a influência da actividade física diária na força muscular ... · nervoso, flexibilidade,...
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Sara Martinho Castilho
Porto, 2006
A influência da actividade física diária na força muscular do
idoso
Orientador: Professora Doutora Maria Joana Carvalho Sara Martinho Castilho
Setembro, 2006
A influência da actividade física diária na força muscular do idoso
Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em
Desporto e Educação Física, na área de recreação, da Faculdade de Desporto da
Universidade do Porto
I Sara Castilho
Agradecimentos
A concretização deste trabalho não seria possível sem a colaboração, apoio e
incentivo de várias pessoas. A todas deixo o meu sincero agradecimento.
Em particular gostaria de agradecer:
À Prof. Dra. Joana Carvalho, orientadora deste trabalho, pelo seu apoio,
acompanhamento e colaboração durante a concretização deste trabalho.
Aos meus Pais, por todo o apoio e incentivo constantes e à Inês, pelos
pequenos detalhes.
À Odete, pelo seu incentivo, preocupação e disponibilidade ao longo da
consecução deste trabalho.
À Marisa, pela sua disponibilidade para realização de traduções.
Ao Daniel, pelo apoio constante.
E a todos que, embora não estejam aqui citados, contribuíram directa ou
indirectamente para a realização deste trabalho, o meu sincero agradecimento.
II Sara Castilho
Índice Geral
1. Introdução ............................................................................................
2 . Revisão da Literatura ……………………………...................................
2.1. Envelhecimento .......................................................................
2.1.1. Sarcopenia – oque é? ......................................................
2.1.2. Implicações Resultantes da Sarcopenia …………............
2.1.3. Factores Desencadeadores de Sarcopenia ….................
2.1.4. Como Agir no Sentido da Prevenção ………....................
3. Material e Métodos ..............................................................................
3.1. Amostra ………….....................................................................
3.2. Questionário ............................................................................
3.3. Avaliação da Força Muscular …………………………………..
3.4. Procedimentos Estatísticos ……………………………………...
4. Análise dos Resultados …………………………………………………...
5. Discussão ………………………………………………………………..….
5.1. Amostra …………………………………………………………...
5.2. Caracterização da Actividade Física Diária …………………...
5.3. Avaliação da Força Muscular..................................................
6. Conclusões ………………………………………………………………….
7. Referências Bibliográficas …………………………………………………
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III Sara Castilho
Índice de Quadros
Quadro 1: Valores médios da actividade física diária do grupo A, B e C
e a sua constituição............................................................................ 26
Quadro 2: Principais características dos grupos A, B e C............................... 26
Quadro 3: Valores médios da actividade física diária do grupo A, B e C........ 30
Quadro 4: Valores médios de força muscular à velocidade de 180º/seg........ 30
Quadro 4.1: Valores da significância e da diferença,
referentes ao quadro 4.................................................... 31
Quadro 5: Valores médios de força muscular à velocidade de 60º/seg.......... 32
Quadro 5.1: Valores da significância e da diferença, referentes
ao quadro 5....... ................................................................ 32
Quadro 6: Comparação bilateral da extensão e da flexão a 60º
e 180º/ seg (dominante - Não Dominante)........................................... 33
Quadro 6.1: Valores da significância e da diferença, referentes ao
quadro 6............................................................................. 34
Quadro 7: Comparação da relação flexor – extensor dos grupos A, B e C..... 35
Quadro 7.1: Valores da significância e da diferença, referentes
ao quadro7................................................................................. 35
Quadro 8: Comparação bilateral da relação flexor – extensor........................ 36
IV Sara Castilho
Índice de Tabelas
Tabela 1 – Alterações na área/volume de um músculo ou grupo muscular
com treino de força..................................................................... 21
Tabela 2 – Alterações na área da fibra muscular............................................ 23
Tabela 3 – Resposta de sujeitos idosos a programas de treino de força........ 57
V Sara Castilho
Resumo
O presente estudo tem como objectivo avaliar o efeito da actividade física diária
na força muscular dos membros inferiores do idoso. A amostra, composta por
90 idosos (idade média=68.8±3.2; peso médio=67.3±4.7 e altura
média=1.56±7.2), foi classificada com base no questionário de Baecke
Modificado, e dividida em três grupos em função do seu nível de actividade
física diária. Foram analisados os níveis de força muscular através de
avaliação isocinética em cada um dos grupos, com o objectivo de verificar se
as diferenças entre eles são estatisticamente significativas.
Os principais resultados relativos à influência da actividade física na força
muscular de indivíduos idosos são as seguintes: (i) não foram observadas
diferenças com significado estatístico entre os grupos analisados, relativamente
às médias dos valores de força muscular; (ii) os valores de força obtidos na
velocidade de 60º/seg. são substancialmente mais elevados relativamente aos
valores obtidos na velocidade superior (180º/seg); (iii) os valores de força
durante a extensão do joelho são mais elevados que os valores durante a sua
flexão, tanto na velocidade de 180º/seg. como na de 60º/seg.; (iv) as diferenças
na força entre membro dominante e não dominante (défice bilateral) são mais
acentuadas na extensão do que na flexão, tanto na velocidade de 180º/seg.,
como na velocidade mais baixa (60º/seg.); (v) a relação flexor/extensor é, tanto
à velocidade de 180º/seg. como de 60º/seg., mais elevada no membro não
dominante, o que pode indicar um maior desequilíbrio muscular no referido
membro.Conclui-se assim que não existem diferenças significativas em
nenhum dos itens avaliados, quando comparados os três grupos de diferentes
níveis de actividade física diária. Este facto mostra que os níveis actividade
física diária apresentados não provocam alterações significativas na força
muscular dos membros inferiores deste grupo de idosos autónomos e
saudáveis. No entanto, é importante realçar que estas conclusões não podem
ser generalizadas, pois caso se tratasse de um grupo idosos com diferentes
características, nomeadamente com problemas de saúde e menor autonomia,
talvez os resultados deste estudo fossem diferentes.
PALAVRAS-CHAVE: IDOSO / ACTIVIDADE FÍSICA DIÁRIA / FORÇA MUSCULAR
VI Sara Castilho
Abstract
The aim of this study is to evaluate the habitual physical activity effect in the
muscle strength in the old man lower limbs. The sample, which involves 90 old
people, was classified having in mind the Baecke Modificado questionnaire,
divided in three groups depending on their habitual physical activity level. The
muscle strength levels were analysed in each group, with the aim to check if the
differences between them are statically significant.
The main results related with the physical activity influence in the old men
muscle force are: (i) differences with a statistical meaning weren’t observed
among the analysed groups, concerned with the averages of the muscle
strength values; (ii) the strength values obtained in the 60º /sec. are
substantially higher, regarding to the values obtained in the superior velocity
(180º/sec.); (iii) the strength values during the knee lengthening are higher than
the values during its shortening, not only in a velocity of 180º/sec. but also in
the one of 60º/sec.; (iv) the differences in the strength between the dominant
limb and the non-dominant one (bilateral deficit) are more evident in the
lengthening than in the shortening, not only in the velocity of 180º/sec., but also
in the lower one (60º/sec.); (v) the flexor/ extensor relation is, not only in the
velocity of 180º/sec. but also in the 60º/sec. one, higher in the non-dominant
limb, which shows a higher non muscular balance in it.
In conclusion, there aren’t significant differences in the evaluated levels, when
the three groups with different daily physical activity are compared. This fact
shows that the habitual physical activity levels presented don’t cause significant
changes in the lower limbs’ muscular strength in this group of independent and
healthy old people. However, it must be mentioned that these conclusions can’t
be generalized, because they can be related with a group of old people with
different characteristics, with health problems and less independence, and in
this case the results of this study could be different.
KEYWORDS: ELDERLY /HABITUAL PHYSICAL ACTIVITY / MUSCLE
STRENGTH
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
1 Sara Castilho
1. Introdução
Com a emergência dos desenvolvimentos técnicos e científicos
implementados nas sociedades modernas, sobretudo, na segunda metade do
século XX, produziram-se alterações sociais profundas ao nível da mudança
cultural, consubstanciadas nos hábitos quotidianos das populações. Estes
desenvolvimentos geraram efeitos em cadeia, por exemplo, podemos constatar
que de forma concomitante e contraditória aumentou a esperança média de
vida e reduziu o tempo de vida activa em termos profissionais. Deste modo,
foram reformadas populações com idades compreendidas entre os 50-60 anos,
que na maioria dos casos não foram preparadas para uma ocupação
estruturada dos novos tempos livres. Este facto não permite criar expectativas
face a novos projectos, de forma a manterem-se activas e motivadas estas
populações em termos físicos, psicológicos e sociais, nessa nova fase da vida.
Acresce ao exposto e de forma marcante, que outro fenómeno das
sociedades actuais ou pós modernas, é o envelhecimento das populações,
tratando-se, portanto, de um fenómeno mundial que decorre por um lado, das
baixas taxas de natalidade e por outro, do aumento da esperança média de
vida já referido, situação designada por alguns autores de “Duplo
Envelhecimento” (INE, 2001).
Neste contexto, consideramos importante ilustrar, em termos
quantitativos, porém de forma não exaustiva, esta problemática. Por exemplo,
estudos levados a cabo por Cónim, no conjunto da Europa dos 15, o índice de
envelhecimento demográfico em 1997 era representado por cerca de 91 idosos
por cada 100 jovens, e em 2020 aponta-se para uma relação de 139 idosos de
65 e mais anos, por cada 100 jovens de 0-14 anos de idade (Cónim, 1999 cit.
p/ Projecto Viver (1)).
Com base na mesma fonte, se pretendermos fazer um estudo
longitudinal em relação à população com 65 ou mais anos, tendo em conta a
população da Europa dos quinze, podemos concluir que, no início do século
XX, esta população representava entre 4 a 6% da população total. Em 1950
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
2 Sara Castilho
esta percentagem situava-se nos 9% (ONU, 1990), sendo de 15,8% em 1997,
esperando-se que em 2020 suba para 20,6%.
Se considerarmos a população com idade igual ou superior a 80 anos
pode ainda referir-se que, ao longo dos próximos 15 anos, esta população
considerada “muito idosa” registará um aumento de aproximadamente 50%.
Este facto está relacionado, como já atrás referimos, com o aumento da
esperança média de vida (Projecto Viver (1)).
Todos estes aspectos, por um lado, relativos à problemática do
envelhecimento das populações e por outro, ao sedentarismo típico desta faixa
etária, têm vindo a contribuir para enfatizar o problema da saúde neste
contexto, particularmente evidente nos idosos.
O Envelhecimento pode ser entendido por um processo de diminuição
orgânica e funcional, que acontece inevitavelmente com o passar do tempo,
não decorrendo de acidente ou doença (Costa et al., 1999). Isto significa que o
envelhecimento não é em si uma doença, embora possa ser agravado ou
acelerado por ela (Costa et al., 1999). O envelhecimento está assim associado
a inúmeras alterações com consequências ao nível da mobilidade,
funcionalidade, autonomia e saúde destes sujeitos e, deste modo, na sua
qualidade de vida (Carvalho, 2002).
Hábitos culturais de sedentarismo começam a engendrar um novo estilo
de vida que coloca as pessoas num processo de envelhecimento cada vez
mais prematuro. Este processo contribui por seu lado, para o desenvolvimento
de atrofia de funções a nível circulatório, cardiovascular, respiratório, sistema
nervoso, flexibilidade, equilíbrio, coordenação e sistema muscular-esquelético
(Spirduso, 1995; IIano et al., 2002), nomeadamente ao nível da diminuição da
força, sendo esta última a problemática que irá ser desenvolvida no corpo
deste trabalho.
