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A instrumentação jurídica da distribuição de papel moeda
de curso legal no brasil
FRANCISCO José de SIQUEIRA General Counsel
Banco Central do Brasil
VIII REUNIÓN DE ASESORES LEGALES DE BANCA CENTRAL Madrid, España – 27 al 29 de junio de 2007
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A INSTRUMENTAÇÃO JURÍDICA DA DISTRIBUIÇÃO
DE PAPEL-MOEDA DE CURSO LEGAL NO BRASIL
De acordo com Savigny, apud Letacio Jansen, o dinheiro cumpre um duplo
papel, pois, “de um lado, ele serviria para medir ´o valor dos elementos isolados da riqueza`,
colocando-se, nessa função, na mesma linha dos outros instrumentos de medida do mundo
físico que seriam medidas relativas, enquanto o dinheiro seria uma medida absoluta, por ser
abrangente dos mais diversos objetos. Mas, além de medir o valor das coisas, o dinheiro,
para Savigny, tem um segundo e mais importante papel: ´ele encerra nele o valor que ele
mede e representa, assim, o valor de todas as outras riquezas. Assim, a propriedade do
dinheiro confere o mesmo poder que podem conferir as riquezas que ele mede.”1
2. A moeda traz embutida em si a expressão de riqueza e, por conseqüência, de
poder. Não é por outra razão que a exclusividade para a emissão de papel-moeda, bem como a
legitimidade para a imposição de curso forçado em determinado território, representa um dos
aspectos do poder político. Se o dinheiro representa poder e riqueza, mais poderoso será quem
possa produzi-lo e impor sua utilização dentro de um dado espaço.
3. No entanto, atrelada ao conceito de emissão de moeda está a noção de sua
distribuição ao público que dela fará uso em suas atividades econômicas diárias. O uso do
dinheiro está tão arraigado no cotidiano das pessoas que poucos se detêm para pensar em
como ele chega a todas as partes do território de um país, e só se dão conta disso quando, por
algum motivo, o montante do numerário em circulação se torna insuficiente para satisfazer às
demandas decorrentes das transações econômicas que diariamente ocorrem em uma
determinada sociedade.
1 Letacio Jansen: A face legal do dinheiro, Ed. Renovar, pág. 55.
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4. Embora pouco percebido, talvez por ser uma atividade em que a discrição
constitui uma de suas características mais marcantes, o serviço de meio circulante tem
fundamental importância na vida econômica de um país, pois é por seu intermédio que o
dinheiro (principal meio representativo de valor e de troca, seja em forma de moeda ou de
cédula), é distribuído pelas várias regiões de seu território, permitindo a fluidez e segurança
das transações econômicas e o conseqüente aumento da riqueza do povo que nele habita.
A ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA FINANCEIRO NO BRASIL
5. Antes de adentrar na abordagem da matéria relacionada com a distribuição de
numerário nas diversas praças do País, convém fazer uma breve explanação sobre o sistema
financeiro nacional, dando especial ênfase aos seus dois principais órgãos, o Conselho
Monetário Nacional e o Banco Central do Brasil.
6. O sistema financeiro nacional é composto por três órgãos normativos, que são
o Conselho Monetário Nacional (CMN), o Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP)
e o Conselho de Gestão da Previdência Complementar (CGPC); quatro entidades
supervisoras, que são o Banco Central do Brasil (BCB), Comissão de Valores Mobiliários
(CVM), Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) e a Secretaria de Previdência
Complementar (SPC); e os operadores: instituições financeiras captadoras de depósitos à
vista, bolsas de mercadorias e futuros, sociedades seguradoras, bolsas de valores, sociedades
de capitalização, entidades abertas de previdência complementar, entidades fechadas de
previdência complementar (fundos de pensão), outros intermediários e administradores de
recursos de terceiros e demais instituições financeiras.
7. Entre todos, destaca-se o Conselho Monetário Nacional, que foi instituído pela
Lei 4.595, de 31 de dezembro de 1964, e é o órgão responsável por expedir diretrizes gerais
para o bom funcionamento do Sistema Financeiro Nacional. Integram o Conselho Monetário
Nacional o ministro da Fazenda (Presidente), o ministro do Planejamento, Orçamento e
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Gestão e o Presidente do Banco Central do Brasil, também ministro de Estado. Dentre suas
funções estão: adaptar o volume dos meios de pagamento às reais necessidades da economia;
regular o valor interno e externo da moeda e o equilíbrio do balanço de pagamentos; orientar a
aplicação dos recursos das instituições financeiras; propiciar o aperfeiçoamento das
instituições e dos instrumentos financeiros; zelar pela liquidez e solvência das instituições
financeiras; e coordenar as políticas monetária, creditícia, orçamentária e da dívida pública
interna e externa. Manifesta suas determinações por meio de resoluções.
8. Em posição de destaque, encontra-se, também, o Banco Central do Brasil,
autarquia federal criada pela Lei 4.595, de 31 de dezembro de 1964. É o principal executor
das orientações do Conselho Monetário Nacional e responsável por garantir o poder de
compra da moeda nacional, tendo por objetivos: zelar pela adequada liquidez da economia;
manter as reservas internacionais em nível adequado; estimular a formação de poupança; e
zelar pela estabilidade e promover o permanente aperfeiçoamento do sistema financeiro.
Dentre suas atribuições estão: emitir papel-moeda e moeda metálica; executar os serviços do
meio circulante; receber recolhimentos compulsórios e voluntários das instituições financeiras
e bancárias; realizar operações de redesconto e empréstimo às instituições financeiras; regular
a execução dos serviços de compensação de cheques e outros papéis; efetuar operações de
compra e venda de títulos públicos federais; exercer o controle de crédito; exercer a
fiscalização das instituições financeiras; autorizar o funcionamento das instituições
financeiras; estabelecer as condições para o exercício de quaisquer cargos de direção nas
instituições financeiras; e vigiar a interferência de outras empresas nos mercados financeiros e
de capitais e controlar o fluxo de capitais estrangeiros no país. Sua sede fica em Brasília,
capital do País, e tem representações nas capitais dos Estados do Rio Grande do Sul, Paraná,
São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Ceará e Pará, principais pólos
econômicos do Brasil. Manifesta suas determinações e deliberações por meio de circulares,
cartas-circulares e comunicados.
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O MARCO LEGAL DA ATIVIDADE DO MEIO CIRCULANTE
9. No Brasil, país com características continentais, a atividade relacionada com o
meio circulante adquire contornos peculiares. Apesar do expressivo crescimento dos meios
eletrônicos de pagamento, como os cartões de crédito e débito, os brasileiros ainda continuam
usando muito o dinheiro em espécie, fato comum em economias mais estabilizadas. Em julho
de 1994, quando foi lançado o Plano Real e o país, finalmente, venceu a hiperinflação, havia
R$ 9 bilhões em circulação na economia. Hoje, são R$ 70 bilhões, representados por 11
bilhões de moedas e 3 bilhões de cédulas.
10. Por se transfigurar o Brasil numa república federativa composta por 26 e o
Distrito Federal, com 5.561 municípios, distribuídos por 8.547.403 quilômetros quadrados,
totalizando 188 milhões de habitantes, um Serviço de Meio Circulante eficiente constitui
elemento fundamental para a vida econômica do País.
11. A legislação brasileira é clara no sentido de atribuir competência ao Banco
Central do Brasil para emitir moeda e para executar os serviços de meio circulante. Assim,
nos termos do art. 10 da Lei 4.595, de 31 de dezembro de 1964,
“Compete privativamente ao Banco Central do Brasil:
I - Emitir moeda-papel e moeda metálica, nas condições e limites autorizados
pelo Conselho Monetário Nacional;
II - Executar os serviços do meio-circulante.”
12. Tal situação permaneceu inalterada com a promulgação da atual Constituição,
de 5 de outubro de 1988, cujo art. 164 dispôs que a competência da União para emitir moeda
será exercida exclusivamente pelo Banco Central do Brasil.
