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Paulo Henrique Duarte Ribeiro A INFLUÊNCIA DO TREINAMENTO CONCORRENTE NO PROCESSO DE ADAPTAÇÃO A HIPERTROFIA MUSCULAR Belo Horizonte Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG 2011

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Page 1: a influência do treinamento concorrente no processo de adaptação

Paulo Henrique Duarte Ribeiro

A INFLUÊNCIA DO TREINAMENTO CONCORRENTE NO PROCESSO DE ADAPTAÇÃO A HIPERTROFIA MUSCULAR

Belo Horizonte Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG

2011

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Paulo Henrique Duarte Ribeiro

A INFLUÊNCIA DO TREINAMENTO CONCORRENTE NO PROCESSO DE ADAPTAÇÃO A HIPERTROFIA MUSCULAR

Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Educação Física da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Educação Física.

Orientador: Prof. Dr. Luciano Sales Prado

Belo Horizonte Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG

2011

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RESUMO

Atletas e praticantes de atividades físicas praticam em seus treinamentos,

exercícios aeróbios e de força simultaneamente. Entretanto, essa combinação

conhecida como treinamento concorrente (TC) tem demonstrado uma atenuação

da resposta adaptativa da força e hipertrofia muscular. O presente estudo analisou

uma série de artigos visando rever as implicações e efeitos do fenômeno da

interferência nas adaptações de força e hipertrofia muscular, assim como analisar

os possíveis mecanismos causadores desse fenômeno e possíveis formas de

atenuá-lo ou evitá-lo.

Palavras-chave: Treinamento de força. Treinamento de resistência. Treinamento

concorrente. Hipertrofia. Treinamento hipertrofia.

Page 4: a influência do treinamento concorrente no processo de adaptação

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 4 2 OBJETIVO ........................................................................................................ 6 3 METODOLOGIA ............................................................................................... 7 4 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................ 8 4.1 Treinamento de força ..................................................................................... 8 4.2 Resistência .................................................................................................... 10 4.2.1 Resistência Aeróbia .................................................................................... 11 4.2.2 Método de treinamento de resistência ........................................................ 12 4.3 Hipertrofia ..................................................................................................... 13 4.3.1 Treinamento para a Hipertrofia .................................................................. 14 4.4 Treinamento Concorrente ............................................................................. 15 4.5 Ordem das sessões de treinamento ............................................................. 21 5 CONCLUSÃO ................................................................................................. 23 6 REFERÊNCIAS .............................................................................................. 24

Page 5: a influência do treinamento concorrente no processo de adaptação

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1 INTRODUÇÃO

O Treinamento concorrente (TC) consiste na realização de exercícios

que desenvolvam a força muscular e a resistência aeróbia, dentro da mesma

unidade de treino. Porém, este modelo de treinamento tem demonstrado uma

redução na resposta adaptativa crônica, caracterizada pela diminuição nos ganhos

de força e na hipertrofia muscular (KRAEMER et al, 1995) ; (PUTMAN, XU,

GILLIES, MACLEAN E BELL, 2004).

O treinamento concorrente vem sendo amplamente prescrito, entretanto

não existe um consenso com relação às possíveis interferências ou adaptações

nas habilidades quando elas são treinadas concorrentemente (HÂKKINEN et al.,

2003).

Estudo cujo objetivo era investigar os efeitos do treinamento concorrente

demonstrou uma redução do desempenho de força para o grupo que realizava o

treinamento concorrente em relação ao grupo que treinava força isolada.

(DUDLEY e FLECK, 1987; HICKSON et al., 1988). A maioria dos pesquisadores

sugere que os treinamentos de força e o treinamento aeróbio provocam

adaptações fisiológicas diferentes e às vezes opostas (TANAKA; SWENSEN,

1998), porém esses mecanismos adaptativos não estejam esclarecidos

(HÂKKINEN; KRAEMER, 2004).

Leveritt et al. (1999) apresentaram em sua revisão três possíveis

hipóteses cujos mecanismos foram relacionados ao efeito da concorrência: a) a

hipótese crônica da qual se propõe à idéia que, algumas adaptações morfo-

funcionais ocasionadas pelo treinamento exclusivo da resistência aeróbia são

distintas quando comparadas ao treinamento de força por si só; b) o overtraining,

isto é, o organismo não assimilaria um grande volume de treinamento para as

duas capacidades motoras; c) hipótese aguda, na qual após uma sessão de

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5

treinamento de resistência aeróbia haveria uma fadiga residual que comprometeria

o treino de força na sessão subseqüente.

