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A LOUCURA NO CINEMA: A REPRESENTAÇÃO DA LOUCURA EM PERSONA Marina da Costa Campos [email protected] Universidade Federal de Goiás Resumo Este trabalho objetiva analisar a representação da loucura feita pelo cinema moderno por meio da análise do filme Persona (1966), de Ingmar Bergman. Tal estudo procura entender como o cinema moderno se apropria do tema e que visão oferece ao espectador, a partir dos vários conceitos que a Loucura abrange. Temos aqui o difícil desafio de compreender o fascínio provocado pela Loucura no cinema. Palavras-chave: Loucura, cinema moderno, análise, representação. Abstract This work to analyze the representation of the Madness made by modern cinema through the screening of film: Persona (1966), directed by Ingmar Bergman. Taking for granted the idea that Madness is inserted in a wide range of concepts, this study seeks to understand how the film appropriates the theme and vision that offers the viewer. We have here the challenge to understand of the fascination caused by the Madness in cinema. Keywords: Madness, modern cinema, analysis, representation Ao longo de vários séculos o homem descobriu, construiu e transformou uma determinada palavra em sua fiel, feliz ou infelizmente, companheira. Encontrá- la é fácil. Às vezes está camuflada sob a insígnia da exclusão, do recolhimento em um lugar longe da atribulada movimentação dos homens. Oras também se apresenta como valor artístico na literatura, pintura, cinema. Ganha destaque como personagem de uma grande peça no qual seu maior desempenho é desvendar os mistérios mais secretos da mente humana. Pode ser destrinchada por seus respectivos sintomas adquirindo diversos “sobrenomes”. E pode também ser aquela que descreve todos os sintomas problemáticos do mundo. Se a vivência em um sistema capitalista é caótica, seu nome é utilizado para dar esse significado. Se o trânsito está desregulado, se a sala de aula é uma desordem, se a família possui integrantes com um comportamento um tanto quanto diferente do costume, lá está essa palavra, acompanhando cada movimento com a mais atenta das atenções. Não é difícil supor que a palavra loucura é utilizada para diagnosticar várias situações da vida do homem, seja relacionando a aspectos do próprio III Encontro Nacional de Estudos da Imagem 03 a 06 de maio de 2011 - Londrina - PR 2112

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A LOUCURA NO CINEMA: A REPRESENTAÇÃO DA LOUCURA EM PERSONA

Marina da Costa Campos [email protected]

Universidade Federal de Goiás Resumo

Este trabalho objetiva analisar a representação da loucura feita pelo cinema moderno por meio da análise do filme Persona (1966), de Ingmar Bergman. Tal estudo procura entender como o cinema moderno se apropria do tema e que visão oferece ao espectador, a partir dos vários conceitos que a Loucura abrange. Temos aqui o difícil desafio de compreender o fascínio provocado pela Loucura no cinema. Palavras-chave: Loucura, cinema moderno, análise, representação. Abstract

This work to analyze the representation of the Madness made by modern cinema through the screening of film: Persona (1966), directed by Ingmar Bergman. Taking for granted the idea that Madness is inserted in a wide range of concepts, this study seeks to understand how the film appropriates the theme and vision that offers the viewer. We have here the challenge to understand of the fascination caused by the Madness in cinema. Keywords: Madness, modern cinema, analysis, representation Ao longo de vários séculos o homem descobriu, construiu e transformou uma

determinada palavra em sua fiel, feliz ou infelizmente, companheira. Encontrá-

la é fácil. Às vezes está camuflada sob a insígnia da exclusão, do recolhimento

em um lugar longe da atribulada movimentação dos homens. Oras também se

apresenta como valor artístico na literatura, pintura, cinema. Ganha destaque

como personagem de uma grande peça no qual seu maior desempenho é

desvendar os mistérios mais secretos da mente humana.

Pode ser destrinchada por seus respectivos sintomas adquirindo diversos

“sobrenomes”. E pode também ser aquela que descreve todos os sintomas

problemáticos do mundo. Se a vivência em um sistema capitalista é caótica,

seu nome é utilizado para dar esse significado. Se o trânsito está desregulado,

se a sala de aula é uma desordem, se a família possui integrantes com um

comportamento um tanto quanto diferente do costume, lá está essa palavra,

acompanhando cada movimento com a mais atenta das atenções.

Não é difícil supor que a palavra loucura é utilizada para diagnosticar várias

situações da vida do homem, seja relacionando a aspectos do próprio

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organismo e da saúde, seja para significar o estado desordenado de

sentimentos, ações, comportamento entre outros empregos muito recorrentes.