13. A produção de moeda no país incumbe à Casa da Moeda do Brasil, empresa
pública federal vinculada ao Ministério da Fazenda; porém sua emissão formal somente
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ocorre ao ser posta em circulação pelo Banco Central do Brasil, obedecidas as condições
previstas na Lei 9.069, de 29 de junho de 1995, que disciplinou o chamado Plano Real.2
A EXECUÇÃO DOS SERVIÇOS DE CUSTÓDIA DO MEIO CIRCULANTE DO BRASIL
14. Não obstante o fato de ter o Banco Central do Brasil a competência exclusiva
para emitir a moeda, o fato de, desde a sua criação, não possuir sucursais em todos os estados
e cidades da federação, fez com que o serviço de meio circulante fosse realizado, também,
pelo Banco do Brasil S.A., instituição financeira de capital misto, predominantemente público
federal, em localidades onde a autarquia não estava presente, realizando, assim, o papel de
custodiante dos valores nela depositados à ordem do Banco Central do Brasil. Tal situação
encontrava fundamento no art. 13 da Lei 4.595, de 1964, quando dispõe que “os encargos e
serviços de competência do Banco Central do Brasil, quando por ele não executados
2 Dispõe a referida lei, em seu Art. 4º:
“Observado o disposto nos artigos anteriores, o Banco Central do Brasil deverá obedecer, no tocante às emissões de REAL, o seguinte: I - limite de crescimento para o trimestre outubro-dezembro/94 de 13,33% (treze vírgula trinta e três por cento), para as emissões de REAL sobre o saldo de 30 de setembro de 1994; II - limite de crescimento percentual nulo no quarto trimestre de 1994, para as emissões de REAL no conceito ampliado; III - nos trimestres seguintes, obedecido o objetivo de assegurar a estabilidade da moeda, a programação monetária de que trata o art. 6º desta Lei estimará os percentuais de alteração das emissões de REAL em ambos os conceitos mencionados acima. § 1º Para os propósitos do contido no caput deste artigo, o Conselho Monetário Nacional, tendo presente o objetivo de assegurar a estabilidade da moeda, definirá os componentes do conceito ampliado de emissão, nele incluídas as emissões lastreadas de que trata o art. 3º desta Lei. § 2º O Conselho Monetário Nacional, para atender a situações extraordinárias, poderá autorizar o Banco Central do Brasil a exceder em até 20% (vinte por cento) os valores resultantes dos percentuais previstos no caput deste artigo. § 3º O Conselho Monetário Nacional, por intermédio do Ministro de Estado da Fazenda, submeterá ao Presidente da República os critérios referentes a alteração de que trata o § 2º deste artigo. § 4º O Conselho Monetário Nacional, de acordo com diretrizes do Presidente da República, regulamentará o disposto neste artigo, inclusive no que diz respeito à apuração dos valores das emissões autorizadas e em circulação e à definição de emissões no conceito ampliado.”
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diretamente, serão contratados de preferência com o Banco do Brasil S. A., exceto nos
casos especialmente autorizados pelo Conselho Monetário Nacional.”3
15. Vê-se que, desde sua criação, o Banco Central do Brasil se viu às voltas com a
questão relacionada com a execução de serviços que a lei lhe impunha de forma privativa,
como é o caso das atividades atinentes ao meio circulante. Tais serviços, conquanto
pertinentes à sua área-fim, são relativos a funções que, embora integrem o cerne da atividade
da Autarquia, detém um caráter meramente executivo. De fato, não poderiam ser
consideradas, diferentemente, atividades como a custódia de numerário e o saneamento do
meio circulante, assim como a contagem e a conferência de cédulas e moedas, dada
principalmente a repetitividade dessas funções, tarefas que poderiam ser desenvolvidas por
terceiros mediante delegação do Banco Central do Brasil.
16. Neste aspecto, vale mencionar que outros bancos centrais na América Latina
(Banco do México, Banco Central da República do Peru, Banco da República de Colômbia) já
terceirizavam atividades de custódia de numerário e saneamento do meio circulante.
17. Tal solução, contudo, não estava imune a questionamentos jurídicos, já que,
como se expôs, nos termos da legislação pátria, tais funções são definidas como privativas do
Banco Central do Brasil. Por tratar-se de atividade-fim da autarquia, que são atribuídas por
lei, a terceirização dessas tarefas poderia caracterizar indevida transferência a particulares de
funções básicas e privativas que somente poderiam ser executadas pela entidade pública, ex vi
legis.
18. Nas empresas privadas, a questão sobre terceirizar ou não atividades que se
incluam entre os objetivos da sociedade é colocada como simples problema de estratégia.
Relativamente a elas, por não haver lei que proíba a terceirização, e face aos princípios
constitucionais da legalidade e da livre iniciativa, aplicar-se-ia o inciso II do art. 5º da
Constituição Brasileira, segundo o qual “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
alguma coisa, senão em virtude de lei”.
3 Redação dada pelo Decreto-Lei nº 278, de 28 de fevereiro de 1967.
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19. O mesmo não se aplica aos setores públicos, onde o princípio da legalidade
significa poder fazer apenas e tão-somente o que a lei autoriza. No caso do Banco Central do
Brasil, no entanto, apesar de haver disposição legal atribuindo-lhe privativamente
determinadas funções, há também autorização para locação de mão-de-obra de forma indireta,
conforme o disposto no parágrafo 7º, do art. 10, do Decreto-lei 200, de 25 de fevereiro de
1967:
“Para melhor desincumbir-se das tarefas de planejamento, coordenação,
supervisão e controle, e com o objetivo de impedir o crescimento desmesurado
da máquina administrativa, a Administração procurará desobrigar-se da
realização material de tarefas executivas, recorrendo sempre que possível à
execução indireta, mediante contrato, desde que exista, na área, iniciativa
privada suficientemente desenvolvida e capacitada a desempenhar os encargos
de execução.”
20. Esse dispositivo legal dava total respaldo à terceirização de tarefas executivas
do Banco Central do Brasil, mesmo aquelas envolvidas no cerne das atividades
desempenhadas pela Autarquia, contanto que os serviços terceirizados sejam meramente
operacionais e não envolvam poder decisório.
21. De fato, o exercício da função privativa do Banco Central do Brasil de
funcionar como executor dos serviços do meio circulante (art. 10, inc. II, da Lei 4.595, de
1964) implica, também, desenvolver várias atividades, dentre as quais se identificam algumas
de caráter essencialmente executivos, constituídos por tarefas repetitivas, que não envolvem
qualquer elemento decisório, não havendo, por isso, impedimento legal para que a autarquia
contrate terceiros para a prestação de serviços operacionais, como o são a custódia e a
distribuição de numerário.
22. Vale ressaltar que o conceito de “emissão de moeda”, de competência
exclusiva da União Federal, não se confunde com a de “custódia de numerário”, esta privativa
do Banco Central do Brasil, conquanto aquela seja exercida também pela autarquia. Em
verdade, a atividade relacionada com o meio circulante é um processo eminentemente
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contábil, por meio do qual cédulas são colocadas em circulação tendo como contrapartida
um débito equivalente, na conta reservas bancárias da instituição financeira que solicita o
montante que necessita para a execução de suas atividades diárias.
23. A competência para a emissão de moeda, prevista no art. 164 da Constituição
de 1988, é da União Federal e será exercida exclusivamente pelo Banco Central do Brasil,
competência essa, porque exclusiva, indelegável, restrição que, no entanto, não se aplica à
competência privativa, conforme entende a doutrina pátria. Segundo José Afonso da Silva4 e
de Manoel Gonçalves Ferreira Filho5, respectivamente:
“A diferença que se faz entre competência exclusiva e competência
privativa é que aquela é indelegável e esta é delegável. Então, quando se quer
atribuir competência própria a uma entidade ou a um órgão com possibilidade
de delegação de tudo ou de parte, declara-se que compete privativamente a ele
a matéria indicada [...]”. (sem destaque no original)
“A competência para emitir moeda que o art. 21, VII, reserva à União
(v. supra), em função deste preceito, há de ser exercida, exclusivamente, pelo
banco central. Indica-se com isto uma das tarefas próprias a este, que, por
outro lado, é peça chave do sistema financeiro nacional, e, como tal, regulado,
nos termos do art. 192 (v. infra) da Constituição, pela lei complementar que
este último artigo prevê.”
24. O conceito de competência privativa se firma no que dispõe o art. 13, caput, da
Lei nº 4.595, de 1964, com a redação dada pelo Decreto-lei nº 278, de 28 de fevereiro de
1967. Desse modo, o foco sobre a questão passa ao largo da hipótese de emissão de moeda,
4 Curso de Direito Constitucional Positivo, Malheiros, 12ª ed., p. 456. 5 Comentários à Constituição Brasileira de 1988, Ed. Saraiva, vol. 3, p. 139.
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mas centra-se no fato de que a atividade de custódia de numerário reveste-se de caráter
meramente executivo, atividade essa que se concretiza em tarefas operacionais.
25. O modelo até recentemente utilizado para a distribuição de numerário em todo
o território do País, com o Banco Central do Brasil atuando como fornecedor de moedas nos
grandes centros e o Banco do Brasil S.A. funcionando como custodiante em outras
localidades, há exigido alterações, tanto por questões de eficiência, quanto em razão dos
custos que isso implica ao sistema financeiro, merecendo uma regulamentação que possibilite
que tais serviços possam ser executados, também, por outras instituições financeiras.
26. Assim, se o foco da questão centra-se na regulamentação da atividade de
custódia de numerário do Banco Central do Brasil, dois são os pontos que juridicamente
importam: (i) a possibilidade jurídica de instituição financeira exercer a atividade custodiante
e executar as tarefas que lhes são correlatas, (ii) fazendo-o em cumprimento de contrato
firmado com o Banco Central do Brasil.
27. A doutrina referida afirma que a competência privativa “é delegável”; por sua
vez, o art. 10, inciso II, da Lei nº 4.595, de 1964, estatui que a execução dos serviços do meio
circulante é de competência privativa do Banco Central do Brasil. Portanto, o referido
dispositivo legal, combinado com o art. 13 da mesma lei de regência do Sistema Financeiro
Nacional, autoriza a afirmação de que a autarquia pode transferir ou transmitir essa
competência, contratando a execução dos encargos e serviços correspondentes.
