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1 A MEMÓRIA COMO UM NEGÓCIO? UM ESTUDO SOBRE EMPRESAS PRODUTORAS DE HISTÓRIA EMPRESARIAL Aluno: Felipe Costa Carvalho Orientadora: Profa. Dr. Alessandra de Sá Mello da Costa Departamento: CCS Administração 1. Introdução Nas ultimas três décadas, o interesse pelos estudo da História, Memória e Empresas vem se intensificando cada vez mais tanto no ambito acadêmico (COSTA e SARAIVA, 2012; ROWLINSON et al 2010) quanto no próprio âmbito empresarial (WORKMAN, 2004). O interesse de instituições e do publico geral também se multiplicam na mesma “proporção em que cresce o número de entidades – empresas, associações, comunidades preocupadas com suas “memórias” (ALBERTI, 1996, p.1)”. Assim, pode-se dizer que “A partir da percepção da memória como um instrumento de poder e de constituição de identidade, podemos compreender melhor como temáticas, antes destinadas a debates acadêmicos e elucubrações filosóficas passaram a ocupar espaços em instituições empresariais(ANDREONI, RENATA 2011, p.173). Um exemplo prático disto é a existência de empresas multinacionais como Petrobrás, Klabin, Organizações Globo, Bosh que já possuem algum tipo de demonstração de sua História empresarial. E ainda, como pano de fundo, repousa a necessidade das empresas em utilizar toda reconstrução da memória em sua estratégia, o que também é muito estudada na administração (ROWLINSON et. al 2010). Na maioria das vezes tais iniciativas, alteram de diversas formas, a relação da empresa com seus públicos externos e internos proporcionando um novo e controlado diálogo com a sociedade. O que pode ser muito favorável, mas também manipulador em algumas ocasiões. Devemos ressaltar que, apesar das principais organizações buscarem cada vez mais o resgate estratégico da sua história e memória empresarial, o agrupamento e criação de dados e informações para realizar um estudo completo não são feitos internamente mas sim são feitos por outras empresas especializadas no assunto (ALBERTI, 1996). Isso ocorre em parte porque a reinterpretação do passado é contido por uma exigência de credibilidade que depende da coerência dos discursos sucessivos (POLLAK, 1989, p.8) e por isso, a prestação desse serviço por empresas especializadas e não relacionadas com a empresa produtora adquire tal importância. Como exemplo da confiabilidade das empresas fornecedoras deste tipo de memória, Alberti (1996, p.3) explica que a marca do CPDOC (uma destas empresas) “representa, no mercado das memórias, um crivo acadêmico: as empresas, comunidades e instituições que o contratam o fazem porque pretendem imprimir uma “fidedignidade histórica” aos produtos oferecidos”. E ainda assim deve-se lembrar que “o controle da memória se estende aqui a escolha de testemunhas autorizadas (...) efetuando nas organizações mais formais pelo acaso dos pesquisadores aos arquivos” (POLLAK, 1989, p10). Contudo, deve-se entender que para cada empresa existe uma forma adequada de apresentação de acordo com fatores econômicos e estratégicos a serem analisados. Desta forma, é preciso refletir também sobre os diferentes níveis ou forma de organizar com que uma empresa pode resgatar sua História e Memória. Não apenas representados por grandes empresas e seus Centros de Memórias, mas sim, entendendo novas formas de representação como em websites, datas comemorativas, História oral e outras.

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A MEMÓRIA COMO UM NEGÓCIO? UM ESTUDO SOBRE EMPRESAS

PRODUTORAS DE HISTÓRIA EMPRESARIAL

Aluno: Felipe Costa Carvalho

Orientadora: Profa. Dr. Alessandra de Sá Mello da Costa

Departamento: CCS Administração

1. Introdução

Nas ultimas três décadas, o interesse pelos estudo da História, Memória e Empresas vem se

intensificando cada vez mais tanto no ambito acadêmico (COSTA e SARAIVA, 2012; ROWLINSON et

al 2010) quanto no próprio âmbito empresarial (WORKMAN, 2004). O interesse de instituições e do

publico geral também se multiplicam na mesma “proporção em que cresce o número de entidades –

empresas, associações, comunidades – preocupadas com suas “memórias” (ALBERTI, 1996, p.1)”.