Devido às divergências existentes sobre a interferência do TC nas

adaptações de força e hipertrofia com o grande número de prescrições que

incluem as capacidades aeróbias e de força simultaneamente, é importante um

maior embasamento teórico das adaptações fisiológicas e morfológicas para

assim termos maiores condições para a prescrição de treinamentos que

desenvolvam ambas as capacidades.

Page 7: a influência do treinamento concorrente no processo de adaptação

6

2 OBJETIVO

O presente estudo tem o objetivo de investigar através da literatura já

existente, o possível efeito do treinamento concorrente sobre o processo da

adaptação da hipertrofia muscular, promovida principalmente pelo treinamento de

força. Por meio desse estudo tem-se a intenção de abordar as questões mais

relevantes sobre o assunto e permitir que os conceitos discutidos ajudem como

embasamento para a prescrição do treinamento concorrente.

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7

3 METODOLOGIA

O presente estudo é constituído de uma revisão bibliográfica não

sistemática. A pesquisa foi baseada nas referencias bibliográficas publicadas aos

longos dos anos sobre treinamento concorrente, hipertrofia, treinamento de força e

treinamento aeróbico. Para melhor compreensão do assunto foram introduzidos os

conceitos preliminares sobre os assuntos inseridos no contexto.

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8

4 REVISÃO DE LITERATURA

4.1 Treinamento de força

È comum nos dias de hoje a prática de exercícios que visem o

treinamento da força (TF), sendo mais comum à musculação. O TF tem seus

benefícios amplamente conhecidos, por este motivo ele é muito comum na

sociedade, provocando adaptações como o aumento da força muscular, a

hipertrofia muscular, a diminuição da gordura corporal, alterações fisiológicas,

neuromusculares, além do aumento da densidade mineral óssea e até mudanças

nos aspectos sociais e comportamentais (FLECK e KRAEMER, 1999).

O modelo criado por Schmidtbleicher (1997) define que a força muscular

será manifestada através da força rápida e da resistência de força, sendo que a

primeira é influenciada através de dois componentes, que são a força explosiva e

a força máxima. A capacidade física Força segundo Kraemer (1987) é a máxima

tensão muscular dentro de uma determinada velocidade, Platonov e Bulatova

(2003) definem a força como a capacidade de vencer, atenuar, suportar uma

resistência através da atividade muscular. Para (MORENO; IWAMOTO; ARRUDA,

2008) a força muscular seria a capacidade do sistema neuromuscular em gerar

tensão, com certa intensidade, para vencer e ou sustentar certa resistência;

aplicada durante um tempo para a realização de uma ação concêntrica, excêntrica

ou isométrica dentro de um padrão específico de movimento.

Schmidtbleicher (1997) propõe um modelo para a capacidade motora

força, e de acordo com o mesmo a força apresenta duas formas de manifestação:

Força rápida e Resistência de força. Ambas as manifestações por sua vez,

apresentam componentes (força máxima, força explosiva, força de partida) que as

interligam. A resistência de força ainda apresenta um componente individual

denominado capacidade de resistir à fadiga (FIG. 1)

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FIGURA 1 - Estrutura e componentes da capacidade motora força Fonte: (SCHMIDTBLEICHER, 1997, p. 5 apud CHAGAS, 2002, p. 150).

A força rápida é definida como a capacidade do sistema neuromuscular

de produzir o maior impulso em um menor tempo sendo que o impulso é

representado pela área sob a curva do gráfico Força versus Tempo (F X T).

Schmidtbleicher (1997) define a força máxima como a maior elevação

da força em uma curva força vs tempo, a força de partida seria a capacidade do

sistema neuro muscular de produzir nos primeiros 50 mili segundos da contração

a maior força possível, a força explosiva seria a capacidade do sistema neuro

muscular de produzir a maior elevação nos valores de força dentro de uma

unidade de tempo. Platonov (2004) define a Força explosiva como a capacidade

do sistema neuro-muscular mobilizar o potencial funcional com a finalidade de

alcançar altos níveis de força no menor tempo possível.

