a lei de hooke e as molas n˜ao-lineares, um estudo de caso

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Revista Brasileira de Ensino de F´ ısica, vol. 38, nº 4, e4305 (2016) www.scielo.br/rbef DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1806-9126-RBEF-2016-0102 Artigos Gerais cbnd Licenc ¸a Creative Commons A lei de Hooke e as molas n˜ ao-lineares, um estudo de caso The Hooke’s law and the non-linear springs, a study of case Norberto Aranha 1,2 , Jos´ e Martins de Oliveira Jr 1 , Luis Oscar Bellio 2 , Waldemar Bonventi Jr *1 1 Programa de P´ os-gradua¸c˜ ao em Processos Tecnol´ ogicos e Ambientais, Universidade de Sorocaba, Sorocaba, SP, Brasil 2 Faculdade de Engenharia de Sorocaba, Sorocaba, SP, Brasil Recebido em 5 de maio de 2016. Revisado em 1 de junho de 2016. Aceito em 4 de junho de 2016 Neste trabalho pretende-se analisar elementos el´ asticos com respostas linear e n˜ ao linear. Foi realizado o estudo comparativo entre trˆ es molas helicoidais, sendo uma linear e duas n˜ao lineares, e um tubo de atex. O estudo envolveu o levantamento das curvas de for¸ ca versus distˆ ancia e seus respectivos ajustes matem´ aticos para cada elemento el´ astico. A proposta ´ e apresentar diferentes formas de abordar o tema elasticidade nas aulas de f´ ısica, visando chamar a aten¸c˜ao do aluno de que a linearidade que trata a lei de Hooke aplica-se apenas para uma pequena faixa de valores de for¸ca e que em v´arias situa¸c˜oes os elementos el´asticos tem um comportamento n˜ao linear, sendo necess´ario lan¸car m˜ao de outras rela¸c˜oes matem´ aticas que se ajustem aos dados experimentais. Palavras-chave: lei de Hooke, mola, n˜ ao linear. This paper aims to analyze elastic elements with linear and nonlinear responses. A comparative study was conducted of three helical springs, one linear and two nonlinear, and a latex tourniquet. The study involved a survey of force versus distance curves and their mathematical adjustments for each elastic element. The proposal is to present different ways of approaching the subject elasticity in physics classes, aiming to draw the attention of the student that the linearity is Hooke’s law applies only to a small band of force values and that in many situations the elastic elements have a non-linear behavior, being necessary to use other mathematical relationships that fit the experimental data. Keywords: Hooke’s law, spring, nonlinear. 1. Introdu¸ ao Os materiais el´asticos tˆ em uma ampla faixa de aplica¸ oes pr´ aticas, fazendo parte de diferentes dis- positivos e produtos. De uma forma geral todos os materiais apresentam algum tipo de flexibilidade ou regi˜ ao el´ astica, quando submetidos ` a solicita¸ ao de uma for¸ca seja ela compressiva ou de tra¸c˜ao. Um elemento t´ ıpico com essas caracter´ ısticas ´ ea mola, que geralmente apresenta uma flexibilidade el´ astica relativamente alta, ou seja, apresenta gran- desdeforma¸c˜oesquandosolicitadaemcompress˜ao ou tra¸ ao. As molas podem ser classificadas segundo seu comportamento sob carregamento, em lineares e n˜ ao-lineares [1]. * Endere¸co de correspondˆ encia: walde- [email protected]. Neste trabalho foram investigados os resultados de for¸ ca vs elonga¸ ao, sendo dada ˆ enfase ao afasta- mento da linearidade do comportamento el´ astico de diferentes molas. Para efeito de compara¸ ao foi anali- sado o comportamento de quatro materiais el´ asticos, sendo o de uma mola helicoidal de resposta linear, duas molas helicoidais com perfil n˜ ao linear e de um pol´ ımero (tubo de l´ atex), popularmente denominado de tripa de mico. 1.1. Mola linear Uma mola ´ e dita linear quando as deforma¸ oes sofri- das s˜ ao diretamente proporcionais ` a for¸ ca (ou carga) a que ela ´ e submetida. Neste caso ela obedece a Lei de Hooke [2] e o gr´afico da for¸ca aplicada em fun¸ ao da deforma¸ ao da mola (seja esta deforma¸ ao Copyright by Sociedade Brasileira de F´ ısica. Printed in Brazil.

