a inovaÇÃo nanotecnolÓgica e suas … · especialmente concernentes aos riscos altamente nocivos...
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III Semana de Ciência Política
Universidade Federal de São Carlos
27 a 29 de abril de 2015
A INOVAÇÃO NANOTECNOLÓGICA E SUAS
CONSEQUÊNCIAS NAS CIÊNCIAS DE IMPACTO: A
NECESSÁRIA INOVAÇÃO E ADAPTAÇÃO DO DIREITO
PARA DAR RESPOSTAS JURÍDICAS ADEQUADAS
Wilson Engelmann1
Raquel von Hohendorff2
Paulo Junior Trindade dos Santos3
RESUMO: Brasil é considerado hoje como um país com potencial no mapa mundial das
nanotecnologias, mas a política brasileira para esta tecnologia possui grandes desafios,
entre eles a gestão dos riscos e o desenvolvimento de marco regulatório. É imprescindível
a adoção de alternativas para a gestão dos riscos em consonância com uma abordagem
responsável da inovação. Aqui ingressa o Direito, ciência de impacto que procura
entender os impactos gerados pelas linhas de produção, ampliando a compreensão das
forças dos processos produtivos e suas externalidades sobre o meio ambiente e a saúde
humana. A movimentação do pluralismo de fontes jurídicas passa a ser uma das
alternativas frente à necessidade de inovação do Direito, eis que a lei é incapaz de prever
todos os casos concretos, além da morosidade do seu processo de criação. Assim, o
diálogo entre as fontes do Direito, a ser realizado por meio das possibilidades geradas
pela ferramenta da árvore de decisão, surge como uma alternativa para a inovação do
Direito frente à inovação nanotecnológica nas ciências da produção. Somente assim o
Direito poderá desenvolver respostas adequadas às demandas surgidas em função da nova
realidade gerada pelo uso e impactos das nanotecnologias, conjugando o respeito ao ser
humano e ao meio ambiente com a inovação.
1Universidade do Vale do Rio dos Sinos, [email protected], Doutor em Direito. 2Universidade do Vale do Rio dos Sinos, [email protected], Doutoranda em Direito. 3Universidade do Vale do Rio dos Sinos, [email protected], Doutorando em Direito.
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PALAVRAS-CHAVE: Nanotecnologias; Gestão; Risco; Direito.
1. INTRODUÇÃO:
As tecnologias em ultra-pequena escala com toda uma imensa gama de
benefícios já estão no mercado, sendo amplamente consumidas. Os mais diferentes
setores econômicos utilizam nanotecnologias (variadas produções tecnológicas na escala
nanométrica, representando uma alternativa de manipular átomos e moléculas na
bilionésima parte do metro). Como exemplo podem ser citados protetores solares,
calçados, telefones celulares, tecidos, cosméticos, automóveis, medicamentos produtos
para agricultura, medicamentos veterinários, produtos para tratamento de água, materiais
para a construção civil, plásticos e polímeros, produtos para uso nas indústrias
aeroespacial, naval e automotora, siderurgia, entre outros. Este rol não está fechado, uma
vez que as nanotecnologias estão em processo de desenvolvimento. Assim, deixam de
ser apenas promessas futurísticas e incorporam-se na rotina diária da sociedade deste
início do século XXI, exigindo, portanto, a atenção por parte do Direito.
Assim, a proposta deste artigo é trabalhar com as diferentes fontes do Direito,
nacionais e internacionais, de origem no Estado e em outros atores, na elaboração de uma
árvore de decisão(com origem na área da administração), para que o Direito consiga tratar
adequadamente as demandas provenientes desta nova revolução tecnocientífica, não
permanecendo estagnado à espera de um marco regulatório tradicional, fortemente
vinculado e embasado na lei, com conceitos fixos e inadequados à velocidade de
transformação e ampliação dos conhecimentos nas áreas das ciências duras,
especialmente em relação às nanotecnologias.
Quanto à metodologia, será utilizado o método fenomenológico hermenêutico,
através do qual não se fará uma análise externa, como se o sujeito e o objeto estivessem
cindidos, mas sim o pesquisador estará diretamente implicado, pois relacionado, com o
objeto de estudo, o qual interage com ele e sofre as consequências dos seus resultados,
suas descobertas e potencialidades. Os métodos de procedimento que sustentam a
construção do artigo são o histórico, funcionalista e estrutural. Já as técnicas de pesquisa
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empregadas são especialmente a pesquisa bibliográfica, além da documentação direta de
textos jurídicos e textos (papers e artigos) produzidos por outras áreas do conhecimento,
incluindo as publicações constantes em blogs e sites de grupos de pesquisa, redes de
pesquisa, de IES e outros organismos brasileiros e estrangeiros vinculados ao tema da
escala nano e dos riscos advindos destas tecnologias.
A ideia do uso do diálogo entre as fontes do Direito, que trabalha com o pluralismo
jurídico, retirando a lei de seu pedestal de fonte suprema do Direito, intocável, surge como
uma alternativa para que o Direito possa desenvolver respostas adequadas às demandas
surgidas em função da nova realidade gerada pelo uso e impactos das nanotecnologias,
unindo o respeito ao ser humano e ao meio ambiente com a inovação e ampliação do
conhecimento nas áreas das ciências duras.
2. APRESENTANDO AS NANOTECNOLOGIAS: SUAS
POSSIBILIDADES E SEUS RISCOS
As nanotecnologias são um conjunto de ações de pesquisa, desenvolvimento e
inovação, obtida graças às especiais propriedades da matéria organizada a partir de
estruturas de dimensões nanométricas. A expressão nanotecnologia deriva do prefixo
grego nános, que significa anão, techne que equivale a ofício, e logos que expressa
conhecimento. Atualmente, a tecnologia em escala nano traz consigo muitas incertezas,
especialmente concernentes aos riscos altamente nocivos à saúde e ao meio ambiente.
Assim, considerando as (in)certezas que margeiam este novo conhecimento, é
necessária uma configuração textual sobre as nanotecnologias, um dos tipos de inovação
tecnológica da pós-modernidade, destacando sua origem, o que realmente são, seus usos
na atualidade, os setores produtivos envolvidos, os investimentos mundiais e a
insegurança de não existir certeza quanto ao comportamento das partículas nesta nova
escala.
Ao mencionar a palavra nanotecnologias deve-se pensar em um conjunto de
técnicas multidisciplinares que permitem o domínio de partículas com dimensões
extremamente pequenas que exibem propriedades mecânicas, óticas, magnéticas e
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químicas completamente novas (Dupas, 2009, 57). O termo “Nanotecnologia” é
enganoso, uma vez que não é uma tecnologia única, mas um agrupamento
multidisciplinar de física, química, engenharia biológica, materiais, aplicações, e
conceitos nos quais o tamanho é a definição característica. Nano é uma medida, não um
objeto, ou seja, engloba “a habilidade de trabalhar a nível molecular, átomo por átomo,
criando estruturas com organizações moleculares diferentes e explorando as novas
propriedades exibidas em tal escala”, cujas partículas correspondem à ordem de 1-100
nanômetros (o que equivale a 0,000000001 metros), os quais não podem ser vistos a olho
nu.
