a inteligÊncia espiritual como fator … · espiritual, como percebem o ... além das sete...
TRANSCRIPT
A INTELIGÊNCIA ESPIRITUAL COMO FATOR
DETERMINANTE PARA UM BOM TRABALHO DE LIDERANÇA
Área temática: Gestão Estratégica e Organizacional
Telka Baiocchi
Resumo: Esta pesquisa é um estudo qualitativo que tem como objetivo responder a pergunta: A inteligência espiritual
influencia um bom trabalho de liderança? Foram entrevistados 16 líderes e aplicado o PSI - PsychoMatrix Spirituality
Inventory de Wolman (2002), questionário com o intuito de medir o grau de inteligência espiritual de cada participante.
Desta maneira, ao procurar respostas para esta questão, foi criado um ambiente de reflexão que despertou a liderança
analisada para um novo tipo de inteligência: a espiritual. A compreensão do resultado do questionário e entrevista
aplicados, permitiu um maior entendimento do conceito da espiritualidade e de como pode influenciar no dia a dia de
trabalho de cada gestor participante. No referencial teórico destacou-se a análise dos diferentes tipos de inteligência e
seus desdobramentos, assim como sua relação com a liderança. Os resultados da aplicação dos seus sete fatores
revelaram o grau de inteligência espiritual dos participantes, sendo por eles analisado e debatido num bate papo com
cada gestor. A entrevista buscou analisar a partir das percepções dos participantes, propósitos e objetivos de vida que
favoreçam uma auto reflexão para a tomada de decisão. Os resultados e análises revelaram que a presença da
espiritualidade é efetiva na vida dos participantes, causando por vezes até surpresa, pois não imaginavam que este tema
pudesse fazer parte de forma tão intensa na vida de trabalho em equipe e liderança. Sentir-se ligado a um ser superior,
preocupar-se com o bem-estar físico, buscar aprofundar seus conhecimentos no sagrado e espiritualidade, estar sensível
a percepções fora do convencional, participar de atividades em benefício dos outros, aprender com os momentos
difíceis e de dor e ainda como uma prática religiosa na infância pode ajudar na vida adulta, são os enfoques dos sete
fatores do PSI. Esta análise promoveu uma ampliação para a análise dos propósitos, sentido, significado e objetivos de
vida de cada participante. Desta forma, este estudo visa contribuir com uma maior análise qualitativa e dados
estatísticos, visto ser o tema inteligência espiritual subjetivo e de difícil mensuração
Palavras-chaves: Inteligência espiritual. Liderança . Gestão de Pessoas
ISSN 1984-9354
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
2
1. INTRODUÇÃO
A SITUAÇÃO PROBLEMA
Vive-se hoje a supervalorização do materialismo, onde o ter se sobrepõe ao ser. Os avanços
tecnológicos, globalização, velocidade das informações acompanhadas do aumento da necessidade de
consumo, foca-se no exterior e pouco no interior, ou seja, aquilo que representa um significado e
sentido pessoal. Tudo isso, nos afasta do silêncio, tranquilidade e autoconhecimento que nos conecta
com a nossa realidade interior, verdadeira essência. A busca pelo verdadeiro sentido da vida é algo que
sempre acompanha o ser humano e ao colocar os objetivos de vida em conquistas materiais se vê num
imenso vazio. Apesar de todo avanço tecnológicos e avanços materiais o ser humano ainda encontra
dificuldade de encontrar significado e sentido para sua existência. Desta forma, tendo em vista que o
trabalho de liderança é gerir pessoas, motivações e expectativas para se obter um resultado, percebe-se
a grande necessidade de pontuar nesta pesquisa a relevância da dimensão espiritual para o trabalho de
liderança.
2. OBJETIVOS DA PESQUISA
2.1. OBJETIVO GERAL
Faz-se necessário investigar sobre a importância da inteligência espiritual para o trabalho de liderança
e incentivar a auto-reflexão dos entrevistados para os resultados compreendendo seu estilo espiritual e
limitações para a aplicação na vida prática. Tendo como base a linha de pensamento holístico, que
acredita que o ser humano está integrado de forma harmônica e equilibrada por dimensões física,
racional, emocional e espiritual, compondo um todo maior, a dimensão espiritual dentro da realidade
materialista e individualista atualmente apresentada, está sendo cada vez mais relegada pela sociedade.
A ausência desta dimensão que chamamos de inteligência espiritual apresenta consequências danosas
para o ser humano e sistema organizacional. Desta forma, o objetivo desta pesquisa é mostrar a
importância desta inteligência para o trabalho de liderança.
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
O passo inicial para investigar a importância da inteligência espiritual para a liderança foi levantar
dados e informações junto a uma amostra de gestores que descrevessem seu olhar perante a dimensão
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
3
espiritual, como percebem o assunto na sua vida pessoal e prática profissional de liderança, visando
contribuir para um processo de auto análise, compreensão das limitações e estilo espiritual.
3. MÉTODO
Foi realizado um levantamento bibliográfico, e para isso foram utilizados livros específicos sobre o
assunto e também em artigos de órgãos de credibilidade, que abordam o tema com publicações que
enfatizassem o assunto. Foi também realizada uma pesquisa qualitativa através da aplicação do
inventário PSI em 16 líderes.
O Levantamento bibliográfico teve início no semestre 2 do ano 2014. A pesquisa qualitativa teve início
no semestre 1 do ano de 2015, em que foi utilizado o inventário PSI (Psicomatrix spirituality
inventory) de Wolman com as orientações para o seu preenchimento através do link online:
http://kwiksurveys.com/s.asp?sid=mpi1tsl3xq01kmb478095 onde foi exposto de forma detalhada a
pesquisa a ser desenvolvida. O inventário possui 49 perguntas e foi direcionada a 16 líderes com o
intuito de responder o questionamento problema: A inteligência espiritual é importante para um bom
trabalho de liderança? Os questionários foram respondidos e com este resultado, cada gestor participou
de uma entrevista para análise e perguntas baseadas em seu resultado. Foi exposto a cada gestor a
explicação da história de como o criador do questionário Richard Wolman (2002) trabalhou na sua
construção. Este levantamento foi realizado entre 20 de janeiro a 8 de fevereiro de 2015. Foi
apresentado a correlação da inteligência espiritual com a liderança e o aprofundamento do tema através
de uma pesquisa qualitativa em que 16 líderes participaram respondendo o inventário de inteligência
espiritual (PSI) e foram entrevistados a partir de seus resultados, assim como o devido esclarecimento
sobre a forma de elaboração deste instrumento de mensuração (PSI) da inteligência espiritual e sua
análise de resultado.