Com o avançar da idade e a prevalência de hábitos sedentários, a força
muscular pode diminuir a um nível onde a fraqueza começa a restringir a
capacidade para realizar as tarefas do dia a dia (Rantanen, 2003), estando
estes baixos níveis de força e massa muscular associados ao aumento do risco
de mortalidade e, perda da independência (Metter et al., 2002).
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
3 Sara Castilho
São necessários níveis moderados de força para a realização das várias
tarefas quotidianas nas pessoas mais velhas. Assim, esta capacidade tem um
papel muito importante na preservação da capacidade do idoso para participar
em actividades sociais e afazeres do dia a dia, tal como prevenir quedas e suas
consequências (Spirduso, 2005). A aptidão física é a base para a concretização
das actividades do dia a dia, tais como alimentação, cuidados de higiene,
vestir-se, andar, subir escadas, levantar da cadeira ou pegar em sacos.
Assim, sabendo-se que existe uma diminuição da capacidade funcional
dos vários aparelhos e sistemas, um aumento de prevalência de doenças
crónicas e uma maior incidência de doenças agudas com o prolongamento da
vida, torna-se inevitável elaborar planos que permitam a minimização desta
tendência, melhorando a qualidade de vida do idoso (Costa et al., 1999). Isto
porque o aumento da longevidade deve corresponder à manutenção da
qualidade de vida, estando associada à melhoria da saúde, bem-estar e à
capacidade de realizar autonomamente as tarefas do quotidiano (Spirduso,
2005).
É agora aceite que a prática de exercício físico sistemático ao longo da
vida, quando acompanhado por hábitos de vida saudáveis, aumenta a
esperança de vida e parece contrariar o desenvolvimento de algumas doenças.
Por exemplo, sujeitos hipertensos com uma vida fisicamente activa têm metade
do risco de mortalidade comparativamente a sujeitos hipertensos não activos
(Spirduso, 2005). Assim, esta prática regular de actividade física leva a uma
redução no risco de mortalidade, de enfarte de miocárdio, assim como de
fracturas ósseas.
Em contraste, estilos de vida sedentários nos indivíduos idosos podem
aumentar o risco de várias doenças crónicas, tais como doenças cardíacas,
hipertensão, cancro, osteoporose, osteoartrite e depressão (Bokovoy e Steven,
1994).
A prática de actividade física conduz ainda à melhoria da força e
potência muscular o que, nos idosos, permite a manutenção da mobilidade e
da capacidades físicas como andar, subir escadas e conduz a uma diminuição
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
4 Sara Castilho
do risco de lesões (Spirduso, 2005). Estes níveis de actividade física permitem
assim a manutenção de uma vida saudável e independente (Schroll, 2002).
Actualmente, e após a consciencialização desta problemática relativa às
alterações degenerativas decorrentes do envelhecimento e da elevada
percentagem da população em tal situação, as sociedades têm vindo a
desenvolver acções no sentido de atenuar tais efeitos. É de referenciar que a
própria ciência ao nível da gerontologia, sendo uma ciência recente (2), ganhou
relevância significativa, nomeadamente ao nível da sua implementação em
cursos superiores de Saúde e de Educação Física. Daí, que a prática de
actividades promovidas pelas autarquias e outros organismos públicos e
privados tenha vindo a atingir elevada dimensão, além de consciencializar as
populações para os benefícios da actividade física, face a alterações ao nível
do sistema nervoso, cardiovascular, músculo – esquelético, entre outros.
Neste contexto e a título de exemplo, podemos referir a importante
intervenção da própria universidade (FCDEF-UP) que exerce uma parte da sua
actividade em lares de terceira idade, desenvolvendo trabalhos de investigação
em situação real (nomeadamente realizando a avaliação das capacidades
físicas dos idosos), com vista a conhecer os efeitos da actividade física no
desenvolvimento das várias capacidades no idoso.
Em certos casos, e de forma induzida, estas actividades são geradoras
de dinâmicas que influenciam outros elementos sociais a aderir a estilos de
vida activos.
Após a contextualização da problemática do envelhecimento saliente
neste trabalho e de algumas referências breves à sua especificidade, podemos
referir de forma sintética, que o seu objectivo é demonstrar os efeitos da
actividade física como forma de contrariar a tendência para a diminuição da
força muscular decorrente do processo de envelhecimento.
(1) VIVER 2001/2004 developing creative intergerational relations
(2) “A produção científica durante o período de 1995 a 1999 foi praticamente o dobro da
realizada entre os anos de 1975 a 1994, o que demonstra o rápido crescimento na área”
(Goldstein, 1999; citado por Goldstein, 2002).
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
5 Sara Castilho
2. Revisão da Literatura
2.1. Envelhecimento
2.1.1. Sarcopenia – o que é?
Com o avanço da idade dá-se o envelhecimento muscular, que se
reflecte em alterações músculo – esqueléticas, que se traduzem por sua vez,
na perda progressiva de força e massa muscular, fenómeno designado por
Sarcopenia.
Este termo vem do grego e designa especificamente, “perda de carne”
(sarx = carne e penia = perda) (Silva, 2003). Trata-se, portanto, de um conceito
que exprime perda de massa, de força e, consequentemente, perda de
quantidade e qualidade do músculo–esquelético. Todos estes aspectos
representam uma significativa consequência ao nível funcional no andar e no
equilíbrio, reflectindo-se tudo isto, por sua vez, no aumento do risco de queda,
perda da independência física e funcional, contribuindo ainda, por provável
inactividade associada, para aumentar o risco de doenças crónicas tais como,
a diabetes e a osteoporose (Safons e Pereira, 2004).
Segundo Hakkinen e Hakkinen (1995), o pico máximo de força muscular situa-
se em geral entre os 20 e os 30 anos, permanece mais ou menos estável entre
a terceira e quinta década, altura a partir do qual o declínio se torna mais
evidente. Diferentes autores referem que a partir dos 60 anos, a força muscular
apresenta reduções entre 30% − 40% (Hakkinen e Hakkinen, 1995). Ainda
neste contexto, também Safons e Pereira (2004), vêm acrescentar que em
relação a esta faixa etária, existe um declínio de 10 − 15% por década.
A capacidade de trabalho dos sujeitos idosos diminui cerca de 25-30%, o que
representa uma diminuição da capacidade de utilização dos grandes músculos
para realização das actividades (Smith e Gilligan, 1986).
No sentido de destacar a importância deste declínio da qualidade muscular,
parece-nos importante realçar que, em 1987 foi estimado que 2 milhões de
pessoas “não institucionalizadas” com mais de 65 anos tinham dificuldade em
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
6 Sara Castilho
levantar-se ou sentar-se numa cadeira ou cama, correspondendo a cerca de
8% da população americana (Nationat Center for Health Statistis, 1987, cit. p/
White, 1995), estando este aspecto relacionado com a perda de massa, força,
resistência e potência muscular (Rantanen, 2003).
2.1.2. Implicações resultantes da Sarcopenia
Não obstante a força necessária para a satisfação das exigências práticas ao
nível do quotidiano não se alterar ao longo do tempo, o processo de
envelhecimento conduz a uma diminuição da força muscular máxima que, por
sua vez, limita a capacidade de realização das referidas tarefas podendo
mesmo levar a uma progressiva perda de independência das pessoas mais
velhas. Para além disso, o processo de envelhecimento tem ainda implicações
ao nível de vários sistemas, tal como o circulatório, cardiovascular, respiratório,
nervoso e da flexibilidade, equilíbrio e coordenação (Spirduso, 1995; IIano et
al., 2002).
No que diz respeito à força muscular, um estudo realizado por Gisolfi et al.
(1995), mostrou que a força muscular se apresenta estável em 48% dos
sujeitos com menos de 40 anos de idade, em 29% daqueles com idades
compreendidas entre os 40 e os 59 anos de idade e em apenas 15% daqueles
com mais de 60 anos.
Deve neste contexto referir-se que a perda de massa muscular não é universal,
ou seja, deve ter-se em conta o tipo de contracção muscular que é exigida e o
grupo muscular que é examinado. Vários estudos descrevem que as diferenças
na força muscular entre jovens e idosos são menos evidentes na acção
excêntrica comparativamente à acção isométrica e concêntrica, sugerindo que
existe uma relativa manutenção ou preservação da força excêntrica com o
envelhecimento, que não ocorre nem com a força concêntrica, nem com a
isométrica (Vandervoort et al., 1992; Porter et al., 1995). Assim, vários estudos
mostram que a diminuição da força muscular com a idade é consideravelmente
menor em acções musculares excêntricas quando comparada com acções
musculares isométricas ou concêntricas (Porter et al., 1997).
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
7 Sara Castilho
Os autores referem ainda que factores hormonais são aqui determinantes pois
podem afectar pontes transversas durante contracções isométricas, mas o
mesmo não se verifica em contracções excêntricas. De facto, os autores
afirmam que mulheres que, depois da menopausa, recebem tratamentos de
reposição hormonal, têm melhor força muscular específica do que mulheres
sem este tratamento. Mulheres que entraram na menopausa têm uma maior
perda de massa muscular e aumento de massa gorda comparativamente a
mulheres em fase pré-menopausa (Roubenoff, 2001). Porter et al., (1995)
referem também que o efeito do envelhecimento na força isocinética é mais
pronunciado na mulher do que no homem.
Pode ainda referir-se que sujeitos idosos têm uma maior capacidade para gerar
força excêntrica comparativamente à força concêntrica, o que indica que
estímulos de carácter excêntrico poderão levar a uma melhor adaptação do
músculo (Vandervoort e Symons, 2001). Fiatarone et al. (1990) confirmam esta
afirmação num estudo em que observaram que as adaptações a um treino de
força de alta intensidade baseado em contracções excêntricas estavam
associadas a elevados ganhos na força muscular.
Spirduso (2005), referindo-se também a esta problemática, afirma que a perda
muscular não se apresenta de forma proporcional em todos os grupos
musculares, havendo evidências de que os membros inferiores são os mais
atingidos (Spirduso, 1995). Ainda Frontera et al. (1991) afirmam que, nos
idosos, a perda de força nos músculos dos membros inferiores é maior do que
nos membros superiores, provavelmente pela maior utilização dos últimos.
Neste sentido, podem-se expor alguns estudos realizados em ratos, com o
objectivo de comparar as alterações com envelhecimento na área das fibras do
músculo do diafragma e dos músculos dos membros inferiores. Por exemplo,
no estudo de White e Clark (1995), quando se analisaram as diferenças na
área das fibras dos músculos soleus e plantares entre ratos jovens e idosos,
conclui-se que, com o envelhecimento, existiu uma diminuição de 25 e 29%,
respectivamente. No entanto, ao nível do diafragma existiram melhorias de
25%. Estas diferenças podem explicar-se pelos diferentes padrões de
utilização destes músculos (White e Clark, 1995). Ainda através de biopsia
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
8 Sara Castilho
muscular em humanos se mostrou que as alterações morfológicas são mais
pronunciadas no músculo quadicípite relativamente ao bicípite braquial
(Anniasson et al., 1986 cit. p/ Westhoff, 2000). É aqui demonstrado o consenso
no que diz respeito ao facto da musculatura dos membros superiores ser
melhor preservada do que a dos membros inferiores. Frontera et al. (1991)
referem ainda que este facto é independente do sexo do indivíduo e é
fundamental para a mobilidade e autonomia do idoso.