Assim, pode-se dizer que “A partir da percepção da memória como um instrumento de poder e de

constituição de identidade, podemos compreender melhor como temáticas, antes destinadas a debates

acadêmicos e elucubrações filosóficas passaram a ocupar espaços em instituições empresariais”

(ANDREONI, RENATA 2011, p.173). Um exemplo prático disto é a existência de empresas

multinacionais como Petrobrás, Klabin, Organizações Globo, Bosh que já possuem algum tipo de

demonstração de sua História empresarial.

E ainda, como pano de fundo, repousa a necessidade das empresas em utilizar toda reconstrução

da memória em sua estratégia, o que também é muito estudada na administração (ROWLINSON et. al

2010). Na maioria das vezes tais iniciativas, alteram de diversas formas, a relação da empresa com seus

públicos – externos e internos – proporcionando um novo e controlado diálogo com a sociedade. O que

pode ser muito favorável, mas também manipulador em algumas ocasiões.

Devemos ressaltar que, apesar das principais organizações buscarem cada vez mais o resgate

estratégico da sua história e memória empresarial, o agrupamento e criação de dados e informações para

realizar um estudo completo não são feitos internamente mas sim são feitos por outras empresas

especializadas no assunto (ALBERTI, 1996). Isso ocorre em parte porque a reinterpretação do passado

é contido por uma exigência de credibilidade que depende da coerência dos discursos sucessivos

(POLLAK, 1989, p.8) e por isso, a prestação desse serviço por empresas especializadas e não

relacionadas com a empresa produtora adquire tal importância. Como exemplo da confiabilidade das

empresas fornecedoras deste tipo de memória, Alberti (1996, p.3) explica que a marca do CPDOC (uma

destas empresas) “representa, no mercado das memórias, um crivo acadêmico: as empresas,

comunidades e instituições que o contratam o fazem porque pretendem imprimir uma “fidedignidade

histórica” aos produtos oferecidos”. E ainda assim deve-se lembrar que “o controle da memória se

estende aqui a escolha de testemunhas autorizadas (...) efetuando nas organizações mais formais pelo

acaso dos pesquisadores aos arquivos” (POLLAK, 1989, p10).

Contudo, deve-se entender que para cada empresa existe uma forma adequada de apresentação de

acordo com fatores econômicos e estratégicos a serem analisados. Desta forma, é preciso refletir

também sobre os diferentes níveis ou forma de organizar com que uma empresa pode resgatar sua

História e Memória. Não apenas representados por grandes empresas e seus Centros de Memórias, mas

sim, entendendo novas formas de representação como em websites, datas comemorativas, História oral e

outras.

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E é neste sentido que o trabalho foi dividido em duas partes: a primeira parte busca responder as

perguntas: quem são as principais empresas produtoras de memórias empresariais no Brasil? E quais

empresas fornecem o serviço da construção da Memória? A segunda, busca problematizar esse processo

como estratégico e legitimador tanto da trajetória histórica quanto das práticas de gestão da organização

que adquire esse serviço.

2. Referencial Teórico

O referencial teórico irá abordar os conceitos de memória, memória empresarial, Quem são os

fornecedores deste serviço de construção da memória e também os tipos de produtos de memória

empresarial.

2.1 Memória e História

Nesta pesquisa, iremos assumir a definição de memória como: a compreensão do passado para

viver o presente e preparar o futuro (HAMON, 1995). De forma complementar, Le Goff (1990, p.423)

diz que “a memória, como propriedade de conservar certas informações, remete-nos em primeiro lugar a

um conjunto de funções psíquicas, graças às quais o homem pode atualizar impressões ou informações

passadas, ou que ele representa como passadas”. Assim, mais uma vez temos que a memória é um

fenômeno criado pela sociedade no passado e que pode ser relembrado no presente.

Segundo Pollak (1989), a memória é um fenômeno construído socialmente e são duas as suas

funções essenciais: a) manter a coesão interna; e b) defender as fronteiras daquilo que um grupo tem em

comum. Em função dessa condição, transforma-se tanto em um quadro de referência quanto em pontos

de referência por meio da identificação e do compartilhamento de significados, ou seja, em “uma

memória estruturada com suas hierarquias e classificações, uma memória (...) ao definir o que é comum

a um grupo e o que o diferencia dos outros, fundamenta e reforça os sentimentos de pertencimento e as

fronteiras sócio-culturais” (POLLAK, 1989, p.3).