Banalizada? Talvez. Afinal, chegou-se a um ponto em que a loucura abraçou

tudo o que é considerado como desordem. Dentro deste pensamento, um

estranho jogo de fascínio e medo foi construído, muito bem representado pelo

cinema. E é neste ponto que discutiremos o assunto a fim de entender como o

cinema vai utilizar a loucura como elemento de sua narrativa, mais

propriamente focando a vertente do cinema moderno, por meio da análise do

filme Persona (1966), de Ingmar Bergman.

Loucura, um objeto sempre em discussão

Desde os tempos remotos da Grécia Antiga, a Loucura tornou-se objeto de

estudo nas mãos de Hipócrates e Platão, na tentativa de se compreender os

comportamentos humanos. Na Idade Média, a Loucura foi relacionada aos

seres excluídos socialmente: leprosos, ladrões, presidiários e pessoas com

doenças venéreas. Entretanto ela também adquiriu uma estreita relação com o

ideal de liberdade, pois a estes excluídos eram-lhes reservados o isolamento a

terras distantes, o desconhecido, as incertezas e o livre tratamento da moral.

Anos depois, a Loucura tornaria ciência nas mãos da psiquiatria e psicologia, o

que não eliminou as dificuldades de se limitar um conceito propriamente dito. O

passar dos séculos consolidou linhas de pensamento a cerca de um conceito

sobre a loucura as quais não se pode utilizar a prerrogativa do certo e errado.

Alguns estudiosos defendem que as doenças mentais são um conjunto de

distúrbios no cérebro refletidos no organismo. Há aqueles que definem a

loucura como uma desordem da personalidade individual, o que abriga as

categorias de transtornos psíquicos. Além disso, dois pontos fundamentais são

colocados na hora de se compreender a loucura, tanto em seu conceito quanto

em qualquer aplicação que for feita desta: a loucura é um objeto com valor de

comparação; e a loucura e exclusão caminham juntas.

No que se refere ao valor de comparação é fato que quando se fala em

loucura, tanto no aspecto de doença mental como psicossocial1, é muito mais

fácil definir pelo o que a expressão não é: aquilo que não é provido de saúde,

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aquilo que não é normal, que não possui razão, o que não há liberdade. Nesta

perspectiva, é complicado aplicar um conceito sem uma carga negativa e

coberta de preconceitos baseados em um “não ser”. Daí surge o laço com o

segundo ponto: o da exclusão. Seja tal expressão carregada de peso negativo

ou até mesmo relacionada a algo simbólico como a libertação de amarras, o

louco sempre estará fora do ambiente. Ele sempre será visto como aquilo que

está distante do coletivo.

Mesmo com as inúmeras idéias sobre a loucura, não há como fugir do dilema

de se optar por um conceito a ser utilizado. Para realizar a análise do filme

deste estudo, optou-se, seguindo a linha organicista, por um conceito da

psiquiatria defendido por Carol Sonenreich e Willian Bassitt sobre doença

mental:

...quando encontramos distúrbios psíquicos que podem ser relacionados com uma alteração das funções do sistema nervoso e, para uma pessoa, representam uma perda da liberdade de escolher seus pensamentos, afetos, suas ações, tentamos fazer um raciocínio médico e falamos de doença mental (SONENREICH, BASSITT, 1979, apud FIKS, 2002, p.31)

Tal definição acima escolhida contempla a visão hoje da psiquiatria sobre as

doenças mentais: se leva em conta os fatores físicos e também mentais.

Entretanto, como a loucura não é restrita à doença mental, e partindo do

pressuposto do cinema como uma prática social que não pode ser desligada de

seu contexto, este estudo não ficará restrito apenas a definição acima colocada.

O aspecto psicossocial da loucura também será fio condutor da pesquisa, a

partir de todo o imaginário construído pelo homem a cerca de tal tema, além dos

vários significados que foi englobando como, por exemplo, o existencialismo, a

vida em sociedade, pois não é apenas o organismo do homem que a loucura

acomete. O cinema vai mostrar que ela pode transcender o corpo humano.

A loucura em Persona Um som desconcertante que aumenta seu volume aos poucos criando uma

tensão angustiante. Várias imagens são apresentadas e dão ao espectador a

sensação de não terem ligação nenhuma umas com as outras, pois nada é

dado pronto. Este é o primeiro impacto que se tem ao ver o filme sueco Persona

(1966), de Ingmar Bergman. Esta é a frase de boas vindas que a obra oferece a

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quem assiste: nada é previsível, nada é estabelecido. Esteja mentalmente

pronto para este desafio. O enredo até parece simples. Uma enfermeira

psiquiátrica chamada Alma (Bibi Andersson) é contratada para cuidar de

Elisabeth Vogler (Liv Ullmann), uma atriz que há três meses se isolou em um

silêncio absoluto. Como o tratamento no hospital psiquiátrico não era o mais

indicado, afinal a atriz estava em boas condições físicas e mentais, Vogler e

Alma são levadas para uma casa de praia em uma ilha para assim realizar um

tratamento mais tranqüilo e efetivo.

