a liderança militar e a empresarial: semelhanças
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ESCOLA DE COMANDO E ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO
ESCOLA MARECHAL CASTELLO BRANCO
Maj Inf LAURO LIMA DOS SANTOS NETO
Rio de Janeiro 2019
A Liderança Militar e a Empresarial: semelhanças,
diferenças, desafios e oportunidades
Maj Inf LAURO LIMA DOS SANTOS NETO
A Liderança Militar e a Empresarial: semelhanças, diferenças, desafios e oportunidades
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Ciências Militares, com ênfase em Defesa Nacional.
Orientador: TC Inf Luiz Antonio Freire de Paiva Junior
Rio de Janeiro 2019
S237l Santos Neto, Lauro Lima dos.
A Liderança Militar e a Empresarial: semelhanças, diferenças, desafios e oportunidades.
/ Lauro Lima dos Santos Neto.一2019.
Orientação: Luiz Antonio Freire de Paiva Junior.
Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Ciências Militares)一Escola de
1. LÍDER. 2. LIDERANÇA EMPRESARIAL. 3. LIDERANÇA MILITAR. I. Título.
CDD 303.34
65 f. : il. ; 30 cm.
Comando e Estado-Maior do Exército, Rio de Janeiro, 2019. Bibliografia: f. 59-65.
Maj Inf LAURO LIMA DOS SANTOS NETO
A Liderança Militar e a Empresarial: semelhanças, diferenças, desafios e oportunidades
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Ciências Militares, com ênfase em Defesa Nacional.
Aprovado em _____ de_______________ de________.
COMISSÃO AVALIADORA
____________________________________________________ Luiz Antonio Freire de Paiva Junior – TC Inf - Presidente
Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
_________________________________________________ Marcos Luiz da Silva Del Duca – TC Inf - 1º Membro
Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
_________________________________________________ Leandro Mendes da Costa – TC Cav - 2º Membro Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
À Deus, que tem olhado por mim e por todos
a quem amo; À minha esposa Priscilla, meus
pais Leonel e Zilma, filhas Ingrid e Isabella,
por serem o que tenho, nessa vida, de maior
valor.
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador, TC QEMA Inf Luiz Antonio Freire de Paiva Junior, por prestar apoio
objetivo e contínuo que muito facilitou a confecção do presente trabalho. Os meus
sinceros agradecimentos.
À minha família, principal fonte de sustentação, sempre ao meu lado nos bons e maus
momentos.
Aos meus pais, pelo esforço em me proporcionar as melhores oportunidades e
principalmente pelos ensinamentos éticos e morais que forjaram o meu caráter.
À minha esposa Priscilla e filhas Ingrid e Isabella, fontes de incentivo, inspiração e
auxílio, sem as quais todas as atuais e futuras jornadas seriam hercúleas.
A Deus por tudo.
O mau líder é aquele a quem o povo
despreza; o bom líder é aquele a quem o
povo louva; o grande líder é aquele a quem o
povo diz: “Fizemos isso sozinhos”. (Lao-Tse)
RESUMO O fator liderança sempre fez e sempre fará grande diferença no que tange à otimização de resultados e no alcance de objetivos previamente traçados. Seja sobre a ótica ligada à otimização de metas econômicas ou pura e simplesmente ao aspecto ideológico, que se traduz na capacidade de influenciar e persuadir pessoas, a figura do líder tem se mostrado fundamental. Assim, hoje em dia, qualquer organização ou instituição têm constatado inúmeras vantagens de possuir em seus quadros líderes vocacionados, trabalhando e influenciando demais integrantes de maneira alinhada e voltada à consecução dos objetivos organizacionais propostos para serem alcançados. Sob a vertente empresarial, tem se tornado bastante necessária a integração entre funcionários e empresas, buscando-se uma sinergia capaz de produzir resultados cada vez mais satisfatórios e lucrativos. Sob a ótica militar, a liderança já alicerçou sua importância na história e vem demonstrando progressivamente o seu valor perante os desafios que o atual mundo globalizado apresenta às operações militar. Dentro desse contexto, o presente trabalho buscou analisar o aspecto da liderança na vida militar e empresarial, procurando identificar semelhanças, diferenças, desafios e oportunidades da manifestação desse fator nesses dois distintos campos de atuação. Palavras-chave: Líder; Liderança Empresarial; Liderança Militar.
ABSTRACT The leadership factor has always made and always will make a big difference when it comes to optimizing results and achieving previously set goals. From the perspective of optimizing economic goals or simply the ideological aspect, which translates into the ability to influence and persuade people, the figure of the leader has been fundamental. Thus, nowadays, any organization or institution has seen countless advantages of having in its staff leaders, working and influencing other members in a aligned way and directed towards the achievement of the proposed organizational objectives to be achieved. From the business side, integration between employees and companies has become very necessary, seeking a synergy capable of producing increasingly satisfactory and profitable results. From a military perspective, the leadership has already grounded its importance in history and has progressively demonstrated its value in the face of the challenges that the present globalized world presents to military operations. Within this context, the present work aimed to analyze the leadership aspect in the military and business life, trying to identify similarities, differences, challenges and opportunities of the manifestation of this factor in these two different fields of action. Keywords: Leader; Business leadership; Military leadership.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Formas de liderança..................................................................................21
Figura 2 – Habilidades necessárias nos níveis de administração..............................25
Figura 3 – Ética militar................................................................................................28
Figura 4 – Requisitos de liderança do Exército dos EUA...........................................30
Figura 5 – Primeira fase: estrutura tradicional............................................................49
Figura 6 – Segunda fase: o líder no centro................................................................49
Figura 7 – Terceira fase: transição.............................................................................50
Figura 8 – Quarta fase: parceria.................................................................................50
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Sinais de equipes ineficazes e eficazes no Exército dos EUA................39
Quadro 2 – Características encontradas e desejáveis atualmente nas empresas.......45
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................ 11
1.1 O PROBLEMA......................................................................................... 13
1.2 OBJETIVOS.............................................................................................13
1.2.1 Objetivo Geral........................................................................................ 13
1.2.2 Objetivos Específicos........................................................................... 13
1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO.................................................................. 14
1.4 RELEVÂNCIA DO ESTUDO....................................................................14
2 METODOLOGIA .....................................................................................15
3 ASPECTOS GERAIS DA LIDERANÇA.................................................. 16
3.1 DEFINIÇÃO E CONCEITOS BÁSICOS DE LIDERANÇA....................... 16
3.2 TEORIAS DA LIDERANÇA..................................................................... 18
3.3 AS FORMAS DE EXERCÍCIO DA LIDERANÇA..................................... 21
3.4 NÍVEIS DE LIDERANÇA......................................................................... 24
4 A LIDERANÇA MILITAR........................................................................ 26
4.1 CARACTERÍSTICAS DA PROFISSÃO MILITAR.................................... 27
4.2 AS COMPETÊNCIAS DO LÍDER MILITAR............................................. 29
4.3 A LIDERANÇA MILITAR E OS ESTILOS DE COMANDO...................... 34
4.4 A LIDERANÇA MILITAR EM TEMPO DE PAZ....................................... 37
4.5 A LIDERANÇA MILITAR EM COMBATE REAL...................................... 39
5 A LIDERANÇA EMPRESARIAL............................................................. 42
5.1 CARACTERÍSTICAS DA ATIVIDADE EMPRESARIAL.......................... 43
5.2 HABILIDADES DO LÍDER EMPRESARIAL............................................ 46
5.3 ESTILOS DE LIDERANÇA EMPRESARIAL........................................... 48
5.4 A FIGURA DO COACH........................................................................... 52
5.5 CASOS REAIS DE LIDERANÇA EMPRESARIAL.................................. 54
6 CONCLUSÃO..........................................................................................55
REFERÊNCIAS.......................................................................................59
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1 INTRODUÇÃO
A evolução científico-tecnológica, cada vez mais rápida e constante no mundo
atual, tem evidenciado a necessidade de um acompanhamento, quase que em tempo
real, das inovações cognitivas e das relações interpessoais, independentemente do
campo de atuação do ser humano.
Essas transformações têm afetado e acelerado processos em inúmeras áreas
do cotidiano do homem, tais como na vida militar, na medicina, na tecnologia, na vida
empresarial, na segurança, dentre outras.
Dentro desse contexto, torna-se claro que o elo fundamental entre os objetivos
a serem alcançados e os meios disponíveis para a realização dos mesmos é o ser
humano. De um lado, o ser humano que assume e é visto sob o papel de executor.
De outro, o ser humano capaz de chefiar ou liderar pessoas até a consecução dos
objetivos propostos.
Vale destacar que, existe uma grande diferença entre chefiar ou gerenciar e
liderar. De acordo com a literatura atual, um líder não necessariamente precisa ser
chefe ou gerente, desde que reúna as habilidades necessárias para persuadir e
conduzir um determinado grupo.
Cortella (2009) afirma que há uma diferença clara entre o chefe e o líder. Para
o autor, enquanto a chefia é alicerçada por uma posição hierárquica, a liderança é um
poder de autoridade conquistado pelo exemplo, admiração e respeito.
Para Hunter (2006), o líder é aquele capaz de conquistar as pessoas,
envolvendo-as e induzindo-as a produzirem com entusiasmo e com empenho máximo
sua missão, a fim de alcançarem com o êxito esperado o objetivo proposto
antecipadamente.
Sob essa última ótica, fica claro que a figura do líder nas Instituições, empresas,
organizações e até em grupos de pessoas sem relações trabalhistas é fundamental
para a condução e otimização de processos que culminarão nas metas a serem
alcançadas.
Para tal, o liderado deve atingir o sentimento de integração com o grupo e seus
objetivos, sendo que tal proeza não deixa de ser a comprovação clara de que o
trabalho efetivo de um líder competente foi bem realizado.
Ao buscar suas origens, deve-se admitir que a liderança tem consolidado sua
importância na humanidade par e passo com a história militar, sendo o alicerce de
12
tropas coesas, motivadas e aguerridas. Em diversas épocas e em situações distintas
nas quais foi e tem sido empregada, a liderança tem se caracterizado como fator
primordial ao sucesso das ações militares (BRASIL, 2011).
Vale destacar que, além de ter se confirmado como fundamental ao longo da
história, a 3ª Revolução Industrial e o consequente avanço científico-tecnológico
possibilitaram o desenvolvimento de meios e ferramentas cada vez mais avançados,
o que coloca em evidência o fator humano, matéria prima essencial ao fenômeno da
liderança. (BRASIL, 2011).
Nesse sentido, a liderança tem evidenciado progressivamente a sua
importância no meio militar, estando diretamente ligada ao fator humano, que por sua
vez reúne particularidades individuais e especificidades da atividade militar. Para
conduzir homens nesse sentido, os quais levam consigo diuturnamente virtudes e
fraquezas, emoções, anseios e frustrações, torna-se indispensável a figura do líder
(BRASIL, 2011).
Um outro campo onde a liderança tem marcado cada vez mais a sua
importância é o empresarial. No entanto, de acordo com Pontes (2008), até os anos
60, a liderança teve uma menor importância nesse ramo, no que tange a resultados.
Até esse período, cabia ao líder exercer somente controles mecânicos e controlar
funcionários dentro de determinados estabelecimentos.
Por outro lado, nos dias atuais, momento em que a globalização instiga cada
vez mais a competitividade no mundo, a liderança tem sua qualidade e competência
reconhecidas e cresce muito de importância para grandes empresas, atuando como
ferramenta facilitadora para o alcance de objetivos organizacionais.
Segundo Félix (2012), o papel do líder na motivação e a satisfação dos
colaboradores de uma empresa têm sido preocupação constante no mundo
empresarial. Funcionários com elevado índice de bem-estar e motivados tornam-se
mais comprometidos, o que acaba por alavancar resultados, garantindo os lucros
planejados.
Diante do exposto, constata-se que o fator liderança tem fundamental
importância tanto no meio militar como no meio empresarial. Cada ramo supracitado,
com suas particularidades e objetivos específicos, busca, por intermédio da figura do
líder, otimizar suas ações. Tal situação pode descortinar caminhos semelhantes ou
distintos para se alcançar tal proposta.
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1.1 O PROBLEMA
Certamente, a presença de líderes, com suas coordenadas e orientações, tem
sido de grande valia no mundo contemporâneo.
Alicerçado por raízes e ensinamentos colhidos ao longo da história, o fator
liderança tem aumentado gradualmente seu valor no meio militar. A formação militar,
as operações reais de ontem e de hoje, interna e externamente, as missões de paz e
o dia a dia na caserna, exigem cada vez mais o desenvolvimento de líderes
ambientados com o atual estágio de avanço tecnológico, capazes de conduzir homens
e mulheres ao êxito esperado.
Sob o viés econômico, a liderança não tem se mostrado menos importante. A
globalização tem encurtado distâncias, permeado fronteiras e fomentado cada vez
mais a competição entre empresas. Dessa forma, a colaboração do fator humano para
o alcance dos objetivos estratégicos das atuais organizações comerciais tem se
mostrado como ponto sensível, e até de inflexão, no que diz respeito ao sucesso ou
fracasso empresarial, o que também incrementa a importância da liderança.
Nesse contexto, destaca-se a problemática central do presente trabalho: como
se entende o fator liderança sob uma perspectiva de comparação entre o meio militar
e o empresarial?
1.2 OBJETIVOS
Os objetivos apresentados abaixo têm a função de nortear a confecção do
presente estudo. Estão subdivididos em objetivo geral e objetivos específicos.