Os resultados alcançados representam o ponto de vista dos líderes que responderam o
questionário e a entrevista. Como ocorre em toda pesquisa qualitativa, as opiniões se divergem de
acordo com a subjetividade de cada participante, porém não compromete a importância da pesquisa,
visto que cada profissional posicionou sua opinião abrindo espaço para debates e reflexões. A
conclusão da autora acerca do estudo elaborado a levou a sugerir propostas de novas investigações
sobre o assunto.
4. A CONSTRUÇÃO DA INTELIGÊNCIA AO LONGO DO TEMPO
Para Zohar e Marshall (2000) numa análise mais moderna, a inteligência humana tem influência da
genética, experiências diárias, saúde física e mental, alimentação, quantidade de exercícios que
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
4
praticamos, tipos de relacionamentos que construímos e vários outros fatores. Afirmam ainda, que
além das sete inteligências definidas por Gardner na teoria das inteligências múltiplas podem existir
outras infinitas, porém estão ligadas e são variações de três sistemas neurais do cérebro: O quociente
Intelectual (QI), emocional (QE) e espiritual(QS). Sobre o funcionamento das três inteligências Zohar
e Marshall concluem:
Em condições ideais, as três inteligências básicas funcionam juntas e se apoiam mutualmente. O modo
como funciona nosso cérebro permite que elas tenham condições de fazer isso, mas todas, o QI, QE e
QS, apresentam uma área própria em que são mais fortes e podem também funcionar separadamente.
Isto é, não somos necessariamente poderosos ou fracos em todas as três ao mesmo tempo. Não
precisamos ter um poderoso QI ou QS para termos um QE alto podemos ser fortes em QI e fracos e
QE e QS, assim por diante.
Segundo Torralba (2013,p.36), a inteligência espiritual veio corroborar cientificamente o que já era
uma convicção plenamente presente em toda tradição filosófica do ocidente, a saber que o ser humano
não pode se definir, unicamente, como um ser pensante, mas como um ser que sente, que é dotado de
coração.
A inteligência emocional pode se confundir com a terceira inteligência comentada a seguir
(inteligência espiritual) pelo alto grau que o QE fornece de consciência social e empatia cognitiva
dando habilidade de perceber o que o outro sente sem o uso das palavras. Porém no livro “O cérebro e
a inteligência emocional” de Daniel Goleman com novas perspectivas da dinâmica da inteligência
emocional, se aborda o tema do lado obscuro da inteligência emocional em que afirma que um
psicopata mapeia muitos aspectos da inteligência emocional, pois pode ser muito bom na empatia
cognitiva que é perceber as emoções, mas carecem de empatia emocional que é a capacidade de sentir
o que o outro sente e por definição, um psicopata não se importa com as consequências humanas de
suas mentiras, manipulações e crueldade. A Inteligência espiritual analisada a seguir não só supre esta
carência como outras necessidades que tanto aflige a sociedade moderna como a busca do sentido e
resiliência (capacidade de superação).
4.1. INTELIGÊNCIA ESPIRITUAL, RELIGIOSIDADE, ESPIRITUALIDADE E SAÚDE MENTAL
Segundo Oliveira, Pascoalicchio, e Primi (2012), na última década a relação entre a espiritualidade,
religiosidade e saúde mental tem sido muito investigada na comunidade científica.
Sobre a saúde mental, Zohar e Marshall (2000) afirmam que psicopatologia Freudiana explica como a
psique pode sair do estado de equilíbrio ou ser prejudicada por emoções hostis como: raiva, medo,
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
5
obsessão, repressão e compulsão, o que poderia ser definido também como doença espiritual. A
doença espiritual seria um problema de relacionamento com o centro profundo do eu. Afirmam ainda
que na patologia espiritual, temos de lidar com as mesmas doenças de que tratam a psicologia e a
psicologia ocidental tradicional.
Oliveira, Pascoalicchio, e Primi (2012) afirmam ainda que estudos internacionais revelam que as
pessoas que recorrem à fé ou à espiritualidade para lidar de forma mais efetiva com quadros
emocionais negativos conseguem obter resultados mais eficazes no enfrentamento de algum problema
e que a questão da crença religiosa ou espiritual poderia ser um fator que promoveria uma mudança
comportamental de tal modo que as pessoas ficariam impelidas a acreditar na certeza da melhora.
Cabe porém, diferenciar a religiosidade da espiritualidade. Para Zohar e Marshall (2000), a
religiosidade é um conjunto de regras e crenças impostas de fora por sacerdotes, profetas ou livros
sagrados. Já a espiritualidade é uma capacidade interna, inata do cérebro e da psiquê humana que
aplica sentindo na solução de problemas e nos torna seres verdadeiramente íntegros. Logo, é anterior a
qualquer cultura específica ou expressão religiosa. Esclarecem ainda as consequências de um bom grau
de quociente espiritual (QS).
Somos consumidos demais pelo desejo de poder, confiamos demais nas convenções, ficamos
obsecados com detalhes, inclinados demais para rebelião, ou o que seja. Quando é alto nosso QS e
estamos em contato com nossa totalidade, nossa personalidade expressa um pouco de líder, um pouco
de artista, um pouco de intelectual (…).
Seguindo esta visão, o desenvolvimento da inteligência espiritual se mostra um grande
diferencial para o trabalho de liderança conforme aprofundado no capitulo seguinte.
4.2. INTELIGÊNCIA ESPIRITUAL E LIDERANÇA
Segundo Gustavo e Magdela (2002) atualmente discutem-se processos sociocráticos de
decisão como espiritualidade nos negócios, responsabilidade pelo todo, ética nos negócios, entre
outros conceitos que impulsionou a busca de um novo conceito de liderança voltado para um processo
de maestria pessoal que seria um mergulho em si mesmo, um processo de autoconhecimento, profunda
reflexão, meditação e prática de um comportamento inspirador, ou seja, o novo líder busca o
autoconhecimento se opondo ao velho chefe que descarrega seus problemas inconscientes em seus
subordinados. Diz ainda que um dos requisitos centrais da boa liderança é a capacidade de inspirar as
pessoas, movê-las, encorajá-las e puxá-las para uma atividade, ajuda-las a manter-se centradas e
focadas operando na capacidade máxima. Como a inteligência espiritual pode ser importante neste
contexto?
