus - e isto inclui a modéstia

cristã. A visão de João nos revela: "Aconselho-te que de mim compres ouro provado no

fogo, para que te enriqueças; e roupas brancas, para que te vistas, e não apareça a

vergonha da tua nudez; e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas" (Ap 3.18).

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Quem, ó irmãos, iria desejar não seguir este conselho? Quem de nós gostaria de perecer

nas profundezas do inferno por causa de termos nossas vergonhas e nudez à vista de

todos?! "E foram dadas a cada um compridas vestes brancas e foi-lhes dito que

repousassem ainda um pouco de tempo, até que também se completasse o número de

seus conservos e seus irmãos, que haviam de ser mortos como eles foram" (Ap 6.11). O

que aí está escrito? "E foram dadas vestes curtas, calções curtos, vestidos e minissaias"?

Mas é claro que não! Foram dadas "compridas vestes", tipificando assim a completa

justiça de que seríamos revestidos e tais seriam "brancas", demonstrando a santidade (o

que enfatizamos é a alusão às compridas vestes, igualmente como nossos primeiros pais

receberam). Não bastasse isto já ser suficiente, ainda lemos: "Eis que venho como

ladrão. Bem-aventurado aquele que vigia, e guarda as suas roupas, para que não ande

nu, e não se vejam as suas vergonhas" (Ap 16.15). Certamente que ninguém será

condenado pela mera vestimenta, todavia, as Escrituras afirmam que o nosso exterior

reflete o interior e por isto a condenação não tem como fato fundante a roupa, mas sim o

coração.

Isto tudo, de modo algum poderia ser chamado de legalismo, pois Paulo nos diz: "Ora, o

Senhor é Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade" (2Co 3.17). De qual

liberdade Paulo está falando? Basta ver os dois versículos anteriores: "E até hoje,

quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles. Mas, quando se

converterem ao Senhor, então o véu se tirará" (2Co 3.15-16). O apóstolo está dizendo

que por causa do "véu" que cobre os corações endurecidos (o pecado), os homens não

conseguem enxergar ao Senhor, todavia, "quando se converterem ao Senhor, então o

véu se tirará". Em outras palavras, quando são convertidos, então passam a

compreender as coisas celestiais, o mistério de Cristo lhes é revelado (Ef 1.9), e, então,

possuem liberdade para ir até Ele! O texto nada está falando sobre a liberdade para os

cristãos fazerem o que bem entenderem, mas sim dizendo que anteriormente eram

escravos do pecado e por isto não conseguiam ir até Cristo; entretanto, uma vez que o

véu que lhes impedia de ver o Senhor foi retirado de seus corações, agora podem

livremente ter acesso ao Senhor. A liberdade que Paulo fala é que os cristãos agora

podem obedecer ao Senhor, pois já não são mais escravos da velha vida: "Assim que, se

alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez

novo" (2Co 5.17).

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"Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios,

Remindo o tempo; porquanto os dias são maus. Por isso não sejais insensatos, mas

entendei qual seja a vontade do Senhor" (Ef 5.15-17).

Nota:

[1] Fonte: http://www.biblestudytools.com/lexicons/hebrew/kjv/chagowr-2.html - acessado

dia 26.07.2012

[2] Fonte: http://www.biblestudytools.com/lexicons/hebrew/kjv/showq.html - acessado dia

10.07.2012.

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A MODÉSTIA NO VESTIR - (O que é nudez para a Bíblia?)

Conforme vimos, as vestes dadas pelo Senhor não foram fornecidas sob algum contexto

cultural ou devido à alguma tendência da moda daqueles tempos, mas sim no Éden, no

lugar onde homem e mulher haviam sido criados. Algo que é importante salientar é que

falar em modéstia não significa dizer que o corpo humano é mau, maligno, como que

fazendo eco ao antigo gnosticismo que dizia que a matéria era má e que o espírito era

bom. Lemos nas Escrituras que "Justo é o SENHOR em todos os seus caminhos, e santo

em todas as suas obras" (Sl 145.17), todavia, precisamos sempre relembrar que apesar

de toda beleza da criação, em todos os aspectos o pecado foi inserido - e, por óbvio, se

aplica também ao modo de se vestir. Isto precisa ficar bastante claro para nós, pois não

são poucos que nos chamam (e chamarão) de moralistas, legalistas, dizendo que

afirmamos ser o corpo criado por Deus algo mal e perverso (lembremo-nos de quantos

antigamente também levaram este rótulo jocoso por não perverterem a Lei de Deus como

os demais). Neste sentido, a própria Escritura testifica contra estes, pois se o corpo

humano fosse tão desgraçado como querem afirmar que dizemos, então dever-se-ia

excluir o livro de Cantares de Salomão, por exemplo, pois que outro livro da Bíblia retrata

mais o corpo humano do que aquele? Assim, afirmamos que o corpo criado por Deus é

bom e digno de ser apreciado, contudo, dentro dos limites estabelecidos pelo Deus Todo-

Poderoso e criador dos céus e da terra, cuja excelência e sabedoria vão muitíssimo além

de toda nossa razão e conhecimento.

Mas, embora o corpo humano seja bom, algo é muito, mas muito perverso diante do

Senhor: a nudez. Entretanto, nem sempre a nudez foi má: "E ambos estavam nus, o

homem e a sua mulher; e não se envergonhavam" (Gn 2.25). Este entendimento de que

a nudez é perversa é primeiramente extraído das vestes dada pelo Senhor - as túnicas

de pele (veremos mais adiante alguns detalhes) - donde lemos a diferença entre a roupa

feita pelo homem e a feita por Deus. Entretanto, não é somente daí que aprendemos,

mas de muitos outros versículos que ensinam cristalinamente que a nudez é algo

afrontoso, blasfemo diante do Senhor e que representa a completa vergonha e desprezo.

- "E ele também despiu as suas vestes, e profetizou diante de Samuel, e esteve nu por

terra todo aquele dia e toda aquela noite; por isso se diz: Está também Saul entre os

profetas?" (1Sm 19.24);

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- "Assim o rei da Assíria levará em cativeiro os presos do Egito, e os exilados da Etiópia,

tanto moços como velhos, nus e descalços, e com as nádegas descobertas, para

vergonha do Egito" (Is 20.4);

- "Portanto, ó meretriz, ouve a palavra do SENHOR. Assim diz o Senhor DEUS:

Porquanto se derramou o teu dinheiro, e se descobriu a tua nudez nas tuas prostituições

com os teus amantes, como também com todos os ídolos das tuas abominações, e do

sangue de teus filhos que lhes deste" (Ez 16.35-36).

- "E eles te tratarão com ódio, e levarão todo o fruto do teu trabalho, e te deixarão nua e

despida; e descobrir-se-á a vergonha da tua prostituição, e a tua perversidade, e as tuas

devassidões" (Ez 23.29);

- "Ela, pois, não reconhece que eu lhe dei o grão, e o mosto, e o azeite, e que lhe

multipliquei a prata e o ouro, que eles usaram para Baal. Portanto tornarei a tirar o meu

grão a seu tempo e o meu mosto no seu tempo determinado; e arrebatarei a minha lã e o

meu linho, com que cobriam a sua nudez" (Os 2.8-9).

- "Então aquele discípulo, a quem Jesus amava, disse a Pedro: É o Senhor. E, quando

Simão Pedro ouviu que era o Senhor, cingiu-se com a túnica (porque estava nu) e

lançou-se ao mar" (Jo 21.7);

- "Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos

de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus. E por isso também

gememos, desejando ser revestidos da nossa habitação, que é do céu; Se, todavia,

estando vestidos, não formos achados nus" (2Co 5.1-3 - note o contraste entre estar

revestido e nu, ainda que Paulo esteja falando figurativamente).

Olhemos ainda para a parábola dos talentos, onde lemos sobre esta diferença entre estar

nu e vestido: "Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu

Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo;

Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era

estrangeiro, e hospedastes-me; Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive

na prisão, e fostes ver-me... E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e

te vestimos?... E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o

fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes. Então dirá também aos

que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno,

preparado para o diabo e seus anjos... Sendo estrangeiro, não me recolhestes; estando

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nu, não me vestistes; e enfermo, e na prisão, não me visitastes. Então eles também lhe

responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro,

ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servimos? Então lhes responderá, dizendo: Em

verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a

mim" (Mt 25.34-36, 38, 40-41, 43-45 - grifo meu).