1.2.1 Objetivo geral
Estudar o fator liderança sob uma perspectiva de comparação entre o meio
militar e o empresarial, buscando evidenciar semelhanças, diferenças, desafios e
oportunidades.
1.2.2 Objetivos específicos
a) Apresentar os aspectos gerais da liderança;
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b) Apresentar a liderança militar;
c) Apresentar a liderança empresarial;
d) Comparar aspectos da liderança militar e empresarial;
1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO
Por se tratar de um tema que tem seus fundamentos bem consolidados em
diversas fases da evolução da história moderna, esta pesquisa não foi delimitada em
um lapso temporal específico. No entanto, devido às rápidas transformações que o
avanço tecnológico e científico vem impondo às relações interpessoais, foi dado
preferência à discussão e apresentação dos aspectos e considerações a partir do
início da 3ª Revolução Industrial, na década 1940.
Além disso, algumas minúcias dos aspectos da liderança no meio militar e no
meio empresarial não foram aprofundadas no estudo, sendo citadas de forma mais
ampla, a fim de permitir o correto encadeamento de ideias e uma melhor comparação
entre ambas.
Não houve a pretensão de esgotar aspectos e especificidades da vida militar ou
empresarial. Pode ser, no entanto, que um ou outro detalhe tenha sido destacado a
fim de permitir que informações se tornassem mais claras, concisas e de fácil
entendimento, visando o esclarecimento lógico dos conceitos.
O trabalho teve o intuito de limitar as semelhanças e diferenças do fator
liderança, aplicado no meio militar e empresarial do Brasil. Não foram abordadas,
portanto, comparações ou análises que indicassem maior ou menor êxito deste fator
nos campos supracitados, ou suas aplicações no exterior.
Assim, para efeito de análise da situação descrita acima, foram utilizadas
bibliografias preferencialmente vigentes no país. Não foram descartados, no entanto,
documentos estrangeiros que apresentavam ideias de relevância considerável para
equacionar os objetivos propostos na pesquisa.
1.4 RELEVÂNCIA DO ESTUDO
O conteúdo pesquisado apresenta considerável relevância, tendo em vista que
buscou levantar os aspectos relativos ao fator liderança no meio militar e empresarial,
assunto atual no contexto do mundo moderno.
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Conforme destaca Bergamini (1994), o tema liderança há muito tempo tem
despertado o interesse de estudiosos. A literatura é vasta e se apresenta sob
diferentes enfoques, o que sinaliza a possibilidade de se buscar novas perspectivas
de estudo, desde que não se desconsidere as boas contribuições já existentes.
Enfatiza-se ainda que, apesar da farta bibliografia, encontra-se um número
reduzido de literatura disponível tratando do assunto da forma como foi proposta neste
trabalho, que colocou em evidência os aspectos deste tema, aplicado em duas
vertentes de atuação tão distintas, sendo uma delas a militar.
Nesse sentido, esta pesquisa tem a possibilidade de analisar o assunto sob
outros ângulos, aumentando as chances de o trabalho contribuir de forma positiva ao
atual acervo sobre a questão em pauta.
Além disso, o presente trabalho tem o objetivo de destacar semelhanças,
diferenças, desafios e oportunidades da aplicação do fator liderança em mais de uma
área de atuação, o que faz da atual análise uma fonte de ideias passíveis de debates
e estudos futuros.
2 METODOLOGIA
De acordo com o Departamento de Pesquisa e Pós-graduação do Exército
(2012), a classificação deste estudo foi definida como qualitativa, visto que foi
considerada a parte subjetiva do problema. Os dados foram analisados e identificados
a fim de se mostrar os aspectos da liderança militar e empresarial.
No que se refere aos meios de investigação, a pesquisa foi classificada como
bibliográfica e documental, uma vez que se utilizou de consultas à bibliografia de
inúmeros tipos e diversos autores.
A coleta de dados do trabalho deu-se por meio de uma pesquisa bibliográfica
na literatura disponível, tais como livros, manuais, revistas especializadas,
jornais, artigos, internet, monografias, teses e dissertações, sempre buscando os
dados pertinentes ao assunto.
O universo deste trabalho foi a atuação do fator liderança em seus
diversos campos de atuação. Nesse contexto, a fim de facilitar um estudo
inicial particularizado, foram utilizados dois tipos de amostras: a primeira,
caracterizada pelo fator liderança no meio militar, foi alicerçada pela literatura
vigente que trata sobre o tema no Exército Brasileiro; já a segunda, configurou-se pelo
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fator liderança no meio empresarial, sustentada pela literatura que atende ao tema
nas atuais organizações empresariais do país.
As amostras utilizadas foram recentes, dando condições de se aproximar do
entendimento sobre o tema em pauta nos dois campos distintos que foram estudados.
3 ASPECTOS GERAIS DA LIDERANÇA
De acordo com Violin (2004), o tema liderança tem se concretizado como palco
de debates há muito tempo, confrontando opiniões de teóricos e estudiosos das mais
variadas atividades e locais do mundo.
A fim de orientar o entendimento do assunto abordado no presente trabalho, é
de suma importância o conhecimento dos aspectos mais relevantes sobre liderança,
uma ferramenta que tem sido fundamental ao sucesso, independente da área de
atuação.
Em 24 de agosto de 2011, por intermédio da Portaria Nº 102, o Estado Maior
do Exército Brasileiro aprovou o manual de campanha C20-10, que trata sobre
liderança militar, sendo seus ensinamentos essenciais para nortear as definições a
serem tratadas neste estudo.
Vale destacar que, inicialmente, a referência em pauta analisa o conceito geral
de liderança como ele é visto nos diversos meios, não exclusivos ao ambiente militar
e, posteriormente, passa à abordagem propriamente militar do tema.
Além do manual supracitado, outras fontes, particularmente sobre a ótica civil,
foram referenciadas no decorrer da formulação de ideias, a fim de embasar aspectos
julgados fundamentais sobre liderança no meio empresarial.
3.1 DEFINIÇÃO E CONCEITOS BÁSICOS DE LIDERANÇA
Segundo o dicionário Aurélio da língua portuguesa (1988), liderança é uma
forma de dominação baseada no prestígio pessoal, a qual é aceita pelos dirigidos; é
a capacidade de liderar, espírito de chefia; é a função de líder.
Para Chopra (2000), a essência da liderança está alicerçada na capacidade de
um indivíduo ver e ouvir com os sentidos e com a alma, de delegar poder, de conhecer
a si e aos seus seguidores, de executar ações, de ter liberdade emocional e empatia
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para entender as necessidades das pessoas, de assumir responsabilidades e de ter
sincronismo.
Em que pese as variadas percepções, verificam-se constantemente que, em
diversas ocasiões, a liderança tem sido confundida unicamente com gerência,
administração ou chefia. Entretanto, estudiosos no assunto frisam que liderança não
pode e não deve ter essa definição.
Chiavenato (1994, p. 147) entende que:
A liderança é um fenômeno tipicamente social que ocorre exclusivamente em grupos sociais. Podemos defini-la como uma influência interpessoal exercida numa dada situação e dirigida através do processo de comunicação humana para a consecução de um ou mais objetivos específicos. [...] a liderança é um tipo de influência entre pessoas: [...] na qual uma pessoa age no sentido de provocar o comportamento de uma outra, de maneira intencional.
Segundo Tourinho (1981), o chefe é aquele indivíduo que, em virtude da
autoridade oficial ou oficiosa que detém, é capaz de exercer o poder de mando. Já o
líder, independentemente da posição administrativa que ocupa, graças a sua
personalidade e ações, tem a competência de dirigir com êxito um determinado grupo
de pessoas.
Para Hunter (2004), as palavras líder, chefe, comandante e autoridade são as
primeiras que ocorrem à mente humana ao se pensar em liderança. Destaca, também,
que é comum as pessoas acreditarem que existe relação entre o ato de liderar e
questões como alto nível intelectual, de autoconfiança, de habilidades sociais ou de
ambição. No entanto, aponta que, na atualidade, o conceito de liderança é alicerçado,
principalmente, pela capacidade que um indivíduo tem em influenciar pessoas.
Hersey e Kenneth Blanchard (1986) ratificam tal assertiva descrevendo a
liderança como uma técnica de influenciação das atividades de um indivíduo sobre
uma pessoa ou equipe, em determinada situação, em prol da consecução de um
objetivo.
Sob a ótica do contexto militar, para o Exército Norte Americano, o líder é
aquele capaz de influenciar pessoas, fornecendo um propósito, direção e motivação
para cumprir uma determinada missão e melhorar a organização (EUA, 2015).
Já no Brasil, segundo Castro (2009), o Exército Brasileiro entende a liderança
como a capacidade de influenciar o comportamento humano e conduzir pessoas ao
cumprimento do dever.
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No meio empresarial busca-se dirimir qualquer possibilidade de má
interpretação sobre as diferenças entre administrar e liderar. Administrar significar ter
capacidade de ser gestor de forma satisfatória sobre todos os encargos que
competem a determinado indivíduo em algo próprio ou profissional. Liderar é bem
mais que isso:
A liderança é a arte de mobilizar os outros para que queiram lutar por aspirações compartilhadas; o que constitui um conceito no qual se destaca a palavra “querer”, pois o que leva as pessoas a fazerem alguma coisa não é uma tarefa relativamente simples. Para se sentir a real essência da liderança, pergunta-se: O que é necessário para que as pessoas queiram se engajar em uma organização de forma “voluntária”? O que precisa ser feito para que as pessoas apresentem um desempenho de alto nível? O que você pode fazer para que as pessoas permaneçam leais à organização? Existe uma diferença entre obter apoio e ordenar, com os verdadeiros líderes mantendo a credibilidade em consequência de suas ações – ao desafiar, inspirar, permitir, guiar e encorajar (KOUZES; POSNER, 1997, p. 3).
Robbins (2005) ressalta que, atualmente, não há um consenso universal na
literatura sobre o real significado do termo liderança. Assim, ao se examinar o grande
escopo de estudos e conhecimentos produzidos sobre o tema, verificam-se
posicionamentos divergentes em relação ao contexto e aos processos ligados ao ato
de liderar.
Para Bennis (1996), independente do conceito adotado, a liderança, no mundo
moderno, deve ter a capacidade de ajustar-se com adequabilidade e rapidez perante
as mudanças constantes do dia a dia. Em seu ponto de vista, líderes e seguidores
devem se envolver cada vez mais diante desse novo desafio, a fim de tornarem-se
mais participativos e contribuidores eficazes para as tomadas de decisões.
3.2 TEORIAS DA LIDERANÇA
O fenômeno da liderança passou a ser estudado com maior interesse a partir
do século XX, quando muitos filósofos, sociólogos, psicólogos, militares e outros
profissionais passaram a voltar suas atenções ao referido assunto.
A associação do resultado desses estudos à época com várias teorias já
existentes sobre o assunto, trouxeram à tona quatro correntes de pensamento, que
se fizeram mais conhecidas: a corrente centrada na figura do líder, a corrente centrada
nos seguidores, a corrente centrada na situação e a corrente integradora
(HECKSHER, 2001).
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Apesar de realizarem um enfoque diferenciado, todas as correntes
supracitadas concordam que quatro fatores condicionam o surgimento da liderança:
uma situação, o líder, os liderados e a interação entre líder e liderados. Aceitam de
forma conjunta também, o fato de que o destaque alcançado pelo líder dentro de um
grupo lhe confere e assegura o respeito e a credibilidade perante os liderados. O ponto
de discordância surge apenas quanto à origem desse destaque (BRASIL, 2011).
Dentro desse contexto, a corrente centrada na figura do líder alicerça suas
teorias acreditando que a liderança é uma qualidade intrínseca, oriunda de certas
características individuais, geralmente relacionadas com a personalidade de
determinados indivíduos, relegando, a segundo plano, quaisquer outros tipos de
influência ou fatores (KIRKPATRICK e LOCKE, 1991).
Nessa linha de raciocínio, destacam-se a teoria inatista, que acredita na
predestinação do líder; a do grande homem, que se alicerça sob a ideia do líder herói
e/ou carismático; a de traços, que defende o surgimento do líder por traços de caráter
e personalidade; e a dos tipos e estilos de liderança que baseia-se na crença da
existência de diversos estilos de liderança (BRASIL, 2011).
Segundo Tolfo (2000), até meados de 1940, acreditava-se em larga escala nas
teorias de liderança baseadas em pressupostos que se alinhavam com a ideia de que
o líder era possuidor de características pessoais que o tornava capaz de conduzir
grupos e tarefas específicas, cabendo aos demais tão somente segui-lo.
Contestam-se as teses da corrente supracitada ao se observar que situações
variadas do atual mundo contemporâneo são capazes de suprimir ou anular a
capacidade de liderança de determinados indivíduos.
A corrente centrada nos seguidores aponta o líder como um produto do grupo
ao qual pertence, não aceitando que o destaque do líder se deva por suas qualidades
pessoais. Dessa forma, um determinado profissional seria levado à condição de líder
em virtude das situações vividas junto ao grupo e por sua crença sobre as
características essenciais ao líder, e não por suas competências pessoais (TOLFO,
2000).
Dentro da corrente acima comentada, destacam-se, segundo Lane (1984), a
Teoria de Atribuição de Liderança e a Teoria Sócio Histórica. Na primeira, acredita-se
que um determinado grupo é capaz de elencar um líder em virtude de suas
capacidades pessoais e profissionais em lidar e solucionar situações-problema. Já na
segunda, crê-se que a maturidade e o histórico de formação de um determinado
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indivíduo lhe conferem a capacidade de bem orientar os demais integrantes de um
grupo, conquistando a posição de líder de forma automática ou sendo escolhido por
eles para tal.