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Revista Brasileira de Ensino de Fısica, vol. 38, nº 4, e4305 (2016)www.scielo.br/rbefDOI: http://dx.doi.org/10.1590/1806-9126-RBEF-2016-0102

Artigos Geraiscbnd

Licenca Creative Commons

A lei de Hooke e as molas nao-lineares, um estudo de casoThe Hooke’s law and the non-linear springs, a study of case

Norberto Aranha1,2, Jose Martins de Oliveira Jr1, Luis Oscar Bellio2, Waldemar Bonventi Jr∗1

1Programa de Pos-graduacao em Processos Tecnologicos e Ambientais, Universidade de Sorocaba, Sorocaba, SP,Brasil

2Faculdade de Engenharia de Sorocaba, Sorocaba, SP, Brasil

Recebido em 5 de maio de 2016. Revisado em 1 de junho de 2016. Aceito em 4 de junho de 2016

Neste trabalho pretende-se analisar elementos elasticos com respostas linear e nao linear. Foi realizadoo estudo comparativo entre tres molas helicoidais, sendo uma linear e duas nao lineares, e um tubo delatex. O estudo envolveu o levantamento das curvas de forca versus distancia e seus respectivos ajustesmatematicos para cada elemento elastico. A proposta e apresentar diferentes formas de abordar o temaelasticidade nas aulas de fısica, visando chamar a atencao do aluno de que a linearidade que trata alei de Hooke aplica-se apenas para uma pequena faixa de valores de forca e que em varias situacoes oselementos elasticos tem um comportamento nao linear, sendo necessario lancar mao de outras relacoesmatematicas que se ajustem aos dados experimentais.Palavras-chave: lei de Hooke, mola, nao linear.

This paper aims to analyze elastic elements with linear and nonlinear responses. A comparative studywas conducted of three helical springs, one linear and two nonlinear, and a latex tourniquet. The studyinvolved a survey of force versus distance curves and their mathematical adjustments for each elasticelement. The proposal is to present different ways of approaching the subject elasticity in physics classes,aiming to draw the attention of the student that the linearity is Hooke’s law applies only to a smallband of force values and that in many situations the elastic elements have a non-linear behavior, beingnecessary to use other mathematical relationships that fit the experimental data.Keywords: Hooke’s law, spring, nonlinear.

1. Introducao

Os materiais elasticos tem uma ampla faixa deaplicacoes praticas, fazendo parte de diferentes dis-positivos e produtos. De uma forma geral todos osmateriais apresentam algum tipo de flexibilidadeou regiao elastica, quando submetidos a solicitacaode uma forca seja ela compressiva ou de tracao.Um elemento tıpico com essas caracterısticas e amola, que geralmente apresenta uma flexibilidadeelastica relativamente alta, ou seja, apresenta gran-des deformacoes quando solicitada em compressaoou tracao. As molas podem ser classificadas segundoseu comportamento sob carregamento, em linearese nao-lineares [1].

∗Endereco de correspondencia: [email protected].

Neste trabalho foram investigados os resultadosde forca vs elongacao, sendo dada enfase ao afasta-mento da linearidade do comportamento elastico dediferentes molas. Para efeito de comparacao foi anali-sado o comportamento de quatro materiais elasticos,sendo o de uma mola helicoidal de resposta linear,duas molas helicoidais com perfil nao linear e de umpolımero (tubo de latex), popularmente denominadode tripa de mico.

1.1. Mola linear

Uma mola e dita linear quando as deformacoes sofri-das sao diretamente proporcionais a forca (ou carga)a que ela e submetida. Neste caso ela obedece aLei de Hooke [2] e o grafico da forca aplicada emfuncao da deformacao da mola (seja esta deformacao

Copyright by Sociedade Brasileira de Fısica. Printed in Brazil.

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extensiva ou compressiva) e linear, correspondendoa inclinacao da reta a constante elastica da mola, co-mumente denominada de constante elastica k. Estaconstante corresponde a rigidez da mola, quantomaior seu valor, mais rıgida sera a mola, e vice-versa.O que se encontra nos livros texto [2 – 5], quandose discute materiais elasticos, e a apresentacao daLei de Hooke para molas, definindo a forca elasticacomo sendo

Fel = −k.∆x (1)

onde k e a rigidez da mola, denominada de constanteelastica, e ∆x corresponde a diferenca no compri-mento da mola a medida que e comprimida ou tra-cionada. Esta diferenca e denominada de elongacao,ou seja, corresponde a coordenada que denota oafastamento de uma partıcula ou de um corpo emrelacao a uma posicao de equilıbrio. Como a forcae um vetor, o sinal negativo e utilizado para indi-car que a forca elastica e sempre contraria a forcaaplicada sobre a mola.

