a influência da escola paulista na arquitetura de marcio ... · pdf filearquitetura...

14
XII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq Centro Universitário Ritter dos Reis XII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação SEPesq 24 a 28 de outubro de 2016 A influência da Escola Paulista na arquitetura de Marcio Kogan: aproximações Autor (a): Rafaela Duarte Titulação: Mestranda em Arquitetura e Urbanismo UniRitter/Mackenzie. O presente trabalho foi realizado com apoio do CNPq, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico Brasil. Instituição de origem: UniRitter Laureate International Universities Endereço eletrônico: [email protected] Resumo: O presente estudo propõe uma reflexão sobre a prática do fazer artístico e da composição arquitetônica na contemporaneidade, vistos sobre a persistência da tradição disciplinar moderna, nas obras realizadas pelo arquiteto Marcio Kogan praticadas no período da atualidade. O trabalho busca fazer uma aproximação de sua obra com a arquitetura da Escola Paulista (1953-1973) 1 , cuja predominância está no uso do béton brut (concreto aparente) elemento dominante da obra de Le Corbusier no período pós-II Guerra cujas possibilidades plásticas são potencializadas por meio de um conjunto característico de pequenos e macro detalhes 2 . A pesquisa tem por objetivo, identificar através de uma revisão bibliográfica, os elementos e características do estilo da Escola Paulista as quais se aproximam da arquitetura de Kogan. Trazendo como objeto de estudo, uma análise a qual comparam dois projetos residenciais, o da Casa Cubo e o da Casa Lee, com dois projetos comerciais como o da loja Micasa Vol.B e do estúdio fotográfico Studio SC; tendo em vista a noção de que a arquitetura criada pelo brutalismo paulista não se preocupava com a caracterização programática do artefato, e sim com o espaço criado 3 . 1 Introdução Segundo Ruth Verde Zein, através de sua tese de doutoramento, Le Corbusier já era lido e conhecido em São Paulo desde pelo menos os anos de 1930. Tanto no que se refere a seus paradigmas arquitetônicos (como os cinco pontos) como suas ideias urbanísticas (sintetizadas na Carta de Atenas). Mas pode-se considerar que a primeira importante onda de influência corbusiana, vistos mais especificamente sobre os aspectos visual e formal, vai 1 Período identificado segundo a arquiteta e pesquisadora Ruth Verde Zein em sua tese de doutoramento. Fonte: ZEIN, Ruth Verde. A arquitetura da escola paulista brutalista 1953-1973. Tese de doutoramento Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Arquitetura. Programa de Pesquisa e Pós- Graduação em Arquitetura. Porto Alegre, 2005. 2 Zein, Ruth Verde. Brutalismo, sobre sua definição. Maio/2007 Arquitextos. Acessado em (http: //www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/07.084/243 3 Segundo SANVITTO. Fonte: SANVITTO, Maria Luiza Adams. Brutalismo Paulista: uma análise compositiva de residências paulistanas entre 1957 e 1972. Dissertação de mestrado Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Arquitetura. Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura. Porto Alegre, 1994, p. 89.

Upload: vuongquynh

Post on 24-Mar-2018

215 views

Category:

Documents


2 download

TRANSCRIPT

Page 1: A influência da Escola Paulista na arquitetura de Marcio ... · PDF filearquitetura moderna brasileira da Escola Carioca4. ... Arquiteturas do Brasil 1900-1990. 2.ed. São Paulo:

XII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq

Centro Universitário Ritter dos Reis

XII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação SEPesq – 24 a 28 de outubro de 2016

A influência da Escola Paulista na arquitetura de Marcio Kogan:

aproximações

Autor (a): Rafaela Duarte Titulação: Mestranda em Arquitetura e Urbanismo – UniRitter/Mackenzie. O presente trabalho foi realizado com apoio do CNPq, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – Brasil. Instituição de origem: UniRitter – Laureate International Universities Endereço eletrônico: [email protected]