Hill (2004) afirma que o líder é formado a partir de sua capacidade em auxiliar
e bem orientar o grupo, mantendo-o unido, preparado e focado na consecução dos
objetivos propostos a serem atingidos.
Os adeptos da corrente centrada nos seguidores não conseguem explicar o
motivo pelo qual certas pessoas, apesar de buscarem o prestígio e o destaque da
liderança, e vivenciarem todas as situações junto ao grupo no qual interagem, nunca
alcançam a posição de um líder.
A corrente centrada na situação, por sua vez, surge focando o fenômeno da
liderança como sendo fruto da relação entre líder e liderados, levando em
consideração a premissa básica de que situações diferentes criam a demanda por
tipos diferentes de liderança (HERSEY e BLANCHARD, 1993).
Assim, de acordo com Fiedler (1981), mais do que traços de personalidade ou
atribuição, o verdadeiro líder tem sua formação nas interações de variáveis sujeitas a
mudanças constantes e repentinas do atual mundo moderno.
Por fim, para Hecksher (2001), a corrente integradora considera a liderança
como consequência da integração e participação eficiente de um líder junto a um
determinado grupo. De acordo com o autor, o líder deve estar ciente das situações
particulares em que o seu grupo se insere, buscando sempre acompanhar as
mudanças situacionais e as variações naturais que possam influenciar o seu
relacionamento com os liderados.
GREENSTEIN (2003), um dos maiores especialistas americanos do assunto,
afirma que “a liderança é uma qualidade de nascença, portanto inata, mas que alguns
líderes só apresentam essa vocação quando enfrentam uma situação-limite”. Suas
pesquisas indicam que é a integração de uma carga inata com uma determinada
situação que faz o verdadeiro líder emergir.
Nessa linha de pensamento, surge a teoria do campo social desenvolvida por
Kurt Lewin (1965), que passou a se firmar após a Segunda Guerra Mundial. De acordo
com os preceitos do estudioso, a interação entre uma situação, um indivíduo e seus
seguidores é que pode dar como fruto o surgimento do fator liderança.
Bergamini (2002) ressalta a importância não só da identificação dos liderados
com o perfil do líder, mas também com os preceitos e valores da organização ao qual
21
estão inseridos. Assim, alinhado com as ideias de Kurt Lewin, destaca a importância
do líder não só em estabelecer as metas a serem alcançadas, mas também estar
atento ao contexto que o rodeia, reconhecendo o desempenho dos seus seguidores.
3.3 AS FORMAS DE EXERCÍCIO DA LIDERANÇA
Ao se falar sobre liderança, é necessário conhecer que esse fenômeno se
exerce basicamente sob duas formas, não restritas ao ambiente militar: a liderança
direta e a liderança indireta (BRASIL, 2011).
FIGURA 1 – Formas de Liderança
Fonte: C-20-10
Corroborando com a assertiva acima, Yukl (1989) ratifica que o processo de
influência intencional da liderança pode ocorrer tanto da forma direta quanto pela
forma indireta.
Assim, cada uma das formas de liderança apresenta características bem
distintas e uma conformidade e adequabilidade a situações específicas definidas no
tempo e no espaço. Sem dúvida, o aprofundamento dessas diferenças traz à tona os
subsídios necessários que promovem a constatação das formas de se liderar tanto no
meio militar como nas atividades empresariais. Tal fato põe em evidência informações
relevantes que auxiliam a materializar as possíveis formas de atuação, em ambientes
distintos, do fenômeno em pauta.
22
Na liderança direta, o líder exerce influência diretamente sobre os liderados
pregando a estes últimos, através de diálogos frequentes, suas convicções e
exemplos particulares (BRASIL, 2011).
Nessa forma de liderança, o líder está sempre à frente do grupo e promove,
junto a ele, diversas formas de interação. Pelos motivos expostos, na liderança direta,
o líder acaba por desenvolver laços e vínculos pessoais duradouros e de extrema
confiança com os integrantes do grupo no qual exerce sua influência, uma vez que se
torna capaz de se envolver e suprir as necessidades pessoais dos liderados (BRASIL,
2011).
Vale ressaltar que, o estabelecimento de vínculos entre líder e liderados é o
ponto de partida de fundamental importância para que um grupo de seguidores tenha
condições de desenvolver um comprometimento com a organização da qual fazem
parte. A liderança direta não é recente e remonta a antiguidade. Para Hunter (2006),
Jesus é um exemplo clássico da capacidade de exercer a liderança direta com
autoridade, buscando o bem maior daqueles que o seguiam.
Outros exemplos são os inúmeros ícones militares da história, como o Patrono
do Exército Brasileiro, Luís Alves de Lima e Silva, que em combate buscava
desenvolver laços e vínculos com os seus liderados através de demonstrações de
coragem e convicção às causas que defendia, participando e conduzindo homens
diretamente em embates com inimigos vorazes.
Na liderança direta, devido à proximidade natural, o líder deve estar atento a
cada detalhe de seus subordinados, a fim de ser capaz de verificar com clareza os
acertos, falhas, dúvidas, problemas, convicções, aspirações, possibilidades e até
limitações de cada integrante do grupo, verdadeiras “portas de entrada” ao ato de
influenciar. Tudo com a finalidade de explorar ao máximo as potencialidades de cada
indivíduo, porém respeitando as limitações naturais de cada ser humano (BRASIL,
2011).
Kouzes e Posner (2011) argumentam que um grupo de liderados é capaz de
otimizar o sentimento em relação a si próprio e aumentar a sua autonomia profissional
com a atuação constante e direta de um líder atento às suas necessidades e com alta
capacidade de encorajamento.
Por outro lado, também caberá ao líder, ao exercer a liderança direta, atenção
redobrada quanto aos seus procedimentos e atitudes, interagindo ou não com o grupo,
uma vez que justamente devido à proximidade com os demais integrantes, qualquer
23
“deslize” ou erro de sua parte, se propagará facilmente, levando ao grupo dúvidas e
incertezas sobre sua integridade moral que podem enfraquecer vínculos já
construídos (HOWELL e AVOLIO, 1993).
Na atualidade, têm condições de exercer esse tipo de liderança, homens
capazes de se fazerem presentes diariamente junto ao seu grupo de influência,
observando o desempenho e necessidades pessoais de cada integrante e ainda,
permitindo ser observado por todos, principalmente nos quesitos quanto à forma de
agir e pensar (BRASIL, 2011).
Sendo assim, a forma de liderança direta é capaz de ser perfeitamente
identificada e aplicada em diversas atividades militares e empresariais. No meio
militar, em particular nas pequenas e médias frações, um líder tem a capacidade de
agir diretamente sobre seus liderados e ampliar a capacidade de atuação da sua
equipe desde atividades administrativas até as eminentemente militares (LEAL, 2003).
Situação idêntica ocorre no meio empresarial. Para Robbins (2010), a ação
direta de um líder eficaz com a capacidade de influenciar um conjunto de pessoas,
invariavelmente facilitará o alcance de metas e objetivos estabelecidos. Tal situação,
na atualidade, pode significar o sucesso ou o fracasso total de uma determinada
empresa.
Já na liderança indireta, a capacidade de influenciar de um líder atinge outros
líderes a ele vinculados. Ou seja, um líder de maior ascensão funcional influencia
líderes intermediários que, por consequência, influenciarão os grupos aos quais cada
um tem uma ligação direta (NETO, 2003).
No exercício da liderança indireta, torna-se fundamental que um líder seja o elo
entre as demais lideranças dos diversos níveis. Ele deve garantir que o seu grupo de
interação realmente acredite nas ordens, ideias e propostas de seus superiores,
tomando-as para si como sua verdade particular. Tal ato busca evitar o incentivo à
desunião por falha ou descrédito no canal de comunicação e facilitar atividades e
relacionamentos (YUKL, 1989).
Com o intuito de se evitar que tal fato ocorra, líderes de grandes massas
procuram alternar entre a liderança direta e a indireta, uma vez que as tecnologias da
informação e comunicação atuais têm sido capazes de permitir a esses indivíduos
exercer também a liderança direta em determinadas ocasiões.
Nesse sentido, de acordo com Blikstein (2003), a comunicação passa a ter um
grande valor e caracteriza-se pela capacidade de fazer chegar com eficiência a todos
24
os grupos funcionais de uma determinada organização ou instituição, mensagens e
informações julgadas importantes, principalmente em momentos e ocasiões
específicas (BLIKSTEIN, 2003).
Sendo assim, a liderança indireta cabe ser exercida tanto no meio militar quanto
no empresarial, principalmente quando se focam os níveis decisórios mais elevados
e encarregados de atividades e decisões mais complexas.
Líderes em cargos mais altos, comumente, exercem a liderança direta em
relação a líderes de níveis intermediários, e buscam através destes pôr em prática a
liderança indireta. Vale ressaltar que, nesses níveis, sendo possível, deve-se buscar
também exercer a liderança direta sobre todos os grupos funcionais vinculados à
empresa ou instituição (BRASIL, 2011).
Para tanto, cresce de importância os meios de comunicação e informação
disponíveis e até a presença física em palestras, reuniões e comemorações. Tudo
com a finalidade de coibir os efeitos de uma possível ineficiência ou falsa liderança
em um dos seus níveis.
3.4 NÍVEIS DE LIDERANÇA
Um ponto importante sobre liderança é o pleno entendimento dos níveis em que
esse fator é capaz de se manifestar.
Para Chiavenatto (2000), existem três níveis que tendem a hierarquizar a
liderança: o nível operacional, o nível organizacional e o nível estratégico. De forma
alternativa, podem receber também a denominação de nível direto, intermediário e
superior, respectivamente.
Segundo o autor, a liderança operacional é caracterizada pela capacidade de
interação direta entre o líder e seus liderados. Nessa modalidade, não existem
obstáculos com capacidade de coibir ou anular qualquer ação dirigida do líder
diretamente sobre os indivíduos que o seguem.
Já a liderança organizacional se alicerça como um misto de ações por parte de
líderes, tanto de forma direta quanto indireta. Porém, nesse nível, em determinadas
situações ou funções, nem sempre haverá um contato face a face entre líderes e
liderados. Assim, o líder deve ser capaz de exercer suas funções em um cenário de
relativa complexidade, muitas vezes interagindo com seus subordinados por meio de
diretrizes e sistemas específicos de integração (MACEDO e BOAS, 2006).
25
No que tange a liderança estratégica, Gonçalves (2005) entende que a mesma
está voltada a líderes nos mais altos níveis de uma empresa ou instituição, os quais
através de suas competências pessoais terão a capacidade de nortear os destinos
futuros de suas organizações. Lideranças, nesse patamar, podem gerar grandes
consequências positivas ou negativas a um número significativo de pessoas.
Vale destacar que, no mundo contemporâneo, caracterizado pelo seu alto nível
de complexidade, incerteza, volatilidade e vulnerabilidade, cresce cada vez mais a
importância de líderes nesse nível decisório.
Chiavenatto (2000) afirma que, independentemente do nível em que o fator
liderança se manifesta, os líderes têm plenas condições de serem eficazes. No
entanto, ratifica que tal êxito dependerá da resposta que cada um apresentará diante
de um conjunto de situações determinadas.
O referido autor destaca que há um paralelo constante entre os níveis de
liderança e os níveis de administração (figura 2). Nesse contexto, relata que o sucesso
de um líder na ampla área da administração deve ser alicerçado por três habilidades
básicas, as quais equiparam-se aos níveis de liderança: a habilidade técnica, a
habilidade humana e a habilidade conceitual. Tais competências se referem,
respectivamente, à capacidade de utilizar métodos e técnicas necessários para o
desempenho de tarefas específicas; de compreender a complexidade da organização
como um todo e realizar o ajustamento do comportamento de suas partes; e ainda de
trabalhar com pessoas, comunicar, compreender atitudes, motivar e ter o potencial
para liderar grupos.
FIGURA 2 – Habilidades necessárias nos níveis de administração
Fonte: CHIAVENATTO, 2000
26
De acordo com a figura 2, observa-se que, na administração, a dimensão
humana ocupa uma posição cada vez mais próxima dos níveis mais altos das
organizações e instituições. Assim, constata-se o crescimento da demanda de líderes
com habilidades de potencializar e conduzir o fator humano aos objetivos
estabelecidos pela alta direção do qual estará subordinado.
4 A LIDERANÇA MILITAR
As constantes e aceleradas transformações no mundo contemporâneo têm
exigido cada vez mais a formação de líderes militares com capacidade de executar
suas atribuições com exatidão e oportunidade.
O Exército Norte Americano entende que os líderes militares se caracterizam
com uma vantagem competitiva que não pode ser substituída por um armamento,
plataforma ou tecnologia avançada (EUA, 2015).
No Brasil, o culto a líderes militares confunde-se com a própria história militar da
Nação. Diversas personalidades, através da aplicação pessoal e profissional, causam
inspiração até os dias atuais. Dentre eles, destaca-se Luiz Alves de Lima e Silva – o
Duque de Caxias – Patrono do Exército Brasileiro, que através de sua liderança e
valores, tornou-se símbolo de distinção e honra militar (BRASIL, 2014).