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
6
No livro Insights on leadership de Ken Blanchard citado por Gustavo e Magdela (2002),
abordam o conceito de liderança servidora em que o líder trabalha para seus subordinados atingirem
suas metas. Blanchard cita Jesus como um grande exemplo de inteligência espiritual para um bom
trabalho de liderança usando o conceito de liderança servidora:
Todos os reis da História mandaram seus povos morrer por eles. Só há um rei que decidiu morrer por
seu povo (...). Ele de fato construiu uma equipe de gestão, os doze apóstolos e foi à luta recrutando
pessoas inexperientes (poderia ter procurado bons pregadores). Nenhum dos doze tinha tinha
experiência anterior na atividade para a qual foi selecionado, mas todos passaram no teste maior, que é
fazer as coisas acontecerem quando o chefe não está mais junto. (...) Qualquer um que deseje ser o
primeiro deve ser o último e o servidor de todos. Era importante que as respostas de Jesus fossem
claras para seus discípulos tanto em palavras como em atos. Qual dos leitores foi convidado a ir à casa
de seu chefe recentemente e ao chegar lá a primeira coisa que o chefe fez foi tirar-lhe os sapatos e
lavar-lhes os pés? Quando Jesus lavava os pés de seus discípulos estava mostrando simbolicamente
uma liderança servidora.
Por fim, Gustavo e Magdela (2002) afirmam a importância de a liderança incentivar o sentido de
equipe que apenas se dá com uma gestão “integral” que se baseia no maior conhecimento, domínio do
corpo, da alma e do espírito - com maior autoconsciência, a fim de que, naturalmente, com base na
solidariedade verdadeira, que é servidora, se formem equipes eficientes. Este conceito se aproxima ao
pensamento de Wolman (2002) criador do inventário PSI o qual mede o grau de inteligência espiritual
e foi aplicado nesta pesquisa. Wolman (2002) diz que cada um de nós possui uma inteligência
espiritual e que temos capacidade de pensar com a alma, apesar dos conceitos inteligência e
espiritualidade se oporem devido a objetividade que o conceito de inteligência exige. Porém segundo
ele, a subjetividade e objetividade convivem dentro de cada um de nós e compreender nosso eu
espiritual e as maneiras inteligentes de lidar com a espiritualidade se faz extremamente necessário na
atualidade.
4.3. RESULTADOS DE UMA PESQUISA SOBRE INTELIGENCIA ESPIRITUAL COM A
LIDERANÇA
4.3.1 A AMOSTRA
Aos 16 gestores participantes foi enviado o convite com link para participação na pesquisa com
o inventário PSI e explicação sucinta da pesquisa a ser desenvolvida. As empresas a que pertencem os
líderes da presente amostra foram. 4 diferentes áreas: de petróleo e Gás, Militar, Arquitetura e
publicitária. Ao responder o questionário o percentual de resposta foi automaticamente contabilizado
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
7
no site para os sete fatores analisados: Divindade, Diligência, Percepção extra-sensorial,
intelectualidade, Comunidade, Trauma e espiritualidade na infância.
4.3.2 O PROBLEMA
Conforme apresentado no capítulo 1, foi destacado a supervalorização de valores na sociedade atual
como: materialismo, velocidade das informações e consumismo exagerado que acaba por afastar o ser
humano do silêncio, tranquilidade e autoconhecimento que nos conecta com a nossa realidade interior
e verdadeiro sentido da vida. Este afastamento pode gerar sérios problemas para um trabalho de
liderança que exige tomada de decisões rápidas que influenciam na vida de outras pessoas. Desta
forma, para destacar a relevância da dimensão espiritual para o trabalho de liderança, além da pesquisa
bibliográfica fez-se necessário um estudo de caso para investigar diante de uma amostra de líderes suas
percepções sobre o assunto e até mesmo abrir espaço para reflexões e um despertar para um lado
muitas vezes adormecido diante da correria e pressões exigidos pela vida moderna.
4.3.3 ENTENDENDO O INVENTÁRIO PSI (PSYCHOMATRIX SPIRITUALITY INVENTUARY)
DE WOLMAN E SUA CONSTRUÇÃO.
Hohgraefe (2006) em sua tese de mestrado descreve toda a construção do Inventário PSI de Wolman
(2002). Wolman, psicoterapeuta norte americano desenvolveu uma pesquisa que construiu declarações
de familiares, amigos, membros do clero, psicólogos, estudiosos, escritores, músicos que descrevesse a
experiência e comportamento espiritual através de uma análise com psicólogos de sua formação,
analisando relatos de pacientes e de religiosos afim de entender se a psicopatologia poderia ser
separada da espiritualidade e se seria possível expor as características desta dimensão espiritual num
inventário de uma forma que pudesse ser medida sem se prender a uma crença específica. O teste
piloto do PSI foi com 714 indivíduos que participaram de congressos orientados e concentrados em
consciência mente/corpo, cura, práticas espirituais e consciência/auto-concessão de poder. Este
inventário foi validado para a realidade brasileira ao ser utilizado em pesquisa de mestrado por
Shaeffer (2003) e portal el al (2004/2005) PUCRS.
A amostra de pesquisa era de diferentes níveis sociais, econômicos e de escolaridade, sendo
mais da metade com nível superior e com idade oscilando entre dezoito a oitenta anos. Com este rico e
vasto material foi feito uma análise de fatores estatístico em que foi feito agrupamento de respostas
com consistências estatísticas emergindo em sete fatores com pontos em comum de respostas num
grupo de respostas sobre espiritualidade. Dois indicativos importantes foram analisados. Um deles é
que o grau de espiritualidade aumenta de acordo com o aumento da idade o que se pode atribuir ao fato
de que a medida que as pessoas envelhecem acumulam mais experiência de vida e perda de pessoas
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
8
queridas tornando-as mais sensíveis ao lado espiritual. O outro é o resultado ser mais alto para as
mulheres e isso pode ser explicado não pelo fato de terem maior espiritualidade que os homens, mas
por se sentirem mais a vontade de falar sobre o assunto.
O Resultado deste estudo foi publicado no New age Journal em 1997 incluindo um convite para
os leitores participarem e milhares de pessoas participaram ampliando com dados novos sua pesquisa e
confirmando com dados estatísticos os resultados anteriores. A natureza representativa da amostra se
expandiu com a participação de pessoas não interessadas em espiritualidade, pacientes submetidos a
quimioterapia, grupo de presidiários tornando a amostra mais representativa da população em geral.
Wolman (2002) percebeu que as noções sobre a espiritualidade são vagas e mal definidas e que a
maioria das pessoas que falam sobre espiritualidade possuem relatos que constitui um campo de
conhecimento subjetivo que merece atenção e uma pesquisa significativa de análise para que esta
inteligência possa ser melhor desenvolvida e explorada no ser humano.