Resumo: O presente estudo propõe uma reflexão sobre a prática do fazer artístico e da composição arquitetônica na contemporaneidade, vistos sobre a persistência da tradição disciplinar moderna, nas obras realizadas pelo arquiteto Marcio Kogan praticadas no período da atualidade. O trabalho busca fazer uma aproximação de sua obra com a arquitetura da Escola Paulista (1953-1973)1, cuja predominância está no uso do béton brut (concreto aparente) – elemento dominante da obra de Le Corbusier no período pós-II Guerra – cujas possibilidades plásticas são potencializadas por meio de um conjunto característico de pequenos e macro detalhes2. A pesquisa tem por objetivo, identificar através de uma revisão bibliográfica, os elementos e características do estilo da Escola Paulista as quais se aproximam da arquitetura de Kogan. Trazendo como objeto de estudo, uma análise a qual comparam dois projetos residenciais, o da Casa Cubo e o da Casa Lee, com dois projetos comerciais como o da loja Micasa Vol.B e do estúdio fotográfico Studio SC; tendo em vista a noção de que a arquitetura criada pelo brutalismo paulista não se preocupava com a caracterização programática do artefato, e sim com o espaço criado3.

1 Introdução

Segundo Ruth Verde Zein, através de sua tese de doutoramento, Le Corbusier já era lido e conhecido em São Paulo desde pelo menos os anos de 1930. Tanto no que se refere a seus paradigmas arquitetônicos (como os cinco pontos) como suas ideias urbanísticas (sintetizadas na Carta de Atenas). Mas pode-se considerar que a primeira importante onda de influência corbusiana, vistos mais especificamente sobre os aspectos visual e formal, vai

1 Período identificado segundo a arquiteta e pesquisadora Ruth Verde Zein em sua tese de doutoramento. Fonte: ZEIN, Ruth Verde. A arquitetura da escola paulista brutalista 1953-1973. Tese de doutoramento – Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Arquitetura. Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura. Porto Alegre, 2005.

2 Zein, Ruth Verde. Brutalismo, sobre sua definição. Maio/2007 – Arquitextos. Acessado em (http: //www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/07.084/243

3 Segundo SANVITTO. Fonte: SANVITTO, Maria Luiza Adams. Brutalismo Paulista: uma análise compositiva de residências paulistanas entre 1957 e 1972. Dissertação de mestrado – Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Arquitetura. Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura. Porto Alegre, 1994, p. 89.

Page 2: A influência da Escola Paulista na arquitetura de Marcio ... · PDF filearquitetura moderna brasileira da Escola Carioca4. ... Arquiteturas do Brasil 1900-1990. 2.ed. São Paulo:

XII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq

Centro Universitário Ritter dos Reis

XII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação SEPesq – 24 a 28 de outubro de 2016

se dar na arquitetura paulista via influência indireta da releitura corbusiana praticada pela arquitetura moderna brasileira da Escola Carioca4.

Marcio Kogan, um arquiteto paulistano formado pela Mackenzie e filho de Aron Kogan5 (importante arquiteto da cidade de São Paulo dos anos 50/60), apresenta uma evidente influencia modernista em sua veia artística. Na arquitetura de Kogan é possível ter a percepção de diferentes referências atuando em sua produção arquitetônica. Encontram-se presentes uma participação dentro das ideias conceituais e formais da Escola Paulista bem como uma sintonia com a arquitetura minimalista japonesa que têm vigorado o panorama arquitetônico internacional do século XX. Seus projetos carregam consigo uma linguagem seletiva em termo de sintaxe, vocabulário e materialidade que insiste em unidade na composição. Caracteriza-se pelo uso da horizontalidade e vãos livres que se mimetizam a paisagem sobre uma rigorosa estrutura, apresentando-se quase sempre sobre um número mínimo de apoios. Este tipo de concepção arquitetônica lembra o sistema corbusiano Dom-ino, espécie de manifesto sobre a estrutura livre muito apreciada pelo arquiteto.

Em sua produção arquitetônica verifica-se a utilização de algumas estratégias projetuais que se repetem, constantemente, aliadas a uma paleta restrita de materiais, onde o concreto aparente é tratado com variações formais que confere especificidade e identidade a cada obra. O arquiteto busca claramente uma identidade formal cuja arquitetura tenha um significado visual forte, trabalhando a estrutura com cheios e vazios. Neste sentido, o sólido representa a ocupação, a marcação do território através da forma geométrica pura mostrando a interferência humana na paisagem. Já os grandes vãos horizontais, que segundo ele, aproximam-se de uma tela widescreen6 de cinema, representa a continuidade espacial, ou seja, a não interferência visual e a integração com a paisagem.