Norteado pelos líderes do passado, o Exército Brasileiro, de acordo com o
manual C20-10, entende que a liderança militar tem especificidades e
particularidades, podendo ser definida como:
Um processo de influência interpessoal do líder militar sobre seus liderados, na medida em que implica o estabelecimento de vínculos afetivos entre os indivíduos, de modo a favorecer o logro dos objetivos da organização militar em uma dada situação.
Além disso, o manual em questão destaca que a liderança militar tem como
alicerce três pilares a saber: a proficiência profissional; o senso moral e traços de
personalidade característicos de um líder; e as atitudes adequadas.
Gonçalves (2005) relembra que, diante do arcabouço jurídico brasileiro que
norteia o perfil diplomático e de não intervenção perante às relações internacionais, o
país tem se mantido afastado em participar das guerras recentes. Desse modo, a
27
liderança militar tem enfrentado novos desafios, dentre eles, os modernos métodos
administrativos voltados ao planejamento e execução de tarefas.
No entanto, antes de se aprofundar no tema liderança militar, é interessante
destacar as principais características que dão alicerce à vida nas Forças Armadas, a
fim de melhor se embasar os conceitos e fundamentos que permeiam o assunto
tratado.
4.1 CARACTERÍSTICAS DA PROFISSÃO MILITAR
De acordo com Huntington (1957), a profissão militar pode ser considerada
plenamente desenvolvida, uma vez que nela podem-se constatar três pilares
fundamentais e que dão suporte à referida carreira: a responsabilidade (delineada
pela capacidade de ocupar com sucesso cargos de direção); a destreza (traduzida
pela capacidade de manusear com acerto os meios de coação do Estado); e o espírito
corporativo (conformado pela consciência e identidade de ligação entre seus
integrantes).
Conforme Brasil (2014), para que este estágio de desenvolvimento seja
alcançado, deve-se levar em conta que a profissão possui características inerentes a
carreira, tais como: risco de vida; sujeição a preceitos rígidos de disciplina e hierarquia;
dedicação exclusiva; disponibilidade permanente; mobilidade geográfica; vigor físico;
restrições a direitos trabalhistas; formação específica; aperfeiçoamento constante;
vínculo com a profissão; proibição de participar de atividades políticas, sindicatos,
greves e movimentos reivindicatórios; além de dificuldades para família.
Diante desse cenário, amparado por valores fundamentais, o profissional das
armas encontra a força necessária para vencer obstáculos e cumprir suas missões.
De acordo com Vinha e Tognetta (2009), certos valores, em sua gênese, deveriam ser
básicos ao ser humano.
Para La Taille (2001) o ser humano deve ser ou atingir a autonomia moral, ou
seja, permanecer fiel a seus valores e princípios independentemente das mudanças
de contextos e da presença de pressões sociais. Porém, infelizmente, essa não é uma
realidade unânime na sociedade contemporânea.
Apesar disso, conforme é apresentado na Figura 3, o culto à ética, à moral, às
crenças, aos valores e às normas são intrínsecos à carreira militar. Assim, o
28
sentimento do dever, a honra pessoal, o pundonor militar e o decoro da classe são as
bases que norteiam o cotidiano dos integrantes das Forças Armadas (BRASIL, 2014).
Sem valores, como suporte moral e impregnados à personalidade do ser
humano, jamais se pode esperar o surgimento de laços verdadeiros de confiança, tão
necessários ao surgimento da liderança (BRUNO, 2013).
Nesse sentido, o líder militar deve embasar-se e manter sempre consigo tais
pressupostos, possuindo, a todo instante, consciência reta. Tal fato condiciona o líder
militar a não se entregar a imoralidade ou refutar princípios morais consagrados, o
que vai estar diretamente ligado à sua capacidade de estabelecer laços de confiança
mútua com os seus liderados. (BRASIL, 2011).
FIGURA 3 – Ética militar
Fonte: EB20-MF-10.101
Vale dizer também que, a maior parte das Forças Armadas no mundo
contemporâneo se identificam com as características e valores supracitados e
elencados pelos manuais doutrinários do Exército Brasileiro, visto que são fatores
universais e condizentes com as especificidades das atividades militares modernas.
Tal assertiva é claramente evidenciada na obra de Keegan (1999), que traz à
tona atitudes de distintos líderes militares, em diferentes locais e períodos da história,
permitindo-se afiançar a validade de diversas características tratadas no presente
estudo, em que pese as peculiaridades de cada situação.
Roqueplo (1979) chama a atenção para o fato de os militares terem a capacidade
de serem administradores, de forma legítima e organizada, da violência armada, sob
direção e controle do poder político democraticamente instituído. Ressalta que uma
29
consequência eventual do cumprimento de suas missões constitucionais pode,
inclusive, ser o sacrifício da própria vida.
Segundo Gonçalves (2005), e por todo o exposto, constata-se a complexidade
extrema da missão das Forças Armadas, que abrange desde o preparo até o emprego
na guerra, não relegando a segundo plano suas atribuições internas, as quais ampliam
ainda mais o leque de suas ações.
Brasil (2011) traz à tona questionamentos e afirmações que indicam o desafio
atual de se conduzir indivíduos em missões de combate, quando as circunstâncias
envolvem risco de se perder a vida, bem como nas especificidades jurídicas das ações
realizadas em tempo de paz. Dessa forma, é importante que um líder militar tenha
competências necessárias que lhe darão o suporte para influenciar, estabelecer
vínculos e persuadir, a fim de que sejam cumpridas desde as missões mais simples
até àquelas em que o risco de morte seja iminente.
4.2 AS COMPETÊNCIAS DO LÍDER MILITAR
Pode-se definir as competências do líder como a transformação dos recursos
cognitivos, psicomotores e afetivos em comportamentos que geram resultados
práticos (BRASIL, 2011).
O Exército Norte Americano, por exemplo, trabalha por intermédio de um
modelo de requisitos de liderança que ilustra expectativas de líderes militares da ativa
e reserva, abrangendo, inclusive, o público civil. O referido modelo alinha o resultado
esperado de atividades de desenvolvimento de líderes e atributos pessoais a um
conjunto comum de características valorizadas pelo Exército.
No manual de liderança militar americano, entende-se como atributos as
características internas desejadas ao líder militar nos campos do ser e do saber. Já
como competências, as habilidades e comportamentos esperados que os líderes
possam adquirir, demonstrar, executar e continuamente aperfeiçoar (EUA, 2015).
Os norte-americanos elencam como essenciais à liderança militar os atributos
pessoais, atitudinais e intelectuais. Nos atributos pessoais, dispõem os valores dado
ao Exército, a empatia, o espírito combativo, o espírito de trabalho e a disciplina. Nos
atitudinais, o comportamento militar, o comportamento profissional, o
condicionamento físico, a confiança e a resiliência. Nos intelectuais, a agilidade
30
mental, a capacidade de julgamento, a inovação, o tato interpessoal e a perícia (EUA,
2015).
Conforme mostra a figura 4, em relação às competências necessárias ao líder,
o manual chama a atenção para três: a capacidade de condução, de desenvolvimento
e de alcance. Quanto à condução, destaca a capacidade do líder de nortear outros
indivíduos, de construir um vínculo de confiança, estender sua influência, liderar pelo
exemplo e de se comunicar. No que se refere à capacidade de desenvolvimento,
ressalta a habilidade de criar um ambiente de trabalho positivo, de se auto preparar,
de desenvolver os demais e de administrar a profissão. Por fim, no que se refere à
capacidade de alcance, elenca como primordial a aptidão de obter resultados através
da integração de tarefas, funções, recursos e prioridades; de melhorar o desempenho;
de dar feedbacks; de saber executar e continuamente ajustar.
FIGURA 4 – Requisitos de liderança do Exército dos EUA
Fonte: EUA (2015)
No Brasil, o manual de campanha C20-10 deixa bem claro que um líder não
precisa possuir todas as competências desejáveis, entretanto, deve esmerar-se para
somar o máximo dessas qualidades, que facilitarão sobremaneira sua capacidade de
atuação.
31
A referência em questão trata com clareza a respeito desse assunto, indicando
competências desejáveis ao líder, tais como: competências cognitivas e psicomotoras;
competências afetivas pessoais; competências afetivas interpessoais; e inteligência
emocional.
O presente trabalho não se furtou de aprofundar o estudo dessas questões,
uma vez que tais definições e conhecimentos produzem o delineamento de pontos
primordiais, relacionados ao ser humano, sendo capaz de pôr em evidência, no meio
militar, o fator liderança em sua plenitude.
As competências cognitivas e psicomotoras subdividem-se em três grupos:
proficiência técnica, aptidão psicomotora e conhecimentos sobre o ser humano
(BRASIL, 2011).
A proficiência técnica indica que os líderes militares, em todos os níveis, devem
possuir capacitação profissional suficiente que lhes possibilitem atender às exigências
técnicas inerentes a sua profissão. O conhecimento da carreira e o constante
aprimoramento pessoal devem ser metas a serem alcançadas e aperfeiçoadas
constantemente.
Benevides (2018), amparado pelo manual de liderança militar do Exército
Brasileiro, ratifica que a aptidão psicomotora traduz-se na atenção aos cuidados com
a higidez e capacitação física, de maneira que a disposição e saúde sejam suficientes
ao líder militar para acompanhar todas as atividades de seu interesse, e ainda, evitar
ser substituído em ocasiões nas quais sua presença e liderança sejam fundamentais
ao grupo.
Já a compreensão sobre o ser humano é fundamental. Para alcançá-la, faz-se
necessário que o líder seja capaz de conhecer a natureza humana e exerça a sua
influência interpessoal a fim de conduzir pessoas por meio de um processo de
comunicação que corrobore com a consecução de objetivos específicos
(TANNENBAUM e MAPARIK, 1970).
Entender a natureza humana, por parte do líder, significa ter a capacidade de
identificar as forças pessoais e subjetivas que, muitas vezes, se escondem por traz
de determinada situação. É conseguir enxergar as peculiaridades humanas, comuns
ao grupo de atuação, dando-lhe assim a capacidade de influir, orientar e conduzir
melhor seus integrantes em dada situação.
No entanto, para conhecer seus subordinados, o líder militar precisa realmente
identificar cada integrante do seu grupo, suas aspirações pessoais, medos, receios,
32
dúvidas, expectativas e problemas. Dessa maneira, ele pode ter uma consciência
situacional a respeito das pessoas com quem trabalha, permitindo-lhe agir da forma
necessária, seja apoiando, auxiliando, incentivando ou resgatando indivíduos em prol
dos objetivos a serem alcançados (BRASIL, 2011).
Um outro ponto importante é que, para o líder conhecer seus liderados e se
tornar cada vez mais eficaz, faz-se necessário que este tenha ou desenvolva a
capacidade de ouvir. Uma das principais fontes de liderança está na capacidade de
entender as pessoas, buscando, sempre que possível, desenvolver uma visão
compartilhada perante as diversas situações (KOUZES e POSNER, 2008).
Por seu turno, o autoconhecimento também é de suma importância ao líder.
Traduz-se na capacidade de identificar, em sua individualidade, pontos fortes ou
positivos, fortalecendo-os e aprimorando-os. Por outro lado, deve também ser capaz
de detectar suas deficiências ou pontos de fraqueza, procurando minimizá-las ao
máximo (FREITAS e RODRIGUES, 2008).
Quanto às competências afetivas pessoais, vale destacar que estas
subdividem-se em dois grupos: competências diretamente relacionadas aos valores e
competências relacionadas às habilidades individuais. Para Brasil (2011), as
competências diretamente relacionadas aos valores são constituídas pela capacidade
do líder em ter:
-Coerência: capacidade do líder se manter fiel aos seus princípios morais e de racionalidade independente das pressões que possa vir a sofrer. -Coragem: tanto coragem moral quanto coragem física. Na coragem física, o líder deve deixar de lado os receios à sua integridade corporal durante o cumprimento de suas atribuições. Já na coragem moral, o líder deve ser capaz de não abrir mão dos seus princípios e convicções mesmo que essa atitude possa lhe ser desfavorável. -Dedicação: capacidade de empenhar-se com afinco em suas atividades a fim de alcançar os objetivos propostos da melhor forma possível. -Imparcialidade: capacidade de deixar de lado os laços afetivos que possuir no momento a que estiver imbuído da atribuição de julgar, a fim de alcançar sempre que possível a justiça. -Responsabilidade: capacidade de assumir seus atos em todas as situações, não deixando que recaiam sobre outra pessoa as consequências de suas decisões.
No que se refere às competências relacionadas às habilidades individuais, o
manual C20-10 indica a necessidade de o líder militar possuir:
-Adaptabilidade: capacidade do líder de se adequar a todas as situações, principalmente quando houver mudanças inesperadas de um quadro situacional inicial.