Entretanto, a pacata estadia na praia provocará um abalo nas percepções e

atitudes das personagens, construindo um jogo de identidades no qual o

espectador se vê envolvido e suscitado a descobrir quem é quem e ainda,

quem é o “louco” da história. “Muito da discussão crítica em torno de Persona,

de Ingmar Bergman, classifica o filme como obscuro e difícil de descrever com

palavras” (Tapper, 2008, p. 458). O obstáculo se coloca, pois é nesta

construção narrativa associada à outros elementos cinematográficos que a

compreensão da obra se torna um exercício árduo. A dificuldade de “digerir” o

longa-metragem se dá não só pela complexidade da sua organização em si

como também pela vertente cinematográfica ao qual se filia. Ingmar Bergman é

um dos grandes nomes que compõem o universo do cinema moderno.

Até a Segunda Guerra Mundial dominava na sétima arte uma estrutura

narrativa de cinema denominada clássica, que possuía alguns elementos como

personagens definidos, uma trama que se construía mediante duas linhas de

desenvolvimento geralmente dando preferência para a história de amor, duelo

entre bem e mal, enfim, características que transformavam suas histórias

sempre mais previsíveis e palatáveis. Com o fim da guerra uma nova leva de

cineastas passou a produzir filmes de cunho mais complexo, explorando mais a

narrativa e o aparato cinematográfico. É neste período que surge o neo-

realismo italiano, a nouvelle vague, o cinema novo e o cinema de invenção no

Brasil, e vários outros cinemas novos pelo mundo. Estas vertentes que

englobam o cinema moderno são caracterizadas pela complexa narrativa

cinematográfica pela manutenção do diálogo com o cinema clássico, utilização

da câmera na mão, iluminação natural, montagem nova (sem a linearidade de

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começo, meio e fim), disjunção entre som e imagem, profundidade de campo

mais acentuado, plano-sequência, metalinguagem, personagens ambíguos,

abordagem mais profunda e densa dos temas sociais e a elevação do homem

e suas angústias como norte das obras.

E são essas angústias do ser humano associadas à nova maneira de aplicar o

aparato cinematográfico que um cineasta sueco também se colocou como um

dos grandes nomes do cinema moderno: Ingmar Bergman. Os mais de 50

filmes produzidos refletem os problemas existenciais, a solidão, a religião

(influência da forte criação religiosa que teve), e a morte:

Um hombre há elegido el cine para expressar sus pensamientos sobre la vida y la muerte, la juventud y la vejez, la mujer, el amor o el matrimonio, como sobre algunos problemas espirituales que le preocupan. De este modo, há adoptado uma actitud interrogativa frente al mundo en que vive. El hecho de que tales preocupaciones las transmita a través de las exigencias de una estética no cuenta como la significación ética, y es ahí donde reside precisamente el interés actual de la obra de Bergman (SICLIER, 1962, p. 31)2

Seus filmes não são marcantes apenas pelo tema, mas pela abordagem que

sugere a inquietação de se pensar o homem. Daí então, porque não refletir

também a loucura que envolve este homem? Persona pode ser este meio.

Já nos primeiros minutos tem-se a sensação de que a loucura ali está

instaurada pela sucessão de imagens que são oferecidas, aparentemente sem

nexo. Detalhes de uma projeção de filme, números invertidos, órgão genital

masculino, imagem invertida de um desenho no qual uma mulher se banha,

mãos de uma criança, cena de um homem que foge de um esqueleto e de um

vampiro, uma aranha, uma ovelha morta com os órgãos retirados, uma mão

que recebe um prego. A exibição de tais imagens adquire velocidade tanto

lenta quanto rápida, acompanhada por um som desconcertante que aumenta

seu volume e a própria tensão da expectativa pelo que está por vir.