Que a nudez completa e diante dos outros (exceto, é claro, os pais que cuidam de seus

filhos enquanto bebês e a relação entre homem e mulher casados entre si) é algo

moralmente vulgar e absolutamente reprovável e indigno diante do Senhor é ponto

pacífico e praticamente todos os cristão aceitam essa verdade - exceto alguns

desvairados e falsos professos da fé em Cristo que creem que a nudez representa uma

volta à antiga pureza do Éden. Porém, ponderemos por um momento em nosso coração

e vejamos se muitas das vestimentas que existem hoje, não são, praticamente, a mesma

coisa como se a pessoa estivesse nua. Pois quem será o louco que dirá que nudez é

estar completamente despido de roupa e que quando se acrescenta alguns poucos

centímetros de pano por cima da pele isto já torna a pessoa vestida? Precisamos retornar

à modéstia bíblica por amor de nosso Senhor Deus e também para não sermos pedra de

tropeço para os demais.

A palavra "vergonha" na Bíblia (como vimos em vários versículos no estudo passado),

geralmente tem conotação geral, isto é, as Escrituras não chegam a especificar qual

parte é ou não vergonhosa mostrar (quer dizer, não temos uma sequência de versículos

que nos digam explicitamente). Contudo, as Escrituras também não nos deixam sem

bases para serem lançadas.

Para a parte de cima do corpo temos alguns importantes versículos: "Seja bendito o teu

manancial, e alegra-te com a mulher da tua mocidade. Como cerva amorosa, e gazela

graciosa, os seus seios te saciem todo o tempo; e pelo seu amor sejas atraído

perpetuamente. E porque, filho meu, te deixarias atrair por outra mulher, e te abraçarias

ao peito de uma estranha?" (Pv 5.18-20). A palavra de Deus nos ensina primariamente

três coisas: Em primeiro lugar, que o homem deve se alegrar somente com sua esposa.

Homens que interagem demasiadamente com outras mulheres podem incorrer em

graves perigos e darem razão à carnalidade. Em segundo lugar, que o corpo de sua

amada (o inverso também é verdadeiro) é fonte de prazer para ele - "os seus seios te

saciem todo o tempo". E, em terceiro lugar, que o homem não deve se deixar ser

levado por outra mulher e se enredar com a estranha. Destas premissas se conclui que a

mulher deve se vestir de forma que seu colo/peito não seja visível a outros homens,

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mulheres e crianças (tanto em pé, com ao se abaixar - em todo o tempo). Isto inclui tanto

a proibição para se ver a pele (que é algo que causa grandiosos problemas para o

homem) como para se usar vestes que contornem excessivamente esta região, afinal,

esta é a função da roupa (como vimos anteriormente - esconder a forma do corpo) e

também as demais pessoas não devem ter uma aula de anatomia ao olharem para a

mulher (assim como é verdade no tocante ao corpo do homem). Este entendimento é

plenamente verdadeiro, pois se bastasse apenas esconder a pele, por que apenas não

borrifaríamos um pouco de tinta sobre a mesma?

É uma mentira perniciosa e forjada por Satanás o brado de certas pessoas que ressoam

as seguintes palavras: "O corpo é meu! Eu faço o que eu quiser com ele!" Contra estes o

veredicto da Palavra lhes deixa sem fôlego: "E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o

coração, como ao Senhor, e não aos homens" (Cl 3.23). As Escrituras são firmes em

dizer que tudo, absolutamente tudo deve ser feito como se estivéssemos realizando ao

Senhor e Ele estivesse diante de nós, além de precisarmos buscar realizar todas as

coisas para Seu louvor e glória (1Co 10.31). Tudo tendo que ser feito "como ao Senhor",

então todo aquele que busca se vestir para mostrar suas "curvas" e aparecer diante dos

homens, erra em seu dever cristão.

O problema e toda discussão surge, então, sobre quais são as partes do corpo que

devem ser cobertas. Que a nudez plena é ilícito, é algo tranquilo e aceito pela grande

maioria, mas poderiam as Escrituras nos fornecer um padrão de modéstia? Afirmo

positivamente e veremos claramente isto.

Partimos do princípio de que se anteriormente à queda a nudez era lícita diante dos

homens e de Deus (Gn 2.25), posteriormente a nudez passou a representar vergonha e

algo completamente ilícito diante de Deus: "E chamou o SENHOR Deus a Adão, e disse-

lhe: Onde estás? E ele disse: Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e

escondi-me. E Deus disse: Quem te mostrou que estavas nu? Comeste tu da árvore de

que te ordenei que não comesses?" (Gn 3.9-11). Não precisamos ir muito longe para

provar isto na prática, pois basta olhar os filmes, por exemplo, e notar que toda a vez que

aparece algo que personifica o mal ou tem a intenção de demonstrar algo diabólico, na

maciça maioria das vezes o que aparece é uma mulher vestindo roupas sensuais e

falando exatamente como Provérbios descreve a mulher imoral.

Cartazes de apresentações e eventos frequentemente também personificam a

devassidão e "liberdade" com pessoas com poucas roupas.

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É preciso deixar registrado que cobrir o corpo não é sinônimo de legalismo e igualmente

não significa que uma pessoa seja "santa" somente porque está devidamente coberta,

afinal, já pontuamos que o problema se inicia no coração. Contudo, cobrir o corpo é a

expressão visível de quem somos interiormente. Não é assim que diferenciamos alguém

em sã consciência e algum lunático? Um jovem de um idoso? Como sabemos quem são

os prostitutos e meretrizes quando andamos pelas estradas? Acaso não é pelas roupas

que vestem? Uma pessoa reservada geralmente não descobre muito o seu corpo, não é

mesmo? Assim como homens muito fortes (e orgulhosos) geralmente usam camisetas

mais apertadas para todos notarem que seus músculos, também as mulheres

(orgulhosas) geralmente se vestem com toda sorte de brilho e pompa para chamarem a

atenção. Digo isto para inicialmente provar que a própria natureza nos ensina que o vestir

indica quem nós somos ou quais são nossos desejos e impressões que intentamos

passar quando nos vestimos.

É triste ter de falar sobre isto, mas quantos são os homens e mulheres de nossos dias (e

dentro das igrejas - para nossa vergonha!) que vivem tão somente para aparecem,

muitas vezes colocando seus corpos à exposição do mundo e pensando interiormente:

"Com esta roupa eu vou ser notado, os homens olharão para mim e me desejarão" (o

inverso vale para os homens). Meus amados, é certo que não conseguiremos extirpar

todos os maus pensamentos de nosso coração e continuamente teremos de lutar contra

este tipo de pensamento, mas uma coisa é certa: nós devemos ser diferentes do mundo!

A santidade do cristão deve estar imediatamente refletida em suas roupas. Tal qual a

meretriz se diferencia do restante da sociedade por suas roupas, assim também o crente

deve buscar ter uma distinção e modéstia no seu vestir.

Observemos em Marcos 5.1-15 e notemos a diferença daquele endemoniado. Como ele

era antes da libertação? "E andava sempre, de dia e de noite, clamando pelos montes, e

pelos sepulcros, e ferindo-se com pedras" (Mc 5.5). Eis, então, como foi encontrado após

ter sido liberto: "E foram ter com Jesus, e viram o endemoninhado, o que tivera a legião,

assentado, vestido e em perfeito juízo, e temeram" (Mc 5.15). Ainda que o texto não diga

que anteriormente ele estava nu ou com poucas roupas, basta ver que havia sido

acorrentado várias vezes, constantemente se cortava com as pedras e as roupas não

eram abundantes naquele tempo e não eram compradas em qualquer lugar (agora sim é

importante verificar o contexto). Mas, independente disto, a inferência lógica por meio de

como foi encontrado posteriormente - "vestido e em perfeito juízo" -, nos leva a entender

que anteriormente, no mínimo, ele não andava corretamente vestido (o mais provável é

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que andasse sem roupa ou com ela toda rasgada e aparecendo livremente partes

indevidas de seu corpo).

Outro texto muito evidente é este: "Não haverá prostituta dentre as filhas de Israel; nem

haverá sodomita dentre os filhos de Israel" (Dt 23.17). Sabemos muito bem que este

versículo não está falando de roupas, contudo, o paralelo que fazemos é sobre as roupas

que hoje temos e que podem levar outros a se prostituírem (ou a própria pessoa que usa

se torna alguém que vende a imagem de seu corpo) ou ainda as pessoas que não se

prostituem diretamente, mas andam pelas ruas e igrejas causando a prostituição e

adultério visual no próximo. Seria isto uma atitude aceitável diante do Senhor?

