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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS A INFLUÊNCIA DAS CARACTERÍSTICAS DO REVESTIMENTO NA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DE PAREDINHAS DE ALVENARIA DE BLOCOS CERÂMICOS DE VEDAÇÃO SAMÁ TAVARES DE ANDRADE Recife / Pernambuco Dezembro de 2007

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA CIVIL CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCINCIAS

    A INFLUNCIA DAS CARACTERSTICAS DO REVESTIMENTO NA RESISTNCIA COMPRESSO DE PAREDINHAS DE ALVENARIA DE

    BLOCOS CERMICOS DE VEDAO

    SAM TAVARES DE ANDRADE

    Recife / Pernambuco Dezembro de 2007

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

    A INFLUNCIA DAS CARACTERSTICAS DO REVESTIMENTO NA RESISTNCIA COMPRESSO DE PAREDINHAS DE ALVENARIA DE

    BLOCOS CERMICOS DE VEDAO

    Sam Tavares de Andrade

    Dissertao apresentada Universidade

    Federal de Pernambuco, como parte dos

    requisitos necessrio para obteno do

    ttulo de Mestre em Engenharia Civil.

    ORIENTADOR: Prof. Dr. Romilde Almeida de Oliveira

    Recife / Pernambuco 2007

  • A553i Andrade, Sam Tavares de

    A influncia das caractersticas do revestimento na resistncia compresso de paredinhas de alvenaria de blocos cermicos de vedao / Sam Tavares de Andrade. - Recife: O Autor, 2007.

    viii,90 folhas, il : tabs. grafs. figs. Dissertao (Mestrado) Universidade Federal de Pernambuco.

    CTG. Programa de Ps-Graduao em Engenharia Civil, 2007. Inclui Bibliografia e Anexos. 1. Engenharia Civil. 2.Alvenaria resistente. 3. Revestimento

    argamassado. 4.Capacidade resistente. 5. Paredinhas em alvenaria. I. Ttulo.

    UFPE 624 CDD (22 ed.) BCTG/ 2009-057

  • Dedico este trabalho

    aos meus pais Jos Tavares e Maria Jos

    e meus irmos Alcione, Maristela e Jos Eduardo.

  • AGRADECIMENTOS

    Ao professor e orientador Romilde Almeida de Oliveira, pela pacincia, apoio e

    orientao valiosa durante todo o tempo.

    Ao professor Carlos Wellington Pires Sobrinho, pela ateno, esclarecimento

    das dvidas e amizade .

    Ao ITEP (Instituto Tecnolgico de Pernambuco) e sua equipe que durante todo o

    tempo estiveram comigo nesta jornada, me auxiliando nos trabalhos experimentais.

    A FINEP-HABITARE (Financiadora de Estudos e Projetos Programa de

    Tecnologia Habitacional) por proporcionar toda condio necessria para o

    desenvolvimento da pesquisa.

    A todos os amigos, professores e funcionrios do departamento de Ps-

    Graduao em Engenharia Civil, do departamento de estruturas da UFPE (Universidade

    Federal de Pernambuco), agradeo pela colaborao, criticas e principalmente a

    amizade nos momentos difceis.

    A todos os amigos, professores e funcionrios do departamento de Graduao

    em Engenharia Civil da UNICAP (Universidade Catlica de Pernambuco), agradeo

    pelo incentivo e colaborao.

    A todos os membros da banca examinadora, principalmente aos examinadores

    externos, por aceitar o convite, honrando-nos com a vossa presena.

    Obrigada aos meus familiares, pelo amor e incentivo durante o meu

    desenvolvimento pessoal e profissional.

  • SUMRIO

    LISTA DE FIGURAS........................................................................................................i

    LISTA DE TABELAS......................................................................................................ii

    RESUMO.........................................................................................................................iii

    ABSTRACT.....................................................................................................................iv

    1 INTRODUO............................................................................................................ 1 1.1 Consideraes Iniciais ................................................................................................ 1 1.2 Objetivo ...................................................................................................................... 4 1.3 Metodologia................................................................................................................ 5 1.4 Estrutura da dissertao .............................................................................................. 5 2 REVISO BIBLIOGRFICA...................................................................................... 7 2.1 Alvenaria Resistente ................................................................................................... 7 2.1.1 Blocos ...................................................................................................................... 8 2.1.2 Argamassa ............................................................................................................... 9 2.1.3 Cimento ................................................................................................................. 13 2.1.4 Cal.......................................................................................................................... 14 2.1.5 Areia ...................................................................................................................... 14 2.1.6 gua ...................................................................................................................... 15 2.1.7 Importncia do Substrato....................................................................................... 15 2.2 Reabilitao Estrutural ............................................................................................. 15 3 CARACTERIZAO DOS MATERIAIS E COMPONENTES............................... 18 3.1 Blocos Cermicos ..................................................................................................... 18 3.1.1 Caracterizao Geomtrica.................................................................................... 18 3.1.2 Caracterizao Fsica............................................................................................. 20 3.1.2.1 Determinao da Massa mida dos Blocos ....................................................... 20 3.1.2.2 Determinao do ndice de Absoro de gua .................................................. 21 3.1.2.3 Determinao do ndice de Absoro Inicial (IRA)........................................... 22 3.1.3 Caracterizao Mecnicas ..................................................................................... 23 3.2 Areia ......................................................................................................................... 25 3.2.1 Granulomtrica ...................................................................................................... 25 3.2.2 Ensaio para Determinao da Massa Especfica em Agregados Midos.............. 26 3.2.3 Ensaio do Teor de Materiais Pulverulentos........................................................... 27 3.2.4 Ensaio de Inchamento do Agregado Mido .......................................................... 27 3.2.5 Resultados Obtidos da Caracterizao da Areia Natural Utilizandos na Confeco das Paredinhas ................................................................................................................ 28 3.3 Caracterizao Cimento Portland ............................................................................. 29 3.4 Caracterizao Cal Hidratado................................................................................... 30 3.5 Caracterizao da Argamassa de Assentamento e Revestimento............................. 30 3.5.1 Ensaio Compresso Axial das Argamassas ........................................................ 31 3.5.2 Resultado do Ensaio Compresso Axial das Argamassas .................................. 33

  • ii

    3.5.3 Caracterizao das Argamassas no Estado Fresco ................................................ 34 3.5.4 Composio das Argamassas Utilizadas ............................................................... 34 3.6 Confeco das Paredinhas ........................................................................................ 34 3.6.1 Execuo das Paredinhas....................................................................................... 35 3.6.2 Paredinhas com Adtivos ........................................................................................ 38 3.6.3 Paredinhas com Tela.............................................................................................. 39 3.6.4 Processo de Fixao das Malhas ........................................................................... 39 3.6.5 Cura ....................................................................................................................... 40 3.6.6 Esquema Construtivo das Paredinhas.................................................................... 41 3.6.7 Descrio das Instalaes e Equipamentos ........................................................... 43 3.6.8 Ensaios de resistncia compresso axial de paredinhas...................................... 50 3.6.8.1 Preparao das paredes....................................................................................... 50 3.6.8.2 Transporte das paredinhas .................................................................................. 52 4 EXPERIMENTAL E INSTRUMENTAL................................................................... 53 4.1 Colocao para o Ensaio a Compresso Axial das Paredinhas ................................ 53 4.2 Ensaio Compresso Centrada ................................................................................ 54 4.2 Resultados dos Ensaios Compresso Centrada das Paredinhas............................. 56 5 ANLISE DOS RESULTADOS ................................................................................ 67 5.1 Anlise dos Resultados dos Ensaios ........................................................................ 67 5.1.1 Influncia do Chapisco. ......................................................................................... 67 5.1.2 Influncia do Trao................................................................................................ 68 5.1.3 Influncia da Espessura do Revestimento ............................................................. 69 5.1.4 Influncia do Aditivo Adesivo de Massa .............................................................. 69 5.1.5 Influncia do Reforo com Tela ............................................................................ 70 5.1.6 Influncia do reforo com tela com espessura dos revestimento 1,5 e 3,0 cm...... 70 5.2 As figuras a seguir mostram as formas de ruptura que ocorreu em cada tipo de paredinha ........................................................................................................................ 71 5.2.1 Paredinha Sem Revestimento ................................................................................ 71 5.2.2 Paredinha Chapiscada............................................................................................ 72 5.2.3 Paredinha Com Revestimento no Trao 1:1:6 Espessura 3,0cm. .......................... 72 5.2.4 Paredinha Com Revestimento no Trao 1:2:9 Espessura 1,5cm........................... 73 5.2.5 Paredinha Com Revestimento no Trao 1:2:9 Espessura 3,0cm........................... 74 5.2.6 Paredinha Com Revestimento no Trao 1:0,5:4,5 Espessura 3,0cm..................... 74 5.2.7 Paredinha Com Revestimento no Trao 1:2:9 Espessura 3,0cm, com reforo...... 75 5.2.8 Paredinha Com Revestimento no Trao 1:1:6 Espessura 3,0cm, com reforo...... 75 5.2.9 Paredinha Com Revestimento no Trao 1:2:9 Espessura 1,5cm, com reforo...... 76 5.3 Gficos Craga X Deformao................................................................................... 76 5.3.1 Paredinha Sem Revestimento ................................................................................ 76 5.3.2 Paredinha Chapiscada............................................................................................ 77 5.3.3 Paredinha Com Revestimento no Trao 1:1:6 Espessura 3,0cm. .......................... 77 5.3.4 Paredinha Com Revestimento no Trao 1:2:9 Espessura 1,5cm........................... 78 5.3.5 Paredinha Com Revestimento no Trao 1:2:9 Espessura 3,0cm........................... 78 5.3.6 Paredinha Com Revestimento no Trao 1:0,5:4,5 Espessura 3,0cm..................... 79 5.3.7 Paredinha Com Revestimento no Trao 1:2:9 Espessura 3,0cm, com Aditivo..... 79 5.3.8 Paredinha Com Revestimento no Trao 1:1:6 Espessura 3,0cm, com reforo...... 80 5.3.9 Paredinha Com Revestimento no Trao 1:2:9 Espessura 1,5cm, com reforo...... 80 5.3.5 Paredinha Com Revestimento no Trao 1:2:9 Espessura 3,0cm........................... 81

  • iii

    6 CONSIDERAES FINAIS ...................................................................................... 82 6.1 Concluses................................................................................................................ 82 6.2 Sugestes para futuros trabalho................................................................................ 84 7 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ........................................................................ 85 ANEXO A .................................................................................................................... A-1

  • iv

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1. 1 Edf. Bosque das Madeiras (a), Edf.Aquarela (b) e Edf.rika (c).............. 04

