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São Paulo, UNESP, Geociências, v. 27, n. 2, p. 171-192, 2008 171 A MINERAÇÃO NO ESTADO DE SÃO PAULO: SITUAÇÃO ATUAL, PERSPECTIVAS E DESAFIOS PARA O APROVEITAMENTO DOS RECURSOS MINERAIS Marsis CABRAL JUNIOR 1 , Saul Barisnik SUSLICK 2 , Oswaldo Riuma OBATA 1 , Ayrton SINTONI 1 (1) Instituto de Pesquisas Tecnológica do Estado de São Paulo - IPT. Avenida Prof. Almeida Prado, 532, Cidade Universitária – Butantã. CEP 05508-901. São Paulo, SP. Endereços eletrônicos: marsis@ipt. br; [email protected]; [email protected] (2) Instituto de Geociências, Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP. Rua João Pandiá Calógeras, 51. CEP 13083-970. Campinas, SP. Endereço eletrônico: [email protected] Introdução A Mineração no Contexto Mundial e Nacional O Setor Mineral Paulista Mercado Mineral Paulista Perfil Econômico do Mercado Produtor Arranjos Produtivos Locais de Base Mineral Contexto Geológico e Destino da Produção Mineral Paulista Mercado Consumidor Mineral Paulista Gargalos Tecnológicos e Desafios ao Desenvolvimento da Mineração no Estado Diretrizes de Políticas para Ordenamento e Aprimoramento Tecnológico e Competitivo do Setor Mineral Paulista Agradecimentos Referências Bibliográficas Apêndices RESUMO – Este trabalho apresenta uma síntese sobre o setor mineral do Estado de São Paulo, elaborada por análise crítica e integração de informações disponíveis, incluindo publicações, dados de órgãos oficiais sobre a produção mineral brasileira e paulista e documentos técnicos de centros de pesquisa. A partir de uma contextualização abrangendo o cenário atual e principais tendências da mineração mundial e brasileira, são destacadas e qualificadas as principais características geológicas, econômicas, tecnológicas e de gestão da mineração paulista, sendo indicado um conjunto de diretrizes de políticas para o desenvolvimento da mineração estadual em bases sustentáveis. Com uma produção voltada predominantemente ao mercado interno estadual, a atividade mineral paulista é responsável pela lavra de 24 substâncias minerais, participando do suprimento da indústria de transformação, de insumos para agricultura e, de forma mais vigorosa, da construção civil. As tendências de mercado sinalizam pela demanda crescente de insumos minerais, pressionando a ampliação da produção mineral no Estado e indicando a necessidade de modernização do setor produtivo e de políticas para planejamento e ordenamento da mineração no sentido de garantir o suprimento em bases sustentáveis. Palavras-chave: mineração, recursos minerais, arranjos produtivos locais de base mineral, São Paulo, minerais industriais. ABSTRACT M. Cabral Junior, S. B. Suslick, O. R. Obata, A. Sintoni - Mining in the State of Sao Paulo: present state, perspectives and challenges for the exploitation of the mineral resources. This paper presents a synthesis of the mineral sector in the State of Sao Paulo elaborated from the critical analysis and integration of several sources including: publications, Brazilian and Sao Paulo mineral production data from regulatory agencies and reports of research institutes. Based upon the present state of global and Brazilian mining industry and its main trends, this study highlights the major geologic, economic, technological, and management characteristics of the Sao Paulo mining activities. This study creates a set of policy and economic guidelines for the development of the mining in the State of Sao Paulo. With a production leading to the domestic market, the State of Sao Paulo produces 24 mineral commodities, supplying of the transformation industry, essential minerals for agriculture and, in a more vigorous form, the construction industry. The market trends pointed out an increasing demand of mineral commodities, pressing for new supplies in domestic mineral production. This trend indicate an urgent modernization of the productive sector as well as the definition of policies for planning and regulation the mining to create a favorable conditions for the mineral supply in the context of sustainable development. Keywords: mining, mineral resources, mining clusters, Sao Paulo, industrial minerals. INTRODUÇÃO A mineração no Estado de São Paulo, que se distingue por ter sua produção voltada predominan- temente para o consumo interno, contribui no abas- tecimento de insumos para diversos setores da indústria de transformação, para a agricultura e, de forma vigorosa, para o complexo industrial da construção civil, participando assim, nas últimas décadas, na sustentação da expansão e consolidação do maior conglomerado urbano e industrial da América do Sul. Trata-se de um setor econômico no qual prevalecem amplamente os

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São Paulo, UNESP, Geociências, v. 27, n. 2, p. 171-192, 2008 171

A MINERAÇÃO NO ESTADO DE SÃO PAULO:SITUAÇÃO ATUAL, PERSPECTIVAS E DESAFIOS

PARA O APROVEITAMENTO DOS RECURSOS MINERAIS

Marsis CABRAL JUNIOR 1, Saul Barisnik SUSLICK 2,Oswaldo Riuma OBATA 1, Ayrton SINTONI 1

(1) Instituto de Pesquisas Tecnológica do Estado de São Paulo - IPT. Avenida Prof. Almeida Prado, 532, Cidade Universitária –Butantã. CEP 05508-901. São Paulo, SP. Endereços eletrônicos: marsis@ipt. br; [email protected]; [email protected](2) Instituto de Geociências, Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP. Rua João Pandiá Calógeras, 51.

CEP 13083-970. Campinas, SP. Endereço eletrônico: [email protected]

IntroduçãoA Mineração no Contexto Mundial e NacionalO Setor Mineral PaulistaMercado Mineral Paulista

Perfil Econômico do Mercado ProdutorArranjos Produtivos Locais de Base MineralContexto Geológico e Destino da Produção Mineral PaulistaMercado Consumidor Mineral Paulista

Gargalos Tecnológicos e Desafios ao Desenvolvimento da Mineração no EstadoDiretrizes de Políticas para Ordenamento e Aprimoramento Tecnológico e Competitivo

do Setor Mineral PaulistaAgradecimentosReferências BibliográficasApêndices

RESUMO – Este trabalho apresenta uma síntese sobre o setor mineral do Estado de São Paulo, elaborada por análise crítica e integraçãode informações disponíveis, incluindo publicações, dados de órgãos oficiais sobre a produção mineral brasileira e paulista e documentostécnicos de centros de pesquisa. A partir de uma contextualização abrangendo o cenário atual e principais tendências da mineração mundiale brasileira, são destacadas e qualificadas as principais características geológicas, econômicas, tecnológicas e de gestão da mineraçãopaulista, sendo indicado um conjunto de diretrizes de políticas para o desenvolvimento da mineração estadual em bases sustentáveis. Comuma produção voltada predominantemente ao mercado interno estadual, a atividade mineral paulista é responsável pela lavra de 24substâncias minerais, participando do suprimento da indústria de transformação, de insumos para agricultura e, de forma mais vigorosa,da construção civil. As tendências de mercado sinalizam pela demanda crescente de insumos minerais, pressionando a ampliação daprodução mineral no Estado e indicando a necessidade de modernização do setor produtivo e de políticas para planejamento e ordenamentoda mineração no sentido de garantir o suprimento em bases sustentáveis.Palavras-chave: mineração, recursos minerais, arranjos produtivos locais de base mineral, São Paulo, minerais industriais.

ABSTRACT – M. Cabral Junior, S. B. Suslick, O. R. Obata, A. Sintoni - Mining in the State of Sao Paulo: present state, perspectives andchallenges for the exploitation of the mineral resources. This paper presents a synthesis of the mineral sector in the State of Sao Pauloelaborated from the critical analysis and integration of several sources including: publications, Brazilian and Sao Paulo mineral productiondata from regulatory agencies and reports of research institutes. Based upon the present state of global and Brazilian mining industry andits main trends, this study highlights the major geologic, economic, technological, and management characteristics of the Sao Paulo miningactivities. This study creates a set of policy and economic guidelines for the development of the mining in the State of Sao Paulo. Witha production leading to the domestic market, the State of Sao Paulo produces 24 mineral commodities, supplying of the transformationindustry, essential minerals for agriculture and, in a more vigorous form, the construction industry. The market trends pointed out anincreasing demand of mineral commodities, pressing for new supplies in domestic mineral production. This trend indicate an urgentmodernization of the productive sector as well as the definition of policies for planning and regulation the mining to create a favorableconditions for the mineral supply in the context of sustainable development.Keywords: mining, mineral resources, mining clusters, Sao Paulo, industrial minerals.

