a melhor coisa do mundo - leonardo teixeira

8/15/2019 A Melhor Coisa Do Mundo - Leonardo Teixeira

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A melhor coisa do mundo

Pseudônimo: Detetive Fantástico

Não havia maior prazer no mundo do que retirar a liberdade de alguém desavisado pelo

cotidiano e envolto em a!azeres costumeiros" #ssim pensava Pl$nio um inveterado investigador%

e&$mio na arte de solucionar a autoria de crimes ainda insuspeitos" 'eralmente procurava aqueles

momentos que causassem maior impacto ao preso quando imerso no envolvimento com seus

convivas ou embalado num !este(o !amiliar" )ra um regozi(o quando detinha outrem prestes a

gar!ar um garboso quitute isto de se impedir que o detento tivesse uma especial re!ei*ão tipo

prato !avorito" )m troca receberia uma gororoba emplastada numa marmita !ria e tardia quandoo indigente (á estivesse enclausurado" # not$cia de prisão que muda a calmaria dos momentos

numa e!ervesc+ncia de sentidos e pensamentos era cl$ma& do +&tase de Pl$nio que se

prolongava pelo tra(eto até o barulho de um cadeado trancando na (aula outro indiv$duo: menos

um animal solto no mundo,

Pl$nio assegurava aos colegas de pro!issão que tirar um vagabundo de sua modorra

tradicional aprazia grande satis!a*ão pessoal" -nclusive .mais do que as vol/pias de uma libido

sentida com es!or*o para ser e&aurida num cuspe0" #quela sensa*ão de dever cumprido de

conter um rato das sombras de suas no(eiras" !ato de não haver su!iciente cuidado

superlota*ão em pres$dios da escola de crimes que são as institui*2es penitenciárias da

e&posi*ão ao perigo de viola*ão !$sica se&ual mental etc tudo isso é um problema do )stado"

Não havia nada no mundo 3ou somente uma /nica coisa,4 que superasse a beleza de se ver um

eno(o a mais no &ilindr5 maturando a paci+ncia por não ver os s5is dos dias nascendo redondo

como a ab5boda celestial" 6 a velha li*ão de crime e castigo" 7e há culpa ou não também é um

problema pessoal do detento em cativeiro" 8er aqueles seres miseráveis se gladiando ingerindo

restos de comidas com salitre promiscuindo as v$sceras alheias aos seus mundos violentos são

mais do que provas de que esses abomináveis homens das celas deveriam mesmo é !icar

tranca!iados em grossas e !ortes (aulas de seguran*a má&ima"

que superava a beleza de se trancar o !amigerado bandido na cadeia era a !a&ina

e&ecutada de vez em quando na sociedade" 9impar a comunidade é o que se entendia por

eliminar a presen*a desagradável de vermes que perambulam travestidos de seres humanos" 6

riscar o nome de qualquer ordinário da lista dos vivos aumentando as certid2es de 5bito dando

palet5s de madeira !azendoos comer o capim pela raiz clarear suas peles imundas na moda

caveira ; se agora !icou claro"


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ca!etão um assaltante um avião um estuprador um ladrão um estelionatário etc" No geral é

mais !ácil limpar a cidade na calada da noite onde os vampiros criminosos saem com mais

!acilidade% e&clu$dos dormem nas pra*as e marginais batem ponto nas bocas violentas de !umo"7em testemunhas para estancar o prurido da limpeza ética 3e não étnica4 o trabalho é !eito com

dose de adrenalina para sacri!icar aquelas vidinhas mi&urucas ao bem estar da sociedade" Nos

dias hodiernos o cidadão de bem se tranca em !ace dos marginais soltos por a$" Nada mais nobre

do que e&tinguir alguns delinquentes para o bem do povo e manuten*ão da tranquilidade social"

Para isso é necessário ter pulso e boa mira posto que as baratas costumam ser ágeis quando

percebem a pro&imidade da chinelada" #gora sim depois da !a&ina social não há nada mais

prazeroso do que prender uma pessoa nos calabou*os da lei" Por questão de ordem eis a sina dePl$nio o e&$mio"