Tais imagens são referências aos assuntos abordados por Bergman em outros

filmes: o projetor e sua projeção são, além de um recurso metalingüístico,

reflexões sobre a realidade e a ilusão – tanto que a imagem do desenho está

invertida; A aranha representa Deus, como foi apontado em outro filme do

cineasta, Através de um Espelho (1961); E a mão que recebe um prego

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remonta ao legado cristão e à crucificação. Na verdade essas são relações que

podem ser estabelecidas de acordo com a filmografia de Bergman, embora o

desconhecimento de suas obras não impede com que o espectador faça

associações com as seguintes idéias: morte, religião, medo, sexualidade,

ilusão. Se a sucessão das imagens parece não ter ligação é porque refletem a

existência destas idéias no inconsciente do homem e a forma como estão

disponibilizadas na mente, de maneira confusa, desordenadas, prontas a vir à

tona. E é neste desamparo que o espectador é jogado. A partir de um momento

a câmera se fixa a um menino, também deitado em uma maca. A impressão é

a de que ele está morto, mas o barulho de um telefone e de uma goteira o

despertam. Ele se levanta, mira os olhos para a câmera e passa suas mãos

também nesta direção. Daí, a profundidade de campo vem como recurso para

introduzir o espectador na história. O garoto desliza as mãos sobre uma

imagem sem nitidez, mas que permite identificar a fusão de dois rostos de

mulheres.

Até este ponto reina ainda o desamparo. Não há informações, não há

definições, nem personagens. Entretanto o ambiente muda. A câmera em

plano geral aguarda a entrada de Alma, a enfermeira psiquiátrica do hospital,

na sala da médica. Nessa cena um jogo de câmeras marca um diálogo que por

si só não é feito por meio de palavras. Alma escuta atentamente o que a

doutora (Margaretha Krook) diz: ela deve cuidar de Elisabeth Vogler, uma atriz

que durante a encenação da peça Electra ficou em silêncio por mais de um

minuto e a partir daí se isolou em um estado de incomunicabilidade que dura

três meses. Neste percurso de explicação do caso de Vogler, a câmera alterna

um close em Alma e a voz da doutora ao fundo, depois as costas de Alma e a

médica desfocada, close nas mãos da enfermeira – o que se em palavras ela

não expressa, nas mãos podem muito bem corresponder à ansiedade perante

o desafio - e foco na doutora, que desta vez aparece nítida, sentada em sua

mesa. Só a doutora fala. A expressão facial de ambas é a mesma.

O que chama a atenção para o filme é a própria questão da saúde mental de

Vogler. Suas condições físicas e mentais estão em ordem e ela não teve

nenhuma reação histérica, logo, seu caso não é de doença mental, como o

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próprio conceito acima já discutido, e nem preenche requisitos de sintomas

orgânicos que justifiquem sua estadia no hospital psiquiátrico. Seu único

problema é não se comunicar. É a partir deste elemento do filme que se

começa a criar um nó, pois se não há um diagnóstico científico para o caso da

atriz. O que afinal ela tem?

Alma faz o primeiro contato com Elisabeth e novamente a questão do diálogo é

colocada. Desta vez, só a enfermeira fala e logo se apresenta como um

indivíduo bem definido: 25 anos, formada há dois anos, noiva – informações

que refletem os pontos que constituem a vida da personagem e que ela julga

mais importante: o trabalho, o casamento e a família. Nesta cena, não há

mudanças de planos e sim um plano geral que abarca Elisabeth e Alma e

demonstra um aspecto diferente da cena anterior. Se antes não havia fala da

enfermeira somente sua compreensão, no contato entre Alma e a atriz não há

nenhum esboço de assimilação das coisas ditas pela profissional. Elisabeth

permanece intacta, sem mudar a expressão do rosto, como algo sem vida.

Alma tenta novamente um contato, que desta vez é mais próximo. Ela conversa

o que acredita que Elisabeth quer saber, o que na verdade é o que a própria

enfermeira quer. Nesta cena também não há jogo de planos, apenas um plano

médio que visualiza as duas mulheres, deixando claro suas posições (o

vestuário conta): paciente e enfermeira. Alma faz uma declaração que depois

se arrepende, mas que é uma peça importante na associação entre loucura e

arte. Ela diz “acho que a arte é muito importante na vida das pessoas,

principalmente para quem tem problemas”. Tal expressão é muito interessante,

pois primeiro coloca a enfermeira numa posição de ser aquém dos problemas,

afinal, ela é noiva e formada, vive uma vida completa e feliz. A arte, no caso,

seria um instrumento de cobrir a lacuna que algumas pessoas têm, seja porque

não são saudáveis, organicamente falando, ou porque não possuem um projeto

de vida concretizado, como ela tem. Outro aspecto que passa despercebido

por Alma é que ela não enxerga o quanto a loucura (que ela resume como

problema a ser tratado) e arte se relacionam, na medida em que muitas vezes

são os anseios, angústias, a busca pela abstração total, pelo anormal, pelo

confuso, é que move a arte.