Lembremo-nos do santo provérbio que diz: "Pois quando a sabedoria entrar no teu

coração, e o conhecimento for agradável à tua alma, O bom siso te guardará e a

inteligência te conservará; Para te afastar do mau caminho, e do homem que fala coisas

perversas... Para te afastar da mulher estranha, sim da estranha que lisonjeia com suas

palavras; Que deixa o guia da sua mocidade e se esquece da aliança do seu Deus;

Porque a sua casa se inclina para a morte, e as suas veredas para os mortos" (Pv 2.10-

12; 16-18). Ora, se as palavras do homem mau e da mulher estranha (meretriz - vide

contexto e demais versículos) já devem ser evitadas pelo cristão, quanto mais o utilizar-

se de roupas que levam o próximo (e a si mesmo) a se esquecer "da aliança do seu

Deus"!

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O QUE É NUDEZ PARA A BÍBLIA?

Primeiramente, temos a passagem de Isaías 47. O texto diz: "Desce, e assenta-te no pó,

ó virgem filha de babilônia; assenta-te no chão; já não há trono, ó filha dos caldeus,

porque nunca mais serás chamada a tenra nem a delicada. Toma a mó, e mói a farinha;

remove o teu véu, descalça os pés, descobre as pernas e passa os rios. A tua vergonha

se descobrirá, e ver-se-á o teu opróbrio; tomarei vingança, e não pouparei a homem

algum" (Isaías 47:1-3).

Aqui, a Bíblia trata da Babilônia como sendo uma mulher envergonhada e castigada pelo

Senhor - já não sentaria mais no "trono", mas sim "no chão", mostrando a ira de Deus

sobre tal reino. No hebraico a palavra para "pernas" é "Showq" (qwX), que significa

"perna, coxa" [1] - a versão King James traduz por "coxa", enquanto a Almeida Corrigida

Fiel traduz por "perna". Assim, quando o Senhor profere a maldição sobre a Babilônia,

Ele diz que ela teria sua perna/coxa descoberta e sua vergonha seria vista por todos -

nos dando um primeiro padrão de que roupas acima da linha dos joelhos significam

vergonha, isto é, algo não lícito e que traz vexame para quem as veste (além de ir contra

a Lei de Deus). Na verdade, a própria natureza nos mostra que a sociedade tem por

"modesta" um roupa que vá até a linha dos joelhos. Embora o texto se dirija

especificamente à mulher, por implicação e boa dedução é também aplicado ao homem

(inclusive quando se realizam esportes e divertimentos informais). Este entendimento

precisa ficar bastante latente para nós, pois nem sempre a palavra nudez, nas Escrituras,

significa alguém completamente sem roupa. O padrão bíblico para determinar que

alguém está nu é simplesmente ter suas coxas aparecendo ou estar sem camisa, por

exemplo (vide que Adão e Eva usavam aventais/tangas e depois tiveram todo o seu

corpo coberto).

Também temos o texto de 1Timóteo 2.9: "Que do mesmo modo as mulheres se ataviem

em traje honesto, com pudor e modéstia, não com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou

vestidos preciosos". A palavra "traje" (na King James - "roupa/vestuário") no grego é

"Katastole" (katastole) que significa "deixado para baixo, uma peça de roupa deixada

para baixo, vestido/vestuário". [2] Assim, entendemos que a roupa que a mulher deve

buscar usar é sempre "para baixo" do corpo. Mas quanto "para baixo" deve ser? Ora, se

para acima da coxa é vergonhoso (versículos anteriores), então necessariamente deve

tampar o corpo desde o peito/colo (vide Provérbios, acima citado) até acima da linha da

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coxa. Este entendimento é reforçado ao nos recordarmos de que Adão e Eva tiveram

todo o seu corpo coberto – não nos é dito que Eva, por exemplo, deixava parte

de seu abdômen (ou costas) aparecendo ou que Adão dividiu a túnica ao meio para

apenas usar a parte de baixo e ficar sem camisa em outros momentos (veremos melhor

sobre este ponto posteriormente).

Lemos também em Gênesis 3.21: "E fez o SENHOR Deus a Adão e à sua mulher túnicas

de peles, e os vestiu". Como vimos no estudo passado, a palavra "túnicas" em hebraico

é "Kethoneth" (tntk) e significa "túnica, uma longa veste'. [3] Uma vez que as Escrituras

não podem conter variação e os cristãos prezam, portanto, por Sua unidade, então esta

palavra "túnica/longa veste", aliada a "traje" e relacionada à "coxa", nos dá o

entendimento de que a roupa feminina consiste em cobrir a parte superior, ser

relativamente larga (em contraposição aos aventais feitos pelo homem e mulher - Gn 3.7)

a ponto de não revelar a forma do corpo (pois é isto que uma túnica também faz) e longa

o suficiente para cobrir, no mínimo as coxas - tanto estando de pé, como se inclinando e

sentando (em todas as ocasiões em público, em família, com amigos - exceto, é claro, na

intimidade do casamento) - veremos posteriormente sobre a túnica também utilizada

pelos homens.

Jeff Polard comenta: "Embora não tenhamos qualquer imagem das vestes de Adão e

Eva, a palavra traduzida por vestimenta é usada em todo o Antigo Testamento para

expressar a ideia de uma veste semelhante a uma túnica... Esta vestimenta semelhante a

uma camisa, geralmente tinha mangas longas e se estendia até o tornozelo, quando

usado como veste formal."

Algumas fontes fornecem este entendimento:

- Zondervan Pictorial Encyclopedia of the Bible: "Os trabalhadores comuns, escravos

e prisioneiros usavam uma túnica mais curta – às vezes, até aos joelhos, sem mangas."

- The New Brown-Drives-Brigg-Genesius Hebrew-English Lexicon: "Era a roupa mais

comum usada por um homem e uma mulher, próxima ao corpo."

- James Strong, Exaustive Concordance of the Bible: "Era uma vestimenta comprida,

semelhante a uma camisa, feita geralmente de linho."

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- The International Standard Bible Encyclipedia: "Se assemelha a uma 'túnica romana,

correspondendo quase que ao nosso 'blusão', indo sempre abaixo dos joelhos e, quando

feita para ocasiões que exigiam vestes formais, chegavam quase até o chão".

- Wycliffe Bible Encyclopedia: “... enquanto o modelo mais simples não tinha mangas,

indo somente aos joelhos."

- New Bible Encyclopedia: "Era feita de linho ou lã, chegando até os joelhos ou aos

tornozelos."

Pollard conclui: "Todas essas fontes concordam neste fato... ela [a túnica] cobria o corpo

desde, pelo menos, o pescoço até aos joelhos, enquanto, às vezes, alcançava o meio da

panturrilha ou ia até aos pés." [4]

Certamente que algumas pessoas irão discordar de nossa abordagem, pois dirão - o que

já prevemos anteriormente - que isto é especulação humana e nada tem a ver com nossa

cultura, afinal, não temos um único versículo que diga qual deve ser o tamanho da roupa

do homem e da mulher. Porém, sequer perderemos tempo buscando refutar esta

esdrúxula objeção, por que se a Bíblia, o santo manual dos filhos de Deus, não fala sobre

isto, onde buscaremos os limites para nossas vestimentas? Em Hollywood? Na moda

atual, nos atores e atrizes, no gosto pessoal, na tradição familiar? Se assim fosse, então

ninguém poderia dizer que tal roupa e tal comprimento é ilícito, pois se não há uma regra,

tudo é relativo e necessariamente deve ser permitido - coisa que só de pensar já causa

nojo e repulsa.

A visão de João da revelação de Deus descreve: "E os quatro animais tinham, cada um

de per si, seis asas, e ao redor, e por dentro, estavam cheios de olhos; e não descansam

nem de dia nem de noite, dizendo: Santo, Santo, Santo, é o Senhor Deus, o Todo-

Poderoso, que era, e que é, e que há de vir" (Ap 4.8). O que os animais cantavam? "Mau,

mau, mau, é o Senhor Deus"? É claro que não! Se assim será quando aprouver ao

Eterno, por que ainda alguns insistem em dizer que o padrão de modéstia determinado

por Deus é mal? Acaso se julgam melhores do que aqueles seres divinos?

A Bíblia revela que a Palavra de Deus é justa e correta em tudo que ordena e

prescreve:

- "Ele é a Rocha, cuja obra é perfeita, porque todos os seus caminhos justos são; Deus é

a verdade, e não há nele injustiça; justo e reto é" (Dt 32.4);

Page 28: A MODÉSTIA CRISTÃ NO VESTIR_ICRB

- "A lei do SENHOR é perfeita, e refrigera a alma; o testemunho do SENHOR é fiel, e dá

sabedoria aos símplices" (Sl 19.7);

- "Aquele, porém, que atenta bem para a lei perfeita da liberdade, e nisso persevera, não

sendo ouvinte esquecidiço, mas fazedor da obra, este tal será bem-aventurado no seu

feito" (Tg 1.25).

