a modelo do deserto

24
Waris Dirie “A mim ninguém mais pode prejudicar, somente DEUS

Upload: antonio-gil

Post on 31-Mar-2016

227 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Um alerta para o crime de que são vítimas muitas mulheres de origem africana

TRANSCRIPT

Page 1: A modelo do Deserto

Waris Dirie

“A mim ninguém mais pode prejudicar, somente DEUS “

Page 2: A modelo do Deserto

A heroína desta história real,foi a primeira

modelo africana a ter

um contrato exclusivo com a Revlon.

Em 1997, escreveu seu primeiro livro, sua autobiografia, Flor do deserto, que foi publicado em Nova York.

No seu segundo livro, no ano de 2002, Amanhecer no deserto, descreveu sua viagem.

No terceiro livro, 2005, Meninas do deserto, fala do dia que rompeu o silêncio, seus contratempos e seus êxitos.

O seu quarto livro, escrito em 2007, chama-se Cartas à minha mãe.

Page 3: A modelo do Deserto

Waris Dirie disse que “Este é meu livro mais intimista. Há feridas

que tardam a cicatrizar. O desejo de ver minha mãe de novo,...esquecê-la, ...foi intenso”.

Tive que me dar conta queo amor e o sofrimento estão

muitas vezes conectados.

Trabalhar neste livro foi doloroso,

mas uma experiência realmentenecessária para mim...

Page 4: A modelo do Deserto

“Nasci no deserto daSomália, não sei

a idade que tenho, a única coisa que sei é que cada

dia é novo.33 anos? 36 anos? o que mais me dê!,

no desertonão há papeis, nem fazem falta.

O deserto foi o meu lardurante toda

a minha infância, eu pastoreava o rebanho

de camelos e cabras de meu pai”.

Page 5: A modelo do Deserto

O pior era estar descalça,o solo salpicado

de pedras, não podíamos pagar

uma sandália.

As vezes os pés sangravam!...

Não tínhamos nada,nem casa, nem água,

éramos nómadas...mas tínhamos o rebanho

e a nós mesmos.

Page 6: A modelo do Deserto

Estávamos bem!Sempre unidos:

minha mãe, meus irmãos,meu Pai...

Ele me batia, mas...ele mandava.

Era um homem forte, alto,rígido, um guerreiro.

E devo dizer que anos depois

quando estava só em Nova York,

preferiria mil vezes um tapa de meu pai

a essa solidão

Page 7: A modelo do Deserto

Cheguei a Nova Yorkpor milagre,

quando tinha 13 anos fugi.

Meu pai ia casar-mecom um velho

de 60 anos,em troca de 5 camelos.

Eu era especial, rebeldeas meninas são educadas

para trabalhar e serem oferecidas

em matrimónio

Isso é o que querem os paispara suas filhas.

Page 8: A modelo do Deserto

A mãe se preocupa quesua filha seja pura,

limpa, virgem e por issoa minha aos cinco anos me levou

Para a ablação.

Por amor a mim...

E eu, claro,queria ser “pura e limpa”!

Na Somália se pratica aablação mais severa:

Extirpam-se o clitóris e os pequenos lábios

da vagina.

Page 9: A modelo do Deserto

A ferida é costurada deixando só uma abertura do diâmetro de uma cabeça

de fósforo.

Para urinar e menstruar...

Uma irmã minha morreu de hemorragia

e eu desde aquele dia...

Soube que já nada poderia me Destruir.

Só temo a Deus! É O ÚNICO

QUE PODE ME CAUSAR DANO…

Page 10: A modelo do Deserto

Quando comecei a falar sobre issome senti muito culpada, porque

estava criticando acultura de minha família.

Hoje me dedico a conseguir meiospara formar professores na Somália para educaras meninas e as mães...

Eu pelo menos consegui com os meus.

Vinte anos depois de escaparde minha casa volto à Somália.

Page 11: A modelo do Deserto

Reencontrei-me com minha mãe…

já pensacomo eu.

HÁ ESPERANÇA!

Para fugir, cruzei o deserto.

Uma manhãdespertei com um leão

na minha frente,com sua enorme juba

e lhe disse:

Page 12: A modelo do Deserto

Coma-me. Estou preparada…e ele se foi.

Nesse dia soube queALÁ me reservava

para algo...

foi aí que encontrei umatia que estava casada

com um diplomata somalidesignado para Londres epedi que me levasse dali

como criada.