Hart (1985), refere ainda que “ a diminuição da força muscular, particularmente
nos membros inferiores relaciona-se com o declínio do equilíbrio, com a
qualidade da marcha e com um maior risco de quedas, e, consequentemente
maior risco de fracturas facilitadas pela desmineralização óssea típica do idoso”
(Hart, 1985 cit. p/ Safons e Pereira, 2004). Este quadro é cada vez mais notório
e determinante na medida em que aproximadamente 30% de idosos sofrem
uma queda durante a sua vida e 10-20% caem duas ou mais vezes (Gregg et
al., 2000 cit. p/ Dibrezzo et al., 2005). Para além da fraqueza muscular, vários
factores podem contribuir para a falta de equilíbrio, tais como a perda de
confiança, diminuição da visão, diminuição da capacidade de coordenação e
activação das unidades motoras (Shephard, 1997).
As quedas são uma ameaça para a independência dos idosos e um importante
contributo para acontecimento de fatalidades. Por exemplo, aproximadamente
um terço dos adultos com mais de 75 anos experimentaram pelo menos uma
queda por ano, e 6% deles tiveram fracturas como resultado da queda
(Woollacott, 1996).
Howland et al. (1998) referem que, em sujeitos idosos, as quedas resultam
grande parte das vezes em fracturas ósseas. E mesmo quando não resultam
em fracturas e eventualmente morte, elas estão muitas vezes associadas ao
medo de cair, o que pode conduzir a restrições em actividades físicas e sociais,
aumento de dependência e aumento de necessidade de apoio de terceiros
(Howland et al., 1998 cit. p/ Spirduso, 2005).
Outro aspecto basilar associado igualmente à sarcopenia, nomeadamente dos
membros inferiores são as adaptações no padrão da marcha do idoso com o
objectivo de a tornar mais segura. O idoso apresenta um passo mais pequeno,
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
9 Sara Castilho
com aumento do tempo de apoio em 2 membros, com o objectivo de adquirir /
readquirir a estabilidade. Por outro lado, a diminuição da força no idoso pode
limitar a sua capacidades de elevação do pé durante a marcha de forma a
contornar obstáculo, aumentando também o risco de queda (Young et al.,
1999). Mulheres com idade inferior a 62 anos apresentam uma diminuição de
velocidade da marcha 1 a 2% por década. Já mulheres com idades superiores
a 63 anos apresentam uma diminuição de velocidade da marcha 12,4% por
década e nos homens a perda é de 16,1% por década (Himann et al. 1988 cit
p/ Spirduso, 2005). Podemos ainda destacar um estudo transversal levado a
cabo por Frontera e colaboradores (1991), em pessoas com idades
compreendidas entre os 45 e 78 anos que teve como objectivo determinar a
força máxima no trem inferior e superior. Os resultados deste trabalho
permitiram concluir que existe uma maior perda de força máxima nos músculos
extensores do joelho (42% a 47%), relativamente aos extensores do cotovelo
(35% a 37%) (Frontera et al., 1991). Parece assim estar comprovado, que a
potência dos membros inferiores pode perder-se em proporção de 3,5% por
ano a partir dos 65 até aos 84 anos (Young et al., 1999).
Para além das diferenças em termos do tipo de contracção muscular exigido e
do grupo muscular examinado, o envelhecimento é também diferente no que
diz respeito ao subtipo de fibras musculares. Diferentes estudos mostram que
com o aumento da idade, o tamanho das fibras tipo II (fibra de contracção
rápida) diminui, não sendo o tamanho das fibras tipo I (fibra de contracção
lenta) afectado do mesmo modo (Porter et al., 1995). Se tivermos em conta o
género, podemos ainda citar Safons e Pereira (2004) que, neste domínio,
afirmam que “ a área das fibras tipo II tem sido encontrada significativamente
menor nos membros inferiores do que nos superiores, particularmente nas
mulheres, o que indicaria diferenças no processo de envelhecimento e/ou
diferenças no padrão de actividade dos mesmos ” (Safons e Pereira, 2004).
Nos homens existe uma perda de 15,5% de massa muscular por década,
enquanto que na mulher esta perda atinge os 18,2% no mesmo período de
tempo (Hughes et al., 2001).
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
10 Sara Castilho
Assim, além da perda de força muscular, a capacidade do músculo para
exercer força rapidamente (potência) também diminui. Trata-se de uma
capacidade fundamental na prevenção de quedas que é uma das causas mais
frequentes de lesões no idoso, além da sua importância no desempenho de
actividades diárias (Skelton e Beyer, 2003).
Outros autores reforçam ainda a ideia de que estas alterações se reflectem
essencialmente na diminuição da capacidade para desenvolver força máxima
(Sargent, 1996; Serra, 1997 cit. p/ Carral et al., 2005). Por sua vez, também
Vandevoort e Symons (2001) referem que tal situação terá ainda implicações
ao nível da capacidade para desenvolver a força necessária às actividades do
dia-a-dia, tal como pode provocar a diminuição da velocidade de reacção em
resposta a situações de falta de equilíbrio, que aumentam a probabilidade de
quedas e óbvias consequências. Decorrente deste processo, que vai
culminando com a perda progressiva da capacidade do idoso para fazer face
às suas práticas quotidianas, vão ocorrendo limitações ao nível da sua
autonomia. Deparamo-nos assim com um processo não menos penoso que se
irá traduzir no isolamento social, depressão e abandono, situações tão
características das sociedades actuais.
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
11 Sara Castilho
2.1.3. Factores Desencadeadores de Sarcopenia
Sendo portanto a sarcopenia um problema que resulta essencialmente do
envelhecimento, pode, todavia, ser acentuado por diversos factores de que são
exemplo: doenças crónico – degenerativas tais como, Alzheimer e Parkinson;
efeitos secundários de certos medicamentos que podem afectar directa ou
indirectamente o sistema muscular tais como, diuréticos; alterações no sistema
nervoso; redução de secreções hormonais; desnutrição com influência sobre a
perda muscular, como por exemplo, a carência de cálcio e vitamina D que pode
resultar em miopatia e atrofia por desuso (Evans, 1993; Fiatarone, 1994;
Shephard, 1997).
Assim, múltiplos e interrelacionados factores contribuem para a sarcopenia,
contribuindo cada um deles com uma dada extensão para a perda de massa e
força musculares, qualidade muscular (eficácia muscular) e grau de
incapacidade e de reserva dos idosos.
Alterações no número e tamanho das fibras
A perda de massa muscular é considerada um factor central no declínio da
força e no aumento da incapacidade do idoso (Frontera et al., 1991). É por isso
importante a existência de técnicas para avaliação da composição muscular.
No entanto, existe alguma controvérsia pelo facto dos estudos em humanos
serem realizados com base em métodos indirectos e estudos transversais, que
podem conduzir a resultados pouco precisos. Neste tipo de avaliação começou
por ser inicialmente utilizada a biopsia por agulha, apesar de ser pouco
representativa do músculo total por apenas recolher pequenas porções do
músculo (Frontera et al., 1991). Como alternativa, alguns estudos utilizam
material cadavérico ou métodos não invasivos como a tomografia axial
computorizada (TAC) e a ressonância magnética nuclear (RMN) (Lee et al.,
2001). Também a determinação da excreção de creatina através da urina é um
método utilizado (método directo), já que 98% das reservas de creatina podem
ser encontradas no músculo, assumindo-se uma relação directa entre a
excreção de creatina e a massa muscular (Shephard, 1991 cit. p/ Shephard,
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
12 Sara Castilho
1997). No entanto, este método apresenta algumas limitações, já que sujeitos
idosos têm dificuldade em ressintetizar creatina. Esta relação entre massa
muscular e excreção de creatina é também distorcida se o envelhecimento
conduziu a uma deterioração da função renal (Manfredi et al., 1991).
Como alternativa aos estudos em humanos, são também realizados estudos
em ratos, nos quais as desvantagens apresentadas em humanos podem ser
contornadas, permitindo assim uma análise longitudinal.
Alguns estudos foram realizados em humanos e, concluiu-se que o tamanho
das fibras tipo II reduz com o aumento da idade enquanto que as fibras tipo I
não são tão afectadas (Lexell, 1995).
Por exemplo, estudos longitudinais em humanos utilizando a biopsia
observaram uma redução de 14% no tamanho das fibras IIa, 25% nas fibras
IIb, não se verificando alterações significativas nas fibras tipo I (Aniansson,
1992). Ainda Lexell (1995) afirmam que, entre os 19 e os 86 anos, o tamanho
das fibras tipo II reduz cerca de 35% e das fibras tipo I cerca de 6%.
Mais tarde num estudo realizado por Lexell et al. (1998), concluiu-se que a
atrofia do músculo vastus lateralis com o envelhecimento resultava tanto de
uma perda de fibras como da diminuição do tamanho das fibras. Verificou-se
também que a perda de fibras tem início aos 25 anos de idade e a partir daí
acelera, e que a redução do tamanho das fibras é explicado principalmente
pelo efeito nas fibras tipo II (Lexell et al., 1998). Tudo isto indica que a redução
das fibras é a principal explicação para a diminuição da área do músculo vastus
lateralis com o envelhecimento. No entanto, nenhum outro músculo foi
analisado pelo autor no que diz respeito ao número total de fibras, pelo que se
supõe que os músculos dos membros superiores e os restantes dos membros
inferiores sofram o mesmo processo de atrofia (Lexell, 1995).
Também estudos longitudinais realizados através de biópsia em indivíduos
idosos concluem que existe uma diminuição de 14% nas fibras tipo IIa e de
25% nas fibras tipo IIb, não se verificando alterações significativas nas fibras
tipo I (Frontera et al., 2000). Ou seja, quando se analisa o subtipo de fibras
parece ser evidente que a atrofia é preferencial das fibras mais rápidas e mais
potentes (IIb). Os efeitos desta perda preferencial das fibras tipo II podem
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
13 Sara Castilho
reflectir-se no reduzido nível de capacidade de desenvolver força e de
capacidade de aceleração do membro (Stanley e Taylor, 1993). Com estes
resultados, será que o músculo do idoso apresenta maior resistência à fadiga?
As pesquisas nesta área parecem ser inconclusivas, devido à variedade de
métodos utilizados na indução de fadiga. Por exemplo, num estudo de
Lenmarken et al. (1985) realizado com estimulação a 20Hz observaram-se
aumentos na fatigabilidade muscular (Porter et al., 1995). Também num estudo
realizado por Davies et al. (1986), foram encontrados aumentos na
susceptibilidade de fadiga (Porter et al., 1995). Por outro lado, Narici et al.
(1991) após a realização de um protocolo de estimulação a 30Hz, verificaram
uma diminuição da fatigabilidade muscular com o avanço da idade. No entanto,
Hicks et al. (1992) afirmam que, quando são analisadas contracções
musculares voluntárias, os resultados são mais consistentes ao mostrar que
não existe efeito do envelhecimento na fatigabilidade do músculo. Estas
investigações debruçaram-se sobre os músculos dos membros inferiores, mas
variaram na utilização de contracção maximal vs. sub-maximal e esforços
intermitentes e contínuos. Assim, apesar da predominância das fibras tipo I nos
indivíduos idosos, neste estudo não se verificaram aumentos na sua resistência
à fadiga.