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Após essa fala, Elisabeth fica sozinha no quarto, ao som de uma música

erudita de tom melancólico que sai de um rádio. Seria a arte capaz de ajudar a

própria artista a resolver seus problemas? O clima de desolação e ao mesmo

tempo de impotência é construído a partir do close no rosto de Elisabeth e do

escurecimento gradativo da tela, enquanto a atriz permanece com o olhar

imóvel em direção ao rádio. Esse momento do “nada” é também uma tentativa

de mergulho na mente e na loucura de Elisabeth. A atriz é inacessível não só

para a enfermeira como também para o espectador. A identificação com a

personagem neste momento é um ato difícil, pois seu mutismo, sua falta de

expressão e o olhar desolador formam uma barreira impossível de se transpor.

É nesta inacessibilidade de Vogler que inicialmente se instala a loucura. A

escolha por não falar, por não recorrer à linguagem - o bem mais importante do

homem - construir um mundo no qual as relações sociais simplesmente não

existem (pois não há comunicação), se fechar para o seu próprio conflito e nele

se mover, é uma experiência de loucura.

Mas ao mesmo tempo em que a loucura está inserida dentro da personagem,

ela também está no mundo. Quando Elizabeth está no quarto de hospital,

assiste na televisão imagens de uma manifestação de rua, no qual um homem

atira fogo ao próprio corpo. Tem-se a primeira reação, de espanto, da atriz no

filme, uma reação diante da morte. Daí se estabelece uma relação entre

loucura, mundo e morte: a loucura não está somente dentro da pessoa, mas

envolta, no ambiente, nos momentos de desequilíbrio no qual a violência

impera, no esquecimento dos outros em detrimento do interesse pessoal, na

violência contra o próprio corpo. A iminência da morte que acompanha o

homem, este medo constante que persiste desde os primórdios da civilização e

que na Idade Média se tornou mais potente, aqui, em Persona, também se

mostra presente na medida em que remete não só na aceitação natural de sua

existência, mas ao poder eliminar ou ter poder de decisão em determinados

tipos sentimentos.

Para Elisabeth o maior drama está em buscar ser e não parecer ser, em

resolver a dicotomia entre o que se é com os outros e o que se é realmente. A

doutora destrincha o que leva a paciente agir assim: sua insatisfação de não

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ser o que é e não expor o que lhe é próprio, até mesmo o nada. Desta forma, o

silêncio, a incomunicabilidade se transforma num instrumento de recusa ao

interpretar esta persona, de usar a máscara que o homem utiliza em suas

relações sociais. Daí o título do filme.

Como seu nome [persona] revela, ela é uma simples máscara da psique coletiva, máscara que aparenta uma individualidade (grifo do autor), procurando convencer aos outros e a si mesma que é uma individualidade, quando, na realidade, não passa de um papel, no qual fala a psique coletiva. [...] No fundo, nada tem de real; ela representa um compromisso entre o indivíduo e a sociedade, acerca daquilo que alguém parece ser: nome, título, ocupação, isto ou aquilo. (JUNG, 1987, p.32)

Como atriz, Elisabeth está acostumada a interpretar papéis, entretanto,

interpretar o que se quer ser porém não é torna-se o papel mais marcante e

trabalhoso de sua vida: bela, jovem, talentosa, só lhe falta a maternidade. E é

na tentativa de encarnar o papel de mãe que ela entra em colapso, pois isto

não lhe pertence, não é um sentimento que lhe provém nem do mais fundo de

sua alma. Tanto que desejou a morte do filho enquanto esteve grávida e em

seu nascimento. Sentimento de culpa por não conseguir assumir este papel?

Sim, mas também o sentimento de angústia por simplesmente não poder viver

livre socialmente sem este dom materno. Entretanto não é somente Elisabeth

que usa a máscara, Alma também, como descreve Jung ao falar sobre a

presença da persona:

Em benefício de uma imagem ideal, à qual o indivíduo aspira moldar-se, sacrifica-se muito de sua humanidade. Indivíduos desse tipo, extremamente pessoais (grifo do autor), costumam ser muito sensitivos, já que é tão fácil ocorrer-lhes algo que traz à consciência certos detalhes indesejáveis de seu verdadeiro caráter (“individual”)3

Afinal, a enfermeira desde o início impõe e representa o seu papel: a mulher

que tem uma profissão e a noiva que vai constituir uma família e aceita isso,

pois está predestinado a ela com toda a segurança. Mas o papel rígido e

perfeito que construiu está prestes a entrar em colapso quando as duas

mulheres se instalarem na casa de veraneio. Este ambiente fica em uma ilha,

isolada de tudo, o que confere também um grau de presença da loucura. O

confinamento em um lugar afastado, cercado pelo mar, representa um corte na

comunicabilidade entre o homem e sociedade. Ao longo do filme não há

contato direto com o mundo: Elisabeth escreve uma carta para a doutora, mas

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não se sabe se Alma realmente fez a entrega visto que leu o escrito e ficou

decepcionada. O marido da atriz aparece em uma cena do filme, mas não se

sabe se tudo não passou de um sonho.