33
-Autoconfiança: capacidade de sempre acreditar realmente na eficiência daquilo em que se propõe a dizer ou fazer, principalmente diante das dificuldades. -Criatividade: capacidade do líder em buscar caminhos e formas alternativas como solução eficiente perante situações de desafio. -Decisão: capacidade de buscar medidas corretas em momentos oportunos, sempre buscando a percepção e a sensibilidade como alicerces para o ato de concluir que caminho seguir. -Dinamismo: capacidade de ser prático e extremamente ativo em suas ações a fim de afastar qualquer possibilidade de apatia ou lentidão, características que muito dificultam o ato de liderar. -Equilíbrio Emocional: capacidade de controlar suas emoções e reações particulares, dada uma situação inusitada, buscando a serenidade, racionalidade e paciência para melhor avaliar um problema, por pior que ele seja. -Flexibilidade: capacidade de o líder reformular planejamentos e decisões após a análise de um novo fator que possa surgir o que não tenha sido considerado anteriormente. -Iniciativa: capacidade de agir perante novas situações sem depender de seus superiores e sem demandar demasiado tempo para isso, principalmente em momentos em que uma pronta resposta se faz necessário. -Objetividade: capacidade de o líder elencar dentre diversos caminhos a ser percorrido, aquele que melhor cumpre as metas traçadas pelo planejamento. -Organização: capacidade de ordenar suas atividades de forma sistematizada, evitando assim que um possível descontrole possa vir a comprometer o desempenho esperado. -Persistência: capacidade do líder de insistir e abordar por diversas formas o mesmo problema até concluí-lo com o êxito esperado. -Resistência: capacidade de suportar não só o desgaste físico bem como o desgaste moral e psicológico durante a execução de seus trabalhos ou na busca de seus objetivos.
Quanto às competências afetivas interpessoais, a referência supracitada
destaca que se caracterizam, basicamente, pelos atributos do líder que o habilitam a
estabelecer melhores relacionamentos, quais sejam:
-Comunicabilidade: capacidade do líder de expressar com coerência e eficiência suas ideias e ações a fim de evitar possíveis distorções que venham a comprometer o entendimento ou a percepção pelo grupo a quem exerce influência. -Camaradagem: traduz-se na capacidade de estabelecer relações amigáveis, principalmente através do diálogo com seus pares, subordinados e superiores, almejando sempre o bem-estar de cada indivíduo do grupo. -Cooperação: ter em si o sentimento de grupo, de trabalho em equipe, levando para si e propagando o sentimento de união e do bem da coletividade. -Direção: capacidade do líder de coordenar pessoas e grupos, conduzindo-os na direção dos objetivos propostos. -Empatia: sensibilidade de, sempre que possível, se colocar no lugar de cada integrante do seu grupo, percebendo assim sentimentos, valores e buscando o bem-estar de todos. -Persuasão: traduz-se na capacidade do líder, através de seus atos e gestos, modificar e influenciar a opinião dos integrantes do grupo. -Tato: capacidade de exercer todas as atitudes passíveis de sua liderança sem ferir sentimentos, opiniões e convicções das pessoas a sua volta.
34
De acordo com Cortella (2009), ao se abordar sobre as competências do líder
militar, cabe destacar que o modo como um líder trata as circunstâncias da vida diz
muito sobre seu caráter. As crises não o formam necessariamente, mas certamente o
revelam.
Assim, a adversidade, algo inerente da atividade militar, é uma encruzilhada
que obriga a se escolher um dos dois caminhos: o caráter ou a concessão. Toda vez
que a pessoa escolhe o caráter, torna-se mais forte, ainda que a escolha traga
consequências negativas (CORTELLA, 2009).
Sob uma outra ótica, a inteligência emocional destaca-se também como um
atributo considerável ao líder militar. Tal capacidade lhe dá condições de optar pelas
melhores decisões, por ocasião de uma situação de estresse, sem apego a motivos
particulares, visando o melhor para os seus liderados e, principalmente, aumentando
o desempenho nas missões que lhe forem atribuídas (GOLEMAN, 2015).
Dessa maneira, o desapego emocional cresce exponencialmente de
importância. Razões afetivas, em determinadas circunstâncias, tendem a induzir o
surgimento de debates inúteis ou conflitos desnecessários. A imparcialidade do líder
nesses casos é fundamental para que a reação seja eficaz diante do perigo
(ALMEIDA, 2010).
Nesse sentido, ressalta-se a contribuição de estudiosos como Salovery (2000)
e Goleman (2015), que dividiram esse tipo de inteligência em quatro habilidades
desejáveis e amplamente aplicável no meio militar: o conhecimento das próprias
emoções (autoconhecimento); a capacidade de controlar essas emoções
(autocontrole e equilíbrio emocional); o reconhecimento das emoções de cada
integrante do grupo (empatia); e a administração de relacionamentos com pessoas ou
grupos (uso correto da paciência, da autoridade e do tato).
4.3 A LIDERANÇA MILITAR E OS ESTILOS DE COMANDO
Incialmente, entende-se por comando a capacidade de direção de uma
organização na consecução de seus objetivos operacionais. Ao se tratar de liderança
militar, entende-se o comando como o processo resultante de duas atividades
essenciais e que, de acordo com Gil (2010), podem ser exercidas simultaneamente:
a chefia e a própria liderança.
35
Segundo o General Sérgio Coutinho (1999), comandar é exercer a chefia militar
e aplicar a liderança militar, a fim de conduzir eficientemente a organização militar ao
cumprimento da sua missão.
O manual de campanha C20-10, ao tratar do assunto liderança e comando,
destaca em primeiro lugar a importância do nível de comando a ser desenvolvida a
liderança. Dessa forma, indica possíveis formas de atuação do líder, desde os
pequenos escalões até o nível estratégico.
Vale destacar que, a direção e liderança de uma organização militar
apresentam peculiaridades específicas como aptidão e prontidão operativa
permanentes para atuar em situação de crise, possibilidade de perdas humanas e
constante gerenciamento de recursos humanos (COUTINHO, 1999).
De acordo com o autor acima referenciado, a liderança militar deve estar
vinculada ao exercício funcional do comandante, o que, simultaneamente, aliado com
a sua capacidade de chefia, lhe proporcionará as competências necessárias ao bom
desempenho de suas funções. Nesse contexto, alguns estilos de comando podem ser
empregados a fim de que tais objetivos sejam cumpridos.
Chama-se, no meio militar, de estilo de comando a forma com que um
comandante se porta perante seus subordinados, a fim de lhes emitir ordens, dar-lhes
direcionamentos, incentivos e outras atribuições. Baseado nas teorias vigentes sobre
liderança, os estilos de comando são tipificados como autocrático, participativo ou
delegativo (BRASIL, 2011).
O estilo de comando autocrático é baseado na centralização das ações por
aquele que exerce o comando, a quem cabe todas as responsabilidades dos atos, de
fixar normas, estabelecer objetivos e avaliar resultados. O líder espera que seus
subordinados cumpram as determinações e ordens sem deixar espaço para a
criatividade e a participação, o que acaba por gerar frustração e contribuir para um
ambiente de trabalho tenso e estressante (BANOV, 2008).
As consequências da liderança autocrática estão relacionadas ainda com a
ausência de espontaneidade, união e de iniciativa, além da dificuldade do
estabelecimento de amizades espontâneas (FACHADA, 2003).
Já no estilo de comando participativo, observa-se uma preocupação constante
com a permissão de participação do grupo junto àquele a quem compete decidir, dar
ordens e mostrar a direção a ser seguida. A interação sintonizada entre todo o grupo
36
em busca de novas ideias e sugestões que facilitem a conquista dos objetivos
traçados é uma característica marcante desse estilo de comando (BRASIL, 2011).
Segundo Maximiano (2004):
Quanto mais as decisões forem influenciadas pelos integrantes do grupo, mais democrático é o comportamento do líder. Os comportamentos democráticos envolvem alguma espécie de influência ou participação dos liderados no processo de decisão ou de uso da autoridade por parte do dirigente.
De acordo com Silva (2011), no estilo de comando participativo, a liderança, ao
se voltar para os liderados, acaba por permitir a participação destes no processo
decisório. Tal fato tende a incentivar a aproximação do grupo, tornando mais fácil o
estabelecimento de vínculos, afetividade, respeito e coesão.
Este tipo de liderança promove o bom relacionamento e a amizade entre o
grupo, tendo como consequência um ritmo de trabalho suave, seguro e de qualidade,
mesmo na ausência do líder. O comportamento do guia é de orientação e de apoio. É
o estilo que produz maior qualidade de trabalho (FACHADA, 2003).
Por fim, no estilo de comando delegativo, o líder delega a assessores o poder
de decisão, na maioria das vezes por desconhecimento técnico de certas ações pelas
quais é responsável, e em atividades que tendem a ocorrer de forma descentralizada.
Dessa forma, esse estilo de comando, apesar de em muitas ocasiões se fazer
necessário, requer muito cuidado no que tange à escolha dos assessores e na
preocupação de não se perder o controle, uma vez que diversas decisões passam a
ser atribuídas a intermediários (BRASIL, 2011).
Cabe ressaltar que, aplicar um determinado estilo de comando, no meio militar,
não garante, a quem o exerce, a capacidade de se caracterizar como um verdadeiro
líder, pois tal ação reflete apenas a forma como uma autoridade militar conduz
determinado grupo dentro de um quadro de obrigações funcionais. Assim,
determinado indivíduo pode exercer o estilo de comando participativo, por exemplo, e
não ser um líder militar.
Segundo Sombrio (2007), além de aplicar um estilo de comando
adequadamente, o verdadeiro líder militar deve possuir um perfil fundamentado em
características essenciais, relacionadas à integridade, tais como o respeito, a
responsabilidade, o compromisso e crença em suas ações.
De acordo com suas percepções, o ambiente militar, em situações de paz ou
de risco real, tem uma ampla capacidade de ratificar, de maneira fidedigna, a
37
existência ou não das características mencionadas acima, uma vez que um número
considerável de indivíduos se encontra sob as mesmas circunstâncias e/ou condições.
4.4 A LIDERANÇA MILITAR EM TEMPO DE PAZ
Em tempo de paz, as ações militares normalmente estão voltadas ao preparo
constante, visando a plenitude de condições que permitam o emprego adequado em
caso de um conflito ou guerra (BRASIL, 2014).
Nesse viés, atividades com o intuito de solidificar o espírito de abnegação, amor
à pátria e sentimento do dever são desenvolvidos e aperfeiçoados nos profissionais
das armas, através de exercícios, formaturas, ordem unida, juramentos, continência,
competições desportivas, dentre outros (BRASIL, 2000).
Assim, na paz, o culto ao ritualismo e ao cerimonialismo são constantes do
meio militar. Janowitz (1967) considera esses ritos capazes de confrontar a ansiedade
e funcionar como elemento equalizador entre a tradição e a inovação. Gardner (1990)
entende-os como expressões visíveis de cultura compartilhada, contribuindo para o
senso de comunidade do grupo.
Nos momentos em que as cerimônias são desenvolvidas, torna-se essencial a
presença do líder, capaz de orientar e alinhar atitudes e procedimentos exercidos com
os objetivos da instituição, os quais, em sua maior importância, são estabelecidos em
níveis mais elevados.
Gonçalves (2005) afirma que o Exército Brasileiro, por exemplo, tem como
objetivos permanentes a evolução da Força, a busca da excelência de desempenho,
a operacionalidade plena, a excelência gerencial, a credibilidade e a integração com
a sociedade. Ressalta ainda que, longe das hipóteses de emprego e a consequente
preparação prévia para possíveis embates com outros atores internacionais, o
ambiente militar deve servir como escola de civismo, a fim de homogeneizar
regionalismos, promover os valores e a unidade nacional dentro do território.
Amparado por suas pesquisas, o estudioso em pauta afirma que de uma forma
geral, na paz, a fim de auxiliar a nação, as Forças Militares do Brasil e do mundo
desenvolvem, ou estão em condições de desenvolver, ações preventivas e
repressivas, visando o controle de fronteiras terrestres, marítimas, de águas interiores,
de delitos transfronteiriços, ambientais, o apoio à defesa civil, a garantia da lei e da
38
ordem, o apoio à votação e apuração, o apoio logístico, de inteligência, de instrução,
de comunicações e de engenharia.
Conforme Neto, Guimarães e Gomes (1996), tal fato demonstra o quão
importante é o papel e a capacidade de decisão do líder militar, em todos os escalões,
a fim de potencializar e equacionar o preparo de homens para o combate real, em
paralelo às missões e atividades desenvolvidas em tempo de paz, caracterizadas por
um alto nível de descentralização, devido às suas especificidades.
Segundo Gonçalves (2005), para se atingir tais objetivos, o ambiente militar
deve ser capaz de realizar previsões e estabelecer metas organizacionais.
Administrativamente, deve ainda enquadrar-se à parcela orçamentária que lhe for
destinada pela nação, a fim de cumprir com êxito o seu papel sem, no entanto, onerar
as necessidades das demais expressões do poder nacional.
Nessa linha de pensamento, ressalta ainda que as Forças Armadas do Brasil e
do mundo se encontram em um verdadeiro processo de evolução na área de gestão,
desencadeando ações como autoavaliação, validação e implementação de planos de
melhoria, a fim de otimizar suas funções e ações.
Por outro lado, a Instituição militar, como organização, tem suas demandas
administrativas como qualquer empresa, necessitando de uma constante estrutura,
organograma, quadro de pessoal e meios, dentre outros, o que, invariavelmente,
tende a gerar despesas.
Além disso, de acordo com Coutinho (1999), uma organização militar tem
características peculiares ao se tratar de administração. Tal fato é decorrente das
singularidades de sua destinação, a qual lhe impõe uma prontidão constante para
atuar em situações em que a expressão militar seja requerida.
Em contrapartida, mesmo em tempo de paz, um fator tem sido observado, no
meio militar, como primordial para fundamentar o cumprimento das diversas missões
atribuídas às Forças Armadas do Brasil e do mundo moderno: a coesão de equipes.
