a leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa...

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A leitura do mundo A leitura do mundo precede a leitura da precede a leitura da palavra, daí que a palavra, daí que a posterior leitura posterior leitura desta não possa desta não possa prescindir da prescindir da continuidade da continuidade da leitura daquele. leitura daquele. Linguagem e realidade Linguagem e realidade se prendem se prendem dinamicamente. dinamicamente. Paulo Paulo Freire Freire

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Page 1: A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e

A leitura do mundo A leitura do mundo precede a leitura da precede a leitura da palavra, daí que a palavra, daí que a posterior leitura desta posterior leitura desta não possa prescindir da não possa prescindir da continuidade da leitura continuidade da leitura daquele. Linguagem e daquele. Linguagem e realidade se prendem realidade se prendem dinamicamente.dinamicamente.

Paulo FreirePaulo Freire

Page 2: A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e

O que mais preocupa não é o O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem-desonestos, nem dos sem-caráter, nem dos sem-ética.caráter, nem dos sem-ética. O que mais preocupa é o O que mais preocupa é o silêncio dos bons! silêncio dos bons!

Martin Luther KingMartin Luther King

Page 3: A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e

A escola depende, mais que de leis, mais A escola depende, mais que de leis, mais que do aluno, mais que da própria família que do aluno, mais que da própria família deste, de um elemento capaz de modificar deste, de um elemento capaz de modificar todos estes pela sua ação consciente, pela todos estes pela sua ação consciente, pela sua visão geral da vida, pela sua sua visão geral da vida, pela sua disposição de constante devotamento a disposição de constante devotamento a um ideal, ainda sabendo-o de realização um ideal, ainda sabendo-o de realização tardia, sentindo-o cumprir-se muito depois tardia, sentindo-o cumprir-se muito depois da sua ansiedade e do seu labor. A escola da sua ansiedade e do seu labor. A escola depende, antes de tudo, do mestre. depende, antes de tudo, do mestre.

Cecília Meireles, Cecília Meireles, 19301930

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A intersubjetividade ou a intercomunicação é a A intersubjetividade ou a intercomunicação é a característica primordial deste mundo cultural característica primordial deste mundo cultural e histórico. Daí que a função gnosiológica não e histórico. Daí que a função gnosiológica não possa ficar reduzida à simples relação do possa ficar reduzida à simples relação do sujeito cognoscente com o objeto cognoscível. sujeito cognoscente com o objeto cognoscível.

Sem a relação comunicativa entre sujeitos Sem a relação comunicativa entre sujeitos cognoscentes em torno do objeto cognoscível cognoscentes em torno do objeto cognoscível desapareceria o ato cognoscitivo. (...) desapareceria o ato cognoscitivo. (...)

Esta é a razão pela qual (...) uma relação Esta é a razão pela qual (...) uma relação constituinte fundamental e indispensável ao constituinte fundamental e indispensável ao ato de conhecimento é a relação dialógica. A ato de conhecimento é a relação dialógica. A educação é comunicação, é diálogo. educação é comunicação, é diálogo.

Paulo FreirePaulo Freire ((Extensão ou Comunicação?Extensão ou Comunicação?))

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As ilusões nunca são perdidas. Elas significam o As ilusões nunca são perdidas. Elas significam o que há de melhor na vida dos homens e dos que há de melhor na vida dos homens e dos povos. povos.

Perdidos são os cépticos que escondem sob uma Perdidos são os cépticos que escondem sob uma ironia fácil a sua impotência para ironia fácil a sua impotência para compreender e agir.compreender e agir.

Perdidos são aqueles períodos da história em Perdidos são aqueles períodos da história em que os melhores, gastos e cansados, se que os melhores, gastos e cansados, se retiram da luta, sem enxergarem no horizonte retiram da luta, sem enxergarem no horizonte nada a que se entreguem, caída uma sombra nada a que se entreguem, caída uma sombra uniforme sobre o pântano estéril da vida sem uniforme sobre o pântano estéril da vida sem formas. formas.

Bento de Jesus Bento de Jesus CaraçaCaraça

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Ninguém educa Ninguém educa ninguém, como ninguém, como tampouco ninguém tampouco ninguém se educa a si se educa a si mesmo: os homens mesmo: os homens se educam em se educam em comunhão, comunhão, mediatizados pelo mediatizados pelo mundo. mundo.

Paulo FreirePaulo Freire[[Pedagogia do Oprimido, Pedagogia do Oprimido, p. 79]p. 79]

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No sabemos lo que nos No sabemos lo que nos pasa y eso es lo que pasa.pasa y eso es lo que pasa.

Ortega y Ortega y GassetGasset

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O insuportável não é a dor, mas a falta de O insuportável não é a dor, mas a falta de sentido da dor, mais ainda, a dor da falta de sentido da dor, mais ainda, a dor da falta de sentido. sentido. Oswaldo Giacoia JuniorOswaldo Giacoia Junior

Page 9: A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e

——O estrangeiro: Caro amigo, ousar separar tudo O estrangeiro: Caro amigo, ousar separar tudo de tudo é uma coisa, não somente discordante, de tudo é uma coisa, não somente discordante, mas desconhecer as Musas e a filosofia.mas desconhecer as Musas e a filosofia.

——Teeteto: Por quê?Teeteto: Por quê?——O estrangeiro: A mais radical maneira de O estrangeiro: A mais radical maneira de

aniquilar nossa argumentação consiste em aniquilar nossa argumentação consiste em separar cada coisa de todas as outras, porque a separar cada coisa de todas as outras, porque a razão nos vem da ligação mútua entre as razão nos vem da ligação mútua entre as figuras.figuras.