INTRODUÇÃO

A mineração no Estado de São Paulo, que sedistingue por ter sua produção voltada predominan-temente para o consumo interno, contribui no abas-tecimento de insumos para diversos setores da indústriade transformação, para a agricultura e, de forma

vigorosa, para o complexo industrial da construção civil,participando assim, nas últimas décadas, na sustentaçãoda expansão e consolidação do maior conglomeradourbano e industrial da América do Sul. Trata-se de umsetor econômico no qual prevalecem amplamente os

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empreendimentos de pequeno e médio porte, e queconta com grande disseminação em todo territóriopaulista. Concentrada na lavra de substâncias mineraisnão-metálicas, a mineração paulista insere-se entre asmais expressivas do País, produzindo 24 variedadesde substâncias minerais.

Este artigo tem como objetivo apresentar umasíntese atualizada sobre as características geológicas,econômicas e tecnológicas do setor mineral no Estadode São Paulo, efetuada a partir de levantamentos eanálise crítica da literatura sobre o tema, integrandoinformações publicadas, dados de órgãos oficiais sobrea produção mineral brasileira e paulista, e documentostécnicos de centros de pesquisa. Trata-se de umdiagnóstico atualizado sobre a indústria mineral paulista,que deriva de estudos técnico-econômicos mais amplosdesenvolvidos por Cabral Junior (2008), enfocando, em

especial, sua estruturação em aglomerações produtivasespecializadas na produção de substâncias e produtosminerais.

O trabalho está estruturado em quatro partes.Consta da primeira parte, uma visão panorâmica sobrea situação e tendências internacionais e brasileiras damineração. Na segunda parte é realizada umaabordagem detalhada da mineração no Estado, na qualsão tratados o mercado produtor mineral, a estru-turação da produção em aglomerações produtivas, ocontexto geológico e destino das substâncias mineraislavradas, e o mercado consumidor mineral paulista. Naterceira parte são abordados os gargalos tecnológicose desafios ao aproveitamento dos recursos minerais,sendo traçadas, na última parte, diretrizes para oaprimoramento tecnológico e competitivo do setormineral paulista.

A MINERAÇÃO NO CONTEXTO MUNDIAL E NACIONAL

O setor mineral mundial vivenciou no início desteséculo uma forte inversão de indicadores e expecta-tivas. A partir de uma situação adversa nas décadasde 1980 e 1990, o mercado mineral adquiriu um intensodinamismo, impulsionado pela veloz expansão docomércio internacional das commodities minerais.

Entre os fatos marcantes que caracterizaram operíodo de estagnação da mineração nas décadas finaisdo século XX, pode-se ressaltar a perda da importânciaestratégica das commodities metálicas na economiaglobal e a necessidade da incorporação dos princípiosde sustentabilidade ambiental no aproveitamento dosrecursos minerais.

Uma das conseqüências das mudanças no cenáriogeopolítico com o fim do mundo bipolar, que detinhaenorme influência na disponibilidade de mineraismetálicos de interesse bélico, foi a desova dos estoquesestratégicos (Stockpiles) dos EUA e da antiga UniãoSoviética (Machado, 1998). Além disto, a presença denovos entrantes, destacadamente o acesso agressivoda China no mercado mineral, favoreceu o excesso deoferta e acentuou a tendência de queda generalizadados preços dos minérios e metais.

Outro componente importante na minimização daimportância dos minerais metálicos, e, consequen-temente, afetando a chamada grande indústria mineral,deu-se com as mudanças tecnológicas ocorridas nesseperíodo, causando a perda de espaço das substânciasminerais metálicas em diversas aplicações industriais.Importantes parcelas de diferentes metais foram sendoora substituídos por sucedâneos produzidos por insumosde outras naturezas (p.ex., fibras óticas, plásticos,cerâmicas, etc.), ora pela diminuição do consumo devi-

do a produtos de melhor performance e pela reciclagemde sucatas.

Adicionalmente, além das restrições impostas pelomercado (excesso de oferta, acentuada competiçãoentre mineradoras e canalização de investimentos emeconomias de alta tecnologia nos países industria-lizados) e pelas novas tecnologias em produtos eprocessos industriais, o setor mineral viu-se pressionadopor um novo paradigma de desenvolvimento dasociedade, que se consagrou nesse período: o princípioda sustentabilidade. A preocupação ambiental degarantir o bem estar das gerações futuras, trouxe comoreflexo imediato a necessidade do uso mais racionaldos recursos naturais, mais em especial, dos recursosnão-renováveis minerais. Em decorrência das pressõespela preservação ambiental, foi estabelecido, tanto noplano institucional quanto pela própria sociedade, umcontrole mais severo ao desenvolvimento da mineração.Aspectos como a internalização dos custos ambientais,legislações restritivas e punitivas, e a imagem negativacomo atividade impactante do meio ambiente, contri-buíram com a diminuição da atratividade de investi-mentos no setor mineral nos anos de 1990.

O reaquecimento da economia mundial no iníciodos anos 2000 reverteu, até certo ponto de maneirasurpreendente, a conjuntura desfavorável que até entãoafetava o setor mineral. O crescimento dos paísesasiáticos, em particular a ascensão vertiginosa daeconomia chinesa (“Efeito China”), e dos EUA imprimiuuma transformação no mercado mineral mundial, comuma expressiva expansão da demanda, acompanhadapela elevação vigorosa dos preços das commoditiesminerais, valorização das ações das empresas de

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mineração e aumento nos investimentos em exploraçãomineral (Vale, 2007).

Como previsto em diversos trabalhos (p.ex.DNPM, 2006b, 2007a; Vale, 2007), os percalços daeconomia norte-americana – expectativa em 2006 ecrise no mercado imobiliário, com reflexos no setorfinanceiro em 2007 –, não impediu, nesse período, acontinuidade dos preços em níveis elevados dascommodities minerais. Mesmo com as recentesincertezas do mercado internacional em 2008 sobre oarrefecimento da economia dos EUA e a contaminaçãoda economia global, a limitação na capacidade de ofertacontraposta à industrialização e à urbanização, alémdo avanço da agricultura, na Ásia e em outros paísesem desenvolvimento, deve possibilitar a sustentaçãodos preços em patamares historicamente mais altos,com tendência ainda favorável aos mínero-negócios.

No entanto, o processo de mudança da estruturada mineração no final do século passado imprimiu novosvetores de desenvolvimento do setor e que temreflexos, de maneira geral, na indústria mineral brasi-leira. Entre as várias tendências apontadas por diversosautores (p.ex. Machado, 1998; Bitar et al., 2000; Calaes,2006; Vale, 2007), pode-se assinalar, entre outras, asseguintes referências:a) Deslocamentos geográficos dos pólos mundiais

de mineração: progressiva migração de empre-endimentos mínero-industriais para países quetenham, além do recurso mineral, vantagenscomparativas quanto à energia, custo de produçãoe marcos regulatórios.

b) Acirramento da competição internacional: novosprojetos disputando espaços no mercado, com baseem fatores de produtividade, risco e taxa de retorno.

c) Aprimoramento tecnológico da indústria mine-ral: mesmo com o recente aumento das cotaçõesdas commodities minerais, a tendência geral dequeda de preços no último século, vem induzindoganhos de competitividade baseados em melhoriastecnológicas de processo, no desenvolvimento denovos equipamentos, no uso cada vez mais inten-sivo dos instrumentos da informática e de padrõessuperiores de planejamento e gestão.

d) Expansão das empresas com atuação em diversasregiões ou países: concentração do capital e docomércio internacional em grandes players trans-nacionais.

e) Uso dos recursos minerais em bases mais sus-tentáveis: otimização do aproveitamento dosminérios, da lavra à industrialização, com a maxi-mização do aproveitamento de reservas, reduçãoda geração de resíduos, melhoria na qualidade dosprodutos minerais e aprimoramento do controle erecuperação ambiental dos empreendimentos;

redução de consumo por meio da reciclagem, usode rejeitos e desenvolvimento de substitutos(naturais ou sintéticos) de melhor desempenho nosprocessos industriais; e aperfeiçoamento dosprocessos e produtos de aplicação in natura e detransformação industrial, com vistas à melhoria dedesempenho dos produtos minerais, redução deperdas e, consequentemente, diminuição do con-sumo de insumos minerais. A adoção de práticasambientalmente mais controladas e ações deresponsabilidade social, principalmente com ascomunidades de entorno, vão tornado-se uma tônicaque, além do compromisso ético empresarial, passaa agregar valor aos negócios de base mineral.