No caso de corpos solidos sao apresentados noslivros texto [6, 7, 8] os conceitos de tensao σ, tambemdenominada de tensao de engenharia, dada pelarelacao (2), e de deformacao ε definida pela relacao(3).

σ = F

A0(2)

ε = ∆ll0

(3)

onde F corresponde a forca (de tracao ou com-pressao) aplicada sobre o corpo de prova, A0 suaarea inicial da secao reta, ∆l = l – l0, sendo l ocomprimento instantaneo do corpo de prova e l0 seucomprimento inicial sem carga aplicada.

Todo material apresenta uma regiao com compor-tamento elastico e quando uma forca compressiva oude estiramento e aplicada sobre ele, este se deformaelasticamente, retornando ao seu tamanho inicialquando a forca e retirada. Esta deformacao elasticapode ser mais ou menos proeminente dependo dotipo e estrutura do material em teste. De uma formageral os metais apresentam uma regiao elastica maiordo que a observada em ceramicas e vidros. Nestecaso a parte linear da curva de tensao versus de-formacao dada pela relacao σ = E.ε, obedece alei de Hooke, sendo E o modulo de elasticidade domaterial (ou modulo de Young) [6, 7, 8].

Abordagens mais praticas geralmente nao sao dis-cutidas nos livros texto, em particular com relacao acorpos nao lineares. Isso pode dar a falsa impressaoao aluno de que as molas (ou corpos elasticos) sedeformam sempre linearmente com a aplicacao deuma forca, ou seja, de que so existem molas linearese que a nao linearidade seria apenas em casos muitoespecıficos. Porem, o que se observa no dia a dia ea existencia de molas nao lineares, que apresentamcomportamento distinto em relacao as lineares.

A Fig.1 ilustra qualitativamente o comportamentode tres tipos de molas, linear e nao linear. No casolinear a constante ke obtida segundo a relacao:

k = F

∆x (4)

1.2. Mola nao linear

As molas nao lineares apresentam diferentes valoresde k dependendo da forca aplicada. O termo molade um unico elemento nao linear corresponde a umdispositivo elastico que se comporta de forma nao li-near sem a necessidade da interacao de um elementoexterno. Normalmente, uma mola se comporta deforma linear, mas existem meios para influenciar oseu comportamento de forma que funcione nao line-armente. A rigidez da mola depende do seu numerode espiras e do seu comprimento. Para uma molahelicoidal, a rigidez k (ou constante da mola) e cal-culada da seguinte forma [1].

k = 4GJncπD3

0(5)

Figura 1: Curvas de deformacao para diferentes tipos demola. [9]

Revista Brasileira de Ensino de Fısica, vol. 38, nº 4, e4305, 2016 DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1806-9126-RBEF-2016-0102

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onde G e o modulo de cisalhamento, D0 o diametromedio da bobina, nc representa o numero de espiras,e J e o momento de inercia de torcao. Para umamola de fio redondo, J e dado por

J = π

32d40 (6)

onde do e o diametro do fio.A nao linearidade pode ser conseguida atraves

da variacao do numero de espiras, nc, quando amola deflete. Isso e facilmente realizado em umamola helicoidal conica (Fig. 2B). A medida que aforca de compressao e aplicada, as bobinas de menordiametro e mais proximas da base vao se encaixandodentro das espiras maiores. Este movimento equivalea uma diminuicao do numero de espiras, provocandoum aumento na rigidez da mola [1].

As molas helicoidais sao frequentemente utilizadasem sistemas mecanicos. Elas podem ser projetadasde modo a apresentar um comportamento linearou nao linear dependendo da necessidade do pro-jeto. No caso de mola nao linear a rigidez nao econstante, mas depende da sua compressao. Estecomportamento nao linear ocorre quando o numerode espiras diminui ou aumenta com a variacao dacompressao aplicada. O comportamento nao linearde uma mola pode ser conseguido atraves da va-riacao: do diametro da espira, do espacamento entreas espiras e do diametro medio da mola na direcaoaxial. Combinacoes dessas tres opcoes tambem po-dem ser utilizadas [1].