PlatãoPlatão

Page 10: A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e

O fato de adquirir autoridade por meio do estudo O fato de adquirir autoridade por meio do estudo deu-me uma terrível responsabilidade políticadeu-me uma terrível responsabilidade política

Albert EinsteinAlbert Einstein

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Parece-me importante dizer da impossibilidade, em todos os tempos, de termos tido e de termos uma prática educativa sem conteúdo, quer dizer, sem objeto de conhecimento a ser ensinado pelo educador e apreendido, para poder ser aprendido pelo educando.

E isto precisamente porque a prática educativa é naturalmente gnosiológica.

Paulo Freire

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A segurança com que a autoridade docente se A segurança com que a autoridade docente se move implica uma outra, a que se funda na sua move implica uma outra, a que se funda na sua competência profissional. competência profissional.

Nenhuma autoridade docente se exerce ausente Nenhuma autoridade docente se exerce ausente desta competência. desta competência.

O professor que não leve a sério sua formação, O professor que não leve a sério sua formação, que não estude, que não se esforce para estar à que não estude, que não se esforce para estar à altura de sua tarefa não tem força moral para altura de sua tarefa não tem força moral para coordenar as atividades de sua classe. (...) coordenar as atividades de sua classe. (...)

A incompetência profissional desqualifica a A incompetência profissional desqualifica a autoridade do professor. autoridade do professor.

Paulo FreirePaulo Freire

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Liberdade é poder fazer aquilo que a gente Liberdade é poder fazer aquilo que a gente quer muito, muito mesmo. (...) quer muito, muito mesmo. (...)

E há homens e mulheres, centenas, milhares, E há homens e mulheres, centenas, milhares, que passam a vida inteira sem fazer o seu que passam a vida inteira sem fazer o seu desejo mais profundo, aquilo que nos faz desejo mais profundo, aquilo que nos faz felizes. felizes.

Só sabem fazer a vontade dos outros. Eles Só sabem fazer a vontade dos outros. Eles não aprenderam a liberdade. Foram não aprenderam a liberdade. Foram domesticados.domesticados.

Rubem AlvesRubem Alves

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O importante não é tanto o que fizeram O importante não é tanto o que fizeram comigo, mas o que eu faço com o que comigo, mas o que eu faço com o que fizeram comigo. fizeram comigo.

Jean-Paul SartreJean-Paul Sartre

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Eu tenho uma espécie de dever, de dever de Eu tenho uma espécie de dever, de dever de sonharsonhar

De sonhar sempre, pois sendo mais do que um De sonhar sempre, pois sendo mais do que um espectador de mim mesmo,espectador de mim mesmo,

Eu tenho que ter o melhor espetáculo que posso.Eu tenho que ter o melhor espetáculo que posso.E assim me construo a ouro e sedas, em salas E assim me construo a ouro e sedas, em salas

supostas, supostas, Invento palco, cenário para viver o meu sonho Invento palco, cenário para viver o meu sonho

entre luzes brandasentre luzes brandasE músicas invisíveis.E músicas invisíveis. Fernando Pessoa

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O Pombo RealO Pombo RealNasruddin se tornou o Primeiro Ministro do Rei.Nasruddin se tornou o Primeiro Ministro do Rei.Certo dia, ao vagar pelo palácio, pela primeira vez, em sua Certo dia, ao vagar pelo palácio, pela primeira vez, em sua

vida, viu um falcão real.vida, viu um falcão real.Acontece que o nosso Nasruddin não tinha visto nunca um Acontece que o nosso Nasruddin não tinha visto nunca um

pombo assim... Tomando, pois, depressa, uma tesoura, pombo assim... Tomando, pois, depressa, uma tesoura, cortou as garras e aparou as asas e o próprio bico adunco cortou as garras e aparou as asas e o próprio bico adunco do falcão.do falcão.

E disse: "Agora sim você é um pombo, um pássaro decente, E disse: "Agora sim você é um pombo, um pássaro decente, pois seu dono não estava cuidando de você".pois seu dono não estava cuidando de você".

Anthony de MelloAnthony de Mello

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Grande é a poesia, a bondade e as danças...Grande é a poesia, a bondade e as danças... Mas o melhor do Mundo são as criançasMas o melhor do Mundo são as crianças Fernando PessoaFernando Pessoa

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——Difícil separar Pessoal do ProfissionalDifícil separar Pessoal do Profissional

Grande parte da pessoa é o professor, e Grande parte da pessoa é o professor, e grande parte do professor é a pessoagrande parte do professor é a pessoa

cf. Antoniocf. Antonio NóvoaNóvoa

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——Difícil separar Pessoal do ProfissionalDifícil separar Pessoal do Profissional

Na Ponte, a competência básica dos Na Ponte, a competência básica dos professores que contratamos é o ser professores que contratamos é o ser pessoa. Onde não existir uma pessoa, não pessoa. Onde não existir uma pessoa, não será possível colocar um profissional será possível colocar um profissional professorprofessor

José PachecoJosé Pacheco

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Dialética Diversidade-IgualdadeDialética Diversidade-Igualdade

O princípio da diferença exige O princípio da diferença exige reconhecimento das diferenças. E surge o reconhecimento das diferenças. E surge o grande direito – o direito a ter direito nesta grande direito – o direito a ter direito nesta sociedade civil global. sociedade civil global.