    Figura 2. 1 Resultados mdios das resistncias de aderrencias dos revestimentos, SCARTEZINI & CARASEK......................................................................................... 11 Figura 3. 1 Blocos cermicos de 8 furos ..................................................................... 18 Figura 3. 2 Desenho esquemtico dos blocos cermicos:a) Dimenses dos blocos; Medies das paredes externas e septos. ....................................................................... 19 Figura 3. 3 Detalhe do processo de caracterizao geomtrica blocos cermicos: a) Medio desvio em relao ao esquadro (D); b) Medio desvio em relao ao esquadro (D); ................................................................................................................................ 19 Figura 3. 4 Processo de secagem................................................................................. 21 Figura 3. 5 Processo de pesagem................................................................................. 21 Figura 3. 6 Processo de cura aquecida......................................................................... 22 Figura 3. 7 Bloco imerso em gua no ensaio de IRA.................................................. 23 Figura 3. 8 Mquina Servo-Hidrulica Microprocessadora para ensaios: a) prensa; b)gabinete servo.............................................................................................................. 23 Figura 3. 8.1 Detalhe do ensaio compreo axial dosblocos: a) Pr-ruptura; b) Incio do ensaio; c) Ruptura; d) Ps-ruptura; e) Esquema de aplicao de carga .................... 24 Figura 3. 8.2 Grfico da distribuio granulumtrica da amostra 1 ............................ 25 Figura 3. 8.3 Grfico da distribuio granulumtrica da amostra 2 ............................ 26 Figura 3. 8.4 Frasco de Chapman................................................................................ 27 Figura 3. 8.5 Grfico da curva granulomtrica da areia natural .................................. 29 Figura 3. 9 Modelagem e capeamento dos corpos de prova........................................ 31 Figura 3. 9.1 Fotos do ensaio de compreo axial e desenho esquemtico da aplicao da carga........................................................................................................................... 31 Figura 3. 10 Resultado dos ensaios compresso axial .............................................. 33 Figura 3. 11 Mistura da massa seca para argamassa .................................................. 36 Figura 3. 12 Corte dos blocos (meio bloco) ................................................................ 36 Figura 3.13 Confeco das paredinhas ........................................................................ 37 Figura 3. 14 Sequencia da aplicao do revestimento.................................................. 38 Figura 3. 15 a) Furadeira; b) Cocada; c) Conector ...................................................... 39 Figura 3. 16 Sequencia da fixao das malhas a aplicao do revestimento............... 40 Figura 3. 17 Galpo de armazenamento das paredinhas ............................................. 40 Figura 3. 18 Esquema construtivo das paredinhas Nuas ............................................. 41 Figura 3. 20 Esquema construtivo das paredinhas chapiscadas .................................. 41 Figura 3. 21 Esquema construtivo das paredinhas revestidas com argamassa de cimento, cal e areia ....................................................................................................... 42 Figura 3. 22 Esquema construtivo das paredinhas revestidas (com argamassa de cimento, cal e areia) e reforadas com malha................................................................. 42 Figura 3. 23 a) Entrada principal do LTH; b) local de construo e armazenamento. 43 Figura 3. 24 Croqui das Instalaes............................................................................. 44 Figura 3. 25 Prtico ..................................................................................................... 45 Figura 3. 26 Perfil metlico ......................................................................................... 45

  • v

    Figura 3. 27 Mecanismo de transporte ........................................................................ 46 Figura 3. 28 Mecanismo de giro .................................................................................. 47 Figura 3. 29 Macaco hidrulico. Vista frontal............................................................. 47 Figura 3. 30 Mecanismo de controle de carga............................................................. 48 Figura 3. 31 LVDT (model PY-2-F-050-S01M) Lin0,1%,curso de 10 mm a 50 mm e velocidade de deslocamento de at 10 m/s..................................................................... 49 Figura 3. 32 Imagem domodelo do relatrio gerado pelo softwere............................. 49 Figura 3. 33 Capeamento daq paredinha ..................................................................... 50 Figura 3. 34 Virada da paredinhanpara capeamento ................................................... 51 Figura 3. 35 Verificao do prumo aps a virada da paredinha .................................. 51 Figura 3. 36 Limpeza para preparar para capeamento aps virada ............................ 51 Figura 3. 37 Preparao para capeamento ................................................................... 52 Figura 3.38 Pintura de identificao das paredinhas ................................................... 52 Figura 4. 1 Sequencia da aplicao do revestimento................................................... 54 Figura 4. 2 Esquema do prtico................................................................................... 55 Figura 4. 3 Resultados da resisstncia das paredinhas sem revestimento ................... 56 Figura 4. 4 Resultados da resisstncia das paredinhas com chapisco ......................... 57 Figura 4. 5 Resultados da resisstncia das paredinhas com revestimento (Trao 1:2:9, espessura 3,0 cm)............................................................................................................ 58 Figura 4. 6 Resultados da resisstncia das paredinhas com revestimento (Trao 1:1:6, espessura 3,0 cm)............................................................................................................ 59 Figura 4. 7 Resultados da resisstncia das paredinhas com revestimento (Trao 1:2:9, espessura 1,5 cm)............................................................................................................ 60 Figura 4. 8 Resultados da resisstncia das paredinhas com revestimento (Trao 1:0,5:4,5, espessura 3,0 cm) ........................................................................................... 61 Figura 4. 9 Resultados da resisstncia das paredinhas com revestimento (Trao 1:1:6, espessura 3,0 cm)............................................................................................................ 62 Figura 4. 10 - Resultados da resisstncia das paredinhas com revestimento (Trao 1:2:9, espessura 1,0 cm, reforada) .......................................................................................... 63 Figura 4. 11 - Resultados da resisstncia das paredinhas com revestimento (Trao 1:16, espessura 3,0 cm, reforada) .......................................................................................... 64 Figura 4. 9 - Resultados da resisstncia das paredinhas com revestimento (Trao 1:2:9, espessura 3,0 cm)............................................................................................................ 66 Figura 5. 1 Influncia do chapisco............................................................................... 68 Figura 5. 2 Influncia do trao..................................................................................... 68 Figura 5. 3 Infuncia da espessura do revestimento..................................................... 69 Figura 5. 4 Influncia do aditivo no revestimento....................................................... 69 Figura 5. 5 Influncia do revestimento com reporo nos traos 1:2:9 e 1:1:6, com espessura de 3,0 cm ........................................................................................................ 70 Figura 5. 6 Influncia do reporo nos paredinhas com espessura do revestimento 1,5 cm e 3,0 cm, no trao 1:2:9 ............................................................................................ 71 Figura 5. 7 Forma de ruptura das paredinhas sem revestimento ................................. 71 Figura 5. 8 Forma de ruptura das paredinhas chapiscada............................................ 72 Figura 5. 9 Forma de ruptura das paredinhas revestidas, com espessura de 3,0 cm ... 72 Figura 5. 10 Forma de ruptura das paredinhas revestidas, com espessura de 1,5 cm . 73 Figura 5. 11 Forma de ruptura das paredinhas revestidas, com espessura de 3,0 cm . 74 Figura 5. 12 Forma de ruptura das paredinhas revestidas, com espessura de 3,0 cm . 74 Figura 5. 13 Forma de ruptura das paredinhas revestidas, com espessura de 21 cm .. 75

  • vi

    Figura 5. 14 Forma de ruptura das paredinhas revestidas, com espessura de 21 cm .. 75 Figura 5. 15 Forma de ruptura das paredinhas revestidas, com espessura de 18 cm .. 76 Figura 5. 16 Paredinhas sem revestimento .................................................................. 76 Figura 5. 17 Paredinhas chapiscada............................................................................. 77 Figura 5. 18 Paredinhas com 1:1:6 e espessura de 3,0cm ........................................... 77 Figura 5. 19 Paredinhas com 1:2:9 e espessura de 1,5cm ........................................... 78 Figura 5. 20 Paredinhas com 1:2:9 e espessura de 3,0cm ........................................... 78 Figura 5. 21 Paredinhas com 1:0,5:4,5 e espessura de 3,0cm ..................................... 79 Figura 5. 22 Paredinhas com 1:2:9 e espessura de 3,0 cm, com aditivo ..................... 79 Figura 5. 23 Paredinhas com 1:1:6 e espessura de 3,0 cm, reforada ......................... 80 Figura 5. 24 Paredinhas com 1:2:9 e espessura de 1,5 cm, reforada ......................... 80 Figura 5. 25 Paredinhas com 1:2:9 e espessura de 3,0 cm, reforada .......................... 81

  • vii

    LISTA DE TABELA

    Tabela 2. 1 Revestimento de argamassa inorgnica - Classificao ............................. 9 Tabela 2. 2 Revestimento de argamassa........................................................................ 9 Tabela 2. 3 Materiais constituintes das argamassa de revestimento............................ 10 Tabela 2. 4 Argamassa destinada para alvenaria, ASTM - 270 .................................. 12 Tabela 2. 5 Traos especificados para argamassa de assentamento, ASTM............... 12 Tabela 2. 6 Traos espessifico para argamassa de revestimento................................. 12 Tabela 2. 7 Tipo de argamassa de revestimento.......................................................... 13 Tabela 3. 1 Caracterizao geomtrica blocos cermicos ........................................... 20 Tabela 3. 2 Determinao da massa e da absoro de gua ........................................ 22 Tabela 3. 3 - Resultado do ensaio de compresso dos blocos ........................................ 24 Tabela 3. 4 Determinao da composio granulumtrica da 1 Amostra.................. 25 Tabela 3. 5 - Determinao da composio granulumtrica da 2 Amostra................... 26 Tabela 3. 6 Caractersticas da areia natural. ................................................................ 28 Tabela 3. 7 Caractersticas do cimento CPII Z 32....................................................... 29 Tabela 3. 8 Caractersticas da cal CHI ........................................................................ 30 Tabela 3. 9 Resultado do ensaio compresso axial da argamassa no trao 1:2:9 ..... 32 Tabela 3. 10 - Resultado do ensaio compresso axial da argamassa no trao 1:1:6.... 32 Tabela 3. 11 - Resultado do ensaio compresso axial da argamassa no trao 1:0,5:4,5........................................................................................................................................ 33 Tabela 3. 12 Resultados das caractersticas da argamassa no estado fresco .............. 34 Tabela 3. 13 Composio das argamassas................................................................... 34 Tabela 3. 14 Sistema construtivo das paredinhas ........................................................ 35 Tabela 4. 1 Resultado das resistncias das paredinhas sem revestimento................... 56 Tabela 4. 2 - Resultado das resistncias das paredinhas com chapisco.......................... 57 Tabela 4. 3 - Resultado das resistncias das paredinhas (Trao 1:2:9, espessura 3,0 cm)........................................................................................................................................ 58 Tabela 4. 4 Resultado das resistncias das paredinhas (Trao 1:1:6, espessura 3,0 cm)........................................................................................................................................ 59 Tabela 4. 5 - Resultado das resistncias das paredinhas (Trao 1:2:9, espessura 1,5 cm)........................................................................................................................................ 60 Tabela 4. 6 - Resultado das resistncias das paredinhas (Trao 1:0,5:4,5, espessura 3,0 cm) .................................................................................................................................. 61 Tabela 4. 7 Resultado das resistncias das paredinhas (Trao 1:1:6, espessura 3,0 cm)........................................................................................................................................ 62 Tabela 4. 8 - Resultado das resistncias das paredinhas (Trao 1:2:9, espessura 1,5 cm, reforada)........................................................................................................................ 63 Tabela 4. 9 - Resultado das resistncias das paredinhas (Trao 1:1:6, espessura 3,0 cm, reforada)........................................................................................................................ 64 Tabela 4. 10 - Resultado das resistncias das paredinhas (Trao 1:2:9, espessura 3,0 cm, reforada)........................................................................................................................ 65

  • viii

    RESUMO

    As edificaes habitacionais em alvenaria resistente de at quatro pavimentos,

    conhecidas como prdios caixo, no atendem aos requisitos de estabilidade

    quando analisadas pelas formulaes de clculo aplicadas s alvenarias estruturais.