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10

O desenvolvimento da força motora envolve principalmente,

mecanismos de adaptações neurais e morfológicas. Moritani e de Vries, (1979)

analisaram como esses dois mecanismos interagem no decorrer de um período de

treinamento de força. Eles demonstraram que nas etapas iniciais do treinamento

(4-6 semanas), os ganhos de força são obtidos preferencialmente através de

adaptações neurais. Após esse período inicial, a contribuição das adaptações

morfológicas aumenta, enquanto das neurais tende a diminuir. O ganho de força

depende, então, da otimização dessas adaptações durante o treinamento.

4.2 Resistência

Platonov (2001) define resistência como à capacidade de realizar um

exercício de maneira eficaz, superando a fadiga produzida. Já para Frey (1977) a

resistência psíquica seria a capacidade de um atleta de suportar um estímulo no

seu limiar por um determinado tempo e a resistência física seria a tolerância do

organismo e de órgãos isolados ao cansaço. Weineck (1999) menciona que a

capacidade resistência tem diversas classificações que levam em consideração

diferentes aspectos, como à participação da musculatura envolvida, as vias

energéticas e a presença ou não de movimento articular.

Quanto à musculatura envolvida ele difere em resistência geral e

específica, sendo que a resistência geral refere-se à participação de mais de um

sexto a um sétimo da musculatura esquelética total, já a resistência localizada

refere- se a menos de um sétimo da musculatura esquelética total.

Levando- se em consideração o aspecto das vias energéticas Weineck

(1999) cita que existem as subdivisões: resistência aeróbia e anaeróbia, sendo

que na resistência aeróbia existe oxigênio suficiente para a queima oxidativa de

substâncias energéticas e na anaeróbia ocorre sob estímulos de alta intensidade

ou freqüência e não há oxigênio suficiente para a mobilização aeróbia de energia,

que é realizada principalmente por mecanismos anaeróbios.

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HOLLMANN e HETTINGER (2005) classificam a resistência quanto à duração e via energética de acordo com a (FIG. 2).

FIGURA 2 - Modelo de HOLLMANN e HETTINGER, Fonte: Garcia e Lemos, 2001, p. 109.

Weineck (1999) menciona duas classificações em relação à presença

ou não de movimento articular: resistência dinâmica e estática. A resistência

dinâmica é caracterizada pela presença de contração muscular com conseqüente

movimento articular, já na estática ocorre à contração muscular, porém não ocorre

aparentemente movimento articular.

4.2.1 Resistência aeróbia

Segundo Mcardle et al., (2007) o metabolismo aeróbio se refere as

relações catabólicas existentes que gerariam energia onde o oxigênio é um

aceitador de elétrons que por fim combina- se com hidrogênio e forma água. Essa

relação possibilita a produção por vias aeróbias de ATP possibilitando que seja

realizado um exercício de endurance. Segundo Tubino & Moreira (2003) o

metabolismo é a qualidade física que permite a um atleta sustentar por um período

longo de tempo uma atividade física relativamente generalizada em condições

aeróbicas.

O treinamento aeróbio programado de forma adequada gera uma série

de adaptações: aumento do metabolismo de ácidos graxos, do número de

Curta Duração Média Duração Longa Duração

Resistência

Geral Aeróbica

3 – 10

minutos

10 – 30

Minutos

Acima de 30

minutos

Resistência

Geral

Anaeróbica

Até 20

segundos

20 – 60

Segundos

Até 120

Segundos

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mitocôndrias, hipertrofia das já existentes, da capacidade do músculo treinado de

utilizar os triglicerídeos intramusculares como fonte primária para a oxidação dos

ácidos graxos, melhoria do potencial aeróbio das fibras musculares, hipertrofia das

fibras de contração lenta, do coração gerando aumento do volume diastólico

terminal do ventrículo esquerdo, redução na freqüência cardíaca submáxima,

aumento do volume de ejeção durante o repouso e durante o exercício, elevação

da quantidade de oxigênio extraída do sangue circulante (diferença arteriovenosa

máxima), redução da concentração sanguínea de lactato, hipertrofia do coração e

aumento do volume diastólico terminal do ventrículo esquerdo devido ao

treinamento aeróbico realizado em longo prazo.