Além disto, as mudanças no padrão de demandade insumos minerais consumidos por vários segmentosindustriais e o processo de desenvolvimento em curso,envolvendo industrialização, crescimento urbano einvestimentos pesados em infra-estrutura, têm feito comque os chamados minerais industriais ganhem maiorimportância no comércio regional e no mercado inter-nacional da mineração. Isto vem ocorrendo tanto naseconomias em desenvolvimento (China, Índia, Rússia,Brasil, entre outros), como também, para determinadassubstâncias minerais, nas economias consolidadas dobloco europeu e na América do Norte.

Por sua vez, o Brasil vem conseguindo aproveitaras oportunidades geradas pelo aquecimento da economiamineral mundial, sobretudo a chamada grande mineração,que concentra a produção nacional de commoditiesminerais. Nos anos 2000, sustentada, sobretudo, pelomercado internacional, e mais recentemente, a partir de2006, com contribuição dada pela expansão da demandadoméstica, a indústria mineral brasileira tem crescido ataxas expressivas. No período de 2001-2005, a evoluçãodo Valor da Produção Mineral Brasileira (VPMB) foida ordem de 113%, saltando de R$ 14,7 bilhões paraR$ 31,5 bilhões (Figura 1).

Para o Valor da Produção Mineral Brasileira, bemcomo aos demais indicadores econômicos tratadosneste capítulo, são computados o conjunto de substân-cias minerais metálicas, não-metálicas, energéticas egemas-diamantes, como considerado nas estatísticasoficiais do Anuário Mineral Brasileiro (AMB) doDNPM a partir de 2002, não sendo incluída a produçãorelativa aos hidrocarbonetos – petróleo e gás natural.

Os minerais metálicos respondem pela maior fatiada produção nacional, com sua participação no VPMBevoluindo de 52% em 2001 para 69 % em 2005,traduzindo o aumento dos preços e das exportaçõesde commodities metálicas. O minério de ferro tem sidoo grande destaque da economia mineral brasileira, como valor de sua produção em 2005 atingindo R$ 15,5bilhões, o que equivale a quase 50% do VPMB. A

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balança comercial mineral brasileira (bens primários)registrou em 2006 exportações de US$ 11,90 bilhões eimportações de US$ 4,58 (Sinopse Mineração eTransformação Mineral 2007 – MME, 2007), com umsaldo de US$ 7,32 (22,8 % superior a 2005), o que corres-pondeu a 15,9 % do saldo total das transações do País.

A magnitude da dotação mineral brasileira étraduzida na produção de mais de uma centena desubstâncias minerais. Condicionantes como a extensãoterritorial de dimensões continentais (8,5 milhões dekm2) e a expressiva geodiversidade, caracterizada poruma ampla variedade de ambientes geológicos propíciosa uma grande gama de mineralizações, conferem aoBrasil grande potencial mineral, equiparando-o àsgrandes potenciais minerais, como EUA, Rússia,Canadá, Austrália e África do Sul. As Figuras 2 e 3apresentam na forma de gráficos os destaques mineraisbrasileiros em reserva e produção.

Assumem expressão no cenário mundial, asreservas brasileiras dos minérios metálicos de nióbio,tântalo, manganês, alumínio, estanho e ferro. Para osminerais industriais sobressaem as reservas de grafita,vermiculita, magnesita, além de talco e caulim (SumárioMineral – DNPM, 2007a). Quanto à produção, o Brasilsitua-se de forma relevante nos mercados de nióbio,manganês, ferro, tantalita, bauxita, grafita, vermiculita,crisotila, magnesita, talco, além de rocha fosfática, ouroe gemas, sendo o maior exportador mundial de minério

FIGURA 1. Evolução do Valor da Produção Mineral Brasileira – 2001 a 2005.

de ferro e nióbio. Quanto às importações, em 2006, adependência de bens primários concentrou-se, princi-palmente no carvão mineral, potássio, cobre e zinco.Praticamente como exceções, os dois primeiros bensminerais não têm perspectivas a curto e médio prazoda produção interna ampliar-se substancialmente,devendo continuar no topo da pauta das importaçõesminerais brasileiras. A Tabela 1 apresenta uma relaçãode substâncias minerais selecionadas, representativasdos principais bens produzidos, exportados e importadospelo Brasil em 2006. Dos 20 minerais selecionados,todos os minérios metálicos têm participação importanteno mercado interno e nas exportações, parte dosminerais industriais (areia, pedra britada, argila ecalcário), carvão e água mineral são caracteristica-mente de consumo doméstico.

De forma geral, a expectativa é de uma ampliaçãoda participação brasileira no mercado mundial, emfunção de inúmeros importantes projetos mínero-industriais em andamento. Casos exemplares, entreoutros, referem-se à recente entrada em operação damina de cobre de Sossego e às jazidas de níquel deVermelho e Onça Puma, programadas para entraremem produção em 2008, que devem alçar o País comogrande player mundial destes metais (Sumário Mineral– DNPM, 2006b; Vale, 2007).

Concorrendo para esse cenário de tendência deexpansão da produção mineral brasileira, há, em virtude

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FIGURA 2. Ranqueamento e participação brasileira na mineração mundial – destaques minerais em reserva.

FIGURA 3. Ranqueamento e participação brasileira na mineração mundial – destaques minerais em produção.

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TABELA 1. Brasil: principais bens minerais produzidos, exportados e importados em 2006.

principalmente do baixo dinamismo da economiadoméstica, uma demanda reprimida de uma série debens minerais, situação que prevaleceu nas décadasde 1980 e 1990 até recentemente. Fatores como aretomada do crescimento, mesmo que em patamaresnão acentuados, mas de maneira sustentada, e oincremento dos investimentos no setor habitacional eem obras de infra-estrutura apontam para o aumentoda demanda de insumos minerais, mais particularmentede minerais industriais (agregados para construção civil,matérias-primas para as indústrias cerâmicas, cimen-teira e vidreira, cargas minerais, entre outros), além demetais ferrosos e não-ferrrosos. Isto deve levar amédio-longo prazo a um perfil mais equilibrado daespecialização produtiva da indústria mineral nacional,atualmente bastante concentrada em termos de valorna produção de comoditties metálicas, ganhando maisexpressão a classe dos minerais industriais, o que écomum nas economias mais desenvolvidas. Adi-cionalmente, seguindo uma vocação nacional, o setor

agrícola deverá continuar expandindo a sua demandapor fertilizantes e corretivos de solo, mantendo suaelevada dependência externa de potássio.

Essa expressiva produção mineral, com pers-pectivas promissoras de expansão, está assentada emuma estrutura produtiva caracteristicamente hetero-gênea. Coexistem desde grandes minerações, comprocedimentos modernos de gestão, que investem emprospecção e pesquisa mineral e operam minas comtécnicas de excelência em Geologia, EngenhariaMineral e no controle e recuperação ambiental, atéempreendimentos conduzidos de maneira precária, porvezes informal, como os casos extremos de inúmeraslavras artesanais e garimpos, que ocorrem de maneirabastante disseminada no País (Sumário Mineral –DNPM, 2007a). A produção dos principais minerais“commoditizados”, basicamente minerais metálicos,energéticos e alguns minerais industriais, como caulimpara papel, fosfato, potássio, magnesita e grafita, éconcentrada, sendo dominada pela grande mineração.

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Já na produção da maior parte dos minerais industriaiso mercado é mais pulverizado, sobretudo das substân-cias de consumo doméstico mais localizado, comparticipação importante da pequena mineração.

É na cadeia produtiva dos minerais industriais quese dão também os maiores descompassos entre amineração e os segmentos industriais consumidores, emtermos de tecnologia, gestão empresarial, e qualidadedas substâncias e produtos comercializados, bem comoa maior defasagem da competitividade do setor mineralbrasileiro em comparação aos produtores de outrospaíses. Como já foi constatado por Cabral Junior &Almeida (1999) e mais recentemente por Coelho et al.(2005), parcela considerável da pequena e médiamineração nacional produtora de minerais industriais nãoacompanhou o processo de modernização das indústriassituadas à jusante na cadeia produtiva, não implementadoas modernizações tecnológicas e gerenciais necessáriasao aprimoramento do sistema de produção – pesquisa,lavra e beneficiamento. Minerais industriais comdefasagem tecnológica e competitiva em relação aosprincipais mineradores e suppliers internacionais estãoassociados, por exemplo, à produção de argilas, feldspatoe rochas fundentes, caulim, filito, rochas carbonáticas etalco, empregados em vários segmentos da indústriade transformação (cerâmica vermelha, revestimentos,refratários, cal, tintas e vernizes, borrachas, etc.). Istose tem traduzido em diferenças desfavoráveis emtermos de qualidade, constância de suprimento e preçosdas matérias-primas nacionais, em relação aosprincipais países produtores, prejudicando a sua comer-cialização e a conquista de novos mercados emer-gentes, domésticos e internacionais. Característica daestrutura produtiva de alguns segmentos de mineraisindustriais refere-se à tendência da concentração geo-gráfica das empresas em determinados territórios,constituindo aglomerações produtivas de base mineral(mínero-cerâmicas, agregados par construção civil,rochas ornamentais, gesso, rochas calcárias e cal,feldspato, caulim, entre outros), e que se encontrampresentes em todos os Estados brasileiros.