Temos o direito de ser iguais quando as Temos o direito de ser iguais quando as diferenças nos inferiorizam. Temos o direito diferenças nos inferiorizam. Temos o direito a ser diferentes, quando a igualdade nos a ser diferentes, quando a igualdade nos descaracteriza.descaracteriza.

Boaventura de Sousa SantosBoaventura de Sousa Santos

Page 21: A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e

Todos os educandosTodos os educandos, quaisquer que , quaisquer que sejam as suas origens familiares, sejam as suas origens familiares, sociais, étnicas, têm igual direito ao sociais, étnicas, têm igual direito ao desenvolvimento máximo que a sua desenvolvimento máximo que a sua personalidade implica. personalidade implica.

Henri WallonHenri Wallon

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Felizes os EducadoresFelizes os Educadores que aprendem a fazer da ação de cada diaque aprendem a fazer da ação de cada dia a semente da nova sociedade.a semente da nova sociedade.

Infelizes os EducadoresInfelizes os Educadores que pensam que as coisas novas só que pensam que as coisas novas só

aparecerão no futuroaparecerão no futuro porque não perceberão, nem farão perceberporque não perceberão, nem farão perceber que o "novo" já está no meio de nós,que o "novo" já está no meio de nós, brotando de nossas práticas brotando de nossas práticas

transformadoras,transformadoras, solidárias com as lutas dos espoliados da solidárias com as lutas dos espoliados da

terra.terra. Ivan TeófiloIvan Teófilo

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O professor não conteve a curiosidade. Pediu O professor não conteve a curiosidade. Pediu desculpas ao Marco pela interrupção e perguntou desculpas ao Marco pela interrupção e perguntou que papéis eram aqueles. que papéis eram aqueles.

““Sabe, professor, ontem estive a ajudar o André Sabe, professor, ontem estive a ajudar o André [que [que na outra escola era rotulado de mongolóide] na outra escola era rotulado de mongolóide] a a perceber o que era um nome. Ele parece que ficou perceber o que era um nome. Ele parece que ficou na mesmana mesma...” - disse o Marco. ...” - disse o Marco.

““E entãoE então?” – insistiu o professor. ?” – insistiu o professor. ““Fui p´ra casa a cismar, a cismar... E pensei em fazer Fui p´ra casa a cismar, a cismar... E pensei em fazer

umas fichas e fiz as fichas. Trouxe-as hoje e olhe umas fichas e fiz as fichas. Trouxe-as hoje e olhe que o André, agora, parece que já percebeu tudo. que o André, agora, parece que já percebeu tudo. Não acha?Não acha?” ”

O professor não conseguiu articular a resposta. O professor não conseguiu articular a resposta. Passou a mão na cabeça do Marco. Voltou as Passou a mão na cabeça do Marco. Voltou as costas ao grupo, porque a verdade é que os costas ao grupo, porque a verdade é que os homens também choram. homens também choram. José PachecoJosé Pacheco

Page 24: A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e

E eu poderia suportar, embora não sem dor, E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas quanto minha vida depende de suas existências…existências…

A alguns deles não procuro, basta-me saber A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.encoraja a seguir em frente pela vida.

Vinícius de MoraesVinícius de Moraes

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O que eu não gosto é de uma palavra de O que eu não gosto é de uma palavra de tanque. Porque as palavras do tanque são tanque. Porque as palavras do tanque são estagnadas, estanques, acostumadas. E estagnadas, estanques, acostumadas. E podem até pegar mofo. podem até pegar mofo.

Quisera um idioma de larvas incendiadas. Quisera um idioma de larvas incendiadas. Palavras que fossem de fontes e não de Palavras que fossem de fontes e não de tanques.tanques.

Manoel de BarrosManoel de Barros

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O bem-conhecido em geral, justamente por O bem-conhecido em geral, justamente por ser ser bem-conhecidobem-conhecido, não é , não é reconhecidoreconhecido. .

HegelHegel

Page 27: A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e

Acredito no poder de arraste Acredito no poder de arraste das idéias. Para viver, todas das idéias. Para viver, todas as pessoas precisam de as pessoas precisam de idéias. Portanto, o desafio idéias. Portanto, o desafio está —como esteve em está —como esteve em outras fases críticas da outras fases críticas da história— com os história— com os intelectuais. (...) intelectuais. (...)

A história exige um sentido. A história exige um sentido. Quando as pessoas Quando as pessoas descobrem que ele está descobrem que ele está ausente, elas passam a se ausente, elas passam a se abrir para novas abrir para novas explicações. explicações.

Milton SantosMilton Santos

Brotas de Macaúbas/BA, Brotas de Macaúbas/BA, 3 de maio de 19263 de maio de 1926São Paulo/SP, São Paulo/SP,

24 de junho de 200124 de junho de 2001

Page 28: A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e

O mundo que nos cerca não é, O mundo que nos cerca não é, apenas, uma criação do espírito; apenas, uma criação do espírito; ele existe concretamente. É dele, ele existe concretamente. É dele, pois, que devemos partir para pois, que devemos partir para construir outra coisa, isto é, outro construir outra coisa, isto é, outro mundo.(...)mundo.(...)

Quando consideramos a história Quando consideramos a história possível e não apenas a história possível e não apenas a história existente, passamos a acreditar existente, passamos a acreditar que outro mundo é viável. E não há que outro mundo é viável. E não há intelectual que trabalhe sem idéia intelectual que trabalhe sem idéia de futuro.de futuro.