O Exército Norte Americano afirma que já está provado que uma equipe é mais
eficaz do que um indivíduo quando os membros trabalham juntos, utilizando suas
habilidades, experiências e capacidades. Alguns sinais têm a capacidade de revelar
o nível de coesão e eficiência de equipes (Quadro 1), o que permite ao líder trabalhar
em prol do desenvolvimento ou aperfeiçoamento dos vínculos entre os indivíduos do
grupo, aumentando as chances de sucesso perante as missões militares atuais (EUA,
2015).
39
Equipes
Ineficazes Eficazes
Falar com desespero em equipe.
Não ouvir algo relevante da equipe.
Deixar de cumprir a disciplina na equipe.
Competir, ao invés de cooperar.
Discutir com outros membros.
Deixar de agir ou tomar decisões.
Concentrar-se no auto interesse.
Enfatizar o que é comum entre os membros.
Manter uma visão compartilhada.
Compartilhar informações úteis.
Incentivar atividades em grupo.
Promover a união em prol do moral.
Ter apreço com os membros da equipe.
Agir sempre como uma equipe.
QUADRO 1 – Sinais de equipes ineficazes e eficazes no Exército dos EUA
Fonte: EUA (2015)
4.5 A LIDERANÇA MILITAR EM COMBATE REAL
A essência das lições aprendidas a respeito da atuação do líder em situações
de combate real se caracteriza como um conhecimento ímpar para o estudo da
liderança militar.
Assim, ao se discutir sobre o tema, nada melhor do que trazer à tona as
experiências vividas em combate, onde os níveis de estresse e tensão de toda ordem
chegaram ao extremo. Tal ato permite que as características do líder sejam
adequadamente apreciadas, uma vez que, a par de todos obstáculos vividos,
consegue-se evidenciar, com mais clareza, aspectos relevantes sobre liderança
(MARSHALL, 2003).
Sendo assim, as experiências vividas em combate pela Força Expedicionária
Brasileira (FEB), nos campos da Itália, bem como as lições aprendidas sobre a
liderança nesse contexto, se apresentam como um estudo de caso interessante para
o presente trabalho.
No contexto das análises da atuação brasileira nos campos da Itália, concluiu-
se que o homem, atuando como multiplicador de forças, caracteriza-se como maior
vetor capaz de alcançar o sucesso em batalha. Para isso, deve dominar seu
comportamento e, particularmente, o medo (CAMPELLO, 1999).
Marshall (2003) verificou em suas pesquisas que o maior inimigo do homem
durante as campanhas na 2ª Guerra Mundial não foi o sabre nem o chumbo, mas sim
o medo. Assim, diferentemente das possíveis aproximações realizadas pela literatura,
40
cinema ou dramaturgia, ele constatou que o comportamento humano em guerra revela
dimensões do comportamento individual, que são sensíveis ao desenvolvimento das
ações de liderança.
O referido autor percebeu nos relatos de guerra que os pormenores da
experiência humana de cada indivíduo exercem efeitos significativos em momentos
cruciais, tais como o de se acionar um simples gatilho, por exemplo.
Segundo Campello (1999), a maior causa de fadiga em combate ocorria em
função do medo de matar. Sua constatação encontrou fundamento na premissa de
que, na guerra, os alvos não são de papel. Pelo contrário, são seres humanos e a
sociedade tende a expurgar uma agressão sem a devida motivação. De acordo com
a percepção do autor, essa condicionante tende a entranhar-se na psiquê humana e
causar sérias limitações à iniciativa.
Conforme diz Marshall (2003), diante dessa celeuma, não foi só a ordem
superior ou a busca do reflexo condicionado, durante as sessões de instrução, que
solucionaram e otimizaram o poder de combate da tropa brasileira. Foi necessário
desenvolver, através de ações de liderança, a inteligência emocional do combatente,
convertendo, assim, o medo em confiança.
Destacou, porém, que diante de um homem que sentisse dificuldade em utilizar
o seu armamento, uma solução encontrada era sua realocação de função no emprego
das armas coletivas, pois a existência de outros homens, da própria guarnição,
facilitava a realização adequada do fogo necessário. Marshall afirma que, era preciso
ao líder, ação de comando e conhecimento pleno dos seus subordinados.
Uma outra constatação de Marshall (2003) é que, naturalmente, o homem é
gregário, gosta de companhia. No entanto, nos campos da Itália, a batalha trouxe uma
sensação de vazio bastante expressiva, totalmente diferente da instrução, onde por
mais que se buscasse a imitação do combate, o discente nunca se sentia realmente
só.
Assim, quando o “inimigo” real surgia, e consequentemente a sensação de
medo, a insegurança preponderava e elevava de importância o papel do líder como
elo fundamental à quebra da perigosa paralisia inicial dos confrontos.
Por outro lado, na percepção de Campello (1999), os soldados, durante a
guerra, mesmo depois dos batismos de fogo, acabavam impulsionados a avançar
muito mais pela presença de seus líderes e camaradas do que, simplesmente, pelas
missões recebidas.
41
O autor acredita que tal fato se dava em função de uma percepção,
disseminada na FEB, de que uma inação podia custar a vida de muitos companheiros,
o que comprova que as ações de liderança para o estabelecimento de vínculos surtiam
plenamente os efeitos desejados.
Nessa linha de raciocínio, Marshall (2003) ratificou a importância de as ações
de liderança desenvolverem o espírito de grupo e a camaradagem desde o
recrutamento, uma vez que estes atributos, em combate, realmente contribuíram para
o desempenho da tropa brasileira e foram de fundamental importância para que as
missões em campanha tivessem êxito.
Cortella (2009), sob uma outra ótica, diz que, dentre os principais fatores que
facilitam a atividade da liderança, estão a existência de um bom processo de
comunicação e a postura correta e coerente por parte do líder.
Segundo Campello (1999), isso pode ser comprovado nos campos da Itália, na
Segunda Grande Guerra, quando se constatou que o fogo inimigo tinha a capacidade
de dissolver qualquer ordem, modificar os rumos previstos de uma missão e frustrar o
contato visual entre integrantes de um determinado grupo.
Sobre tais apontamentos, Marshall (2003) afirma que o fluxo das informações
e das ligações foram imprescindíveis para o soldado brasileiro saber quem estava ao
seu redor, e se existiam outros elementos de apoio prestando-lhes o suporte
necessário durante as operações. O autor reitera que o ato do comando manter a
tropa informada e o soldado ter a consciência de que os sistemas estavam integrados,
influenciou positivamente na vontade de vencer e na coragem para agir e resistir dos
combatentes da FEB.
Por outro lado, destaca que foi importante, sobretudo ao pequeno grupo em
combate, manter informado o escalão superior sobre o seu posicionamento e seus
objetivos. A falta deste entendimento ou o blefe sobre a real situação, buscando-se
evitar censuras ou críticas imediatas, podia comprometer a coesão e todo um esforço.
Durante a atuação da FEB, muitas vezes, por falta dessa interação, pequenos
escalões em combate deixaram de conquistar objetivos decisivos para perseguir
tropas cuja destruição não trouxe qualquer vantagem decisiva na Guerra. Em que
pese os planejamentos e reconhecimentos, a linha de frente só podia ser
compreendida por quem nela estava presente, e a visita do comando era um
acréscimo essencial à força moral da tropa (MARSHALL, 2003).
42
Outro fator evidenciado como importante é o trato com o subordinado. A
lealdade dentro de uma fração aumenta quando se reconhece o valor de cada um. O
que pôde ser observado na Itália é que, quando um subalterno recebia a devida
atenção de seu comandante, informava melhor a sua real situação, sem dar voltas,
proporcionando uma maior eficiência no campo de batalha (CAMPELLO, 1999).
O autor diz que, ampliando o bom trato, a tropa se torna um verdadeiro time de
camaradas, com esforços conjugados e convergentes, multiplicando forças e
desenvolvendo atributos como a correta iniciativa, que faz o homem sair de seu abrigo,
cobrir a progressão do companheiro e avançar sobre o inimigo.
Tais assertivas reforçam o pensamento de Pontes (2008): o homem deve ser
considerado em sua complexidade como um ser que pensa, reflete, produz ideias
novas, sendo capaz também de provocar mudanças, as quais podem ser para melhor
ou pior. Tudo depende do seu estado de motivação, mas principalmente da forma de
como ele é tratado.
No que tange a figura do líder, Marshall (2003) acredita não haver sucesso
sem ação de comando; assim como afiança ser o medo contagioso tanto quanto a
coragem. Dessa forma, vê um homem com autodomínio como um fator que impulsiona
a todos, qualidade que, na guerra, juntamente com o exemplo e a honra pessoal,
foram e ainda são os pilares fundamentais para se atingir a vitória.
Por todo exposto, verifica-se que a atuação militar em combate, em particular
durante as ações da Força Expedicionária Brasileira, na Itália, foi capaz de trazer à
tona aspectos fundamentais sobre o fator liderança sob condições extremas, as quais
só o combate real é capaz de oferecer.
5 A LIDERANÇA EMPRESARIAL
O conceito de liderança pode variar de um autor para outro, e ainda, dentro das
organizações empresariais, podem ter alguns significados diferentes. Constata-se
que, a maior parte dos escritores conceituam liderança como um processo de
influência de um indivíduo sobre outro ou sobre um grupo, com vistas à realização de
objetivos em uma situação dada (BERGAMINI, 1994).
No que tange ao meio empresarial, segundo Pontes (2008), o líder
contemporâneo, mesmo enfrentando novos desafios, deve buscar conhecer
profundamente cada integrante do seu grupo de trabalho, a fim de instigá-los ao
43
constante melhoramento e, ao mesmo tempo, evitar conflitos, desestímulos e jogos
de poder que, juntos, podem levar uma empresa à falência.
Até meados de 1940, deu-se valor à teoria sobre liderança baseada na ideia de
que o líder era possuidor de certas características que o tornavam mais apto para
conduzir um determinado grupo para a execução de tarefas, ao passo que, aos
demais, cabia o papel de seguidores (ALBUQUERQUE, 2003).
Segundo Bergamini (2002), a partir do final da 2ª Grande Guerra e seus efeitos,
o mundo passou a ter uma necessidade maior de forjar novos líderes, uma vez que a
obtenção e o aproveitamento da mão de obra disponível, nesse período, tornaram-se
tarefas críticas.
Mesmo assim, até a década de 60, a figura do simples chefe, que se limitava a
manter a gerência sobre os funcionários e exercer controles mecânicos nas
instalações de trabalho, marcou a passagem e evolução de diversas empresas. Já a
partir do final da década de 80, as corporações passaram a necessitar de uma maior
contribuição técnica e intelectual de seus funcionários, em virtude do aumento dos
níveis de competitividade e concorrência (MARQUES,2010).
Atualmente, o ramo empresarial apresenta características específicas que
exigem cada vez mais dos seus recursos humanos.
5.1 CARACTERÍSTICAS DA ATIVIDADE EMPRESARIAL
Enquanto no passado as empresas norteavam suas características a fim de
alcançarem o sucesso priorizando ativos tangíveis, atualmente o êxito empresarial
tem ligação ampla com ativos considerados intangíveis, ou seja, fatores não materiais
que geram riqueza ao contribuírem com o desempenho de uma determinada
organização (SVEIBY, 1998). O conhecimento, a fidelização de clientes, a
confiabilidade na proposta apresentada e a força de uma imagem positiva, são
exemplos desse tipo de ativo.
De acordo com Nakamura (2001), nos tempos atuais, a fim de estarem em
condições de sobreviver à alta competitividade, as organizações possuem ou devem
possuir características fundamentais para o alcance de suas metas organizacionais e
objetivos pré-estabelecidos.
Nesse contexto, um item importante é a capacidade de adotar uma gestão
orientada à manutenção de uma relação de longo prazo com os clientes. Para tal canal
44
de comunicação, a qualidade do atendimento pós-venda, a velocidade de entrega e,
principalmente, a qualidade dos produtos oferecidos serão fundamentais.
Outro aspecto essencial apontado pelo autor, nesta nova era, é a capacidade
de uma empresa desenvolver vínculos de confiança e fidelidade entre seus clientes e
seus produtos ou marcas. Vale destacar que, esses vínculos tendem a se fortalecer,
à medida que os anseios do usuário final vão sendo atendidos de forma cada vez mais
satisfatória.
Segundo Crawford (1994), a possibilidade de usar de forma inteligente e
racional os recursos computacionais e de telecomunicações modernos é uma outra
característica imprescindível às atuais empresas. Uma organização incapaz de
armazenar e processar dados de forma rápida, flexível e eficiente, não reúne as
condições mínimas de sobreviver no mercado.
O autor destaca como um atributo ímpar observado nas empresas de hoje, o
grande foco que é dado ao conhecimento. Diferentemente do passado, atualmente o
meio empresarial prima pelo capital intelectual. Nesse sentido, verifica-se o valor que
tem sido dispensado às pessoas com capacidade cognitiva ou que se tornam aptas a
desenvolverem um auto aprendizado que se alinha com a visão estratégica das
organizações das quais fazem parte.
Para Drucker (1992), a receptividade à inovação é outra peculiaridade típica
das organizações empreendedoras atuais. Diante do mundo contemporâneo, as
empresas têm se mostrado quase sempre predispostas a encarar novas mudanças
como desafios e oportunidades, e não mais como uma ameaça, como ocorria no
passado.
Segundo o autor em pauta, o constante acompanhamento do desempenho
tem se conformado também como outra característica presente nas empresas de hoje.
Para tanto, diversos processos avaliativos têm sido desenvolvidos e aprimorados
constantemente, a fim de gerar aprendizado que otimize resultados.