28. Neste ponto, saliente-se que o citado art. 13, da Lei 4.595, de 1964, forjado sob
o pálio de sistema constitucional marcantemente distinto do hodierno, há que se amoldar a
uma interpretação que se lhe dê conforme a Constituição vigente, de sorte que a preferência –
por contratação com o Banco do Brasil S.A. – resulte mitigada e não implique vulneração aos
princípios gerais da atividade econômica, de modo a permitir que a execução de tais serviços
se dê, também, com contratação de outras instituições financeiras que se disponham a realizá-
los.
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29. Com efeito, ao admitir que, por especial autorização do Conselho Monetário
Nacional, encargos e serviços de competência do Banco Central do Brasil possam ser
contratados com outras instituições financeiras, o referido dispositivo, in fine, atenua, de certo
modo, a preferência preconizada em sua parte inicial.
30. Portanto, se os encargos e serviços, que caracterizam a atividade custodiante e
tarefas afins, relacionadas com o meio circulante, são de competência privativa do Banco
Central do Brasil, a atividade e tarefas em apreço, também porque são de caráter meramente
executivo, podem ser delegadas, transferidas ou transmitidas às instituições bancárias,
mediante contrato.
A ADOÇÃO DE UM NOVO MODELO DE MEIO CIRCULANTE
31. Como já relatado, as atividades de meio circulante seguiam modelo definido
desde a criação do Banco Central do Brasil, no qual a Autarquia desempenha suas atribuições
de provedor de numerário à sociedade com a cooperação do Banco do Brasil S.A. que, por
motivos operacionais e logísticas, detém custódia de numerário nas localidades onde o Banco
Central do Brasil não está instalado.
32. A custódia de numerário representa a manutenção de estoque de dinheiro em
espécie à ordem do Banco Central do Brasil. Conseqüentemente, o custodiante deve
administrá-la com os mesmos objetivos da Autoridade Monetária, isto é, buscar suprir a
demanda da sociedade por numerário, fornecendo-o em boas condições de uso por intermédio
do adequado atendimento das solicitações dos bancos comerciais para movimentação
financeira em espécie da conta “reservas bancárias”. Em suma, o atendimento à rede bancária,
intermediária entre a Autoridade Monetária e a sociedade, além de regulamentado, necessita
ser fiscalizado, a bem de assegurar-se uma boa prestação de serviços.
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33. Com o objetivo de alcançar patamares mais elevados de eficiência, o Banco
Central do Brasil decidiu rever a função do meio circulante, processo iniciado em 2001, que
contou inclusive com a participação de consultoria internacional, cujas conclusões foram
apresentadas em 2003.
34. Finda a etapa de diagnósticos e analisadas as medidas propostas, concluiu-se
que a primeira providência, necessária para a reestruturação do sistema meio circulante,
deveria ser a implementação da regulamentação da custódia de numerário, tendo como
objetivo regular a forma de atuação da instituição financeira custodiante, por meio do
estabelecimento de regras operacionais de gestão e de parâmetros de controle dos serviços
prestados.
35. No modelo proposto, vislumbra-se o alcance dos seguintes benefícios:
a) aumento da oferta de troco à população, por meio de criação de guichês de
fornecimento de troco, com finalidade de provimento, de forma direta,
inclusive ao público que não dispõe de conta bancária;
b) atuação do Banco Central do Brasil em funções mais afinadas com o seu
papel institucional de regulação, provimento, fiscalização e monitoramento
da qualidade dos serviços de meio circulante prestados à sociedade em todo
o território nacional (e não apenas em 10 cidades como ocorre atualmente);
c) maior visibilidade dos custos do sistema, facilitando o seu gerenciamento,
sendo que o custodiante se obrigará a manter sistema específico de controle
e apuração dos custos inerentes a assunção da custódia, elaborando
demonstrativos periódicos padronizados pelo Banco Central do Brasil,
ficando esse sistema sujeito ao exame da fiscalização realizada diretamente
pela autarquia.
36. Para dar curso a estes objetivos na nova regulamentação, os seguintes
princípios básicos foram estabelecidos:
I – definição clara das atribuições do custodiante, que são:
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a) deter custódia de numerário não-monetizado à ordem do Banco Central do Brasil, com a finalidade de acolher depósitos e atender a solicitações de saques de numerário das instituições financeiras bancárias; b) prover a arrumação, classificação e guarda do numerário custodiado, segundo as regras definidas pelo Banco Central do Brasil; c) efetuar a conferência e a seleção do numerário recebido, apartando aquele classificado como impróprio para circulação para entrega ao Banco Central do Brasil; d) distribuir moedas metálicas e suprir a oferta de troco; e) efetuar recolhimento de numerário, na forma determinada pelo Banco Central do Brasil; g) cumprir as políticas de meio circulante definidas pelo Banco Central do Brasil.
II - a prestação dos serviços de custódia será realizada em dependências das
instituições custodiantes, sob seu controle administrativo e operacional;
III - caberá ao Banco Central do Brasil exercer a fiscalização do custodiante
quanto ao cumprimento das normas e procedimentos inerentes à assunção da custódia e
monitorar a qualidade dos serviços prestados às instituições financeiras. Na formalização da
assunção da custódia, que ocorrerá pela celebração de contrato entre o Custodiante e o Banco
Central do Brasil, deverá constar a previsão da aplicação de penalidades para o não
cumprimento no disposto na regulamentação;
IV – a Custodiante fará jus a remuneração a ser paga pelas instituições
financeiras, a incidir sobre cada solicitação de saque confirmada e sobre cada solicitação de
depósito efetivada nas suas dependências autorizadas a executarem o serviço de custódia.,
com percentual máximo válido para todo o território nacional, tendo em conta o custo total do
sistema de custódia e o princípio de que os pontos de menor custo subsidiam os de maior
custo; e
V – os demonstrativos de custos e demais informações estatísticas de interesse
serão divulgados às instituições financeiras usuárias da custódia.
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37. No novo modelo, permanece com o Banco Central do Brasil a competência
para a concessão da Custódia de Numerário, levando sempre em consideração o interesse do
atendimento das necessidades da sociedade.
38. O monitoramento da qualidade dos serviços providos pelo custodiante ocorrerá
por meio de:
I – pesquisa junto às instituições financeiras usuárias dos serviços do
custodiante;
II – análise dos relatórios produzidos pelas equipes de fiscalização do Banco
Central do Brasil;
III – pesquisa de opinião junto à população da área atendida por uma
dependência custodiante;
IV – encontros com associações representativas do comércio e/ou da
comunidade na praça onde exista dependência custodiante.
39. Com vistas a ampliar a transparência da gestão da custódia de numerário e
permitir que as instituições financeiras usuárias dos serviços do custodiante tenham maior
acesso às informações de custos incorridos na operação da custódia, é criado o Conselho
Técnico de Custódia de Numerário, responsável por estudos visando ao contínuo
desenvolvimento da gestão de numerário no País. Esse Conselho Técnico será composto por
representantes:
I – do Banco Central do Brasil;
II – de cada Custodiante autorizado pelo Banco Central do Brasil;
III – das instituições financeiras não custodiantes, usuárias dos serviços da
Custódia de Numerário do Banco Central do Brasil, indicados pela Federação Brasileira de
Bancos (Febraban);
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IV – da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil
(CACB).
40. O Conselho Técnico de Custódia de Numerário terá caráter consultivo,
cabendo-lhe:
I – realizar estudos sobre matérias pertinentes à Custódia de Numerário do
Banco Central do Brasil;
II – avaliar os demonstrativos de custos incorridos na operação da custódia;
III – propor a inclusão e exclusão de dependências custodiantes.
41. No intuito de garantir a transparência mencionada, o Banco Central do Brasil
dará, periodicamente, publicidade dos demonstrativos de custos, detalhados por agência
custodiante, bem como fornecerá informações estatísticas de interesse das instituições
financeiras usuárias da custódia.
42. O referido Conselho Técnico deverá constituir-se em fórum privilegiado para
discussões das questões relacionadas ao numerário, permitindo uma administração
compartilhada entre os usuários, viabilizando o embrião de um novo modelo de gestão, que se
caracterizaria pelo surgimento de uma única entidade custodiante resultante da associação das
instituições financeiras usuárias.
43. Esse tipo de arranjo institucional seguiria modelo já adotado em outros países,
em especial no Canadá, onde foi criado um consórcio pelo qual as instituições financeiras
participam como gestoras do sistema e proprietárias de cotas de participação. No Brasil,
instituições como o Sistema Especial de Liquidação e Custódia (SELIC) e o Câmara de
Custódia e Liquidação (CETIP), guardadas as devidas peculiaridades, indicam o caminho a
ser seguido para a criação de uma nova entidade da espécie, encarregada da tarefa de custódia,
a ser gerida com alta especialização, capaz de obter vantagens da economia de escala sem o
risco do monopólio, na medida em que resultasse da associação das instituições bancárias
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usuárias, com participação do Banco Central do Brasil, ao qual permaneceria reservado o
papel de regulador e guardião dos interesses da sociedade.