Para ser digno do homem, qual seja, Para ser digno do homem, qual seja, do homem visto como projeto, o do homem visto como projeto, o trabalho intelectual e educacional trabalho intelectual e educacional tem que ser fundado no futuro. É tem que ser fundado no futuro. É dessa forma que os professores dessa forma que os professores podem tornar-se intelectuais: podem tornar-se intelectuais: olhando o futuro.olhando o futuro. Milton SantosMilton Santos

Brotas de Macaúbas/BA, Brotas de Macaúbas/BA, 3 de maio de 19263 de maio de 1926São Paulo/SP, São Paulo/SP,

24 de junho de 200124 de junho de 2001

Page 29: A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e

Quem não compreende um olhar tampouco compreenderá uma longa explicação.

Mario Quintana

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Para ser grande, sê inteiro: nadaPara ser grande, sê inteiro: nadaTeu exagera ou excluiTeu exagera ou excluiSê todo em cada coisa. Põe quanto ésSê todo em cada coisa. Põe quanto ésNo mínimo que fazes.No mínimo que fazes.Assim em cada lago a lua todaAssim em cada lago a lua todaBrilha, porque alta vive.Brilha, porque alta vive.

Fernando PessoaFernando Pessoa

Page 31: A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e

Na verdade, a promessa que fazemos é enorme e corresponde Na verdade, a promessa que fazemos é enorme e corresponde a um desejo muito vivo, mas podemos facilmente imaginar a um desejo muito vivo, mas podemos facilmente imaginar que haverá pessoas que nela verão mais um sonho que um que haverá pessoas que nela verão mais um sonho que um propósito fundado na realidade. propósito fundado na realidade.

No entanto, quem quer que tu sejas, leitor, suspende o teu No entanto, quem quer que tu sejas, leitor, suspende o teu juízo, até que tenhas conhecido a substância das coisas; juízo, até que tenhas conhecido a substância das coisas; então terás a liberdade, não somente de julgar, mas também então terás a liberdade, não somente de julgar, mas também de te pronunciares. de te pronunciares.

Com efeito, eu não desejo, para não dizer que não ambiciono, Com efeito, eu não desejo, para não dizer que não ambiciono, arrastar ninguém, com os artifícios da persuasão, a dar o arrastar ninguém, com os artifícios da persuasão, a dar o seu assentimento a uma coisa que não oferece qualquer seu assentimento a uma coisa que não oferece qualquer certeza.certeza.

Mas, com toda a alma, advirto, exorto e suplico, a quem quer Mas, com toda a alma, advirto, exorto e suplico, a quem quer que olhe o nosso trabalho, que nele fixe o seu próprio olhar que olhe o nosso trabalho, que nele fixe o seu próprio olhar e que o fixe com toda a sua penetração, pois é o único meio e que o fixe com toda a sua penetração, pois é o único meio de se não deixar perturbar pelas opiniões fascinantes de de se não deixar perturbar pelas opiniões fascinantes de outrem. outrem.

Comenius, Comenius, Didáctica Magna (Didáctica Magna (1637)1637)

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A EscolaA EscolaEscola é...Escola é...o lugar onde se faz amigoso lugar onde se faz amigosnão se trata só de prédios, salas, não se trata só de prédios, salas, quadros, programas, horários, quadros, programas, horários, conceitos...conceitos...Escola é, sobretudo, gente,Escola é, sobretudo, gente,gente que trabalha, que estuda,gente que trabalha, que estuda,que se alegra, se conhece, se estima.que se alegra, se conhece, se estima.O diretor é gente,O diretor é gente,O coordenador é gente, o professor é O coordenador é gente, o professor é gente,gente,o aluno é gente,o aluno é gente,cada funcionário é gente.cada funcionário é gente.E a escola será cada vez melhorE a escola será cada vez melhorna medida em que cada umna medida em que cada umse comporte como colega, amigo, se comporte como colega, amigo, irmão.irmão.Nada de ‘ilha cercada de gente por Nada de ‘ilha cercada de gente por todos os lados’.todos os lados’.

Nada de conviver com as Nada de conviver com as pessoas e depois descobrirpessoas e depois descobrirque não tem amizade a ninguémque não tem amizade a ninguémnada de ser como o tijolo que nada de ser como o tijolo que forma a parede,forma a parede,indiferente, frio, só.indiferente, frio, só.Importante na escola não é só Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar, estudar, não é só trabalhar, é também criar laços de é também criar laços de amizade,amizade,é criar ambiente de é criar ambiente de camaradagem,camaradagem,é conviver, é se ‘amarrar nela’!é conviver, é se ‘amarrar nela’! Ora, é lógico...Ora, é lógico... numa escola assim vai ser numa escola assim vai ser fácil estudar, trabalhar, fácil estudar, trabalhar, crescer, fazer amigos, crescer, fazer amigos, educar-se, ser feliz.educar-se, ser feliz. Paulo FreirePaulo Freire

Page 33: A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e

A opção teria de ser também A opção teria de ser também entre uma “educação” para a entre uma “educação” para a “domesticação”, para a “domesticação”, para a alienação, e uma educação alienação, e uma educação para a liberdade. para a liberdade. Paulo FreirePaulo Freire

Não há educação fora das Não há educação fora das sociedades humanas e não sociedades humanas e não há homem no vazio. (...) há homem no vazio. (...) Desde logo, qualquer busca Desde logo, qualquer busca implica, necessariamente, implica, necessariamente, numa opção. numa opção.