Tendo em vista a contextualização histórica do PSI e seu reconhecimento pelo conselho federal de
psicologia segundo OLIVEIRA, PASCALICCHIO, LEDIER e PRIMI (2012), pode-se compreender a
importante contribuição deste instrumento para a investigação do mundo espiritual. O inventário com
as 49 questões enfoca sete fatores: Divindade, Diligência, Percepção Extra-Sensorial, intelectualidade,
Comunidade, Trauma e espiritualidade na infância. Com o retorno do inventário respondido foi
realizado a apuração dos escores através da tabela de apuração de resultados. De acordo com a tabela
de Wolman pode haver os seguintes resultados: baixo, moderado e alto que são diferentes para homens
e mulheres.
Com os resultados apurados através de um referencial descritivo dos sete fatores, foi marcado
um encontro individual onde o resultado do participante pôde ser analisado por ele. Este referencial
continha a descrição do significado de todos os resultados nas diferentes alternativas (alto, moderado e
baixo) com o resultado do participante assinalado em cada fator.
Da compreensão e interpretação dos resultados individual de cada participante foi realizada uma
entrevista individual semi-estruturada , com o intuito de investigar e estimular reflexão a partir das
seguintes perguntas:
Qual era tua expectativa sobre esta pesquisa antes de responder o questionário?
Como se percebeu ao responder o questionário?
Que compreensões (sentimentos) emergiram ao analisar o resultado do inventário em seus diferentes
fatores que descrevem tua experiência espiritual.
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
9
Tendo em vista os propósitos e objetivos que um trabalho de liderança exige, o que com esta
experiência considera importante para o seu trabalho de tomada de decisão?
3.4 ANÁLISE GERAL DOS DADOS DA PESQUISA
Conforme apresentado abaixo na Figura 1 de análise percentual das respostas pode-se observar
que dos 16 gestores 3 fatores se mostraram baixo em que a maioria das respostas (mais de 60%) foram
nunca e raramente, foram os fatores: comunidade, percepção extra-sensorial e trauma. O fator
comunidade representa participação em atividades sociais como associações de pais e mestres ou
atividades voluntárias e beneficentes como trabalhar com pessoas menos afortunadas ou em
desvantagem social.
O Fator percepção extra-sensorial compreende os itens que pertencem ao “sexto sentido” ou a
eventos psíquicos paranormais que vão desde receber telefonemas ao pensar em alguém a experiências
fora do corpo ou quase morte. O fator trauma é o estímulo à espiritualidade em função de uma crise,
experiência de doença, física ou emocional em si mesmo ou de uma pessoa querida. No caso extremo,
perda real de uma pessoa querida.
Dois fatores (Divindade e intelectualidade) se mostraram com alto índice de respostas frequentemente
e quase sempre. O fator divindade está associado ao conhecimento intuitivo de uma fonte de energia
divina, ser superior ou sentimento de assombro na presença de fenômenos naturais. O fator
intelectualidade representa o compromisso na leitura, estudo ou discussão de textos sagrados ou
espirituais e questionamento ativo dos ensinamentos tradicionais da religião. Já os fatores
espiritualidade na infância e diligência se mostraram divididos entre as respostas Nunca/Raramente e
frequentemente/quase sempre. O fator espiritualidade na infância se refere a experiências espirituais na
infância e o fator diligência está ligado aos processos de equilíbrio corporal, como técnicas de
relaxamento e alimentação consciente. Cabe ressaltar o índice baixo para a pergunta de uso de técnicas
de relaxamento para reduzir o estresse, 81,3% das respostas foram nunca e raramente. Já 80% das
respostas foram frequentemente e quase sempre para a questão do fator de diligência: “Eu reservo um
tempo para contemplação e auto reflexão” e também para a questão do fator de espiritualidade na
infância: “Frequentei cerimônias religiosas quando criança”.
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
10
LEDENDA BAIXOGRAUDEINTELIGENCIAESPIRITUALALTOGRAUDEINTELIGENCIAESPIRITUAL
FATOR Nº QUESTAO Nunca Raramente Freqüentemente Quase(maisde50%)Sempre
COMUNIDADE 3
Eumeconsultocommembrosdocleroouterapeutas
espirituais.56.3% 6.3% 25.0% 12.5%
COMUNIDADE 14
Participodeatividadescomunitárias,comoassociaçãode
paiseMestres,atividadescivicasouorganizaçõespolíticas.
56.3% 18.8% 12.5% 12.5%
COMUNIDADE 21 Façotrabalhovoluntáriocomnecessitados,sem-teto,etc. 40.0% 26.7% 26.7% 6.7%
COMUNIDADE 33
Freqüentoaulasouoficinasdetrabalhosobre
espiritualidade.60.0% 13.3% 6.7% 20.0%
COMUNIDADE 37 Dedicotempoaumacomunidadeespiritual. 50.0% 25.0% 0.0% 25.0%
COMUNIDADE 43 Freqüentocerimôniasreligiosas. 12.5% 50.0% 12.5% 25.0%
COMUNIDADE 45 Minhafamíliaencorajavaoserviçocomunitário. 37.5% 43.8% 12.5% 6.3%
DILIGENCIA 1 Eureservoumtempoparacontemplaçãoeauto-reflexão.6.3% 18.8% 62.5% 12.5%
DILIGENCIA 10 Prestoumaatençãoespecialnosalimentosquecomo. 0.0% 50.0% 25.0% 25.0%
DILIGENCIA 17 Pensoemminhaalmavivendoalémdomeucorpo. 25.0% 25.0% 18.8% 31.3%
DILIGENCIA 22 Usotécnicasderelaxamentoparareduziroestresse. 25.0% 56.3% 12.5% 6.3%
DILIGENCIA 29 Sinto-meconectadoaomeucorpo. 0.0% 0.0% 50.0% 50.0%
DILIGENCIA 40 Ameditaçãoéumapartesignificativadaminhavida. 25.0% 43.8% 12.5% 18.8%
DILIGENCIA 46Usoterapiasalternativascomoacupuntura,aromaterapiaoumassagens.
53.3% 33.3% 6.7% 6.7%
DIVINDADE 2 Asbênçãosmeconfortam. 18.8% 12,5 25.0% 50.0%
DIVINDADE 7
Quandovejoumdeslumbrantepôr-do-soloualvorecer,
vivoumbelodiaouobservoaestruturadeumaflorou
umcéuestrelado,perceboumapresença.
12.5% 31.3% 12.5% 43.8%
DIVINDADE 11
Lembroamimmesmoqueossereshumanosestãoaqui
porumpropósito.12.5% 12.5% 43.8% 31.3%
DIVINDADE 19 SintoqueaminhavidaédirigidaporDeus. 6.3% 18.8% 18.8% 56.3%
DIVINDADE 24Entendooseventosdavidacomopartedeumplanodivino.