44. Além da criação do referido Conselho Técnico, outras disposições normativas
sobre o tema abrem caminho para que esse novo modelo possa ser construído, alinhando-o
com a tendência observada, hoje em dia, na gestão de valores realizada pelos bancos
comerciais.
45. Até 1994 o modelo de atuação dos bancos caracterizava-se por manutenção de
tesourarias em cada ponto de atendimento e com a propriedade de frotas de carros fortes.
Após a estabilidade da moeda propiciada pela adoção do Real, o que se observou foi a
terceirização das tesourarias dos bancos comerciais, que foram transferidas para as
transportadoras de valores, à exceção do Banco do Brasil S.A. Estas, por sua vez, inicialmente
numerosas e sobrevivendo em ambiente de concorrência acirrada, vêm passando por um
movimento de fusões e aquisições, com tendências à concentração, o que pode decorrer das
vantagens advindas de maior capacidade de investimento e ampliação de economias de escala.
46. Numa primeira etapa, que já está em andamento, apenas o Banco do Brasil
S.A. abastecerá o mercado. Porém, a expectativa é de que os grandes bancos com forte
presença em todo o país adiram ao sistema de custódia, dada a economia que pode representar
para suas operações. As instituições que se proponham a prestar o serviço de custódia terão de
comprovar capacidade para prestar o serviço, construindo caixas-fortes, e serão auditadas
periodicamente pelo Banco Central do Brasil, mas, em contrapartida, pelo abastecimento de
dinheiro, poderão cobrar até 0,15% do valor movimentado na operação (remuneração
atualmente em vigor, fixada pelo Banco Central do Brasil).
47. Por outro lado, o novo modelo propicia a possibilidade da constituição de um
custodiante único, formado por associação de instituições financeiras, que possa usufruir das
vantagens do tamanho, que seja capaz de aplicar todas as políticas estabelecidas pela
autoridade monetária e que tenha gestão compartilhada entre os usuários (inclusive de custos),
alternativa que pode mostrar-se vantajosa na medida em que tal arranjo pode socializar todos
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esse benefícios entre os usuários sem prejuízo do interesse social, o que não se poderia
assegurar de outro modo.
48. No caso de as instituições não atenderem aos requisitos básicos definidos pelo
Banco Central do Brasil, poderão ser multadas e descredenciadas do sistema. Os bancos
custodiantes terão, inclusive, que abrir pontos exclusivos para atender à população em busca
de troco, mesmo os não-correntistas.
49. Para o Banco Central do Brasil, a nova sistemática deverá representar uma
economia de R$ 22 milhões de reais por ano, quando todo o processo de distribuição de
dinheiro estiver a cargo das instituições financeiras, o que deve acontecer ao longo de 30
meses.
50. O marco normativo que fundamenta esse novo modelo está consubstanciado na
Resolução do Conselho Monetário Nacional nº 3.322, de 28 de outubro de 2005, que dispõe
sobre os critérios de execução da custódia de numerário. Essa Resolução veio a ser
regulamentada pelo Banco Central do Brasil, tendo sido editadas a Circular nº 3.298, de 1º de
novembro de 2005, por meio da qual foi divulgado o Regulamento da Custódia de Numerário,
a Carta-Circular nº 3.214, de 1º de novembro de 2005, que define procedimentos operacionais
do Sistema do Meio Circulante, no âmbito do Sistema de Pagamentos Brasileiro, e o
Comunicado nº 13.828, de 1º de novembro de 2005, que divulga o Regulamento do Conselho
Técnico de Custódia de Numerário. Os atos normativos constituem apêndices do presente
estudo.
51. Por último, cabe registrar que hoje tramita no Congresso Nacional, por
iniciativa do Poder Executivo brasileiro, um projeto de lei com o objetivo de permitir ao
Banco Central do Brasil a aquisição de bens e a contratação de serviços de segurança para a
proteção do Sistema do Meio Circulante, sem a exigência de processo de licitação. O projeto,
já aprovado pela Câmara dos Deputados, encontra-se no Senado Federal.
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APÊNDICE
Resolução do Conselho Monetário Nacional nº 3.322, de 28 de outubro de 2005
Circular nº 3.298, de 1º de novembro de 2005
Carta-Circular nº 3.214, de 1º de novembro de 2005
Comunicado nº 13.828, de 1º de novembro de 2005,
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RESOLUÇÃO 3.322
Dispõe sobre a Custódia de Numerário do Banco Central do Brasil.
O BANCO CENTRAL DO BRASIL, na forma do art. 9º da Lei 4.595, de 31 de dezembro de 1964, torna público que o CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL, em sessão realizada em 27 de outubro de 2005, com base no disposto nos artigos 4º, inciso II, 10, inciso II, e 13 da referida Lei, R E S O L V E U:
Art. 1º A Custódia de Numerário do Banco Central do Brasil poderá ser executada, na forma desta Resolução, por instituições financeiras bancárias ou por associação de instituições financeiras constituída para essa finalidade.
Art. 2º Na execução da custódia de que trata esta Resolução, as instituições custodiantes, mediante contrato firmado com o Banco Central do Brasil, assumirão as seguintes obrigações:
a) deter custódia de numerário não-monetizado à ordem do Banco Central do Brasil, com a finalidade de acolher depósitos e atender a solicitações de saques de numerário das instituições financeiras bancárias;
b) prover a arrumação, classificação e guarda do numerário custodiado, segundo as regras definidas pelo Banco Central do Brasil;
c) efetuar a conferência e a seleção do numerário recebido, apartando aquele classificado como impróprio para circulação para entrega ao Banco Central do Brasil;
d) distribuir moedas metálicas e suprir a oferta de troco;
e) efetuar recolhimento de numerário, na forma determinada pelo Banco Central do Brasil; e g) cumprir as políticas de meio circulante definidas pelo Banco Central do Brasil.
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Parágrafo único. A prestação dos serviços de custódia será realizada em
dependências das instituições custodiantes, sob seu controle administrativo e operacional.
Art. 3º O Banco Central do Brasil exercerá a fiscalização das instituições custodiantes em relação ao cumprimento das normas e dos procedimentos, e à qualidade dos serviços prestados.
Art. 4º Fica o Banco Central do Brasil autorizado a adotar as seguintes medidas
complementares: I - instituir conselho consultivo para realizar estudos e propor soluções relacionadas
com a execução das políticas do meio circulante; e II - baixar as normas e adotar as medidas julgadas necessárias para a execução do
disposto nesta Resolução. Parágrafo único. No cumprimento do disposto no art. 4º, inciso II, cabe ao Banco
Central do Brasil estabelecer a remuneração máxima a ser paga pelas instituições financeiras aos custodiantes, tomando em consideração, inclusive, a escala de custos incorridos na prestação dos serviços.
Art. 5º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 27 de outubro de 2005.
Afonso Sant’Anna Bevilaqua Presidente, substituto
Circular
CIRCULAR 3.298
Divulga o Regulamento da Custódia de Numerário do Banco Central do Brasil e dá outras providências.
A Diretoria Colegiada do Banco Central do Brasil, considerando o disposto na Resolução nº 3.322, de 27 de outubro de 2005, do Conselho Monetário Nacional, D E C I D I U:
Art. 1º Divulgar o Regulamento da Custódia de Numerário do Banco Central do Brasil, anexo a esta Circular.
Parágrafo único. Cabe ao Departamento do Meio Circulante (Mecir) gerir a Custódia de
Numerário do Banco Central do Brasil, verificar saldos e fiscalizar o cumprimento de normas e procedimentos.
Art. 2º A Custodiante fará jus a remuneração a ser paga pelas instituições financeiras, a
incidir sobre cada solicitação de saque confirmada e sobre cada solicitação de depósito efetivada nas suas dependências autorizadas a executarem o serviço de custódia.
§ 1º A remuneração será fixada em percentual incidente sobre o valor total da operação, a
ser fixado pelo Mecir, tendo em conta o custo total do sistema de custódia e o princípio de que os pontos de menor custo subsidiam os de maior custo.
§ 2º As movimentações de numerário efetuadas no Banco Central do Brasil não serão
remuneradas. Art. 3º Instituir o Conselho Técnico de Custódia de Numerário (CTCN), de caráter
consultivo, que será responsável pela realização de estudos e proposição de soluções relacionadas com a execução das políticas do meio circulante.
§ 1º O CTCN será composto por representantes: I - do Banco Central do Brasil; II - de cada instituição Custodiante autorizada pelo Banco Central do Brasil; III - das instituições financeiras não-custodiantes, usuárias da Custódia de Numerário do
Banco Central, indicados pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban); IV - da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB). § 2º O CTCN possui as seguintes atribuições:
Circular
I - realizar estudos sobre matérias pertinentes à Custódia de Numerário do Banco Central do Brasil;
II - avaliar os demonstrativos de custos incorridos na operação de custódia; III - propor a inclusão e a exclusão de dependências custodiantes. Art. 4º Estabelecer que o CTCN será regido por regulamento próprio, a ser divulgado pelo
Banco Central do Brasil, que disporá, inclusive, sobre o quantitativo de representantes das instituições mencionadas no § 1º do art. 3º.