2 Sobre a Escola Paulista

A arquitetura brasileira sempre esteve ligada direta ou indiretamente à determinadas discussões ou personalidades no plano internacional, conforme afirma Hugo Segawa7. Segundo ele, a arquitetura modernista brasileira se dividia entre a polarização das posições

4 ZEIN, op. cit., pg. 74.

5 Aron Kogan foi um importante “arquiteto-engenheiro” e construtor (construtora Zarzur & Kogan) da cidade paulistana, tendo entre suas principais realizações a participação da construção de parte do Hospital Israelita Albert Einstein (projeto de Rino Levi) e o edifício Mirante do Vale, de 1966, antigamente chamado de Palácio Zarzur Kogan, no Vale do Anhangabaú, com 170 metros e 51 andares. É o 198º arranha-céu mais alto do mundo, prédio mais alto da cidade de São Paulo e do Brasil. Fonte: Marcio Kogan – Studio MK27 (edição 5/6), Monolito 2011, Editora Moniloto, pg. 30.

6 Fonte: Coleção Casa Vogue grandes nomes da arquitetura e da decoração. Ed. 9 – Marcio Kogan. Carta Editorial Ltda. São Paulo, 2001.

7 SEGAWA, Hugo. Arquiteturas do Brasil 1900-1990. 2.ed. São Paulo: Edusp, 1999, p.149

Page 3: A influência da Escola Paulista na arquitetura de Marcio ... · PDF filearquitetura moderna brasileira da Escola Carioca4. ... Arquiteturas do Brasil 1900-1990. 2.ed. São Paulo:

XII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq

Centro Universitário Ritter dos Reis

XII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação SEPesq – 24 a 28 de outubro de 2016

dita como organicistas (da linha de Frank Lloyd Wright e do proselitismo de Bruno Zevi) e das posições racionalistas (Le Corbusier, Gropius e Mies) – que tomou boa parte dos debates da arquitetura até o início dos anos 60. Além destes, Segawa destaca o arquiteto Richard Neutra que também influenciou os jovens arquitetos da época. Principalmente quando este visitou o país e por ter sido o único arquiteto estrangeiro a ter uma publicação bilíngue editada no Brasil. Ademais, foi a arquitetura da Costa Oeste dos Estados Unidos que teve ampla repercussão em São Paulo, sobretudo mediante as publicações das revistas Arts & Architecture e a proposta dos arquitetos do programa Case Study House, afirma Segawa8.

Todavia, no Brasil houveram duas correntes modernistas que se dividiram entre a arquitetura da Escola Carioca e a Escola Paulista, sendo a última refratária da primeira. “A linha carioca foi um referencial marcante: além da óbvia alusão a Niemeyer, a influência de Reidy pode ser notada em arquitetos tão díspares do cenário paulista (pela trajetória posterior) quanto Artigas, Giancarlo Gasperini ou João Walter Toscano”9.

De acordo com Segawa, naquela época (seguramente após o período do pós-guerra) a tecnologia da construção era um tema relevante: a industrialização representava o alvo maior para o pensamento nacional-desenvolvimentista da época.

Para essa mentalidade, o domínio de tecnologia própria constituía um atributo objetivo do grau de progresso do país. A industrialização da construção foi uma preocupação constante, ainda vestígio do credo revolucionário europeu dos anos de 1920. O emprego de pré-moldados e a busca da pré-fabricação conheceram ensaios no período (em todo o Brasil) sem, todavia ter-se alcançado resolução satisfatória, afora experiências isoladas de alcance restrito. Mas o domínio da construção, mesmo tradicional e artesanal, conhecia em São Paulo a foça dos mestres de obras e construtores italianos e alemães, aliada à sólida informação dos egressos da Escola Politécnica e da Escola de Engenharia do Mackenzie. Rino Levi e Oswaldo Bratke foram profissionais que primaram pela elaboração técnica de seus projetos, constituindo um paradigma de qualidade para os jovens arquitetos10.

Segawa afirma que no âmbito dos sistemas construtivos de maior tecnologia, o concreto armado monopolizou as especificações pois era um material de ampla disponibilidade no mercado brasileiro e com longa tradição na história da construção civil de São Paulo. Mais precisamente, desde a estação oitocentista Mairinque de Victor Dubugras11.