12.5% 12.5% 31.3% 43.8%
DIVINDADE 30 Sinto-mepróximodeDeus 6.3% 18.8% 37.5% 37.5%
DIVINDADE 34 Sintoapresençadeumaforçamaiordoqueeumesmo. 25.0% 6.3% 12.5% 56.3%
EXTRA-SENSORIAL 13Pressintoquealgumacoisavaiacontecerantesqueaconteça.
12.5% 50.0% 18.8% 18.8%
EXTRA-SENSORIAL 16
Praticoyoga,meditação,taichiououtrastécnicasde
relaxamento.71.4% 14.3% 14.3% 0.0%
EXTRA-SENSORIAL 32Usoguiasespirituaisparameajudaremaatravessarcrises.
56.3% 6.3% 18.8% 18.8%
EXTRA-SENSORIAL 36Sintoapresençadepessoasqueridasquejánãoestãovivas.
81.3% 18.8% 0.0% 0.0%
EXTRA-SENSORIAL 39
Recorroaomeuanjodaguardaquandoprecisode
orientação.50.0% 25.0% 6.3% 18.8%
EXTRA-SENSORIAL 42
Recebotelefonemasdepessoasexatamentequando
estavapensandonelasoulogodepois.12.5% 43.8% 25.0% 18.8%
EXTRA-SENSORIAL 47 Conversocompessoasquejámorreram. 93.8% 6.3% 0.0% 0.0%
INFÂNCIA 4Meuspaisesperamqueeufreqüentecerimôniasreligiosas.
18.8% 12.5% 43.8% 25.0%
INFÂNCIA 8 Eurezavaànoite,antesdedormir,quandoeracriança. 6.3% 12.5% 18.8% 62.5%
INFÂNCIA 18
MeuspaisliamaBíbliaoulivrosdeoutrasreligiõespara
mimquandoeueracriança.31.3% 37.5% 18.8% 12.5%
INFÂNCIA 26 Praticoatualmenteminhareligiãodenascença. 43.8% 31.3% 6.3% 18.8%
INFÂNCIA 27 MeuspaisfalavamcomigosobreDeus. 12.5% 37.5% 31.3% 18.8%
INFÂNCIA 28 Freqüenteicerimôniasreligiosasquandocriança. 6.3% 12.5% 37.5% 43.8%
INFÂNCIA 48 Minhafamíliapraticavarituaisespirituaisespecíficos. 87.5% 12.5% 0.0% 0.0%
INTECTUALIDADE 6
Eudiscutoespiritualidadeabertamentecomminha
famíliaeamigos.6.3% 31.3% 25.0% 37.5%
INTECTUALIDADE 15 DiscutoaexistênciadeumSerSuperior. 12.5% 25.0% 25.0% 37.5%
INTECTUALIDADE 20
GostodelerlivroscomoaBíblia,oCorão,osUpanishads,
oLivroTibetanodosMortos,etc.37.5% 31.3% 0.0% 31.3%
INTECTUALIDADE 23 Leiosobrequestõesespirituais. 31.3% 12.5% 25.0% 31.3%
INTECTUALIDADE 35
Explicaçõescientíficasmedãopazdeespíritoem
situaçõesconfusasdavida.25.0% 43.8% 18.8% 12.5%
INTECTUALIDADE 38 Pensonavida,namorteenavidaapósamorte. 25.0% 12.5% 31.3% 31.3%
INTECTUALIDADE 41 Questionomuitosdosensinamentosdareligião. 12.5% 25.0% 50.0% 12.5%
TRAUMA 5 Eupensonosgravesdanosfísicosquemeocorreram. 37.5% 56.3% 6.3% 0.0%
TRAUMA 9Testemunheidoençasgravesempessoaspróximasamim.
0.0% 56.3% 31.3% 12.5%
TRAUMA 12 Cuideideparentesouamigosfisicamentedoentes. 6.3% 56.3% 25.0% 12.5%
TRAUMA 25 Pensonaexperiênciadevidaspassadas. 56.3% 31.3% 6.3% 6.3%
TRAUMA 31 Presencieitraumaemocionaloupsíquicoempessoas 25.0% 43.8% 12.5% 18.8%
TRAUMA 49 Tenholembrançasdeexperiênciasdequase-morte. 87.5% 12.5% 0.0% 0.0
TRAUMA 44 Experimenteitraumafísicoeemocional 31.3% 37.5% 31.3% 0.0%
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
11
Figura 1: Análise percentual do inventário PSI
3.5. ANÁLISE INDIVIDUAL DOS DADOS DA PESQUISA
Entrevistado 1 – Arquiteto
As respostas deste entrevistado apontaram a predominância do resultado baixo nos 7 fatores.
Expressou na entrevista que o resultado ressaltou seu lado pragmático e que tem orgulho de ser como é
mesmo sem espiritualidade desenvolvida e profundidade nas reflexões da vida. Se acha feliz, com paz
interior e se relaciona de forma sadia com seus semelhantes. No primeiro momento, achou que a
espiritualidade estava ligada apenas a crença em algo superior que rege sua vida mas que ao refletir na
questão de consciência corporal, identificou ser algo que deve ser mais trabalhado para poder ter o
máximo de clareza nas tomadas de decisões.
Entrevistado 2 – Técnica de operação e manutenção
As respostas apontaram predominância do resultado alto, moderado apenas para a intelectualidade e
trauma e baixo para diligência. Na entrevista revelou que a expectativa na pesquisa era diferente, pois
as perguntas eram bem específicas para a espiritualidade comparando com o profissional e achou que
seria o contrário. Ao responder as perguntas despertou uma reflexão a respeito de sua personalidade
contemplativa e que isso pode tirar o foco no profissional, pois acreditar que as coisas venham muito
de Deus pode atrapalhar correr atrás das coisas. Sente falta em seu trabalho mais objetividade e
praticidade e que excesso de espiritualidade pode atrapalhar, porém acredita que para tomada de
decisão ajuda mais que atrapalha devido a maior sensibilidade e percepção com o outro e consigo
mesmo.
Entrevistado 3 – Gerente de operação e manutenção
As respostas deste entrevistado prevaleceu o resultado alto para 4 fatores, moderado para trauma e
baixo para percepção extra-sensorial e comunidade. Na entrevista revelou ter ficado curioso com o
tema, pois já tinha familiaridade com o tema inteligência emocional mas não conhecia esta nova
inteligência que acredita ser complementar e importante para o ser humano. Revelou ser bastante
pragmático e racional e justamente por isso acredita ser impossível tudo ser explicado pelo que a vista
pode alcançar. Identifica que o controle do estresse é algo que precisa ser mais desenvolvido para
trabalhar internamente, e criar um mecanismo mais elaborado de controle para conseguir em
determinadas situações não se abalar negativamente com suas emoções. Já na tomada de decisão
acredita que precisam serem tomadas racionalmente mas sempre se colocando no lugar do outro.