Também nos prescreve que precisamos buscar seguir estas ordenanças:

- "Sede vós, pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus" (Mt 5.48);

- "Se me amais, guardai os meus mandamentos" (Jo 14.15);

- "Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; do mesmo modo

que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor... Vós

sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando" (Jo 15.10, 14).

Notas:

[1] Fonte: http://www.biblestudytools.com/lexicons/hebrew/kjv/showq.html - acessado dia

10.07.2012.

[2] Fonte: http://www.biblestudytools.com/lexicons/greek/kjv/katastole.html - acessado dia

10.07.2012

[3] Fonte: http://www.biblestudytools.com/lexicons/hebrew/kjv/kethoneth.html - acessado

dia 10.07.2012

[4] Todas as citações foram extraídas do livro do autor, "Deus o Estilista", Ed. FIEL, págs.

20-21 - http://issuu.com/editorafiel/docs/deus_o_estilista (acessado dia 29.07.2012)

Page 29: A MODÉSTIA CRISTÃ NO VESTIR_ICRB

A MODÉSTIA NO VESTIR - (Vestes masculinas e femininas na Bíblia)

Para que não surja algum erro de interpretação nesta matéria (e nas anteriores), de

pronto já deixemos registrado que quando afirmamos e demonstramos biblicamente que

a nudez é odiosa ao Senhor, não estamos falando que Deus não consiga suportar diante

de si pessoas sem roupa - caso contrário, o casamento seria prejudicado e até mesmo o

nosso banho diário -, mas sim de que a nudez em público não é permitida sob nenhuma

circunstância. Uma vez pontuado isto, é preciso estabelecer quais são os parâmetros

pelos quais os cristãos devem se pautar a fim de se cobrirem segundo o que a Bíblia

prescreve, afinal, como comumente se afirma, ela é o padrão de fé e conduta de todo

filho de Deus.

É preciso ser sincero quando se lê as Escrituras para que não se afirme algo que ela não

diz ou façamos inferências desprovidas de bom senso e que acabem violando a

harmonia do texto sagrado. Em outras palavras, não podemos sair afirmando coisas que

a Bíblia não diz, e, portanto, devemos ter todo o cuidado (sempre visando o amor – "não

tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine" (1Co 13.1).) ao

realizarmos os desdobramentos do pensamento inicial. Isto implica em dizer que

devemos ser honestos quando lemos as Sagradas Letras – se elas não ordenam, não

podemos obrigar. Todavia, é igualmente verdade que não devemos esperar apenas por

um texto que ordene expressamente, pois uma vez que toda a Escritura é divinamente

dada por Deus (2Tm 3.16-17), então precisamos extrair os subsídios dela para que

entendamos melhor as questões que muitas vezes não são tão claras em uma leitura

superficial.

Homens devem usar túnicas?

Esta é geralmente a primeira dúvida que surge após o entendimento de que homens e

mulheres devem se vestir com modéstia. Muitos se põem a perguntar: "Se todos devem

se vestir como a Bíblia ordena, então, tanto homens como mulheres deveriam usar

túnicas ou saias, pois é isto que se vê na criação". Todavia, precisamos estar cientes de

que a Bíblia é, como diziam os nobres puritanos, "um corpo de divindade"; quer dizer, o

cristão possui não apenas 1 ou 2 livros para nortear sua vida, mas sim 66 - a saber, a

própria Escritura que é divinamente escrita por Deus (2Tm 3.16-17).

Em primeiro lugar, relembremos dos estudos passados e de quando havíamos

pontuado sobre qual era o âmbito de atuação de cada um dos sexos - homens

Page 30: A MODÉSTIA CRISTÃ NO VESTIR_ICRB

trabalhando fora e mulheres cuidando do lar. Como vimos, ainda que não seja

inerentemente errado à mulher trabalhar fora (Pv 31, por exemplo), seus serviços são

primariamente os de sua casa e de sua família: "As mulheres idosas, semelhantemente,

que sejam sérias no seu viver... Para que ensinem as mulheres novas a serem

prudentes, a amarem seus maridos, a amarem seus filhos, A serem moderadas, castas,

boas donas de casa, sujeitas a seus maridos, a fim de que a palavra de Deus não seja

blasfemada" (Tt 2:4-5). Se procurará em vão pelas Escrituras alguma autorização para as

mulheres em vez de serem "boas donas de casa", se lançarem à carreiras empresariais

e buscarem cargos de chefia em empresas. Nosso papel como cristãos é

tão somente se pautar pelo que a Palavra nos diz. As Escrituras não são brandas ao

dizerem que se esta ordem for violada, então a palavra de Deus será "blasfemada" no

mundo. Em outras palavras, se os cristãos subverterem este mandamento e trocarem os

papéis, Cristo será mal falado no mundo e Sua palavra cairá em descrédito entre os

homens (ainda que isto não macule Sua glória).

Este entendimento também foi expresso por John D. Davis em seu Davis Dictionary of

the Bible: "As mulheres jovens da família, especialmente nos primeiros tempos entre os

nômades, cuidavam de ovelhas (Gn 29.6; Êx 2.16) e iam aos campos colher (Rute 2.3,

8); mas as principais funções das mulheres eram sobre a família. Elas traziam água do

poço (Gn 24.13; Jo 4.7), moíam os grãos para o dia-a-dia (Mt 24.41), preparavam as

refeições (Gn 18.6; 2Sm 13.8; Lc 10.40), fiavam lã e faziam roupas (1Sm 2.19; Pv 31.13,

19; At 9.36-39), ensinavam aos filhos as verdades da religião (Pv 1.8; 31.1; cp. 2Tm 3.15)

e cuidavam da casa (Pv 31.27; 1Tm 5.14). A lei mosaica e também a opinião pública

entre os hebreus garantiu às mulheres o gozo de muitos direitos... O espírito do Novo

Testamento é igualmente contra à degradação da mulher. Ele [o Novo Testamento]

insistiu de que o homem e a mulher devem ocupar suas respectivas áreas de atuação em

mútuo respeito e dependência como indicado pelo Criador (Mc 10.6-9; Ef 5.31; 1Tm 2.12-

15). A santidade e permanência da relação do casamento foram ensinadas e o divórcio

só foi permitido para causas extremas (Mt 19.8, 9; 1Co 7.15; Ef 5.22-23)." [1]

Penso que com esta elucidação o assunto possa estar tomando forma e algumas dúvidas

estejam sendo dirimidas. Assim, embora a mulher possa trabalhar, é de sumaríssima

importância notar que o seu trabalho circunda, de alguma maneira, sempre em torno de

sua casa. Salutar é também frisar a questão do divórcio (como já estudamos), pois sendo

a mulher designada por Deus para cuidar da casa, que segurança haveria para ela se o

divórcio pudesse acontecer a qualquer momento e por qual motivo que fosse? Não ficaria

Page 31: A MODÉSTIA CRISTÃ NO VESTIR_ICRB

ela completamente desamparada e quase que sem sustento? Vemos, então, a bondade

de Deus para com a mulher.

Faço questão de ainda pontuar que os espíritos espúrios que não concordam com isto e

dizem que estamos em outro tempo, que se recordem que entre Gênesis e o Novo

Testamento se passaram milhares de anos! Se fosse algo da época, por quais motivos a

igreja neotestamentária iria continuar com uma prática tão antiga?! Aliás, qual diferença é

maior: da criação até o advento de Jesus ou do início do Novo Testamento até nossos

dias? Portanto, se o Novo Testamento validou está prática concorde entre todo o povo de

Israel (que havia sido ensinado pelo Senhor), quem somos para ultrajarmos os preceitos

divinos? Por isto, irmãs, louvem ao Senhor pela grande bênção que possuem! Vocês não

são obrigadas a sair de casa cedo e no frio, passar pelas intempéries e mazelas de

empresas, grandes comparações lhes pressionando, levantarem peso excessivo, se

estressarem com funcionários e colegas de trabalho, terem de voltar a noite para casa e

sozinhas... O senhor, pela Sua graça, proporciona a cada uma de vocês uma vida

muito mais tranquila (neste aspecto) do que a dos homens. Por que tentar imitar o

sofrimento dos homens na labuta diária do trabalho (além da violação do que a Bíblia

ensina), sendo que podem graciosamente cuidarem da casa, do marido, dos filhos e

ajudar a sustentar a casa de inúmeras outras maneiras?

Em segundo lugar, uma vez que às mulheres está destinado o cuidado da casa, aos

homens cabe a incumbência de manter financeiramente ela, e, por óbvio, para isto ele

terá de despender muita força (que o Senhor nos capacite) e confiança no Senhor para

sustentar os seus. De forma alguma e sob nenhuma circunstância razoável ele deve

trocar seu papel com a esposa e em vez de ser o sustentador passar a ser o sustentado.