Outra questão também muito discutida e analisada nos últimos anos é a forma com que a

manipulação consciente ou não por certos indivíduos ou empresas afetam a memória individual e

coletiva. “Deste modo, a memória foi posta em jogo de forma importante na luta das forças sociais pelo poder. Tornarem-

se senhores da memória e do esquecimento é uma das grandes preocupações das classes, dos grupos, dos

indivíduos que dominaram e dominam as sociedades históricas. Os esquecimentos e os silêncios da história são

reveladores desses mecanismos de manipulação da memória coletiva” Le Goff (1977, p.35).

Este pensamento nos mostra essa corrida cada vez mais competitiva pela construção de uma

memória e resgate da história. E também nos remete a outra discussão que seria o poder envolvido neste

processo. Segundo Le Goff (1992), a memória é um elemento essencial na constituição da identidade

individual, coletiva e institucional. Não se pode esquecer, no entanto, que a memória não é apenas uma

conquista de indivíduos ou coletividades, é também um instrumento e um objeto de poder. O que no

mundo empresarial pode surgir como um viés estratégico a ser analisado.

Assim, pode-se dizer que nenhuma história que possamos remeter do passado pode ser tomada

como totalmente legítima. Logo, tal como ocorre na história, a memória pode ser entendida como uma

construção provisória e mutável (NEVES, 2009). Por possuir uma condição modificadora - uma vez que

vincula o conhecimento do passado com as perspectivas do presente - a memória, quando formalizada,

torna possível uma (re)elaboração do mundo, transformando e sustentando realidades existentes

(RICOUER, 2007).

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Outra tese muito discutida principalmente por CANDEAU (1998), diz que a busca pela memória é

uma forma de compensação da sociedade pós-moderna para contrapor a aceleração do tempo. Por tanto,

este autor considera que a memória serve como uma espécie de nutrição da identidade, ele ainda

argumenta que é através da memória que as identidades coletivas são fundadas. O que nos remete a

dizer que a memória é cada vez mais fundamental em um mundo de profunda mutação. E, nesse

contexto, a memória passa a ser crucial porque permite atribuir sentidos à realidade em meio à dispersão

à pluralidade (RIBEIRO e BARBOSA, 2007).

Para concluir, WORCMAN (2004), p.28 diz que: “memória empresarial não é apenas um passado de uma empresa. Memória empresarial é, principalmente, o uso

empresarial que uma organização faz de sua história. Acredito que a memória e História constituem um

manancial de possibilidades para que a empresa interaja com a sociedade – tanto a que a constitui como a que a

rodeia”.

2.2 Memória Empresarial: Empresas Produtoras e Empresas Fornecedoras.

As primeiras tentativas de criação de arquivos empresariais históricos surgiram na Europa, ainda

nos primeiros anos do século 20. Empresas alemãs, como Krupp e a Siemens, estão entre as pioneiras na

criação de serviços de arquivo de caráter histórico, em 1905 e 1907, respectivamente (TOTINI e

GAGETE, 2004). E após este começo, foi só na década de 1940 e 1950 nas escolas norte americanas

que “o viés de análise mudava o foco, ultrapassando o estudo das empresas no panorama econômico

geral para enfatizar os processos internos de mudança organizacional em relação a competição

tecnológica e mercadológica” (TOTINI e GAGETE, p.114). E que assim começava-se a busca para se

criar a História e Memória institucional. Mas, foi só na década de 1970 que começaram a ser criados, na

estrutura organizacional das empresas, cargos estratégicos de “historiadores – arquivistas” que ficavam

responsáveis não só pela preservação, mas também pela “exploração” dos acervos valorizando o

potencial analítico da historia da empresa para empresa (TOTINI e GAGETE, 2004. p.115).

Assim, a sociedade atual observa “a emergência dos estudos sobre memória de instituições e

acontecimentos a partir da década de 1980, com os processos de democratização e lutas por direitos

humanos e à expansão e fortalecimento das esferas públicas da sociedade civil. Esse cenário se refletiu

no ambiente organizacional, que passou a sofrer maiores pressões dos públicos, mais diversificados e

conscientes de seus direitos em razão do aumento da circulação de informações” (NASSAR, 2007.

P.11). Foi então, que na mesma década o mercado começou a precisar de empresas que prestassem o

serviço de reconstruir a memória empresarial.