    A considerao do revestimento e dos contraventamentos das paredes entre si,

    explicam a estabilidade dessas edificaes. A dissertao apresenta os resultados de

    ensaios experimentais relativos influncia do trao e da espessura dos

    revestimentos, bem como da influncia de reforo com malhas de ao em

    revestimentos constitudos de argamassas mistas em paredinhas de alvenaria de

    blocos cermicos de vedao. So apresentados todo processo e equipamentos

    desenvolvidos para construo, transporte e execuo dos ensaios de paredinhas.

    Este trabalho faz parte de pesquisa envolvendo a UFPE, UNICAP, UPE, ITEP e a

    UFSC, financiada pela FINEP-HABITARE, que tem como objetivo desenvolver

    modelos e mtodos para recuperao de edifcios em alvenaria resistente. Foram

    ensaiadas paredinhas constituindo amostras contendo quinze rplicas cada, nos

    seguintes casos: paredinhas nuas, apenas chapiscadas, revestidas com argamassas

    mistas nos traos 1:2:9 e 1:1:6, com espessuras de 2 cm e 3 cm, constitudas de

    cimento, cal e areia e argamassa armada com telas soldadas por eletrofuso. Os

    resultados mostram a influncia do trao da argamassa e da espessura da capa de

    revestimento na resistncia compresso de paredinhas e os respectivos modos de

    ruptura. J a utilizao do reforo com tela de ao incorporada ao revestimento

    aumenta a resistncia compresso e modifica a forma de ruptura das paredinhas

    Palavras Chave: alvenaria resistente, revestimento argamassado, capacidade

    resistente, paredinhas em alvenaria

  • ix

    ABSTRACT

    The habitational constructions in resistant masonry of up to four pavements, known as

    coffin buildings, do not attend the requirements of stability when analyzed by the

    applied calculation formulations to the structural masonries. The consideration of the

    covering and of the braced domes of the walls amongst themselves, explain the stability

    of those constructions. This dissertation presents the results of relative experimental

    tests to the influence of composition and thickness of the coverings, as well as of the

    reinforcement influence with meshes of steel in constituted coverings of mixed mortars

    in walls of masonry of luting ceramic blocks. Here are presented every process and

    equipments developed for construction, transport and execution of the samples of walls.

    This work is part ofa research involving the UFPE, UNICAP, UPE, ITEP and UFSC,

    financed by FINEP-HABITARE, whose as objective is the development develops of

    models and methods for recovery buildings made of resistant masonry. Walls were

    tested constituting samples containing fifteen replicas each, in the following cases: nude

    walls, just slurry mortars, covered with mixed mortars in the lines 1:2:9 and 1:1:6, with

    thickness of 2 cm and 3 cm, constituted of cement, whitewash and sand and ferrocement

    with screens welded by electrofusion. The results show the influence of the line and the

    thickness in the covering layer in the resistance to the compression of walls and the

    respective rupture manners. Already the use of the compressive reinforcement with

    incorporate steel screen to the covering increases the resistance to the compression and

    modifies the rupture form of the walls

    Key Words: resistant masonry, cemented covering, resistant capacity, masonry walls

  • CAPTULO 1

    INTRODUO

    1.1 CONSIDERAES INICIAIS

    Na Regio Metropolitana do Recife, h uma tradio de se construir edifcios em

    alvenarias resistentes. Entende-se aqui por alvenaria resistente, a alvenaria estrutural

    empregada de forma emprica, onde os componentes no tm controle tecnolgico

    adequado, no so utilizados os conceitos de modulao e no se tem racionalizao do

    processo construtivo.

    Esse tipo de construo teve grande impulso a partir da dcada de 70 , quando se

    passou a construir, em larga escala, edifcios populares com at quatro pavimentos,

    financiada pelo BNH (Banco Nacional de Habitao), atravs das COHABs e

    INOCOOPs. No incio, os edifcios eram construdos sobre pilotis, a partir de uma

    grelha em concreto armado, a estrutura dos apartamentos eram erguidas, em alvenarias

    portantes, que possuam reas prximas de 100 m2. Foram largamente empregados

    blocos cermicos ou de concreto destinados a vedao, com funo estrutural.

    A falncia dessa prtica construtiva foi provocada pelas crises financeiras

    sucessivas que o pas enfrentou. A partir dos anos 80, com o processo inflacionrio

    existente e com a deteriorao dos salrios, para viabilizar a comercializao, as reas

    das unidades habitacionais foram sucessivamente reduzidas, atingindo cerca de 50 m2

    de rea interna construda, Para maior aproveitamento dos terrenos, o pavimento trreo

    passou tambm a ser ocupado por unidades residenciais. Essas construes passaram a

    nascer das fundaes, com uma tipologia em forma de caixa, resultando os

    denominados prdios caixo.

    Os edifcios tipo caixo, foram originados por aspectos sociais, polticos e

    econmicos. Nesse processo de degenerao da qualidade estimase hoje que foram

    construdos o equivalente a cerca de 6.000 prdios, com at quatro pavimentos. Nesses

    edifcios, habitam cerca de 240.000 pessoas, correspondendo a aproximadamente 10%

    da populao da Regio Metropolitana do Recife, OLIVEIRA (2004).

  • 2

    A prtica da construo de edifcios em alvenaria resistente foi largamente

    utilizada, por ser adequada para a regio, em virtude da existncia de considerveis

    jazidas da matria prima necessria para a produo dos tijolos e blocos constituintes

    deste tipo de construes.

    Nestas construes os principais materiais utilizados no apresentam os padres

    de desempenho necessrios. Sabe-se que estas edificaes no se fundamentaram em

    uma tecnologia com embasamento cientifico e no tem normas tcnicas especificas para

    este processo construtivo.

    As paredes funcionam como elementos estruturais da edificao recebendo as

    cargas das lajes e transmitindo-as aos elementos de fundao, sem necessariamente

    existir outros elementos distribuidores das tenses. Em sua maioria, toda esta estrutura

    composta basicamente de blocos cermicos ou de concreto, originalmente

    confeccionados com funo de vedao, sem qualquer base cientfica ou conhecimento

    tcnico que garanta condies de segurana devido ao pouco conhecimento do

    comportamento destas estruturas.

    Outro agravante a falta de estabilidade dessas edificaes e a desinformao dos

    proprietrios, que na sua maioria so pessoas de baixa renda. Modificam a estrutura dos

    seus imveis, muitas vezes retirando ou fazendo rasgos diminuindo a seo das paredes

    para passagem de instalaes embutidas, que contrariam o principio bsico do sistema

    de alvenaria estrutural. Essas modificaes podem vir a criar tenses elevadas de flexo

    causando, assim, problemas de instabilidade.

    Para se avaliar as condies de um edifcio destes necessrio que se leve em

    conta todos os fatores que de alguma forma contribuem para a sua estabilidade e ou

    durabilidade. Como o caso dos materiais utilizados que apresentam qualidade inferior

    aos padres de desempenho necessrios, agravados pela retirada de elementos

    estruturais, como forma de reduo de custo da edificao, e, como conseqncia,

    resulta numa estrutura que, no decorrer do tempo, apresenta patologias e que vem

    apresentando casos de acidentes.

    Um dos primeiros casos de acidentes com edifcios construdos com essa tcnica

    ocorreu na Regio Metropolitana do Recife, em maro de 1994, ruiu ainda na fase de

    construo, um dos blocos do Conjunto Residencial Bosque das Madeiras, localizado no

    Bairro do Engenho do Meio, na cidade do Recife.

    A edificao era singela em blocos cermicos e sua fundao em caixo perdido,

    neste acidente no ocorreu vtimas, segundo laudo tcnico dado pelo Conselho Regional

  • 3

    de Engenharia e Arquitetura de Pernambuco (CREA- PE) o que provocou a runa foi a

    execuo de rasgos horizontal para passagem dos eletrodutos em toda a parede

    divisria, que pode ser observado na figura 1.1a.

    O edifcio Aquarela, localizado no bairro de Piedade, na cidade de Jaboato do

    Guararapes. Esse desabamento ocorreu em 1997, no deixando vtimas, especialmente

    porque foi constatada, com antecipao, a ruptura parcial da fundao e por terem sido

    empregadas cintas de amarrao nos nveis dos pavimentos.

    A estrutura da edificao era constituda de alvenaria singela de blocos cermicos,

    a sua fundao em caixo perdido. O laudo de avaliao foi realizado pelo CREA-PE,

    concluram que a causa da runa foi perda de resistncia dos blocos da fundao

    devido expanso por umidade (EPU), ver figura 1.1b.

    O Edifcio rika e o Bloco B do conjunto Enseada do Serrambi desabaram em

    1999, o primeiro em novembro deixando 5 vtimas fatais e o segundo em dezembro do

    mesmo ano, deixando 7 vtimas fatais, ambos localizados na cidade de Olinda.

    A estrutura do edifcio rica era constituda de alvenaria mista de blocos

    cermicos e de concreto, a fundao executada em caixo perdido. Segundo o laudo

    realizado pela Coordenao de Defesa Civil de Pernambuco (CODECIPE) a ruina se

    deu pela perda de resistncia dos blocos devido degradao produzida pela ao dos

    ons de sulfatos sobre os componentes cimentcios. A forma de runa pode ser visto na

    figura 1.1c.

    J o bloco do Conjunto Enseada de Serrambi era constitudo de alvenaria de

    blocos cermicos e a fundao como os demais citados, o caixo tambm era vazio. O

    laudo ta CODECIPE concluiu que a principal causa da runa foi falha dos blocos da

    fundao.

    Em maio de 2001 no bairro de Candeias na cidade de Jaboato dos Guararapes,

    foi vez do Edifcio Iju ruir e, graas constatao antecipada da ruptura parcial da

    fundao e no deixou vtimas.

  • 4

    a) b) c)

    Figura 1.1: Edf. Bosque das Madeiras (Recife) (a), Edf. Aquarela (b) e Edf rika (c) (Jaboato dos Guararapes) aps os acidentes.

    Essa edificao tambm construda em alvenaria resistente era constituda de blocos de

    concreto e fundao em caixo perdido. O laudo de avaliao do desabamento foi realizado

    pela Prefeitura do Municpio de Jaboato dos Guararapes com o apoio de entidades como

    ITEP, CODECIPE e CREA.