O termo “nanotecnologia” tem despertado controvérsias acerca das medidas que
devem ser consideradas para a categorização de um produto ou processo que esteja sendo
trabalhado na nano escala. Portanto, deve-se partir de uma padronização e assim, adota-
se aqui a definição desenvolvida pela ISO TC 229 onde se verificam duas características
fundamentais: a) produtos ou processos que estejam tipicamente, mas não
exclusivamente, abaixo de 100nm (cem nanômetros); b) nesta escala, as propriedades
físico-químicas devem ser diferentes dos produtos ou processos que estejam em escalas
maiores.
As nanotecnologias são hoje um dos principais focos das atividades de pesquisa,
desenvolvimento e inovação em todos os países industrializados. Os nanomateriais são
utilizados nas mais diversas áreas de atuação humana, podendo-se destacar as seguintes
áreas: cerâmica e revestimentos, plásticos, agropecuária, cosméticos, siderurgia, cimento
e concreto, microeletrônica, e, na área da saúde, possuem aplicação tanto na odontologia
quanto na farmácia (especialmente em relação à distribuição de medicamentos dentro do
organismo), bem como em inúmeros aparelhos que auxiliam o diagnóstico médico
(ABDI, 2011,11). Estima-se que de 2010 a 2015, o mercado mundial para materiais,
produtos e processos industriais baseados em nanotecnologia será de US$ 1 trilhão
(Martins, 2007, 56).
Alguns objetos usados comumente, pelas pessoas, em seu dia-a-dia também
contêm compostos em escala nanométrica. Entre eles, os band-aids que possuem uma
nanocamada de prata que ajuda a aumentar área de contato com pele e que tem ação
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bactericida; a maioria dos cremes dentais que contém um nanocomposto de
hidroxiapatita, uma camada de fosfato de cálcio cristalino que preenche as pequenas
cavidades dos dentes, ajudando na prevenção de rachaduras; as bolas de tênis, que
possuem seu núcleo revestido por uma nanoargila, que as faz mais eficientes em manter
o ar preso em seu interior; os cosméticos com filtro solar, cujo principal ingrediente é
óxido de alumínio, que tem como desvantagem o desgaste à medida que entra em contato
com o suor da pele, assim, é adicionada uma nanoemulsão, tornando o creme hidrofóbico,
fazendo com que dure mais tempo sua ação; os preservativos masculinos, que contém
espuma de nanopartículas de prata, também bactericida; os para-choques automotivos
fabricados pela General Motors e pela Toyota utilizam um nanocomposto plástico que os
torna mais resistentes e ainda mais leves; os secadores de cabelo, que possuem em sua
composição um nanomaterial de óxido de titânio e partículas de prata que os deixa muito
mais higiênicos (um revestimento de partículas de prata que age como um bactericida no
interior do secador); bebedouros que tem nanocomposto de sulfato de titânio aplicado no
reservatório de água, agindo como um exterminador de micróbios, permitindo que a água
já filtrada não volte a se contaminar enquanto estiver parada dentro do bebedouro
(Machado, 2015)
As empresas dos setores farmacêuticos e cosméticos têm adotado diferentes
estratégias para melhorar a eficácia terapêutica, biodisponibilidade, solubilidade e
redução de doses de vários medicamentos por meio da manipulação física dos fármacos.
Para 2015, prospecta-se que os produtos terapêuticos de base nanotecnológica serão
responsáveis por vendas que alcançarão US$ 3,4 bilhões, incluindo sistemas de entrega
de fármacos e liberação controlada (delivery systems), bem como, nanorrevestimentos
biocompatíveis para implantes médicos e odontológicos. Com o desenvolvimento de
novos materiais biocompatíveis, a nanobiotecnologia pode ser considerada como uma
disciplina revolucionária em termos de seu enorme potencial na solução de muitos
problemas relacionados à saúde (ABDI, 20010, 219).
Embora neste momento, os benefícios da nanotecnologia dominam o nosso
pensamento, o potencial desta tecnologia para resultados indesejáveis na saúde humana e
no meio ambiente não deve ser menosprezado. Como as nanopartículas são muito
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pequenas, medindo menos de um centésimo de bilionésimo de metro, são regidos por leis
físicas muito diferentes daquelas com as quais a ciência está acostumada. Existem
probabilidades de que as nanopartículas apresentem grau de toxicidade maior do que as
partículas em tamanhos normais, podendo assim ocasionar riscos à saúde e segurança de
pesquisadores, trabalhadores e consumidores.
Vale dizer, há mais perguntas do que respostas. Os impactos nocivos e riscos
potenciais à saúde humana e animal, ao meio ambiente e até em relação ao
comportamento humano são ainda pouco conhecidos (ABDI, 2010, 40) Para a avaliação
desses aspectos, deverão ser aperfeiçoados e desenvolvidos testes que busquem
identificar: “(i) suas propriedades físico-químicas; (ii) seu potencial de degradação e de
acumulação no meio ambiente; (iii) sua toxicidade ambiental: e (iv) sua toxicidade com
relação aos mamíferos”. (ABDI, 2010, 41).
O número de trabalhos científicos em nanociência tem crescido quase que
exponencialmente, triplicando durante a última década, o que confirma que a nanociência,
como campo de conhecimento, está se desenvolvendo muito mais rápido do que o
conhecimento científico nas outras áreas (ABDI, 2010, 25). Como área científica
emergente, os nanomateriais têm várias características inerentes (incerteza, falta de
conhecimento e efeitos adversos potencialmente irreversíveis à saúde em longo prazo)
que são susceptíveis de gerar preocupação, desconfiança ou medo (EU-OSHA, 2012).
Frente aos riscos, há que se andar precaucionalmente, de modo que, Eric Drexler, ainda
em 1986, em seu livro “Engines of Creation”, menciona a necessidade de limitar à criação
nanotecnológica, sob pena de se sofrer as conseqüências. Deste modo, Drexler,
sabiamente, explica que “as leis da natureza e as condições do mundo irão limitar o que
nós fazemos. Sem limites, o futuro será totalmente desconhecido, algo disforme fazendo
uma zombaria de nossos esforços em pensar e planejar. Com limites, o futuro ainda é uma
turbulenta incerteza, mas ele é forçado a voar dentro de certos limites” (Drexler,
1986,147).