“No contexto da contemporaneidade, os projetos de memória institucional parecem advir de uma

consciência, cada vez mais crescente, da existência de representações fragmentadas, múltiplas e muitas

vezes conflituosas do passado. Espelham, assim, um esforço das empresas para fazer de uma

determinada versão a base da identidade da instituição e também um elemento importante do seu

reconhecimento e legitimação. É como se houvesse, por parte das empresas, o desejo de conter a

polissemia da sua imagem e representação” (Ribeiro, Barbosa, 2005). Um exemplo disso é o caso do

CPDOC: “não há duvida de que sua marca representa, no mercado das memórias, um crivo acadêmico: as empresas,

comunidades e instituições que o contratam o fazem porque pretendem imprimir uma “fidedignidade histórica”

aos produtos oferecidos. Esse raciocínio tem fundamento, porque o CPDOC sempre se preocupou com a

formação acadêmica de seus pesquisadores” (Alberti, Verena, 1996, P.3).

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Assim, podemos agora diferenciar as empresas fornecedoras de História e Memória como

Petrobrás, Klabin e outras, daquelas que fornecem o serviço de construção e entendimento de dados e

informações para a criação destes acervos como o CPDOC.

2.3 Os tipos de produtos de memória empresarial

Antes de denominarmos os tipos de acervos, Totini e Gagete (2004), dividiram sete tipos

diferentes de produtos de memória empresarial. Entre eles estão:

Livro Histórico – Institucional

É uma publicação gráfica que contempla os pontos mais

importantes da História e Memória além de suas inter-

relações com o contexto histórico da Organização.

Outras publicações

Institucionais, Vídeos e CD-ROM

Nestes casos, podem constar Biografias, históricos de

produtos, linhas de serviços,depoimentos e estudos

específicos.

Relatórios Internos Semelhantes aos já descritos acima, porém

destinado ao publico interno.

Conteúdos para

Internet / Intranet

São mais consistentes que apenas tradicionais

linhas do tempo.

Showroom / Museu

empresarial

Meio físico que pode transformar-se em

importantes interfaces com a comunidade,

mostrando tradição e a História e Memória da

empresa.

Exposições e

Produtos de Suporte

São produtos de pesquisa que podem a vir a

oferecer suporte em diversas áreas que

necessitam de instrumentos de divulgação

ou reforço.

Centros de Memória

e Documentação

“Constituem-se como setores responsáveis pela

definição e aplicação de uma politica sistemática

de resgate, avaliação, tratamento técnico e

divulgação de acervos, principalmente, pelos

serviços de disseminação do conhecimento acumulado

pela empresa e de fontes de interesse histórico”

(TOTINI e GAGETE, 2004, p125).

“As denominações Centro de Documentação e Memória, ou qualquer outra forma de ser

atribuída ao setor podem variar de acordo com os objetivos estratégicos, as linhas de acervo ou ainda a

aplicabilidade de seu potencial.” (TOTINI e GAGETE, 2004, p125) Estes centros podem compartilhar

diferentes conjuntos documentais como na tabela a baixo:

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Audiovisual/ Videoteca Coleções

Bibliográfico Banco de Depoimentos

Cultura Material Textual Permanente

Museológico Referência

Fotográfico

3. Metodologia

Para construção de um corpo de dados foi utilizado uma pesquisa exploratória documental, ou

seja, as fontes que as constituem são documentos e não apenas livros publicados e artigos científicos

divulgados (VERGARA, 2013).

Esta pesquisa foi dividida em quatro passos conforme descritos a seguir.

O primeiro foi encontrar empresas envolvidas com a criação de centros de memória já pesquisadas

por autores como Alberti (1996), Workman (2004), Gagete e \Totini (2004) entre outros; Nesta etapa, as

empresas como Klabin, Odebrecht, Ambev, Bosh do Brasil, Bunge, Vale, Petrobrás, Gerdau, Globo e

Eletrobrás foram as 10 empresas mais citadas nos textos dessas autoras por já apresentarem grandes

avanços em termos de produção de memória empresarial.

O segundo passo, foi identificar por meio de palavras chaves como: “memória empresarial”,

“Centro de memória e documentação”, “memória e História”, “memória do futuro”, “memória como um

negócio” e “vender história?” em websites através de sites de pesquisa como o “google.com” para que

fossem identificadas mais instituições produtoras de memória. Nesta etapa da pesquisa, foram

encontradas novas 25 empresas de grande expressão como: São Paulo Futebol Clube, Unimed,

Volkswagen do Brasil, Sadia, Nestlé, Embraer, Dupont, Bradesco, Itaú até que elas começaram a se

repetir, o que indicou certa saturação e esta fase da pesquisa foi finalizada.