Têm sido assim colocadas três hipóteses explicativas com vista a justificar o
efeito da idade na composição muscular. A primeira hipótese reporta-se ao
facto de existir uma perda indiferenciada de todos os tipos de células
musculares, mantendo-se constante a proporção dos tipos de fibras
musculares. Outra hipótese refere que existe uma perda selectiva das fibras
rápidas que resulta da necrose progressiva e selectiva dos grandes
motoneurónios que activam as unidades motoras rápidas. A última hipótese diz
respeito a uma possível transformação das unidades motoras rápidas em
unidades motoras lentas pelo desuso, levando à alteração da relação fibras
rápidas/ lentas (Lexell et al., 1998). Como se pode verificar, não existe
consenso entre as três hipóteses, o que justifica tratar-se de uma problemática
complexa.
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
14 Sara Castilho
Alterações na Capilarização
Com o envelhecimento, é observada uma diminuição de capilarização
muscular. Nos músculos humanos, a densidade capilar é de cerca de 25%
mais baixa em homens e mulheres com mais de 64 anos relativamente aos
indivíduos de 26 anos de idade (Coggan et al. 1992). Dutta (2000), num estudo
realizado com idosos, observou uma diminuição da capilarização, que afirma
estar associada com a diminuição de fibras tipo I, e que apresentam uma maior
capilarização comparativamente às fibras tipo II.
A redução da densidade capilar está relacionada com a diminuição do número
total de capilares, sendo o número destes em contacto com as células
musculares cerca de 19 a 40% menor na idade avançada (Coggan et al. 1992).
Esta redução na capilarização tem maior influência na capacidade do músculo
de suster a contracção (resistência de força) (Coggan et al. 1992).
Alterações no sistema nervoso
Alguns autores mostraram que a diminuição da força muscular em idosos não é
apenas explicada pela diminuição da massa muscular, sugerindo que a
diminuição adicional na capacidade de recrutamento neural com a idade,
contribui para alterações funcionais (Fiatarone e Evans, 1993).
Diversos estudos têm mostrado que o envelhecimento é acompanhado por
alterações substanciais na capacidade do sistema nervoso em processar a
informação e activar os músculos. De forma mais específica, podemos referir
que o envelhecimento afecta esta capacidade para detectar um estímulo e
processar a informação para produzir uma resposta (Shephard, 1991). Os
mesmos autores afirmam ainda que existe redução de motoneuronios alfa e
desnervação de fibras musculares resultante da degeneração da placa motora,
ocorrendo assim uma diminuição do comprimento e número dos sarcomeros. A
enervação dos motoneuronios revela-se essencial para manter a função do
músculo esquelético, sendo que a desnervação do músculo leva facilmente à
sua atrofia o que, a longo prazo, poderá levar à morte das miofibrilas (Tawa e
Goldberg 1994, cit. p/ Grounds, 2002).
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
15 Sara Castilho
Também a morte de neurónios é um fenómeno progressivo ao longo da vida e
considerado irreversível (Roubenoff, 2001). Como consequência, ocorre uma
ramificação do axonio e uma reenervação das fibras musculares pertencentes
à mesma unidade motriz, provocando uma aglomeração de tais fibras
pertencentes à mesma unidade funcional (Lexel, 1993). Esta perda de
neurónios é compensada pela “adopção” por inervação de fibras musculares
pelos neurónios sobreviventes, podendo esta ser classificada como inervação
colateral (“colateral sprouting”). Estas unidades motoras são, neste contexto,
menos eficientes e em casos extremos podem causar tremor e fraqueza. Estas
mutações, quando associadas a alterações neuropatológicas nas vias
sensoriais e a uma perda preferencial das fibras tipo II, levam a uma perda de
controlo fino, isto é, existe uma perda de controlo de pequenos grupos
musculares que envolvem coordenação óculo – manual e requerem um
elevado grau de precisão dos movimentos das mãos e dedos (escrever,
desenhar, coser)” (Carral et al., 2002).
Assim, outra consequência da reinervação muscular é o facto das fibras
musculares que são inervadas por diferentes tipos de motoneurónios serem
interdigitadas de uma forma mais ou menos heterogenia, perdendo-se a
distribuição tipo mosaico (Booth et al., 1994). Isto porque as fibras desnervadas
são frequentemente envolvidas por fibras do mesmo tipo, o que origina uma
composição mais homogénea do músculo do idoso, sendo este fenómeno
designado de “clumping” (Lexell, 1993).
O número de unidades motoras diminui cerca de 47% com o avanço da idade,
sendo que, no estudo de White (1995), os indivíduos idosos apresentaram
cerca de 189±77 unidades em comparação com indivíduos mais novos que
apresentaram 357±97.
Em oposição ao envelhecimento e com vista a minimizar as consequências das
alterações ao nível do sistema nervoso, Hakkinen e Hakkinen (1995) referem
que os ganhos iniciais de força após um período de treino resultam num
aumento da eficiência da condução nervosa, melhorando assim o estímulo
muscular.
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
16 Sara Castilho
Em síntese, a redução do número de fibras musculares pode ser causada por
um dano irreparável que lhes seja perpetrado, ou ainda por uma perda do
contacto permanente dos nervos com as fibras musculares. As alterações
neurológicas em indivíduos idosos traduzem-se concomitantemente na
diminuição do número de unidades motoras funcionais e numa perda do
número de neurónios motores alfa da medula espinal com a subsequente
degeneração dos seus axónios (Barros, 2000). Este facto pode ser ilustrado
pelo incremento do agrupamento de tipos de fibras encontrado nos músculos
de indivíduos idosos, explicado pelos diferentes ciclos de desnervação/
reenervação, que acontecem com as fibras musculares (Barros, 2000).
Factores Hormonais
Como referem Poehlman et al. (1995), algumas hormonas e citocinas, têm
efeitos metabólicos que podem alterar a massa muscular e a sua função. São
disto exemplo, as hormonas anabólicas como hormonas de crescimento, a
testosterona e estrogénio que diminuem com a idade, que podem conduzir à
atrofia muscular e sarcopenia. Segundo os mesmos autores, há ainda
evidências de aceleração da perda de massa magra (e ganho de massa gorda)
a partir da menopausa, o que mostra que a diminuição de estrogénio pode
acelerar a sarcopenia e osteopenia (Poehlman et al., 1995).
Também o decréscimo dos níveis de desenvolvimento de hormonas com a
idade influencia a atrofia das fibras. Está provado que os níveis reduzidos de
testosterona em homens idosos, é também reconhecido como factor que
contribui para a perda de força e de massa muscular (Grounds, 2002).
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
17 Sara Castilho
Desuso
Há evidências de que a sarcopenia é agravada com o desuso e, portanto, que
a inactividade física conduz a uma rápida perda muscular, cujo agravamento
não se verifica do mesmo modo em pessoas idosas fisicamente activas. Não
sendo a sarcopenia completamente ultrapassada com o exercício físico, o
problema, embora resultando da idade, é deveras agravado pelo desuso
(Roubenoff, 2001).
O desuso é tão importante em todo o quadro da sarcopenia que existe uma
enorme dificuldade em separar estes dois factores devido ao facto de serem
observadas as mesmas alterações, nomeadamente em termos morfológicos e
funcionais ao nível do músculo esquelético, tanto com o envelhecimento como
com o desuso. O desuso é, no entanto, uma das características das
sociedades desenvolvidas. Com os avanços tecnológicos, os sujeitos,
particularmente os idosos, vão-se tornando progressivamente mais sedentários
(Pu e Nelson, 2001). O facto dos idosos das sociedades industrializadas
reduzirem os seus níveis de actividade física habitual, pode significar o início
das consequências do desuso (Venâncio, 2004). O sedentarismo característico
deste escalão etário, sendo particularmente associado aos idosos de meio
urbano, acentua os efeitos deletérios do envelhecimento e consequente
diminuição da capacidade funcional, com reflexos evidentes sobre a actividade
física diária. Por outro lado, os idosos do meio rural contrariamente aos do
meio urbano, continuam a exercer a sua profissão e, com isso, mantêm os
seus níveis de actividade física diária (Carvalho, 2002).
Formas mais evidentes de atrofia por desuso podem-se verificar, por exemplo,
após imobilização por acamamento resultante de patologia aguda ou crónica,
imobilização com gesso e dependência por cadeira de rodas, sendo todas
estas situações mais ou menos comuns em idosos (Carvalho, 2002). Pode
referir-se que os sistemas orgânicos mais afectados com a imobilização e
redução da actividade física diária do indivíduo idoso são os sistemas
muscular, neural, respiratório e cardiovascular (Fiatarone, 1990). Ao nível do
sistema muscular, as consequências fisiológicas do desuso são a perda de
massa muscular, redução do número de sarcómeros, aumento de gordura
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
18 Sara Castilho
subcutânea, atrofia das fibras tipo II e desintegração da arquitectura miofibrilar
(Fiatarone e Evans, 1993). O desuso, para além do reflexo sobre a morfologia
muscular, tem também fortes implicações sobre a capacidade contráctil do
músculo (Venâncio, 2004).
McCartney et al. (1996) afirmam, por exemplo que, se entre o 1º e o 2º anos de
treino existir uma paragem de cerca de 10 semanas, ocorre uma perda de
massa muscular de cerca de 8% (Spirduso, 2005). Por outro lado, Dudley et al.
(1989) afirma que, após trinta dias de acamamento, se verificou uma perda de
cerca de 18-20% no momento máximo dos extensores do joelho. No entanto,
os mesmos autores referem ainda que, trinta dias após finalizar o acamamento,
existiu uma recuperação de cerca de 92% dos níveis de força muscular. Pode
então referir-se que a diminuição da força muscular induzida pelo desuso pode
ser recuperada num período relativamente curto de tempo.
Assim, em oposição à actividade física regular, o desuso característico deste
escalão etário é um factor que, de uma forma geral, acelera o processo normal
de envelhecimento, sendo assim um factor adicional de deterioração física e
fisiológica (Carvalho et al., 2003).
Podemos assim concluir que, sendo a sarcopenia um fenómeno relativamente
recente, tem vindo a emergir novas descobertas que vão alertando para a
existência de vários factores que podem contribuir para o seu agravamento.
Neste contexto pode concluir-se que não é apenas um fenómeno decorrente do
envelhecimento. Como se pode verificar através da bibliografia consultada,
existem múltiplas investigações levadas a cabo sobretudo a partir segunda
metade da década de 90 até à actualidade.
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
19 Sara Castilho
2.1.4. Como Agir no Sentido da Prevenção
Com tudo isto, ficou demonstrada a existência de uma perda significativa de
força muscular com o envelhecimento. Porém, tal como já referido é difícil
distinguir o que é perda fisiológica associada á idade per si daquela atrofia por
inactividade (Carral et al. 2002).