De acordo com Nakamura (2001), esse conjunto de propriedades ora
discutidas, conduz a um outro fator essencial no meio empresarial: a eficiência
operacional. É através dela que todo o ciclo produtivo passa a ter condições de
alcançar os objetivos de curto, médio e longo prazo, traçados pelos diversos níveis
organizacionais.
Boog (1991) afirma ainda que a flexibilidade, a inovação, a ênfase no
trabalho em grupo, a capacidade de delegação e autonomia, decisões consensuais,
45
a lealdade à empresa, a existência de gerentes com habilidades técnicas, humanas e
conceituais e a importância dada aos resultados como forma de se atingir a eficácia
(Quadro 2) são itens de grande valor que também devem existir no meio empresarial.
Porém, o referido autor destaca em seus estudos que, de uma forma geral,
verifica-se ainda no mundo, que algumas empresas possuem um conjunto de
características bem diferentes das desejáveis às empresas modernas. Tal situação
demonstra a dificuldade existente em determinadas organizações no que tange a
quebrar paradigmas, mudar atitudes e acompanhar a evolução.
SITUAÇÃO ENCONTRADA
SITUAÇÃO DESEJÁVEL
● Rigidez organizacional
● Tradição
● Ênfase na hierarquia
● Centralização no topo
● Decisões individuais
● Lealdade a seu departamento
● Gerentes com ênfase em habilidades
técnicas
● Importância às atividades (eficiência)
● Flexibilidade
● Inovação
● Ênfase no trabalho em grupo
● Delegação e autonomia
● Decisões consensuais
● Lealdade à empresa como um todo
● Gerentes com habilidades técnicas,
humanas e conceituais
● Importância aos resultados (eficácia)
QUADRO 2 – Características encontradas e desejáveis atualmente nas empresas
Fonte: BOOG, Gustavo G.
Nesse contexto, fica evidente o valor da liderança no processo de
transformação para a situação desejável dentro das empresas. O líder tem se
mostrado um verdadeiro catalizador das mudanças para que as empresas adquiram
as competências necessárias ao sucesso. Para tanto, deverá possuir ou desenvolver
habilidades específicas que lhe permitirá desempenhar seu papel de forma
satisfatória, principalmente no que concerne a otimização de resultados, através da
condução correta dos recursos humanos nas organizações.
46
5.2 HABILIDADES DO LÍDER EMPRESARIAL
Marques (2010), apoiado pela concepção de Stogdill e Mann, citados por
Bergamini (1994), ressuscita em suas pesquisas a questão da teoria dos traços, na
qual líderes empresariais deveriam possuir certas habilidades, facilitadoras no
desempenho do seu papel de liderança.
Nessa linha de raciocínio, Levek (2002) evidencia as principais habilidades
necessárias ao líder contemporâneo, no que se refere às atividades empresariais.
Segundo a autora, habilidades como visão, comprometimento, comunicação,
integridade, realidade e intuição são indispensáveis ao ato de liderar nas atuais
organizações. Cada uma das habilidades citadas é trabalhada e esmiuçada a fim de
trazer à tona os principais elementos necessários ao líder diante dos novos desafios
do mundo moderno.
Segundo Covey (2004), o líder nas empresas deve ter uma capacidade de
enxergar situações e objetivos de uma forma diferenciada. Alega que, em detrimento
ao ato de visualizar apenas os métodos a serem empregados para se alcançar
determinado objetivo, o líder deve analisar o melhor modo de se conseguir alcançar
as metas estabelecidas.
Chiavenato e Sapiro (2010) concluem que o líder deve buscar enxergar a
organização em níveis mais altos, criando uma capacidade de visualização a longo
prazo, que embasará suas estratégias de motivação em relação aos liderados.
Já o comprometimento tem uma relação estreita com as metas a serem alçadas
nas empresas. É através dele que se consegue gerar a confiança necessária, o poder
adequado e a devida responsabilidade que irão delinear o alcance dos objetivos
propostos (LEVEK, 2002).
Balci (2003) ratifica tais apontamentos alegando existir uma proporcionalidade
direta entre os níveis de comprometimento, de produtividade, de lealdade, de
responsabilidade e de satisfação dos funcionários com a organização da qual fazem
parte. Tal fato resulta inclusive em redução de custos nas empresas atuais.
Para Bahia (1995), a comunicação é uma outra habilidade importante ao líder
empresarial. Dentre as suas diversas funcionalidades, o autor destaca o seu grande
valor como ferramenta no que se refere à direção do público interno e externo. Avisos,
reuniões, regulamentos internos e, principalmente, a interação interpessoal são
47
algumas formas frequentes nas empresas onde o referido processo é posto em
prática.
Constata-se, assim, a grande importância do papel do líder como comunicador
nas empresas. De acordo com Levek (2002), é dele o papel de retransmitir de forma
firme e envolvente os valores da organização na qual está inserido. Para tanto, deverá
prezar pela clareza, por estabelecer vínculos de confiança e por promover um clima
constante de cooperação.
Levek (2002) diz ainda que, inserido nesse processo, uma outra habilidade
interessante ao líder é a capacidade de dar e receber feedbacks coerentes com o
objetivo final de manter, de forma franca e transparente, o grupo de liderados
adequadamente informados.
Nesse sentido, Daniel Goleman (2001) afirma que:
O feedback consiste no intercâmbio de informação sobre o funcionamento de parte de um sistema, já que uma parte interage com as demais, de tal modo que, quando uma delas entra em desarmonia com o todo, deva ser reajustada. Numa empresa, todos fazem parte de um sistema e, neste caso, o feedback é a possibilidade de evitar a entropia – a troca de informação permite que as pessoas saibam que seus respectivos trabalhos estão sendo bem executados, que precisam aprimorá-los, melhorar ou reformular totalmente. Sem feedback, as pessoas ficam no escuro.
Chiavenato e Sapiro (2010) chamam a atenção para uma outra habilidade de
grande valor ao líder nas organizações: a capacidade de manter-se sempre íntegro.
Conforme apontam, sem uma inquestionável integridade, o líder perde a confiança
das pessoas, desencadeando um conjunto de consequências negativas e
comprometedoras.
Bennis (1996) acresce, também, que além de se manter sempre íntegro, um
líder nas empresas deve desenvolver a habilidade de conhecer com exatidão a
realidade exterior que o cerca. Dessa forma, reunirá as condições necessárias para
avaliar e se preparar para as influências que o ambiente externo pode exercer sobre
sua equipe de atuação e sobre sua organização.
Por fim, segundo Meneghetti (2008), a intuição é também uma habilidade que
distingue o líder dos demais. Caracteriza-se pela capacidade intrínseca de
desencadear um flash de inteligência em locais e momentos oportunos que lhe
permitem visualizar a melhor ação a ser tomada. Tal capacidade otimiza suas
decisões em relação aos liderados e a empresa que o integra.
48
Dessa forma, amparado por um conjunto extenso de habilidades necessárias e
desejáveis, o líder empresarial passa a ter condições de optar e colocar em prática
um determinado estilo de liderança, que melhor facilitará suas ações diante do
contexto que o cerca.
5.3 ESTILOS DE LIDERANÇA EMPRESARIAL
As teorias que estudam a interação entre o líder e seus colaboradores nas
organizações dão conformação aos chamados estilos de liderança empresarial.
Vocacionados a atender ao mundo das corporações, autores como Chiavenato
(1994), Adair (1992), Blanchard, Zigarmi e Zigarmi (1986) têm buscado conceituar os
principais estilos de liderança empresarial.
Dentro desse contexto, Levek (2002) e Marques (2010), apoiados pela teoria
que trata sobre a liderança situacional nas empresas, de Hersey e Kenneth Blanchard
(1986), apresentam discussões interessantes que ressaltam a necessidade de o líder
ajustar seu estilo de liderança de acordo com as demandas do ambiente que o rodeia.
De acordo com Levek (2002), se levanta um novo conceito de condução de
equipes de trabalho, denominadas de equipes autogerenciadas. Sob esse prisma, o
líder deve buscar desenvolver as competências necessárias em sua equipe de
trabalho para promover um trabalho conjunto, contínuo e que envolva a todos no
processo, criando uma identidade única do grupo com os objetivos a serem
alcançados.
A participação do líder e a evolução desse processo de criação de equipes
autogerenciadas, nas empresas atuais, são delineados por 4 (quatro) fases: a fase da
estrutura tradicional (1ª fase), a fase do líder no centro da equipe (2ª fase), a fase da
transição (3ª fase) e a fase da parceria (4ª fase) ( LEVEK, 2002).
Sob essa ótica, todo o processo tende a configurar-se como um estilo de
liderança, novo e peculiar, que tem como cerne alcançar a transformação do perfil do
grupo de trabalho, no qual os liderados encontram-se inseridos. No entanto, para que
a transformação esperada seja exitosa, deve-se ter como objetivo final a
incrementação de novas competências, tais como o desenvolvimento de uma maior
sinergia entre o líder e os liderados e a transmissão adequada de responsabilidades
intragrupo, sem qualquer dificuldade ou solução de continuidade.
49
FIGURA 5 – Primeira Fase: estrutura tradicional
Fonte: LEVEK, 2002.
Nesta primeira fase (Figura 5), verifica-se que o ambiente é desprovido de
energização (empowerment). O líder situa-se acima do grupo de trabalho e
separadamente dele.
FIGURA 6 – Segunda Fase: o líder no centro
Fonte: LEVEK, 2002.
Na segunda fase (Figura 6), as informações passam pelo líder, que também
serve de canal de comunicação entre a alta direção e o grupo. Existe ainda uma clara
distinção entre o que o líder faz e o que as outras pessoas fazem.
50
FIGURA 7 – Terceira Fase: transição
Fonte: LEVEK, 2002.
Já na fase 3, que é a transição (Figura 7), o líder delega autoridade para a
tomada de decisão sobre atividades básicas. Alguns membros do grupo passam a
assumir responsabilidades que tradicionalmente eram do líder.
FIGURA 8 – Quarta Fase: parceria
Fonte: LEVEK, 2002.
Por fim, na última etapa (Figura 8), o líder torna-se um parceiro do grupo, que
passa a decidir sobre como executar seu trabalho e a assumir responsabilidades e
decisões que tradicionalmente eram do líder, aumentando a energização do grupo.
51
Sob uma outra ótica e partindo-se do pressuposto que a liderança pode se
manifestar sob as formas direta e indireta, chega-se à conclusão de que o líder pode
assumir papel diferenciado no que se refere a sua aplicação.
De acordo com Kladis e Freitas (1996), a tomada de uma decisão é, em grande
parte, determinada pelo estilo de comando ou gerencial que um líder se propõe a
executar perante seus subordinados.
Segundo Chiavenato (1999), no meio empresarial, três estilos de liderança são
os mais estudados ao longo da história: a liderança autocrática, a liderança liberal e a
liderança democrática. O referido autor enfatiza que, na prática, os três estilos de
liderança podem ser aplicados distintamente, dependendo da situação, do grupo e
das atividades a serem executadas. Além disso, ressalta que o estilo do líder
dependerá das características intrínsecas ao grupo a ser liderado.
Na liderança autocrática, cabe ao líder emitir ordens, estabelecer diretrizes e
determinar a execução de atividades sem a participação dos seus liderados. O líder
assume uma posição de domínio e essencialmente diretiva, não abrindo espaço para
opiniões e sugestões individuais (CHIAVENATO, 1999).
Para Fachada (2003), nesse estilo de liderar, devido ao espírito centralizador e
sempre em evidência do líder, o trabalho só se desenvolve na presença deste, visto
que, quando o mesmo se ausenta, o grupo produz pouco e tende a indisciplinar-se, o
que acaba por produzir uma maior quantidade de trabalho.
Segundo Banov (2008):
O líder autoritário tem uma postura altamente diretiva, só impulsionada pelas realizações de tarefas, onde as mesmas são planejadas por técnicas sem deixar espaço para a criatividade e a participação do grupo liderado, tornando-os assim, essencialmente frustrados e, consequentemente, favorecendo um lugar de trabalho propício à tensão, ao stress e à desmotivação do liderado.
Por outro lado, na liderança liberal, conhecida como Laissez-Faire, não existe
respeito pelo líder e por suas decisões. Cabe inteiramente ao grupo a liberdade para
decidir sobre questões de grande importância, inclusive sem a participação do líder, a
quem compete unicamente realizar apontamentos irregulares, quando questionado
(CHIAVENATO, 1999).
Nesse estilo de liderança, o produto do trabalho não tende a ser satisfatório,
uma vez que os indivíduos que integram o grupo, sem a presença e autoridade de um
52
guia de confiança, tendem a perder muito tempo com pautas e diferenças
essencialmente pessoais (FACHADA, 2003).
Para Chiavenato (2004), este estilo de liderança deve ser empregado tão
somente em grupos possuidores de alta maturidade e responsabilidade, sendo capaz
de provocar a iniciativa e a criatividade, além de proporcionar aos integrantes do grupo
o sentimento de pertencimento e importância na organização. No entanto, salienta
também a possibilidade da grande perda de tempo e baixa produtividade em virtude
de problemas pessoais.
Já a liderança democrática é alicerçada por uma postura do líder que instiga o
debate entre o grupo de colaboradores, a fim de que estes esbocem atitudes e
procedimentos que alinhem esforços em prol de se atingir os objetivos propostos
perante uma situação – problema (CHIAVENATO, 1999).