Vale (2007), fazendo uma análise prospectiva davisão de futuro sobre o setor mineral brasileiro, observasobre o importante papel que uma mineração decompetitividade internacional pode desempenhar nodesenvolvimento de um país de vocação mineira e cita

como referência as experiências de nações avançadase de expressão continental como Austrália e Canadá.Por outro lado, ao se considerar países continentaisem desenvolvimento, como o Brasil e a Índia, o autoracrescenta, de modo apropriado, o papel relevante quedeve ser atribuído às pequenas e médias empresas demineração, ao aproveitamento dos pequenos e médiosdepósitos e ao fortalecimento dos APLs de base mineral,como forma mais equilibrada de expansão da produção,no aumento das exportações, na geração de empregose no avanço da inclusão social e geoeconômica.

Fato significativo para o setor mineral é a paulatinaretomada dos investimentos em exploração mineral(prospecção e pesquisa mineral) a partir de meadosda década de 1990 (média anual de U$ 84 milhõesentre 1995 a 2004), sendo incrementada nos últimosanos, com estimativas do DNPM – Informe Mineral(2007b) – dando conta que se atingiu U$ 280 milhõesem 2006. Considera-se que para indústria de mineraçãoa exploração mineral é fundamental, pois constitui oelo inicial da cadeia de suprimento mineral, sendo abase para o desenvolvimento dos segmentos subse-qüentes mínero-industriais.

Para a continuidade da atração desses investi-mentos necessários à conversão da vantagem compara-tiva brasileira em termos de seu elevado potencialmineral em novas jazidas e empreendimentos minerais,concorrem, em termos de políticas públicas setoriais,fatores como o avanço contínuo da melhoria do sistemade gestão pública do setor mineral e a ampliação doaporte de informações geológicas básicas oferecidaspelo governo.

O aprimoramento competitivo do setor passatambém pela ampliação da capacidade do sistema deP D & I mineral e que deve permear toda a indústriaextrativa mineral, sendo fundamental o desenvolvimentode competências regionalizadas, por meio da implan-tação de núcleos tecnológicos e laboratórios, bem comopromover a articulação entre os centros de pesquisa jáexistentes e universidades como o setor produtivo.Devem também ocorrer a ampliação na formação deprofissionais nas áreas de Geociências, EngenhariaMineral e capacitações correlatas, no sentido de supriras necessidade já manifestadas no mercado, particu-larmente, em trabalhos nas áreas de prospecção eengenharia de minas.

O SETOR MINERAL PAULISTA

Desde o período colonial, os condicionantesnaturais como clima, fisiografia e a fertilidade dos solosdo Estado de São Paulo, aliados à quase sempre poucaexpressão dos depósitos minerais clássicos então

conhecidos, sempre foram mais favoráveis a implan-tação da atividade agrícola, em detrimento dos empre-endimentos minerais. Mesmo assim, entre as primeirasdescobertas de recursos minerais em solo brasileiro,

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ocorridas no século XVI, consta a localização de peque-nos depósitos no território paulista, como as ocorrênciasauríferas aluvionares no sopé do Pico do Jaraguá e dominério de ferro associado ao maciço alcalino deIpanema na região de Sorocaba (Abreu, 1973).

Nos séculos XVII e XVIII, as jazidas de ouro ediamante descobertas em Minas Gerais provocaram aprimeira grande corrida da mineração no Brasil, orien-tando a interiorização dos pólos pioneiros de exploraçãomineral. Ao mesmo tempo, a incipiente economia deSão Paulo sofria duro revés, provocada pelo êxodo desua população em direção às terras mineiras, fazendocom que a antiga capitania perdesse território edinamismo econômico ao longo do Século XVIII.

Foi apenas na passagem do Século XVIII para oXIX que, com base na atividade agrícola, iniciou-seefetivamente o processo de estruturação da economiapaulista. Primeiro foram as plantações de cana deaçúcar e posteriormente, de maneira mais vigorosa, acultura do café foi impulsionando a ocupação do Estadopara as porções interioranas, como o Vale do Paraíba,e os terrenos geológicos de topografia suavizada daBacia do Paraná e entornos (regiões de Itu, Campinase Piracicaba), chegando ao final do Século XIX àsférteis terras roxas basálticas do nordeste paulista,próximas a Ribeirão Preto, onde surgiram à época asmaiores e mais produtivas fazendas de café do mundo.

Na primeira metade do Século XX, a expansãodas fronteiras agrícolas continuou ditando os rumos da

economia de São Paulo, estabelecendo as bases parao desenvolvimento industrial e a aceleração do cresci-mento urbano, que se deu no período pós 2ª GuerraMundial.

Por sua vez, a implantação da mineração fez-seacompanhando o processo de desenvolvimentoeconômico entre os séculos XIX e XX. Inicialmente,eram empreendimentos artesanais que se estabeleciampróximos aos núcleos urbanos, produzindo, basica-mente, matérias-primas para a construção civil (areia,cascalho e rochas trabalhadas manualmente – pedrasmarroadas) e argila junto a olarias, que, já no final doSéculo XIX, se proliferavam no Estado, aproveitando-se da abundância de jazidas de materiais argilosos. Aolongo do século passado, houve a paulatina diversi-ficação e modernização da produção mineral, acom-panhando a demanda da indústria emergente e odesenvolvimento urbano.

As características evolutivas socioeconômicas doEstado, aliadas à aptidão de seus terrenos geológicosde vocação, sobretudo, para minerais industriais,determinaram a configuração geográfica e o perfilprodutivo da sua indústria mineral. Desta forma, areboque do desenvolvimento urbano e industrial doEstado, a mineração paulista tem sua produção voltadapredominantemente para o consumo doméstico,atuando no abastecimento da indústria de transfor-mação, de insumos para agricultura e, de forma maisintensa, da construção civil.

MERCADO MINERAL PAULISTA

PERFIL ECONÔMICO DO MERCADO PRODUTOR

Pelas últimas estatísticas oficiais disponíveis(DNPM, 2006a), o Estado produziu o equivalente aR$ 2,1 bilhões em 2005, o que correspondeu a 6,6% dototal nacional (excluindo os hidrocarbonetos – petróleoe gás natural), situando-se como o 4º maior Estadoprodutor, abaixo de Minas Gerais (44,5%), Pará(21,9%) e Goiás (7,6%).

A Figura 4 apresenta a evolução do valor daprodução mineral do Estado de São Paulo em relaçãoà produção nacional (VPMB) entre os anos de 2001 e2005. Nesse período, como visto na seção anterior, oVPMB cresceu de maneira robusta, alavancado, sobre-tudo, pela demanda de comoditties metálicas nomercado internacional. Já a produção paulista, comoserá visto em mais detalhe adiante, por atender essen-cialmente o mercado doméstico, evoluiu com menosdinamismo, com uma expansão de cerca de 19%.

A Figura 5 mostra a distribuição da PMB nasprincipais unidades da Federação produtoras, individua-lizada por classes de bens minerais. Observa-se que o

Estado de São Paulo lidera destacadamente a produçãodos bens minerais não-metálicos.

Esses significativos resultados da produção mineralde São Paulo são sustentados por inúmeras empresasdedicadas, especialmente, à produção de agregadospara a construção civil (areia e rocha britada), deminerais industriais (areia industrial, argilas, calcário,fosfato e talco) e de água mineral.

A Tabela 2, elaborada a partir das informaçõesdo AMB (DNPM, 2006a), sintetiza as substânciasminerais produzidas no Estado, relacionando-se valorese quantidades comercializadas em 2005. Na suaformulação foram englobadas as substâncias similaresde mesmo uso e padronizadas as unidades de medidade quantidade em tonelada. Assim, baseando-se nosdados oficiais, das 24 substâncias minerais produzidasno Estado, os agregados – areia e rocha britada, empre-gados in natura na construção civil, respondem por67% do valor total aqui gerado e a 85% em termos devolume. As 6 principais substâncias abarcam, emconjunto, 95% do valor total produzido, representado

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FIGURA 4. Comparativo do VPM: Estado de São Paulo/Brasil - período 2001 a 2005.