Art. 5º Esta Circular entrará em vigor na data de sua publicação.
Art. 6º Ficam revogados os artigos 4º e 5º da Circular n.º 3.109, de 10 de abril de 2002.
Brasília, 1º de novembro de 2005.
João Antônio Fleury Teixeira Diretor
Circular
Regulamento anexo à Circular 3.298, de 1º de novembro de 2005, que trata da Custódia de Numerário do
Banco Central do Brasil Disposições Gerais
Art. 1º A Custódia de Numerário do Banco Central do Brasil (Bacen) é a atividade de manutenção de numerário não-monetizado do Bacen em instituição especialmente autorizada para esse fim, denominada Custodiante, com a finalidade de realizar as operações previstas neste Regulamento.
§ 1º Poderão ser autorizados a executar o serviço de custódia de numerário: I - instituição financeira bancária; e II - associação de instituições financeiras, constituída para essa finalidade. § 2º A prestação dos serviços de custódia será realizada em dependência da Custodiante,
sob seu controle administrativo e operacional, devendo: I - impor o cumprimento das disposições deste Regulamento no âmbito da dependência; II - definir e aplicar a política de segurança da dependência; e III - implementar modificações necessárias nas instalações físicas da dependência. § 3º O Anexo I discrimina e define os termos utilizados neste Regulamento. Art. 2º A Custodiante poderá manter a custódia em dependências exclusivamente
destinadas a essa finalidade ou em dependências destinadas a outras operações bancárias. § 1º As dependências de que trata este artigo devem estar registradas no Cadastro Nacional
de Pessoas Jurídicas da Receita Federal como dependências da Custodiante. § 2º As dependências destinadas a outras operações bancárias deverão estar registradas no
Sistema de Informações sobre Entidades de Interesse do Banco Central (Unicad) como instalações de agência ou de posto de atendimento avançado.
Art. 3º Cabe ao Bacen decidir sobre a outorga da condição de custodiante, tendo em
consideração primordialmente o interesse do atendimento das necessidades da sociedade, respeitadas as condições previstas neste Regulamento.
§ 1º A assunção da custódia dar-se-á mediante contrato entre a Custodiante e o Bacen. § 2º Pelo prazo de 30 meses, contados da data da divulgação deste Regulamento, o Bacen
só poderá realizar a contratação de custodiante com instituição financeira que, nessa mesma data, já detenha a condição de custodiante.
Circular
Art. 4º Cabe ao Bacen decidir sobre a inclusão e a exclusão de dependências custodiantes,
observado o disposto no art. 5º deste Regulamento e tendo em consideração a relação custo/beneficio do sistema de custódia.
Art. 5º Haverá somente uma dependência custodiante por município. Parágrafo único. A critério do Bacen, poderão ser autorizadas dependências custodiantes,
excepcionalmente, nos seguintes locais: I - municípios de grande extensão territorial que tenham mais de um núcleo urbano
significativo; e II - grandes centros urbanos, onde a existência de mais de uma dependência custodiante
possa contribuir para aumentar a eficiência da movimentação de valores. Das Atribuições
Art. 6º São atribuições da Custodiante: I - deter e administrar a custódia de numerário não-monetizado à ordem do Bacen, com a
finalidade de acolher depósitos e pagar saques de numerário às instituições financeiras bancárias; II - prover a arrumação, classificação e guarda do numerário custodiado segundo as regras
definidas pelo Bacen; III - efetuar a conferência e seleção do numerário recebido, apartando aquele classificado
como impróprio para circulação, para entrega ao Bacen; IV - distribuir moedas metálicas e suprir a oferta de troco; V - encaminhar ao Bacen numerário não-utilizável, na forma deste Regulamento; VI - efetuar recolhimento de numerário, seguindo instruções do Bacen; e VII - cumprir este Regulamento e as políticas de meio circulante definidas pelo Bacen. Parágrafo único. Os lançamentos decorrentes das operações de custódia serão efetuados
por intermédio de mensagens do grupo Meio Circulante (CIR) do catálogo de mensagens do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB). Da Observância das Políticas de Gestão
Art. 7º As políticas de gestão da Custódia de Numerário do Banco Central do Brasil, expedidas pelo Departamento do Meio Circulante (Mecir) do Bacen envolvem, entre outras, determinações sobre:
I - horário de funcionamento do atendimento bancário;
Circular
II - critérios para o saneamento do numerário; III - recolhimento de cédulas e moedas metálicas; IV - composição dos saques de numerário, estabelecendo denominações de cédulas a
serem preferencialmente fornecidas; V - composição dos depósitos de numerário, estabelecendo denominações de cédulas a
serem aceitas; VI - definição de locais para entrega/retirada de numerário (alívio/reforço); e VII - segregação, classificação e arrumação do numerário custodiado.
Do Limite para os Valores Custodiados
Art. 8º A Custodiante será responsável pelo numerário mantido em custódia, respondendo por sua integridade.
§ 1º A responsabilidade prevista no caput deste artigo está limitada, em qualquer evento,
ao equivalente, em moeda nacional, à soma dos valores de face das cédulas e das moedas metálicas custodiadas.
§ 2º O Mecir definirá o limite máximo admitido para o total de valores custodiados, com
base em fundamentada justificativa da instituição financeira custodiante. § 3º Em situações excepcionais, o limite máximo poderá ser flexibilizado, a critério do
Mecir, mediante pedido motivado da Custodiante. § 4º No contrato de assunção de custódia, poderá ser incluída a exigência de que a
Custodiante apresente garantias correspondentes ao valor financeiro do numerário mantido em custódia. Do Atendimento a Outros Bancos
Art. 9º As instituições financeiras serão atendidas exclusivamente nas dependências custodiantes nas quais estiverem previamente cadastradas.
Art. 10. As dependências custodiantes garantirão ambiente seguro para a guarda e
movimentação de valores, e essa condição será comprovada por plano de segurança aprovado pelo Departamento de Polícia Federal e registrado no UNICAD, na forma prevista no Comunicado 11.224, de 17 de julho de 2003, do Banco Central do Brasil. Da Arrumação e Classificação do Numerário Custodiado
Art. 11. A composição por denominação do numerário custodiado em uma dependência custodiante manterá constante correspondência com o respectivo registro no Sistema de Gestão do Meio Circulante (Sismecir).
Circular
Art. 12. O numerário custodiado estará permanentemente apartado de outros valores nas
casas-fortes das dependências custodiantes, de forma a permitir, a qualquer tempo, a sua perfeita identificação.
Art. 13. A arrumação do numerário custodiado nas casas-fortes das dependências
custodiantes far-se-á de modo a possibilitar a conferência do estoque. Art. 14. É permitida a custódia dos seguintes tipos de numerário: I - cédulas novas (tipo I); II - cédulas a selecionar (tipo II); III - cédulas selecionadas para recirculação/seleção manual (tipo III); IV - cédulas selecionadas para recirculação/seleção automatizada (tipo IV); V - cédulas classificadas como não-utilizáveis ou imprestáveis para circulação (tipo V); VI - cédulas recolhidas (tipo VI), decorrente de processo de recolhimento em curso,
determinado pelo Bacen; VII - moedas metálicas novas (tipo VII); VIII - moedas metálicas recolhidas (tipo VIII), decorrente de processo de recolhimento em
curso, determinado pelo Bacen; e IX - moedas metálicas não-utilizáveis (tipo IX). § 1º O numerário custodiado será separado de acordo com a especificação prevista nos
incisos do caput deste artigo, devendo cada volume conter somente uma denominação. § 2º As cédulas dos tipos II a VI serão agrupadas em centenas, cada uma com cinta
identificadora contendo informações a serem definidas pelo Bacen. § 3º As centenas de cédulas dos tipos II a VI serão agrupadas em milheiros. § 4º As moedas metálicas novas, a que se refere o inciso VII deste artigo, serão
acondicionadas nos invólucros originais da Casa da Moeda do Brasil, que não podem estar rompidos e, salvo determinação expressa do Bacen em outro sentido, destinam-se exclusivamente às operações de troca de numerário.
§ 5º Para o numerário classificado como tipo I e tipo II, não será permitida fração de
centena na custódia de numerário, exceto onde houver guichê exclusivo para o fornecimento de troco. § 6º Para numerário dos tipos III a VI, admitir-se-á apenas uma fração de centena por
denominação.
Circular
§ 7º Para numerário dos tipos III a VI, admitir-se-á apenas uma fração de milheiro por
denominação. Art. 15. Nas operações de saque será utilizado numerário dos tipos I a IV. Parágrafo único. A utilização de numerário tipo II nas operações de saque só poderá
ocorrer em conformidade com a política de gestão da Custódia de Numerário, definida pelo Mecir, na forma do art. 7º deste Regulamento. Da Conferência de Numerário
Art. 16. A Custodiante efetuará a conferência do numerário recebido das instituições financeiras, em conformidade com a política de gestão da Custódia de Numerário, definida pelo Mecir, na forma do art. 7º deste Regulamento.