    Aps a ocorrncia de vrios acidentes com esse tipo de construo, muitas outras

    edificaes apresentaram srios problemas de estabilidade, mostrando a deficincia deste

    sistema construtivo e chamando a ateno da comunidade tcnica local no sentido de avaliar

    as causas que contriburam para os problemas e buscar soluo para evitar novos acidentes.

    Foi pensando em reabilitao desses edifcios que a UFPE, UNICAP, UPE, ITEP e a

    UFSC, financiada pela FINEP-HABITARE, se associaram com o propsito de desenvolver

    pesquisas no sentido de criar modelos e mtodos para recuperao de edifcios construdos

    com alvenaria resistente.

    1.2 OBJETIVO

    O presente trabalho tem como objetivos:

    analisar a influncia dos revestimentos na resistncia compresso axial das

    paredinhas confeccionadas com blocos cermicos de vedao, com diversos tipos de

    espessura e traos. Esta contribuio do revestimento explica a estabilidade dos

    edifcios que se encontra em uso.

    analisar a contribuio de argamassa armada sobreposta ao revestimento existente,

    com vistas recuperao destas edificaes.

  • 5

    1.3 METODOLOGIA

    Com o objetivo de analisar as influncias da argamassa de revestimento na resistncia

    compresso e as formas de rupturas das paredinhas, foram confeccionadas 155 paredinhas

    em dez situaes de paredinhas revestidas ou no:

    paredinhas sem revestimento;

    paredinha com chapisco com trao 1:3 (cimento: areia);

    paredinhas com argamassa no trao 1:2:9 (cimento : cal : areia) nas espessuras de 1,5

    e 3,0 cm;

    paredinhas com argamassa com trao 1:1:6 na espessura de 3,0cm;

    paredinhas com trao de 1:1:6 de espessura de 3,5 com aditivo a base de PVA;

    paredinhas reforadas com malha Pop de dimenses 10x10 cm2 e dimetro 4,2 mm.

    com trao 1:2:9 na espessuras de 1,5 e 3,0 cm; e, por fim,

    paredinhas com trao 1:1:6 com espessura 3,0cm tambm reforadas com malha Pop

    de dimenses 10x10 cm2 e dimetro 4,2 mm.

    Na confeco das paredinhas foi utilizada a argamassa mista de cimento, cal e areia, que

    devido a sua homogenidade garante resultados mais precisos do que as argamassas com

    saibro, apesar de no ter sido a mais empregada na regio metropolitana do Recife.

    Foi determinado que o nmero mnimo de rplicas fossem 12 exemplares, por ser esse o

    numero necessrias para assegurar um nvel de significao superior ou igual a 95%.

    Prevendo-se perdas eventuais devido s dificuldades de transporte e armazenamento,

    resolveu-se que seriam confeccionadas 15 rplicas para cada tipo de paredinha, NERY

    (2006).

    1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAO

    CAPTULO 1 Introduo Contm conceitos bsicos, descrio da metodologia

    empregada e apresenta a estrutura da dissertao.

    CAPTULO 2 Metodologia Ser descrita a metodologia empregada nos

    experimentos.

    CAPTULO 3 Caracterizao dos materiais, componentes e paredinhas Neste

    captulo constam todos os experimentos realizados para caracterizao dos materiais, a

    forma de execuo das paredinhas, os equipamentos utilizados, bem como a descrio da

  • 6

    estrutura do laboratrio onde foram desenvolvidos os ensaios das paredinhas e apresentao

    os resultados obtidos nos ensaios e algumas observaes pertinentes.

    CAPTULO 4 Anlise dos resultados, e interpretao dos resultados.

    CAPTULO 5 Concluses e sugestes So apresentadas as concluses e

    efetuadas sugestes para futuras pesquisas.

  • 7

    CAPTULO 2

    REVISO BIBLIOGRFICA

    2.1 ALVENARIA RESISTENTE

    Nos ltimos tempos os olhos esto voltados para os aspectos relacionados

    durabilidade e manuteno das obras civis, com um sensvel desenvolvimento nas

    tecnologias destinadas soluo de problemas de peas deterioradas, danificadas ou que

    perderam a sua funo para o que foi projetada.

    reas esto se desenvolvendo como a Patologia e a Terapia das construes, no

    sentido de corrigir problemas patolgicos, indicando fatores que os provocaram e os

    procedimentos e tcnicas mais adequadas para super-los.

    A recuperao de construes em alvenaria vem sendo estudada sistematicamente a

    partir da dcada de 60, A exemplo de C.S.T.C.(1967) e PFEFFERMANN (1968), que

    publicam um trabalho sobre o que deve ser feito para evitar e tratar de problemas

    patolgicos como trincas e fissuras.

    As paredes de alvenaria apresentam geralmente um bom comportamento

    compresso, o que no ocorre com as solicitaes de trao, flexo e cisalhamento, da o

    grande surgimento de fissuras. Como as alvenarias so muito susceptveis s distores e

    deformaes excessivas, exigem cuidados como: projeto de fundao, execuo e clculo da

    estrutura bem elaborado.

    Quando as alvenarias no so dimensionadas para suportar as flechas instantneas ou

    provenientes da deformao lenta da estrutura as fissuras se desenvolvem. Este no o

    nico motivo que leva uma estrutura de alvenaria a fissurar. H outros fatores como:

    dimenses dos blocos, tipo de junta, caractersticas do material de assentamento, dimenses

    e localizaes dos vos nas parede, etc..

    O aparecimento de trincas indica um estado de deformao excessiva dos elementos

    estruturais e comprometimento da durabilidade e/ou estanqueidade gua.

    THOMAZ (1989), cita diversos fatores que influem no comportamento mecnico das

    paredes de alvenaria, tais como: geometria, rugosidade superficial e porosidade do

    componente de alvenaria; ndice de retrao, aderncia e reteno de gua da argamassa de

    assentamento; esbeltez, eventuais presena de armaduaras, nmero e disposio das paredes

  • 8

    contraventantes; amarraes, cintamentos, disposies e tamanho do vo de porta e janelas e

    enfraquecimento provocado pelo embutimento de tubulaes, rigidez dos elementos de

    fundao, geometria da edificao, e tantos outro fatores.

    Os materiais distintos com propriedades distintas, tambm podem vir a causar o

    aparecimento de fissuras. Devido aos blocos e a argamassa de assentamento possuir

    resistncia mecnica, modulo de deformao longitudinal, coeficiente de Poisson diferentes.

    O aparecimento de fissuras no revestimento argamassado, que este pode ocorrer em

    funo da amplitude de deformaes da base, no caso das alvenarias de vedao. Para o

    autor (SABBATINI,1998) no funo do revestimento absorver as deformaes de grande

    amplitude. sabido que na maioria das vezes as fissuras do revestimento ocorrem em

    virtude da prpria fissurao da alvenaria, LOGEAIS (1989).

    2.1.1 BLOCOS

    Os blocos so os componentes bsicos para qualquer alvenaria, seja de vedao ou

    estrutural.

    O formato do bloco um fator importante, pois no caso de blocos assentados com

    furos na horizontal a ruptura se d de forma brusca, o que no ocorre com furos na vertical.

    A prpria NBR 7171 blocos cermicos para alvenaria especificao (ABNT,1998)

    reprova o uso desses blocos com funo estrutural.

    Quanto mais uniforme e maior a resistncia mdia das unidades, maior a resistncia

    dos elementos (parede).

    A geometria das unidades e a quantidade de juntas tambm influem na resistncia da

    estrutura. Quanto maior a altura do bloco, menor a quantidade de juntas, maior a resistncia

    da parede. A falta de uniformizao das dimenses dos blocos, diminui ainda mais a

    resistncia final das paredes, j que exigem juntas de dimenses diferentes, provocando

    tenses adicionais.

    A qualidade dos blocos de extrema importncia, pois ao longo dos anos o material

    tanto cermico quanto de concreto apresentam queda de qualidade. No que diz respeito aos

    blocos cermicos o mau cozimento, permite a degradao muitas vezes pela presena de

    gua.

  • 9

    Na regio metropolitana do Recife, os blocos mais utilizados foram os cermicos,

    que so constitudos de argila, destinados a vedao e utilizados como estrutural. So

    assentados com furo na horizontal.

    2.1.2 ARGAMASSA

    A NBR-7200 define argamassa inorgnica o material composto pela mistura

    homognea de aglomerantes e agregados com gua, com ou sem aditivos e adies, com

    propriedades de aderncia e endurecimento. Destaca-se a utilizao de argamassas composta

    por: areia natural lavada, cimento Portland como aglomerante e saibro ou cal hidratada. As

    Tabelas 2.1, 2.2 e 2.3 apresentam os revestimentos de argamassas inorgnicas, sua

    classificao, tipos e materiais constituintes.

    Tabela 2.1 Revestimento de argamassa inorgnicas Classificao

    Tipo Critrio de Classificao

    Revestimento de camada nica e duas camadas Nmero de camadas aplicadas Revestimento em contato com o solo externo e

    interno Ambiente de exposio

    Revestimento comum Revestimento hidrofugo

    Revestimento de permeabilidade reduzida Comportamento a umidade

    Revestimento de proteo radiolgica Compartamento a radiaes Revestimento termoisolante Comportamento ao calor

    Camurado, chapiscado, desempenado,sarrafiado, imitao de travertino, lavado e raspado

    Acabamento de superfcie

    Fonte: CINCOTTO; SILVA & CASCUDO (1995)

    Tabela 2.2 Revestimento de argamassa Tipo Critrio de avaliao

    Argamassa area e hidrulica Natureza do aglomerante Argamassa de cal, cimento e cimento de cal Tipo do aglomerante

    Argamassa simples e mista Nmero de aglomerantes

    Argamassa aditivada, colante, de aderncia melhorada, hidrofugada, de proteo radiolgica,

    redutora de permeabilidade e termoisolante Propriedades especficas

    Chapisco, emboo e reboco Funo no revestimento

    Argamassa dosada em central, preparada em obra, industrializada e mistura semi-pronta

    Forma de preparo ou fornecimento

    Fonte: CINCOTTO; SILVA & CASCUDO (1995)

  • 10

    Tabela 2.3 Materiais constituintes das argamassas de revestimento Cal hidratada, virgem, cimento Portland cinza e

    branco Aglomerantes

    Agregado mido e leve Agregados Filito cermico, material pozolmico, p calcrio,

    saibro e solo fino

    Solo fino beneficiado

    Adies

    Redutores de permeabilidade, retentores e incorporadores de gua e hidrofurgantes

    Aditivos

    gua de amassamento gua Fonte: CINCOTTO; SILVA & CASCUDO (1995)

    As argamassas mistas de cal so largamente utilizadas para emboo, reboco e

    assentamento de alvenarias, devido sua plasticidade, reteno de gua, incremento da

    resistncia, elasticidade e acabamento regular. Nos trabalhos de THOMAZ (2001) e

    CARNEIRO & CINCOTTO (1995), so atribudas cal a capacidade de acomodar as

    movimentaes entre o revestimento e as alvenarias. O mdulo de deformao deve ser

    decrescente das camadas internas para as externas, evitando-se assim movimentaes

    diferenciadas entre o substrato e o revestimento. QUARCIONI & CINCOTTO (2005)

    atribui tambm cal a parcela de incremento da plasticidade e reteno da gua no estado

    fresco, fundamentalmente pela sua finura e acomodao das deformaes no estado

    endurecido, inclusive contribuindo para um menor estado de fissurao.