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
12
Acredita que nenhuma empresa sobrevive trabalhando com apenas um tipo de Inteligência seja
intelectual, emocional ou espiritual.
Entrevistado 4 – Coordenador de acompanhamento e controle
As respostas para este entrevistado foi alto para divindade e espiritualidade na infância, moderado para
percepção extra-sensorial, comunidade e trauma. Baixo para intelectualidade e diligência. Revela ter
ficado curioso para saber seu resultado e reconhece que por mais que acredite em determinadas coisas
não se dedica pela falta de tempo e que deveria desenvolver mais certos pontos como a diligência. Para
tomada de decisão acha extremamente necessário o equilíbrio em todos os tipos de inteligência, logo
reconhece a importância da inteligência espiritual. Acha que um líder pode até negar acreditar em
Deus devido a função exigir muito o racional, mas esta exigência da racionalidade pode confundir com
a descrença em Deus. Acha que todo mundo tem um lado espiritual, pois uma hora na vida isso se
manifesta.
Entrevistado 5 – Supervisor técnico
As respostas apontaram a predominância do resultado baixo em 5 dos 7 fatores, sendo alto para
espiritualidade na infância e moderado no trauma. A entrevista revelou que achou o tema interessante e
lembrou de quando era criança e fez pensar sobre Deus. Não achou que o resultado gerou alguma
necessidade de mudança em seu comportamento, mas acha que estar bem consigo mesmo ajuda na
tomada de decisão e se colocar no lugar dos outros e que a espiritualidade ajuda neste processo. O
entrevistado sente falta de técnicas de relaxamento como atividades de caminhada, exercício ou tocar
violão.
Entrevistado 6 – Ex-oficial da Marinha
O Entrevistado apresentou predominância do resultado alto nos 6 dos 7 fatores e moderado no fator
diligência. Na entrevista revelou que sua expectativa era que o questionário fosse menos subjetivo,
pois a espiritualidade tem vários entendimentos e não é toda pessoa que entende que precisa estar
relaxado para atingir um alto grau de espiritualidade, então achou o questionário parcial, porém dentro
dos fatores apresentados percebeu que poderia melhorar em alguns aspectos como no que diz a
contemplação, pois surgiu a reflexão de que quando estava em maior comunhão com Deus seguindo
sua palavra acertava mais em suas decisões. O despertar para este assunto é válido porque a tomada de
decisão afeta não só a instituição, mas principalmente as pessoas que tem a sua parte espiritual e que
com este cuidado e compreensão as respostas são mais apropriadas para um determinado problema.
Nossa direção espiritual com certeza não é separada da direção profissional e se seguimos o caminho
do amor e de Deus acertamos mais diante das dúvidas.
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
13
Entrevistado 7 – Supervisor técnico
O entrevistado apresentou resultado baixo em todos os fatores exceto espiritualidade na infância.
Revelou que ficou surpreso com algumas perguntas, porém o resultado bateu exatamente com sua
personalidade e se quiser mudar em algo tem o caminho porém está satisfeito com o resultado de seu
trabalho de liderança. Revela ser bastante racional e não acha que a espiritualidade possa ajudar no seu
trabalho. Acredita em Deus, mas é bem prático, acha que tem coisas que não se explica, mas prefere
não se envolver com coisas espirituais pois sua dinâmica funciona de maneira prática e racional.
Entrevistado 8 – Ex-supervisor técnico
O entrevistado apresentou resultado alto para os fatores divindade, trauma e espiritualidade na
infância. Moderado para diligência, percepção extra sensorial e intelectualidade e baixo para
comunidade. Na entrevista revelou ter concordado com o resultado a respeito da sua personalidade e
considera que a função de liderança requer um grande autoconhecimento, pois a tomada de decisão
interfere na vida de outras pessoas e quando você se conhece melhor pode liderar, controlar sua
emoções tendo uma maior empatia com os liderados. O resultado de baixa comunidade o fez pensar se
pode ser algo que precise melhorar, mas o alto grau de espiritualidade sem dúvida é importante para o
trabalho de liderança pois o líder tende a ser engolido por valores do lucro, produção que desumaniza
seu papel de líder e pode ficar fixado em índices e não no bem estar das pessoas e sendo
espiritualmente inteligente você tem este olhar para a dificuldade do ser humano e não só nos
processos e resultados que a empresa quer.
Entrevistado 9 – Supervisor técnico
As respostas deste entrevistado apontaram a predominância do resultado alto em seis dos sete fatores,
apresentado moderado apenas para diligência. Na entrevista expressou interesse em saber seu nível de
espiritualidade e percebeu o quanto estava afastado e distante do lado espiritual e tudo que foi
aprendido na infância. Ficou surpreso em perceber que a questão da fé é algo que não sai da gente e
que num dado momento da nossa vida isto aflora e direciona a gente. Teve uma auto-reflexão de
lembranças da vida ao responder o questionário, traumas e o quanto isto o influencia se perceber.
Reviveu certas sensações do passado achou gratificante esta experiência nostálgica, pois quando
começou a responder a pesquisa pensou ser algo superficial, mas o assunto foi o envolvendo e
contagiando com as lembranças.
Sentiu falta de viver na prática a vida espiritual, pois acaba por priorizar outras coisas na correria do
dia a dia. Devido ao trabalho sob pressão e estresse se sente muitas vezes só, e sente precisar liberar
este estresse através da auto-reflexão, oração, relaxamento, trabalho em grupo numa instituição
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
14
religiosa e o resultado despertou a consciência para esta grande necessidade. Acha que a inteligência
espiritual é fundamental para a tomada de decisão, pois acha que as decisões mais acertadas são
aquelas que são feitas de uma maneira mais humana, sem frieza e falta de empatia, não simplesmente
cobrar resultado sem dar o respaldo psicológico e orientação necessária para obter o melhor do
liderado.