Após este passo, as empresas encontradas anteriormente foram classificadas pelo setor de atuação

como os de Papel e celulose, Construção e infraestrutura, Transportes, Alimentos e Bebidas,

Cosméticos, Tecnologia, Financeiras (banco), Agronegócio, entre outros. Este processo nos permitiu

procurar suas concorrentes dentro destes mesmos setores. Um exemplo do setor energético deve-se a

Eletrobrás, Furnas e Cemig.

Por último, após consolidarmos 45empresas na base, foram identificadas as empresas que

fornecem o serviço de construção da memória empresarial e a partir destes fornecedores, identificamos

outros clientes totalizando 64 (Apêndice um) empresas pesquisadas.

Vale lembrar que todos estes dados coletados foram documentados em três diferentes planilhas de

Excel. A primeira delas contem todas as 64 empresas contendo o Nome, o Centro de Memória e seu ano

de criação, o website e a empresa produtora deste serviço de documentação de memória. A segunda

planilha fornece os mesmos dados, porém com a identificação do modo e nível em que a pesquisa sobre

a memória está (centro de memórias, datas comemorativas e outras) – (apêndice dois); neste caso foi

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utilizado como base critérios de classificação de memoria feito Totini e Gagete. Já na ultima planilha

temos apenas a listagem das empresas que fazem o serviço de criação de memória empresarial. Vale

lembrar também, que todas as informações obtidas das empresas construtoras de Memória empresarial

foram feitas através dos próprios sites de cada empresa.

4. Análise e considerações finais

No decorrer deste um ano de pesquisa, um dos principais resultados analisados foi a identificação

dos diferentes modos e níveis que uma empresa pode construir sua memória. Esta iniciativa surgiu não

só com a leitura de autores como Totini e Gagete (2004), mas também pela necessidade e facilidade que

estes conceitos trariam para que pudéssemos separar, analisar e comparar as empresas produtoras de

Memória. Como será visto abaixo, dividimos em quatro diferentes modos que se diferem principalmente

pela complexidade, tamanho, número de informações, nível financeiro, modo de exibição e viés

estratégico.

a) Centros de memórias e documentação

Estes espaços possuem a forma mais completa da construção de uma memoria empresarial. Com

uma estrutura física considerável, normalmente comparada a um Museu, também tem uma extensa

pesquisa de sua Memória e História empresarial apresentando inúmeras informações aos visitantes. Na

maioria das vezes necessitam de grandes investimentos, são produzidos por grandes empresas

especializadas (com historiadores conceituados) e tem um viés estratégico muito realçado, pois trazem

uma visão muito bem elaborada da empresa para seus clientes.

Da mesma forma, estes centros podem ser classificados como uma mistura de um “showroom

Histórico / Museu Histórico” e também de “Centros de Documentação e Memória” como explicitam as

autoras Totini e Gagete 2004. Elas enfatizam que este modo de apresentação “não só demonstram

tradição do empreendimento como podem refletir aspectos relevantes do desenvolvimento de sua área

de atuação, em relação à tecnologia, design, marketing ou processos administrativos, entre outros”.

Além disso, estes estabelecimentos podem se transformar em um importante diferencial competitivo de

uma organização na medida em que oferecem, com agilidade e rapidez informações pontuais e

retrospectivas necessárias a gestão de negócios (TOTINI e GAGETE, 2004).

b) Exposições completas

Em um nível abaixo ou menos complexos que os centros de memórias e documentação, estas

exposições são criadas normalmente compartilhando espaços com outras exposições em grandes museus

e estabelecimentos. Além disto, em sua maioria são exposições temporárias que tem um publico

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especifico. Seu viés estratégico pode ser tão grande quanto os centros de memória, porém não oferecem

o mesmo impacto ou número de informações que o mesmo. Como vantagem, este modo é mais

econômico financeiramente em relação ao primeiro apresentado, apesar de ainda terem que contratar

historiadores e empresas que possam construir e sintetizar todos os dados da organização.

Para Totini e Gagete (2004), este modo é denominado “Exposições e Produtos de Suporte”.