Opção pelo ontem, que Opção pelo ontem, que significava uma sociedade significava uma sociedade sem povo, comandada por sem povo, comandada por uma “elite” superposta a seu uma “elite” superposta a seu mundo, alienada, em que o mundo, alienada, em que o homem simples, minimizado homem simples, minimizado e sem consciência desta e sem consciência desta minimização, era mais “coisa” minimização, era mais “coisa” que homem mesmo. que homem mesmo.

Ou opção pelo Amanhã, por Ou opção pelo Amanhã, por uma nova sociedade, que, uma nova sociedade, que, sendo sujeito de si mesma, sendo sujeito de si mesma, tivesse no homem e no povo tivesse no homem e no povo sujeitos da História.sujeitos da História.

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O significado da vida é a mais urgente das O significado da vida é a mais urgente das questões. questões.

Albert CamusAlbert Camus

Page 35: A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e

Mais uma vez os homens, desafiados Mais uma vez os homens, desafiados pela dramaticidade da hora atual, se pela dramaticidade da hora atual, se propõem, a si mesmos, como propõem, a si mesmos, como problema. Descobrem que pouco problema. Descobrem que pouco sabem de si, de seu “posto no cosmos”, sabem de si, de seu “posto no cosmos”, e se inquietam por saber mais. Estará, e se inquietam por saber mais. Estará, aliás, no reconhecimento do seu pouco aliás, no reconhecimento do seu pouco saber de si uma das razões da procura. saber de si uma das razões da procura. (...) (...)

O problema de sua humanização, apesar O problema de sua humanização, apesar de sempre dever haver sido, de um de sempre dever haver sido, de um ponto de vista axiológico, o seu ponto de vista axiológico, o seu problema central, assume, hoje, caráter problema central, assume, hoje, caráter de preocupação ineludível. (...) O de preocupação ineludível. (...) O movimento de busca só se justifica na movimento de busca só se justifica na medida em que se dirige ao medida em que se dirige ao Ser MaisSer Mais. . Esta é sua vocação histórica. Esta é sua vocação histórica.

Paulo FreirePaulo Freire

Page 36: A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e

Um sentido para a existência e um amor que faça do Um sentido para a existência e um amor que faça do encontro um projeto de vida: eis uma enorme encontro um projeto de vida: eis uma enorme demanda diante de raríssimas ofertas. demanda diante de raríssimas ofertas.

Frei BettoFrei Betto* * * * ** * * * *

C. Wright Mills comparou a situação dos educadores C. Wright Mills comparou a situação dos educadores à de remadores, no porão de uma galera. à de remadores, no porão de uma galera.

Todos estão suados de tanto remar e se Todos estão suados de tanto remar e se congratulam uns com os outros pela velocidade congratulam uns com os outros pela velocidade que conseguem imprimir ao barco. que conseguem imprimir ao barco.

Há apenas um problema: ninguém sabe para onde Há apenas um problema: ninguém sabe para onde vai o barco, e muitos evitam a pergunta alegando vai o barco, e muitos evitam a pergunta alegando que este problema está fora da alçada de sua que este problema está fora da alçada de sua competência.competência.

Rubem AlvesRubem AlvesNossa civilização é rica de meios e carente de fins. Nossa civilização é rica de meios e carente de fins. Albert Einstein Albert Einstein

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A Arte de Ser BomA Arte de Ser Bom

Sê bom. Mas ao coraçãoSê bom. Mas ao coraçãoPrudência e cautela ajunta.Prudência e cautela ajunta.Quem todo de mel se unta,Quem todo de mel se unta,

Os ursos o lamberão.Os ursos o lamberão.

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Do Rigor na CiênciaDo Rigor na Ciência... ... Naquele Império, a Arte da Cartografia logrou tal Naquele Império, a Arte da Cartografia logrou tal

Perfeição que o Mapa de uma só Província ocupava Perfeição que o Mapa de uma só Província ocupava toda uma Cidade e o Mapa do Império, toda uma toda uma Cidade e o Mapa do Império, toda uma Província. Com o tempo, esses Mapas Província. Com o tempo, esses Mapas Desmesurados não satisfizeram e os Colégios de Desmesurados não satisfizeram e os Colégios de Cartógrafos levantaram um Mapa do Império que Cartógrafos levantaram um Mapa do Império que tinha o tamanho do Império e coincidia pontualmente tinha o tamanho do Império e coincidia pontualmente com ele. Menos Afeitas ao Estudo da Cartografia, as com ele. Menos Afeitas ao Estudo da Cartografia, as Gerações Seguintes entenderam que esse dilatado Gerações Seguintes entenderam que esse dilatado Mapa era inútil e não sem impiedade o entregaram Mapa era inútil e não sem impiedade o entregaram às Inclemências do Sol e dos Invernos. Nos às Inclemências do Sol e dos Invernos. Nos Desertos do Oeste perduram despedaçadas Ruínas Desertos do Oeste perduram despedaçadas Ruínas do Mapa, habitadas por Animais e por Mendigos; em do Mapa, habitadas por Animais e por Mendigos; em todo o País não há outra relíquia das Disciplinas todo o País não há outra relíquia das Disciplinas Geográficas.Geográficas. Suárez Miranda, Viajes de varones prudentes, livro cuarto, cap. Suárez Miranda, Viajes de varones prudentes, livro cuarto, cap. XIV, Lérida, 1658XIV, Lérida, 1658

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Pedra FilosofalPedra Filosofal António GedeãoAntónio Gedeão

Eles não sabem que o sonhoEles não sabem que o sonhoé uma constante da vidaé uma constante da vidatão concreta e definidatão concreta e definidacomo outra coisa qualquer,como outra coisa qualquer,como esta pedra cinzentacomo esta pedra cinzentaem que me sento e descanso,em que me sento e descanso,como este ribeiro mansocomo este ribeiro mansoem serenos sobressaltos,em serenos sobressaltos,como estes pinheiros altoscomo estes pinheiros altosque em verde e oiro se agitam,que em verde e oiro se agitam,como estas aves que gritamcomo estas aves que gritamem bebedeiras de azul.em bebedeiras de azul.

