a interpretação para o atraso relativo do nordeste
TRANSCRIPT
A Interpretação para o Atraso Relativo do Nordeste
a Partir da Teoria do Desenvolvimento Econômico
Periférico da Cepal
Prof. Dr. Guerino Edécio da Silva Filho
Economia Internacional
Caracterizar os modelos de intervenção do Estado na economia e suas
repercussões dinâmicas
Melhor entendimento do ambiente econômico que condicionará a
competitividade das organizações e das aglomerações empresariais
estabelecidos nos diversos subespaços territoriais nacionais
Entender as relações entre os modelos estudados em economia
internacional e as políticas delas derivadas.
Prof. Dr. Guerino Edécio da Silva Filho
Características do padrão de crescimento econômico vigente no país entre as
décadas de 1950/1980.
•O pensamento e o modelo cepalino de desenvolvimento econômico para economias periféricas
•Esse modelo influenciou fortemente a ação diferenciada do Estado na Região Nordeste, desde a
década de 1950.
•Prevaleceu na concepção e implementação de políticas de desenvolvimento no Brasil e no Nordeste
Principais críticas
Contrapor o modelo econômico cepalino com o estabelecido a partir da década
de 1990.
Entender o que ficou defasado e o que permanece válido do Modelo de
Desenvolvimento da Cepal.
Objetivo: Entendimento do padrão de crescimento econômico do país e da
Região Nordeste
Prof. Dr. Guerino Edécio da Silva Filho
Esgotamento do modelo de industrialização
por substituição de importações
Processo de inserção da economia brasileira
no cenário do comércio internacional
• Globalização
• Formação de blocos regionais de países
Prof. Dr. Guerino Edécio da Silva Filho
Representou uma alternativa à teoria
econômica ortodoxa na interpretação do
desenvolvimento econômico das economias
periféricas.
Prof. Dr. Guerino Edécio da Silva Filho
A teoria geral da Cepal
•Em função da deterioração dos termos de troca, os países especializados em
produtos primários tenderiam a se perpetuar no atraso.
A interpretação dos teóricos da Cepal quanto ao atraso relativo do
Nordeste (GTDN)
Críticas ao GTDN
Conclusões
Prof. Dr. Guerino Edécio da Silva Filho
A política desenvolvimentista introduzida no
Nordeste do Brasil, a partir do anos 1960,
seguiu, no geral, a política nacional.
• O modelo cepalino fundamental a política desenvolvimentista
no Nordeste e no Brasil, no período pós-1960.
• Pensamento econômico que predominou no Brasil nas
décadas de 1930, 1940 e 1950
• Fase fundamental do processo de intensificação da
industrialização do Brasil.
• Essa fase marcou todo um novo padrão de crescimento
econômico nacional.
Prof. Dr. Guerino Edécio da Silva Filho
a industrialização integral é a via de superação da pobreza e do subdesenvolvimento
brasileiro;
não há meios de alcançar uma industrialização eficiente e racional no Brasil através da
espontaneidade das forças de mercado, e, por isto, é necessário que o Estado a planeje;
o planejamento deve definir a expansão desejada dos setores econômicos e os
instrumentos de promoção dessa expansão; e
o Estado deve ordenar também a execução da expansão, captando e orientando
recursos financeiros e promovendo investimentos diretos naqueles setores em que a
iniciativa privada for insuficiente.
Prof. Dr. Guerino Edécio da Silva Filho
Problema da industrialização;
Problema do planejamento;
Problema do capital estatal e do capital estrangeiro;
Problema da distribuição de renda;
Problema da reforma agrária.
Prof. Dr. Guerino Edécio da Silva Filho
a) Três variantes do desenvolvimentismo:
• i) setor privado desenvolvimentista
• ii) setor Público desenvolvimentista não-nacionalista
• iii) setor público desenvolvimentista nacionalista
b) Neoliberalismo
• (à direita do desenvolvimentismo);
c) Corrente socialista
• (à esquerda do desenvolvimentismo).
Prof. Dr. Guerino Edécio da Silva Filho
O papel do Estado no estabelecimento de um novo
padrão de crescimento econômico nacional .
os industrialistas da década de 40 (vários
argumentos heterodoxos)
• Buscavam justificar o desenvolvimento da indústria, a partir de
um forte apoio do Estado, que teria como instrumentos o
Planejamento, o Protecionismo, o apoio creditício
governamental e investimentos estatais diretos.