Uma mola e qualquer dispositivo elastico criadocom a finalidade de converter em trabalho mecanico

Figura 2: Mola helicoidal com perfil cilındrico (A) e conico(B). [10, 11]

Figura 3: Modelo de mola nao linear projetada por MichaelLevi [14].

energia potencial e reconverte-lo de volta em energiamecanica [12]. Ha uma grande variedade de dispositi-vos de mola, tais como compressao helicoidal, molasde torcao, molas helicoidais submetidas a tensao deflexao na forma de folha, molas planas, molas naforma de barra de torcao e molas em forma de disco.As molas sao feitas a partir de uma ampla variedadede materiais. Na sua forma mais simples, a maio-ria dessas molas desloca linearmente com a cargaaplicada, mas ha tambem molas submetidas a forcaconstante e molas nao lineares (Fig. 2). As molas saomuitas vezes utilizadas devido a sua robustez sobcondicoes de carga dinamica, mas as condicoes decarga tambem podem ser estaticas a temperaturasnormais, estatica a temperatura elevada, oscilantes,ou com carga de fadiga de stress com ciclos de ampli-tude variavel. Esta variabilidade faz com que a molaseja adequada para armazenamento de energia.

Existem molas nao lineares em muitas formase com uma ampla variedade de aplicacoes. Umamola nao linear pode endurecer ou tornar-se maisrıgida, com a sua deflexao, ou pode amaciar e tornar-se menos rıgida. Vehar [13] descreve a funcao deforca-deslocamento de uma mola nao linear por tresfatores, a funcao forma, faixa de carga e alcance dedeslocamento.

Um exemplo de aplicacao de mola nao-linear eo balanco da varanda inventado por Levi [14]. Amola de Levi tem o formato de barril (Fig. 3), comum diametro maximo da espira no meio da molao qual vai diminuindo a medida que aproxima dassuas extremidades. Uma vez que a rigidez e inversa-mente proporcional ao cubo do diametro da espira,espiras com diametro grande proporcionam umarigidez relativamente baixa, enquanto que as espirasde pequeno diametro resultam em elevada rigidez.As espiras menores das extremidades da mola naoesticarao significativamente ate que as espiras maio-res, posicionadas na parte central da mola, tenhamsido submetidas a um elevado grau de elongacao.

DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1806-9126-RBEF-2016-0102 Revista Brasileira de Ensino de Fısica, vol. 38, nº 4, e4305, 2016

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A mola projetada por Levi apresenta duas ou maiszonas distintas, em que a primeira zona da molaproporciona uma rigidez relativamente baixa, umazona subsequente surge quando as espiras mediassao suficientemente esticadas para permitir que asespiras de menor diametro (mais duras) comecem ase esticar. A medida que a carga aplicada aumenta,a rigidez da mola aumenta.

O martelo do piano e outro exemplo comum demola nao-linear. No piano o martelo de madeira,coberto por um feltro, atinge as cordas de tal formaque a sua rigidez nao linear proporciona uma riquezaespecıfica de qualidade do som. Esta nao linearidadefoi modelada matematicamente pela primeira vezpor Ghosh [15], segundo a relacao

F = K.up (7)

sendo F e a forca exercida pelo martelo, K e umfator de escala, u e o deslocamento como uma me-dida da compactacao do feltro, e p e um expoenterelacionado a nao-linearidade [15]. Stulov comparoua equacao (7) para a modelagem empırica de ummartelo de piano e sugeriu que um modelo teoricoadequado teria que levar em conta a histerese e avelocidade do martelo [16].

Outro dispositivo nao linear muito utilizado emequipamentos rotativos como bombas centrıfugas,compressores, misturadores e ventiladores industri-ais, e o selo mecanico, Fig. 4. Este tipo de dispositivoconsiste de uma mola nao linear comumente alo-cada dentro de um recipiente de vedacao. Em umabomba centrıfuga, assim como em outros equipa-mentos, o selo mecanico tem como funcao promovera selagem do dispositivo, evitando que o fluido sejaliberado para o meio externo. Na maioria dos casosutilizam-se selos mecanicos por apresentarem muitasvantagens em relacao as gaxetas. Alem disso, sao in-dicados para casos onde os retentores convencionais(gaxetas) nao podem ser aplicados, especialmenteem casos de alta pressao, temperatura, velocidade epresencas de solidos em suspensao.