FIGURA 5. VPM da UFs em 2005.

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TABELA 2. Substâncias minerais produzidas no Estado de São Paulo - ano base 2005.

pelos três bens minerais de utilização direta ou indiretana indústria da construção civil (areia, rochas para britae calcário para cimento e cal) e por água mineral, rochafosfática e areia industrial. A Figura 6 ilustra asprincipais substâncias produzidas no Estado.

Levando-se em conta as limitações do sistema decoleta de informações do DNPM e a presença deparcela significativa de lavras informais, pode-se consi-derar que as estatísticas oficiais estejam subestimadas.Para meados da década anterior, autores como Obata& Sintoni (1997) chegaram a admitir que o volume

efetivamente produzido pudesse superar de 150% a200% a quantidade oficialmente registrada. Atual-mente, a melhor apuração dos dados pelo DNPM e aimplementação de programas de regularização efiscalização, sugere a diminuição da defasagem dasestimativas. Portanto, pode-se inferir com segurança,que sejam lavradas anualmente no Estado pelo menos200 milhões de toneladas de substâncias minerais.

Ainda quanto aos registros oficiais, estão gravadosno território paulista cerca de 11.900 processos de direitosminerários (informações apuradas pelo IPT, 2007, em

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FIGURA 6. Principais bens minerais produzidos no Estado de São Paulo – ano base 2005.

consulta ao sítio do DNPM em setembro/2007 -www.dnpm.gov.br), que se excluindo as áreas emdisponibilidade (em torno de 1400), tem-se ao redor de10.500 áreas oneradas no Estado. Desse total, cerca de3.000 títulos estão habilitados legalmente para o exercíciode lavra, por meio de diplomas de concessão, registrode licenciamento e registro de extração, estando na fasede requerimento paras esses diplomas mais outros 10%.

Em termos do perfil produtivo, a mineraçãopaulista abrange um conjunto expressivo de empre-endimentos com características distintas quanto aovolume de extração, qualidade das substâncias,produtividade, grau de mecanização e uso de tecno-logias de lavra e beneficiamento, bem como ao aten-dimento às exigências da legislação mineral e ambientale, consequentemente, quanto ao controle ambiental dosempreendimentos. Segundo o AMB (DNPM, 2006a),das 530 minas catalogadas no Estado, 65% corres-pondem a pequenas minas e 31% a minerações demédio porte. O mesmo acontece com as usinas debeneficiamento, com os empreendimentos de pequenoe médio porte representando cerca de 80% do total(Tabelas 3 e 4). Deve-se levar em conta que o AMBnão considera os empreendimentos com escala deprodução declarada inferior a 10.000 t/ano, os quaissomados ao universo das unidades produtoras compu-

tadas oficialmente configuram o amplo predomínio dapequena mineração no Estado.

O contingente de mão-de-obra envolvido direta-mente e com vínculo formal nas empresas de produção,segundo as últimas estatísticas oficiais (AMB - DNPM,2006a), situa-se em torno de 15 mil trabalhadores (espe-cializados e não especializados). Nesse cômputo oficial,não são considerados outros postos de trabalho envol-vidos nas fases de pesquisa, ou sem contrato detrabalho, em minerações clandestinas, e em lavras peloregime de licenciamento (casos de areia e argila, quesão expressivos no Estado) que não são contabilizadosnas estatísticas.

Apesar da mineração em São Paulo, compa-rativamente com outras atividades econômicas, nãogerar número significativo de empregos, ela compõebase de importantes cadeias produtivas, caso do setorconstrução civil, dos diversos segmentos da indústriacerâmica, das indústrias cimenteira e vidreira, e daagricultura.

ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS DE BASE MINERAL –APLS DE BASE MINERAL

Com relação à localização dos empreendimentosminerários, a grande maioria dos 645 municípiospaulistas conta com alguma produção, legalizada ou

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TABELA 4. Comparativo do porte das usinas de beneficiamento.

TABELA 3. Comparativo do porte das minerações.

não, havendo concentrações significativas em áreascomo na Região Metropolitana de São Paulo, nocinturão Sorocaba-Itu-Campinas, no Vale do ParaíbanoVale do Ribeira e adjacências (Itapeva, Apiaí e CapãoBonito).

Aspecto notável é que o fator geológico – existên-cia de jazida –, de maneira isolada, ou associado a outroscondicionantes favoráveis, como proximidade demercados, base infra-estrutural privilegiada e culturaempresarial, tem conduzido a polarização da mineraçãoem determinadas regiões no Estado, levando à consti-tuição de aglomerados produtivos.

Em determinadas regiões, essas aglomerações deempresas de mineração chegam a constituir o que sevem conceituando como arranjos produtivos locais debase mineral. Nesses casos, as concentrações deempresas de mineração podem, no mesmo território,agregar indústrias de transformação intensiva dosinsumos minerais produzidos localmente e, também,atrair outros segmentos da cadeia produtiva, comofornecedores de insumos (equipamentos e embalagens)e serviços, apresentando graus variados de interaçãoentre os agentes empresariais e com organismosexternos, como governo, associações empresariais,instituições de crédito, ensino e inovação. Esse aden-samento da cadeia produtiva de base mineral, asso-

ciado à interação, cooperação e aprendizado entre seusdiversos elos e agentes externos, favorece o incrementoda competitividade de todos os negócios associadoslocalmente, com significativos ganhos ao pequenoempreendedor.

Cabral Junior (2008), por meio de procedimentosestatísticos, com o tratamento das variáveis empregoe número de estabelecimentos, identifica 30 potenciaisarranjos produtivos locais de base mineral no Estadode São Paulo.

Como abordado pelo autor, exemplos típicos deAPLs de base mineral em São Paulo, correspondemas inúmeras aglomerações mínero-cerâmicas queintegram a produção de argilas e a fabricação deprodutos de cerâmica vermelha e revestimentos. Adistribuição desses aglomerados produtivos guardaíntima relação com os terrenos geológicos portadoresdas principais jazidas de argila. Em primeiro plano,distingue-se uma seqüência de APLs que acompanhaa Depressão Periférica Paulista, associando-se àsminerações que exploram a extensa faixa de aflora-mentos de rochas pelíticas permocarboníferas da Baciado Paraná. Constituem uma faixa que se estende dosul do Estado (região de Itapeva) até a porção nordeste(região de São João da Boa Vista), praticamentecontínua, e com regiões em que a aproximação das

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concentrações industriais chega a formar uma amalga-mento de aglomerações. Os estudos de Cabral Junior(2008) indicam que este conjunto seqüencial deaglomerados reúne a mais expressiva concentraçãode empresas de cerâmica vermelha e revestimento dasAméricas, configurando o que o autor designa deCinturão Mínero-Cerâmico Paulista. Outros APLsmínero-cerâmicos ocorrem no Estado, distribuindo-semaneira isolada, com as principais aglomeraçõessituando-se no oeste paulista, associadas às faixaslindeiras dos principais rios, de onde provém o supri-mento mineral (rios Paraná, Tietê e Paranapanema).

Além dos mínero-cerâmicos, são reconhecidos porCabral Junior (2008) outros modalidades de APLs debase mineral no Estado, com destaque as aglomeraçõesespecializadas na produção de agregados para cons-trução civil (areia e rocha britada), rochas carbonáticaspara fins industriais (cal e cimento) e agrícola, mineraisindustriais (filito, bentonita, caulim) e águas minerais.

Em vista das perspectivas positivas com relaçãoà dinamização das economias locais, a partir do apoioaos pequenos empreendedores integrantes de aglo-merados produtivos dos mais diversos segmentoseconômicos, uma série de programas de fomento estãosendo conduzidos pelos governos e instituições desuporte empresarial (p. ex. Sebrae – Serviço Brasileirode Apoio às Micro e Pequenas Empresas), univer-sidades e centros de pesquisa e inovação, no sentidode promover o desenvolvimento e o aprimoramentocompetitivo desses aglomerados e alçá-los às condiçõesde verdadeiros APLs. Entre outras ações de incentivo,citam-se o apoio à melhoria da organização setorial,regularização de empreendimentos, intensificação dacultura de cooperação e do empreendedorismo, aper-feiçoamento tecnológico e incorporação de processosinovativos, bem como o estímulo à criação de serviçosfinanceiros adequados ao APL (tipo cooperativas decrédito, fundo de aval, capital de risco, etc.).