Entrevistado 10 – Consultor técnico
As respostas deste entrevistado apontaram a predominância do resultado Moderado em 4 dos sete
fatores e 3 altos para divindade, comunidade e intelectualidade. Na Entrevista revelou que o tema
despertou sua curiosidade para saber como que o tema pode ser aplicado na psicologia, pois nunca
tinha ouvido falar desta correlação. Achou que o resultado correspondeu exatamente a sua
personalidade e não sentiu necessidade de mudança. Relata estudar bastante sua linha religiosa e usa
isto para toda sua vida, visto que os escritos da igreja do primeiro século são escritos presando por
sabedoria e consegue aplicar isto com pessoas e em tomadas de decisões no trabalho. Relata que
quando se depara com uma decisão que não se tem amplitude de certeza para a atitude correta, segue
como a bíblia orienta de buscar a multidão de conselheiros na sabedoria, logo, busca pessoas para
conversar para chegar a esta certeza, pois acredita que se os subordinados confiam em você e te acham
sábio, irão cooperar mais fácil.
Entrevistado 11 – Supervisor técnico
As respostas deste entrevistado apontaram um resultado alto para os fatores espiritualidade na infância
e percepção extra-sensorial. Moderado para diligência e baixo para divindade, comunidade,
intelectualidade e trauma. Na entrevista relatou ter interesse com o questionário saber através de uma
visão externa sobre sua liderança e esperava se deparar com questões técnicas e não espirituais.
Identificou-se com o resultado do questionário e o aplicou como mais uma forma de se conhecer do
que como algo que tenha que ser melhorado. Acredita que a espiritualidade seja importante na tomada
de decisão para conseguir tomar uma decisão mais acertada através da reflexão, pois sua forma de
trabalho é pautado no racional e sua fé é limitada aos objetivos e resultados.
Entrevistado 12 – Oficial da Marinha
As respostas deste entrevistado apontaram a predominância do resultado alto em 6 dos sete fatores e 1
moderado para espiritualidade na infância. Na entrevista relatou que esperava que o questionário fosse
para medir algo que ele percebeu no trabalho que na hora do almoço algumas pessoas tiravam um
tempo para buscar sua religião e notou que aquelas pessoas voltavam diferente e transferia isto para o
trabalho na melhora do relacionamento com as pessoas, apesar de perceber também o choque entre as
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
15
religiões causando a separação em grupos. Surgiu a surpresa com o tema de que a espiritualidade
pudesse influenciar no trabalho, pois trabalha com pessoas altamente técnicas que tomam decisões
baseando-se no racional e conhecimento técnico, mas em contrapartida percebe em seu trabalho que as
pessoas tem maior credibilidade e confiança em suas decisões por saberem de sua dedicação a religião.
Todas suas decisões são baseadas em reflexões, consultas e orações, e percebe que quando suas
decisões não foram certas teve uma falha nesta reflexão. Acha, porém, que o elevado grau de
espiritualidade pode atrapalhar às vezes no trabalho, pois a grande intimidade com Deus pode não ter
efeito prático e objetivo para o trabalho, mas sim apenas na dimensão espiritual, ainda assim acha que
existe mais benefício que malefício do alto grau de espiritualidade para tomada de decisão.
Entrevistado 13 – Analista de contratos e suprimentos com função de liderança
As respostas deste entrevistado apontaram a predominância do resultado alto em 6 dos sete fatores e 1
baixo para espiritualidade na infância. A expectativa do entrevistado com a pesquisa era aprender com
o resultado para aplicar em seu trabalho. Na entrevista relatou ter refletido e feito uma autoanálise com
o resultado de suas respostas entendendo cada fator. Percebeu uma necessidade de ser mais altruísta e
descentralizador em sua liderança. Dentro do conceito da misericórdia, tolerância, paciência que sua
religião ensina acha que sua liderança precisa ser mais trabalhada neste sentido. Nisso entra a questão
do autoconhecimento, para se analisar e ver que tem que melhorar nisso. A oração atua para melhorar
esta autoanálise e a tomada de decisão nunca é feita de forma imediata, a alta espiritualidade ajuda
neste sentido, para ponderar e pensar na melhor decisão relata ainda que seu direcionamento está nos
ensinamentos bíblicos que atua como um manual.
Entrevistado 14 – supervisor técnico
As respostas deste entrevistado apontaram um resultado Alto para os fatores Divindade, trauma e
espiritualidade na infância. Moderado para Percepção extra-sensorial e comunidade e baixo para
intelectualidade e diligência. Na entrevista relatou ficar curioso com o tema por ter um perfil
extremamente racional. Conseguiu fazer uma reflexão com a leitura do resultado no sentido de
considerar importante para a tomada de decisão uma auto reflexão, pois tem decisões que precisam ser
feitas imediatamente sem tempo de refletir, de forma racional, outras tem tempo para maior reflexão
para tomar decisões acertadas e que o resultado mostrou ser um fator de espiritualidade que pode ser
melhor desenvolvido e ajudar na tomada de decisão.
Entrevistado 15 – Consultor de negócios
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
16
As respostas deste entrevistado apontaram o resultado Alto para os fatores divindade, percepção extra-
sensorial e espiritualidade na infância. Moderado para diligência, intelectualidade e trauma e baixo
para comunidade e trauma. Na entrevista relatou que ao responder fez uma análise crítica de cada
pergunta e o que queria medir, concordou com o resultado do seu perfil, porém não gerou nenhum tipo
de reflexão. No entanto, acredita que a espiritualidade seja importante na tomada de decisão no que diz
a respeito de valores éticos, pois quanto maior a espiritualidade, maior será seus princípios éticos e
valores, logo serão cumpridos mesmo que a cultura da empresa em certos momentos de indique o
contrário.
Entrevistado 16 – Coordenador de operação e manutenção
As respostas deste entrevistado apontaram o resultado Alto para os fatores divindade, comunidade e
espiritualidade na infância. Moderado para percepção extra-sensorial, intelectualidade e trauma e baixo
para diligência. Na entrevista relatou desconhecer a correlação entre liderança e espiritualidade e
entende que não é possível dissociar os dois aspectos, ou seja, a liderança exercida profissionalmente
está necessariamente interligada aos princípios de formação (inclusive religiosa) de cada pessoa. Ou
seja, inicialmente pareceu meio estranho, depois, ao longo do questionário, pareceu mais natural
inclusive refletindo poder melhorar no fator diligência. Acredita que a postura de uma pessoa é
influenciada, em todos os momentos, por sua visão de espiritualidade, por tal razão vemos que fatores
não tradicionais, diferentes da razão pura, são usados para tomadas de decisão, como é o caso do uso
de intuição
3.5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi possível analisar através dos resultados do PSI que desenvolvemos um modo pessoal de
usar e expressar a inteligência espiritual. Percebe-se que mesmo com a maioria da amostra dos
entrevistados exercerem funções técnicas que tendem para um pensamento mais racional e objetivo, o
resultado do fator de divindade que demonstra uma conexão com um ser superior e força da natureza
apareceu alto. Além disso, a análise dos resultados gerou em cada gestor um momento de reflexão que
para muitos serviu para reavaliar comportamentos em seu trabalho como líder e linguagem para
abordar pessoas, conhecer seus pensamentos, sentimentos, práticas e experiências espirituais. A
maioria percebe a importância da inteligência espiritual para um bom trabalho de liderança e tomada
de decisões.