4.2.2 Métodos de treinamento da resistência

Segundo Hollmann E Hettinger (2005) o aumento da resistência geral

aeróbica pode ser realizado seguindo dois diferentes princípios: as cargas

contínuas e as cargas intermitentes (intervaladas). Platonov (2004) sugere ainda

que esses métodos de treinamento podem ser realizados de forma contínua e de

forma variável. Segundo Alves (2005), esse método é caracterizado por atividades

de longa duração, onde não ocorrem interrupções durante a atividade.

A carga de treinamento deve ser prescrita de forma a proporcionar

níveis de freqüência cardíaca e de consumo de oxigênio que permitam ao

indivíduo causar adaptações que o possibilitem obter adaptações ao treinamento.

Dentro desse método existem subdivisões entre método contínuo uniforme

extensivo ou intensivo e o método contínuo variado. O método contínuo uniforme

extensivo caracteriza-se por ter uma duração superior a 30 minutos e intensidade

oscilando dentro da faixa de 45% e 65% do VO2max (FC entre 125 e 170 bpm). Já o

método contínuo uniforme intensivo caracteriza- se por ter duração inferior a 30

minutos e intensidades oscilando dentro da faixa de 80% e 90% do VO2max (FC

entre 170 e 190 bpm). Já o método intervalado: Hollmann E Hettinger (2005)

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caracterizam como sendo um método que existe uma alternância rítmica, onde as

pausas não possibilitam a recuperação completa. Essa definição corrobora com a

definição de (TUBINO e MOREIRA, 2003) que o define como um método de

pausas incompletas que não permitem a recuperação completa dos parâmetros

cardiovasculares e respiratórios. A pausa vai estar relacionada com o tempo do

estímulo prescrito no treinamento e da intensidade prescrita, podendo essa pausa

ser ativa ou não.

4.3 Hipertrofia

Weineck (1999) define a hipertrofia muscular como o resultado da

hipertrofia das fibras musculares por meio do aumento da área de secção

transversa das mesmas. Wilmore e Costill (2001) consideram a hipertrofia como

uma importante adaptação ao treinamento de força e a definem como um aumento

do tamanho muscular decorrente de um treinamento de força durante um período

de longa duração.

Essas adaptações de acordo com o mesmo estariam ligadas a

mudanças estruturais musculares decorrentes do aumento do número de fibras

musculares (hiperplasia) ou devido ao aumento do tamanho das fibras musculares

já existentes (hipertrofia).

Existem várias hipóteses que norteiam o processo de hipertrofia

muscular. Wilmore e Costill (2001) descrevem como uma das principais, o

aumento da síntese protéica muscular induzida por uma diminuição na

degradação protéica. O mesmo autor descreve que ainda existem questões a

serem comprovadas acerca do papel da hiperplasia e hipertrofia das fibras no

processo do aumento do volume muscular durante o treinamento de força. Outro

fator importante na adaptação hipertrofia passa pelo processo de requisição dos

tipos de fibras durante o processo.

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Sale 1988; Duchateau, 1983 citado por Weineck (1999), as fibras seriam

divididas em fibras lentas ou tipo I, fibras rápidas tipo II, as fibras de contração

lentas têm característica predominante aeróbia enquanto as fibras de contração

rápidas que são subdivididas em IIA e IIB sendo as IIA com característica

energética eficiente tanto aeróbia quanto anaeróbia, e as fibras II B possuem um

potencial energético anaeróbio maior e mais desenvolvido, por isso são chamadas

também de fibras rápidas glicolíticas (WILMORE e COSTILL, 2001; MCARDLE,

KATCH, 1998).

4.3.1 Treinamento de força para hipertrofia

Uchida 2003 citado por Vieira 2005 relacionam o treinamento voltado

para a hipertrofia ou o aumento da massa muscular com o aumento da área de

secção transversa do músculo e o aumento do número de filamentos de actina e

miosina. O treinamento visando à hipertrofia muscular recruta principalmente as

fibras do tipo II e possui como valores de referência segundo os mesmos autores,

repetições variando de 6 a 12 e intensidades variando entre 70% a 85% de 1Rm,

freqüência de treinamento por grupo muscular variando de 1 a 3 sessões de

treinamento semanais com intervalo de 48 a 72 horas entre as sessões e pausas

entre séries de até 90 segundos.