CONTEXTO GEOLÓGICO E DESTINO DA PRODUÇÃO

MINERAL PAULISTA

Quanto ao mercado da produção mineral paulista,a sua maior parte, é consumida dentro do próprioEstado, quando não insuficiente para abastecer opróprio mercado doméstico, e responde pelo abas-tecimento de boa parte do consumo de substânciasminerais utilizadas na construção civil, como insumospara agricultura e na indústria de transformação.

A Tabela 5 apresenta o destino das principaissubstâncias minerais produzidas no Estado de SãoPaulo. As informações obtidas no AMB (DNPM,2006a) são coletadas nos RALs. Pelas informaçõesgerais sobre o mercado consumidor e produtor mineralpaulista (IPT, 1982 e 1995), pode-se supor que grande

parte da produção de destino não informado corres-ponda a vendas no próprio Estado.

Os agregados para construção civil – areia erocha britada, pelo baixo valor unitário, são produzidose comercializados mais localmente. O grande volumeda produção de calcário é destinado às cimenteiras ecorresponde, geralmente, a minas cativas, em que osegmento opera de maneira verticalizada, detendo aspróprias jazidas. Apenas para uma substância - areiaindustrial - há uma comercialização em volumesrelativamente expressivos para fora do Estado, sendoexportados anualmente cerca de 350.000 toneladas,principalmente para os mercados de Minas Gerais eRio de Janeiro. Deste insumo mineral, São Paulo detémjazidas expressivas e de alta qualificação, concentrandoa produção brasileira. São minerais industriaisempregados mormente como matéria-prima básica naindústria vidreira e na fabricação de moldes em fundi-ção, além de outros usos como fonte de sílica naindústria cerâmica e carga mineral em tintas, borrachase plásticos (Luz & Lins, 2005). Tem ocorrido tambémo crescimento de vendas de argilas para outros estados,provenientes, particularmente, de minerações da regiãodo APL de Santa Gertrudes.

A Tabela 6 relaciona os principais segmentoseconômicos responsáveis pelo consumo das substânciasminerais produzidas no Estado e apresenta, de maneirasintética, as fontes geológicas de onde são lavradosesses recursos minerais.

Em termos gerais, os depósitos de minerais indus-triais paulistas estão associados aos antigos terrenosgeológicos do embasamento cristalino, de idade pré-cambriana, às bacias sedimentares fanerozóicas, querecobrem o embasamento, casos das bacias do Paraná,Taubaté e São Paulo, e às coberturas mais jovenscenozóicas, de natureza aluvionar, praial e de alteraçãointempérica, que capeiam indistintamente áreassedimentares e do cristalino. No embasamento pré-cambriano têm-se as principais explorações de jazidasde rocha para brita e fins ornamentais, nas faixas lestee sul do Estado, implantadas em maciços ígneos emetamórficos; os depósitos de feldspatos, em granitose pegmatitos (Jundiaí, Sorocaba e Socorro); e as minasde calcário (cal e cimento), dolomito, calcita e talco,associadas às faixas metamórficas carbonáticas dosgrupos Açungui e São Roque no Vale do Ribeira e naregião de Itapeva-Sorocaba. Nesse mesmo domíniometamórfico são minerados também filitos, quartzitos,ardósias e rochas assemelhadas. Jazidas de naturezaígnea, de idade mais recente, correspondem aosdepósitos primários de fosfato e carbonatos de Jacu-piranga e Ipanema, e às rochas basálticas da Bacia doParaná lavradas para brita. Nas bacias sedimentaressituam-se produções de areia para construção civil e

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TABELA 5. Destino das principais substâncias minerais produzidas no Estado de São Paulo.

industrial (entre outros, municípios de Analândia,Descalvado e Bofete), de calcário corretivo (regiõesde Rio Claro e Limeira), de argilas descorantes (Valedo Paraíba), bem como as amplas faixas de rochasargilosas permocarboníferas, responsáveis pelo supri-mento de matérias-primas às inúmeras aglomeraçõesmínero-cerâmicas (cerâmica vermelha na DepressãoPeriférica Paulista, em municípios como Itapeva, Tatuí,Itu, Leme e Tambaú, e de revestimentos cerâmicos naregião de Santa Gertrudes e Mogi-Guaçu).

Série importante de ocorrências de mineraisindustriais está relacionada às condições morfo-climáticas do período cenozóico em São Paulo, propíciasa concentrações de depósitos residuais intempéricos ealuvionares. Nesse domínio geológico estão inseridas

jazidas de caulim (Mogi das Cruzes, Embu-Guaçu ePiedade), bauxita e argilas refratárias (Águas da Pratae Divinolândia), e as amplas faixas aluvionaresquaternárias, dispostas ao longo dos principais rios doEstado, de onde são extensivamente minerados areia,cascalho, argila comum e, mais pontualmente, turfa.Ainda neste contexto aluvionar incluem-se depósitosde argilas plásticas e refratárias, como os de São Simãoe Alto Tietê.

Afora isso, considerada a natureza dos domíniosgeológicos do território paulista, pode lhe ser atribuídobom potencial para ocorrência de novos depósitos deminerais industriais. A busca da efetivação desta favo-rabilidade geológica, por meio de trabalhos sistemáticosprospectivos e de pesquisa mineral, tem possibilidade

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TABELA 6. Setores de consumo e fontes geológicas das principaissubstâncias minerais produzidas no Estado de São Paulo.

em se traduzir na definição de jazidas, que certamentedevem ampliariam a disponibilidade de matérias-primasminerais a um mercado consumidor promissor,doméstico e internacional, tanto para bens mineraisprimários, quanto para produtos minerais elaborados.Para tanto, deve-se levar em conta a importância daincorporação de tecnologias modernas nas campanhasexploratórias, como a avaliação geológica por meio de

modelagem metalogenética, uso de métodos geofísicose geoquímicos e tecnologias computacionais naquantificação dos depósitos, as quais são usuais naprospecção de minerais metálicos e, praticamente, nãoempregadas aos minerais industriais. O mesmo deveser considerado no desenvolvimento dos depósitos, como incremento de práticas de caracterização tecnológicae de beneficiamento, no sentido de propiciar um melhor

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conhecimento do desempenho funcional dos mineraisindustriais, garantindo maior agregação de valor aosprodutos minerais das jazidas.

Entre os minerais e rochas industriais comperspectivas para a identificação de novos depósitosem São Paulo incluem-se argilas plásticas de queimaclara e argilas fundentes para fins cerâmicos, caulim,filito, argilas industriais (bentonitas e adsorventes), areiaindustrial, rochas carbonáticas, feldspato e rochas felds-páticas, wollastonita, rochas ornamentais, entre outros.

MERCADO CONSUMIDOR MINERAL PAULISTA

De modo geral, o processo de desenvolvimentoeconômico por que tem passado o Brasil, principalmentea partir da década de 1950, ainda que desaceleradocircunstancialmente em algumas épocas de criseseconômicas, vem sendo responsável por uma demandasempre crescente de recursos minerais.

O Estado de São Paulo, em particular, concentroua mais expressiva e diversificada economia industrialdo País, com muitos setores altamente dependentes deinsumos de origem mineral, chegando-se a se equipararaos mercados consumidores da Europa e dos EstadosUnidos. As indústrias consumidoras paulistas abastecem-se de substâncias minerais, na forma de bens primários,semimanufaturados, manufaturados e de compostosquímicos, produzidas no próprio Estado ou importadasde outras unidades da federação ou do exterior.

A despeito da carência de informações atualizadassobre a demanda mineral (o único levantamentosistemático sobre o dimensionamento da demanda debens minerais no Estado foi efetuado por IPT no inícioda década de 1980 - Mercado Consumidor MineralPaulista IPT, 1982), é evidente a importância do papeldas substâncias minerais na indústria paulista, onde sãoempregadas nas mais variadas formas, como matéria-prima principal, com auxiliares de processo e aditivos.Trata-se de um complexo universo de consumo, comcerca de 50 segmentos dos mais diversos setoresindustriais, indo da construção civil, siderurgia, cimento,cerâmicas, indústrias químicas diversas, até afabricação de bebidas, sendo responsáveis pela absor-ção de mais de 70 variedades de substâncias.