  (...)(...)

Eles não sabem, nem sonham,Eles não sabem, nem sonham,que o sonho comanda a vida,que o sonho comanda a vida,que sempre que um homem sonhaque sempre que um homem sonhao mundo pula e avançao mundo pula e avançacomo bola coloridacomo bola coloridaentre as mãos de uma criança.entre as mãos de uma criança.  

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Poeminha do Contra

Todos esses que aí estãoatravancando meu caminho,

eles passarão...eu passarinho!

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Desde que, adulto, comecei a escrever romances, tem-Desde que, adulto, comecei a escrever romances, tem-me animado a idéia de que o menos que um escritor me animado a idéia de que o menos que um escritor pode fazer, numa época de atrocidades e injustiças pode fazer, numa época de atrocidades e injustiças como a nossa, é acender a sua lâmpada, fazer luz como a nossa, é acender a sua lâmpada, fazer luz sobre a realidade de seu mundo, evitando que sobre sobre a realidade de seu mundo, evitando que sobre ele caia a escuridão, propícia aos ladrões, aos ele caia a escuridão, propícia aos ladrões, aos assassinos e aos tiranos. assassinos e aos tiranos.

Sim, segurar a lâmpada, a despeito da náusea e do Sim, segurar a lâmpada, a despeito da náusea e do horror. horror.

Se não tivermos uma lâmpada elétrica, acendamos o Se não tivermos uma lâmpada elétrica, acendamos o nosso toco de vela ou, em último caso, risquemos nosso toco de vela ou, em último caso, risquemos fósforos repetidamente, como sinal de que não fósforos repetidamente, como sinal de que não desertamos nosso posto.desertamos nosso posto.

Érico Veríssimo, Érico Veríssimo, Solo de ClarinetaSolo de Clarineta

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C. Wright Mills comparou a situação dos educadores à de C. Wright Mills comparou a situação dos educadores à de remadores, no porão de uma galera. Todos estão suados de tanto remadores, no porão de uma galera. Todos estão suados de tanto remar e se congratulam uns com os outros pela velocidade que remar e se congratulam uns com os outros pela velocidade que conseguem imprimir ao barco. Há apenas um problema: ninguém conseguem imprimir ao barco. Há apenas um problema: ninguém sabe para onde vai o barco, e muitos evitam a pergunta alegando sabe para onde vai o barco, e muitos evitam a pergunta alegando que este problema está fora da alçada de sua competênciaque este problema está fora da alçada de sua competência . . Rubem Alves Rubem Alves

* * * * ** * * * *A escola deve perder o medo burocrático de perder tempo. Parece A escola deve perder o medo burocrático de perder tempo. Parece que estudar é perder tempo. Qualquer instituição que necessita se que estudar é perder tempo. Qualquer instituição que necessita se inovar, pára e pensa as possíveis mudanças. Por que a escola não inovar, pára e pensa as possíveis mudanças. Por que a escola não pode parar para pensar as inovações necessárias? pode parar para pensar as inovações necessárias?

MMaximiliano Menegollaaximiliano Menegolla* * * * ** * * * *

É PRECISO PARARÉ PRECISO PARAREstou com saudade de mim. Ando pouco recolhida, atendo Estou com saudade de mim. Ando pouco recolhida, atendo demais ao telefone, escrevo depressa, vivo depressa. Onde está demais ao telefone, escrevo depressa, vivo depressa. Onde está eu?eu? Preciso fazer um retiro espiritual e encontrar-me enfim — Preciso fazer um retiro espiritual e encontrar-me enfim — enfim, mas que medo — de mim mesma. enfim, mas que medo — de mim mesma. Clarice LispectorClarice Lispector

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O nosso risco porém é este: somos devorados pelo urgente e não O nosso risco porém é este: somos devorados pelo urgente e não temos tempo para posicionarmo-nos diante do importante.temos tempo para posicionarmo-nos diante do importante.

Fernando ÁvilaFernando Ávila* * * * ** * * * *

É preciso parar, é preciso ler, estudar e refletir. E quem de nós faz É preciso parar, é preciso ler, estudar e refletir. E quem de nós faz isto? Quem de nós "tem tempo" para isso? Corremos demais, isto? Quem de nós "tem tempo" para isso? Corremos demais, fazemos demais e pensamos menos. Talvez a maior carência que fazemos demais e pensamos menos. Talvez a maior carência que nós, educadores, temos no momento, é a necessidade de nós, educadores, temos no momento, é a necessidade de encontrarmos espaços de tranqüilidade e de paz para o estudo e a encontrarmos espaços de tranqüilidade e de paz para o estudo e a reflexão. Não creio que seja, na realidade, problema de tempo. reflexão. Não creio que seja, na realidade, problema de tempo. Talvez seja questão de hábito e de espaço interior. Talvez seja questão de hábito e de espaço interior.