Kraemer et al. (1995) sugerem que para estimular a hipertrofia

muscular, a carga tem de ser abaixo de 90% de um 1RM e que programas de

treinamento devem utilizar altas cargas e baixo volume (1-6 RM, este treinamento

promove uma maior adaptação neural. Por outro lado, eles sugerem que a

hipertrofia muscular é produzida com cargas mais baixas e maior volume (8-12

RM), ocorrendo assim um aumento da síntese de proteína na fibra muscular. Fett

e Fett (2003), no treinamento de força de alta intensidade é característico o

aumento da liberação da testosterona sérica. No processo de ganho de força e

aumento da massa muscular, a testosterona e o hormônio do crescimento (GH)

exercem influência positiva durante o processo. Kraemer et al. (1995) sugerem

Page 16: a influência do treinamento concorrente no processo de adaptação

15

que para estimular a hipertrofia muscular, a carga tem de ser abaixo de 90% de

um 1RM.

4.4 Treinamento concorrente

A literatura internacional tem adotado com freqüência a terminologia

treinamento concorrente (TC) para se referir aos programas que combinam

treinamento de força (TF) e de resistência aeróbia (TRA) num mesmo período de

tempo, assim como as possíveis adaptações antagônicas produzidas pelo

treinamento dessas duas capacidades motoras. Leveritt et al. (1999)

apresentaram em sua revisão três possíveis hipóteses relacionados ao efeito da

concorrência. a) HIPÓTESE CRÔNICA: na qual se propõe a idéia que algumas

adaptações morfo-funcionais ocasionadas pelo treinamento exclusivo da

resistência aeróbia são distintas quando comparadas ao treinamento de força

isolado.

O TF realizado de forma isolada tem como seu principal objetivo gerar a

maior força possível em um movimento (SALE, 2006). Com relação ao

treinamento aeróbio os principais objetivos a serem alcançados são: o aumento do

consumo de oxigênio associados a funções cardiovasculares, promover o

aumento da capilarização, da densidade mitocondrial, das enzimas oxidativas e do

Vo2 máximo (HICKSON, 1980). Analisando esses aspectos, o treinamento de

força e o treinamento aeróbio são específicos e geram adaptações fisiológicas

diferentes. Um estudo realizado por (HICKSON, 1980) investigou a interferência

de um treinamento sobre o outro a partir da análise do desempenho de força,

potência e ganhos aeróbios. O estudo encontrou diferença significativa negativa

para o desempenho de força e potência entre o TC e o TF realizado de forma

isolada.

Page 17: a influência do treinamento concorrente no processo de adaptação

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Com relação às adaptações aeróbicas não houve diferença significativa

do TC em relação ao TRA. (DUDLEY e DJAMIL, 1985) analisaram o efeito da

concorrência no desempenho de força em um protocolo de treinamento de 3

sessões semanais em indivíduos não atletas. O resultado encontrado foi que

houve interferência negativa no desempenho de força no grupo TC e que a

interferência pode estar relacionada com o estado de treinamento do grupo

analisado.

Outro estudo realizado como o de Hunter et al., (1987) não

demonstraram caráter inibitório entre os treinamentos quanto ao aspecto do ganho

de força e da capacidade aeróbica. Quanto às fibras musculares, Putman et al.

(2004) demonstraram que o TC resultou em uma maior transição de fibras rápidas

para lentas. Além disso, houve uma atenuação da hipertrofia das fibras

musculares do tipo I quando comparado ao TF isolado. Green et al. (1999)

demonstraram haver uma conversão mais evidenciada no contínuo das fibras

musculares para o tipo IIA e uma redução mais acentuada nas fibras tipo IIB

quando comparado às adaptações do TRA isolado. Também é observável no

início do treinamento de força um aumento do desempenho de força devido às

adaptações neurais existentes nos três tipos de fibras, com maior ênfase nas

fibras do tipo II (WILLIAMSON; GALLAGHER; CARROLL; RAUE, 2001). As fibras

musculares do tipo IIA possuem característica intermediária, podendo se adaptar a

uma característica energética predominante aeróbia ou anaeróbia. Porém o

treinamento concorrente comprometeria essa adaptação. Essas fibras quando

solicitadas durante o treinamento de força e durante o treinamento aeróbio não se

adaptariam metabolicamente e neurologicamente aos dois tipos de treinamento,

pelo fato dos treinamentos gerarem adaptações opostas (LEVERITT;

ABERNETHY; BARRY; LOGAN, 1999).