1.3. Equacao de Duffing

A Equacao de Duffing [18], em homenagem ao en-genheiro eletrico alemao Georg Duffing, tem sidoamplamente utilizada na fısica, economia, engenha-ria, e muitos outros fenomenos naturais. Dada asua caracterıstica de oscilacao e da natureza caotica,muitos cientistas sao inspirados por esta equacao di-

Figura 4: Selo mecanico comercial utilizado em bombasrotativas. [17]

ferencial nao-linear, dada a sua natureza semelhantea muitos sistemas dinamicos naturais. Esta equacao,juntamente com a equacao de Van der Pol, tornou-se um dos exemplos mais comuns de oscilacao naolinear em livros e artigos de pesquisa [18]. A equacaode Duffing normalmente se refere ao oscilador deDuffing escrito da forma

x+ δx+ βx+ αx3 = F cos(ωt) (8)

Os termos associados a sistemas descritos por estaequacao sao representados a seguir:x+ βx - refere-se ao oscilador harmonico simplesδx - refere-se ao amortecimento no sistemaαx3 - corresponde a primeira aproximacao nao

linear do osciladorF cos (ωt) - refere-se a forca externa oscilante im-

posta ao sistemaEste e um oscilador forcado (como uma mola nao

linear) com uma forca de restauracao dada por

F = −βx− αx3 (9)

Diferentes valores de α podem modelar uma molacom endurecimento proporcional a elongacao (ondeα > 0) ou uma mola com suavizacao (onde α < 0).Diferentes valores de β tambem podem alterar adinamica do sistema. Para valores de β < 0, o osci-lador de Duffing exibe movimento caotico, criandoum potencial de poco duplo (Fig. 5A).

Os modos de oscilacao, incluindo os caoticos, fo-ram extensivamente estudados na literatura [18, 19].Dado que uma mola metalica exibe sempre umaforca restauradora, o potencial associado e do tipopoco. Quando nao ha amortecimento (δ = 0), aequacao de Duffing [20] pode ser integrada resul-tando no potencial V(x) = 1/2 (x’)2 + 1/2 βx2 +1/4 αx4 + const, visto na Fig. 5A. Este formato depotencial explica o comportamento restaurador das

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Figura 5: Poco de potencial do sistema oscilante (A) e aforca restauradora (B). [19]

forcas de tracao e compressao contrarias ao sentidode elongacao das molas. O termo nao linear aparecenas situacoes em que a mola esta com uma elongacaoacentuada. Os casos estudados neste trabalho cor-respondem a situacao em que α > 0 (molas queendurecem com a elongacao) e β > 0 (parametrolinear analogo a constante de elasticidade da lei deHooke), vistos na Figura 5B.

1.4. Elastomeros

Elastomeros sao polımeros naturais ou sinteticosque tem como caracterıstica apresentarem grandedeformacao elastica quando tracionados. Esta de-formacao pode superar 200% de seu comprimentoquando uma tensao e aplicada. Dentro dessa classede polımeros destacamos a borracha, pneus de au-tomoveis, aneis de vedacao, mangueiras e isolamentopara fios e cabos eletricos [6,7,8]. Devido a estruturados elastomeros e dos polımeros de uma forma geral,a curva de foca versus estiramento (ou tensao versusdeformacao) quando o material e submetido a umacarga geralmente apresenta um perfil nao linear.

Os termoplasticos, por exemplo, apresentam umcomportamento nao-newtoniano (quando a relacaoentre a tensao cisalhante e a taxa de deformacao cisa-lhante nao e linear) e viscoelastico (comportamentoque ocorre quando uma tensao externa e aplicadaao polımero termoplastico deformando-o elastica eplasticamente ao mesmo tempo) [6,7,8].

A forma da relacao tensao-deformacao de bor-rachas foi objeto de investigacoes nas quais umaequacao empırica foi desenvolvida por Martin, Roth,e Stiehler [21] em 1956 para descrever o compor-tamento de um vulcanizado tıpico. Nesse artigomostraram que a relacao proposta e valida para ate200% de alongamento de borrachas naturais, bor-rachas de estireno-butadieno (SBR), borrachas debutilo (IIR) e borrachas de cloropreno (CR). Mar-tin et al [21, 22] desenvolveram a seguinte equacaoempırica para representar a relacao normalizada(ate L = 3).

σ/M =(L−1 − L−2

)exp

(A

(L− L−1

))(10)

em que σ e dado pela equacao (2) (em Pa), M e omodulo de Young, L = x/x0 (estiramento relativo)e A e um parametro igual a cerca de 0,38. O menorvalor relatado foi 0,32 e o mais alto 0,42 pelos autorescitados.