Agostinho CastejonAgostinho Castejon * * * * ** * * * *

Amar é: engendrar, suscitar, estimular, despertar. É isto, e sobretudo Amar é: engendrar, suscitar, estimular, despertar. É isto, e sobretudo é o oposto do viver em circuito fechado, do possuir para si mesmo: é o oposto do viver em circuito fechado, do possuir para si mesmo: riqueza, saber, poder. O homem é essencialmente um ser de riqueza, saber, poder. O homem é essencialmente um ser de linguagem. Seu desejo essencial é a comunicação.linguagem. Seu desejo essencial é a comunicação.

Françoise DoltoFrançoise Dolto

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Nossa civilização é rica de meios e carente de fins.Nossa civilização é rica de meios e carente de fins.

Albert EinsteinAlbert Einstein* * * * ** * * * *

A verdadeira revolução definitivamente transformadora da A verdadeira revolução definitivamente transformadora da sociedade humana é tanto psicológica como sócio-político-sociedade humana é tanto psicológica como sócio-político-econômica. Devemos transformar econômica. Devemos transformar simultaneamentesimultaneamente —sublinhem —sublinhem o advérbio para evitar escapismos dualistas— tanto as pessoas o advérbio para evitar escapismos dualistas— tanto as pessoas como as estruturas. como as estruturas. Pedro CasaldáligaPedro Casaldáliga

* * * * ** * * * *Eu sustento que a única finalidade da ciência está em aliviar a Eu sustento que a única finalidade da ciência está em aliviar a miséria da existência humana.miséria da existência humana. Bertolt Bertolt BrechtBrecht

* * * * ** * * * *A humanização do homem, que é a sua libertação permanente, A humanização do homem, que é a sua libertação permanente, não se opera no interior da sua consciência, mas na história que não se opera no interior da sua consciência, mas na história que eles devem fazer e refazer constantementeeles devem fazer e refazer constantemente. Paulo Freire . Paulo Freire

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Uma aranha executa operações semelhantes às do tecelão, e a Uma aranha executa operações semelhantes às do tecelão, e a abelha supera mais de um arquiteto ao construir sua colméia. abelha supera mais de um arquiteto ao construir sua colméia. Mas o que distingue o pior arquiteto da melhor abelha é que ele Mas o que distingue o pior arquiteto da melhor abelha é que ele figura na mente sua construção antes de transformá-la em figura na mente sua construção antes de transformá-la em realidade. No fim do processo do trabalho aparece um resultado realidade. No fim do processo do trabalho aparece um resultado que já existia antes idealmente na imaginação do trabalhador. que já existia antes idealmente na imaginação do trabalhador. Ele não transforma apenas o material sobre o qual opera; ele Ele não transforma apenas o material sobre o qual opera; ele imprime ao material o projeto que tinha conscientemente em imprime ao material o projeto que tinha conscientemente em mira, o qual constitui a lei determinante do seu modo de operar mira, o qual constitui a lei determinante do seu modo de operar e ao qual tem de subordinar sua vontadee ao qual tem de subordinar sua vontade. Karl Marx. Karl Marx

* * * * ** * * * *A gente quer ter voz ativa e no nosso destino mandarA gente quer ter voz ativa e no nosso destino mandar. .

Chico BuarqueChico Buarque* * * * ** * * * *

-'Poderia me informar, por obséquio, que caminho devo tomar?'-'Poderia me informar, por obséquio, que caminho devo tomar?'-'Isto depende de onde você quer chegar', disse o gato.-'Isto depende de onde você quer chegar', disse o gato.-'Eu não me importo muito para onde...' disse Alice.-'Eu não me importo muito para onde...' disse Alice.-'Então, não tem importância que caminho você to me', disse o -'Então, não tem importância que caminho você to me', disse o

gatogato. Lewis Carroll. Lewis Carroll

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Das UtopiasDas Utopias

Se as coisas são inatingíveis... ora!Se as coisas são inatingíveis... ora!Não é motivo para não querê-las...Não é motivo para não querê-las...Que tristes seriam os caminhos, se não foraQue tristes seriam os caminhos, se não foraA presença distante das estrelas!A presença distante das estrelas! Mario QuintanaMario Quintana

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Analfabeto PolíticoAnalfabeto PolíticoO pior analfabeto é o analfabeto político...O pior analfabeto é o analfabeto político...

O analfabeto político é tão burroO analfabeto político é tão burroQue se orgulha e estufa o peito, dizendo que odeia a Que se orgulha e estufa o peito, dizendo que odeia a

políticapolíticaNão sabe o imbecil que da sua ignorânciaNão sabe o imbecil que da sua ignorânciaNasce a prostituta, o menor abandonado,Nasce a prostituta, o menor abandonado,O assaltante e o pior de todos os bandidosO assaltante e o pior de todos os bandidosQue é o político vigarista, pilantra,Que é o político vigarista, pilantra,Corrupto, lacaioCorrupto, lacaioDas empresas nacionais e multinacionaisDas empresas nacionais e multinacionaisEle não ouve, não fala nem participa dos Ele não ouve, não fala nem participa dos

acontecimentos políticosacontecimentos políticos.. Bertolt BrechtBertolt Brecht

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As Bem-Aventuranças do Educador As Bem-Aventuranças do Educador (Ivan Teófilo)(Ivan Teófilo)A. Felizes os EducadoresA. Felizes os Educadores que tomam consciência do conflito social em que que tomam consciência do conflito social em que

estão metidosestão metidos e nele tomam partido pelo projeto social dos e nele tomam partido pelo projeto social dos

empobrecidosempobrecidos porque assim contribuirão para a transformação da porque assim contribuirão para a transformação da

sociedade.sociedade.B. Infelizes os EducadoresB. Infelizes os Educadores que imaginam que a ação educativa é que imaginam que a ação educativa é

politicamente neutrapoliticamente neutra porque acabam transformando a educação num porque acabam transformando a educação num

instrumento de ocultação das contradições da instrumento de ocultação das contradições da realidade socialrealidade social

e de reprodução da ideologia e das relações sociais e de reprodução da ideologia e das relações sociais vigentes.vigentes.