De acordo com Fachada (2003) e Chiavenato (2004), este estilo de liderar
promove um ambiente de trabalho salutar e de boa comunicação entre o grupo, o que,
por consequência, incentiva a consecução de uma postura de trabalho segura e de
qualidade, independente dos momentos de ausência do líder.
5.4 A FIGURA DO COACH
A origem do termo Coach remonta ao passado, sendo relacionado inicialmente
ao transporte, mais precisamente a um tipo específico de carruagem e seu condutor,
que surgiram na Hungria entre os séculos XV e XVI. Foi posteriormente associado
ainda a treinadores da área esportiva (COX, BACHKIROVA & CLUTTERBUCK, 2014).
De qualquer forma, a ligação do termo com os elementos supracitados encontra
fundamento na capacidade que determinados indivíduos possuem em conduzir outras
pessoas, com sucesso, a lugares ou objetivos específicos (MILARÉ & YOSHIDA,
2007).
Para Grant (2005):
Coaching pode ser compreendido como uma metodologia genérica usada para aprimorar as habilidades e desempenho, assim como o desenvolvimento de indivíduos. É um processo sistematizado no qual indivíduos são ajudados a explorar seus problemas, estabelecer metas, desenvolver planos de ação e agir, monitorar e avaliar seu desempenho de forma a melhor alcançar suas metas.
53
Killburg (1996) afirma que a figura do Coach seria o indivíduo com o qual outras
pessoas da organização se relacionam, comprometendo-se a fim de buscar uma
transformação com objetivo de obter sucesso em suas ações funcionais e
indiretamente pessoais.
Já Chiavenato (2002) relembra que, todo coach pode se transformar em um
líder, mas que a recíproca nem sempre é verdadeira. Segundo o autor, o coach
ultrapassa a capacidade de incentivo, comunicação e motivação do líder em prol de
uma performance mais eficiente. Ele vai além, busca descobrir e desenvolver
competências, preparar intelectualmente e orientar até que se atinjam os resultados.
Por outro lado, segundo Diniz (2007), quando o líder assume o papel de coach,
as vantagens para as empresas e organizações são inúmeras. Na mesma proporção,
aspectos como confiança e respeito assumem níveis de importância ainda maiores.
Levek (2002) entende o ato Coaching como sendo o de preparar o indivíduo
para a elaboração de um autodiagnóstico e aprimoramento das suas capacidades de
raciocínio e análise, a fim de tornar-se capaz de solucionar, eficientemente, problemas
de toda ordem.
Além de esclarecer o referido termo, a autora deixa, ainda, sua visão sobre a
figura do líder como coach nas atividades empresariais. Ela aponta que, nesse papel
duplo, as funções primordiais em relação aos indivíduos que o cercam são: extrair o
melhor potencial de cada um, incentivar o autodesenvolvimento, ter a capacidade de
ouvir e ensinar, compartilhar responsabilidades, orientar e saber reter talentos
identificados.
Milaré & Yoshida (2007) destacam ainda a capacidade do Coach ser usado nas
empresas para formar e otimizar o potencial de outros líderes. Nessa vertente,
afirmam que na essência do coaching está a capacidade de promover a
transformação do aprendizado não só em resultados individuais, mas também em
ferramentas positivas para equipes a serem lideradas.
Krausz (2007) afirma que, o processo coaching tem se materializado como uma
ferramenta gerencial no campo da liderança empresarial, e vem se mostrando capaz
de se adequar aos novos desafios do mercado. Graças à sua capacidade de criação
de novas perspectivas, conhecimentos e habilidades no ambiente de trabalho, essa
ferramenta tem amparado ações positivas e casos de liderança empresarial que
merecem destaque.
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5.5 CASOS REAIS DE LIDERANÇA EMPRESARIAL
Buscou-se relatar no presente estudo, casos conhecidos envolvendo empresas
de grande porte e alcance internacional, que devido à representatividade que mantém
como organização, induziram ao conhecimento público as situações e deduções aqui
apresentadas. No entanto, deve-se registrar que tais situações ocorrem não só nas
grandes e conhecidas corporações, mas também nas pequenas e médias empresas
e em qualquer um dos níveis de liderança já abordados.
Para Mintzberg (1998), um caso real e interessante de liderança empresarial é
o da empresa Starbucks. Constituída inicialmente por 6 lojas e 100 funcionários, em
1987, passou a possuir 2.498 lojas (363 franqueadas) e 35.620 funcionários até o final
de 1999. Além disso, a referida empresa, atualmente, encontra-se em diversas partes
do mundo como Brasil, América do Norte, Reino Unido, Japão e outros.
Por trás desse grande crescimento, encontra-se a figura de Howard Schultz,
um grande líder e executivo que buscou priorizar suas ações de liderança zelando,
constantemente, por seus subordinados e partindo da premissa de que são eles o elo
fundamental entre a organização e os clientes (SCHULTZ E YANG, 1997;
STARBUCKS,1997).
Já Ross (1999) aponta uma dupla de executivos, da década de 90, que se
configura como símbolo de destaque nos casos de liderança empresarial. O autor se
refere a Jack Welch e Robert Goizueta, executivos respectivamente das empresas
General Eletric e Coca-Cola.
Segundo o pesquisador supracitado, graças a esses dois indivíduos, as
empresas em pauta alternaram-se, por anos, entre o primeiro e segundo lugares no
ranking de VAM (Valores Adicionados ao Mercado) mundial.
De acordo com Ross (1999), os empresários, através da liderança, buscaram
minimizar a carga burocrática que inibia o ímpeto de criatividade e inovação dos
subordinados, além de buscarem se antecipar ao futuro, não aguardando o processo
de evolução normal.
Tais ações permitiram que a General Eletric e a Coca-Cola obtivessem
retornos, em média, 24% acima do esperado, permitindo que essas empresas se
solidificassem no mercado e se preparassem para o futuro atual (MORRIS, 1995).
Kotter (1997) destaca um outro caso real de liderança empresarial: o da
empresa Matsushita Eletric, antiga Panasonic, fundada por Konosuke Matsushita. A
55
referida empresa atingiu o patamar de US$ 49,5 bilhões em crescimento de receita, o
maior aumento do século 20 no mundo empresarial.
Segundo o autor, Konosuke Matsushita foi um líder capaz de influenciar e fazer
seus subordinados acreditarem na importância dos objetivos da organização. Dessa
forma, conseguiu conjugar esforços a fim de criar produtos com um valor agregado
maior do que o esperado pelos clientes, o que acabou por gerar grandes lucros para
a empresa.
Já a empresa Walmart, sob a direção de Sam Walton, também é um caso de
liderança empresarial que merece destaque. Graças às ações de liderança
empreendidas a fim de melhorar a qualidade de vida de clientes e colaboradores, a
multinacional obteve uma valorização de mercado de aproximadamente 50 bilhões de
dólares, no início da década de 90 (WALTON e HUEY, 1992).
Em contrapartida, quando foi dirigida por David Glass, em 1996, a empresa
Walmart registrou uma desvalorização de cerca de 30 bilhões de dólares em relação
ao patrimônio de ações. O episódio demonstra que os atos, a forma e a capacidade
de liderar variam de um indivíduo para outro, trazendo reflexos a toda organização.
De uma maneira geral, ao se buscar casos reais de liderança empresarial,
percebe-se, com clareza, que o esforço de um líder em alcançar os objetivos
influenciando e comprometendo os liderados com a sua causa, tem se caracterizado
como experiências de sucesso nas grandes empresas (WALTON e HUEY, 1992).
Essa capacidade de líder, combinada com o investimento estratégico voltado a
setores específicos como funcionários, equipamentos, promoção, pesquisa e
desenvolvimento, têm se materializado como a grande fórmula do sucesso no mundo
empresarial moderno.
6 CONCLUSÃO
Diante da pesquisa realizada, podem-se concluir algumas proposições sobre
liderança militar e empresarial.
Inicialmente, quando se defronta as características da profissão militar com as
da atividade empresarial, percebe-se, com clareza, diferenças que acabam por
delinear singularidades que influenciam no desenvolvimento da liderança.
O líder militar precisa saber enfrentar a árdua missão das Forças Armadas e
suas particularidades, além de preparar homens para o emprego em uma possível
56
guerra. Ou seja, um dos seus maiores desafios é saber lidar com situações de grande
pressão e com riscos de se perder vidas. E o que deve ser lembrado, é que toda essa
situação se reveste, única e exclusivamente, pelo amor à Pátria, pelos idealismos de
uma Nação e defesa de seu País.
Já no meio empresarial, quando se fala de sua principal finalidade, os objetivos
do líder são bastante opostos. O propósito maior é atingir o lucro e a consequente
sobrevivência econômica, visto que o mercado está cada vez mais acirrado e
disputado, não deixando brechas para fraquezas, principalmente por parte de seus
dirigentes.
Outras particularidades que podem ser observadas em uma organização
militar, e que dificilmente ocorrem no meio empresarial, são a aptidão e a prontidão
operativa para atuar em momentos de crise e de acordo com sua destinação
constitucional; o constante controle de recursos humanos; e a possibilidade de
grandes perdas humanas.
Ao se realizar o presente estudo, mais uma diferença que ficou notória refere-
se à disciplina do líder militar, aos seus princípios e valores, os quais são alicerces
básicos da sua formação e de suas ações. No meio empresarial, no entanto, diante
de um mercado bastante competitivo, ficam evidentes as diferenças consideráveis
entre o posicionamento de corporações, no que se refere a importância dada à
questão da ética, dos princípios, valores e da responsabilidade social.
Por outro lado, para que seja considerado um grande líder, algumas
competências e habilidades são necessárias. No meio militar, o líder deve possuir
coragem moral que o possibilite se manter fiel aos seus princípios e convicções, uma
vez que o seu caráter tende a prevalecer perante a concessão. Já no meio
empresarial, em vista do lucro e da sobrevivência no mercado, nem sempre é o que
acontece.
Em determinadas situações, observa-se uma falta de integridade por parte de
líderes empresariais. Tal fato tem sido motivo da perda de confiança e do consequente
desencadeamento de um conjunto de aspectos negativos, que chegam a
comprometer toda uma organização.
No entanto, não foram somente observadas diferenças entre os líderes militar
e empresarial. Também foi possível notar semelhanças entre os mesmos, como a
capacidade de se desenvolver grupos e equipes de trabalho autogerenciadas, algo
inovador e moderno nas empresas.
57
No meio militar, esse poder de autogerenciamento de pequenas frações não é
algo novo, tendo sido, inclusive, essencial durante a 2ª Guerra Mundial, nas inúmeras
situações em que se fez necessário que o líder e/ou seus subordinados tivessem a
iniciativa para superar difíceis obstáculos durante a campanha.
Seguindo esse contexto, outra semelhança marcante é a questão da gestão
administrativa. A Instituição militar, como organização, tem suas demandas
administrativas como qualquer empresa em termos de estrutura, meios e pessoal.
Dessa forma, para desenvolver suas atividades, a fim de atingir seus objetivos, o
ambiente militar deve ser capaz de realizar previsões e estabelecer metas
organizacionais.
Ao se confrontar casos reais de liderança militar com os de liderança
empresarial, constatam-se, ainda, grandes semelhanças, particularmente no que se
refere às ações do líder. Em ambos, o sucesso almejado tem sempre como ponto de
partida a atuação eficaz de um líder preparado para entender o comportamento
humano e usar o homem certo no local e na hora certa.
Vale ressaltar que o respeito, a forma de se tratar as pessoas, a valorização
das qualidades de cada indivíduo, o trabalho em equipe, o incentivo à criatividade,
dentre outros, são ações de liderança que têm se mostrado vencedoras desde a
preparação e ações no campo de batalha, até as atividades corriqueiras nas
instalações e repartições de uma grande empresa.
Uma das conclusões observadas ao se realizar o presente trabalho é que,
espera-se de qualquer líder a capacidade de atuar em cenários diversos, em que haja
ordem ou o caos, e que este saiba agir adequadamente em ambas as situações,
possuindo múltiplas habilidades, tanto de natureza comportamental quanto técnica,
que lhe permita lidar adequadamente com essas ambiguidades.
No que se refere às oportunidades, o meio militar, com sua tradição, formação
moral, cognitiva e afetiva pode fornecer interações por meio de cursos e estágios nos
quais, com as devidas adaptações, a fim de atender à liderança operacional de uma
empresa civil, pode ensejar o desenvolvimento de posturas e relações mais sólidas,
refletindo em ganhos de produtividade.
Em contrapartida, a ausência da concorrência de mercado e vinculação aos
meios legais que regem a administração pública, à qual o meio militar está
subordinado, torna a “empresa” militar restrita e lenta em determinadas situações, o
que pode comprometer o desenvolvimento da sua atividade fim. Nesse ponto, a
58
interação dessa Instituição com o meio empresarial pode tornar acessível ao meio
militar as poderosas ferramentas da administração, que muito tem a somar.
Quanto aos desafios, tanto o meio militar quanto o empresarial devem manter
o desenvolvimento de suas lideranças em condições de acompanhar e fazer frente à
instabilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade que o mundo de hoje
constantemente tem exigido de todas as expressões do Poder Nacional, seja na paz
ou na guerra.
Por fim, em que pese os constantes avanços do mundo moderno, o fator
liderança continuará sendo o fiel da balança a permitir que, tanto no meio militar
quanto no meio empresarial, o adequado uso do fator humano permita que os
objetivos propostos sejam plenamente alcançados.
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