No entanto, o apelo à expressividade do concreto, de matriz corbusiana, também seria tributário do pensamento em torno do movimento anglo-saxônico do Brutalismo, ou

8 SEGAWA, Hugo. Arquiteturas do Brasil 1900-1990. 2.ed. São Paulo: Edusp, 1999, p.149

9 Ibidem

10 SEGAWA, loc. cit.

11 SEGAWA, op. cit., 149

Page 4: A influência da Escola Paulista na arquitetura de Marcio ... · PDF filearquitetura moderna brasileira da Escola Carioca4. ... Arquiteturas do Brasil 1900-1990. 2.ed. São Paulo:

XII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq

Centro Universitário Ritter dos Reis

XII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação SEPesq – 24 a 28 de outubro de 2016

Novo Brutalismo, de meados dos anos 50, caracterizado por Reyner Banham12. “A austeridade e o respeito no uso de materiais e instalações à vista (tidos como acabamentos em si), a preocupação por um funcionalismo não necessariamente mecanicista, foram evidências formais que, associadas às obras de Vilanova Artigas e seu grupo, geraram a alcunha de ‘Brutalismo Paulista’ ao trabalho dos arquitetos de São Paulo”13.

Vilanova Artigas foi o decano da tendência; a geração seguinte ampliou o retrato paulista com formuladores ou praticantes: Carlos Millan, Paulo Mendes da Rocha, Fábio Penteado, Miguel Juliano, Julio Katinsky, João Walter Toscano, Eduardo de Almeida, Pedro Paulo de Mello Saraiva, Abrahão Sanovicz, Siegbert Zanettini, Décio Tozzi, Paulo Bastos, Ruy Ohtake, Sérgio Pileggi – entre alguns se destacaram com escritórios próprios ou na docência – a maioria engajada na FAU-USP. A produção de alguns arquitetos, supostamente antagônica ou divergente dessa linha, não pode, entretanto, ser avaliada sem o contexto da linha paulista: Joaquim Guedes, Sérgio Ferro e Rodrigo Lefèvre14.

Entre as arquiteturas produzidas pelos grandes mestres da Escola Carioca e Paulista, Marcio Kogan afirma em entrevista:

“Sou um fanático seguidor da arquitetura modernista brasileira que surgiu no final dos anos 30 e foi absolutamente sensacional. Nomes como Lucio Costa (parque Guinle e Ministério da Educação e Saúde), Oscar Niemeyer (casa das Canoas e a Oca no Parque Ibirapuera), Affonso Reidy (Pedregulho), Rino Levi (Banco na Sul Americano), Lina Bo Bardi (Casa de Vidro), Vilanova Artigas (Ed. Louveira), entre outros, realizaram um trabalho inacreditável. É interessante e difícil de compreender como um país como o Brasil, numa época quase sem fluxo de informação, tivesse vários arquitetos e músicos produzindo um repertório desta magnitude. O meu trabalho humildemente revisita este momento mágico. Depois de um período apagado, até em virtude de uma ressaca e conhecido como a ‘geração perdida’ voltamos a ter vários arquitetos realizando um grande trabalho. O justo reconhecimento internacional de Paulo Mendes da Rocha é uma prova disto”15.

De acordo com Ruth Verde Zein, em sua dissertação de mestrado, no sub capítulo intitulado ‘Depoimentos da Arquitetura Pós-Brasília’, “a caracterização de uma ‘escola paulista’ começa a ser feita a partir de fins da década de 70, inicialmente de maneira vaga, como a percepção de uma alteridade, como a constatação de que não era mais possível falar da ‘arquitetura brasileira’ como uma unidade e que certamente havia a presença,

12 BANHAM, Reyner. Teoria e projeto na primeira era da máquina. 2.ed. São Paulo: Perspectiva, 1979.

13 SEGAWA, Hugo. Arquiteturas do Brasil 1900-1990. 2.ed. São Paulo: Edusp, 1999, p.150.

14 SEGAWA, op. cit., 151.

15 Fonte: <http://www.basenow.net/2008/01/23/entrevista-com-o-arquiteto-marcio-kogan-pt-1/>

Page 5: A influência da Escola Paulista na arquitetura de Marcio ... · PDF filearquitetura moderna brasileira da Escola Carioca4. ... Arquiteturas do Brasil 1900-1990. 2.ed. São Paulo:

XII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq

Centro Universitário Ritter dos Reis

XII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação SEPesq – 24 a 28 de outubro de 2016

desde há algum tempo, de caminhos divergentes, ou ao menos diferentes”16. No entanto, em 1976-77, os encontros promovidos pelo IAB/RJ, permitiram debates em que os arquitetos discutiam sobre o status quo da arquitetura numa tentativa de re-avaliar a arquitetura brasileira recente.