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A. Felizes os EducadoresA. Felizes os Educadores que sabem articular o saber chamado científico que sabem articular o saber chamado científico

com o saber popularcom o saber popular porque ajudarão as classes populares a afirmar sua porque ajudarão as classes populares a afirmar sua

identidade cultural.identidade cultural.

B. Infelizes os EducadoresB. Infelizes os Educadores que transmitem mecanicamente um saber elitistaque transmitem mecanicamente um saber elitista porque contribuem para reforçar a marginalizaçãoporque contribuem para reforçar a marginalização e a dominação cultural do povo.e a dominação cultural do povo.

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A. Felizes os EducadoresA. Felizes os Educadores que aprendem a dialogar com os educandosque aprendem a dialogar com os educandos porque resgatam a comunicação pedagógica porque resgatam a comunicação pedagógica

criadora no processo educativo.criadora no processo educativo.

B. Infelizes os EducadoresB. Infelizes os Educadores que impedem os educandos de dizerem sua que impedem os educandos de dizerem sua

palavra,palavra, porque estão reproduzindo a educação do porque estão reproduzindo a educação do

colonizador.colonizador.

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A. Felizes os EducadoresA. Felizes os Educadores que se tornam competentes em suas "disciplinas"que se tornam competentes em suas "disciplinas" ensinando a "desopacizar" ideologicamente seus ensinando a "desopacizar" ideologicamente seus

conteúdosconteúdos porque ajudarão os educandos a se apropriarem do porque ajudarão os educandos a se apropriarem do

saber como ferramenta de luta na defesa e saber como ferramenta de luta na defesa e afirmação de sua dignidade.afirmação de sua dignidade.

B. Infelizes os EducadoresB. Infelizes os Educadores que não se esforçam para ser criticamente que não se esforçam para ser criticamente

competentescompetentes porque enfraquecerão mais ainda o poder cultural porque enfraquecerão mais ainda o poder cultural

das classes oprimidasdas classes oprimidas reforçando o autoritarismo cultural das classes reforçando o autoritarismo cultural das classes

dominantes.dominantes.

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A. Felizes os EducadoresA. Felizes os Educadores que procuram se organizar para conquistarque procuram se organizar para conquistar melhores salários e melhores condições de ensinomelhores salários e melhores condições de ensino porque estão ajudando a conquistar a educação a porque estão ajudando a conquistar a educação a

que o povo tem direito.que o povo tem direito.

B. Infelizes os EducadoresB. Infelizes os Educadores que atuam isoladamente, buscando apenas seus que atuam isoladamente, buscando apenas seus

próprios interessespróprios interesses porque deixarão de contribuir para a conquista de porque deixarão de contribuir para a conquista de

uma escola digna.uma escola digna.

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A. Felizes os EducadoresA. Felizes os Educadores que iluminam sua prática com o sonho de um que iluminam sua prática com o sonho de um

futuro novofuturo novo em que as pessoas aprendam, através de novas em que as pessoas aprendam, através de novas

relações sociais,relações sociais, as lições da justiça e da solidariedade.as lições da justiça e da solidariedade.

B. Infelizes os EducadoresB. Infelizes os Educadores que não sonhamque não sonham porque não terão a coragem de se comprometer na porque não terão a coragem de se comprometer na

luta criadoraluta criadora de uma nova sociedade a partir de sua prática de uma nova sociedade a partir de sua prática

educativa.educativa.

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Felizes os EducadoresFelizes os Educadores que aprendem a fazer da ação de cada diaque aprendem a fazer da ação de cada dia a semente da nova sociedade.a semente da nova sociedade.

Infelizes os EducadoresInfelizes os Educadores que pensam que as coisas novas só aparecerão no que pensam que as coisas novas só aparecerão no

futurofuturo porque não perceberão, nem farão perceberporque não perceberão, nem farão perceber que o "novo" já está no meio de nós,que o "novo" já está no meio de nós, brotando de nossas práticas transformadoras,brotando de nossas práticas transformadoras, solidárias com as lutas dos espoliados da terra.solidárias com as lutas dos espoliados da terra.

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A pressão deve ainda tornar-se mais premente pelo fato de se A pressão deve ainda tornar-se mais premente pelo fato de se despertar a consciência dela e a ignomínia tem ainda de tornar-despertar a consciência dela e a ignomínia tem ainda de tornar-se mais ignominiosa pelo fato de se trazer à luz pública. se mais ignominiosa pelo fato de se trazer à luz pública.

Karl Karl MarxMarx , 1989: 81).Houve já quem afirmasse que todas as grandes verdades são Houve já quem afirmasse que todas as grandes verdades são

absolutamente triviais e que teremos de expressá-las de uma absolutamente triviais e que teremos de expressá-las de uma maneira nova e, se possível, paradoxal, para que não venham a maneira nova e, se possível, paradoxal, para que não venham a cair no esquecimento. cair no esquecimento.

José SaramagoJosé Saramago