A proposta deste trabalho e comparar quatro ma-teriais elasticos diferentes. Tres molas helicoidais,sendo uma linear e duas nao lineares com perfil he-licoidal distinto. Por fim, um elastomero comercial,popularmente denominado de tripa de mico. O ob-jetivo e discutir o perfil dos graficos de forca versuselongacao e os possıveis ajustes matematicos quepodem ser realizados. Pretende-se que os resultadosdiscutidos neste artigo possam ser reproduzidos emlaboratorios de fısica, tanto do ensino medio quantodo ensino superior, enriquecendo a discussao sobremateriais elasticos e ampliando a visao do alunosobre as molas nao lineares que nao sao abordadasnos livros texto.

2. Materiais e metodo

Para este estudo foram utilizadas tres molas, he-licoidais apresentadas na Fig. 6, e um elastomerodenominado popularmente de tripa de mico.

Os valores das dimensoes das molas e da tripa demico sao apresentados na Tabela 1. A linear e uma

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mola comum utilizada em mecanismo de impressoraa laser.

As duas molas nao lineares foram retiradas deselos mecanicos de bombas rotativas. Ambas saohelicoidais, porem, uma delas tem espiras achatadase onduladas como pode ser visto na Fig. 7, que deno-minamos mola trelicada. As molas foram submetidasa compressao utilizando a montagem apresentadana Fig. 8.

As massas utilizadas como carga foram medidasem balanca analıtica com precisao de centesimo; asvariacoes no comprimento das molas foram medi-das com um relogio comparador digital. A tripa demico foi tracionada e seu comprimento medido comauxılio de uma regua milimetrada.

3. Resultados e Discussao

No grafico de forca vs elongacao para a mola helicoi-dal, apresentado na Fig. 9, pode-se observar o perfillinear dos dados experimentais.

Figura 6: Molas helicoidais: linear (A), nao linear com espiracircular (B), nao linear com espira achatada e ondulada (C)e tripa de mico (D).

Figura 7: Selo mecanico (A) e molas nao lineares comespira circular (B) e com espira achatada (C).

Figura 8: Montagem utilizada para medida da compressaodas molas. (A) mola, (B) regua, (C) suporte para fixacao e(D) massas.

Ajustou-se a partir dos pontos experimentais afuncao linear y = a + bx, obtendo-se os seguintesvalores para os parametros a =0,4062 e b =0,8211.Comparando este ajuste linear com a funcao (1)nota-se que o parametro b corresponde a constanteelastica da mola, cujo valor fica sendo k = 0,821N/mm (821 N/m). O parametro a =0,4062 N, neste

Figura 9: Curva de forca vs elongacao para a mola linearda Fig. 6A.

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Tabela 1: Parametros das molas e da tripa de mico apresentadas na Fig. 6.Mola N° de espiras Diametro Externo

(mm)Diametro do fio (mm)

A 8 18,78 ± 0,02 0,78 ± 0,02B 3 26,18 ± 0,02 1,80 ± 0,02C 3 27,38 ± 0,02 * ± 0,02

Diametro Interno (mm)D 11,50 ± 0,02 6,00 ± 0,02* mola feita com chapa de aco com 0,28mm de espessura por 2,54mm de largura.

Figura 10: Curva de forca vs elongacao para mola helicoidalnao linear da Fig. 6B.

caso, corresponde ao peso da montagem experimen-tal (Fig. 6) para acoplar as demais massas a mola.

Na Fig. 10 e apresentada a curva de forca vsdistancia para a mola helicoidal nao linear de espi-ras circulares. Analisando o grafico observa-se cla-ramente que para este tipo de mola nao e possıvelfazer um ajuste linear ao longo de todos os pontosobtidos experimentalmente. Por outro lado, nota-se que para pequenas regioes do grafico e possıvelajustar uma reta, seguindo a Lei de Hooke, como setivessemos um valor de k para cada regiao da curva.Sendo assim, optamos por dividir o grafico em tresregioes distintas (A, B e C). Para cada regiao foipossıvel ajustar uma reta obtendo-se tres valorespara a constante elastica. O ajuste da reta A geroua funcao FA =-0,3010 + 7,2864.x, com kA =7.286,4N/m; para a reta B, FB =-18,0964 + 15,1125.x, comkB =15.112,5 N/m; e a reta C gerou a funcao FC =-101,9853 + 41,6486.x, com kC =41.648,6 N/m. Osvalores do parametro a para todos os tres ajustesrealizados, que se apresentam com sinal negativo,podem ser desprezados pois sao extrapolacoes dasretas ajustadas e acabam nao tem um sentido fısiconeste caso.