No sentido de minimizar a diminuição da força, e promover um consequente
aumento da qualidade de vida, vários autores afirmam que a actividade física
regular e a adopção de estilos de vida activos se tornam indispensáveis
durante toda a vida do indivíduo, com particular evidência durante o processo
de envelhecimento. Está demonstrado cientificamente que a prática regular de
actividade física pode reduzir a incidência de quedas entre 20% a 40%,
reforçando assim a ideia da importância destas práticas e de estilos de vida
activos (Young et al. 1999). Mais recentemente, Tartaruga et al. (2005) referem
que o treino de força pode estimular o aumento de densidade óssea e reverter
a sarcopenia no idoso. Pode definir-se treino de força como uma progressiva
sobrecarga do sistema neuromuscular utilizando cargas próximas da
contracção muscular máxima contra uma alta resistência. Tem como objectivo
aumentar a capacidade de realizar contracções máximas ou aumentar a área
muscular (Porter et al., 1995)
Um estudo realizado por Fiatarone (1994), a indivíduos de 86-96 anos que
participavam num treino de 8 semanas (3 vezes/ semana) para fortalecimento
de membros inferiores, revelou existência de melhoria, em média, de 174% na
força muscular e 48% na velocidade do passo. No entanto, a suspensão do
treino por 4 semanas, levou a uma diminuição de 32% na força, o que ressalta
a importância da continuidade do treino. Num outro estudo da mesma autora
(Fiatarone, 1994), relativo aos efeitos do treino de força e suplemento
nutricional a indivíduos com idades compreendidas entre os 72 e 98 anos, ficou
demonstrado o incremento na velocidade da marcha (11%), potência na subida
de escadas (28%) e incremento da actividade física espontânea (34%)
(Fiatarone et al., 1990). Em oposição, Astrand (1992) afirma que, apesar da
actividade física formal induzir melhorias ao nível da aptidão física, na
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
20 Sara Castilho
funcionalidade e na saúde do idoso, pode, por outro lado, conduzir a uma
diminuição as actividade espontânea diária por questões motivacionais.
Também Silva (1999), num estudo que realizou com mulheres sedentárias
submetidas a um programa de exercícios para membros superiores e
inferiores, confirma a existência de um aumento significativo do equilíbrio
(38,8%) e de velocidade da marcha (18,1%), isto decorridas apenas 6 semanas
de treino (2 vezes/ semana).
Já o estudo clássico de Frontera e seus colaboradores (1998) demonstrou
quantitativamente a dimensão da melhoria da força muscular em idosos,
através da utilização do TAC como técnica de avaliação do músculo. A
musculatura extensora do joelho após 12 semanas melhorou 117% e a
musculatura flexora do joelho melhorou 227%” (Frontera et al., 1998). Também
outros estudos utilizando TAC (Fiatarone et al., 1990) e RMN (Roman et al.,
1993), têm demonstrado que o treino de força intenso conduz a uma
significativa hipertrofia muscular em sujeitos idosos.
Mais recentemente, continuando as investigações neste sentido, o mesmo
autor verifica um grande aumento na força muscular e mudanças funcionais
positivas para mobilidade, nomeadamente na velocidade da marcha habitual e
na capacidade para subir escadas e na actividade física espontânea,
reforçando assim as conclusões dos autores referidos anteriormente (Frontera
et al., 2001).
Dentro desta mesma problemática, Fleck e Kremer (1999) descobriram que “o
treino de força aumenta a retenção de nitrogénio e a velocidade de síntese de
proteínas do corpo todo, o que mostra que o sistema hormonal em indivíduos
mais velhos ainda funciona de forma a promover algumas alterações ao treino
de força”. Também Yarasheski et al. (1993) afirmam que, como resposta ao
treino de força, a taxa de síntese proteica é idêntica no sujeito jovem e idoso,
sendo este o principal pressuposto bioquímico para hipertrofia independente da
idade.
Lexell (2000) afirma que os principais factores que explicam os ganhos de força
com o treino tanto em sujeitos mais novos como mais velhos são aumentos na
massa muscular (hipertrofia das fibras musculares) e adaptações no sistema
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
21 Sara Castilho
nervoso. O autor afirma também que as adaptações no controlo neural são
importantes para as melhorias na força durante as primeiras 4 a 8 semanas, e
só mais tarde ocorre uma significante hipertrofia (Spirduso, 2005).
A tabela 1 apresenta as alterações na área/volume de um músculo ou grupo
muscular com treino de força.
TABELA 1 – Alterações na área/volume de um músculo ou grupo muscular
com treino de força
Nota: Alterações musculares são relativas a uma repetição máxima; LP= Leg Press; EJ= Extensor do
joelho; FJ= Flexor do joelho; FC= Flexor do cotovelo; RM= Repetição máxima; TC=Tomografia
computorizada; RMN= Ressonância magnética nuclear; US= ultra sons; Exc.= Excêntrico; Conc.=
Concêntrico
Apesar de se verificarem aumentos significativos da força muscular, não existe
uma relação directa entre esta e alterações no tamanho do músculo. Esta
situação pode ser explicada pelo facto de os estudos neste sentido implicarem
treinos com uma duração entre 2 a 3 meses, e neste período de treino, a maior
parte das alterações ocorre de adaptação neural (Sale, 1988). Porter et al.
(2001) afirma também que três quartos dos ganhos de força muscular são
evidentes nas primeiras oito semanas de treino, ocorrendo os últimos ganhos
passados cerca de dez semanas. Os autores referem ainda que aumentos de
Estudo
Idade
Período de
treino
(semanas)
Alterações na
força
Alterações no
tamanho do
músculo (método)
Grimby et al, 1992 78-84 8 ↑10% conc., 16%
exc.
↑ 3% (CT EJ)
Fiatarone et al., 1994 72-98 10 ↑120% 1RM (EJ,
LP)
↑3% (TC)
Hakkinen e Hakkinen,
1995
64-73 12 ↑40% EJ ↑11% (US, EJ)
Hakkinen et al., 1998 72+-3 24 ↑21% Dinâmico ↑2% (US EJ)
Kraemer et al., 1999 62 10 ↑15% 1RM ↑6,4,8% (RMN, EJ,
FJ)
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
22 Sara Castilho
força associados ao treino de alta intensidade são bastante superiores quando
comparados às respostas ao nível da hipertrofia, pelo que se conclui que
grande parte da adaptação ao treino é neural. Como exemplo, pode-se referir o
estudo de Trounce et al. (1989), em que, após 8 semanas de treino de força de
alta intensidade em sujeitos idosos, foram observadas melhorias de cerca de
174% ao nível de força muscular dos quadricípites e apenas 9% de hipertrofia.
Este facto acontece em situações em que o treino de força ocorre durante um
curto período de tempo (2 a 3 meses), sendo as respostas diferentes quando
se refere a treino de força realizado durante um longo período de tempo (mais
de 1 ano). Neste último caso, os aumentos de força estão já relacionados com
a hipertrofia muscular.
Estilos de vida activos podem afectar a composição muscular no que diz
respeito ao tipo de fibras (Woollacott, 1996). Estimativas baseadas em medidas
da área transversa do músculo e do tamanho das fibras musculares, sugerem
que músculos activos de idosos podem conter maior número de fibras
musculares – cerca de 15% (Woollacott, 1996). O autor afirma ainda que
indivíduos idosos sujeitos a treino de força apresentaram uma percentagem
mais alta de fibras tipo II tanto nos membros inferiores como superiores. Em
contraste, idosos sujeitos a treinos aeróbios (de resistência) apresentaram uma
percentagem mais elevada de fibras lentas nos músculos dos membros
inferiores. Ou seja, tal como acontece no jovem, existe uma especificidade da
resposta ao treino no idoso.
Pyka et al. (1994) examinaram a hipertrofia muscular depois de 30 semanas de
treino de força, tendo encontrado um aumento semelhante no aumento da
força dos músculos extensores do joelho (60%) e hipertrofia das fibras tipo I
(58%) e tipo II (66%). Ainda Trappe et al. (2000) ao estudarem o efeito de 12
semanas de treino de força na função contráctil de fibras musculares isoladas
do m. Vastus Laterlis, afirmam que existe um aumento significativo no diâmetro
das células musculares, referindo-se a um aumento de 20% para as fibras tipo I
(MHC) e de 13% para as fibras tipo IIa (MHC).
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
23 Sara Castilho
Na tabela 2 estão apresentadas as alterações na área da fibra muscular após
treino de força.
TABELA 2 – Alterações na área da fibra muscular
Nota: Alterações musculares são relativas a uma repetição máxima; Exc.= Excêntrico; Conc.=
Concêntrico NS= não significativo; TF= grupo de treino de força; TF+ Supp. = grupo de treino de força +
suplemento nutricional; EJ=Extensor do joelho
O treino de força estimula ainda a síntese de proteínas musculares tanto em
sujeitos jovens como nos mais velhos (Dorrens e Rennie, 2003). Ainda
Yarasheski et al. (1993) referem que a síntese de proteínas tanto em sujeitos
jovens como em idosos aumenta 36% e 60%, respectivamente, depois de 2
semanas de treino de força (Dorrens e Rennie, 2003).
Por outro lado, o semi-tempo de relaxamento dos músculos idosos aumenta
com o treino, tal como acontece com os mais jovens. Este aumento no semi-
tempo de relaxamento significa que o músculo é capaz de manter tensão
durante mais tempo com a mesma frequência de disparo das unidades
motoras. Considerando que o tempo de contracção de músculos não treinados
do idoso é menor, esta adaptação ao treino deve permitir aos idosos manter a
sua força muscular máxima com uma mais baixa frequência de disparos de
Estudo
Idade
Período de
treino
(semanas)
Alterações
força
Alterações na área da
fibra (tipo I e II)
Grimby et al, 1992
78-84 8-11 ↑10% conc., 16%
exc.
Tipo. I: ↑ 8 (NS);
Tipo II: ↑5%(NS)
Brown et al., 1990 60-70 12 ↑48% Tipo I: ↑ 14% ;
Tipo II: ↑30%
Hakkinen et al.,
1998
72+-3 24 ↑17% EJ
isométrico
Tipo I: ↑ 23% ;
Tipo IIa: ↑39%;
Tipo IIb: ↑19%
Fiatarone S. et al.,
1999
60-70
12
↑100%
↑250%
Tipo. I: ↑ 5%(NS) ;
Tipo II: ↓12%(NS)RT
Tipo. I: ↑ 13%(NS) ;
Tipo II:↓10%(NS) RT+ Supp.
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
24 Sara Castilho
unidades motoras, o que permitirá aumentar a sua resistência à fadiga
(Spirduso, 1995).
Por outro lado, a velocidade de contracção, que reflecte a máxima velocidade
de interacção entre a actina e a miosina, aumenta substancialmente nas fibras
tipo I e IIa como resultado de treino de resistência muscular (Trappe et al.
2000). O mesmo autor verificou um aumento da potência, quer das cadeias
pesadas de miosina tipo I, quer das tipo IIa, produzindo maiores picos de
tensão e contraindo-se mais rapidamente.
Por outro lado, músculos de indivíduos idosos sujeitos a treino de resistência
contêm um número bastante elevado de capilares, sendo também altos os
níveis de actividade das enzimas mitocondriais (Wollacott, 1995). Ainda Denis
et al. (1986), afirmam que os número de capilares em contacto com as fibras
musculares aumenta depois de um programa de treino (Spirduso, 2005).
É ainda importante lembrar que a partir dos 70 anos de idade, é normal a
deterioração da massa muscular, sendo que a sua simples manutenção é
considerada, nesta idade, um benefício (Spirduso, 2005).
Após o tratamento desta problemática decorrente da Sarcopenia e suas causas
endógenas e exógenas – que neste trabalho foram designadas de “outros
factores”, podemos concluir que a existência de actividade física programada,
adequada e regular, em articulação com estilos de vida activos, parecem
contribuir para combater ou reverter a tendência para a sarcopenia associada
ao processo de envelhecimento.