Existe uma necessidade premente de se avaliar os riscos que existem atrelados à
manipulação, ao desenvolvimento e à aplicação de novas nanotecnologias. Entre as
diversas dúvidas existentes, salientam-se: Qual a toxicidade destes materiais, que pode
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ser muito diferente da toxicidade dos mesmos materiais em escala maior? Quais são os
métodos apropriados para testes de toxicidade? Quais os impactos para a saúde daqueles
que eventualmente manipularão uma nano partícula? E para aqueles que receberão
medicamentos que são elaborados com nanopartículas? Qual a extensão da translocação
destas partículas no organismo? Qual o efeito dos produtos e seus dejetos em contato com
o meio ambiente? Como fazer, de modo seguro, o manuseio, transporte, armazenamento
e descarte dos nanomateriais?
O conhecimento das características das substâncias em tamanho maior não
fornece informações compreensíveis sobre suas propriedades no nível nano, uma vez que
as mesmas propriedades que alteram as características físicas e químicas das
nanopartículas podem também provocar consequências não pretendidas e desconhecidas
quando em contato com o organismo humano. A ausência de estudos sobre a interação da
aplicação das nanotecnologias com o meio ambiente (ar, água e solo) expõe a
possibilidade de ocorrência de riscos ambientais e também riscos em relação aos seres
humanos.
Em estudo realizado com peixes Cyprinus carpio (Cyprinidae), no âmbito do
projeto de pesquisa intitulado “Nanotoxicologia ocupacional e ambiental: subsídios
científicos para estabelecer marcos regulatórios e avaliação de riscos” (MCTI/CNPq
processo 552131/2011-3), que faz parte do projeto “A rede de nanotoxicologia brasileira”
(o que demonstra que há uma preocupação, ainda que incipiente, com a constatação de
riscos), há a comprovação de evidências de que os nanotubos de carbono são
potencialmente perigosos em ambientes aquáticos, e que o mecanismo de toxicidade é
complexo e insuficientemente compreendido até o momento (Britto et al, 2012, 86).
Outro estudo relacionado ao mencionado projeto mostra possíveis efeitos tóxicos no
cérebro (neurotoxicidade) dos peixes Zebrafish (Danio rerio) expostos aos nanotubos de
carbono (Ogliari Dal Forno, 2013, 15).
O foco de atenção não são apenas as descobertas na escala nano, mas também as
repercussões que essas pesquisas gerarão na natureza e os modos como elas atingirão a
vida humana no ecossistema. Como se pode verificar, o problema não são as descobertas
em si, mas os seus reflexos na vida das pessoas e na estrutura do planeta. Pesquisas já
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demonstraram que camundongos que receberam nanotubos de carbono desenvolveram
lesões biológicas semelhantes àquelas provocadas por inalação de amianto.
Mais de duas décadas atrás, estudos toxicológicos indicaram que seria prudente
examinar e abordar as preocupações ambientais e de saúde humana antes da adoção
generalizada da nanotecnologia. Com a exceção de algumas aplicações médicas da
nanotecnologia, os governos, as empresas e até mesmo as universidades ignoraram este
conselho. Como resultado, os governos permitiram que centenas, talvez mais de mil,
produtos de consumo com materiais nanoengenheirados incorporados, fossem
comercializados sem qualquer avaliação de segurança pré-mercado (Supan, 2013).
Em recente estudo foram analisadas 17 propostas de gestão de riscos com
nanomateriais, que não convergem para uma abordagem e consenso, mas de maneira
geral, todas fazem referência ao processo de identificação dos riscos, de avaliação da
exposição, da definição dos riscos, passando à eliminação, substituição ou controle destes
riscos através de medidas técnicas ou organizacionais (Andrade, Amaral, Waismann,
2013, 34).
Tal como acontece com as demais tecnologias emergentes, as nanotecnologias
apresentam riscos excepcionalmente difíceis, com muitas variáveis desconhecidas. Estes
desafios são complicados pelo fato de que há poucas previsões relacionadas ao risco que
tenham sido cientificamente confirmadas. Outras complicações derivam da natureza
física e química exclusivamente complexa de nanomateriais. Uma nova ciência dos
materiais está emergindo e informações de risco confiável são criticamente necessárias.
É imperativo que os fabricantes, os governos, os cientistas, a comunidade jurídica, e da
indústria de seguros trabalham em conjunto na tomada de uma abordagem pró-ativa na
identificação e quantificação dos riscos da nanotecnologia. A resposta do público e a
situação legal são fundamentais para a saúde do setor, os quais irão depender da
disponibilidade e precisão de informações relacionadas com o risco (Blaunstein, Linkov,
2010, 145).
Os produtos gerados pela tecnociência são projetados em uma velocidade estonteante e
utilizados em escalas sem precedentes, antes, muitas vezes, que seja possível vislumbrar
seus possíveis impactos sobre os sistemas globais e, sobre a própria humanidade.
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Uma abordagem que contemple toxicologia, ciências dos materiais, medicina, biologia e
bioinformática, entre outras disciplinas, torna-se obrigatória para que a pesquisa em
nanotoxicologia possa culminar em uma avaliação de risco adequada. Quanto mais cedo
for possível desenvolver as avaliações tecnológicas robustas sobre os produtos
nanoagroquímicos, com a participação de engenheiros, biológicos, cientistas do solo,
agricultores e cidadãos preocupados, mais cedo, se entenderá o que a nanotecnologia pode
fazer bem e com segurança.Materiais em nanoescala podem ser biologicamente mais
ativos do que os materiais em tamanho macro, e possuem capacidade única de interagir
com proteínas e outros elementos funcionais biológicos essenciais. Assim, a pesquisa
básica é necessária em questões como a interação com as estruturas subcelulares e
dose/concentração, e esta pesquisa deve ter uma abordagem interdisciplinar, fazendo uso
de especialistas em toxicologia, ciência dos materiais, medicina, biologia molecular e
bioinformática.
Como há um crescente interesse na produção de nanomateriais, deve-se considerar o
potencial destes materiais como contaminantes ambientais. Faz-se necessário que haja
anteriormente muitos testes, a fim de assegurar a qualidade dos produtos a serem
consumidos. Se existe a incerteza sobre as consequências da técnica, por que se precisa
ir tão rápido? (Lapa, 2012, 217).
O sucesso da nanotecnologia é particularmente baseado em sua versatilidade.
Ela vai trazer mudanças fundamentais da investigação básica, bem como de muitos
setores da indústria e também da vida diária, desde a eletrônica até o sistema de cuidados
de saúde. No entanto, muitos consumidores sentem falta de informações confiáveis e
compreensíveis sobre nanomateriais e nanotecnologia, por exemplo, em questões básicas,
como "O que são exatamente as nanopartículas?", "O que se quer dizer com a exposição?"
ou "Quando é que toxicologistas falam de um risco?" (Krug, 2014).