Figura 11: Curva de forca vs elongacao para mola naolinear trelicada da figura 6C.

Analise semelhante foi realizada para a mola naolinear trelicada, cujo grafico de forca vs distancia eapresentado na Fig. 11.

Para essa mola que tambem apresenta respostanao linear, dividiu-se o grafico em tres regioes linea-res distintas (A, B e C). O ajuste da reta A geroua funcao FA =-0,7940 + 9,1512x, com kA =9.151,2N/m; para o ajuste B, FB =-23,7202 + 20,7567.x,com kB =20.756,7 N/m; e o ajuste C gerou a funcaoFC =-33,9946 + 25,2608.x, com kC =25.260,8 N/m.

Neste caso os valores referentes ao parametro atambem sao numeros negativos, podendo ser despre-zados nessa analise visto que nos interessa apenasos valores da constante elastica da mola em cadafaixa de forca aplicada.

Uma analise mais detalhada sobre o comporta-mento nao linear das duas molas helicoidais (Fig.7), referentes as curvas das Figuras 10 e 11, podeser realizada utilizando-se a Equacao de Duffingapresentada no item I.3. Nas Figuras 12 e 13 saoapresentados os graficos de forca vs distancia com ospontos experimentais e o respectivo ajuste segundoa Equacao de Duffing. No caso da mola helicoidal defio circular da Fig. 6B, a Funcao de Duffing (9) se

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Figura 12: Curva de forca vs elongacao para mola helicoidalnao linear da Fig. 6B.

Figura 13: Curva de forca vs elongacao para mola trelicadada Fig. 6C.

ajustou muito bem aos pontos experimentais (Fig.12), fornecendo o seguinte resultado:

F = -5,8565.10−5 + 6,5685.x + 0,7890.x3

Neste caso os parametros obtidos do ajuste acimasao interpretados da seguinte forma:

(-5,8565.10−5) – corresponderia ao valor da forcaquando a mola esta relaxada, alem disso e muitopequeno e negativo podendo, portanto, ser despre-zado.

(6,5685) – refere-se ao termo linear β = 6.568,5N/m, analogo a constante elastica da mola.

(0,7890) – este parametro e o α = 789,0 N/m3

da equacao de Duffing, que e o termo nao linear epositivo correspondendo ao endurecimento da mola.

A divergencia observada no ajuste aos tres ultimospontos da curva provavelmente deve-se ao fato damola ja estar no limite de sua compressao, quase noponto de contato entre suas espiras, provocando umendurecimento mais acentuado.

Para a mola de perfil nao linear com espiras re-tangulares e onduladas (denominada nesse trabalhocomo mola trelicada), o ajuste da Equacao de Duf-fing aos pontos experimentais do grafico da Fig. 13foi:

F = 0,8454 + 5,0075.x + 0,4313.x3

Neste caso tambem a analise e a mesma que foirealizada para o ajuste da Fig. 12. O valor de 0,8454corresponderia ao peso do aparato da montagemutilizado para prender as massas na mola durante atomada das medidas. Pode ser desconsiderado nestaanalise, pois o foco do trabalho e a discussao docomportamento elastico da mola. Para esta molaobteve-se β = 5007,5 N/m e α = 431,3 N/m3.

Para os resultados da tripa de mico, seguiu-seo que geralmente se faz nas aulas de laboratorio,que e construir o grafico de forca vs elongacao (∆l),apresentado na Fig. 14, como foi realizado para asmolas discutidas nesse artigo. A equacao (10) foientao reescrita na seguinte forma

F = A0M(L−1 − L−2) exp(A(L− L−1)) (11)

onde A0 e a area da seccao reta da tripa de mico, queneste caso corresponde a um anel cujos diametrosinterno e externo estao apresentados na Tabela 1. Oajuste aos pontos experimentais segundo a funcao(11) resultou em

F = −0, 62507 + 83, 0207(L−1 − L−2)× exp[0, 4038(L− L−1)]

Figura 14: Curva de forca vs elongacao para elastico (tripade mico) da Fig. 6D.

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onde L = l/l0 l0 = 0,165m, A0M = 83,0207 e A =0,4038.