§ 1º O processo de conferência será realizado em ambiente seguro. § 2º A Custodiante informará ao Bacen os dados resultantes do processamento de
numerário por intermédio de mensagem do grupo CIR do catálogo de mensagens do SPB. Art. 17. Na composição do numerário custodiado dos tipos III ou IV será aceita a presença
de até 1% (um por cento) de cédulas do tipo V. Art. 18. Na composição do numerário custodiado ou aliviado do tipo V será aceita a
presença de até 1% (um por cento) de cédulas dos tipos III ou IV. Dos Reforços de Custódia
Art. 19. As operações de reforço de custódia ocorrerão nas seguintes situações: I - entrega de numerário diretamente pelo Bacen; II - retirada de numerário em representação do Bacen; e III - retirada de numerário em dependência custodiante de outra instituição financeira. § 1º No caso de reforço de custódia na forma do inciso I deste artigo, caberá ao Bacen a
responsabilidade pelos custos e riscos da movimentação e a definição de locais e datas da entrega. As entregas aéreas poderão ser efetuadas nos aeroportos de destino.
§ 2º No caso de reforço de custódia na forma dos incisos II e III deste artigo, os custos e
riscos da movimentação correrão por conta da Custodiante interessada. § 3º As solicitações de reforço de custódia feitas por outra Custodiante serão tratadas como
operações de saque, inclusive para efeito de pagamento da remuneração correspondente.
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Dos Alívios de Custódia
Art. 20. As operações de alívio de custódia ocorrerão nas seguintes situações: I - encaminhamento ao Bacen de numerário recolhido; II - encaminhamento ao Bacen de numerário não-utilizável; III - encaminhamento de numerário a outra custodiante. § 1º Os custos e riscos das operações de alívio de custódia correrão por conta
das Custodiantes. § 2º Nos casos de alívio de custódia na forma dos incisos I e II do caput deste
artigo, o Bacen poderá, a seu critério, promover o recebimento diretamente na dependência custodiante, cabendo ao Bacen, nesses casos, a responsabilidade pelos custos e riscos da movimentação e a definição de locais e datas dos recebimentos.
§ 3º As solicitações de alívio de custódia feitas por outra Custodiante serão
tratadas como operações de depósito, inclusive para efeito de pagamento da remuneração correspondente. Do Provimento de Troco à População
Art. 21. A Custodiante proverá troco à população. § 1º O Bacen indicará à Custodiante os municípios onde deverá haver guichê
exclusivo para o fornecimento de troco à população. § 2º Os guichês exclusivos deverão ter identificação distinta daquela dos
demais guichês de atendimento ao público existentes no mesmo local. Do Recolhimento de Cédulas e de Moedas Metálicas
Art. 22. Quando for determinada operação de recolhimento, as cédulas ou moedas recolhidas deverão ser encaminhadas às representações do Bacen por ele indicadas.
§ 1º Os custos e riscos dessa movimentação correrão por conta da Custodiante. § 2º Para cada processo de recolhimento, o Bacen emitirá orientação específica.
Da Remuneração à Custodiante e dos Demonstrativos de Custos
Art. 23. Na fixação da remuneração devida à Custodiante, o Mecir considerará os seguintes itens:
I - despesas com transporte de numerário;
Circular
II - despesas com o atendimento às instituições financeiras; III - despesas de execução de saneamento do meio circulante, distribuição de
moedas, recolhimento de numerário e fornecimento de troco à população; e IV - despesas com seguros e fundos para provisão de perdas com sinistros não
cobertos por seguros. § 1º A Custodiante manterá sistema específico de controle e apuração dos
custos inerentes à atividade de custódia e de execução de tarefas afins, elaborando demonstrativos periódicos, conforme dispuser o Bacen.
§ 2º O sistema de controle e apuração de custos ficará sujeito ao exame da
fiscalização direta do Bacen. Art. 24. A Custodiante fará jus a remuneração, a incidir sobre o valor de: I - cada solicitação de saque confirmada; e II - cada solicitação de depósito efetivada nas suas dependências custodiantes. § 1º A instituição financeira Custodiante não pagará remuneração nas
operações de saque e de depósito realizadas nas suas dependências. § 2º As operações referidas no parágrafo anterior serão incluídas no cálculo das
despesas especificadas no art. 23 deste Regulamento. Art. 25. A remuneração será fixada periodicamente pelo Mecir, em percentual
incidente sobre o valor total da operação, válido para todo o território nacional, aprovado pelo Bacen.
§ 1º A Custodiante poderá adotar percentual de remuneração inferior ao fixado
pelo Bacen, entendendo-se que, para qualquer período de tempo examinado, a apuração de eventual déficit ou superávit, decorrente do confronto de receitas e despesas com as operações da custódia, terá por referência o percentual adotado.
§ 2º A qualquer tempo e mediante comprovação de fatos relevantes, após
análise e decisão do Bacen, o percentual de remuneração poderá ser revisto, para retomada do equilíbrio econômico-financeiro do contrato de custódia.
Art. 26. Dependerão de validação pelo Bacen os demonstrativos de custos que,
incorridos pela Custodiante, servirão de base para cálculo do percentual de remuneração. § 1º Os demonstrativos de custos mencionados neste artigo devem ser
discriminados conforme modelo padronizado pelo Bacen. § 2º No caso de os demonstrativos de custos referidos neste artigo não serem
entregues ou conterem discrepância:
Circular
I - o Bacen arbitrará valores para fins de cálculo do percentual de remuneração,
podendo adotar, a titulo precário, o último demonstrativo de custos aceito, ajustado para os níveis estimados do atendimento bancário no período seguinte; e
II - uma vez sanadas as divergências, eventuais discrepâncias em relação ao
que foi arbitrado serão compensadas nos cálculos do percentual de remuneração subseqüente. § 3º Periodicamente, o Bacen dará publicidade aos demonstrativos de custos
incorridos pela Custodiante e demais informações estatísticas de interesse das instituições financeiras usuárias da custódia de numerário. Do Monitoramento da Qualidade dos Serviços
Art. 27. O monitoramento da qualidade dos serviços providos pela Custodiante ocorrerá por meio de:
I - pesquisa junto às instituições financeiras usuárias dos serviços da
Custodiante; II - análise dos relatórios produzidos pelas equipes de fiscalização do Mecir; III - pesquisa de opinião junto à população da área atendida por uma
dependência custodiante; e IV - reuniões com associações representativas do comércio e/ou da
comunidade na praça onde exista dependência custodiante. Da Fiscalização
Art. 28. Independentemente de prévio aviso, o Mecir procederá a inspeções nas dependências custodiantes com vistas ao cumprimento deste Regulamento, em especial para verificar a existência física dos valores registrados no Sismecir e sua correspondência com o respectivo registro.
Art. 29. O acesso às agências custodiantes pelos representantes do Bacen dar-
se-á mediante identificação e concomitante confirmação junto ao Mecir. Das Penalidades
Art. 30. O contrato de que trata o §1º do art. 3° deste Regulamento estabelecerá a aplicação de penalidades e as situações que as ensejam.
§ 1º A inobservância das disposições contratuais sujeita o infrator às
penalidades de advertência e multa, conforme a gravidade da falta e sem prejuízo das sanções civis e penais que o caso comportar.
§ 2º São consideradas irregularidades, para o fim da aplicação de penalidades,
as seguintes ocorrências:
Circular
I - descumprimento de quaisquer das disposições relativas aos incisos de I a
VII do art. 7º; II - descumprimento das disposições relativas ao recolhimento de cédulas ou
moedas metálicas; III - não-fornecimento das informações solicitadas pelo Mecir, no prazo
estabelecido no art. 33; IV - guarda de numerário fora da tipologia especificada no caput do art. 14
deste Regulamento; V - guarda de numerário em desacordo com a forma de acondicionamento
prevista nos parágrafos do art. 14 deste Regulamento; VI - quando a dependência custodiante não for ambiente seguro; VII - não-segregação do numerário custodiado; VIII - inviabilidade ou embaraço à conferência do estoque custodiado devido à
arrumação do numerário; IX - diferença a maior em valor no numerário custodiado; X - divergência na composição por denominação do numerário custodiado; XI - existência de fração de centena no numerário classificado como tipo I; XII - existência de fração de centena no numerário classificado como tipo II; XIII - existência de mais de uma fração de centena por denominação no
numerário dos tipos III a V; XIV - existência de percentual superior a 1% (um por cento) de cédulas do tipo
V no numerário dos tipos III e IV custodiado ou aliviado; XV - existência de percentual superior a 1% (um por cento) de cédulas
adequadas à circulação no numerário tipo V custodiado ou aliviado; XVI - não-entrega dos demonstrativos de custos mencionados no art. 26 deste
Regulamento no prazo fixado pelo Mecir; XVII - existência de diferença a menor em valor no numerário custodiado; XVIII - impedimento ou qualquer embaraço à fiscalização do Mecir nas
instalações da Custodiante.