O treinamento concorrente possibilita o aumento na proporção das

fibras musculares do tipo I, justamente ao contrário das adaptações percebidas

durante protocolos de treinamento de força isolados voltados a hipertrofia

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muscular. Durante esses protocolos é percebido o aumento na proporção das

fibras musculares do tipo II (GREEN; GOREHAM; OUYANG; BALL-BURNETT e

RANNEY, 1998). Durante o treinamento concorrente pode–se observar uma

atenuação na hipertrofia muscular das fibras do tipo I (KRAEMER et al ., 1995 ;

BELL; SYROTUIK; MARTIN; BURNHAM; QUINNEY, 2000). Essa atenuação

estaria ligada a fatores intrínsecos à fibra muscular. O treinamento aeróbio

realizado no treinamento concorrente ativaria proteínas que atuam dentro dos

músculos que promoveriam à inibição do processo da síntese protéica,

diretamente ligada a hipertrofia muscular (COFFEY; HAWLEY, 2007; NADER,

2006). Essa atenuação da hipertrofia das fibras lentas poderia estar ligada ao

recrutamento dessas fibras ativadas tanto no TF, como no TRA. Durante o TF

existe uma ativação de unidades motoras lentas e rápidas, entretanto no TRA

existe uma maior ativação das unidades motoras lentas. Assim pode-se observar

que as unidades motoras lentas, compostas primordialmente pelas fibras tipo I são

ativadas durante o TF e o TRA (KRAEMER et al ., 1995).

Baseado nessa informação Kraemer et al. (1995 ) realizou um estudo

com o total de 12 semanas sendo o número de sessões de treinamento igual a

quatro sessões por semana. No protocolo os sujeitos foram divididos em 3 grupos,

grupo TRA, TF e grupo que realizaria o TC. O TRA consistia em corridas

contínuas de 40 minutos realizadas de segunda a quinta-feira e tiros que eram

realizados as terças e sextas-feiras no qual os indivíduos realizariam tiros de 200

a 800 metros com relação de exercício/descanso de 1:4 para 1:0,5. O TF consistia

de 2 a 3 séries de 10 a 15 RM realizados segunda e quinta feira e de 3 a 5 séries

de 5 a 6 RM (terça e sexta-feira). O protocolo do TC combinava os TF e TRA

descritos anteriormente em quatro sessões semanais, sendo o intervalo entre o

TRA e de TF de 4 a 6 horas. Os resultados obtidos com o estudo foram à

diminuição da área de secção transversa das fibras do tipo I e do tipo II. O grupo

que realizou somente o TF apresentou hipertrofia das fibras do tipo I e do tio IIA e

o grupo que realizou o TC demonstrou hipertrofia das fibras do tipo IIA enquanto

as fibras do tipo I não apresentaram diferença significativa na área de secção

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18

transversa antes e depois do treinamento. Os resultados apresentados reforçaram

a hipótese que durante o TC existe uma atenuação da hipertrofia das fibras

musculares do tipo I.

Outros estudos como o de Putman et al . (2004) corroboraram com o

estudo acima. Nesse estudo os treinamentos também eram realizados durante um

período de 12 semanas sendo a freqüência semanal igual a três sessões de

treinamento para os grupos que realizavam o TRA e para o grupo que realizavam

o TF. O TRA consistia de duas sessões continuas com duração entre 30 a 42

minutos com intensidade equivalente ao limiar ventilatório e uma sessão de

treinamento intermitente a 90% do Vo2 sendo a relação tempo de estímulo / pausa

igual a 3:3 minutos. O protocolo do TF consistia de 2 a 6 séries de 4 a 10

repetições com intensidade na faixa de 70 a 85% de 1RM. O grupo que realizou o

TC foi submetido aos mesmos TF e aeróbio, realizados em 6 sessões de

treinamento em dias alternados. Os resultados encontrados demonstraram

nenhum aumento da área de secção transversa para o grupo que realizou o TRA.