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
25 Sara Castilho
3. Material e Métodos
Com o objectivo de determinar o efeito da actividade física diária na força
muscular dos membros inferiores do idoso, foram aplicados questionários e
realizada uma avaliação isocinética da força a um grupo de sujeitos com idade
superior a 60 anos, que se encontram em maior detalhe mais à frente neste
capítulo.
Este estudo é de natureza transversal, tendo os testes sido aplicados uma
única vez antes de iniciar qualquer tipo de programa de actividade física, por
forma a isolar a actividade física diária e estudar apenas o seu efeito na força
muscular do idoso, sem influencia da actividade física formal e organizada.
3.1. Amostra
A amostra foi constituída por 90 idosos voluntários de idades compreendidas
entre os 60 e os 81 anos, não praticantes de actividade física formal há pelo
menos 2 anos. Os sujeitos viviam de forma independente no seu quotidiano,
eram razoavelmente saudáveis e sem problemas que condicionassem a sua
participação nos testes.
Foram realizadas observações a todos os indivíduos onde foi avaliado o seu
peso numa balança digital SECA 708 e a sua altura num estadiómetro SECA
220/ 221.
A amostra foi classificada com base no questionário de Baecke Modificado (em
análise mais à frente), e dividida em três grupos em função do seu nível de
actividade física diária, através dos tertis.
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
26 Sara Castilho
No quadro 1 estão apresentados os valores de actividade física diária
apresentados pelos três grupos estudados e a constituição de cada um deles.
Quadro 1 – Valores médios da actividade física diária dos grupos A, B e C e a
sua constituição.
Esta divisão teve como objectivo permitir a análise das diferenças nos níveis de
força muscular entre grupos com diferentes níveis de actividade física.
As principais características dos três grupos de idosos estão descritas no
Quadro 2.
Quadro 2 – Principais características dos grupos A, B e C (média ± Desvio
Padrão).
Grupo N Idade Altura Peso
A 27 68.3±4.2 1.56±6.8 68.2±9.6
B 32 69.2±3.8 1.55±7.4 66.7±10.8
C 31 68.7±5.6 1.59±7.2 68.7±8.4
A análise do quadro acima representado sugere que não existem diferenças
estatisticamente significativas entre os três grupos em nenhuma das variáveis
analisadas. Assim, podemos observar que o grupo A é constituído por 32
indivíduos com uma média de idade de 68.3±4.2 anos, um peso médio de
68.2±9.6 kg e uma altura média correspondente a 1.55±6.8 m, o grupo B
envolve 27 indivíduos com uma média de idade de 69.2±3.8 anos, um peso
médio de 66.7±10.8 kg e uma altura média correspondente a 1.55±7.4 m e
Grupo N Actividade física diária
A 27 3.6±0.8
B 32 5.8±0.8
C 31 7.9±1.7
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
27 Sara Castilho
finalmente no grupo C estão incluídos 31 indivíduos com uma média de idade
de 68.7±5.6 anos, um peso médio de 68.7±8.4 kg e uma altura média
correspondente a 1.59±7.2 m.
3.2. Questionário
Com o objectivo de caracterizar a actividade física diária de cada um dos
idosos, foi aplicado através de uma entrevista pessoal o questionário de
Baecke Modificado validado para a população idosa por Vorrips (1991). Este
questionário incidiu sobre a actividade diária do último ano e foi composto por
quatro partes em que a primeira se referiu à identificação dos sujeitos, a
segunda inquiriu acerca das suas actividades domésticas habituais, a terceira
incidiu sobre a prática de actividade desportiva e a quarta abordou questões
relativas às actividades de tempo livre.
Para avaliação das actividades domésticas, foram realizadas questões com 4
ou 5 possibilidades de resposta situadas entre o inactivo e o muito activo. Os
itens da actividade desportiva e de tempos livres foram avaliados com base no
tipo de actividade, horas despendidas na actividade e no período de tempo
durante o ano em que a mesma é realizada. Todas as actividades tiveram uma
classificação de acordo com a postura e tipo de movimentos, tendo por base a
tabela de códigos para o Questionário de Baecke Modificado (anexo1).
A actividade total do idoso foi determinada através do somatório dos diferentes
índices (actividade doméstica + actividade recreativa), não tendo em conta a
actividade desportiva, uma vez que foi considerado como critério de inclusão a
ausência de prática desportiva há pelo menos 2 anos.
3.3. Avaliação da Força Muscular
Foi utilizado um dinamómetro (Biodex System 2, USA) para a avaliação
isocinética da força dos musculos extensores e flexores do joelho em ambos os
membros inferiores em duas velocidades distintas: 60º/seg. (1.05rad.seg -1) e
180º/seg. (3.14 rad.seg-1).
O alinhamento das articulações para flexão/extensão do joelho e a postura do
sujeito foram realizados de acordo com as instruções definidas para este
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
28 Sara Castilho
equipamento pela Biodex Medical System, Inc (wilk, 1991). De seguida, e para
restringir o mais possível o movimento à flexão e extensão do joelho,
colocaram-se as bandas bem ajustadas ao nível do tronco, bacia e coxa. O
eixo de rotação do dinamómetro foi alinhado com o epicôndilo femural e a
carga de resistência foi colocada cerca de 2 cm acima do maléolo interno. A
referência anatómica angular da articulação do joelho introduzida no
dinamómetro foi obtida mediante a utilização de um goniómetro. Os possíveis
erros induzidos no torque pela força da gravidade foram corrigidos com base
no peso do membro inferior a 0º/seg. e calculados pelo próprio “software” do
equipamento.
Antes da realização do teste máximo, os sujeitos tiveram um período 5 minutos
de aquecimento numa bicicleta ergométrica (Monark, Sweden) a 60 rpm, sendo
utilizada uma carga correspondente a 2% do peso corporal. Os sujeitos tiveram
ainda um período de habituação ao dinamómetro, realizando 10 repetições
submáximas de extensão / flexão do joelho a 180º/seg. e cinco repetições a 60º
/seg., sendo depois realizado um período de repouso de 2 minutos.
Durante o teste, os sujeitos realizaram 5 repetições máximas a 180º/seg. e três
a 60º/seg., existindo um período de repouso de 2 minutos entre os testes. Foi-
lhes pedido para exercerem o máximo de força possível tanto na extensão,
como na flexão do joelho.
A totalidade do movimento inferior foi requerida desde a posição de flectido
(90º) até à máxima extensão possível, por forma avaliar a força máxima.
Durante o teste, os sujeitos não tiveram quaisquer “feedbacks” visuais, sendo
apenas verbalmente encorajados a desenvolver a sua força máxima.
Nesta avaliação foi considerado o momento máximo (peak torque – PT- Nm); a
razão flexores/extensores (isquiotibiais / quadricípites – IT/Q - %), que
representa a razão entre o momento máximo da flexão e o momento máximo
da extensão do joelho; comparação bilateral (défice bilateral -%) do PT que
representa a diferença percentual entre o momento máximo do membro
dominante e o momento máximo do membro não-dominante.
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
29 Sara Castilho
Pode ainda referir-se que nenhum dos participantes sentiu dores musculares
durante o protocolo experimental, tendo sido o teste isocinético bem tolerado
por todos.
3.4. Procedimentos estatísticos
Foram utilizadas as medidas descritivas média e desvio padrão para a
descrição das variáveis em estudo. A subdivisão da amostra em três grupos
(menos, razoável e mais activos) foi realizada com base nos tertis.
Com o objectivo de analisar a normalidade da distribuição e presença de
“outliers”, foi realizada uma análise exploratória dos dados. A análise das
diferenças entre os grupos foi efectuada a partir da ANCOVA tomando como
covariável o sexo, e do Paired samples T-Test (t- teste medidas
emparelhadas).
O nível de significância considerado foi de p ⟨ 0.05.
Os cálculos foram realizados no programa de estatística SPSS e no programa
Excel, versão para Windows XP.
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
30 Sara Castilho
4. Análise dos Resultados
Avaliação Isocinética da Força em função dos níveis de actividade física
No quadro 3 estão apresentados os valores de actividade física diária
apresentados pelos três grupos estudados.
Quadro 3 – Valores médios da actividade física diária do grupo A, B e C
A caracterização dos três grupos relativamente às variáveis respeitantes ao
momento máximo (“peak-torque” – PT) à velocidade de 180º/seg. é
apresentada no quadro 4.
Quadro 4 – Valores médios de força muscular à velocidade de 180º/seg.
(média ± Desvio Padrão).
180= velocidade de 180º /seg.; E= extensão do joelho; F= flexão do joelho; D= membro dominante;
ND= membro não dominante;
a) Flexores vs. Extensores (p=0.00)
Grupo N Actividade física diária
A 27 3.6±0.8
B 32 5.8±0.8
C 31 7.9±1.7
Grupo N D180 E ND180 E D180 F ND180 F
A 27 53.2±14.2 a) 49.7±15.2 a) 32.7±9,4 32.9± 9.1
B 32 59.3±18.0 a) 56.5 ±19,6a) 32.5±11.8 33.8±11,6
C 31 69.2±22.5 a) 63.1±20.6 a) 37.2± 9.1 38.4±10.8
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
31 Sara Castilho
Quadro 4.1- Valores da significância e da diferença, referentes ao quadro 4.
180= velocidade de 180º /seg.; E= extensão do joelho; F= flexão do joelho; D= membro dominante; ND=
membro não dominante;
P= Significância; Dif.= diferença
Da análise dos quadros acima representados, pode-se concluir que não
existem diferenças estatisticamente significativas entre os grupos.
Pode ainda referir-se que, nos três grupos avaliados, existem diferenças
estatisticamente significativas entre os valores médios de força durante a flexão
e a extensão do joelho, quer no membro dominante, quer no não dominante,
sendo os valores da flexão sempre menores do que os valores de extensão.
Grupos
D180 E
ND 180 E
D180 F
ND180 F
(I) (J) P Dif.(I–J)
P Dif.(I–J) P Dif.(I–J) P Dif.(I–J)
A B
C
- 0.31
- 0.14
5, 39
6, 91
0.23
0.39
- 6, 71
- 5, 90
0.41
1.00
- 4.97
2, 80
0.83
1.00
4, 57
0, 22
B A
C
0.31
1.00
5, 39
1, 52
0.23
1.00
6, 71
- 0, 82
0.41
1.00
4.97
- 2, 17
0.83
0.90
-4, 57
-4, 35
C A
B
0.14
1.00
6, 91
1, 52
0.39
1.00
5, 90
0, 82
1.00
1.00
-2, 80
2, 17
1.00
0.90
-0, 22
4, 35
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
32 Sara Castilho
No quadro 5 é apresentada a caracterização dos grupos analisados,
relativamente às variáveis respeitantes ao momento máximo (“peak-torque” –
PT) à velocidade de 60º/seg.
Quadro 5 – Valores médios de força muscular à velocidade de 60º/seg. (média
± Desvio Padrão).
60= Velocidade de 60º /seg; E= extensão do joelho; F= flexão do joelho; D= membro dominante; ND=
membro não dominante;
a) Flexores vs. Extensores (p=0.00)
Quadro 5.1 – Valores da significância e da diferença, referentes ao quadro 5.
60= Velocidade de 60º /seg; E= extensão do joelho; F= flexão do joelho; D= membro dominante; ND=
membro não dominante
P= Significância;
Dif.= diferença
Grupo
N
D 60 E
ND 60 E
D 60 F
ND 60 F
A 27 83.6±23.9 a) 78.2±24.9 a) 44.4±15.3 42.3±14.5
B 32 92.4±26.7 a) 88.6±25.2 a) 45.2±17.3 45.8±15.0
C 31 107.7±32.9 a) 101.6±34.0a) 53.4±14.9 52.4±15.3
Grupos
D60 E
ND 60 E
D 60 F
ND 60 F
(I) (J)
P
Dif.