Zein faz um ressalto em relação ao depoimento de Ruy Ohtake17, a qual revela um discurso que mais se aproxima de uma tentativa de elaborar uma teoria acerca dessa arquitetura paulista em que dizia:

O início da década de 60 começa a marcar o aparecimento de uma geração nova de arquitetos, em São Paulo. Ao meu ver, esse fato está ligado à atuação de Artigas como arquiteto e professor. [...] Estamos conscientes de que a arquitetura em si pode resolver os problemas sociais. Por isso acho correto propô-la como modelo, enquanto a estrutura social não for mais democratizada. [...] Enquanto a presente situação persistir, uma maneira de colocar nossa posição é propor nossos projetos liberando o solo [...] A generalização que essas soluções propõem é a liberação de todo o piso urbano, ficando o uso privativo unicamente na parte superior. Por isso, também é modelo. [...] As propostas arquitetônicas dessa geração procuram valorizar os espaços internos de uso coletivo, procurando obter plasticamente uma fluidez espacial. Com isso as áreas privativas e de serviço tem sido compactadas. [...] Os projetos procuram uma racionalização da construção. Apesar de o processo construtivo ainda ser artesanal na maioria dos casos, os projetos contém um encaminhamento para a solução construtiva possível em pré-moldado e pré-fabricado. Digamos que é também uma ‘atitude de projeto’ [...] Penso que modelo só surge na história da arquitetura quando os arquitetos, ao se defrontarem com problemas de conhecimento profundo de uma realidade, são capazes de criar uma nova metodologia, um novo modelo que traga em si a resposta adequada. [...] A essa generalidade que um projeto assim contém, chamo de modelo18.

Ohtake expõe a ideia de que essa arquitetura paulista não se limitaria a propor uma nova linguagem e sim propor uma nova organização social do espaço – questão fundamental entre os aspectos éticos e simbólicos propostos pela escola paulista19. E, conforme Zein, a questão aqui em discussão talvez seria a noção de caráter e não formalismo20.

16 ZEIN, Ruth Verde. Arquitetura Brasileira, Escola Paulista a as Casas de Paulo Mendes da Rocha. Dissertação de mestrado – Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Arquitetura. Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura. Porto Alegre, 2000, p.30.

17 ZEIN, Ruth Verde. Arquitetura Brasileira, Escola Paulista a as Casas de Paulo Mendes da Rocha. Dissertação de mestrado – Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Arquitetura. Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura. Porto Alegre, 2000, p. 33.

18 Fonte: Arquitetura Brasileira pós Brasília/ Depoimentos. IAB/RJ. Rio de Janeiro, 1978, p.146.

19 Loc. cit.

20 ZEIN, op. cit., 33

Page 6: A influência da Escola Paulista na arquitetura de Marcio ... · PDF filearquitetura moderna brasileira da Escola Carioca4. ... Arquiteturas do Brasil 1900-1990. 2.ed. São Paulo:

XII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq

Centro Universitário Ritter dos Reis

XII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação SEPesq – 24 a 28 de outubro de 2016

Conforme define Julien Guadet em “Elements et Theorie de l’Architecture” (1904), haveriam duas variedades de caráter: o caráter programático, que procura revelar a finalidade do edifício, ligado ao seu uso; o caráter genérico, que se preocupa em representar a cultura, a época o lugar21.

De acordo com Ohtake, “[...] a gente percebe uma constante no uso de estruturas, lajes ou de certos planos, independentes dos programas e da necessidade. Se é um clube, utiliza-se o mesmo partido. Se é uma escola ou uma estação rodoviária, também”22. Ou seja, as mesmas formas arquitetônicas eram utilizadas tanto em projetos residenciais quanto comerciais ou institucionais. O que parecia ser regra, de fato, era a linearidade na produção estrutural do partido – “a ideia de busca de uma essência de ênfase construtiva e estrutural”23.

Sendo assim, em contraponto a arquitetura da Escola Carioca a qual enfatizava a forma, a arquiteta Maria Luiza Adams Sanvitto afirma em sua dissertação que “para ao arquitetos paulistas dos anos 60 o mais importante foi o espaço criado, em contraposição à Escola Carioca que havia dedicado muito dos seus esforços à elaboração formal. A valorização do espaço pelo Brutalismo Paulista estava no entanto desacompanhada da caracterização programática. O espaço era genérico podendo abrigar diferentes usos. Com postura diversa a Escola Carioca valorizou a forma, considerou a caracterização programática, e o espaço criado foi específico para o uso determinado”24.