Circular
§ 3º O disposto nos incisos IV e XVII deste artigo não se aplicará ao numerário
dos tipos I, II, VI, VII, VIII e IX, se comprovado que os invólucros do numerário referido mantêm o lacre original aposto pelo Bacen ou pela instituição depositante.
§ 4º A reincidência em falta punida com pena de advertência implicará
aplicação da pena de multa. § 5º A reincidência em falta punida com pena de multa acarretará sua aplicação
em dobro. § 6º A pena de multa poderá ser aplicada em triplo caso não seja solucionada,
no prazo para tanto fixado, irregularidade que tenha motivado aplicação de advertência ou de multa.
Art. 31. Verificada diferença a menor no numerário custodiado, esta deverá ser
imediatamente sanada. § 1º A existência de numerário ilegítimo no saldo custodiado configura
diferença a menor, devendo a Custodiante proceder de conformidade com o caput deste artigo, sem prejuízo da aplicação da penalidade cabível.
§ 2º O disposto neste artigo não se aplicará ao numerário dos tipos I, II, VI,
VII, VIII e IX, se comprovado que os invólucros do numerário referido mantêm o lacre original aposto pelo Bacen ou pela instituição depositante.
Art. 32. Poderá ser utilizado método de amostragem aleatória para a formação
de juízo sobre características do total ou de parte do numerário custodiado, e seu resultado poderá fundamentar a aplicação de penalidade. Das Disposições Gerais
Art. 33. A Custodiante prestará informações ao Bacen no prazo de dois (2) dias úteis contados da data de recebimento da respectiva requisição.
Art. 34. As comunicações formais do Bacen com as Custodiantes ocorrerão por
meio de: I - mensagem eletrônica do “Correio Eletrônico” (CE) do Sistema Banco
Central de Informações (Sisbacen) ou outra forma de mensagem eletrônica que permita confirmação de recebimento;
II - documento em papel, registrado no serviço de protocolo do Bacen. Art. 35. Caso uma data-limite estabelecida neste Regulamento coincida com
dia não-útil, o prazo ficará automaticamente transferido para o dia útil subseqüente.
Circular
Art. 36. Situações não previstas neste Regulamento serão decididas pelo
Diretor de Administração do Bacen.
Circular
Anexo I – Terminologia
Alívio da custódia Operação pela qual numerário não-monetizado na custódia é entregue ao Bacen
Centena Maço cintado contendo 100 cédulas
Denominação Valor de um item de numerário (cédula ou moeda). Exemplos: R$ 1 (um real), R$ 5 (cinco reais), R$ 0,01 (um centavo)
Depósito
Operação de recebimento de numerário na custódia, na qual numerário monetizado é transformado em não-monetizado, por intermédio de um crédito na conta reservas bancárias a favor da instituição bancária depositante, realizado pelo SPB. Origina-se de instituições bancárias, exclusivamente
Milheiro Bloco cintado contendo 10 centenas (1.000 cédulas) Numerário Cédulas e moedas metálicas
Numerário a selecionar Numerário que ainda não foi submetido ao processo de saneamento
Numerário não-utilizável Numerário que não reúne condições para voltar à circulação
Numerário selecionado-manual Numerário próprio para voltar à circulação, resultante de processo de saneamento manual
Numerário selecionado-máquina Numerário próprio para voltar à circulação, resultante de saneamento automatizado
Recolhimento Processo por meio do qual numerário com características especificas é retirado definitivamente de circulação, independentemente do seu estado de conservação
Reforço da custódia Operação pela qual numerário não-monetizado é introduzido na custódia
Saneamento Processo de triagem do numerário, realizado com o intuito de depurá-lo de eventuais falsificações e do numerário não-utilizável
Saque
Operação de retirada da custódia, na qual numerário não-monetizado é transformado em monetizado, por intermédio de um débito na conta reservas bancárias contra a instituição bancária sacadora, realizado pelo SPB. São efetuados por instituições bancárias, exclusivamente
Trilheiro Volume contendo 30 centenas (3.000 cédulas)
Troca
Operação pela qual numerário não-monetizado da custódia é permutado por numerário monetizado do meio circulante. Essa operação altera a composição das denominações de cédulas e de moedas na custódia, não tendo repercussão sobre a conta reservas bancárias. As moedas metálicas entram em circulação exclusivamente pela operação de troca. A troca pode ser realizada tanto com instituições bancárias, quanto com o público.
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CARTA-CIRCULAR 3.214
Define procedimentos operacionais do Sistema do Meio Circulante - CIR, no âmbito do Sistema de Pagamentos Brasileiro.
Tendo em vista o disposto no art. 2º e no art. 6º da Circular 3.298, de 1º de novembro de 2005, e em conformidade com o previsto no art. 7º da Circular 3.109, de 10 de abril de 2002, esclarecemos que as operações de meio circulante realizadas por intermédio do Sistema do Meio Circulante - CIR devem observar os procedimentos definidos nesta carta-circular.
OPERAÇÕES COM O BANCO CENTRAL DO BRASIL
2. Os bancos comerciais, os bancos múltiplos com carteira comercial e as caixas econômicas podem registrar as solicitações de saque ou de depósito de numerário antecipadamente ou no próprio dia, ficando, nesta última hipótese, condicionado o atendimento à observância de rotinas definidas pelo Departamento do Meio Circulante - Mecir.
3. A inclusão da solicitação referida no item 2 só será aceita quando se verificar a existência de registro de previsão de saques e depósitos abrangendo, no mínimo, o período delimitado pelo dia útil seguinte a data de efetivação da operação solicitada e pelo último dia útil da semana subseqüente. 4. As operações de troca de numerário são dispensadas de registro de solicitação prévia, estando o atendimento condicionado a disponibilidade do Banco Central do Brasil. OPERAÇÕES COM A CUSTODIANTE 5. Os bancos comerciais, os bancos múltiplos com carteira comercial e as caixas econômicas devem registrar as solicitações de saque de numerário para atendimento pela Custodiante, observado que:
I - aquelas feitas com antecedência mínima de quarenta e oito horas têm o atendimento garantido pela Custodiante; e
Circular
II - aquelas registradas com prazo inferior a quarenta e oito horas dependem de
confirmação pela Custodiante. 6. As solicitações de depósito de numerário não se sujeitam ao estabelecimento de prazo para confirmação. 7. As operações de troca de numerário são dispensadas de registro de solicitação prévia, estando o atendimento condicionado a disponibilidade da Custodiante. 8. A Custodiante pode cancelar solicitações de saques já confirmadas em razão da ocorrência de caso fortuito ou força maior que impeça as operações. 9. Os bancos comerciais, os bancos múltiplos com carteira comercial e as caixas econômicas podem cancelar solicitações não efetivadas, observado o disposto no item 12. 10. A Custodiante pode estabelecer rotinas internas necessárias à execução dos serviços de atendimento à rede bancária, atinentes à custodia de numerário do Banco Central do Brasil. 11. O percentual máximo da remuneração, a que se refere o art. 2º da Circular 3.298, de 1º de novembro de 2005, a incidir sobre cada solicitação de saque confirmada e sobre cada solicitação de depósito efetivada na rede de dependências da Custodiante autorizadas a executarem o serviço de custódia, válido para todo o território nacional, será de 0,16% (dezesseis centésimos por cento). 12. A remuneração não será devida quando: I – a Custodiante cancelar a solicitação de saque já confirmada quando se der em virtude da ocorrência de caso fortuito ou força maior que impeça a operação; II – a instituição financeira cancelar a solicitação de saque ainda não confirmada pela Custodiante; e III – a instituição financeira cancelar a solicitação de depósito de numerário. DA MOVIMENTAÇÃO NA CONTA RESERVAS BANCÁRIAS 13. Na data prevista para a efetivação de saque de numerário, na abertura do Sistema de Transferência de Reservas - STR, será procedida a transferência para conta transitória titulada pela instituição financeira solicitante, mediante débito na sua conta Reservas Bancárias no Banco Central do Brasil: I – do valor correspondente à solicitação do saque; e
II – do valor da remuneração, quando se tratar de movimentação junto à Custodiante.
Circular
14. Os valores transferidos na forma do item 13 permanecerão na conta transitória até que o Banco Central do Brasil ou a Custodiante registre a efetivação da operação de saque. 15. A diferença entre o valor máximo da remuneração, transferido conforme citado no inciso II do item 13, e o valor efetivamente cobrado pela Custodiante, será creditada na conta Reservas Bancárias da Instituição Financeira quando ocorrer o registro da operação de saque. 16. Na hipótese de a instituição financeira não dispor, na abertura do STR, de suficiente provisão de fundos na conta Reservas Bancárias para fazer face ao lançamento referido no item 13, a solicitação ficará pendente de atendimento. 17. Em caso de cancelamento da solicitação de saque, será procedido o retorno para a conta Reservas Bancárias da instituição financeira do valor correspondente à solicitação de saque. 18. No caso previsto no item 17, não será procedido o retorno para a conta Reservas Bancárias da instituição financeira do valor da remuneração, quando esta for devida. 19. Os créditos correspondentes às operações de depósito de numerário serão efetuados na conta Reservas Bancárias da instituição financeira no momento de sua efetivação, quando ocorrerão, também, os débitos das remunerações correspondentes, no caso de os depósitos serem feitos na Custodiante. DA EFETIVAÇÃO DE SAQUE OU DE DEPÓSITO DE NUMERÁRIO 20. A efetivação da operação de saque ou de depósito de numerário depende da apresentação pela instituição financeira, ao Banco Central do Brasil ou à Custodiante, conforme o caso, do correspondente documento de autorização para movimentação de numerário, a saber:
I - Saque de Instituição Financeira – SIF; e II - Depósito de Instituição Financeira – DIF.