Utilizando os valores dos diametros da tripa demico apresentados na Tabela 1, tem-se que a areaA0 e calculada da seguinte forma:

A0 = π

4(D2 − d2

)= π

4(11, 52 − 62

)

A0 = 75, 57mm2

A partir do valor de A0 calculado acima obtemoso modulo de elasticidade M (ou modulo de Young):

M = 83, 020775, 57 = 1, 098593N/mm2

Fazendo a conversao da area A0 de mm2 param2, tem-se finalmente o modulo de Young dadopor M = 1098593 Pa, ou M = 1,1 x 106 Pa, queesta em concordancia com os valores descritos naliteratura [23]. Outro valor importante e o referenteao parametro A da funcao (11), que tambem estaem concordancia com os resultados da literatura[23].

4. Conclusoes

Similar aos casos geralmente discutidos nos livrostexto, a mola helicoidal com 8 espiras, tratada nestetrabalho, tambem apresentou perfil linear ao longode toda sua compressao. Neste caso a analise foi autilizada tradicionalmente nas aulas, seja de teoriaou de laboratorio, onde e discutido o perfil lineardo grafico de forca vs elongacao, e a relacao entre ainclinacao da reta e o valor da constante elastica damola. A funcao linear gerada pelo software Excel,utilizado neste trabalho, se ajustou muito bem aosdados experimentais, fornecendo o valor da cons-tante elastica k = 820 N/m.

Para o estudo das molas e da tripa de mico, queapresentam um perfil nao linear, foi proposto nestetrabalho dois tipos de abordagem, uma discreta,dividindo os graficos em tres regioes lineares dis-tintas, obtendo-se deste modo tres valores para aconstante elastica; e uma analise mais completa ondese propos o uso de funcoes que levem em conta anao linearidade dos elementos elasticos e que melhorse ajustassem aos pontos experimentais.

Dividir um grafico em regioes lineares, desde queseja possıvel, e uma abordagem comum e simples emvarias situacoes praticas. Dependendo da situacao,

Tabela 2: Resumo dos valores da constante elastica kdasmolas nao lineares, dos parametros α e β, do modulo deYoung e do parametro exponencial A da tripa de mico.

ConstanteElastica

Mola B (N/m) Mola C (N/m)

kA 7.286,4 9.151,2kB 15.112,5 20.756,7kC 41.648,6 25.260,8β(N/m) 6.568,5 5.007,5α(N/m3) 789,0 431,3Tripa de M (Pa) AMico 1098593 0,4038

talvez a mola seja solicitada em apenas uma determi-nada faixa de forca aplicada e, neste caso, um ajustelinear da curva seja suficiente para a determinacaoda sua constante elastica.

Respostas de sistemas nao lineares podem sertratadas matematicamente utilizando, por exemplo,funcoes polinomiais ou exponenciais, que geralmentese ajustam bem aos pontos experimentais. Porem,o mero ajuste matematico nao necessariamente temcomo base o conceito fısico do fenomeno estudado.Nossa preocupacao e chamar a atencao para a uti-lizacao de ajustes que correspondam ao fenomenofısico estudado, particularmente nos laboratoriosonde se busca encontrar a funcao correspondenteao problema analisado. Neste sentido, a funcao deDuffing, utilizada para o caso das molas nao lineares,e a de Martin et al, em polımeros, se prestam parailustrar essa situacao.

A Tabela 2 apresenta o resumo dos valores daconstante elastica k obtidos do ajuste linear de cadaregiao da curva para as duas molas nao lineares, osvalores dos coeficientes α e β referentes ao ajustenao linear, bem como os parametros A e M da tripade mico.

Este trabalho procurou mostrar que e importanteenfatizar que o comportamento elastico nao e ne-cessariamente apenas linear como apresentado noslivros texto, dando talvez a falsa impressao ao alunoque todos os materiais elasticos sao lineares, se-guindo deste modo a lei de Hooke. Assim, o estudode modelos teoricos mais adequados permite enri-quecer a pratica experimental, fornecendo ajustesmais condizentes com a realidade, alem do que in-troduz novos conceitos como a tensao de engenhariaσ, cujo valor encontrado no ajuste correspondeu aosapresentados na literatura.

DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1806-9126-RBEF-2016-0102 Revista Brasileira de Ensino de Fısica, vol. 38, nº 4, e4305, 2016

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Agradecimentos

A FAPESP pelo apoio financeiro.

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