O homem que deseja ser sustentado por sua esposa no lugar de ser o provedor do lar

(como nos ensinam as Escrituras), nunca deveria ter se casado e deixado "o seu pai e a

sua mãe" (Gn 2.24). O homem de Deus reconhece sua difícil e árdua missão em prover o

sustento para o lar, ainda que "com dor... [viva] todos os dias da sua vida" (Gn 3.17).

Feitas estas considerações, é plausível que a conclusão natural do pensamento seja: se

homens e mulheres possuem atribuições diferentes na sociedade, então suas roupas

devem condizer com o tipo de chamado para o qual foram designados. Por que haveriam

os homens de ter as mesmas roupas que as mulheres?

Page 32: A MODÉSTIA CRISTÃ NO VESTIR_ICRB

Consideremos o seguinte:

1. Homens devem trabalhar fora e trazer o sustento para casa.

2. Nos tempos antigos, como um homem iria, por exemplo, andar a cavalo com uma

túnica (a menos que a levantasse até a cintura, seria impossível - ou a túnica teria de ser

muito grande no seu rodado)? Se a levantasse até a cintura, incorreria no que já

pontuamos acerca do limite que é a coxa.

3. Antigamente, como se iria lutar com uma túnica longa? Seria possível ter boa

maleabilidade com uma vestimenta daquelas?

4. Em nossos dias, como um homem faria para subir uma escada, correr e demais coisas

com uma veste longa? Ao ter de defender sua família fisicamente, por exemplo, estaria

apto para perseguir o inimigo ou correr com seus filhos no colo vestido desta forma?

Penso que as respostas para as perguntas acima sejam bastante evidentes e nos levem

ao seguinte já exposto: homens precisam ter roupas diferentes das usadas pelas

mulheres, pois sua vocação é outra. Todavia, poderiam haver apontamentos bíblicos que

aprovassem esta conclusão? Pela graça do Senhor, sim.

- "Então o SENHOR respondeu a Jó de um redemoinho, dizendo: Cinge agora os teus

lombos como homem; eu te perguntarei, e tu me explicarás" (Jó 40.6-7).

"A mesma declaração é repetida em Jó 38.3, onde Mattew Poole comenta: 'Agora cinge

os teus lombos; como os guerreiros, então, se prepare para a batalha. Prepara-te para o

combate comigo.' Assim como indicado na palavra de Deus sobre Jó nesta ocasião,

cingir os lombos [nota minha: lombo é a parte de trás e superior da cintura - esta

expressão é como dizer: "aperte seu cinto, prenda suas roupas, esteja pronto"] era sem

variação um costume pertencente somente aos homens, pelo qual eles teriam 'suas

longas vestes levantadas (que de outra maneira iria os travar e impedi-los' [citação de

Matthew Henry]; enquanto por outro lado, podemos inferir a partir de Is 47.2-3 que para

as mulheres, qualquer levantar da saia seria vergonhoso [nota minha: o autor parte da

questão de que o padrão bíblico ideal para a mulher é se cobrir até os pés]. A palavra

usada em Jó 38.3; 40.7 e em Deuteronômio 22.5 para 'homem' é ֶרֶבג (geber), que quer

dizer 'um homem valente ou guerreiro' [Strong Concordance] e a palavra usada em

Deuteronômio 22.5 para 'mulher' é ָאִ ה� (ishshah), que é o feminino de Xya ((iysh), a

palavra comum para todo homem. Portanto, a gramática hebraica na frase 'Não haverá

traje de homem na mulher', nos mostra a especial proibição das mulheres realizarem este

Page 33: A MODÉSTIA CRISTÃ NO VESTIR_ICRB

costume das atividades dos homens: as 'longas vestes que eles levantavam quando iam

para seus negócios' [comentário sobre 2Reis 9.1 da Bíblia de Genebra - 1599], o manto

mais curto, e as calças usadas como um revestimento externo de operários, soldados,

marinheiros, cavaleiros, etc, antigamente e em muitas culturas modernas." [2]

Resumindo o dito deste autor, os homens levantavam suas vestes (até o limite da coxa)

porque precisavam de mais mobilidade para o seu dia-a-dia. Eles levantavam as vestes e

a prendiam com um cinto (por isto a expressão: "Cinge teus lombos").

Segundo Fred H. Wight, nos tempos antigos usava-se basicamente três roupas: a

vestimenta interna (uma túnica junto ao corpo ou espécie de "camisão"), uma vestimenta

por cima desta túnica interna (seria, então, como uma sobre túnica, um manto/capa por

cima da túnica interna) e ainda uma vestimenta externa (uma espécie de manto por cima

das outras vestes). [3]

Este manto externo era muito importante para aquele tempo, tanto que o Senhor havia

proibido alguém de pegá-lo como penhor e não devolvê-lo até o fim do dia: "Se tomares

em penhor a roupa do teu próximo, lho restituirás antes do pôr do sol, Porque aquela é a

sua cobertura, e o vestido da sua pele; em que se deitaria? Será pois que, quando

clamar a mim, eu o ouvirei, porque sou misericordioso" (Êx 22.26-27). A palavra

para nós traduzida por "roupa", no hebraico é "Salmah" (hmlX) que significa "vestuário,

vestuário exterior, capa, manto". [4] Esta lei ordenada pelo Senhor visava à proteção dos

castigos da natureza ao homem - durante o dia esta capa/manto mantinha a temperatura

interior do corpo, protegia do vento e do sol (ao contrário do que se pensa, em uma

região muito quente é preferível se vestir com longas vestes, pois a função da roupa não

é somente proteger dos raios solares, mas também faz com que a temperatura do corpo

fique estável, afinal, a roupa age como que uma barreira para mais calor não entrar); a

noite protegia do frio e era usado como uma coberta.

Wight comenta: "O conhecimento desta lei [nota minha: Êx 22.26-27] e de sua finalidade

era auxiliar na compreensão de certas declarações de Cristo. Em uma ocasião Ele

disse: 'e ao que te houver tirado a capa, nem a túnica [veste interna/íntima] recuses' (Lc

6.29). Esta ordem é facilmente compreendida, pois a veste externa seria a mais

facilmente apreendida por um assaltante... em outra ocasião Ele diz: 'E, ao que quiser

pleitear contigo, e tirar-te a túnica [veste interna], larga-lhe também a capa [veste

externa]' (Mt 5.40). Um tribunal judaico não iria fornecer uma vestimenta exterior

para julgamento, por causa da Lei de Moisés já estabelecida, mas poderia conceder uma

Page 34: A MODÉSTIA CRISTÃ NO VESTIR_ICRB

roupa de baixo [nota minha: isto é, ao menos dariam uma roupa para que o homem não

estivesse completamente nu diante dos demais]. Neste caso, Jesus defendeu o ir 'a

segunda milha' como dando também a veste externa." [5]

Mas, surge a dúvida: da onde aprendemos que os homens utilizavam calças no

tempo antigo? Para entendermos esta questão, é preciso compreender que não é

inerentemente pecaminoso o homem usar longas vestes - o próprio anjo à beira do

sepulcro de Cristo se vestia assim: "E, entrando no sepulcro, viram um jovem assentado

à direita, vestido de uma roupa comprida, branca; e ficaram espantadas" (Mc 16.5 - grifo

meu). O problema é o motivo pelo qual o homem usa este tipo de roupa. Olhemos a

advertência de Cristo: "E, ensinando-os, dizia-lhes: Guardai-vos dos escribas, que

gostam de andar com vestes compridas, e das saudações nas praças" (Mt 12.38; Lc

20.46 - grifo meu). Notemos que a aparente ênfase que Jesus dá não é às vestes

compridas, mas sim que gostam "das saudações nas praças" (embora também fale das

vestes). A questão, portanto, não são as longas vestes em si (pois são apenas um tipo de

cobertura), mas sim o pecado do orgulho que elas trazem, pois por serem muitas vezes

pomposas, incorre-se no perigo de ser desejado e cobiçadas as suas roupas. [6]

Em um segundo momento, precisamos lembrar qual era a função da túnica para os

sacerdotes (pois sabemos que hoje o sacerdócio é universal- todos os crentes vivem

diariamente diante do Senhor e possuem apenas um sumo sacerdote que é Cristo) era

para lhes ser "para glória e ornamento" (Êx 28.40). No entanto, por baixo desta túnica

eles usavam calções (v. 42) "para cobrirem a carne nua". Neste sentido, como não há

mais aquele tipo de sacerdócio, não precisamos mais nos vestir "para a glória e

ornamento", mas sim tão somente para cobrir a carne nua - mas respeitando os limites

estabelecido pelo Senhor, pois o próprio v. 42 fala que os "calções de linho... irão dos

lombos [parte superior da cintura, atrás nas costas] até as coxas".