Outro aspecto do isolamento na ilha: se na Idade Média os loucos eram

deslocados para terras desconhecidas, em Persona primeiramente ocorre uma

superficial distorção. Uma pessoa “normal” e uma pessoa “problemática” são

levadas para o ambiente distante. Ora, a idéia de que a loucura permeia todos

os lugares e que está presente em todos nós é dado justamente por esse

deslocamento das duas personagens. Embora uma aparente ser

completamente sã, é neste local de exílio que ela descobre e revela que nem

tudo em sua vida é tão certo e rígido como quer que seja. Logo, tanto para

Elisabeth como para Alma, a ilha é o instrumento de contato mais profundo e

direto com a própria loucura, é o instrumento que promove a comunicação

entre a persona e o que se é realmente.

Retornando ao filme, o clima inicial na casa é de harmonia e tranqüilidade.

Vogler permanece em silêncio absoluto, restando a Alma apenas falar: do que

pensa sobre as coisas do dia-a-dia, da vida e de seus segredos. Por

conseguinte, na medida em que o filme desenvolve-se, a enfermeira passa a

ser o centro das atenções com as suas histórias. O espectador até se esquece

de que quem precisa de ajuda para se tratar é Elisabeth. E é a partir disso que

as posições são trocadas em Persona. Alma se torna paciente, objeto de

análise, enquanto Vogler, na sua distância muda ouve pacientemente as

alegrias e angústias sofridas pela companheira.

A partir daí não é mais Elisabeth a pessoa quem recebe cuidados e sim a

enfermeira. Esta troca de posições é muito bem definida pela própria posição

da câmera nas cenas: sempre Alma está em primeiro plano, seja de costas ou

de frente, enquanto Vogler está atrás quieta, analisando, como se ali iniciasse

uma terapia. Tal idéia fica evidente quando as duas estão num quarto e Alma

sentada na cadeira começa a falar sobre uma orgia da qual participou e de seu

respectivo aborto.

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Nesta cena, Alma está em primeiro plano sentada, enquanto Vogler está

sentada na cama com o olhar fixo e um dos braços sobre o joelho: é como se

estivessem em um consultório de psicologia ou psicanálise. A atriz observa e

escuta com atenção o que a enfermeira diz. Esta conta tudo o que lhe é mais

vergonhoso e que certamente não teria coragem de contar para ninguém.

Neste ponto a loucura se dissipa de uma para outra. Ela não pertence apenas

a Elisabeth, mas a Alma também, pois a culpa e o pecado perpetuam a agonia

da personagem e esta, ao invés de lhe dar com isso, esconde tais elementos.

E quando estes sentimentos vêm à tona, a crise se instaura.

A personalidade definida e concreta de Alma se abala na medida em que a

profissional revela seu fascínio pela identidade de Elisabeth, demonstrando a

vontade de ser a atriz. Alma fica apaixonada pelo que a atriz é: bonita,

talentosa, forte e livre. Atributos que no fundo a enfermeira não enxerga em si.

Se até aí o espectador está confuso entre quem tem “problemas”, a situação se

complica ainda mais, porque a seguir se tem uma das duas cenas mais

emblemáticas de Persona: Vogler vai até o quarto de Alma, esta se levanta, as

duas ficam próximas, a atriz passa a mão sobre os cabelos da enfermeira. As

duas olham para a câmera, aproximam seus rostos como se fundissem em

uma só pessoa. De fundo, um barulho semelhante ao de apito de um navio.

Sim, neste momento o espectador é convidado e desafiado, pelo próprio olhar

das personagens diretamente voltado para a câmera, a descobrir quem é quem

na história4 e a sobreviver sã a esta loucura que o filme oferece a

experimentar.

Alma passa a ficar confusa com as coisas que acontecem na casa e na

tentativa de entender a mente de Vogler, lê escondido a carta escrita por

Elisabeth à doutora. A enfermeira descobre que tem sido objeto de análise da

atriz e se frustra por ter revelado sua essência, de ter se exposto sem a

máscara ficando suscetível a todo tipo de julgamento (afinal o que mais se faz

com um objeto de análise não é o julgamento?), são fortes. Após conflitos entre

as duas personagens o filme chega ao seu clímax: a conversa frente a frente

entre Alma e Elisabeth. Nas mãos, a atriz esconde a foto do filho. É hora então

de desvendar o que ela esconde. A câmera foca no rosto de Vogler, enquanto

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a voz de Alma narra o porquê do mutismo. Elisabeth era uma atriz de sucesso,

jovem e bonita. Mas lhe faltava a maternidade. Ao querer ser mãe ela

reconhece que este papel era impossível de se interpretar, pois lhe faltava

amor, apego e instinto materno. A criança nasceu e o único sentimento que

possuiu foi o de nojo. Na medida em que Alma vai contando esta trajetória da

atriz, a câmera fica de frente ao rosto de Vogler, registrando três expressões: a

agonia de representar na gravidez, o ódio pelo filho que nasceu e por fim a

repulsa camuflada. Neste último plano, a metade do rosto da atriz está

iluminada, o que sugere que o lado claro é o da representação, da

interpretação, o lado escuro é o dos desejos incontroláveis e sentimentos

repugnantes que moralmente ela não deveria sentir, por isso esconde.