Podem abranger também pequenas publicações como folders e revistas internas-, à produção ou

complemento de apresentações, palestras, textos para relatórios anuais, perfis e relatórios de

responsabilidade corporativa.

c) Datas comemorativas e linha do tempo

Normalmente não são muito extensas e podem ser publicadas no site da empresa ou até mesmo em

grandes exposições. Em contraposição, empresas de grande porte e com muitos anos no mercado

tendem a usar esta forma para explorar de forma estratégica seus objetivos e produzir grandes estudos

sobre sua história; Elas podem realizar eventos, promoções, e principalmente fazer com que o cliente

tenha um maior conhecimento da empresa. Vale lembrar que este modo de reproduzir a Memoria e

Historia de uma organização pode estar presente também em outras formas de representação como nos

dois modos acima já descritos (Exposições completas e Centros de memória e documentação). Totini e

Gagete (2004) incluem esta forma de representação em “Conteúdos para Internet / Intranet” e também

em “Livros Históricos-Institucional”.

d) Breve História descritiva da empresa.

Esta é a forma mais simples de representar a História e Memória de uma empresa. Em geral, todas

as empresas a utilizam, desde as de grande a pequeno porte; Uma questão que deve ser levantada é que

algumas organizações utilizam apenas e exclusivamente esta forma de representação, o que é muito

pouco para que se diga que foi feito um estudo sobre história e memória. Em sua maioria é apenas uma

descrição das ambições e conquistas da empresa. Tem um baixo viés estratégico e pode não ser

elaborada por pesquisadores especializados.

Entre estas quatro opções descritas acima, uma ou mais podem ser realizadas e exploradas por

uma organização. Para empresas de grande porte, Centros de memórias e documentação e Exposições

completas devem ser níveis de representação a serem atingidos. Isto se deve ao fato de que estas

empresas têm um maior numero de stakeholders e clientes, e que estes necessitam, cada vez mais, no

mundo contemporâneo saber e obter informações detalhadas do passado e do presente da empresa com

que trabalham ou se relacionam. Outra questão que faz com que estas empresas precisam atingir este

nível de representação de sua Memória e História é a constante melhora da comunicação interna e

externa e solidificação da cultura e identidade empresarial. Já para empresas de pequeno porte, como

microempresas familiares, uma Breve História descritiva da empresa já pode ser o suficiente uma vez

que seus clientes e colaboradores já conhecem o suficiente a empresa.

Devemos destacar também que estes modos de representação podem ter diferentes fins estratégicos de

acordo com o momento da empresa. Não importando o tamanho da mesma, uma linha do tempo ou uma

data comemorativa de 10 anos da empresa pode servir para criar propagandas e promoções e atrair cada

vez mais seus clientes.

Como continuidade do presente trabalho, identificamos as empresas fornecedoras de memória.

Uma consideração importante que merece destaque é a existência de apenas cinco empresas que

fornecem o serviço de produção e pesquisa de memória empresarial. Todas as 64 empresas produtoras

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de memórias utilizam apenas cinco fornecedoras e que todas estas fornecedoras estão situadas no Estado

de São Paulo. São elas: Griffo, Tempo e Memória, Museu da Pessoa, CPDOC e o Núcleo de Memória

Empresarial. Segue a baixo uma pequena descrição de cada um destes centros de pesquisa.

a) Griffo

“No mercado há quase 30 anos, a Griffo é um escritório de projetos culturais e de memória

empresarial. Atua na produção de centros de memória e arquivos históricos; monta exposições e

museus; edita livros; conteúdo para internet...” (GRIFFO, 2014). Seus trabalhos são focados na

produção da memória da empresa contratante ou algum tema que se relacione com sua marca.

A empresa é composta por uma equipe multidisciplinar, entre historiadores, museólogos,

consultores empresariais, jornalistas e principalmente designers. Seus coordenadores são: Zuleika Alvim

(Mestre em história social pela USP e fundadora da empresa), Silvana Goulart (Pós-graduada da USP) e

Lygia Rodrigues (Historiadora da USP, Pós-graduada da PUC-SP e arqueóloga pela UFF-RJ). O grupo

atende os diferentes tipos de resgate de memória e História de seus clientes como grandes e pequenas

empresas e figuras importantes como o instituto Fernando Henrique Cardoso.

b) Tempo e Memória

A empresa foi fundada em 1988 no estado de São Paulo e desenvolve trabalho pioneiro na área de

Memória Empresarial. A empresa trabalha com criações de Centro e Memória, criação de memoria para

datas comemorativas e também museus de rua. Seu enfoque é para empresas.