Prof. Dr. Guerino Edécio da Silva Filho
i. Caracterização do subdesenvolvimento como uma
condição da periferia
•Economias Centrais (desenvolvida) - apresentam um nível tecnológico
mais ou menos homogêneo em toda a extensão do seu sistema
produtivo.
•Economias Periféricas (subdesenvolvidas) - apresentam uma estrutura
produtiva dualista,
•Há um setor mais avançado tecnologicamente (setor primário-
exportador)
•Há outro setor que é atrasado tecnologicamente.
A base dessa abordagem é o processo histórico
•Só há dualidade para os países que se industrializaram tardiamente
Prof. Dr. Guerino Edécio da Silva Filho
Relação entre a difusão desigual do progresso técnico e a distribuição
desigual de seus benefícios.
•Razões:
Estrutura produtiva oligopolizada e sindicatos organizados, no centro,
que não permitiam que elevações de produtividade resultassem em
queda de preços;
Contrariamente, na periferia, uma estrutura de mercado mais competitiva
e o excedente de mão de obra pressionando continuamente no sentido
de declínio de preços e salários, resultando em transferência de
produtividade ao centro.
ii. A Tese da Deterioração dos Termos de Troca
Prof. Dr. Guerino Edécio da Silva Filho
Tendência: Perpetuação na pobreza
O centro tender a reduzir a taxa de expansão das importações de
produtos primários à medida que avançava o progresso técnico
poupador de insumos primários; e
Baixa elasticidade-renda da demanda por produtos primários.
ii. A Tese da Deterioração dos Termos de Troca
Estes dois fatos são refletidos em taxas de crescimento mais baixas dos países subdesenvolvidos relativamente às economias centrais.
Prof. Dr. Guerino Edécio da Silva Filho
A 1ª Guerra Mundial.
A crise dos anos 30.
•Oportunidade histórica aos países periféricos, ao reduzir o vigor do
comércio entre os países.
• Isto implicou num processo de crescimento das economias periféricas, o
que levou a um fortalecimento do setor de mercado interno, através de
um processo espontâneo de industrialização
novo padrão de desenvolvimento voltado “para dentro”
nova era na difusão do progresso técnico no mundo.
iii. Identificação de um processo de industrialização
espontâneo e o significado histórico a ele atribuído
Prof. Dr. Guerino Edécio da Silva Filho
Padrão de transformação clássico
(ocorreu no bojo da revolução industrial)
•Não houve grandes diferenciais nas taxas de
expansão dos diversos setores produtivos (não
havia “gargalos” na economia);
•A estrutura produtiva experimentou relativa
facilidade em se adaptar às transformações
ocorridas nos padrões de consumo da sociedade.
(ausência do efeito-demonstração)
iv. Industrialização na periferia vista como padrão de
desenvolvimento sem precedente e problemático
Prof. Dr. Guerino Edécio da Silva Filho
i) Tendência ao desemprego
•Por conta da insuficiência de poupança e de acumulação de capital, da elevada
taxa de crescimento demográfico e pelo emprego, na periferia, de técnicas
capital-intensivas disponíveis no centro;
ii) Deterioração dos termos de troca
iii) Desequilíbrio externo
•Provocado por
• novas necessidades de bens intermediários e de capital (que não eram
produzidos internamente)
• Novo padrão de consumo da população
iv) Inflação
iv. Industrialização na periferia vista como padrão de
desenvolvimento sem precedente e problemático
Prof. Dr. Guerino Edécio da Silva Filho
Processo de intensificação da industrialização das economias
latino-americana através da substituição seletiva de importações.
Esse provocaria primeiramente a substituição de importações de
bens finais não duráveis, que envolviam uma tecnologia simples e
necessitava de inversões menores de capital.
A produção desses produtos provocaria o aparecimento de um
mercado para bens intermediários, que passariam, numa etapa
adiante, a ser produzidos internamente em substituição à
importação que adviria naturalmente por conta da primeira fase.