Novamente a cena se repete. Agora pelo ponto de vista de Alma, partindo do

close da câmera em seu rosto. A história é repetida, mas o jogo de luz é

contrário. Metade do rosto está iluminada e depois fica completamente claro.

Se em primeiro momento a enfermeira conta um fato que não lhe pertence,

agora enquanto fala a impressão é de que ela toma posse da história passa

então a encarar como fosse sua – será a culpa pelo aborto que causou esta

apropriação? Afinal, ela também recusou o próprio filho, logo o papel de mãe. A

partir daí as posições se restabelecem. Alma volta a trajar seu uniforme de

enfermeira e Elisabeth volta à cama, com seu traje de paciente. Ao amparar a

atriz, Alma pede que a paciente repita a palavra “nada”, que com dificuldade é

atendida. Nada... Anulação do que foi vivenciado até o presente instante?

Anulação da própria pessoa? A palavra proferida fica solta no espaço, ora

aliando-se à interrogação, ora às reticências.

Assim chega o final da história. Alma vai embora da ilha. O close na estátua de

Electra no momento em que a enfermeira está indo e a cena de Elizabeth em

um estúdio de cinema pode sinalizar que a encenação, a interpretação

continua. A sensação que fica é o nó, o desamparo. Nenhuma resposta é dada

e não se sabe o destino de Elisabeth, nem se Alma continuou a viver a vida

pacata de antes. Desta forma, a loucura em Persona se esvai da tela para o

espectador, pois a dúvida não é sanada. Compreende-se então que partindo

dos elementos do cinema moderno e da alta carga de reflexibilidade dos temas

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abordados, a loucura neste filme abarca não só as personagens, mas todo o

ambiente e também o espectador. Entretanto, esta loucura não é a de sintomas

físicos e de distúrbios da mente. Ela se insere num contexto amplo do próprio

caos psicológico que o homem convive: a constituição de uma identidade, o

medo da morte e o difícil conflito entre ser e não ser. Guido Bilharinho expressa

a situação complexa da condição humana em Persona:

Na verdade, são duas individualidades em confronto, com desvantagem para a enfermeira, talvez por ser a única a arriscar-se, já que a rejeição ao diálogo e mesmo à pura manifestação verbal de seu sentir e pensar erigem-se em escudo protetor da atriz, que, ao segregá-la, preserva-a em sua inteireza, tornando-a incólume às pressões externas. Pode-se, porém, ter leitura diversa desse entrechoque. De que a demonstrada fraqueza da enfermeira não seria sinal de fragilidade, mas aspecto ou expressão normal da condição humana. Fraca seria (ou é) a atriz, que para se amparar e não sucumbir de vez, revelando a sua timbieza, esconde-se atrás do mutismo como simples meio de defesa. (BILHARINO, 1999, p.38)

Determinar que uma expõe sua fraqueza e outra não é excluir a característica

inerente de qualquer ser humano: a insegurança. Ambas procuram uma forma

de defesa no mundo, seja constituindo uma imagem de mulher trabalhadora,

apegada à moral, seja se excluindo deste mundo por meio da recusa da fala.

Ambas vestem máscaras, mesmo acreditando que não. No convívio social, o

jogo de interesses, a construção das relações se dá principalmente porque é

oferecido ao outro uma imagem que este se identifica ou não. Elisabeth e Alma

vivem à suas maneiras a própria loucura de suas existências. Ambas,

inconsciente ou não, sabem que a loucura não está apenas no mundo a fora,

nas guerras, nas manifestações ou até mesmo na execução máximas dos

desejos, mas também dentro delas. Cabe a cada uma a forma de agir diante de

sua própria loucura. E cabe ao espectador refletir como age diante da sua

também.

Conclusão A partir da análise de Persona tem-se a conclusão de que o cinema moderno

abraça a loucura no sentido psicossocial, pois tendo em vista as características

dessa vertente e a complexidade da forma e dos temas que imprime em seus

filmes, a loucura não poderia deixar de ser abordada nesta sintonia. Tanto que

sua representação se dá na confusão das identidades das personagens

Elisabeth Vogler e Alma, e na incomunicabilidade.