3 Aproximações

Além de ter uma preferência assumida ao modernismo brasileiro praticado nos anos 40 e 50, Marcio Kogan apresenta uma prática projetual semelhante a essa arquitetura da Escola Paulista, tanto no sentido formal quanto no caráter de seus projetos. Seguem abaixo alguns exemplos: Studio SC (São Paulo, 2011) – Projeto para um estúdio fotográfico

21 APUD p.33 – dissertação Ruth Verde Zein.

22 Fonte: Arquitetura Brasileira pós Brasília/ Depoimentos. IAB/RJ. Rio de Janeiro, 1978, p.146.

23 ZEIN, loc. cit., p. 33.

24 SANVITTO, Maria Luiza Adams. Brutalismo Paulista: uma análise compositiva de residências paulistanas entre 1957 e 1972. Dissertação de mestrado – Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Arquitetura. Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura. Porto Alegre, 1994, p. 89.

Page 7: A influência da Escola Paulista na arquitetura de Marcio ... · PDF filearquitetura moderna brasileira da Escola Carioca4. ... Arquiteturas do Brasil 1900-1990. 2.ed. São Paulo:

XII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq

Centro Universitário Ritter dos Reis

XII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação SEPesq – 24 a 28 de outubro de 2016

Casa Lee (São Paulo, 2012)

Figura 1: Imagem transversal interna do volume

Fonte: Studio MK27

Figura 2: Planta do térreo

Fonte: Studio MK27

Figura 3: Planta do primeiro pavimento

Fonte: Studio MK27

Figura 4: Planta do segundo pavimento

Fonte: Studio MK27

Figura 7: Croqui

Fonte: Studio MK27

Figura 6: Imagem interna

Fonte: Studio MK27

Figura 5: Croqui

Fonte: Studio MK27

Page 8: A influência da Escola Paulista na arquitetura de Marcio ... · PDF filearquitetura moderna brasileira da Escola Carioca4. ... Arquiteturas do Brasil 1900-1990. 2.ed. São Paulo:

XII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq

Centro Universitário Ritter dos Reis

XII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação SEPesq – 24 a 28 de outubro de 2016

Micasa Vol.B (São Paulo, 2007) – Projeto para uma loja de design de mobiliário

Figura 8: Imagem externa

Fonte: Studio MK27

Figura 9: Planta do térreo

Fonte: Studio MK27

Figura 11: Imagem externa

Fonte: Studio MK27

Figura 10: Croqui

Fonte: Studio MK27

Page 9: A influência da Escola Paulista na arquitetura de Marcio ... · PDF filearquitetura moderna brasileira da Escola Carioca4. ... Arquiteturas do Brasil 1900-1990. 2.ed. São Paulo:

XII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq

Centro Universitário Ritter dos Reis

XII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação SEPesq – 24 a 28 de outubro de 2016

Figura 12: Planta do térreo

Fonte: Studio MK27

Figura 13: Imagem externa

Fonte: Studio MK27

Figura 14: Imagem externa

Fonte: Studio MK27

Page 10: A influência da Escola Paulista na arquitetura de Marcio ... · PDF filearquitetura moderna brasileira da Escola Carioca4. ... Arquiteturas do Brasil 1900-1990. 2.ed. São Paulo:

XII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq

Centro Universitário Ritter dos Reis

XII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação SEPesq – 24 a 28 de outubro de 2016

Casa Cubo (São Paulo, 2012)

Figura 16: Imagem externa

Fonte: Studio MK27

Figura 17: Imagem externa

Fonte: Studio MK27

Figura 18: Planta do primeiro pavimento

Fonte: Studio MK27

Figura 19: Planta do térreo

Fonte: Studio MK27

Figura 15: Croqui

Fonte: Studio MK27

Page 11: A influência da Escola Paulista na arquitetura de Marcio ... · PDF filearquitetura moderna brasileira da Escola Carioca4. ... Arquiteturas do Brasil 1900-1990. 2.ed. São Paulo:

XII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq

Centro Universitário Ritter dos Reis

XII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação SEPesq – 24 a 28 de outubro de 2016

Nestes quatro exemplos apresentados acima, verifica-se a proximidade de linguagem

formal arquitetônica entre os modelos residenciais com os modelos comerciais. Estrategicamente, se observa a mesma experimentação do uso do concreto armado em ambas composições, como no caso do projeto da Casa Cubo versus o projeto para a loja Micasa Vol.b. E, entre os projetos Studio SC (estúdio fotográfico) e a Casa Lee, se observa a mesma exploração da forma retangular, assim como o uso do pé-direito duplo, os grandes vãos, os rasgos laterais que se configuram com o entorno imediato e, concomitantemente, a procura da horizontalidade – assim como ocorre na grande maioria de seus projetos.