    So relevantes os seguintes requisitos no estado fresco: consistncia, coeso,

    plasticidade, reteno de gua, trabalhabilidade e adeso inicial. No estado endurecido:

    resistncia mecnica, ao fogo, ao ataque de sulfatos, ao congelamento, deformabilidade.

    retrao, aderncia, permeabilidade, condutibilidade trmica e durabilidade. Deve-se

    destacar o gerenciamento do preparo do substrato, tendo em vista ser essa etapa fundamental

    para o desempenho do conjunto argamassa/substrato, fundamentalmente a aderncia.

    SCARTEZINI & CARASEK (2003), verificaram que o preparo do substrato com

    aplicao por asperso de soluo de cal aumenta em at 20% a resistncia mdia da

    aderncia das argamassas em substratos de blocos cermicos, com relao s mesmas

    alvenarias chapiscadas, e 35% com relao a substratos no preparados. A Figura 2.1 mostra

    resultados mdios de resistncia de aderncia das argamassas de revestimento de substratos

    e preparos distintos.

  • 11

    0,14

    0,35

    0,14

    0,38

    0,17

    0,32

    0,19

    0,41

    0

    0,05

    0,1

    0,15

    0,2

    0,25

    0,3

    0,35

    0,4

    0,45Resistncias da Aderncias

    (MPa)

    Sem preparo Umedecido Chapiscada Soluo de cal

    Bloco cermico Blocos de concreto

    Figura 2.1 Resultado Mdios Resistncia de Aderncia dos Revestimento, SCARTEZINI

    & CARASEK, 2003.

    A importncia da aplicao do chapisco em alvenaria de blocos cermicos citada

    por CANDIA & FRANCO (1998), devido a melhoria da rugosidade superficial bem como

    aumento do IRA (taxa de absoro inicial) em mais de duas vezes, aumentando assim

    principais caractersticas dos substratos que influem na resistncia de aderncia.

    SILVA & LIBRIO (2005), verifica que na interface chapisco/argamassa, forma-se

    uma concentrao de clcio originado da dissoluo do hidrxido de clcio, decorrente da

    movimentao de gua provocada pelo substrato. Com isso, os ons de clcio so

    transportados para o interior dos poros, precipitando-se nos vazios da superfcie do chapisco,

    em forma de hidratos, gerando a aderncia.

    Na norma brasileira no traz referncia a trao de argamassa de revestimento logo

    adotado para tanto as recomendaes da norma americana, ASTM C 270-82, que indica

    quatro tipos de argamassa para alvenaria estrutural ou de vedao. Tabela 2.4 traz os traos

    indicado pela ASTM, a 2.5 e 2,6 indica os traos especficos para argamassa de

    assentamento e revestimento.

  • 12

    Tabela 2.4 Argamassa destinada para alvenarias, ASTM C-270

    TIPO DE ARGAMASSA POSIO DA

    ALVENARIA FUNO

    Recomendada Alternativa

    Exterior; de elevao

    Portante; no portante e parapeitos

    N; O e N S ou M; N ou S

    e S

    Fundaes Muro de arrimo Poos - galerias

    Calamentos

    Exterior; no nvel ou

    abaixo do nvel do solo

    Passeios - Ptios

    S M ou N

    Portante N S ou M Interior

    No Portante O N ou S

    Fonte: FIORITO (1994)

    Tabela 2.5 Traos especificados para argamassa de assentamento, ASTM

    Trao em volume Tipo de Argamassa

    Cimento Cal Hidratada Areia

    Resistncia mdia aos 28 dias (Mpa)

    M 1 0,25 2,8 a 3,8 17,2 S 1 0,25 a 0,5 2,8 a 4,5 12,4 N 1 0,5 a 1,25 3,4 a 6,8 5,2 O 1 1,25 a 2,5 5,0 a 10,5 2,4 K 1 2,5 a 4,0 7,9 a 15,0 0,5

    Fonte: THOMAZ (2001)

    Tabela 2.6 Traos especificados para argamassa de revestimento

    Consumo de aglomerante (Kg/m)

    Trao em volume (cimento:cal:areia)

    Cal

    Camada Caractersticas

    Cimento Hidratada

    -

    Chapisco Argamassa

    simples (500 a 600 Kg/m)

    500 / 600 - 1:0:(2,1 a 2,8)

    Emboo e reboco

    Argamassa mista (350 a 450

    e 250 a 350 Kg/m)

    200 / 350 e 100 / 250

    100 / 150 e 50 / 150

    1:(0,5 a 1,3):(4,0 a 8,3) e 1:(0,4 a 2,7):(6,4 a 16)

    Fonte: THOMAZ (2001)

    Podem-se observar diversas propriedades das argamassas para assentamento e

    revestimento nas alvenarias, que tem o objetivo de satisfazer fatores de desempenho e a

    durabilidade. Na tabela 2.6 logo abaixo, encontra-se o tipo de argamassa de revestimento.

  • 13

    Tabela 2.7 Tipos de argamassa de revestimento

    M E R U C Tipo de

    argamassa Massa especfica (kg/m)

    Mdulo de elasticidade (Mpa)

    Resistncia trao (Mpa)

    Reteno de gua (%)

    Capilaridade(g/dm.min)

    1 < 1.200 < 5.000 < 1,5 < 78 < 1,5 2 1.000 a 1.400 3.500 a 7.000 1,0 a 2,0 72 a 85 1,5 a 2,5 3 1.200 a 1.600 5.000 a 10.000 1,5 a 2,7 80 a 90 2,0 a 4,0 4 1.400 a 1.800 7.500 a 14.000 2,0 a 3,5 86 a 94 3,0 a 7,0 5 1.600 a 2.000 12.000 a 20.000 2,5 a 4,0 91 a 97 5,0 a 12,0 6 > 1.800 > 16.000 > 3,0 95 a 100 > 10,0

    Fonte: CSTB apud THOMAZ (2001)

    As caractersticas das argamassas de assentamento cumprem um papel fundamental

    na transmisso das tenses e na deformabilidade das paredes.

    A escolha do trao tambm um fator que influncia na resistncia, pois dele

    depende parte das caractersticas da resistncia e da deformabilidade. No Recife, regio

    escolhida como objeto deste estudo, apresenta agregado (areia) proveniente de leitos de rio,

    de granulometria mdia.

    Fatores como perturbao e ritmo de construo tambm influenciam na resistncia

    final das paredes. Por isso, importante que se tenha cuidado com a perturbao das

    unidades depois de assentadas, quando os pedreiros tentam corrigir alguns defeitos atravs

    de batidas, h reduo de resistncia e a integridade da parede. H influncia tambm do

    ritmo da construo. Quando se constri em um ritmo muito acelerado pode ser assentado

    um nmero de fiadas excessiva sobre juntas de argamassa que ainda no adquiriram

    resistncia suficiente provocando microfissuras e diminuindo a resistncia final da parede.

    Outro fator importante so as paredes construdas fora de prumo ou desalinhadas

    entre pavimentos. Provocam o surgimento de esforos adicionais (cargas excntricas) que

    diminuem significantemente a resistncia final.

    2.1.3 CIMENTO

    Particularmente em substratos de blocos cermicos, h um incremento de aderncia

    de acordo com o aumento do teor de cimento. Um elevado teor de cimento presente nas

    argamassas pode produze revestimentos rgidos que podem fissurar e, ao longo do tempo,

  • 14

    perder aderncia. Apresentam inicialmente maior resistncia de aderncia, CARASEK

    (1997) e PRADO ROCHA & PEREIRA DE OLIVEIRA (1999), podendo no ocorrer o

    mesmo incremento com a variao da relao gua/cimento.

    Na cura um fator importante a temperatura na formao das fases de hidratao dos

    aglomerantes.

    2.1.4 CAL

    A cal possui uma elevada finura, sendo importante por sua propriedade plstica,

    reteno de gua, preenchimento dos vazios do substrato (extenso de aderncia) e maior

    durabilidade decorrente da carbonatao processada ao longo do tempo.

    Este material propicia maior coeso entre as partculas slidas quando se aumenta a

    viscosidade da pasta com a substituio gradativa do cimento pela cal, mantendo-se a

    mesma relao gua/cimento.

    A cal fornece argamassa mista uma melhor trabalhabilidade; reteno de gua,

    propiciando o tempo adequado hidratao necessria do cimento; aumento da resistncia

    mecnica, por ter menos vazios devido a sua pozolanicidade. Alm disso, diminui o mdulo

    de elasticidade, melhorando a capacidade de deformao e aumenta a capacidade de

    aderncia da pasta no substrato, OLIVEIRA (2004).

    2.1.5 AREIA

    Atribui-se a esse material a responsabilidade do esqueleto indeformvel da massa,

    reduzindo a retrao e, consequentemente, contribuindo para a elevao da durabilidade da

    aderncia. Vale destacar que uma areia com granulometria contnua tem maior aderncia,

    O desempenho da aderncia influenciado tambm pela areia utilizada na produo

    da argamassa, pois, com o incremento de sua adio, h reduo a aderncia. As areias mais

    grossas no contribuem para uma elevada extenso de aderncia, na medida em que

    prejudica a plasticidade e a aplicao, CINCOTTO; SILVA & CASCUDO, (1995).

    SCARTEZINI & CARASEK (2003), verificaram a influncia positiva na resistncia

    de aderncia devido ao aumento do tamanho dos gros. Possivelmente, a maior condio da

  • 15

    perda de gua da argamassa para o mesmo substrato, decorrente da menor quantidade de

    poros finos no interior da argamassa.

    Areias com alto teor de finos, ou seja, partculas inferiores a 0,075 mm, prejudicam a

    aderncia da argamassa, pois neste caso esse material pulverulento poder penetrar nos

    poros do substrato, tomando parte do espao fsico, dificultando assim a migrao da gua

    coloidal da argamassa que ancorar nesses poros, ou ainda reduzindo o dimetro dos poros

    mdios da argamassa. Assim a suco do substrato ser prejudicada, com base no princpio

    dos poros ativos do substrato, CARASEK; CASCUDO & SCARTEZINI (2001).

    2.1.6 GUA

    Para obter melhores resultados de aderncia, o contedo de gua das argamassas,

    deve ser o mximo possvel compatvel com a trabalhabilidade, garantindo a coeso e a

    adequada plasticidade da argamassa. Portanto, manter uma relao gua/cimento baixa nas

    argamassas, diferentemente do concreto. Quando a argamassa no estado fresco entra em

    contato com o substrato poroso, tende a perder rapidamente gua por suco.