Como o antigo Israel precisava de tipos e coisas físicas para lhes ensinar (vide o culto

cheio de incenso, sacrifícios, toda sorte de coisas visualizáveis, palpáveis e tudo mais),

os sacerdotes usavam estas roupas "para glória e ornamento", a fim de representar o

poder do Senhor que estava sobre eles (basta ver as 12 pedras do colete sacerdotal, por

exemplo). Como no Novo Testamento o culto e a vida se distinguem espiritualmente,

permanece apenas aquilo que é comum a todos: cobrir a pele nas formas e tamanhos

estipulados pelo Eterno.

Page 35: A MODÉSTIA CRISTÃ NO VESTIR_ICRB

Com relação às vestes femininas

"A vestimenta das mulheres eram diferentes nos detalhes, e não na espécie. Elas

também usavam túnica e manto. Podemos supor que em cada caso elas se vestiam um

pouco mais elaboradas. Sem dúvida elas usavam longas túnicas e mantos mais

compridos dos que os dos homens. E se assim era, pode-se dizer que elas tinham direito

a isso, pois geralmente não apenas faziam suas próprias roupas, mas também a de seus

senhores." [7]

Isto nos ensina que as vestes das mulheres devem ser distintivamente femininas e que

transmitiam aos outros uma aparência de verdadeira mulher. Mulheres que desejam se

vestir como homens (o contrário também procede) fazem abominação ao Senhor - não

porque determinada roupa seja de homem (veremos melhor este ponto no próximo

estudo), mas sim pela vontade deliberada de se assemelhar com o sexo oposto. Lemos,

perfeitamente, nas Escrituras que "homem e mulher os criou", nos ensinando que deve

haver uma clara distinção entre os sexos.

"E eis que uma mulher lhe saiu ao encontro com enfeites de prostituta, e astúcia de

coração. Estava alvoroçada e irriquieta; não paravam em sua casa os seus pés" (Pv

7.10-11).

Embora não saibamos com perfeita exatidão qual eram as vestes das prostitutas, uma

coisa é comum a praticamente todas as mulheres que não têm o Senhor como salvador e

santificador de suas vidas: a imodéstia no vestir-se. Ainda que muitas mulheres não

cristãs sejam razoavelmente modestas, frequentemente se verifica que estas possuem

menos cuidado para com o modo de se vestirem. Isto é importante para nossa

compreensão, pois a Bíblia expressamente condena os "enfeites de prostituta", isto é,

vestes, acessórios e modos de andar que sejam provocantes e tenham apenas um

intuito: chamar a atenção do sexo oposto (ou do mesmo). Notemos, no entanto, que aqui

o autor de Provérbios corrobora com o que já dissemos anteriormente, pois não são

apenas os enfeites que trazem o mal, mas sim que estes vêm acompanhados de

"astúcia de coração". Tais quais muitos homens e mulheres hoje não conseguem ficar

em casa e precisam sempre sair para uma festa, "balada" ou entretenimento sexual

abominável, assim também eram aquelas prostitutas condenadas pelo Senhor: "Estava

alvoroçada e irriquieta; não paravam em sua casa os seus pés."

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"Por que muitas mulheres saem de casa com os ombros desnudos e seios à mostra...?

Por que elas pintam o rosto, esticam o pescoço e usam todas as formalidades às quais

são levadas por suas fúteis imaginações? É para honrar a Deus e adornar o evangelho?

É para tornar o cristianismo atraente e fazer pecadores desejarem a salvação? Não, não;

pelo contrário, elas o fazem para satisfazer suas próprias concupiscências... Creio

também que satanás tem atraído mais pessoas ao pecado de impureza, por meio do

esplendoroso desfile de roupas requintadas, do que poderia ter atraído sem a utilização

de tais roupas. Fico admirado ao pensar que as vestes, no passado chamadas vestes de

prostitutas certamente não eram mais sedutoras e tentadores que as roupas de muitas

mulheres cristãs professas de nossos dias." [8]

Homens e mulheres do Senhor devem ressoar com Jó: "Fiz aliança com os meus olhos"

(Jó 31.1). Precisam também recordar das palavras do salmista: "Não porei coisa má

diante dos meus olhos. Odeio a obra daqueles que se desviam; não se me pegará a

mim" (Sl 101.3). Se estes homens resolveram não se contaminar mediante seus olhares,

que diriam acerca das vestes que levam os olhos a pecar? O motivo pelo qual nós hoje

precisamos também pactuar uma aliança com nossos olho é devido às vestes mais do

que imodestas que estão em voga em nossos dias.

Olhemos, por fim, a maneira adequada de aplicarmos tudo isto que vimos até aqui.

Nota:

[1] Citado por Stephen Tanner em "Christian Clothing, Scripture Standards for Dress and

Conduct", págs. 18-19 - tradução livre (material disponível na internet)

[2] Ibid, pág. 26.

[3] Fred H. Wight em: ffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffff

http://www.baptistbiblebelievers.com/LinkClick.aspx?fileticket=4Yj3OA2xK_M%3D&t

abid=232&mid=762 (acessado dia 10.08.2012) – tradução livre

[4] Fonte: http://www.biblestudytools.com/lexicons/hebrew/kjv/salmah.html (acessado dia

10.08.2012).

[5] WIGHT, Ibid.

[6] Pode lembrar desta verdade (usar vestes longas ou até o joelho) a questão dos

escoceses que usam o famoso kilt, que segundo pesquisas pela internet, no dia-a-dia,

por uma questão de prudência, usam um short's por baixo.

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[7] RADIN, Max, The Life of the People in Biblical Times, p. 131 (Philadelphia: The Jewish

Publication Society of America, 1929), citado por Fred H. Wight em:

http://www.baptistbiblebelievers.com/LinkClick.aspx?fileticket=4Yj3OA2xK_M%3D&t

abid=232&mid=762 (acessado dia 10.08.2012) - tradução livre.

[8] BUNYAN, John, The life and Death of Mr. Badman. Citado por Jeff Polard em

"Deus o Estilista", p. 74).

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A MODÉSTIA NO VESTIR - (Aplicando corretamente o ensinamento)

Uma vez delimitado os pressupostos e posteriormente explanado os mesmos, é

necessário que compreendamos a forma prudente e mais próxima da Verdade que

podemos aplicas em nossas vidas. Digo desta forma porque precisamos ser sinceros ao

interpretar as Escrituras; quer dizer, não devemos afirmar algo que a Bíblia não diz ou

forçar uma interpretação para tão somente satisfazer interesses próprios. Analisemos,

portanto, a maneira correta de se aplicar o que estudamos até aqui.

O uso de calças pelos homens

Todo intérprete da Bíblia precisa ser justo com o que ela é, de modo que não afirme

erroneamente certa questão. Assim, de pronto deixemos estabelecido que as Escrituras

não são explícitas e não possuem uma regra ou versículo específico e literal que diga

que todos os homens devem usar calças. Conforme vimos no estudo anterior, os

sacerdotes do templo eram os únicos que utilizavam uma espécie de calção/calça por

debaixo de suas túnicas, pois a roupa sacerdotal não deveria entrar em contato com a

carne (tipificando que o pecado não pode entrar em contato com a justiça de Cristo que

cobre os Seus filhos). Isto implica em dizer que não se deve obrigar (sem amor,

inflexivelmente, de modo legalista e intransigente) os homens a usarem calças. Todavia,

também não se deve estimular a rebeldia e incitar homens a usarem túnicas (ou saias),

pois não faz o menor sentido este uso em nossa cultura (relembre do estudo passado

para melhor compreensão). Como sabemos, nosso Senhor preza pela ordem e decência

- "Mas faça-se tudo decentemente e com ordem" (1Co 14.40) -, devendo todos os

cristãos, então, se portarem com prudência e de modo a não serem escândalo para

outrem (Rm 14.21).

Importa também salientar que ainda que não seja explicitado nas Escrituras o uso de

calças para os homens, temos a citação do versículo já referido que diz que os homens

que eram sacerdotes usavam calção sob a túnica. O texto nos diz que enquanto a túnica

era para a "glória e ornamento" (Êx 28.40), o calção servia "para cobrirem a carne nua"

(v. 42). Como bem sabemos que hoje todos os cristãos são como que sacerdotes diante

do Senhor (o chamado sacerdócio universal dos crentes - vide o livro de Hebreus) e

tendo Cristo como sumo sacerdote, então temos uma certa luz de que homens podem

usar calças, afinal, haja vista que hoje não nos cobrimos mais para a "glória e

Page 39: A MODÉSTIA CRISTÃ NO VESTIR_ICRB

ornamento", permanece o que é típico de todos os tempos: cobrir a nudez - e esta pode

ser feita por calções e calças.