Além destas características que aproximam a arquitetura de Marcio Kogan aos princípios da Escola Paulista, outra questão em evidência é o fato de o arquiteto trabalhar durante toda sua carreira para um único tipo de público alvo: a elite. Que de acordo com Zein, “para ser exemplar, essa arquitetura necessita ser inserida num contexto coerente a si própria (daí a preferência pelo ‘terreno ideal’ e o ‘cliente ideal’, aqueles que não colocam empecilhos de nenhuma ordem, principalmente econômica)”25.

Segawa acrescenta mais algumas características a este “modelo”26 da Escola Paulista, especialmente no que refere a habitação que quando “condicionadas pelas limitações do lote urbano tradicional, as casas implantadas em vizinhanças convencionais fechavam-se introspectivamente com empenas cegas, como que negando o entorno imediato e voltando-se para dentro, em volumes monoblocos (fiel ao instrumento do plano de massas ao nível urbano). Os interiores, todavia, eram admiravelmente abertos, com ambientes fluentes e interligados física e visualmente, muitas vezes abolindo

25 ZEIN, Ruth Verde. As tendências e as discussões do pós-Brasília. In: Projeto. São Paulo. Editora Pini, n. 53, julho 1983, p. 75-85.

26 Termo designado por Ruth Verde Zein.

Figura 21: Planta do segundo pavimento

Fonte: Studio MK27

Figura 20: Planta do terceiro pavimento

Fonte: Studio MK27

Page 12: A influência da Escola Paulista na arquitetura de Marcio ... · PDF filearquitetura moderna brasileira da Escola Carioca4. ... Arquiteturas do Brasil 1900-1990. 2.ed. São Paulo:

XII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq

Centro Universitário Ritter dos Reis

XII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação SEPesq – 24 a 28 de outubro de 2016

hierarquizações de uso e convivência tradicionais. Os espaços comunitários eram valorizados; os recantos privados, compactados”27.

De acordo com Zein, “o fato de as casas serem muito fechadas e voltadas para dentro de si mesmas, enquanto garantiam suficiente abertura e fluidez espacial internas, pode muito bem ser analisado a partir da busca de uma arquitetura da luz matizada, controlada, em que a luz natural é tratada com o mesmo rigor com que se lida com a luz artificial, o que explicaria também a existência de planos de reflexão, zenitais e outros dispositivos de controle da luz natural”28.

Tendo em vista estas considerações, Ruth Verde Zein alerta que este “modelo” da arquitetura paulista não era uma tendência estanque e também não se limitava a apenas arquitetos de São Paulo, não estando presente em todos arquitetos paulistas; porém é uma arquitetura que acabou influenciando arquitetos e obras de outras regiões do país29.

A partir de seu aprofundado estudo sobre a incontestável arquitetura brutalista paulista, Zein define então um resumo de suas características construtivas, que seriam:

[...] procura de horizontalidade; jogos de níveis quase sempre reunidos num bloco único, destacado do chão; tratamento cuidadoso de estrutura de concreto armado aparente; elementos de circulação têm função destacada: se internos, definem o zoneamento e usos, e se externos, sua presença plástica é marcante. A tecnologia empregada é a do concreto armado ou protendido, fundido in loco, utilizando lajes nervuradas, pórticos, pilares com desenho diferenciado, sempre com vãos livres e balanços amplos, sheds, grandes empenas de concreto usadas como quebra-sol ou plano de reflexão de luz, jogos de iluminação zenital/ lateral, volumes anexos com estrutura independente. Nos memoriais os autores mostram-se preocupados com a flexibilidade de uso dos espaços e possível renovação na sua destinação; segundo eles, isso comparece no projeto através da modulação, previsão de amplos espaços cobertos, concentração de funções de serviço. Sua relação com o entorno é claramente de contraste visual, apesar de se proporem integrados com o sítio, pela facilidade de acessos30.