Desenvolver métodos de pesquisa e testes alternativos aos riscos dos
nanomateriais para o meio ambiente e a saúde é complicado. No entanto, pela infinidade
de aplicações da nanotecnologia, as propriedades expressas, vias de exposição, e os meios
de eliminação, é necessária a avaliação de materiais específicos e seus padrões de uso de
risco caso a caso (Porter et. al., 2012, 385). Não restam dúvidas de que as novas e
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diferentes propriedades físicas, químicas e biológicas dos nanomateriais tornam
necessária uma avaliação mais específica, aplicada ao caso concreto.
A gestão da nanotecnologia brasileira apresenta fragilidades em função da expansão que
a área sofreu na última década e do aumento de atores multi-setoriais envolvidos. A
estrutura de gestão atual tem comprometido a definição de novas políticas e iniciativas
para a área, dificultando a otimização de esforços e recursos (Brasil, 2012, 78).
O Brasil iniciou muito cedo ações para promover o desenvolvimento das nanotecnologias,
quase ao mesmo tempo em que muitos países desenvolvidos. O Ministério da Ciência e
Tecnologia conseguiu articular uma política nacional para o setor e investiu consideráveis
recursos, o que teve rápidos resultados em termos de organizar um conjunto importante
de investigadores, melhorar rapidamente a infraestrutura dos laboratórios e dinamizar a
produção científica na área. Mas esta política foi articulando-se mais estreitamente com
a política industrial, de modo coerente com seus objetivos de promover a competitividade
nacional e envolvendo um grupo crescente de instituições do governo. Como resultado
o país localizou-se em uma posição de liderança na região, e frequentemente é
mencionado como um país com potencial no mapa global da nanotecnologia. Não
obstante estes avanços, que podem ler-se como uma história exitosa, a política de
nanotecnologia brasileira enfrenta dois tipos de desafios: o primeiro em relação a
realização de seus próprios objetivos, e em segundo, em relação a incorporação de
aspectos que não foram considerados, ou que foram apenas marginalmente (Invernizzi,
Körbes, Fuck, 2012, 77).
Os avanços tecnológicos existentes na sociedade contemporânea detêm um reflexo
paradoxal; ao mesmo tempo em que acrescem qualidade de vida às pessoas, estes são
capazes de gerar riscos de potenciais altamente nocivos à saúde e ao meio ambiente.
Para que as instâncias de comunicação (Direito, Economia e Política) possam reagir
aos ruídos produzidos por uma nova forma social pós-industrial (produtora de riscos
e indeterminações científicas), estas devem construir condições estruturais para
tomadas de decisão em contexto de risco. Esse panorama é absolutamente novo para
o Direito e os juristas, que não foram educados para esse percurso.
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3. E AGORA ÁREA JURÍDICA, COMO TRABALHAR COM OS DESAFIOS
TRAZIDOS PELAS NANOTECNOLOGIAS?
O atual desafio imposto pela realidade das nanotecnologias aos juristas exige respostas
quanto ao estabelecimento de limites e para solução de conflitos que venham a surgir. O
Direito precisa desta evolução, para que não fique, novamente, atrasado em relação às
transformações que ocorrem no mundo e nas demais áreas do conhecimento e para que
não se permita que a regulação das nanotecnologias seja feita por áreas que não o Direito.
O Direito, como ciência social e de impacto, precisa buscar ocupar um novo
espaço em relação às demais ciências, especialmente no tocante às nanotecnologias. Os
mais diferentes ramos do conhecimento estão debatendo a questão dos riscos ambientais
e à saúde humana das nanotecnologias e como será possível regular isso. E, enquanto
todas as demais áreas discutem esta questão, o Direito segue em sua tranquilidade,
escondendo-se atrás da invisibilidade dos riscos, alegando que se o fato ainda não ocorreu,
não há o que fazer. E mais, não apenas a questão regulatória exige uma postura mais
proativa do Direito. As implicações sociais, ambientais, de saúde e segurança (seja no
meio ambiente do trabalho, seja em termos de direito internacional) das nanotecnologias
precisam ser observadas mais de perto e com mais cuidado pelos estudiosos do Direito e
de outras áreas das ciências sociais, sob pena de continuarmos a ver publicações e
imagens como a Figura 1 (Klaine et al, 2012, 3).
FIGURA 1 - Mapa das ciências envolvidas com a pesquisa de aspectos ambientais, de
saúde e de segurança relacionados à nanotecnologia
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Esta figura representa as áreas científicas envolvidas com os aspetos de saúde,
segurança e ambiente da Nano pesquisa. As disciplinas estão posicionadas no mapa perto
de outras com características correlatas ou afins, e o tamanho das esferas é proporcional
à percentagem de publicações da área científica. Na figura, observam-se grandes
concentrações de categoria de assunto em Ciências Biomédicas, Química, Ciência dos
Materiais e Ciências Ambientais. Incrivelmente não aparece nenhuma ciência social, nem
o Direito. Será que as ciências sociais nada têm a pesquisar sobre isso? Não podem
contribuir de nenhuma forma? Estas questões realtivas à saúde, meio ambiente e
segurança não atingem as demais áreas do conhecimento? Como fica a
transdiciplinaridade necessária no trato com as novas tecnologias, entre elas as
nanotecnologias? Os impactos na saúde, segurança e meio ambiente não terão
implicações sociais?
A Figura 2 (PUC-Rio, 2013) em formato de mandala, remete aos diferentes
campos de aplicação das nanotecnologias e às ciências envolvidas, e, mais uma vez, nada
das ciências sociais.
FIGURA 2 – Mandala de aplicações das nanotecnologias e das ciências
envolvidas nestes processos
Necessário ainda trazer mais provocações. Há várias maneiras de se classificar as
ciências. Ciências da natureza, da sociedade, humanas, exatas, duras e brandas, etc. E,
uma das diferenciações cabíveis, é a realizada em função da capacidade da ciência
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moderna em produzir capital e entender os impactos causados pelas externalidades
correlatas à produção de capital (Pereira, 2013, 240). Assim, Allan Schnaiberg oferece
uma distinção útil entre a ciência da produção e ciência de impacto e, como um ex-
engenheiro químico na indústria aeroespacial canadense, ele estava bem posicionado para
avaliar o papel das agendas institucionais na formação de investigação científica (Gould,
2012).