A síntese da interpretação e aplicação quanto à vestimenta masculina é que ela é

variável conforme as estações, cultura e necessidade (assim como em certa medida é a

da mulher). Porém, isto não se traduz em dizer que os homens podem usar todo tipo de

roupa. Assim, se depreende que a vestimenta masculina deve ser não justa ao corpo

(lembremo-nos das túnicas dados pelo Senhor aos primeiros pais), deve cobrir a parte

superior do homem (do peito até a cintura) e também não deve ser menor que a altura do

joelho, pois, conforme vimos, o mostrar da coxa é vergonhoso e sinônimo de nudez para

as Escrituras sagradas.

Mulheres devem usar somente saias e vestidos?

Notemos a palavra usada em nossa pergunta: "devem". Isto é, há alguma obrigação ou

versículo que diga claramente que em todas as ocasiões as mulheres devem usar saias

ou vestidos? Não, não há. Embora muitas pessoas e denominações desejem impor um

padrão modesto para as mulheres, muitas falham em sua sinceridade para com o texto

bíblico e acabam afirmando certas doutrinas e aplicações que são fruto da mera subjetiva

humana e não possuem respaldo escriturístico.

Entretanto, surge uma pergunta: por que se diz que as mulheres devem ser exortadas em

amor para que usem saias e vestidos? Observemos novamente a ênfase: "exortadas em

amor". Em outras palavras, como não há uma ordem bíblica explícita para que sempre

usem este tipo de vestimenta - por exemplo, até quando estão em casa apenas com o

marido -, precisamos ser prudentes em não oprimir as mulheres com algo que a Palavra

não ordena de modo direto. Olhemos, então, alguns indicativos (por amor) pelos quais as

mulheres são estimuladas a usarem saia ou vestido em público (em casa e a sós com o

marido (considerando um casal no qual o Senhor não lhes tenha dado filhos) não haveria

necessidade, embora aquelas que desejarem podem assim proceder):

1. As Escrituras silenciam quanto ao uso de calças por mulheres;

2. A história demonstra que a diferença entre homem e mulher sempre foi representada

por homens de calça e mulheres de saia ou vestido. Consideremos os seguintes

exemplos:

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2.1. A placa do banheiro. Realmente não devemos generalizar, mas creio que nenhum de

nós encontrará alguém que já teve dúvidas quanto ao sinal indicativo do masculino e

feminino às portas dos banheiros públicos e privados;

2.2. O casamento. Aqui também não devemos traçar a régua sobre todos, mas

desconheço algum casamento onde noivo e noiva estavam de calças, afinal, o vestido se

tornou a "marca registrada" e feminina da mulher;

2.3. Vestes típicas. Tomemos o exemplo da vestes alemãs, onde homens se trajam com

calças e mulheres com longos vestidos. Também temos a tradição do Rio Grande do Sul,

onde os homens usam a tradicional "bombacha" (larga para não marcar as pernas e

revelar a forma do corpo) e as mulheres grandes vestidos;

2.4. Fotos e imagens de pessoas mais velhas. Interessante é notar que na maioria das

vezes em que se vê uma foto ou pintura de pessoas mais velhas (geralmente duas ou

mais geração atrás), sempre o homem está de calças e a mulher está de vestido.

Aqueles que ainda têm avós ou bisavós poderão conversar pessoalmente com eles e se

certificarem de que isto é verdade;

2.5. Bicicletas de antigamente. Talvez muitos não saibam, mas as bicicletas de

antigamente possuíam proteção por fora dos aros para que quando a mulher andasse

(pois usava saia ou vestido) sua vestimenta não enroscasse nos raios e a rasgasse;

3. É a vestimenta mais modesta e que cumpre o propósito principal da roupa: esconder a

pele e não revelar a forma do corpo;

4. É a roupa que identifica a mulher e exalta sua feminilidade sem ser vulgar ou sensual.

Diante do exposto, se chega a conclusão de que embora não haja uma regra explícita

para homens usarem calças e mulheres saias ou vestidos, os cristãos devem se pautar

pela modéstia e buscarem utilizar as roupas que mais condigam com o padrão bíblico - e

isto certamente implica em homens usarem calças (ou noutro contexto alguma túnica) e

mulheres saias ou vestidos. Contudo, frisamos ainda outra vez que esta conclusão não

dever ser descarregada - principalmente - sobre as mulheres em forma de obrigação

desamorosa e legalista. Nossas irmãs, esposas e filhas devem ser levadas

paulatinamente ao entendimento de que as saias e vestidos ajudam tanto a igreja

(principalmente os homens) como a sociedade, de modo que com isto todos saem

beneficiados (até mesmo segundo ginecologistas, a calça na mulher - principalmente as

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"jeans" - pode até mesmo trazer patologias devido a não transpiração nas áreas onde o

tecido é mais junto ao corpo).

É medida que se impõem também convocar os maridos e filhos para que ajudem suas

esposas e irmãs neste sentido. Os olhos perversos estão em boa quantidade nos

homens, o que significa que precisamos alertá-las e orientá-las em amor, para que sejam

bênção na vida dos demais em vez de pedra de tropeço. Também frisamos que as

mulheres que eventualmente tiverem alguma dificuldade para com este ponto, não

devem ser desprezadas ou tratadas como rebeldes, mas sim acompanhadas, exortadas

e animadas a andarem em boa companhia de mulheres modestas. Para a dificuldade

inicial em se trocar boa parte do que se vestia, talvez seja prudente começar "devagar"

esta transição - quer dizer, primeiro se vai ao culto com vestes desta natureza e depois,

conforme o entendimento vai se consolidando, se amplia para outros dias da semana até

que usar este tipo de vestimenta seja perfeitamente tranquilo. Forçar o uso destas

vestimentas só piorará a situação e incitará a rebeldia.

É igualmente preciso pontuar que não são todas as saias, vestidos (assim como as

calças e camisetas masculinas) e blusas que se adéquam para a mulher modesta do

Senhor. Muitas são as saias que são demasiadamente apertadas, outras que possuem

um corte alto na parte de trás ou do lado da mesma (e que acabam revelando a coxa).

Vestidos muito justos também devem ser evitados (assim como blusas, camisetes e

camisetas), pois o intuito da vestimenta não é fornecer uma aula de anatomia, mas sim

esconder a nudez e não ser pedra de tropeço.

Alguns podem, então, se perguntar: quer dizer que a mulher nunca pode usar uma calça?

A resposta é que a calça pode ser usada, contudo, será um trabalho heróico achar uma

calça feminina que seja de acordo com a modéstia que já delimitamos, pois ou são muito

justas, ou feitas de algum tipo de material que "cola" na pele. Entretanto, nem sempre é

errado usar calças - vejamos o exemplo de roupas de inverno, onde se pode usar uma

calça e por cima um casacão que cobre até o joelho (tanto quando em pé como sentado).

Uma roupa que se encaixa nesta descrição seria o sobretudo comprido (pois existem uns

mais curtos, uma espécie de blazer feminino). Para o verão, as mulheres que fizerem

questão de usarem calça, podem usar um "blusão" que vá também até o joelho.

Assim, se percebe que o problema não é a calça em si, mas o que ela revela.

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Vestes de banho

Tendo aprendido mediante o bom exame das Escrituras, a conclusão para vestes de

banho é pacífica: não são lícitas para os cristãos. Homens e mulheres tementes a Deus,

ainda que possam não concordar com a questão da saia e vestido, ao menos terão de

considerar que as vestes de banho são absolutamente impróprias para eles, pois violam

flagrantemente a modéstia e prudência cristã. Sejamos sinceros e respondamos a

pergunta: que diferença há entre as vestes íntimas e as vestes de praia, por exemplo?

Talvez a única seja que enquanto a primeira não foi feita para usar na água, a segunda

foi. Algum cristão sairia de sua casa com vestes de banho (leia-se biquíni/maiô, calção de

banho e sem camisa) e andaria pela cidade? Algum irmão teria coragem de chegar a

uma reunião de oração e de repente tirar a camisa diante de outras mulheres? Alguma

irmã seria tão ousada de ir à igreja ou ao mercado vestindo apenas suas vestes íntimas?

Se não far-se-ia isto, da onde se retirou o ideal de que tais coisas são permitidas em uma

praia ou clube, tão somente porque há um bocado de água à frente?