Considerava que essas características poderiam estar, em conjunto ou isoladamente, presentes em obras não pertencentes a essa “corrente”; cuja especificidade estaria na “ênfase colocada em alguns aspectos, principalmente na construtividade da obra, na sua noção de edifício-modelo, voltado para si, embora aberto à participação do coletivo; e no

27 SEGAWA, Hugo. Arquiteturas do Brasil 1900-1990. 2.ed. São Paulo: Edusp, 1999, p. 151.

28 ZEIN, Ruth Verde. Arquitetura Brasileira, Escola Paulista a as Casas de Paulo Mendes da Rocha. Dissertação de mestrado – Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Arquitetura. Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura. Porto Alegre, 2000, p. 38.

29 ZEIN, Ruth Verde. As tendências e as discussões do pós-Brasília. In: Projeto. São Paulo. Editora Pini, n. 53, julho 1983, p. 75-85.

30 Ibidem

Page 13: A influência da Escola Paulista na arquitetura de Marcio ... · PDF filearquitetura moderna brasileira da Escola Carioca4. ... Arquiteturas do Brasil 1900-1990. 2.ed. São Paulo:

XII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq

Centro Universitário Ritter dos Reis

XII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação SEPesq – 24 a 28 de outubro de 2016

rompimento com a tradição de leveza e transparência características da arquitetura brasileira”31.

4 Conclusão

Contudo, tendo em vista todas estas considerações, é possível identificar nestes

exemplos selecionados para a análise, algumas características da Escola Paulista inseridos na prática do fazer artístico e da composição dos projetos de Marcio Kogan. Estas evidencias não só se encontram nestas quatro amostras apresentadas como em todo o conjunto de sua obra, porém vale lembrar que este estudo trata de “aproximações” e não de um único “modelo” que se segue na linha projetual do arquiteto.

As influencias a qual regem os projetos contemporâneos de Marcio Kogan variam dentro do panorama nacional e internacional, mas existe uma constante a qual não abre mão: o uso da horizontalidade e linhas puras – sua característica. Referências - ACAYBA, Marlene Milan. Brutalismo caboclo e as residências paulistas. In: Projeto.

São Paulo. Editora Pini, n.73, p.44-46, 1985.

- Arquitetura Brasileira pós Brasília/ Depoimentos. IAB/RJ. Rio de Janeiro, 1978. - BANHAM, Reyner. Teoria e projeto na primeira era da máquina. 2.ed. São Paulo:

Perspectiva, 1979.

- CORBUSIER, Le. Precisões. Tradução: Carlos Eugênio M. de Moura. São Paulo. Cosac &

Naify, 2004.

- MAHFUZ, Edson da Cunha. Ensaio sobre a razão compositiva: uma investigação

sobre a natureza das relações entre as partes e o todo na composição arquitetônica.

Belo Horizonte: Ap Cultural, 1995.

- SANVITTO, Maria Luiza Adams. Brutalismo Paulista: uma análise compositiva de

residências paulistanas entre 1957 e 1972. Dissertação de mestrado – Universidade

31 Ibidem

Page 14: A influência da Escola Paulista na arquitetura de Marcio ... · PDF filearquitetura moderna brasileira da Escola Carioca4. ... Arquiteturas do Brasil 1900-1990. 2.ed. São Paulo:

XII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq

Centro Universitário Ritter dos Reis

XII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação SEPesq – 24 a 28 de outubro de 2016

Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Arquitetura. Programa de Pesquisa e Pós-

Graduação em Arquitetura. Porto Alegre, 1994.

- SEGAWA, Hugo. Arquiteturas do Brasil 1900-1990. 2.ed. São Paulo: Edusp, 1999.

- ZEIN, Ruth Verde. Breve introdução à arquitetura da escola paulista brutalista.

Arquitextos, São Paulo, n.69, fevereiro 2007. Texto completo:

<http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq069/arq069_01.asp>

- ZEIN, Ruth Verde. A década é ausente. É preciso reconhecer a arquitetura brasileira

dos anos 1960-70. Arquitextos, São Paulo, n.76, fevereiro 2007. Texto completo:

<http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq076/arq076_02.asp>

- ZEIN, Ruth Verde. Brutalismo, sobre sua definição. Arquitextos, São Paulo, n.84, maio

2007. Texto completo: <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/07.084/243>

- ZEIN, Ruth Verde. A arquitetura da escola paulista brutalista 1953-1973. Tese de

doutoramento – Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Arquitetura.

Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura. Porto Alegre, 2005.

- ZEIN, Ruth Verde. Arquitetura Brasileira, Escola Paulista a as Casas de Paulo Mendes

da Rocha. Dissertação de mestrado – Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Faculdade de Arquitetura. Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura. Porto

Alegre, 2000.