    2.1.7 IMPORTNCIA DO SUBSTRATO

    As caractersticas dos substratos influenciam na aderncia da argamassa. A

    rugosidade superficial, absoro e a suco inicial de gua dissipada das argamassas tornam-

    se aspectos fundamentais para a aderncia do sistema argamassa-base, CARASEK;

    CASCUDO & SCARTEZINI (2001).

    2.2 REABILITAO ESTRUTURAL

    So vrias as situaes que podem provocar danos e at mesmo o colapso das

    estruturas.

    O uso de materiais de baixa qualidade, a ausncia de controle tecnolgico, as

    tcnicas incorretas de construo e as concepes errneas de projeto so fatores que podem

  • 16

    provocar desastres e patologias nas construes (BARROS e PARSEKIAN (2002), KIST e

    DUARTE (2002), OLIVEIRA e HANAI (2002), SOBRINHO e MELO (2002).

    Outros fatores de grande comprometimento do bom funcionamento estrutural esto

    relacionados aos recalques das fundaes, HOLANDA JNIOR (2002). Alm disso, a

    inadequao, ou modificao da funo original da edificao pode causar o seu

    comprometimento estrutural.

    A fadiga dos elementos estruturais e a deteriorao dos materiais, por falta de

    manuteno ou solicitao no prevista em projeto, provocadas pelas cargas de vento,

    variaes de temperatura e as agresses e reaes qumicas acumulam danos ao longo do

    tempo e provocam a perda da capacidade estrutural do sistema.

    Diversas pesquisas experimentais tm sido realizadas sobre o reforo de elementos

    estruturais de concreto armado, FIORELLI (2002), BARROS e FORTES, (2002),

    LORENZIS (2001). Experimentalmente, obtm-se o acrscimo da capacidade de carga

    agregada ao elemento estrutural atravs das aplicaes de determinada tcnica de reforo.

    Mas, ainda so escassos os estudos sobre o comportamento mecnico de estruturas

    deterioradas e danificadas, aps o seu tratamento com alguma tcnica de reforo, que visam

    restituir estrutura danificada a sua capacidade resistente projetada para servio, ou o mais

    prximo dela, de modo a torn-la apta sua funo original.

    A alvenaria estrutural um elemento construtivo que possui caractersticas

    singulares. Ao mesmo tempo em que a alvenaria funciona como elemento de vedao,

    possui a responsabilidade de suportar cargas.

    Danos prematuros em estruturas so provocados por esforos para os quais a

    estrutura no possui capacidade para suport-los. Sendo assim, necessrio entender o

    comportamento mecnico da estrutura, bem como o seu mecanismo tpico de ruptura para

    que tais danos possam ser evitados ou, se for o caso, reparados.

    O comportamento mecnico dos diferentes tipos de alvenaria tem, geralmente, uma

    caracterstica em comum: uma baixa resistncia trao. Alm disso, a alvenaria, como um

    todo, possui baixa ductilidade com conseqente modo de ruptura frgil.

    Normalmente, quando a alvenaria no-armada solicitada a esforos de

    cisalhamento e flexo acima da sua resistncia, o seu comportamento mecnico pode

    resultar em danos estruturais, ou estticos, principalmente nos edifcios altos que apresentam

    uma geometria muito mais esbelta. Devido a esta caracterstica de baixa resistncia trao

    e aos mecanismos tpicos de ruptura, a engenharia estrutural tem adicionado alvenaria

    vrios tipos de reforos para superar tal deficincia intrnseca. A alvenaria tambm exibe

  • 17

    propriedades direcionais distintas, sendo considerada como um material de comportamento

    ortotrpico. No entanto, devido s dificuldades de anlise da interao Alvenaria analisada

    como um material de comportamento isotrpico, por simplificao.

    Nos materiais frgeis, caso da alvenaria, as tenses e as fissuras iniciais, bem como

    as variaes de rigidez e resistncia interna, causam o crescimento progressivo de fissuras,

    quando o material submetido a deformaes progressivas. Inicialmente, as micro-fissuras

    so instveis. Isto significa que elas crescem somente quando a carga aumentada. Ao redor

    da carga de pico uma acelerao na formao das fissuras nucleao - e a formao de

    macro-fissuras so iniciadas. Por outro lado, as macro-fissuras so instveis, isto significa

    que a carga tem que diminuir para se evitar um crescimento descontrolado, com conseqente

    ruptura, LOURENO (1998).

    Outra caracterstica norteadora do comportamento mecnico da alvenaria a baixa

    resistncia trao que existe nas interfaces entre a argamassa e os blocos. Deste modo, as

    interfaces so superfcies bastante suscetveis fissurao. Estas fissuras podem indicar uma

    movimentao estrutural que j se encontra estabilizada, ou pode sugerir at mesmo uma

    ruptura iminente. Por ser uma regio bastante sensvel e sujeita fissuraes, na maioria das

    vezes, estas fissuras indicam apenas uma acomodao estrutural, devido principalmente aos

    recalques admissveis de fundao.

    O mecanismo de ruptura da alvenaria inclui, portanto, ruptura por trao dos blocos e

    juntas, ruptura por cisalhamento das juntas e ruptura por compresso do composto.

  • 18

    CAPTULO 3

    CARACTERIZAO DOS MATERIAIS E COMPONENTES

    3.1 BLOCOS CERMICOS

    Os blocos cermicos utilizados so caracterizados como de vedao, vazados com

    8(oito) furos com dimenses nominais de 9cm x 19cm x 19cm. A figura 3.1 mostra a foto do

    tipo de blocos utilizados nos experimentos.

    Figura 3. 1 - Blocos cermicos de 8 furos

    A amostragem e os ensaios foram realizados segundo os procedimentos preconizados

    na norma ABNT NBR 15270/2005, onde os blocos, na quantidade indicada, foram retirados

    aleatoriamente de um lote para determinao de suas propriedades geomtricas, fsicas ou

    mecnicas.

    3.1.1 CARACTERIZAO GEOMTRICA:

    Na caracterizao geomtrica foram levados em conta as medidas das faces,

    espessuras dos septos e paredes externa dos blocos, desvio em relao ao esquadro (D),

    planeza das faces (F) e rea bruta (Ab) dos mesmos como especifica a NBR 15270-3/2007.

    Na figura 3.2a e 3.2b pode ser observado os desenhos esquemtico do bloco e na figura 3.3a,

    3.3b, 3.3c e 3.3d encontra-se todo o processo de medio.

    Os instrumentos utilizados foram: Paqumetros com sensibilidade mnima de

    0,05mm, esquadro metlico de 90 0,5 e balana com resoluo de at 10g. Os resultados

    esto na tabela 3.0.

  • 19

    a) b)

    Figura 3. 2 - Desenhos esquemtico dos blocos cermicos: a) Dimenses dos blocos; b) Medies das paredes externas e septos.

    a)

    b)

    c)

    d)

    Figura 3. 3 Detalhe do processo de caracterizao geomtrica blocos cermicos: a) Medio desvio em relao ao esquadro(D); b) Medio desvio em relao ao esquadro(D);

  • 20

    Tabela 3. 1 - Caracterizao geomtrica blocos cermicos CARACTERSTICAS GEOMETRICAS - NBR 15270-3/2005

    CP Largura (L)

    (mm) Altura (H) (mm)

    Comprimento (C)(mm)

    Esp. Septo (mm)

    Esp. Parede (mm)

    Desvio (D)(mm)

    Planeza (F)(mm)

    NBR 15270 90 190 190 e = 6 e = 6 3 3

    Tolerncias 5 ind 3 md

    5 ind 3 md

    5 ind 3 md

    mnima mnima mximo mxima

    1 88 189 190 6 7 3 0 2 87 187 189 7 7 6 0 3 88 188 191 7 7 0 0 4 89 190 190 6 7 0 0 5 89 188 190 7 7 5 0 6 89 190 191 7 7 2 0 7 88 188 188 6 7 0 0 8 88 188 189 7 7 2 0 9 88 189 190 7 7 2 0 10 88 186 189 7 7 2 0 11 88 190 191 7 7 0 0 12 89 187 191 7 7 0 0 13 89 185 186 7 7 2 0

    N.N.C 0 0 0 0 0 2 0 Mdia 88 188 190 X X X X

    Resultado A A A A A A A

    Tolerncias: Ver item 5 Requisitos Especficos - NBR 15270-1(Vedao)

    N.N.C. = Nmero de no-conformes, fora de especificao.

    Resultado: At 2 no-conformidade aceita ( A ) De 3 no-conformidades em diante rejeita ( C )

    3.1.2 CARACTERSTICAS FSICAS

    As caractersticas fsicas levados em considerao foram: a massa mida, o ndice de

    absoro dagua e o ndice de absoro inicial (IRA).

    Para tanto foi utilizado uma balana digital com preciso de 5g, estufa com

    temperatura ajustvel a (1055) C e recipiente de gua com capacidade suficiente para

    imergir os corpos de prova com dispositivo de aquecimento.

    Aps a limpeza e identificao, os blocos foram colocados em estufa a uma

    temperatura de 1055 C para o processo de secagem.

    3.1.2.1DETERMINAO DA MASSA MIDA DOS BLOCOS

    Apos a determinao da massa seca os blocos foram colocados dentro de um

    recipiente com gua no nvel suficiente para mant-los completamente imersos, o recipiente

  • 21

    foi aquecido gradativamente at que a gua entrasse em ebulio ficando assim por um

    perodo de 2h. Aps esse perodo os blocos ficaram resfriando em gua na temperatura

    ambiente depois foram colocados em uma bancada para que o excesso de gua escorre-se e a

    gua remanescente fosse retirada com um pano limpo e mido. A seguir, os blocos foram

    pesados para a obteno da massa mida.

    3.1.2.2 DETERMINAO DO NDICE DE ABSORO DE GUA

    Para a determinao do ndice de absoro de gua (AA) foi utilizada a seguinte expresso: ( ) ( )[ ] 100% = msmsmuAA

    onde mu e ms representam a massa mida e a massa seca de cada corpo-de-prova,

    respectivamente, expressas em gramas.

    Figura 3. 4 - Processo de secagem

    Figura 3. 5 - Processo de pesagem

  • 22

    Figura 3. 6 - Processo de cura aquecida

    Na tabela 3.2 que segue, tem-se os resultados da determinao da massa e da

    absoro de gua dos blocos .

    Tabela 3. 2 - Determinao da massa e da absoro de gua DETERMINAO DA MASSA E DA ABSORO DE GUA

    NBR 15270 - 3:2005

    CP 14 15 16 17 18 19

    Massa seca - Ms - (1g) 2.308,10 2.154,90 2.244,80 2.154,60 2.264,50 2.181,20

    Massa mida aps fervura Mu - (1g)

    2.607,50 2.370,00 2.497,50 2.341,40 2.549,90 2.463,00

    Absoro de gua (1%) = (Mu-Ms/Ms)x100

    13 10 11 9 13 13

    Nmero de no conformidade (fora da faixa de 8 a 22%)

    Resultado : (at 1 aceitar - 2 em diante rejeitar)

    3.1.2.3 DETERMINAO DO NDICE DE ABSORO INICIAL (IRA)

    A norma americana ASTM estabelece o mtodo de ensaio IRA, para determinao

    da absoro de gua inicial do bloco.