O grupo TF apresentou aumento na área de secção transversa nas fibras do tipo I

de 17% e do tipo II 13%. O grupo TC apresentou aumento da área de secção

transversa das fibras do tipo II equivalente a 18%, entretanto não apresentaram

diferença significativa na área de secção transversa das fibras do tipo I. b)

HIPÓTESE DO OVERTRAINING: o organismo não assimilaria um

grande volume de treinamento para a capacidade motora de força e resistência.

Segundo Lehmann et al. (1993), o overtraining pode ser definido como um

desequilíbrio entre estresse e recuperação ou uma carga de estresse excessiva

com pouca regeneração, baseado nesses conceitos haveria interferência no

desempenho de ambos os treinamentos.

Existem vários marcadores de overtraining que têm sido utilizados para

identificar se a carga de treinamento está ou não adequada a um determinado

grupo de sujeitos. Entretanto, as respostas endócrinas da testosterona e do

Page 20: a influência do treinamento concorrente no processo de adaptação

19

cortisol têm sido as mais usadas como marcadores de anabolismo e catabolismo

nos programas de TC (BELL et al., 1997; KRAEMER et al., 1995; MCCARTHY et

al., 2002). Quando se trata do TRA observa-se que o nível de testosterona não

tem uma resposta homogênea. Há estudos que demonstraram aumento, outros

apresentaram diminuição ou manutenção da concentração desse hormônio

quando comparados a valores pré-treinamento (BLAZEVICH e GIORGI, 2001;

HACKNEY et al. 1995); (TABATA et al. 1990). Já o TF tem demonstrado alteração

na razão testosterona/cortisol, a favor do anabolismo, ou seja, um maior aumento

na concentração de testosterona quando comparada a concentração de cortisol.

(KRAEMER et al., 1995), submeteram 40 militares a um protocolo de

TC, considerado por eles de alto volume e intensidade. Os sujeitos foram

divididos em quatro grupos: o grupo TF que treinou somente força, o grupo TRA

que treinou apenas a resistência aeróbia; o grupo TC1 que realizou o TC; o grupo

TC2, que também realizou o TC, porém com treinamento de força constituído

apenas de exercícios para membros superiores. Ao final de 12 semanas os

autores observaram que o nível de repouso de testosterona permaneceu

inalterado nos grupos TC2, TRA, e TF, ocorrendo um aumento significativo no

grupo TC1 na 12ª semana de treinamento. Por outro lado, houve um aumento nos

níveis de cortisol nos grupos TC1, TC2 e TRA deixando a razão

testosterona/cortisol em um estado catabólico. Apenas o grupo TF demonstrou

reduções significantes no nível de cortisol, criando um estado anabólico. Os

autores concluíram que um grande volume de TC, durante 12 semanas, pode

resultar em um indesejável aumento no nível de cortisol, o qual poderia

comprometer os ganhos de força, potência e massa musculares.

A questão do gênero também deve ser levada em consideração quando

protocolos de TC são usados, pois o nível de cortisol se apresenta mais elevado

nas mulheres quando comparado com os homens submetidos ao mesmo

protocolo de treinamento (BELL et al., 1997; BELL et al., 2000).

Page 21: a influência do treinamento concorrente no processo de adaptação

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c) HIPÓTESE AGUDA: após uma sessão de treinamento de resistência

aeróbia haveria uma fadiga residual que comprometeria o treino de força na

sessão subseqüente. Quanto à carga de treinamento Powers (2005) realizou um

estudo com o intuito de identificar se ocorreria interferência do TRA no TF com

freqüência semanal de 5 a 6 vezes por semana, durante o período de 10

semanas. O resultado encontrado no estudo foi que houve diminuição do

desempenho de força para o grupo que realizou TC em relação ao grupo que

realizou o TF de forma isolada. Esse resultado afetaria o treinamento assim como

a adaptação a hipertrofia muscular.

O mesmo autor realizou o mesmo protocolo de treinamento durante um

período de 10 semanas com freqüência semanal de três sessões de treinamento.

Os resultados encontrados não apresentaram diferenças significativas no

desempenho de força para o grupo que realizou o TF e o TC.

Analisando os sujeitos que eram submetidos aos protocolos de

treinamento, Dudley e Hickson citados por Powers (2005) mostraram que

indivíduos destreinados teriam menores ganhos de força quando submetidos ao

TC em relação ao TF. No estudo de Powers (2005) foram encontrados resultados

de interferência no desempenho de força para o grupo que realizava o TC com

relação ao grupo que realizava TF. Esses resultados foram encontrados quando

os sujeitos eram submetidos ao TRA e ao TF no mesmo dia. Quando testados em

dias alternados o desempenho de força para ambos os grupos não apresentou

diferença significativa.