A Ciência de Produção é a que leva a um aumento na produção, distribuição e
consumo de bens e serviços (inclusive militares). Independentemente dos níveis em que
é aplicada, a ciência da produção visa gerar resultados, que podem vir na forma de novos
bens de consumo, novos sistemas de armas, novos processos de produção, ou novos
materiais. Verifica-se uma perfeita sintonia com esta categorização das Ciências de
Produção com a Revolução Nanotecnocientífica. Vale dizer, a Ciência moderna, diferente
da noção clássica de Ciência, não se contenta em observar e descrever a natureza, mas
precisa interagir, produzindo alguma coisa, ou seja, o conhecimento tecnocientífico
deverá gerar um produto de inovação. Já a Ciência do Impacto procura entender os
impactos gerados pelas linhas de produção, estando ligada as inter-relações que se
estabelecem entre o sistema natural e o social, ampliando a nossa compreensão dos
impactos dos processos produtivos e suas externalidades sobre o meio ambiente e a saúde
humana (Gould, 2012).
Através da comparação pode-se entender porque a ciência da produção é a que
atrai maiores atenções e investimentos pelos agentes responsáveis pela produção da
ciência nas sociedades atuais. Enquanto o investimento em ciência da produção
possibilita grandes ganhos financeiros, a ciência de impacto, oferece potencial para gerar
obstáculos sociais para a inovação na produção. Praticamente não existe nenhum
incentivo além da possibilidade de evitar importantes questões de cunho legal
(responsabilidades), para que as empresas financiem estudos que poderão denunciar os
impactos que geram. Mais ainda, quando realizam estudos sobre os impactos da ciência
da produção, as empresas têm grande tendência a concluir pela ausência de impactos
negativos ao meio ambiente e à saúde pública. Isto ocorre pelo quase completo silêncio
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das Ciências de Impacto, aí se incluindo o Direito. Nele pouco se está produzindo sobre
as nanotecnologias.
Nesta classificação o Direito é uma ciência de impacto e desta forma, carente de
atenções e investimentos, assim como outras ciências sociais. De certa maneira, explica-
se o que a figura 2 demonstrou a ausência total destas áreas do conhecimento na evolução
das pesquisas em relação ao meio ambiente, à saúde e à segurança. Mas, não tranquiliza,
pior, gera mais inquietação ainda sobre os rumos da discussão e da gestão dos riscos
provenientes das nanotecnologias.
O Gráfico 1 (Behar, Fugere, Passoff, 2013) demonstra os gastos nos últimos três
anos, estimados pela Iniciativa Nacional em Nanotecnologia norte-americana, em
desenvolvimento de produtos nano e em testes de segurança:
GRÁFICO 1 – Os gastos com desenvolvimento de produtos Nano versus Teste
de segurança
Da imagem percebe-se que os financiamentos em 2011 foram de 1,847 bilhões de
dólares com o desenvolvimento de produtos, contra 88 milhões de dólares para testes de
segurança (saúde e segurança ambiental); já em 2012, foram gastos 1,690 bilhões de
dólares com o desenvolvimento de produtos, contra 102,7 milhões de dólares para a
realização de testes de segurança e, para o ano de 2013, foram propostos os seguintes
valores: 1,760 bilhões de dólares para o desenvolvimento de produtos e 105,4 milhões de
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dólares para testes de segurança.A discrepância entre o financiamento para os estudos
envolvendo engenharia de nanomateriais e testes de segurança deve preocupar os
consumidores e ser de interesse máximo para a indústria de alimentos onde a exposição
humana é óbvia. Percebe-se, na realidade atual, que a disposição dos recursos entre as
ciências de impacto (aspectos negativos) e de produção (aspectos positivos e
possibilidades) continua extremamente discrepante, priorizando as ciências de produção,
apesar dos objetivos da Iniciativa Nacional em Nanotecnologia norte-americana serem
acelerar a descoberta, o desenvolvimento e a implantação de Nanociência e Tecnologia
para servir bem ao público, através de um programa de pesquisa coordenado e
desenvolvido alinhado com as missões das agências participantes (National Science and
technology Council Committee on Techology, 2013).
Gould aprofunda a discussão, mencionando que opinião pública é facilmente
manipulada em razão da legitimação social da ciência de produção, e como esta ciência
se mostra exitosa (entrega mercadorias para as pessoas) enquanto que a ciência de
impacto, ao revelar os problemas da ciência e apontar apenas um mundo possivelmente
com menos impactos negativos, não oferece o melhor do que há no mundo, ocorre o que
o autor denomina de legitimação da ciência de produção (Gould, 2012) pela sociedade.
Essa legitimação da ciência da produção pela sociedade fundamenta-se na premissa:
ainda que se desconfie da ciência, se é para duvidar, que seja daquela que não satisfaça.
Além disso, para o citado autor, ainda há mais problemas, pois o efeito mais
perverso da legitimidade social da ciência de produção talvez seja o de afastar, através da
apatia, o público das decisões políticas sobre ciência, inclusive das relacionadas aos
investimentos em ciência e tecnologia, mesmo em sociedades altamente democráticas
(Gould, 2012)
Ao final, o que acaba ocorrendo é que governos, corporações e universidades têm
interesses na ciência da produção e, eventualmente os governos podem ter interesse na
ciência de impacto quando o público pressionar por isto. Assim, o papel do público é
extremamente importante, mas isto exige engajamento o que não é muito fácil, ainda mais
em tempos de legitimidade social da ciência da produção (Gould, 2012).
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O Direito como ciência, precisa abrir espaços para discussões em torno de novas
formas de sociabilidade, por meio da criação de instrumentos jurídicos que busquem
medidas de gerenciamento preventivo do risco, baseado nos princípios da prevenção, da
precaução, da responsabilização e da informação.
Os juristas devem se esforçar para atuar nas questões complexas que envolvam o
meio ambiente e as nanotecnologias, objetivando dar vazão à ecologização do Direito e
não a juridicização da ecologia para o alinhamento com os riscos trazidos pelas
nanotecnologias.
Continua-se a gerar impactos sobre o meio ambiente e sobre a saúde humana sem
estudar profundamente seus mecanismos de ação e principalmente como mitigar estes
efeitos e a nossa capacidade social para compreender e monitorar as mudanças ambientais
depende em grande parte da quantidade e da qualidade do conhecimento científico.
Assim, se, inicialmente, na proteção da natureza, o legislador se preocupava
exclusivamente com tal espécie ou tal espaço, hoje cuida da proteção de objetos
infinitamente mais abstratos e mais englobantes, como o clima ou a biodiversidade (Ost,
1995, 212).
Desta forma, ao Direito, cabe manter-se aberto e disposto a responder às questões
relativas a este novo contexto de incertezas, atualizando-se e especialmente aprendendo
a lidar com as novas demandas e riscos que a ciência tem desenvolvido. Esta atuação
nova do Direito precisa, ainda, envolver a sociedade como um todo na gestão dos riscos
das nanotecnologias.