Segundo o website da empresa, “O desenvolvimento da área de Memória Empresarial está ligado

à valorização de conceitos como cidadania, transparência e responsabilidade social, missão e valores

empresariais, bem como à necessidade de buscar e desenvolver novas ferramentas e suportes teóricos

que possam complementar os conceitos da área de comunicação empresarial. Dessa forma, métodos e

técnicas da História, da Sociologia, da Arquivologia e da Museologia somaram-se às teorias e práticas

da Administração.” (TEMPO e MEMÓRIA, 2004) .

A empresa tem a coordenação de Flávia Borges Pereira, historiadora, mestre em História

Econômica pela FFLCH – USP e professora do Curso de Especialização de Arquivos do Instituto de

Estudos Brasileiro, da Universidade de São Paulo –USP, e Ana Trevisan Serino, designer gráfica,

formada pela FAAP em Artes Plásticas, diretora editorial e de arte

O primeiro grande trabalho da T&M foi à realização da Criação do Centro de Documentação e

Memória Klabin um ano após sua criação, em 1989. Durante esses 26 anos no mercado, a Tempo e

Memória obteve inúmeros clientes de grande peso como: Bosch, Itaú, Klabin, Sadia, General Motors do

Brasil, Dupont e outras. Também já ganhou inúmeros prêmios e conquistas pelo seu trabalho.

c) Museu da Pessoa

“O Museu da Pessoa foi fundado em São Paulo, em 1991, com o objetivo de constituir uma Rede

Internacional de Histórias de Vida.” (MUSEU DA PESSOA, 2014a) Com “programas nas áreas de

memórias institucionais, educação, comunicação e desenvolvimento comunitário, o Museu da Pessoa já

realizou cerca de 250 projetos de memória que visam multiplicar e democratizar sua metodologia e seu

acervo de mais de 16 mil histórias de vida”. (MUSEU DA PESSOA, 2014)

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O Museu da Pessoa tem um foco diferente das outras empresas analisadas uma vez que ele divide

sua atuação em quatro linhas, tendo a primeira em especial.

i) Conte Sua História: Canais de registro, sistematização, preservação e divulgação de histórias de vida;

Esta linha é direcionada para histórias individuais.

ii) Museologia: Disseminação do conceito e da metodologia do Museu da Pessoa em escolas, comunidades,

organizações e grupos de indivíduos;

iii) Educativo: Disseminação do conceito e da metodologia do Museu da Pessoa em escolas, comunidades,

organizações e grupos de indivíduos.

iv) Memória Institucional: Registro, sistematização, preservação e divulgação de memória das organizações.

Nesta pesquisa estamos focados no ultimo tópico, memória empresarial, mas é um fato que a

empresa tem um foco em contar as diferentes histórias e memórias tanto de pessoas anônimas quanto

de famosas.

d) CPDOC

“O Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) é a Escola

de Ciências Sociais da Fundação Getúlio Vargas. Criado em 1973, tem o objetivo de abrigar conjuntos

documentais relevantes para a história recente do país, desenvolver pesquisas em sua área de atuação e

promover cursos de graduação e pós-graduação” (CPDOC, 2014)

Seu foco de atuação é a construção de história e memoria de pessoas públicas do Brasil que

totalizam mais de 1,8 milhões de documentos. Porém, também fornecem inúmeros estudos sobre

história institucional de organizações brasileiras (principalmente instituições públicas).

A empresa contava já nos anos 2000 com “12 doutores, 10 mestres (sete deles doutorandos), 3

mestrandos e apenas 3 graduados, sendo que esses três últimos tem mais de 10 anos de casa e portanto,

são todos detentores de notório saber no que diz a respeito as praticas de trabalho da instituição”

(ALBERTI,1996, p.3).

Seus principais clientes, como já dito, são empresas estatais como: Eletrobrás, Petrobras, Banco

Central do Brasil ,BNDES, IBGE, Senado Federal entre outras. E ainda empresas privadas como Klabin

e Golden Cross.

e) Núcleo de Memória Empresarial

A empresa é coordenada por duas arquitetas Mônica Cecilia e Suzana Mara e o publicitário João

El Helou que possuem um perfil mais comercial. Isto se deve ao fato de que a empresa não possui como

base historiadores e pesquisadores e sim profissionais de outras áreas cuja tem um foco na melhoria da

comunicação de seus clientes, reforçar vínculos emocionais entre empresa e cliente, incrementar

autoestima. Já realizou pesquisas para grandes empresas como Petrobras, Johnson & Johnson, Itaú,

Avon, BankBoston entre outros.