21. Os documentos referidos no item anterior devem ser firmados por quem, por força dos atos constitutivos, de decisão de assembléia ou do conselho de administração, da outorga de mandato ou de ato de autoridade competente, detenha poderes para representar a instituição financeira em juízo ou fora dele ou, ainda, por preposto devidamente credenciado. 22. Os bancos comerciais, os bancos múltiplos com carteira comercial e as caixas econômicas devem manter, junto ao Mecir e à Custodiante, cadastro atualizado, das assinaturas das pessoas credenciadas para os fins previstos no item 20.
Circular
23. O Banco Central do Brasil e a Custodiante podem, antes de efetivar a operação de saque, modificar a sua composição quantitativa, desde que mantido o valor financeiro original. 24. A unidade mínima para saque ou depósito de numerário na Custodiante é o maço de cédulas, constituído por cem unidades de uma mesma denominação. A unidade mínima para saque ou depósito de numerário no Banco Central do Brasil é o milheiro de cédulas, constituído por mil unidades de uma mesma denominação. Em ambos os casos, quantidades fracionárias não são admitidas. DA CONFERÊNCIA DO NUMERÁRIO 25. O numerário recebido das instituições financeiras titulares de conta Reservas Bancárias será, posteriormente, conferido pelo Banco Central do Brasil ou pela Custodiante. 26. As diferenças apuradas, a menor ou a maior, serão, ao longo do dia, comunicadas as instituições financeiras por meio de mensagem específica do Catálogo de Mensagens do Sistema de Pagamentos Brasileiro, assim como o saldo diário final das diferenças, que aglutinará as ocorrências apuradas nas operações realizadas com o Banco Central do Brasil e com a Custodiante. 27. No caso de o saldo diário final das diferenças ser contra a instituição financeira, será emitida mensagem de solicitação de regularização na data de apuração, aguardando-se a respectiva autorização de débito a ser lançado na conta Reservas Bancárias, no primeiro dia útil subseqüente. 28. No caso de o saldo diário final das diferenças ser a favor da instituição financeira, o crédito respectivo será lançado na conta Reservas Bancárias da instituição financeira favorecida, no primeiro dia útil subseqüente. 29. Na ausência de autorização de débito para regularização de diferença a menor, nos termos do item 27, haverá a compensação dos valores devidos na próxima operação de depósito efetivada pela instituição financeira junto ao Banco Central do Brasil ou à Custodiante. DAS CÉDULAS E MOEDAS NACIONAIS FALSAS 30. As cédulas e as moedas metálicas nacionais identificadas pelas instituições financeiras como falsas ou de legitimidade duvidosa devem ser registradas no CIR com utilização de mensagens específicas do Catálogo de Mensagens do Sistema de Pagamentos Brasileiro. 31. As cédulas e as moedas metálicas nacionais a que se refere o item 30 devem ser entregues ao Mecir, no Rio de Janeiro, ou às suas Gerências Técnicas localizadas nas praças de Belém - PA, Belo Horizonte - MG, Brasília - DF, Curitiba - PR, Fortaleza - CE,
Circular
Porto Alegre - RS, Recife - PE, Salvador - BA e São Paulo - SP acompanhadas do documento Recibo de Encaminhamento – RE. 32. As instituições financeiras podem acompanhar o trâmite de cada cédula e moeda remetida para análise, bem como tomar conhecimento do resultado do exame realizado e de eventuais créditos referentes a espécimes identificados como legítimos, mediante a utilização de mensagem específica do Catálogo de Mensagens do Sistema de Pagamentos Brasileiro. 33. Os documentos a que se referem os itens 20 e 31 observam os padrões constantes dos modelos anexos a esta carta-circular. 34. Esta Carta-Circular entra em vigor na data de sua divulgação. 35. Ficam revogadas as Cartas-Circulares n.º 3.003, de 16 de abril de 2002 e n.º 3.210, de 22 de setembro de 2005. Rio de Janeiro, 1º de novembro de 2005. Departamento do Meio Circulante
João Sidney de Figueiredo Filho Chefe, interino
Obs. Os anexos citados no item 33 desta Carta-Circular encontram-se disponíveis no endereço eletrônico http://www.bcb.gov.br, no link "Legislação, Normas e Manuais / Normativos".
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COMUNICADO 13.828
Divulga o Regulamento do Conselho Técnico de Custódia de Numerário.
Tendo em vista o disposto nos arts. 3º e 4º da Circular 3.298, de 1º de novembro de 2005, o Departamento do Meio Circulante do Banco Central do Brasil torna público o Regulamento do Conselho Técnico de Custódia de Numerário. Rio de Janeiro, 1º de novembro de 2005. Departamento do Meio Circulante
João Sidney de Figueiredo Filho
Chefe, interino
Circular
Regulamento do Conselho Técnico de Custódia de Numerário
Seção I Das Atribuições
Art. 1º O Conselho Técnico de Custódia de Numerário, instituído pela Circular
nº 3.298, de 1º de novembro de 2005, doravante denominado CTCN, tem caráter consultivo, cabendo-lhe:
I – realizar estudos sobre matérias pertinentes à Custódia de Numerário do
Banco Central do Brasil; II – propor soluções relacionadas com a execução das políticas do meio
circulante; III – avaliar os demonstrativos de custos incorridos na operação de custódia; IV – propor a inclusão e a exclusão de dependências custodiantes; e V – opinar sobre casos omissos e propor alterações que se façam necessárias
no Regulamento da Custódia de Numerário do Banco Central do Brasil e no presente Regulamento.
Seção II Dos Participantes
Art. 2º O CTCN será composto por: I – três servidores do Banco Central do Brasil designados pelo Diretor de
Administração, sendo que dois indicados deverão ser servidores lotados no Departamento do Meio Circulante (Mecir), entre eles o Chefe do Departamento;
II – dois representantes de cada instituição Custodiante autorizada pelo Banco
Central do Brasil; III – dois representantes das instituições financeiras não-custodiantes, usuárias
da Custódia de Numerário do Banco Central, indicados pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban); e
IV – um representante indicado pela Confederação das Associações
Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB). Art. 3º Em caso de impedimento, cada participante do CTCN terá um suplente
para substituí-lo, respeitando sempre sua composição original. Art. 4º Aos participantes do CTCN compete:
Circular
I – estudar as matérias que lhes forem distribuídas, elaborando relatórios,
podendo se valer do concurso de colaboradores e sendo-lhes facultada sustentação oral de suas opiniões;
II – encaminhar, ao Coordenador do CTCN, com uma antecedência de 15 dias
da data prevista para a reunião, assuntos a serem incluídos na pauta; III – opinar sobre os assuntos discutidos em reuniões; e IV – propor a convocação de reuniões extraordinárias. Art. 5º A cessação da condição de Custodiante implica a imediata exclusão da
instituição e de seu representante do CTCN.
Seção III Da Coordenação
Art. 6º A coordenação do CTCN será exercida pelo Chefe do Mecir.
Parágrafo único. Cabe ao Mecir prover os serviços de secretaria ao CTCN. Art. 7º Cabe ao coordenador: I – convocar e dirigir as reuniões e coordenar seus trabalhos; II – indicar o secretário de cada reunião, a quem competirá elaborar a ata das
reuniões do CTCN; III – elaborar a pauta de reunião e divulgá-la aos participantes do CTCN com
antecedência de 7 (sete) dias corridos da data prevista para a reunião; IV – manter o registro dos assuntos tratados e encaminhados à apreciação do
CTCN e das atas das reuniões; V – cumprir e fazer cumprir as disposições deste regulamento; e VI – decidir sobre os casos não previstos neste regulamento. Parágrafo único. O coordenador do CTCN poderá, a seu critério, permitir a
participação de convidados nas reuniões, para apresentação de estudos pertinentes à custódia de numerário.
Circular
Seção IV Das Reuniões
Art. 8º O CTCN se reunirá a cada semestre civil em sessão ordinária. Art. 9º O coordenador poderá convocar reunião extraordinária do CTCN,
divulgando sua pauta com antecedência mínima de 3 (três) dias. Art. 10. As reuniões do CTCN serão realizadas em data, horário e local
definidos pelo coordenador, sendo que a convocação dar-se-á por meio de correspondência.
Seção V
Da disposição final Art. 11. Não será remunerado o exercício da função de representante junto ao
CTCN.