É preciso enfatizar que o problema das vestes de banho não está na criação de Deus,

isto é, a praia em si mesma não é um lugar perverso, assim como cachoeiras, rios, lagos

e piscinas. O problema reside na total imodéstia das vestes e no estrondoso perigo de se

violar o sexto mandamento ("não adulterarás"), ainda que apenas visualmente. Uma

curiosidade que poucos sabem é que antigamente algumas praias eram literalmente

dividas ao meio ou possuíam áreas distintas para homens e mulheres. Atualmente uma

cidade chamada Trieste (na Itália) retornou com esta prática e colocou um muro dividindo

a praia - ainda que tenha sido apenas para restaurar "o antigo esplendor da época do

imperador Francisco José da Áustria e Hungria". [1]

Deste modo se compreende que não há problema em alguma piscina particular os

homens tomarem banho sozinhos (assim como as mulheres também sozinhas). O fato

problemático é a junção dos sexos com vestes (se é que podemos chamar de vestes)

imodestas e a completa fornicação e adultério visual que é incitado entre os presentes -

além, é claro, de ferir as roupas descritas pelo Senhor. Este entendimento é calcado no

versículo que diz: "Então aquele discípulo, a quem Jesus amava, disse a Pedro: É o

Senhor. E, quando Simão Pedro ouviu que era o Senhor, cingiu-se com a túnica (porque

estava nu) e lançou-se ao mar" (Jo 21.7). Se os apóstolos que eram todos homens

estavam pescando sem roupa (ou apenas com pouquíssima, não sabemos ao certo) não

foram repreendidos, nós também assim podemos proceder.

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Vestes para esportes

Ainda que muitos esportes sejam lícitos em si mesmos, as roupas que são requeridas

para suas realizações não condizem com a modéstia cristã. As Escrituras são claras em

delimitar a modéstia para todas as áreas da vida. Portanto, toda vez que se for praticar

algum esporte/atividade física, haverá de se necessário a verificação das roupas a serem

usadas. Em um caso prático, não há problema algum em os homens jogarem futebol

(onde comumente se usa um short's acima do joelho por causa da melhor mobilidade),

desde que seja apenas entre eles e não tenham mulheres por perto. Para abrangermos

todo o restante e não termos de citar uma infinidade de ocasiões, deixemos estabelecido

que quando apenas um sexo está reunido, fica sob o critério dos "participantes"

escolherem a roupa adequada - mas quando ambos os sexos estão reunidos, impera a

ordem da modéstia e prudência bíblica que já pontuamos.

Joias, penteados, esmaltes, maquiagem...

Certamente que as Escrituras não estão a proibir que a mulher seja feminina, pois a

própria Escritura revela diversas vezes onde as mulheres usaram brincos, braceletes e

acessórios (Gênesis 24, por exemplo) - o Senhor, através do profeta Ezequiel declarou

ao povo que Ele havia restaurado a sorte de Israel: "E te enfeitei com adornos, e te pus

braceletes nas mãos e um colar ao redor do teu pescoço. E te pus um pendente na testa,

e brincos nas orelhas, e uma coroa de glória na cabeça" (Ez 16.11-12). Contudo, toda

esta beleza e misericórdia de Deus personifica pelos adereços foi pessimamente aceita

pelo povo: "Mas confiaste na tua formosura, e te corrompeste por causa da tua fama, e

prostituías-te a todo o que passava, para seres dele" (Ez 16.15).

Deste modo, o que se deve ter em mente com relação a este tipo de coisa é que não se

deve exceder a indumentária feminina (mas também masculina) moderada, pois a

tentação é grande para que se caia no orgulho e confie na suposta formosura exterior. O

problema não são os brincos ou outros acessórios femininos, mas o motivo pelo qual se

usa eles. Assim sendo, a mulher modesta pode usar com decência certas coisas, mas

sempre tendo em mente que o fim último é glorificar a Deus em todas as coisas (1Co

10.31) e também que: "É necessário que ele cresça e que eu diminua" (Jo 3.30).

João Calvino comenta sobre 1Tm 2.9, 10 ("Que do mesmo modo as mulheres se ataviem

em traje honesto, com pudor e modéstia, não com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou

vestidos preciosos, Mas (como convém a mulheres que fazem profissão de servir a Deus)

com boas obras"):

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v.9. Que do mesmo modo. Conforme ele havia ordenado aos homens para que

levantassem mãos puras, agora ele prescreve a maneira pela qual as mulheres devem se

preparar para orar corretamente; e parece haver um contraste entre aquelas virtudes que

ele recomendou e a santificação externa dos Judeus; para isso ele sugere que não há

lugar profano, nem qualquer lugar onde ambos, homem e mulher, não podem se

aproximar de Deus, desde que não sejam excluídos por seus vícios. Ele pretende abraçar

a oportunidade de corrigir um vício de que as mulheres geralmente são propensas, e que

talvez em Éfeso, sendo uma cidade de grandes riquezas e vastas mercadorias,

especialmente abundavam; esse vício é a vontade e desejo de se vestir ricamente e

abundantemente. Ele [o apóstolo] deseja, portanto, que suas roupas [das mulheres]

sejam reguladas pela modéstia e sobriedade; para [mostrar] que o luxo e os gastos

imoderados surgem do desejo de aparecer, quer por causa do orgulho, ou por se

apartarem da pureza e simplicidade. E, portanto, é daí que deriva-se nosso dever de

regular a moderação, pois desde que o vestir-se é uma questão indiferente (assim como

todas as questões exteriores o são), é difícil estabelecer um limite fixo sobre o quão longe

se pode ir. Os magistrados [governantes] podem de fato estabelecer leis pelas quais a

vontade de se exceder em gastos supérfluos seja em alguma medida contida, mas

mestres piedosos cujo trabalho é guiar as consciências, devem sempre manter em vista a

finalidade pretendida pela lei. Isso, pelo menos, será concorde sem qualquer

controvérsia, que tudo aquilo que no vestir-se não esteja de acordo com a modéstia e

sobriedade, é certamente desapropriado. No entanto, devemos sempre começar com as

disposições, pois onde reina a devassidão, não haverá pureza, e onde reina a ambição,

ali não haverá modéstia no vestir-se exteriormente. Mas porque muitos hipócritas

comumente aproveitam-se sobre todo tipo de desculpa que eles podem encontrar para

ocultar suas disposições ímpias, nós temos a necessidade de tornar claro e comentarmos

sobre aquilo que nossos olhos podem ver. Seria infâmia [vileza] negar a adequação da

modéstia como sendo o ornamento virtuoso e peculiar das mulheres modestas ou o

dever de todas observarem essa conduta - tudo que se opõe a essas virtudes é vã

desculpa. Ele [o apóstolo] expressamente censura certos tipos de excesso [que vão além

da modéstia], como cabelos ondulados, joias e anéis de ouro; não que o uso de ouro ou

de joias seja expressamente proibido, mas que, onde quer que estas coisas estejam em

proeminência, elas geralmente estão juntas e contornam-a [a mulher] das outras coisas

malignas que eu mencionei, e surgem da ambição e falta de pureza.

v.10. Como convém às mulheres; é sem sombra de dúvidas que o vestir-se das

virtuosas e piedosas mulheres deva diferir daquelas devassas prostitutas. O que ele [o

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apóstolo] estabeleceu como marcas de distinção e piedade, devem ser testemunhados

nas obras e no vestir-se com pureza." [2]

A própria Bíblia relata a mulher da Babilônia como sendo alguém com total falta de

modéstia em seus adornos: "E a mulher estava vestida de púrpura e de escarlata, e

adornada com ouro, e pedras preciosas e pérolas; e tinha na sua mão um cálice de ouro

cheio das abominações e da imundícia da sua prostituição" (Ap 17.4).

Como membros da santa Igreja de Cristo, precisamos nos portar de modo que não

sejamos confundidos ou imitemos o mundo vil em suas condutas e práticas libertinas.

Somente com um firme regenerar do Espírito Santo é que conseguiremos aplicar um

viver modesto em todas as áreas (neste ponto frisamos as vestimentas, mas outros

pontos requerem também moderação - como comer, beber, comprar, construir...).

Que o Senhor nos dê graça para não cairmos nos erros dos escribas e fariseus, "porque

dizem e não fazem" (Mt 23.3). Mas que também não erremos o alvo, passemos a nos

orgulhar do que realizamos e nos achemos superiores aos demais irmãos em Cristo.

Nossa oração deve ser para que a cada dia o bondoso Deus retire o coração de pedra e

nos dê um coração que pulsa as verdades do evangelho.

"Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de

comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de

vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário?" (Mt

6.25).

Nota:

[1].http://g1.globo.com/Noticias/PlanetaBizarro/0,,MUL1111228-6091,00-

PRAIA+DE+TRIESTE+COLOCA+MURO+PARA+SEPARAR+HOMENS+E+MULHERE

S.html - acessado dia 14.05.2012.

[2] CALVIN, John, Commentary on The First Epistle to Timothy, BakerBooks, pgs. 65-66 -

tradução livre.