Neste momento onde há muito mais incertezas do que conhecimentos, ainda
faltam estudos mais profundos, a serem desenvolvidos em longo prazo e com abordagem
transdisciplinar, necessários ao entendimento das novas tecnologias. Como menciona
Gadamer, o decisivo é a colocação da questão.
Assim, apesar das incertezas sobre as consequências de determinadas atividades,
o Direito não pode se abster de tutelar os interesses das futuras gerações em relação às
qualidades ambientais necessárias a uma existência digna, expondo-se às consequências
de negar a sua função de construção de um futuro desejado. A relação entre o Direito e
os avanços nanotecnológicos na América Latina é muito recente, mas absolutamente
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necessária. A área jurídica continua imersa numa tradicional “tranquilidade” de
enfrentamento dos novos direitos e deveres que surgem diariamente.
O Direito ainda não se estruturou adequadamente para responder aos desafios
propostos pelas novas tecnologias. O Direito é mais devagar quanto à legitimação das
inovações cientificas, bem como quanto aos seus efeitos no meio ambiente e na saúde.
Isso porque o Direito temporaliza a sua complexidade por processos administrativos ou
jurisdicionais. Nessa mesma direção vai o alerta de Mireille Delmas-Marty “o
desenvolvimento dos laços de pesquisa biomédica é o próprio exemplo de uma mutação
que, por sua rapidez e amplitude, exigiria uma resposta jurídica mundial, sendo os riscos,
então, na medida em que os ônus financeiros são altos, de deixar os argumentos
econômicos e financeiros preponderarem sobre os direitos do homem e sobre as doenças”
(Delmas- Marty, 2003, 138).
Nota-se que não há resposta correta no Direito, ela deverá ser razoável, porque
adequada aos contornos da situação fática, e legítima, posto em consonância com as
diretrizes e princípios escritos na Constituição da República. Esta é a perspectiva que
deverá nortear o trabalho de regulação das pesquisas e dos resultados em nanoescala
(Engelmann, Flores, Weyermüller, 2010, 114).
Para que o Direito brasileiro não permaneça alheio e à margem da grande
revolução tecnológica que está em andamento, sendo capaz de, ao menos, propor
alternativas para decisões em relação às situações que já vem ocorrendo, é necessário que
se utilize da transdiciplinaridade. O estudo de diferentes temas da revolução
tecnocientífica que implicam em necessárias mudanças de paradigmas e da tradicional
visão do Direito de agir apenas após o fato se torna condição sinequa non para que a
ciência do Direito permaneça em evolução e adequada às necessidades da sociedade.
O Direito vai usar a probabilidade e a magnitude para verificar o risco e para
adequar-se a nova realidade, na qual a certeza não mais estará presente. O potencial
destrutivo da tecnologia pós-industrial, seu imediato e massificado consumo e a
magnitude dos danos e riscos desta era, demonstram uma necessidade de
consideração prioritária dos riscos pelo Direito, sendo estes objetos da decisão
jurídica autônoma (Pardo, 1999, 54). A gestão de riscos abstratos está diretamente
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ligada a uma metodologia transdisciplinar e é a partir desta metodologia que o
princípio da precaução deve ser capaz de avaliar a probabilidade de ocorrência dos
riscos abstratos, sua provável magnitude e irreversibilidade.
Entre os princípios e indicadores que devem ser seguidos para a supervisão das
nanotecnologias e nanomateriais podem ser citados (Nanoaction, 2012): a abordagem
precaucional; regulamentos específicos obrigatórios; preocupação com saúde e segurança
dos trabalhadores; preocupação com a sustentabilidade ambiental; transparência;
participação pública; estudos mais amplos acerca de impactos e a responsabilidade do
fabricante. Ocorre que, apesar de grandes discussões e debates, a questão da regulação da
nanotecnologia ainda não resta definida em muitos países, inclusive no Brasil, o que não
tem impedido que um grande número de produtos já esteja no mercado. Tal situação gera
inquietação e desconforto em vários segmentos da sociedade (comunidade científica,
organismos não-governamentais e empresariado) (ABDI, 2011, 29).
Quanto aos mecanismos de proteção ao meio ambiente e ao direito das
futuras gerações, as novas tecnologias exigem que o Direito se molde à real idade, e
seja capaz de fornecer respostas na medida em que as demandas jurídicas surgirem.
Em relação as respostas que o Direito ainda não tem para a questão das nanotecnologias
pode-se mencionar que quando ausente uma base científica sólida, se exigem do
Direito decisões juridicamente vinculativas em condições de grande incerteza, ou
seja, decisões de sim ou não sobre atividades, produtos, substâncias ou técnicas, de
modo que os juristas devem agir com prudência e um especial bom-senso na
aplicação das medidas evitatórias (Aragão, 2008, 35). Não apenas o princípio da
precaução deve ser invocado e servir de base na tomada de decisões, mas também o
princípio da informação precisa ser mencionado e efetivamente aplicado. É preciso
que as informações decorrentes do estudo dos riscos tenham ampla divulgação e
estejam disponíveis para a sociedade, para que os atores envolvidos diretamente nas
decisões sobre a limitação da nanotecnologia e a sociedade civil tenham melhores
condições frente aos desafios surgidos com esta nova tecnologia.
Desta forma, cabe ao Direito, como ciência, possibilitar a criação de
instrumentos jurídicos com objetivo de efetivar medidas de gerenciamento
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preventivo do risco, baseado nos princípios da prevenção, da precaução, da
responsabilização, da informação e da sustentabilidade, objetivando sempre o
cuidado com o ser humano e o meio ambiente. A proteção da saúde ambiental como
um todo deve permear as atitudes de todos os envolvidos no processo produtivo, tendo
sempre como objetivo a prevenção de novos incidentes e a busca de uma maior
qualidade de vida para todos. Diante disto, tendo em vista a amplitude dos reflexos da
revolução nanotecnológica nos mais diferentes campos da sociedade, torna-se imperioso
que o Direito também se preocupe com os diferentes aspectos desta revolução.
O cenário das nanotecnologias não será enfrentado com o conhecimento jurídico
especializado e protegido pelas características do positivismo jurídico, especialmente o
de viés legalista. Por meio da transdisciplinaridade se poderá a regulação com a ajuda do
diálogo entre as fontes do Direito, deslocando-se a Constituição para o centro do sistema
jurídico e desconstruindo-se a estrutura piramidal.