Nelson et al. (1990) descreveram que esses diferentes programas de TF

combinados com programas de TRA podem recrutar diferentes tipos de unidades

motoras. O TRA de alta intensidade (> 90% VO2max) recrutaria mais as unidades

motoras compostas de fibras do tipo II. Já os protocolos de TF acima de 70% de

1RM também recrutariam as fibras do tipo II. Sendo assim, a combinação desses

dois protocolos pode produzir um estresse maior no mesmo tipo de fibra, não lhe

Page 22: a influência do treinamento concorrente no processo de adaptação

21

dando um tempo adequado para adaptar-se ao aumento de força e da resistência

aeróbia. Associando esses fatores Docherty e Sporer (2000) propuseram um

modelo de treinamento onde o fenômeno de concorrência seria potencializado,

isto é, protocolos de TF utilizando ao redor de 8 a 12RM combinados com TRA de

intensidade de 95-100% VO2max causariam adaptações periféricas que estariam

relacionadas com o efeito da concorrência.

4.5 Ordem sessões de treinamento

Collins e Snow (93) citados por Paulo e colaboradores (2005)

analisaram a ordem dos TRA e TF com relação aos efeitos deletérios causados

pela interferência de um treinamento sobre o outro. O estudo continha dois

protocolos, em um deles o TRA era realizado anteriormente ao TF, no outro

protocolo a ordem era invertida. Os resultados encontrados não apresentaram

diferenças significativas entre as duas formas de treinamento quanto ao

desempenho de força. Sale et al. (1990) realizaram um estudo que tinha como

objetivo analisar o desempenho de força dos sujeitos quando eles realizavam o

TC intercalando os dia entre TRA e TF comparando quando o treinamento das

duas capacidades era realizadas no mesmo dia. O resultado encontrado foi que

quando as capacidades eram treinadas em dias alternados, o desempenho de

força dos indivíduos foi superior em relação ao treinamento das duas capacidades

no mesmo dia.

Leveritt et al. (1999) ; Docherty e Sporer (2000) citam que a atenuação

existente nos ganhos de força muscular estariam ligados a fatores agudos

relacionados à ordem dos treinamentos a serem executados e à sobreposição das

cargas de treinamento. Bentley, Smith, Davie e Zhou (2000); Sporer e Wenger

(2003) abordam que quando a capacidade física força e resistência aeróbia são

treinadas no mesmo dia, a primeira a ser treinada geraria uma fadiga residual que

atrapalharia o desempenho da capacidade treinada posteriormente.

Page 23: a influência do treinamento concorrente no processo de adaptação

22

O exercício aeróbio realizado anteriormente causaria uma diminuição do

desempenho de força quando essa capacidade fosse treinada, com essa

diminuição no desempenho, a hipótese do efeito agudo seria uma das respostas à

interferência tanto no desempenho de força como na adaptação a hipertrofia

muscular, levando- se em consideração um período de tempo maior período.

Page 24: a influência do treinamento concorrente no processo de adaptação

23

5 CONCLUSÃO

A partir dos estudos apresentados podemos concluir que o treinamento

concorrente pode interferir ou não no desempenho de força e no processo de

hipertrofia muscular quando comparado ao TC e ao TRA realizados de maneira

isolada.

A maioria dos estudos demonstrou haver interferência no desempenho

de força e hipertrofia por fatores como o recrutamento das fibras musculares, a

não assimilação do organismo a carga de treinamento e pela secreção hormonal.

A intensidade dos protocolos de treinamento pode ser um fator de suma

importância para os resultados encontrados, sendo que protocolos mais intensos

demonstraram maior efeito de interferência na força motora e maior atenuação da

hipertrofia muscular.

È importante para o profissional que elabore o treinamento concorrente

ter embasamento teórico sobre o assunto para adaptar a carga de treinamento ao

seu aluno, permitindo que ele consiga obter as adaptações desejadas tentando

minimizar ou evitar os efeitos da interferência do TRA e TF.

Page 25: a influência do treinamento concorrente no processo de adaptação

24

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