(I–J)
P
Dif.
(I–J)
P
Dif
.(I–J)
P
Dif.
(I–J)
A B
C
0.31
0.14
- 8,74
-12,3
0.22
0.13
-10.29
-12.07
0.41
1.00
- 0,78
-3, 22
0.70
0.59
-3.49
-3.95
B A
C
0.31
1. 00
8,74
- 3,58
0.22
1.00
10.29
-1.77
0.41
1.00
0,78
-2, 44
0.70
1.00
3.49
-0.46
C A
B
0.14
1. 00
12,32
3,58
0.13
1.00
12.07
1.77
1.00
1.00
3, 22
2, 44
0.59
1.00
3.95
0.46
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
33 Sara Castilho
Através da análise do quadro 5, pode-se constatar que não existem diferenças
com significado estatístico entre os grupos. Pode referir-se ainda que, em todos
os grupos estudados, os valores de força durante a extensão do joelho são
mais elevados que os valores durante a flexão, tanto no membro dominante
como não dominante.
Por outro lado, podemos constatar que em todas as variáveis, os valores
obtidos na velocidade de 60º/seg são significativamente mais elevados (em
todos os grupos e em ambos os membros, p=0.00), comparativamente com os
valores obtidos na velocidade superior (180º/seg.).
A representação do défice bilateral dos três grupos é representada no quadro
6.
Quadro 6 – Comparação bilateral da extensão e da flexão a 60º e 180º/ seg
(dominante - Não Dominante). (média ± desvio padrão)
E= extensão do joelho; F= flexão do joelho; D= membro dominante; ND= membro não dominante
180= velocidade de 180º /seg.; 60= Velocidade de 60º /seg; E= extensão do joelho; F= flexão do joelho;
D= membro dominante;
ND= membro não dominante
Grupo N BI 60 F BI 60 E BI 180 F BI 180 E
A 27 2.3±9.7 5.8±15.2 -0.2±4.4 4.7±7.1
B 32 -0.7±9.5 4.5±14.5 -1.5±6.8 2.9±11.4
C 31 0.7±6.6 6.9±14.4 -1.2±6.6 5.9±11.1
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
34 Sara Castilho
Quadro 6.1 – Valores da significância e da diferença, referentes ao quadro 5.
180= velocidade de 180º /seg.; 60= Velocidade de 60º /seg; E= extensão do joelho; F= flexão do joelho;
D= membro dominante;
ND= membro não dominante / P= Significância; Dif.= diferença
Através da análise do quadro 6, pode-se constatar que as diferenças
encontradas entre os grupos não têm significado estatístico. Pode ainda referir-
se que, na flexão do joelho a 180º/seg., o índice de força muscular é, em todos
os grupos, maior no membro não dominante relativamente ao dominante A
mesma situação é verificada no grupo B durante a flexão do joelho a 60º/seg.
Nos restantes casos a força muscular do membro dominante é maior que o
membro não dominante. Estes valores são significativos apenas no grupo 1,
durante a extensão do joelho em ambas as velocidades, (p 60º=0.03; p
180º=0.01) e no grupo 3 na extensão do joelho à velocidade de 180º/seg.
(p=0.00).
Grupo BI60 F
BI 60 E BI 180 F BI 180 F
(I) (J) P Dif. (I–J)
P Dif. (I–J)
P Dif. (I–J)
P Dif. (I–J)
A B
C
1.00
1.00
1.60
1.46
1.00
1.00
1.32
-0.21
1.00
1.00
1.76
-1.54
1.00
1.00
1.35
0.68
B A
C
1.00
1.00
-1.60
0.13
1.00
1.00
-1.32
-1.52
1.00
1.00
-1.76
-1.93
1.00
1.00
-1.35
-0.66
C A
B
1.00
1.00
-1.46
0.13
1.00
1.00
0.21
1.52
1.00
1.00
1.54
1.93
1.00
1.00
-0.68
0.66
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
35 Sara Castilho
O quadro 7 refere-se às diferenças entre às variáveis respeitantes à razão
flexores / extensores dos três grupos estudados.
Quadro 7 – Comparação da relação flexor – extensor dos grupos A, B e C
180= velocidade de 180º /seg.; 60= velocidade de 60º /seg; E= extensão do joelho; F= flexão do joelho;
D= membro dominante; ND= membro não dominante
Quadro 7.1 – Valores da significância e da diferença, referentes ao quadro 7.
180= velocidade de 180º /seg.; 60= velocidade de 60º /seg; E= extensão do joelho; F= flexão do joelho;
D= membro dominante;
ND= membro não dominante / P= Significância; Dif.= diferença
Grupo
N F/E180 D F/E180 ND F/E 60D F/E 60ND
A
27 61.2± 10.3 67.6± 17.6 53.3± 12.4 55± 10.1
B
32 56.3 ±15.4 63± 15.7 49.1± 11.4 52.1± 10.7
C
31 56.1 ±12.8 65.2 ±15.8 50.6± 9.2 53.4± 11.6
Grupos
F/E180 D
F/E180
ND
F/E 60D
F/E 60ND
(I) (J) P Dif. (I–J)
P Dif.
(I–J)
P Dif.
(I–J)
P Dif.
(I–J)
A B
C
0.41
1.00
4.97
2.80
0.83
1.00
4.57
0.22
0.43
1.00
4.27
2.55
0.94
1.00
2.90
1.61
B A
C
0.41
1.00
-4.97
-2.17
0.83
0.90
-4.57
-4.35
0.43
1.00
-4.27
-1.72
0.94
1.00
-2.90
-1.29
C A
B
1.00
1.00
-2.80
2.17
1.00
0.90
-0.22
-4.35
1.00
1.00
-2.55
1.72
1.00
1.00
-1.61
1.29
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
36 Sara Castilho
Da observação do referido quadro, pode-se verificar que não existem
diferenças estatisticamente significativas entre os três grupos em nenhum dos
itens observados.
Pode ainda referir-se que foram encontradas diferenças estatisticamente
significativas nos valores de força, apresentando-se os valores na razão
flexor/extensor à velocidade de 180º/seg., superiores aos valores à velocidade
de 60º/seg. (em todos os grupos, p= 0,00). No entanto, este facto não se
verifica no grupo A, no que diz respeito ao membro não dominante, em que
p=0.98.
No quadro 8 está apresentada a comparação da relação flexor – extensor entre
membro dominante e não dominante nos grupos analisados
Quadro 8 – Comparação bilateral da relação flexor – extensor (média ± desvio
padrão)
180= velocidade de 180º /seg.; 60= velocidade de 60º /seg; E= extensão do joelho; F= flexão do joelho;
D= membro dominante
Pode-se constatar através da análise ao quadro acima representado, que a
relação flexor / extensor é, em todos os casos, maior no membro não
dominante. Esta diferença é significativa apenas à velocidade de 180º (p (180º)
=0.01; p (60º) =0.29).
Não existem diferenças significativas nos valores de força entre os três grupos.
Pode-se também concluir que as diferenças entre membro dominante e não
dominante são menos acentuadas à velocidade de 60º/seg.
Grupo N F/E180 (D – ND)
F/E 60 (D – ND)
A 27 -6.3 ±14.3 -1.4±14.1
B 32 -6.8±13.3 -3±12
C 31 -9.1±14.4 -3.2±10.3
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
37 Sara Castilho
5. Discussão
5.1. Amostra
Como já foi referido, o estudo foi aplicado uma única vez antes de iniciar um
programa de actividade física formal, a um grupo de idosos com idades
compreendidas entre os 60 e os 81 anos.
A amostra foi constituída por sujeitos voluntários, autónomos na sua vida diária
e sem problemas graves de saúde que condicionassem a sua participação no
estudo. Os idosos voluntários são, geralmente os mais activos e saudáveis
enquanto que os que têm problemas de saúde mais graves, desistem mais
facilmente (Shephard, 1995). A exclusão de indivíduos com problemas clínicos
severos é importante para minimizar os riscos durante os testes de força
resultando, inevitavelmente, numa selecção dos mais aptos e, normalmente,
dos mais fortes (Hughes et al., 2001).
No que diz respeito aos critérios de exclusão, apenas foi considerado o facto
que não participarem em programas de actividade física formal há pelo menos
2 anos.
5.2.Caracterização da actividade física diária
Com o objectivo de caracterizar a actividade física habitual dos idosos, foi
aplicada à totalidade da amostra um questionário baseado no questionário de
Baecke Modificado validado para a população idosa por Vorrips (1991) (anexo
1).
Os resultados obtidos através do questionário de Baecke Modificado,
possibilitam a análise da variação dos índices de actividade física total, tal
como das suas componentes doméstica, desportiva e de tempos livres. Para
caracterização da actividade física diária total foi realizado o somatório dos
índices das componentes doméstica e tempos livres, não tendo em conta a
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
38 Sara Castilho
actividade desportiva, uma vez que foi considerado como critério de inclusão a
ausência de prática desportiva há pelo menos 2 anos.
Por actividade física diária, deve entender-se a actividade física espontânea e
não apenas os exercícios realizados de forma codificada (p ex. ginástica de
manutenção, musculação...) (Carvalho, 2002). A actividade física diária envolve
qualquer tipo de actividade física de intensidade moderada. Exemplos disso
são pintar uma parede, limpar a casa, brincar com crianças, utilizar as escadas
em vez do elevador, entre outros (Ross e Bartlett, 1998). Estas actividades
podem ser avaliadas segundo parâmetros definidos como características
comportamentais da actividade física que são: o tipo de actividade (aeróbio,
anaeróbio, ocupacional, doméstico), intensidade (energia dispendida),
frequência (horas/ semana) e duração (minutos/ sessão) (Ainsworth et al.,
2000).
Estilos de vida activos podem promover o bem-estar geral do idoso e reduzir o
aumento de doenças crónicas características da idade (Dipietro e Seals, 1995).
“É actualmente aceite que a actividade física regular e adequada à capacidade
do idoso contraria o efeito do envelhecimento, quer a nível físico, quer a nível
psíquico, sendo os sistemas cardiovascular, locomotor e neurológico, os mais
beneficiados” (Costa et al., 1999). No que diz respeito ao sistema músculo –
esquelético, estudos realizados em ratos mostram que o diâmetro das fibras de
vários músculos é afectado “diferenciadamente” com a idade, aparentemente
pelas diferenças apresentadas nos níveis de actividade diária (Lexell, 1993).
Por outro lado, pode ainda afirmar-se que um gasto semanal de 2000 Kcal está
associado a uma redução de 25-30% na mortalidade (Paffenberger e Lee,
1996).
Assim, sendo a literatura é cada vez mais consensual no que diz respeito à
possível relação entre estilos de vida menos activos e o incremento de
determinadas patologias características das sociedades mais industrializadas
(Montoye et al., 1996). Torna-se assim importante a existência de um
instrumento válido para avaliação da actividade física diária no idoso.