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Assumir uma máscara é um ato de loucura, pois objetiva-se criar uma imagem

em prol da convivência social, ao mesmo tempo em que se eliminam

elementos da individualidade. Mas não aceitar tal ação é recusar o que é

inerente e vital do homem: as relações sociais. Nesta relação das identidades e

máscaras, a ilha se transforma no retiro tanto de incomunicabilidade com o

mundo como de comunicabilidade com o íntimo, o que não deixa de refletir

questões de âmbito universal: o medo da morte, a violência e a fragilidade do

homem. Daí este pé no imaginário da loucura que se carrega durante longos

anos, no sentido de ser algo incerto, estranho, porém fascinador. Permeando

essa reflexão está a arte. Em Persona, ela é fundamental para a vida do

homem e constitui-se num instrumento de revelação: a interpretação não é algo

propriamente do teatro ou cinema é do homem também.

Em Persona o espectador entra no jogo: observa com atenção tudo o que

ocorre, tenta entender o que se passa na cabeça das duas personagens e

definir quem é o louco da história, e por fim acaba por refletir sobre si mesmo,

pois a loucura se consolida como o ponto de liberação das agonias do homem,

dos principais temas que o aflige. Ela é o meio de reflexão. E por ser tão

complexa a forma de abordagem do assunto, o que fica para o espectador é o

desamparo, desamparo de nunca esperar por respostas prontas.

1 A expressão loucura no “sentido psicossocial” refere-se ao imaginário construído sobre tal tema, englobando sentidos como anormal, o que é errado, amoral, desconhecido, caos, desordem, confuso. 2 Tradução: Um homem escolheu o cinema para expressar seus pensamentos sobre a vida e a morte, a juventude e a velhice, a mulher, o amor ou o matrimônio, como sobre alguns problemas espirituais que lhe preocupa. Deste modo, adotou uma atitude interrogativa frente ao mundo em que vive. O feito de que tais preocupações sejam transmitidas através das exigências de uma estética não conta como significação ética, e é aí onde reside precisamente o interesse atual da obra de Bergman. 3 Ibidem., p. 32. 4 um detalhe interessante é que as personagens passam a vestir roupas de mesma coloração __________________________________________ BIBLIOGRAFIA BILHARINO, Guido. O cinema de Bergman, Fellini e Hitchcock. Uberaba: Instituto Triangulino de Cultura, 1999. BOCK, Ana Mercês; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria De Lourdes. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. São Paulo: Saraiva, 1999 FIKS, José Paulo. Delírio. Um novo conceito projetado em cinemas. São Paulo: Via Lettera, 2002.

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FOUCAULT, Michel. História da Loucura. São Paulo: Perspectiva, 1987. FRAYZE-PEREIRA, João. O que é loucura. São Paulo: Brasiliense, 2008 JUNG, Carl Gustav. O eu e o inconsciente. Tradução de Dora Ferreira da Silva. Petrópolis: Vozes, 1987. KAPLAN, Harold I, SADOCK, Benjamin J. E; GREBB, Jack A. Compêndio de psiquiatria: ciências do comportamento e psiquiatria clínica. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. MASCARELLO, Fernando (org). História do cinema mundial. Campinas -São Paulo: Papirus, 2006. MARTIN, Marcel. A Linguagem Cinematográfica. Tradução de Paulo Neves. São Paulo: Brasiliense, 1990. METZ, Christian. A significação no cinema. Trad. Jean-Claude Bernadet. São Paulo: Perspectiva, 1972. PESSOTTI, Isaías. Os nomes da loucura. São Paulo: Editora 32, 1999. SICLIER, Jacques. Ingmar Bergman. Madrid, Espanha: Cine Rialp, 1962. SINGER, Ben. Modernidade, hiperestímulo e o início do sensacionalismo popular. In. O Cinema e a invenção da vida moderna - Charney, Leo; Schwartz, Vanessa R (Org). Trad. Regina Thompson. São Paulo: Cosac & Naify, 2004. TAPPER, Michael. In. 1001 Filmes para ver antes de morrer. Org. Steven Jay Schneider. Trad. Carlos Irineu da Costa , Fabiana Morais e Lívia Almeida. Rio de Janeiro: Sextante, 2008. ______________________________ Mini-Currículo A autora do texto é graduada em Comunicação Social, habilitação Jornalismo, pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Seu trabalho de conclusão teve como título “A loucura no cinema: a representação da loucura em Persona e Camille Claudel”. Atuamente é uma das organizadoras do Projeto de Extensão Perro Loco – Festival de Cinema Universitário Latino-Americano da UFG

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