Nunca antes havia visto brancos!

Page 13: A modelo do Deserto

Perguntam-me se mudariaalgo em meu corpo?

se minhas pernas estãoarqueadas, mas não:

Lhes agradeço,porque

São rijas de minhamal nutrição infantil e elas me recordam

quem sou.

A única belezaque valorizo é a da alma.

Devemos dar graças porestarmos vivos…

Page 14: A modelo do Deserto

Hoje nada me falta...Mas quando vejo a água

que se vai pelo ralo ao tomar banhome desespero.

O QUE FARIAM NODESERTO

COM CADA GOTA...!

Com o tempo volteia ver meu pai, lhe haviam

roubado o rebanho e operado

os olhos com uma facano deserto:

Ficou cego…

Page 15: A modelo do Deserto

Aquele homem tãopoderoso e forte,

o vi agora frágil e desvalido...Mas ainda de cabeça

erguida!

Quando nos despedimosconfessou-me:

“Você é como eu”.

Meu pai…estava orgulhoso de mim!

CHOREI…

(Estas palavras foram pronunciadas em Barcelona, numa entrevista realizadaa Víctor Amela, jornalista e escritor. )

Page 16: A modelo do Deserto

Waris Dirie reencontrou-se com sua família ao fim de 22 anos.

A viagem de regresso foi muito chocante.

Atravessando o deserto,quis parar para

recolher uma senhora que caminhava com os pés ensanguentados.

O chofer lhe respondeu: “Não se preocupe, é só

uma mulher.”

Page 17: A modelo do Deserto

Como num conto de fadas.

Waris Dirie, converteu-seem uma

das modelos maissolicitadas na época.

Um dia enquanto esfregava pisosem uma loja,

um fotógrafo a descobriu.

Rapidamente,a sua figura desfilava

por Paris, Londres, Itáliae

Nova York.

Page 18: A modelo do Deserto

Waris Dirie deixou para trás as passarelas, o

cinema e a moda.

Como Embaixadora das Nações Unidas,

percorreu a África e conseguiu que 15 países penalizassem a mutilação

feminina.

Criou a fundação Desert Dawn

(Amanhecer no Deserto) para lutar contra

essa violência.

Page 19: A modelo do Deserto

“No meu regresso de África, contei tudo.

A jornalistas, em conferências, em programas de televisão, como

defensora das seis mil meninas que, dia a dia

são mutiladas.

Nada é pior que urinar e menstruar

por uma abertura dotamanho de uma

ervilha.”

Page 20: A modelo do Deserto

“Não são vítimas.Ajudamos a mulheres que

querem melhorarsua vida e

que lutam por ela.”

“Não sei se existe algo chamado valor e não sei se

eu o tenho” disse esta

'Ave Fênix de ébano', renascida várias vezes

de suas cinzas.

“Quem se vir nas minhas circunstâncias, terá força

para chegar ao outro lado.”

Page 21: A modelo do Deserto

É algo que fazemmilhões

de seres humanoscada dia, e aqueles que

queremos ajudar,propõe Dirie.

“Meu modo de ajudar é ser como sou;

fazer o que faço cada dia, convencendo

às pessoas que é possível mudar”

Page 22: A modelo do Deserto

Dirie escreveu vários livros sobre

sua vida e percorre omundo numa batalha,

sem descanso,contra a ablação,

mas assegura que,dia a dia,

sua única meta “é alcançar a paz,

o amor e o respeito que sempre buscou”,um dos valores que“exijo do mundo,

para mim e para todos”.

Page 23: A modelo do Deserto

Sherry Hormann, diretora do filme sobre sua vida (baseada

em novela original) disse:

“Fiz o filme porque sou mulher, mãe e um

ser humano. Todos nós humanos

compartilhamos ter sido crianças

e as crianças deveriam estar a salvo de qualquer dano”

Dirie coloca a “valentia” de sua autora “acima da tristeza de sua infância”.

Page 24: A modelo do Deserto

Hoje se dedica a seu filho ALEEKEde 13 anos e ao seu povo.

Dizem dela que

-É DIFÍCIL SUSTENTAR SEUOLHAR:

É O OLHAR OMNIPOTENTE DE UM LEÃO.

Obrigado por haver chegado até aqui,agora lhe toca difundir esta

mensagem de valentia e esperança.

TENHA UM DIA FELIZ!