A Literatura Negro- brasileira apresenta-se como afirmação da presença negra num campo ao qual ela nunca foi bem vinda ou desejada pela sociedade brasileira que vislumbra um país branco. Brancura em todos os níveis e que encontra na literatura, forte base para a enunciação de um projeto de país branco/europeu. Transpondo o bloqueio da indiferença e do silêncio, a literatura negro-brasileira ergue-se rompendo com a comiseração e a estigmatização caricatural da representação do negro no universo das letras. O pôr-se negro como personagem e interlocutor é característica importante da literatura negra, infelizmente, desconhecida por boa parte da sociedade e das professoras em particular

A relevância da literatura negra eleva-se quando afirma valores contrapostos àquele lugar comum destinado à população negra ao longo da formação da sociedade brasileira, eivado de estereótipos e reduzido ao exótico. Coadunando, assim, com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana , as quais apontam como estratégias para o fortalecimento das identidades “o rompimento com imagens negativas forjadas por diferentes meios de comunicação, contra os negros e os povos indígenas” (p. 19) e “à compreensão de que a sociedade é formada por pessoas que pertencem a grupos étnico-raciais distintos, que possuem cultura e história próprias, igualmente valiosas e que em conjunto constroem, na nação brasileira, sua história”(p.18). Neste sentido, faz-se extremamente relevante a formação de professoras acerca da amplitude e riqueza da literatura negra no Brasil e de seu papel para a construção de um país em que todos, igualmente, sejam respeitados como sujeitos da construção do país.