    O bloco aps 1 minuto imerso em uma lmina de gua, a uma profundidade de 3,6

    mm, verificado o grau de suco inicial. O bloco antes ser imerso foi pesado e colocado

    em estufa a uma temperatura de 110 C por 24 h para obter a massa seca. O ensaio se

    encontra ilustrado na figura 3.6.

  • 23

    Figura 3. 7 - Bloco imerso em gua no ensaio de IRA

    3.1.3 CARACTERSTICAS MECNICAS

    A caracterstica mecnica principal dos blocos cermicos de vedao consiste na

    resistncia compresso individual (fb). Para tanto foram ensaiados ao todo 13 blocos como

    determinado na NBR 15270-3. Na figura 3.8 se encontra o detalhe do ensaio de resistncia

    compresso axial.

    A Mquina utilizada foi uma Servo- Hidrulica Microprocessada para Ensaios - CPA

    (carregamento progressivo automtico) da CONTENCO, modelo HD-150T do laboratrio

    de construo civil do ITEP, ilustrado na figura 3.7a e 3.7b. Antes do ensaio os blocos foram

    capeados com pasta de cimento para regularizar o plano de aplicao da carga e aps o

    endurecimento da camada o bloco foi imerso em gua por mais de 6h, como especificado na

    norma acima mencionada.

    a) b)

    Figura 3. 8 - Mquina Servo- Hidrulica Microprocessada para Ensaios: a) prensa; b) gabinete servo.

  • 24

    a) b)

    c) d)

    e)

    Figura 3. 8.1 - Detalhe do ensaio compresso axial dos blocos: a) Pr-ruptura; b) Inicio do ensaio; c) Ruptura; d) Ps-ruptura; e) Esquema de aplicao de carga.

    Os resultados do ensaio de compresso axial dos blocos esto condensados na tabela

    3.3. Tabela 3. 3 - Resultados do ensaio de compresso dos blocos

    RESISTNCIA A COMPRESSO - NBR 15270 - 3/2005

    Dimenses Mdias (1mm) Carga CP N Largura

    (L) Altura (H)

    Comprimento ( C )

    rea Bruta (1mm) T N

    Resistncia (Mpa)

    NBR - 15270 - 1/2 fb

    1 88 189 190 16.720 2,28 22.359 1,3

    2 87 187 189 16.443 5,92 58.055 3,5

    3 88 188 191 16.808 3 29.420 1,8

    4 89 190 190 16.910 3,18 31.185 1,8

    5 89 188 190 16.910 6,38 62.566 4

    6 89 190 191 16.999 6,91 67.764 4

    7 88 188 188 16.544 5,23 51.289 3,1

    8 88 188 189 16.632 6,49 63.645 3,8

    9 88 189 190 16.720 5,34 52.367 3,1

    10 88 186 189 16.632 4,55 44.620 2,7 11 88 190 191 16.808 3,58 35.108 2,1

    12 89 187 191 16.999 3,95 38.736 2,3 13 89 185 186 16.554 6,19 60.703 3,7

    NNC(*) 0 (*) SOMENTE PARA BLOCOS DE VEDAO

    Resultados(*) A Clculo do fator de resistncia mdia (fbm) 2,87

    clculo do desvio-padro (Mpa) 0,93

    clculo do coeficiente de variao ( % ) 32,39 Blocos de vedao : At 2 no-conformidades - ACEITA ( A ) De 3 no-conformidades em diante REJEITA ( R ) NOTA : Resoluo 1 kgf = 9,8066N

  • 25

    3. 2 AREIA

    3.2.1. GRANULOMETRIA

    Nos ensaios foi utilizada areia lavada encontrada em armazns de construo. Foram

    realizados no laboratrio de materiais de construo da UNICAP. Este ensaio tem como

    objetivo de atravs de um conjunto de peneiras chegarem s medidas dos dimetros das

    partculas que constituem um solo. Os resultados esto representados em uma curva de

    distribuio granulomtrica. Conforme a norma o ensaio de granulometria deve ser realizado

    em duas amostras, Os resultados se encontram nas tabelas 3.4 e 3.5 e nos grficos 3.9 e 3.10.

    Tabela 3. 4 - Determinao da composio granulomtrica da 1 Amostra

    Peneiras (abertura) Retido (g) Retido (%) Acumulado (%) 6,3 mm - - - 4,75 mm 2,0 0,21 0 2,36 mm 38,30 4,03 4 1,18 mm 110,5 11,62 16 600 m 267,40 28,12 44 300 399,30 42 86 150 132,2 13,90 100

    Fundo 1,10 Totais 950,80

    Figura 3. 8. 2 Grfico da distribuio granulomtrica da amostra 1

  • 26

    Tabela 3. 5 - Determinao da composio granulomtrica da 2 Amostra Peneiras (abertura) Retido (g) Retido (%) Acumulado (%)

    6,3 mm - - - 4,75 mm 24 2,46 2 2,36 mm 41,9 4,29 7 1,18 mm 117,6 12,04 19 600 m 271,7 27,81 47 300 391,8 40,11 87 150 128,8 13,18 100

    Fundo 1,10 Totais 976,9

    Figura 3. 8. 3 - Grfico da distribuio granulomtrica da amostra 2

    3.2.2 ENSAIO PARA DETERMINAO DA MASSA ESPECFICA EM

    AGREGADOS MIDOS:

    Na realizao deste ensaio foram seguidos os procedimentos: secagem 500g de areia,

    em estufa a 110C, at ser obtida a constncia do peso, a seguir, a areia foi colocada em um

    frasco de Chapman com 200cm3 de gua, figura 3.11. Aps a gua subir pelo gargalo e

    estabilizar, foi efetuada a leitura do nvel dgua e calculada a massa especfica, de acordo

    com a NBR 9776.

  • 27

    Figura 3. 8. 4 - Frasco de Chapman Para o clculo da massa especfica foi utilizada a seguinte expresso:

    ( )200= Lm

    Onde: Massa do agregado: m

    Volume do frasco: L

    Massa especfica:

    3.2.3 ENSAIO DO TEOR DE MATERIAIS PULVERULENTOS

    Este ensaio foi realizado por NERY NETO,2006 na UNICAP. A amostra foi seca em

    estufa (1105)C at a Constncia de massa, obtendo a massa inicial do agregado (mi). A

    seguir, o material foi colocado em um recipiente e recoberto com gua em excesso, agitado

    vigorosamente, foi substituda a gua e repetido a operao at que a gua saia

    completamente limpa. Foram utilizadas as peneiras com aberturas de 1,2 mm e 0,075 mm

    para que no houvesse perda de material. A seguir, o material foi seco em estufa a (1105)

    C at a constncia da massa, Foi pesada a massa final do agregado (m2 ) e foi obtido o teor

    de material pulverulento.

    Para encontrar o teor de materiais pulverulentos foi utilizada a seguinte expresso: ( )[ ] 100= MiMfMiTMP

    Onde: TMP Teor de material pulverulento

    Mi Massa inicial

    Mf Massa final

    3.2.4 ENSAIO DE INCHAMENTO DO AGREGADO MIDO

    Foi ensaiada uma amostra de 20 dm3 de acordo com a NBR 6467. A amostra foi

    secada em estufa a 110 5 C at se obter a constncia do peso. Foi determinada a massa

    unitria nos seguintes teores de umidade 0 1 3 4 5%.

    Para calcular o teor de umidade foi utilizado a seguinte expresso:

  • 28

    ( ) VTPb =

    Onde: s - Massa unitria da amostra coletada, em kg/dm

    Pb - Massa da amostra mais a do recipiente, em kg

    T - Massa do recipiente, em kg

    V - Volume do recipiente, em dm

    O coeficiente de inchamento dado por:

    ( ) ( ) ( )( )[ ]1001000 +== hhsVVhCI

    Onde: Vh - Volume do agregado com h% de umidade, em dm

    V0 -Volume do agregado seco em estufa, dm

    Vh/V0 - Coeficiente de inchamento

    s - Massa unitria do agregado seco em estufa, em kg/dm

    h - Massa unitria do agregado com h% de umidade, em kg/dm

    h - Teor de umidade do agregado, em %

    3.2.5 RESULTADOS OBTIDOS DA CARACTERIZAO DA AREIA NATURAL

    UTILIZADOS NA CONFECO DAS PAREDINHAS.

    Tabela 3. 6 Caractersticas da areia natural Agregado mido

    Peneira (mm)

    Peneira (Pol/N)

    Massa retida (g)

    % Retida

    % Acumulada

    9,5 3/8 - - - 6,3 1/4" - - - 4,8 N 4 27,40 5,48 5 2,4 N 8 56,50 11,30 17 1,2 N 16 107,30 21,46 38 0,6 N 30 151,00 30,20 68 0,3 N 50 121,50 24,30 93 0,15 N 100 30,80 6,16 99

    Fundo 5,50 Total 500,00

    Dimenso mxima caracterstica (mm) 4,8 Mdulo de finura 3,2

    Massa unitria (g/cm3) NBR 7251 1,42 Massa especfica (g/cm3) NBR 9776 2,60

    Inchamento NBR 6467 1,25 Umidade crtica (%) NBR 6467 3,0

    Teor de material pulverulento (%) NBR 7219 1,26

  • 29

    Figura 3. 8. 5 Grfico da curva granulomtrica da areia natural

    3. 3 CIMENTO PORTLAND

    O cimento utilizado nas argamassas (assentamento e revestimento) foi do tipo CP II

    Z 32, cimento portland, fornecido no saco de 50kg, com as caractersticas apresentadas na

    tabela abaixo.

    Tabela 3. 7 Caracterstica do cimento CP II Z 32

    Ensaios Qumicos Normas Resultados Especificao Norma

    NBR 11578/91

    xido de magnsio MgO - (%) PO 00435 2,66 6,5

    Anidrido sulfrico - SO3 - (%) PO 00436 3,26 4,0

    xido de clcio livre - CaO (Livre) (%) NBR NM 13 1,44 no aplicvel

    Ensaios Fsicos e Mecnicos Normas Resultados Norma NBR 11578/91

    rea especfica (Blane) (cm2/g) NBR NM 76 3540 2600

    Massa especfica (g/cm3) NBR NM 23 3,04 no aplicvel

    Densidade aparente (g/cm3) X 1,2 no aplicvel

    Incio de pega (h:min) NBR NM 65 02:30 1 h

    Fim de pega (h:min) NBR NM 65 03:40 10 h

    Expansibilidade de Le Chatelier a quente NBR 11582 0,3 5

    Fonte: MOTA (2005)

  • 30

    3. 4 CAL HIDRATADA

    A cal utilizada para fazer a argamassa (assentamento e revestimento) foi do tipo CHI,

    do Fabricante Carbomil, fornecida em sacos de 20kg, cujas caractersticas constam na tabela

    abaixo.