A Tabela 7 apresenta um resumo da matriz deconsumo mineral no Estado. Nela são destacadas 55variedades de substâncias, relacionadas a 42 segmentosde consumo. Desse total, pode se estimar que 8substâncias (15%) correspondem àquelas cujaprodução estadual consegue responder de formaexpressiva, quando não total, pelo abastecimento, 7(13%) àquelas cuja produção interna responde de formaparcial e minoritária, e as 40 restantes correspondema bens minerais importados de outros estados e mesmode outros países.

O detalhamento dos aspectos relacionados àscaracterísticas da matriz de consumo, de cujoconhecimento o Estado não dispõe de forma atualizadae sistemática, constitui uma das bases para aidentificação e formulação de ações dentro de umapolítica mineral considerando-se, por exemplos, osseguintes aspectos:

a) Os bens minerais produzidos no Estado e queconseguem atender o consumo de formaexpressiva ou total, essencialmente os de utilizaçãobásica na indústria da construção civil (areia erochas para produção de agregados, calcário paracimento, argila para cerâmica vermelha e reves-timento), entre outros, pelas suas condicionantesgeológicas e de localização geográfica, têm suasatividades de extração associadas, real ou poten-cialmente, a conflitos com outras formas deocupação territorial (como urbana e agrícola) e comas disposições de conservação ou preservaçãoambientais, o que pode ser também decorrente depráticas operacionais tecnicamente deficientes. Emáreas de concentração geográfica da produção(aglomerações produtivas de base mineral), essassituações conflituosas e os impactos ambientais daatividade mineral podem ter efeito cumulativo, noque a atuação do poder público, notadamentequanto à implementação do ordenamento territorialgeomineiro, pode favorecer o desenvolvimento dasaglomerações produtivas de base mineral.

b) Substâncias com pouca ou nenhuma produção noEstado podem estar refletindo, quando não aausência de reservas, tanto a qualidade intrínsecado minério para determinados aplicações, como,também, a necessidade do desenvolvimento deprocessos inovativos de lavra e beneficiamento.Alguns casos de reservas não existentes ou poucoexpressivas em relação à demanda, em função daexistência de terrenos geológicos potenciais, podeser sugestivo para investimentos em exploraçãomineral, abrindo perspectivas para a ampliação daprodução e para novos negócios minerais no Estado(p.ex. argilas especiais para fins industriais, argilasplásticas de queima clara, caulins, rochasfeldspáticas, wollastonita, rochas ornamentais,entre outras).

c) Para qualquer substância que se considere éimportante que se aperfeiçoe a relação entre asqualificações do produto mineral disponível e asespecificações padrões de entrada do minério nasinstalações industriais consumidoras, o que podelevar a agregação de valor aos produtos mineraise a ganhos de competitividade das cadeias produ-tivas de base mineral.

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TABELA 7. Matriz de consumo de substâncias minerais selecionadas no Estado de São Paulo.

continua...

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GARGALOS TECNOLÓGICOS E DESAFIOS AO DESENVOLVIMENTO DA MINERAÇÃO NO ESTADO

A indústria mineral paulista, ainda que expressivae que apresente vários casos de alto padrão tecnológicode planejamento e operação mineira, padece ainda deaperfeiçoamento em vários de seus aspectos ao seconsiderar, principalmente, a permanente obrigação deracionalizar o aproveitamento das substâncias minerais,um recurso natural e não renovável.

De maneira geral, as deficiências tecnológicasestão associadas a todas as etapas do aproveitamentomineral, principalmente quando se trata da pequenaempresa, que, como visto, corresponde a grande maioriado setor produtivo no Estado. Parcela considerável dasminerações ressente-se de investimentos na pesquisageológica das jazidas e na caracterização tecnológicados minérios, no planejamento das operações de lavra,beneficiamento e recuperação ambiental dos empre-endimentos, e na modernização tecnológica nosmétodos, procedimentos e equipamentos; de incor-poração de gerenciamento ambiental como item deinvestimento; de melhor aproveitamento e disposiçãodos rejeitos e do material estéril; de utilização deprofissionais tecnicamente capacitados; de adequaçãoa normas técnicas oficiais; e de carência de acesso àsinformações sobre a dinâmica do setor (tecnologia,mercado e legislação).

A falta de ações de planejamento por parte dospoderes públicos e a carência de adoção de proce-dimentos técnicos adequados no planejamento edesenvolvimento das minas, têm gerado conflitos damineração com outras formas de uso do solo, em muitoscasos com desconforto e riscos às comunidades circun-vizinhas. Aliado a isso, as deficiências de controle e anão recuperação ambiental satisfatória das áreasmineradas têm causado uma série de outros impactosindesejáveis ao meio ambiente, como alteração dapaisagem, desmatamentos, deflagração de processosde erosão e assoreamento, emissões de ruídos evibrações, e poluição do ar e da água.

Dessa forma, em um território em grande parte jádensamente ocupado e com tendência de demandacrescente pelo uso de seus recursos naturais, amineração enfrenta outros desafios no Estado, alémdos impositivos de modernização tecnológica por partedo setor produtivo. A primeira limitação refere-se àpreocupação com a qualidade do meio ambiente, quepor meio de leis restritivas e a criação de zonasprotegidas (áreas de proteção ambiental, parques ereservas) interferem diretamente na disponibilidade dosrecursos minerais. Adicionalmente, há um conjunto defatores que se apropriam de amplos espaçosgeográficos e competem com a mineração, tais como

a expansão urbana, o adensamento da ocupaçãoagrícola e a demanda cada vez maior por recursoshídricos para abastecimento, irrigação e geração deenergia.

Tudo isto vem ocasionando a indisponibilizaçãoprogressiva de reservas minerais em determinadasregiões do Estado. Casos típicos em termos de restriçãode jazidas e alta pressão de demanda ocorrem com osagregados para construção civil – brita e areia naBaixada Santista e com agregado miúdo (areia) naRegião Metropolitana de São Paulo que são trazidoscada vez mais de longas distâncias elevando o preçodestes produtos nos mercados locais. Problemassimilares de escassez dizem respeito às reservas deargila e agregados no Oeste Paulista. Nesta região, ainstalação de usinas hidrelétricas fez com que seusreservatórios inundassem áreas de grande poten-cialidade ou mesmo tradicionalmente produtoras derecursos minerais, situadas nas planícies aluviais dosprincipais rios da região (Paraná e seus afluentesParanapanema, Tietê, Aguapeí e Peixe). Os lagosformados têm causado a esterilização precoce dasjazidas, prejudicando as atividades mínero-industriaise as próprias economias locais.

Sendo a mineração uma atividade econômicafundamental, compondo a base de importantesatividades econômicas, a dificuldade no controle dadisponibilidade futura de insumos minerais coloca emrisco a competitividade ou mesmo, em determinadascircunstâncias, o próprio desenvolvimento sustentadodas cadeias produtivas relacionadas.

Constata-se, portanto, que, como observado porBitar et al. (2000), se estabelece um binômio complexoe polêmico nas relações do desenvolvimento damineração paulista em face do desafio de sua própriasustentabilidade: assegurar o suprimento futuro dematérias-primas minerais e, ao mesmo tempo, garantira qualidade das condições ambientais, e a suacoexistência de maneira harmônica com outrasatividades econômicas e com as demais formas de usodo espaço territorial. A solução dessa equação passanecessariamente pela promoção de ações e projetossetoriais dirigidos ao planejamento, ordenamento eaprimoramento tecnológico da atividade de mineraçãono Estado.

Esses desafios tecnológicos e de gestão do setormineral, têm, em termos de resolução ou otimização,muito a ver com a ação pública, além daresponsabilidade de modernização que cabe ao própriosetor produtivo, até por uma questão de competitividadee sobrevivência.

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DIRETRIZES DE POLÍTICAS PARA ORDENAMENTO E APRIMORAMENTOTECNOLÓGICO E COMPETITIVO DO SETOR MINERAL PAULISTA

Os cenários de mercado, em suas diversasdimensões, sugerem uma expectativa de contínuaampliação da produção mineral do Estado de SãoPaulo. Para fazer frente a uma pressão crescente dedemanda, o setor produtivo paulista, apesar de possuirsegmentos relativamente estruturados, tem um perfilassimétrico em tecnologia e capital e conta com umcontingente significativo com defasagens tecnológicase tratamento inadequado da questão ambiental. Quantoà gestão pública, há necessidade de políticas gover-namentais voltadas ao desenvolvimento da atividademineral em bases sustentáveis, o que requer aformulação e execução de ações para planejamento eordenamento da mineração, e de suporte ao setorempresarial em programas de aperfeiçoamento tecno-lógico e competitivo.