O pluralismo de fontes passa a ser uma das alternativas frente à necessidade de
evolução do Direito, para que este possa tratar dos desafios surgidos com o advento das
novas tecnologias, entre elas, as nanotecnologias. A lei demonstra ser incapaz de prever
todos os casos concretos, no entanto, as situações não previstas seguem exigindo posições
e soluções do jurídico. Um dos desafios é aprender a pluralidade das fontes, vencendo o
reducionismo codificador (Fachinn, 2008, 4). É necessário que os transformadores do
Direito desfaçam a ideia geral de que a lei pode (deve) resolver qualquer problema, pois
é exatamente essa crença que tem dificultado a evolução do Direito. Afirma-se em geral,
que a lei encerra todo o Direito, mas a concepção dogmática da lei, imaginada como uma
regra universal, editada para o futuro e para sempre, pode ser inexata (Cruet, 1908, 17).
As nanotecnologias exigirão uma nova Teoria das Fontes do Direito, que
promova um efetivo diálogo entre todas elas, sem uma hierarquia, mas canais de
comunicação e complementação conteudísticos. Por este modelo, onde as fontes
(nacionais e internacionais) estarão uma ao lado da outra, podendo conjugar contribuições
para a adequada resolução do caso concreto, o que se pretende é o trabalho conjunto das
fontes do Direito, movimentando-se horizontalmente, com caminho de passagem
obrigatório pelo centro, onde estará a Constituição da República. Assim, será possível
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colocar o Direito na rota de construção de uma sociedade onde o ser humano e o meio
ambiente efetivamente sejam protegidos, por meio de um conjunto normativo moderno,
flexível e em condições de viabilizar a comunicação do Direito nacional com a sua
interface internacional e vice-versa, cada vez mais importante, especialmente no caso da
construção dos marcos regulatórios para as nanotecnologias (Engelmann, 2011, 36).
Neste cenário atual, a lei não possui condições de acompanhar a velocidade da
produção de novidades tecnológicas e o diálogo entre as fontes passa a ser uma excelente
alternativa de geração do Direito, onde os marcos normativos e as respostas jurídicas
criadas deverão considerar a contribuição de cada uma das fontes, através de um filtro
dos controles de constitucionalidade e convencionalidade visando sempre à proteção dos
seres humanos e do meio ambiente.
Assim, as nanotecnologias passam a exigir um efetivo diálogo entre as fontes do
Direito, sem uma hierarquia, mas com canais de comunicação, onde as fontes
(nacionais/internacionais, de origem estatal ou não, leis, tratados, costumes, princípios,
resoluções, normas técnicas e instruções normativas de agências reguladoras estatais,
normas sobre a saúde e segurança do trabalhador da OIT, normas e princípios
Ambientais) estarão lado a lado, buscando soluções para a adequada resolução do caso
concreto, mas sempre sendo filtradas no arcabouço normativo-principiológico-axiológico
contido na Constituição Federal e pelo controle de Convencionalidade.
Este diálogo entre as fontes exigirá a desconstrução da pirâmide com a hierarquia
das normas, que possui a lei em seu ápice, mantendo as demais fontes em níveis
hierárquicos inferiores. Esta técnica se utiliza da aplicação simultânea e coordenada das
diferentes fontes do Direito, deslocando o centro de produção destas fontes do Estado
(que era o único criador da lei, mantida em seu pedestal) para várias outras instituições
nacionais e internacionais, de modo a adequar a ciência do Direito às inovações advindas
das nanotecnologias.
Desta forma, o diálogo entre as fontes parece ser um modo de aplicação da
necessária transdisciplinaridade, internamente à Ciência do Direito, para a construção de
respostas possíveis aos novos questionamentos surgidos devido aos riscos das novas
tecnologias. A falta de certeza e a necessidade do Direito ter de aprender a lidar com isso
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e de ser capaz de fornecer as respostas necessárias à nova realidade também fortalecem o
diálogo entre as fontes como alternativa possível.
Eis então o desafio para o Direito: lidar com os danos futuros, a partir de decisões
que deverão ser tomadas no presente. O Direito está confrontado com uma situação de
incerteza e complexidade, que necessitará de respostas criativas, através do uso de
instrumentos diferentes daqueles tradicionalmente usados pelo positivismo jurídico,
especialmente aquele de viés legalista.
Surge então a necessária a inovação no/do Direito, para que não fique à margem
da revolução nanotecnológica que vem acontecendo e possa criar respostas jurídicas
flexíveis (inclusive precaucionais, antecipando-se aos possíveis riscos) que respeitem
tanto o ser humano quanto o meio ambiente, em consonância com as reais necessidades
da sociedade.
Resta demonstrado que não serão soluções habituais que darão conta de fornecer
as respostas do Direito exigidas pela nova realidade das nanotecnologias. Caberá sim, ao
Direito, de forma criativa, inovadora e desapegada do positivismo legalista desenvolver
formas de atender às atuais demandas geradas pelos produtos com nanopartículas
engenheiradas na sociedade de risco. E isso somente será possível através de uma visão
transdisciplinar, que permita ao Direito ter uma visão mais integral do todo, da
complexidade, e não mais apenas uma visão fragmentada, disciplinar, de ciência de
impacto, com a qual a sociedade prefere não se envolver e tampouco fomentar a pesquisa.
Desta forma, cabe ao Direito possibilitar a criação de instrumentos jurídicos com objetivo
de efetivar medidas de gerenciamento preventivo do risco, baseado nos princípios da
precaução, da responsabilização e da informação almejando sempre o cuidado com o ser
humano e o meio ambiente. E, como exemplo destes instrumentos pode-se citar o uso das
árvores de decisão, com as diferentes fontes do Direito, para que se possa gerir
adequadamente o risco decorrente dos nanotecnológicos, sempre recebendo as irradiações
do princípio da precaução.
A árvore da decisão é uma técnica para sinalizar como as decisões sob condições
de risco devem ser tomadas e onde é possível atribuir valores e ganhos ou perdas em cada
alternativa (Chiavenato, 2004, 367). O uso de árvores de decisão na área de produtos com
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nanotecnologias foi demonstrado por Hohendorff e Engelmann (2014, 179-180), em
publicação acerca de nanoagroquímicos.
Assim, a árvore de decisão é apresentada como uma ferramenta para ajudar a
pensar de forma sistemática sobre a informação necessária para avaliar e garantir a
segurança das nanopartículas. Com esta ferramenta, todos os atores envolvidos com as
nanopartículas, incluindo reguladores, trabalhadores, indústria e consumidores podem
começar a coletar as informações que serão mais úteis na construção do conhecimento
nesta área, de modo que a saúde humana e ambiental continuem a ser protegidas. As
árvores de decisão representam caminhos a serem percorridos para que os fatores que
influenciam uma determinada situação possam ser compreendidos.
As árvores de decisão constituem uma técnica muito importante e amplamente
utilizada em problemas de classificação. Uma das razões para que esta técnica seja
bastante utilizada é o fato do conhecimento adquirido ser representado por meio de regras.