Foi numa dessas madrugadas !rias que Pl$nio chegou subitamente num boteco imundo

e retirou de uma das cadeiras su(as o >himba articulador do crime naquela grande zona urbana

olheiro de meliantes e in!ormante sem querer" >himba estava numa mesa porca bebendo uma

cana barata em companhia de uma mulher igualmente barata" Pl$nio convidou >himba a

acompanhálo ? !or*a dos costumes a entrar naquela viatura descaracterizada" @uando a

mulherzinha estu!ou o busto mostrando aquele asco de decote soerguendo o nariz abrindo a

boca !étida ; com !alhas dentárias nos molares ; e principiou uma !ala irritante descone&a com

a voz rouca e embriagada antes mesmo que aquelas palavras se tornassem !rase de a!ronta ou

escAndalo Pl$nio deu uma palmada que estralou a !ace da dita tendo !icado com mais um buraco

no molar vizinho" # mulher desmaiou no chão e >himba !oi chuchado no portamalas da viatura

que é para dar mais emo*ão e clima na abordagem" >omo o dono do bar continuou a es!regar um

pano imundo naqueles copos repugnantes e não esbo*ou qualquer rea*ão de impacto por aquela

barata desdentada desmaiada no chão Pl$nio !oi embora não sem antes rasgar aquele tecido

pobre e descobrir as vergonhas daquela que não tinha"

Pl$nio andou bastante rápido !ez curvas bruscas e !reou muito sem necessidade" Budo

para aclimatar a emo*ão do passageiro >himba" investigador parou a viatura num breu

sinistro" )ra um matagal sobrenatural que margeava um rio numa área conhecida por desovas de

corpos não celestiais que !icava numa espécie de zona rural encrustada na cidade" >himba !oi

posto de (oelhos na beira daquela margem que engolia cadáveres de toda espécie" Pl$nio disse

que iria empalálo como um picolé e&posto para congelar na noite e derreter no dia" @ue se !osse

!alar que !alasse logo para poupar o trabalho de cortar um cabo de guatambu por ali" .)ntão o

papagaio vai ou não abrir o bicoC0 disse Pl$nio" # essa pergunta todos os gatos são pardos e


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todos os gatos conscientes tornamse papagaios para que um !uturo voo !osse poss$vel" Não

precisava nem daquele carinho na barriga e daquela massagem lombar para que >himba !alasse

que naquela mesma noite o tra!icante Doca seria !uzilado em sua resid+ncia (unto ao seu guardacostas" Pl$nio perdeu a paci+ncia pois sabia que ele seria morto" )le dei&ou que acontecesse

pois teria menos !a&ina a !azer !uturamente" .Não vim saber quem vai morrer quero saber quem

vai matar,0 #ntes que mais a!agos de Pl$nio se tornassem insuportáveis >himba encurtou o

assunto e com a voz !raca e sem ar (untou as !or*as para responder: .Du$lio do morro

americano0" Pl$nio bateu palmas e concluiu que um aviãozinho .quer ser o novo dono da !rota e

dos aeroportos,0 Despediuse de >himba com mais um gesto nobre para que ele respondesse

mais rápido na pr5&ima vez">omo é relativa a questão do domic$lio no quesito inviolável Pl$nio se viu em pleno

vigor do e&erc$cio investigat5rio" )ntrou na casa de Du$lio sem que ninguém percebesse usando

de artimanhas que aprendeu no curso de chaveiro" #li sim !oi uma pro!issão que abriu muitas

portas, 9anchou com e&cesso o alimento nobre daquela geladeira" >om direito a iogurtes com

peda*os de !rutas e leites !ermentados para regular a !lora intestinal" Pizza congelada sorvete de

passas ao rum e ma*ã verde"


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a vergonha e o susto" Pl$nio algemou Du$lio com a rapidez de uma la*ada de peão" # mulher

entortou a boca colocou o dedo em riste instigando !utura amea*a e esbo*ou !azer escAndalo"