O inventário PSI se mostrou um instrumento de base para se detectar a área em que se pode
concentrar o esforço para o desenvolvimento evolutivo. Wolman (2002) afirma que mesmo aqueles
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
17
que são resistentes a qualquer assunto “espiritual” podem com um pouco de estímulo começar a
perceber sua própria espiritualidade, o que foi comprovado e afirmado na presente pesquisa.
4. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES FUTURAS
Pôde-se concluir com esta pesquisa que a Inteligência emocional apresentada por Goleman
(1996) despertou para uma nova percepção além do racional e lógico, que percebe nossos sentimentos
os sentimentos dos outros, bem como o elo entre uma e outra emoção e sensações corporais, emoções
e meio-ambiente. Mas precisamos ir além, compreender quem somos, o que as coisas significam para
nós e como elas dão sentido às nossas vidas.
Desta forma, ficou claro através da pesquisa bibliográfica e qualitativa que estes questionamentos
existenciais, as razões que o homem procura para viver, não se encontram no racional e tampouco são
puramente emocionais, pois vem de maneira particular como cada um encara o mundo, se relaciona e
acredita, sendo de extrema importância uma inteligência que dê voz a alma. Para a liderança analisada,
esta voz, que se encontra no âmbito espiritual pôde ser percebida de várias maneiras através dos sete
fatores.
A Inteligência Espiritual se mostra bem diferente da religiosidade apesar da segunda ser de
extrema importância para o desenvolvimento desta inteligência, mas o QS aparece como
complementar para uma compreensão mais ampla do crescimento e transformação do potencial
humano através de práticas que favoreçam o equilíbrio como o autoconhecimento, fé, relaxamento
entre outras que estimulem a interiorização e reflexão. A maioria dos participantes analisados relatou
sentir falta de um tempo para si, como reflexão e atividades de relaxamento onde possam buscar o
equilíbrio e organizarem suas ideias. Uma interessante análise observada foi que os líderes
entrevistados assumidamente religiosos relataram receber por parte de seus subordinados um alto grau
de credibilidade e confiança por buscar sempre tomar decisões baseando-se em consultas, sejam
divinas ou entre sua equipe. Os líderes entrevistados com inteligência espiritual alta e que se
perceberam num momento afastados de Deus mostraram certo incômodo com esta conclusão e se
mostraram dispostos a mudar neste sentido. Já aqueles com menor grau de inteligência espiritual se
mostraram extremamente satisfeitos com seu modo de liderança e não se sentiram movidos a uma
mudança de comportamento para melhorar seu grau de inteligência espiritual. Neste contexto, se abre
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
18
espaço para necessidade de desenvolvimento desta inteligência num novo conceito de liderança
voltado para o sentido de trabalho, equipe, interiorização e autoconhecimento.
A presente pesquisa contribui para que o participante perceba através do seu perfil de
espiritualidade do momento vivido uma ampliação de seu auto conhecimento permitindo compreender
seu estilo espiritual e ver com mais clareza o que pode melhorar e até mesmo perceber sua resistência
com o assunto, seus propósitos e objetivos no trabalho de liderança.
Afinal, como a inteligência espiritual pode ajudar para um bom trabalho de liderança? Foi
observado nesta que o futuro líder precisará ouvir mais e inspirar confiança a gritar ordens e buscará o
autoconhecimento e desenvolvimento que gera o profundo compromisso com o sonho e paixão de
servir versus a perseguição do status do poder. O QS está associado com o lado intuitivo nas decisões e
esta intuição só pode ser adquirida com a capacidade de reflexão, atividades de relaxamento onde se
possa buscar o equilíbrio e organização das ideias e conhecimento.
Este tipo de sabedoria é o que Zohar e Marshall definem como inteligência espiritual que só é
possível ser desenvolvida quando vai além do ego e mente consciente e com isto possibilita uma
aproximação da própria interioridade dando um maior equilíbrio pessoal, bom senso e tranquilidade
sabendo que somos seres complexos, que a vida é complexa e que precisamos aprender a viver com
esta complexidade.
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
19
5. REFERÊNCIAS
GARDNER, Howard. Inteligências Múltiplas. Porto Alegre, Artes Médicas, 1995.
GARDNER, H. Inteligência: Um Conceito Reformulado. Editora Objetiva. São Paulo - SP, 2000 p. 85.
GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional. Rio de Janeiro, Objetiva,1995.
GOLEMAN, Daniel, Ph.D. O cérebro e a inteligência emocional: novas perspectivas; tradução Carlos
Leite da Silva. Rio de Janeiro, Objetiva, 2012.
Gustavo e Magdela, Boog (coord). Manual de gestão de pessoas e equipes. Volume 2, São Paulo:
editora gente 2002.
HAWKISNS, K. Espiritualidade no trabalho e nos negócios: como seguir o caminho espiritual das 8 às
18. São Paulo, Madras,1999.
JUNG, Carl Gustav. Tipos Psicológicos. Petrópolis: Vozes, 1991.
OLIVEIRA, Katya Luciane de; PASCALICCHIO, Marina Ledier e PRIMI, Ricardo. A inteligência
espiritual e os raciocínios abstrato, verbal e numérico. Estud. psicol. (Campinas) [online]. 2012,
vol.29, n.1, pp. 13-22. ISSN 0103-166X.
Paula, Roberta Manfron de, Costa, Daiane Leal. A ESPIRITUALIDADE COMO DIFERENCIAL
COMPETITIVO PARA AS ORGANIZAÇÕES. II Encontro Latino Americano de Iniciação Científica
eVIII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba, São Paulo,
2008
Silva, Leonice M. Kaminski da. Existe uma inteligência existencial/espiritual? O debate entre H.
Gardner e R. A . Emmons. Revista de Estudos da Religião No 3 / 2001 / pp. 47-64 ISSN 1677-1222,
PUC-SP
TORRALBA,R, Francesc. Tradução de João Batista Kreuch. 2 ed.Inteligência Espiritual. Petrópolis,
RJ: Vozes, 2013
WOLMAN, Richard N. Inteligência espiritual. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002.
ZOHAR, D.& MARSCHALL, I. (2000). QS: Inteligência espiritual – tradução de Ruy Jungmann –
Rio de janeiro, viva livros, 2012