O uso das árvores, em relação ao caso dos produtos nanotecnológicos auxilia na
visualização das relações de causa e efeito, bem como facilitam a identificação das
lacunas ainda existentes e da necessidade de preenchê-las, conforme visualizado na
Figura 3 (Hohendorff, Engelmann, 179-180). Com o uso das árvores de decisão tem-se
uma abordagem flexível e poderosa para se lidar com os riscos que ocorrem em etapas,
em que as decisões para cada uma delas dependem dos desfechos da etapa anterior. Além
de propiciar medidas de exposição ao risco, elas levam a refletir como será a reação aos
diferentes desfechos, positivos ou negativos, em cada etapa.
FIGURA 3: Árvore de Decisão para a gestão dos riscos dos produtos
nanoagroquímicos
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Os variados ramos da árvore de decisão vão sendo ocupados com os
questionamentos e as respostas vão sendo fornecidas pelas mais diferentes fontes do
Direito, até o limite onde será necessário sim usar o princípio da precaução e da
informação, bem como o da responsabilidade do produtor, objetivando não o
“engessamento” da inovação, mas sim a preocupação com a saúde humana e ambiental,
em cada caso concreto. Este é o núcleo que a imersão constitucional da resposta produzida
por meio do diálogo entre as fontes do Direito deverá ter como guia: em qualquer
circunstância se estará tratando de coisas humanas, seja em relação direta ao ser humano,
seja em relação ao meio ambiente que são dois pontos centrais insculpidos na
Constituição (Engelmann, 2012, 4622).
Cabe sempre relembrar que deverá ocorrer uma espécie de passagem por um filtro
constitucional e convencional, de modo que a Constituição e as Convenções de Direitos
Humanos passarão a ocupar o lugar central no diálogo entre as fontes do Direito. Desta
forma, a produção do Direito não mais estará centralizada e focada no Estado e no Poder
Legislativo, mas sim nas mais diferentes fontes.
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O desafio da nanotecnologia hoje, para o Direito, é como a sociedade poderá
colher os benefícios da produção em nano escala e, concomitantemente não sofrer os
danos associados com a saúde humana e riscos ambientais que podem advir juntamente
com esta tecnologia. Não há hoje, conhecimento disponível para definir todos os possíveis
riscos associados aos nanomateriais, e assim, se torna necessária e imprescindível a gestão
dos riscos, de modo transdiciplinar, através do uso do Diálogo entre a s fontes do Direito,
para que as decisões possam objetivar a redução destes novos riscos.
4. CONCLUSÃO
A sociedade atual está vivendo o período da revolução nanotecnológica, onde os
mais diversos setores produtivos utilizam em seus processos insumos, materiais ou
equipamentos que contém nanopartículas engenheiradas. As pesquisas em nano escala já
deixaram os laboratórios e ganharam as linhas de produção das indústrias, incrementando
o número de produtos com nanotecnologia que chegam ao mercado.
Uma vez que as propriedades físico-químicas dos materiais em escala nano podem
diferir das propriedades dos materiais em escala macro, o comportamento destas
partículas torna-se uma incógnita, e assim, todo o ciclo de vida destes materiais também
é desconhecido. Não se sabe, por exemplo, se haverá reação com outras partículas, se
haverá agregação, como será a dispersão e a bioacumulação. Trata-se de riscos incertos,
abstratos, globais, invisíveis e irreversíveis que impactam as diversas áreas do
conhecimento de modo que a economia, a política, o Direito, e tantos outros sistemas
sofrerão mudanças com as estas novas tecnologias.
A dogmática jurídica é um pensamento estabelecido no passado, que enfatiza a
repetição, não plenamente capaz de regular as novas problemáticas da sociedade
globalizada atual. Em função da globalização, o papel do jurídico desloca-se
sucessivamente de uma perspectiva estrutural (preocupada com questões normativas do
direito) para uma perspectiva funcionalista (voltada para as funções sociais do direito),
possibilitando ao Direito o uso de técnicas transdiciplinares, de modo a não mais
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permanecer inerte e estanque frente aos novos desafios trazidos pela revolução
tecnocientífica.
Eis a questão: é preciso sair do castelo da certeza, que não possibilita a
visualização completa da realidade que se apresenta ao jurista e ao Direito, para um
espaço de incerteza, em um cenário novo e desafiador que a criatividade humana está
desenhando por meio das nanotecnologias e que precisará ser albergado pelo Direito.
Mas, e como o Direito vai lidar com isso? Como vai deixar este castelo, aparentemente
tão seguro e inviolável, protegido pelo positivismo? Como vai lançar-se na incerteza, no
inesperado, no risco? Como uma ciência que segue apartada dos demais ramos do
conhecimento, com a ilusória visão que possuiu todas as respostas apropriadas às
demandas sociais, vai adequar-se?
As áreas técnicas (ciências duras ou as ciências de produção) envolvidas deverão
valer-se das Ciências Humanas (ciências brandas ou as ciências de impacto), dentre as
quais o Direito, para fazer a ponte entre as investigações na escala nano e o destinatário
final, que são as pessoas. Assim ocorrerá a prática da transdiciplinaridade, como no
exemplo do uso das árvores de decisão, advindas da área da administração, para uma
gestão de riscos e diálogo entre as diferentes fontes do Direito.Os desafios ao Direito
estão lançados eis que hoje o jurista vive um momento fértil e difícil: fértil, porque seu
papel é por demais ativo e estimulador; e difícil não somente pelas graves
responsabilidades que pesam sobre suas costas, mas também pelo extenso quociente de
incerteza que envolve sua ação cognitivo-aplicativa” (Grossi, 2010,86).
Para que o Direito consiga dar conta dos desafios trazidos pelos avanços das
nanotecnologias deverá abrir-se para dois caminhos: perpassar outras áreas do
conhecimento que poderão ajudá-lo a compreender a complexidade das Realidades que
as nanotecnologias viabilizarão e deixar ingressar as ideias vindas de outras áreas e
saberes. Esta será a condição de possibilidade para a construção do jurídico na Era
Nanotech.
Por fim, cabe lembrar a citação de Jose Esteve Pardo (1999, 215): Se optar-se por
absolver os riscos técnicos que não são cognoscíveis pela ciência do conhecimento, estar-
se-á dando cobertura para que a técnica experimente com as pessoas e o meio ambiente.
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Então, se saberá que havia um risco apenas quando o dano ocorrer. A questão em aberto
é saber se se deve continuar a assumir riscos, não só do progresso, mas do papel de objetos
de experimentação de tecnologias que já operam no reduto mais íntimo e essencial da
pessoa ou tecnologias desenvolvidas em um ambiente perturbador de desconhecimento
cujo imenso potencial devastador se percebe- como se fosse uma experimentação em
laboratório - por danos a pessoas ou o ambiente que se prolongam, não se sabe até quando,
de geração em geração.
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