O processo chegaria ao fim no momento em que a importação de
bens duráveis finais e de capital fosse substituída pela produção
doméstica.
Prof. Dr. Guerino Edécio da Silva Filho
Do nível de diversificação do sistema produtivo
prévio ao início do processo;
Do tamanho dos mercados internos;
Da evolução da capacidade de importação da
economia.
Industrialização por substituição das importações
Determinantes da rapidez e profundidade do processo
Prof. Dr. Guerino Edécio da Silva Filho
Os economistas cepalinos
fundamentavam o planejamento com
instrumento indispensável a ser usado
pelo Estado para promover o
desenvolvimento econômico.
•Escolhas dos segmentos a serem estimulados
(evitar desequilíbrios internos e otimizar efeitos)
vi. A proposta de planejamento da Cepal
Prof. Dr. Guerino Edécio da Silva Filho
A expansão da moeda, nas economias periféricas, era
endógena e variava de acordo com as elevações de preços,
em função dos “gargalos” que apresentavam.
•A inflação provocaria a emissão de moeda, e não o contrário.
•Os cepalinos transferiam do curto para o longo prazo a solução do
problema da inflação nos países periféricos
única maneira de evitar a inflação seria alterar as condições
estruturais que a provocava
•Com planejamento estatal haveria mais industrialização e mais
crescimento econômico .
vii. A tese estruturalista sobre a inflação
Prof. Dr. Guerino Edécio da Silva Filho
Dinamicamente, Prebisch visualizava a deterioração dos termo
de troca e a perpetuação do atraso para aquelas economias que
se especializassem em produtos primários simples.
Em termos dinâmicos ( o fortalecimento do SMI com o
protecionismo):
• Redução dos diferenciais de produtividade entre as empresas domésticas e as
internacionais;
• A diversificação da economia seria efetivada através da industrialização,
• Haveria uma tendência favorável à elevação dos salários = f(aumento de
produtividade) fortalecimento do SMI.
viii - A argumentação de Prebisch a favor do
protecionismo
Prof. Dr. Guerino Edécio da Silva Filho
Interpretação CEPALINA para o
Atraso Econômico do Nordeste:
O Relatório do GTDN
Prof. Dr. Guerino Edécio da Silva Filho
Seca de 1877/79:
• Morreram mais de um milhão de nordestinos.
• O Imperador D. Pedro II, ofereceu as próprias jóias da coroa
para que ninguém mais morresse por falta de recursos na
Região(lance de retórica).
• O conteúdo assistencialista, presente na atitude imperial, vai
caracterizar, de forma marcante, as ações do Estado até o
final dos anos 50 do século seguinte, quando as intervenções
federais na Região passaram a ter um caráter mais
desenvolvimentista, e, portanto, menos assistencialista.
Caracterização da Ação do Governo Federal no Nordeste
até a Década de 50
Prof. Dr. Guerino Edécio da Silva Filho
Ações relacionadas com as tentativas de “salvar o flagelado da seca”. (assistencialismo).
Ações vinculadas à oferta de água (a chamada “solução hidráulica”) - criação da Inspetoria de
Obras Contra as Secas (IOCS), em 1909.
Fase da melhoria da infraestrutura: melhor oferta de energia na Região (criação da CHESF em
1948) e da Comissão do Vale do São Francisco (CVSF, 1948).
Fase do desenvolvimento intensivo: Esforço de integração da economia regional à nacional, de
modo a que se obtenha uma redução das disparidades econômicas. (Criação do BNB, em 1952
e da SUDENE, em 1959.
Periodização das ações do Estado no Nordeste
Prof. Dr. Guerino Edécio da Silva Filho
Grande e crescente disparidade de níveis de renda existente entre o
Nordeste e o Centro-Sul do país;
Na raiz dos problemas da economia nordestina encontram-se: i) escassez
relativa de terras aráveis; ii) inadequada precipitação pluviométrica; iii)
extrema concentração da renda na economia açucareira; iv)
predominância do setor de subsistência na pecuária do hinterland semi-
árido;
GTDN: Síntese da Interpretação Cepalina
sobre o Atraso Econômico do Nordeste
Prof. Dr. Guerino Edécio da Silva Filho
Agravantes dos problemas da economia nordestina:
•Política implementada pelo Governo Federal na Região;
•A política de industrialização do Centro-Sul, via transferências de recursos do Nordeste,
através da política cambial e de seleção de importações;
Os recursos que chegavam no Nordeste, via setor exportador e
principalmente via setor público, apenas conseguiam contrabalançar os
fluxos de saída
•Fluxos de saída:
•Compras de produtos industrializados no Centro-Sul do país
•Carga tributária desfavorável ao Nordeste
•Captação de divisas, obtidas no Nordeste, mas transferida para o Sul, via política de
industrialização daquela Região.