    Tabela 3. 8 - Caractersticas da Cal CHI

    Fonte: Fabricante Carbomil

    3.5 ARGAMASSAS DE ASSENTAMENTO E REVESTIMENTO

    O cumprimento adequado das funes das argamassas seja de assentamento seja de

    revestimento depende de propriedades especficas relativas s argamassas tanto no estado

    fresco quanto no estado endurecido. O entendimento dessas propriedades e dos fatores que

    influenciam na sua obteno permite prever o seu comportamento, essas propriedades j

    serviram de base para trabalhos publicados por CINCOTTO (1995) e SABBATINI (1988).

    Para o desenvolvimento deste trabalho foram utilizados 3 traos de argamassa mista

    de cimento, cal e areia:

    Os traos (cimento:cal:areia) foram: 1:1:6, 1:2:9 e 1:0,5:4,5 em volume, No trao

    1:1:6 fomos utilizados tanto no revestimento quanto no assentamento de todas as paredinhas,

    os demais traos foram utilizados exclusivamente em revestimento.

    Ensaio Cal Hidratada CH I

    Natureza da cal hidratada Clcica

    #30 (0,600 mm) 0,3 Finura

    (% retida) # 200 (0,075 mm) 1,8

    Densidade aparente (g/cm3) 0,5

    Umidade (%) 1,26

    Anidrido Carbnico CO2 2,21

    Anidrido Sulfrico SO3 0,05

    Slica e resduo insolvel 0,84

    xido no hidratado 7,3

    CaO, no hidratado 73,72

    MgO, no hidratado 0,71

  • 31

    3.5.1 ENSAIO COMPRESSO AXIAL DAS ARGAMASSAS

    Para caracterizar a resistncia mecnica das argamassas foi realizado o ensaio de

    resistncia compresso axial, e para tanto foram moldados corpos-de-prova cilndricos nas

    dimenses 50 mm x100 mm (dimetro x altura), que foram ensaiados aps 28 dias de cura.

    Os corpos-de-prova ensaiados a compresso axial seguiram os procedimentos

    preconizados na NBR 5738(1994) no que diz respeito moldagem, cura e capeamento.

    Figura 3. 9 - Moldagem e capeamento dos corpos de prova

    Para a realizao dos ensaios foi utilizada uma Mquina Servo- Hidrulica

    Microprocessada para Ensaios, modelo que segue os padres de normalizao preconizado

    na NBR 5739(1994), a mesma utilizada no ensaio de compresso axial dos blocos.

    Figura 3. 9. 1 - Fotos do ensaio de compresso axial e desenho esquemtico da aplicao da carga.

  • 32

    Os procedimentos utilizados na realizao do ensaio seguiram a NBR 5739 (1994),

    aplicou-se um carregamento continuo a uma velocidade de 0,5 MPa/s para a obteno da

    resistncias, visto que na norma em questo no item 4.2.2, determina que a aplicao do

    carregamento fique entre os intervalos de 0,30 a 0,80 MPa/s .

    Os resultados obtidos esto relacionados nas tabelas 3.9, 3.10 e 3.11, onde a

    resistncia mdia compresso axial ficou no entorno de 4,0MPa para o trao 1:2:9,

    4,45MPa para o trao 1:1:6 e 6,23MPa para o trao 1:0,5:4,5 com os coeficiente de variao

    ficaram entorno de 15,75%, 4% e 37,64 respectivamente.

    Tabela 3. 9 - Resultado do ensaio compresso axial da argamassa no trao 1:2:9

    Componentes CP rea (cm) Carga de

    Ruptura (kgf) Resistncia a Ruptura (MPa)

    1 19,625 925 4,7

    2 19,625 625 3,2

    3 19,625 800 4,1

    4 19,625 775 4,0

    Resistncia mdia compresso (fm): 4,0MPa

    Argamassa (trao 1:2:9)

    Coeficiente de Variao em Porcentagem: 15,75%

    Tabela 3. 10 - Resultado do ensaio compresso axial da argamassa no trao 1:1:6

    Componentes CP rea (cm) Carga de Ruptura

    (kgf) Resistncia a Ruptura (MPa)

    1 19,625 880 4,48

    2 19,625 840 4,28

    3 19,625 890 4,53

    4 19,625 870 4,44

    5 19,625 930 4,73

    6 19,625 840 4,28

    7 19,625 880 4,48

    8 19,625 820 4,18

    Resistncia mdia compresso (fm):4,42MPa

    Argamassa (trao 1:1:6)

    Coeficiente de Variao em Porcentagem: 4%

  • 33

    Tabela 3. 11 - Resultado do ensaio compresso axial da argamassa no trao 1:0,5:4,5

    Componentes CP rea (cm) Carga de

    Ruptura (kgf) Resistncia a Ruptura

    (MPa)

    1 19,625 2260 11,52

    2 19,625 960 4,89

    3 19,625 1130 5,75

    4 19,625 1010 5,14

    5 19,625 1130 5,75

    6 19,625 1030 5,24

    7 19,625 1050 5,35

    Resistncia mdia compresso (fm): 6,23MPa

    Argamassa (1:0,5:4,5)

    Coeficiente de Variao em Porcentagem: 37,64%

    3.5.2 RESULTADO DO ENSAIO COMPRESSO AXIAL DAS ARGAMASSAS

    Segundo a literatura pertinente a resistncia compresso das argamassas de

    assentamento no influencia significativamente na resistncia das paredes, desde que no

    seja abaixo de 40% da resistncia do bloco. A argamassa de assentamento deve ter como

    resistncia entre 70 e 100% da resistncia do bloco. Isso segundo a literatura pertinente

    comentada por MOTA, 2006.

    O resultados da resistncia mdia compresso da argamassa de assentamento foi

    4,42 MPa, isso aproximadamente 55% do valor da resistncia mdia dos blocos.

    No figura 3.14, pode ser observado que entre as argamassas 1:2:9 (fraca) e a 1:1:6

    (mdia) o correu um ganho pequeno na resistncia mdia compresso da ordem de 10,5%

    e da argamassa mdia para forte um acrscimo considervel de 40,96% na resistncia.

    Resultado do Ensaio Compresso Axial

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    1 : 2 : 9 1 : 1 : 6 1 : 0,5 : 4,5

    Trao

    Res

    ist

    ncia M

    dia

    (M

    Pa)

    Figura 3. 3 - Resultado dos ensaios compresso axial

  • 34

    3.5.3 CARACTERIZAO DAS ARGAMASSAS NO ESTADO FRESCO

    Para caracterizar as argamassas no estado fresco foram realizados os seguintes

    ensaios:

    O ensaio de consistncia, densidade de massa, reteno de gua, teor de ar

    incorporado e variao de massa, seguiram os procedimentos preconizado em normas: para

    a obteno da consistncia foi utilizada a NBR 13276, a NBR 13278 para se determinar a

    densidade de massa e do teor de ar incorporado, para determinar a reteno de gua foi a

    NBR 13277 e por fim a NBR8490 para obter a variao de massa.

    Tabela 3. 12 - Resultados das caractersticas da argamassa no estado fresco. Resultados Mdios das Argamassas

    Propriedades 1:2:9 1:1:6 1:0,5:4,5

    Consistncia (mm) 245 203 301

    Densidade da massa no estado fresco (g/cm) 1,97 1,97 2,03

    Reteno de gua (papel filtro) (%) 92,8 93,7 100,2

    Teor de ar incorporado (%) 2,01 6,63 6,63

    Variao de massa (%) -4,32 -2,79 -2,14

    3.5.4 COMPOSIO DAS ARGAMASSAS UTILIZADAS

    Tabela 3. 13 - Composio das argamassas.

    Resultados Mdios das Argamassas Propriedades

    1:2:9 1:1:6 1:0,5:4,5

    Trao em massa 1:0,76:9,68 1:0,38:6,45 1:0,19:4,84

    Relao gua/cimento 1,94 1,14 1,11

    gua/materiais 0,17 0,15 0,12

    3.6 CONFECO DAS PAREDINHAS

    Foi determinado que o nmero mnimo de rplicas para assegurar um nvel de

    significao superior de 95% seriam 12 exemplares, prevendo-se perdas eventuais devido s

  • 35

    dificuldades de transporte e armazenamento, resolveu-se que seriam confeccionadas 15

    rplicas para cada tipo de paredinhas.

    Para tanto foram confeccionadas no total 155 Paredinhas nas dimenses 60 x 120 cm

    (largura x altura) nos tipos presentes na tabela 3.15:

    Tabela 3. 14 - Sistema construtivo das paredeinhas Paredinhas

    Tipo

    Total de

    Exemplares

    Argam

    assa de

    assentamen

    to

    (Trao em

    volume)

    Chap

    isco

    (Trao em

    Volume)

    Argam

    assa de

    Revestimen

    to

    (Trao em

    Volume)

    Espessura do

    Revestimen

    to

    (cm)

    Observao

    1 15 1 : 1 :6 - - - Aparente

    2 15 1 : 1 :6 1 : 3 - - Chapiscada

    3 15 1 : 1 :6 1 : 3 1 : 2 : 9 1,5 S/Tela

    4 15 1 : 1 :6 1 : 3 1 : 2 : 9 3,0 S/Tela

    5 15 1 : 1 :6 1 : 3 1 : 1 : 6 3,0 S/Tela

    6 15 1 : 1 :6 1 : 3 1 : 0,5 : 4,5 3,0 S/Tela

    7 15 1 : 1 :6 1 : 3 1 : 1 : 6 3,0 S/Tela c/ Aditivo

    8 15 1 : 1 :6 1 : 3 1 : 2 : 9 3,0 C/Tela

    9 15 1 : 1 :6 1 : 3 1 : 2 : 9 1,5 C/Tela

    10 15 1 : 1 :6 1 : 3 1 : 1 : 6 3,0 C/Tela

    Apesar de terem sido confeccionadas 155 paredinhas, no entanto s foram rompidas

    145 com a finalidade de banco de dados, pois durante todo o processo de construo e

    ruptura 8 rplicas foram danificadas no processo de armazenamento e 2 foram usadas para

    calibrao do Prtico.

    3.6.1 EXECUO DAS PAREDINHAS

    Com a finalidade de reproduzir o mais prximo possvel da realidade das obras da

    regio metropolitana do Recife, a execuo das paredinhas seguiu os procedimentos abaixo

    descritos:

    As paredes foram construdas sobre bases metlicas (Perfil Metlico em I) para

    ajudar no transporte. As paredinhas armadas com malha foram assentadas sobre os perfis

  • 36

    metlicos preenchidos com concreto, porque no havia como revestir a paredinha depois de

    colocar a tela devido ao espao da alma do perfil que funciona como base pequeno para se

    construir as