Nesse contexto, é delineado, a seguir, um conjuntode diretrizes abrangentes de políticas de promoção dosetor mineral, tendo-se como referência o aprovei-tamento racional dos recursos minerais no Estado.

a) Criação de um órgão estadual gestor do setormineral: apesar do aparato da administraçãopública estadual relacionada ao setor mineral, éreconhecido que tal estrutura não tem oferecidoas condições mais adequadas para administrar asquestões relevantes da indústria mineral paulista.A ausência de uma política mineral explícita temconcorrido para uma dispersão da utilização dascompetências na Administração Pública Estaduale das capacitações instaladas nos centros depesquisa e universidades, o que tem afetado aotimização da inserção do aproveitamento dosrecursos minerais no processo de desenvolvimentoeconômico e social do Estado. Como políticaestruturante setorial, uma peça fundamental é acriação de uma unidade que assuma as atribuiçõesestaduais sobre a gestão do setor, por meio dainstituição de uma unidade específica na Admi-nistração Pública Direta voltada para a formu-lação, coordenação e execução da política mineralem São Paulo.

b) Desenvolvimento de um sistema de infor-mações sobre a indústria mineral paulista:para dar suporte às ações de planejamento doEstado e constituir uma plataforma de informaçõesao setor produtivo, há necessidade da montageme implantação de um sistema informatizado deregistro, acompanhamento e fiscalização daindústria mineral de São Paulo, em convênio como Governo Federal (Departamento Nacional da

Produção Mineral-DNPM / Ministério das Minase Energia-MME).

c) Implantação de programa de estudos do setormineral – “Observatório Mineral”: dirigido,entre outras ações, à caracterização continuadada estrutura produtiva e de mercado do setormineral do Estado, dos fluxos de comercializaçãoentre o mercado paulista e regiões de importação(doméstica e internacional), e identificação detendências de mercado e tecnológicas do setormineral, com vistas a subsidiar a elaboração depolíticas para aprimoramento competitivo daindústria extrativa mineral e das atividadeseconômicas agregadas no Estado.

d) Promoção do ordenamento territorial geo-mineiro: a disputa crescente pelo espaço territorialpor diferentes formas de uso e ocupação, e aslimitações ambientais à implantação de atividadeseconômicas, determinam importante papel ao poderpúblico, em especial o local, no ordenamentoterritorial dos municípios. Para garantia dosuprimento qualificado de insumos minerais ematendimento às demandas da sociedade de formageral, é necessária a inclusão da mineração nosinstrumentos de planejamento e gestão públicamunicipal, de modo a compatibilizar odesenvolvimento da atividade mineral com outrasvocações econômicas do seu território e com apreservação ambiental. Isto pode ser obtido, àmedida que se efetue um planejamento adequado,lastreado pela integração de conhecimentosabrangendo o meio físico, biótico e das vocaçõesnaturais do seu território, e que pode ser institu-cionalizado no seu Plano Diretor Municipal. Asreferências para ordenamento territorial geomineirodeve buscar a compartimentarão do meio físicoem áreas mais ou menos apropriadas ao desen-volvimento da atividade mineral (zoneamentominerário) e a parametrização de procedimentosgerais para instalação e operação dos empreen-dimentos minerários, incluindo o controle erecuperação ambiental de áreas mineradas.

e) Aproveitamento otimizado da dotação mi-neral: importante desafio tecnológico estárelacionado à ampliação e diversificação dadisponibilidade de recursos minerais, a partir dodesenvolvimento de técnicas e modelosexploratórios, e de pesquisa mineral aplicáveis àscondicionantes do arcabouço geológico paulista,bem como a melhoria da qualidade dos produtos

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minerais ofertados ao mercado, por meio do apri-moramento de tecnologia de lavra e beneficia-mento, e pelo desenvolvimento de substitutosminerais de melhor performance na aplicaçãoindustrial (economia de consumo).

f) Adoção de “Programas de Produção maisLimpa”: atuando na apropriação de recursosnaturais, a mineração caracteriza-se como umaatividade potencialmente modificadora do meioambiente, podendo, provocar, em maior ou menorintensidade, uma série de impactos ambientaisindesejáveis. A minimização desses impactos e arecuperação ambiental das áreas afetadas pelamineração, podem ser plenamente alcançadas pormeio da aplicação de técnicas adequadas deplanejamento, operação e controle das atividadesprodutivas. Práticas complementares de mini-mização de impactos, como maximização doaproveitamento de reservas, redução da geraçãode resíduos e de emissões gasosas, associado aprogramas de responsabilidade social (integrandoos empreendimentos com a comunidade circun-vizinha) deve ser incentivados no sentido deimprimir bases mais sustentáveis ao empreen-dimento e garantindo maior visibilidade da

importância da atividade mineral para o seuterritório. Outra linha prioritária de pesquisa edesenvolvimento para otimização do uso derecursos minerais e redução de impactos e passivosambientais está relacionada ao aproveitamento deresíduos industriais e rejeitos de mineração. Istopode ser feito, por exemplo, por meio da reciclagemde entulho de construção civil e a aplicaçãoindustrial de finos de portos de areia, pedreiras eserrarias de rocha, entre outros.

Ressalta-se que o perfil da mineração paulista,estruturada em uma constelação de empreendimentosde pequeno porte, favorece a implementação depolíticas de promoção do setor tendo como recorte osseus principais arranjos produtivos de base mineral. Adinamização dos APLs, por sua vez, poderá se dar pelaimplementação de políticas para fortalecimento dasestruturas de governança local, de estímulo a maiorarticulação e cooperação entre os diversos atores queinteragem localmente no setor, do engajamento do poderpúblico para promover a inclusão da mineração noordenamento territorial da região, e do estreitamentodos vínculos entre os APLs e o Sistema Paulista deC&T&I, visando colocar o conhecimento geradonessas instituições a serviço do sistema produtivo.

AGRADECIMENTOS

Os autores gostariam de agradecer o suporte do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo – IPT e do ConselhoNacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq para o desenvolvimento dessa pesquisa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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APÊNDICES

(1) As classificações de substâncias minerais citadas na literatura nacional e internacional apresentam variações de critérios conforme asfinalidades a que se propõem, podendo ser baseadas em critérios essencialmente mineralógicos, técnico-geológicos, comerciais ou atémesmo legais. Uma das classificações mais usuais subdivide os minérios em metálicos, não-metálicos, energéticos, gemas e águas, quepodem, a depender do interesse, apresentar subdivisões mais detalhadas.

Já há algum tempo, vem se adotando na literatura técnico-científica a referência à classe dos minerais industriais, havendo diferentesconceituações e abrangência para esse agrupamento de substâncias. Entendem-se como Rochas e Minerais Industriais, ou, simplesmenteMinerais Industriais, todas as substâncias minerais que se destinam à indústria de transformação, construção civil, agricultura eindústria extrativa mineral, excetuando-se os minérios destinados à obtenção de metais, energia e gemas. Compreendem basicamenterochas e minerais de natureza não-metálica que, por suas propriedades físicas e químicas, são empregados em produtos ou emprocessos nos mais diversos segmentos industriais (em usos como em cerâmicas, cimento, fertilizantes, abrasivos, pigmentos, comocargas, entre outros), na construção civil e na agricultura (Cabral et al., 2005).

(2) As informações constantes no Anuário Mineral Brasileiro - AMB, são oriundas dos Relatórios Anuais de Lavra (RALs) apresentadospelas empresas com empreendimento mineiro em lavra pelo sistema RAL, via internet, sendo de responsabilidade da mineração,portanto auto declarada. Para alguns casos específicos, como os materiais para construção - areia e rocha para brita, a coleta dosRALs são completadas com outras informações provenientes de associações e sindicatos de classe de produtores e confrontadas coma produção de cimento.

As substâncias com valores de produção mais subestimados são as argilas comuns, lavradas para cerâmica vermelha e revestimentosvia seca, e areia para construção civil, cujos segmentos produtivos concentram a informalidade da mineração no Estado. Somente paraargila, pelas informações disponíveis sobre a produção cerâmica paulista (Anicer – Associação Nacional da Indústria Cerâmica eAspacer – Associação Paulista das Cerâmicas de Revestimento), pode-se inferir que é lavrada anualmente mais de 20 milhões detoneladas, 330% superior a quantidade indicada no AMB.

Manuscrito Recebido em: 1 de abril de 2008Revisado e Aceito em: 25 de novembro de 2008