GTDN: Conclusões do relatório
Prof. Dr. Guerino Edécio da Silva Filho
5. Os fluxos de capitais contra e a favor do
Nordeste:
• A transferência por intermédio do Governo Federal
avolumava-se nos anos secos e, em grande parte, diluíam-
se em obras assistenciais.
• Enquanto que o setor privado transferia recursos do
Nordeste principalmente nos anos bons. Esses recursos
tendiam a procurar melhores oportunidades de
investimentos oferecidas pelo Centro-Sul;
GTDN: Conclusões do relatório
Prof. Dr. Guerino Edécio da Silva Filho
6. O crescimento da economia nordestina continha
dois elementos básicos: o setor externo e as
transferências do setor público.
• Com relação a esses dois elementos tem-se:
• as exportações (para o exterior) estavam prejudicadas pela
política cambial praticada no país até 1953, e as exportações
(para o Centro-Sul), não chegaram a compensar a falta de
dinamismo das exportações para o exterior;
• O saldo líquido das transferências do setor público era
bastante favorável ao Nordeste.
GTDN: Conclusões do relatório
Prof. Dr. Guerino Edécio da Silva Filho
Os três objetivos da industrialização
eram:
•Empregar uma massa populacional flutuante;
•Criar uma classe dirigente nova, imbuída do
espírito de desenvolvimento;
•Fixar na Região os capitais formados em outras
atividades econômicas, que naquele momento
tendiam a emigrar.
GTDN: Conclusões do relatório
Prof. Dr. Guerino Edécio da Silva Filho
Na zona semi-árida, as ações empreendidas pelo
Estado, até então, eram de dois tipos:
• As de curto prazo (caráter mais assistencial e criação de uma
demanda artificial de alimentos);
• As de longo prazo, que consistiam na construção de uma
rede de açudes;
Resultado dessas medidas: fixou na Região um
excedente demográfico crescente, sem modificar
estruturalmente os problemas.
GTDN: Conclusões do relatório
Prof. Dr. Guerino Edécio da Silva Filho
O GTDN propunha, então, como estratégia de superação das desigualdades
regionais, a intensificação do processo de industrialização do Nordeste.
•A industrialização iria substituir o setor
exportador como fonte do dinamismo econômico
regional.
GTDN: Recomendações do relatório
Prof. Dr. Guerino Edécio da Silva Filho
O Viés Cepalino: O Problema do Emprego e o paradoxo com tecnologia a ser
adotado.
Falhas do Diagnóstico do GTDN (não foram considerados:
•Um avançado grau de integração da economia brasileira no final da década de 50; e a
tendência da indústria nordestina se especializar em bens intermediários.
Pouca atenção à infra-estrutura.
Negligência ao capital humano.
A forma isolada de como a Região é tratada
A não explicação de como se daria a reforma agrária.
GTDN: Críticas
Prof. Dr. Guerino Edécio da Silva Filho
7. Na visão do GTDN, as condições para se incrementar o produto da
Região através das exportações do setor primário, como visto acima,
eram precárias. A única forma de se conseguir o desenvolvimento
regional seria através da diversificação da produção interna com a
intensificação da industrialização. Os esforços sistemáticos para
ampliar as linhas de exportações do Nordeste continuariam sendo
desenvolvidos paralelamente.
Prof. Dr. Guerino Edécio da Silva Filho
O artigo serviu para mostrar os fundamentos da
caracterização das políticas governamentais que
determinaram a dinâmica da economia nacional e
regional até os fins dos anos da década de 1980.
Na próxima aula verificaremos as características da
economia nacional no período seguinte aos anos da
década de1990.
Prof. Dr. Guerino Edécio da Silva Filho