Tem seu ponto forte na criação de mídias digitais, permitindo download, impressão do material

estocado e acesso a todo conteúdo no meio de ferramenta de busca. Trabalham com mais quatro linhas

como criação de campanhas publicitárias (internas e externas), Exposições, eventos e publicações

(livros, cartilhas, almanaque).

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Outra questão a ser abordada é a constante troca destes clientes para com as empresas criadoras de

memória e também a diferença da forma como trabalham. Pode-se dizer que para cada modo que uma

instituição deseja reconstruir, mostrar ao publico ou para seus funcionários internos sua Memória e

História, temos uma empresa mais apropriada entre as citadas acima. Como exemplo, o Museu da

Pessoa tem uma filosofia menos empresarial e mais preocupada com o lado pessoal de cada funcionário

da empresa, o que pode ser muito bem utilizado para uma melhor comunicação interna e enriquecimento

da cultura organizacional. Logo, temos o CPDOC que tem como especialização o estudo da história do

Brasil e como consequência de empresas estatais, o que leva a um viés totalmente especializado para um

grupo de clientes e stakeholders; Historiadores do CPDOC são especializados em estudos de

acontecimentos econômicos e culturais no Brasil o que pode ajudar nesta reconstrução da Memória

Empresarial. Já a empresa Núcleo de Memória Empresarial, tem uma vertente mais comercial, pois são

direcionados ao desenvolvimento de propagandas, promoções além de possuírem em seu corpo

empresarial um perfil de profissionais direcionado ao mercado. Empresas que desejam utilizar sua

História para realizar propagandas, promoções, e acolhimento de clientes devem se familiarizar com

este grupo, pois não é por menos que seus idealizadores e pesquisadores são formados em publicidade.

Por ultimo, temos as duas empresas focadas no mercado e na criação de Centros de memória

empresarial que englobam a Griffo e o Tempo e Memória.

5. Considerações finais

A presente pesquisa alcançou em parte os seus objetivos, conseguindo identificar mais de 64

organizações produtoras de História empresarial no Brasil. A problematização da produção de Histórias

e Memórias empresariais como estratégico e legitimador foram discutidas por diferentes autores

nacionais e internacionais, o que justifica a importância deste tema na atual conjuntura vivida por nossa

sociedade e principalmente na administração. A identificação desse debate, entretanto, não foi estudado

por esta pesquisa em toda a sua potencialidade, devendo ser ampliada em estudos futuros.

Outras grandes discussões foram surgindo para que estas empresas fossem encontradas como, por

exemplo, a identificação das cinco maiores empresas que fornecem o serviço de produção de Memória e

Historia no Brasil. Além disso, concluímos que cada uma destas cinco empresas possuem diferentes

perfis, o que nos ajudou a entender o porque cada uma destas 64 organizações produtoras de memória

permutavam entre elas.

O estudo da História e Memória vem a cada dia sendo um dos meios pelos quais as organizações

estão recorrendo para melhorar suas estratégias para com todos seus colaboradores e clientes. Pode-se

concluir também, que essa reconstrução da memória juntamente com sua legitimação através de

empresas produtoras renomadas, pode ajudar indiretamente inúmeros objetivos das empresas

contratantes destes serviços. Isso vem como consequência da melhora da cultura e identidade da

empresa, assim como também a melhora constante de sua estratégia e relação com seus clientes e

colaboradores.

Assim, mais uma vez devemos destacar a importância que o estudo da História e Memoria é

essencial para qualquer tipo, tamanho ou setor de empresa no mundo. Não há empresa que possa negar

sua necessidade para diversos fins como estratégicos, de comunicação interna e outros.

Outra grande contribuição que este trabalho pode oferecer é a discussão sobre poder, memória e

credibilidade. Considerando que os Centros de Memória não são desenvolvidos pelas empresas

fornecedoras e sim por produtoras deste serviço de reconstrução, a relação de poder pode ser

assimétrica, tirando algumas das vezes a autonomia dessas empresas produtoras de desenvolver seu

trabalho. Este fato, ou seja, a relação de “fornecedor x cliente”, pode muitas vezes comprometer o

estudo e retirar alguma credibilidade do mesmo.

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Apêndice 1: Relação das 64 empresas pesquisadas que possuem algum tipo de estudo sobre sua História e memória

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Apêndice 2: Relação das 64 empresas pesquisadas que possuem algum tipo de estudo sobre sua História e memória já com a denominação de que tipo de estudo é este.