#ntes que viesse um chilique e diante daquele dedinho indicador mirando Pl$nio ele !ez questãode anestesiar aquela !igura ? moda arcaica: martelou um soco pilão no meio da cabe*a que se

não !osse o pesco*o teria a!undado no peito" desmaio !oi instantAneo" Du$lio !oi colocado do

(eito que veio ao mundo no portamalas e a mo*a amarrada de c5coras com a metade do corpo

para !ora da (anela como se !osse uma torta esperando a !utura luz do sol !azer crescer e

bronzear aquelas partes pudicas"

Pl$nio levou Du$lio até seu lugar !avorito: aquele mesmo matagal sobrenatural" #quele

alvorecer do dia dei&ou os primeiros raios solares da aurora um ambiente !antasmag5rico emantagônicos (ogos de luz sombra e neblina" Du$lio tentou correr mas uma rasteira o !ez cair

numa po*a barrenta do bre(o" Pl$nio substituiu as algemas por uma corda !ortemente amarrada

nos punhos" @uando gritou por socorro Pl$nio calou sua voz com um soco na boca do estômago

e para arrematar o sil+ncio um chute certeiro no saco e&posto" Iá estava pr5&imo ao rio quando

Pl$nio perguntou se tinha alguma bobagem a dizer" Du$lio não conseguia !alar nenhuma palavra"

Pl$nio ergueu o dedo aos lábios e pediu sil+ncio pois o que tinha a !alar era mais importante:

.estou !azendo um tremendo bem para a sociedade que estará mais segura sem voc+" #lém

disso vou economizar dinheiro do )stado pagando promotores (u$zes policiais de!ensores etc

para trabalhar por anos num processo contra voc+% custeando sua estadia e alimento na prisão

até sair de lá pior do que agora" utra coisa Du$lio""" )scute isso" s (ornais precisam ser

alimentados com not$cias" 8oc+ !icará !amoso e vai aparecer nos (ornais, )u poderia dizer muito

mais mas sua cabecinha sem cultura e cheia de merdas e substAncias t5&icas""" não iria entender"

7ão muitos mil reais em troca de seis reais que são o custo destas K balas de L que voc+ vai

me custar agora,0 #o longe se ouviu uma sequ+ncia de tr+s estampidos como se alguém tivesse

comemorado alguma bobagem estourando um !oguete de tr+s tiros"

rio sugou mais um corpo" Passarinhos se assustaram em revoada"


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Iuba que integrava a gangue de Doca sequestrou Du$lio na sua resid+ncia e o levou para as

margens do Mio das #lmas" Iuba amarrou o corpo n/ da v$tima Du$lio que teria sido agredido na

região abdominal e na bolsa escrotal" Iuba deu tr+s tiros em Du$lio" # /nica testemunha do !atoera uma mulher conhecida por Beinha dan*arina de !un que também !oi morta no dia seguinte

com o mesmo rev5lver calibre L de Iuca" Beinha !oi encontrada pelo investigador Pl$nio ainda

com vida quando Beinha !alou in!ormalmente que Iuca era mesmo o autor do sequestro

ocorrido naquele dia" Iuca !oi encontrado morto na madrugada de ho(e" # pol$cia suspeita

suic$dio pois não havia sinais de arrombamento ou impress2es digitais di!erentes de Iuca em sua

resid+ncia" Iuca havia abusado de alta dose de coca$na e crac instantes antes de ter atirado

contra a pr5pria cabe*a" # per$cia con!irmou a compatibilidade das balas das tr+s mortes 3Du$lioBeinha e Iuca4 com a arma encontrada com Iuca" s quatro eram envolvidos com o narcotrá!ico

e tinham passagens na pol$cia" # estimativa é de que quase OK dos homic$dios em nossa região

tenham liga*ão direta com o mundo das drogas" Iornal pinião" >inquenta anos levando a

verdade das not$cias até voc+,0

a melhor coisa do mundo - leonardo teixeira

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