Vários métodos têm sido utilizados em pesquisas de avaliação da actividade
física, tais como questionários, acelerómetros, pedómetros,
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
39 Sara Castilho
cardiofrequencimetros, observação directa e calorimetria indirecta. No entanto,
o questionário tem sido o mais frequentemente utilizado nos vários estudos por
ser mais vantajoso. O questionário é económico; de fácil e rápida aplicação;
confortável para o inquirido; e acumula informação qualitativa e quantitativa,
permitindo estimar a energia dispendida no dia a dia (Dale et al., 2002). Este
método fornece informação acerca das características da actividade física
praticada em períodos específicos de tempo e em domínios específicos da
actividade. No entanto, a sua principal desvantagem é o facto de existir
dificuldade em recordar as actividades praticadas, tal como a sua frequência,
intensidade e duração. O acelerómetro é também um método utilizado em
alguns estudos, mas, apesar das suas vantagens, apresenta algumas
limitações que levam à sua menor utilização. Este método é bastante
dispendioso, pouco rigoroso e preciso no que se refere à avaliação de
determinadas actividades (movimentos de tronco e braços, actividades
aquáticas) (Dale et al., 2002).
Também a utilização do pedómetro é menos frequente, já que, apesar de
económico e de fácil aplicação, apresenta limitações por permitir apenas a
avaliação da marcha (Dale et al., 2002).
Assim apesar do questionário apresentar alguns problemas associados à
recordação das actividades praticadas, parece ter uma aplicação vantajosa,
tendo sido utilizado neste estudo.
O questionário foi efectuado oralmente, de forma presencial, por um único
entrevistador, dados os impedimentos ao nível visual e de coordenação fina
característicos desta faixa etária (Voorrips et al., 1991).
Para classificar os grupos em actividade física alta, razoável e baixa, foram
utilizados os tertis. Voorips et al. (1991), efectuaram um estudo no sentido de
validar o questionário de Baecke Modificado. A estimativa de fiabilidade após
aplicação sucessiva do instrumento (teste/ reteste) – 20 dias após) foi elevada
(r=0.89). Sendo r = 1, o significado de uma correlação perfeita positiva entre as
duas variáveis, é neste estudo evidenciada uma elevada fiabilidade do
questionário, tal como a sua potencialidade para classificar a actividade física
de idosos.
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
40 Sara Castilho
Num estudo realizado por Carvalho (2002) evidenciou-se também a
potencialidade deste questionário para classificação da actividade física diária
do idoso. Para a determinação da fidelidade do teste, foi adoptada a técnica de
aplicação sucessiva do instrumento (teste e reteste) com espaçamento de 15
dias. Os coeficientes de correlação obtidos foram de r=0.95 e r=0.92 para o
grupo de Ginástica e de Ginástica Manutenção + Musculação, respectivamente
(p⟨0.001). A replicabilidade deste questionário já tinha sido anteriormente
avaliada pela autora, não tendo sido observadas diferenças significativas entre
os 3 observadores que simultaneamente aplicaram o questionário (Carvalho,
1996).
Outros questionários podem ser utilizados em estudos para determinação da
actividade física diária do idoso, de que é exemplo o “Physical Activity Scale for
the Ederly” (PASE), que, no entanto, apresenta uma fiabilidade mais baixa
(r=0.75) relativamente ao questionário de Baecke modificado (Whasburn et al.,
1993). Assim, dada a sua maior fiabilidade e ser um questionário de fácil
aplicação, optámos neste estudo pela utilização do questionário de Baeke
Modificado. Este questionário é frequentemente utilizado em Portugal,
parecendo não apresentar problemas de adaptação cultural e linguística para a
população portuguesa (Ferreira, 2003).
No estudo de Carvalho (2002), foram observados valores médios de actividade
física diária de 5.21±2.3 no momento inicial do Grupo de Ginástica Manutenção
(Grupo G) e de 6.39±2.1 no momento inicial do Grupo de Ginástica
Manutenção + Musculação (Grupo G+M). Estes valores aproximam-se dos
valores por nós encontrados no grupo classificado como “Razoavelmente
Activo” (5.8±0.8), sendo bastante superiores aos valores encontrados no grupo
classificado como “Menos Activo” (3.6±0.8) e bastante inferiores aos valores do
grupo classificado como “Mais Activo” (7.9. ±1.7).
Voorrips et al. (1991) apresentam, no seu estudo, valores médios de actividade
física superiores aos encontrados por nós nos três grupos (11.0±4.6 vs.
3.6±0.8, 5.8±0.8 e 7.9. ±1.7). As diferenças evidenciadas nos resultados podem
justificar-se pelos índices superiores de actividade desportiva, já que os
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
41 Sara Castilho
sujeitos deste estudo, além de autónomos e saudáveis, pertenciam a clubes
desportivos.
Ainda Pols et al. (1996) aplicaram o questionário de Baecke Modificado a
idosos do sexo feminino com idades compreendidas entre os 49 e os 70 anos.
Os sujeitos mais velhos, com mais de 64 anos, obtiveram valores médios de
actividade física semelhantes aos encontrados por nós no grupo
“Razoavelmente Activo” (6.03±4.6 vs. 5.8±0.8).
Também Fontes (2004) analisou grupo de idosos sem prática física,
apresentando níveis de actividade física diária de 11.79±6.97, sendo este valor
bastante superior aos níveis de todos os grupos do nosso estudo. Estes
valores elevados podem ser justificados pelo facto deste grupo de idosos viver
no meio rural, o que pode implicar um maior contacto com o mundo do trabalho
bem como a manutenção dos níveis de actividade física (Fontes, 2004). O
impacto da reforma e a ausência de trabalho nos idosos inseridos do meio
rural, não se verifica com tanta intensidade, uma vez que têm a oportunidade
de canalizar a ocupação do seu tempo livre para os trabalhos agrícolas e
pecuários, característicos deste meio (Fontes, 2004).
5.3. Avaliação da força muscular
A sua importância
Como já foi anteriormente referido, o objectivo principal deste trabalho foi
avaliar o efeito da actividade física diária na força muscular de sujeitos idosos
sedentários.
Força muscular é definida como a capacidade de um grupo muscular para
desenvolver a máxima força contráctil contra resistência, durante uma única
contracção (Heyward, 2002).
Sendo a força muscular fulcral para a realização das várias actividades diárias
do idoso, torna-se essencial a manutenção da funcionalidade e independência
do sujeito, influenciando assim a sua qualidade de vida (Spirduso, 1995). O
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
42 Sara Castilho
aumento de força muscular pode melhorar a capacidade funcional, autonomia e
contribuir para uma melhor qualidade de vida do sujeito idoso. Por outro lado, a
perda de massa muscular e consequentemente da força muscular é um dos
principais responsáveis pela diminuição na mobilidade e na capacidade
funcional do sujeito idoso (Safons e Pereira, 2004). Por exemplo, a diminuição
da força dos músculos extensores do joelho conduz de forma significante a
limitações na marcha do indivíduo idoso (Rantanen, 2003), considerada um
factor de dependência em sujeitos mais velhos. Com a idade, o padrão
biomecânico da marcha é alterado, o que muitas vezes contribui para o
aumento de quedas (Evans, 1995).
Assim, a diminuição nos níveis de força muscular tem implicações não apenas
em termos funcionais mas também na saúde dos idosos. Por exemplo,
Woollacott (1996) refere a existência de uma relação directa, do declínio da
força muscular com o aumento do risco de quedas. Este acontecimento pode,
por seu lado, ter efeitos devastadores na independência e qualidade de vida do
idoso, frequentemente conduzindo à inactividade (Skelton e Beyer, 2003).
Os baixos níveis de força muscular podem levar a uma grande prevalência de
quedas nos idosos. Nos sujeitos com mais de 65 anos, a incidência de quedas
é de 28% a 35%, naqueles com mais de 70 anos é de 35% e acima dos 75
anos é de 42%. (Pinho et al., 2005).
Assim, a força muscular dos membros inferiores é um factor importante de
prevenção de quedas e manutenção do equilíbrio. Estudos concluem ainda que
o aumento na força excêntrica do quadricípite representa um melhor controlo
do centro de massa melhorando o equilíbrio, resultando num melhor controlo
da marcha (Topp et al., 1993 cit. p/ Perell et al. 2001).
A força muscular adequada dos membros inferiores pode prevenir quedas,
permitindo que o indivíduo não perca o equilíbrio. Por outro lado, a musculatura
pode ainda reduzir o risco de lesão resultante de uma queda reduzindo a
violência da queda ou estabilizando as articulações durante a queda (Spirduso,
2005).
A manutenção da actividade física e consequente condição física,
nomeadamente da força muscular é assim determinante para o idoso na
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
43 Sara Castilho
medida em que tem uma importante contribuição para melhoria da
funcionalidade, saúde e qualidade de vida do idoso, tal como para o
prolongamento da sua independência (Spirduso, 2005).
Por esta razão, torna-se relevante o estudo dos efeitos da actividade física ao
nível do desenvolvimento e manutenção da integridade do sistema muscular
esquelético no indivíduo idoso.
Assim, porque a força muscular, particularmente dos membros inferiores é
determinante para a vida quotidiana e saúde do idoso, justifica-se a
necessidade de avaliar estes grupos musculares.
Métodos para avaliação da força muscular
São vários os métodos descritos na literatura para avaliação da força muscular,
tais como a avaliação isométrica (estática), isocinética (velocidade constante) e
isotónica (contracção muscular constante) (Porter et al., 1995).
O teste muscular isotónico mede a força que o indivíduo pode produzir
enquanto acelera (ou desacelera) uma massa constante (Murphy e Wilson,
1996). Neste método, a força de um grupo muscular é determinada pelo peso
máximo levantado através de uma amplitude de movimento articular numa
repetição (1RM) ou 10 repetições (Perrin, 1993).
A avaliação isométrica também pode ser utilizada, envolvendo “a contracção
máxima voluntária” (CMV) conseguida num ângulo articular específico e contra
uma resistência imóvel. A CMV pode ser realizada contra uma medida de
tensão, um transdutor de força, uma plataforma de força ou outro aparelho que
traduza as medidas de força aplicada (Abernethy et al., 1995).
A avaliação isocinética é cada vez mais utilizada como método de avaliação da
performance muscular em estudos com idosos, utilizando-se normalmente o
torque máximo nestas avaliações (Carvalho, 2002). Este tipo de avaliação pode
produzir parâmetros como peak torque (momento máximo de força), torque
angular específico, “peak” de trabalho, trabalho total, “peak” de potência e
índices de resistência (Kannus, 1994), sendo torque muscular medido a
velocidades entre os 0º e os 300º/seg. (Heyward, 2002).
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
44 Sara Castilho
Apesar da metodologia por nós utilizada apresentar algumas limitações, já que
se limita à análise isolada de apenas um grupo muscular através de níveis
fundamentais de movimento, apresentando situações de pouca proximidade ao
dinamismo das actividades diárias e sendo os seus custos de utilização
relativamente altos (Brown e Whitehurst, 2000), as suas vantagens face a
outros métodos são evidentes.
Uma das vantagens da avaliação isocinética é o facto de permitir determinar a
força muscular a uma velocidade constante, isolando o músculo que se
pretende avaliar (Brown e Whitehurst, 2000). Outra grande vantagem deste tipo
de avaliação é a possibilidade de aplicação da carga máxima durante todo o
movimento nos vários pontos do segmento avaliado (Wrigley, 2000). Quando,
durante um movimento angular, o membro avaliado excede a velocidade limite,
o dinamómetro produz uma força contrária de forma a assegurar o ritmo do
movimento (Brown e Whitehurst, 2000). O dinamómetro isocinético apresenta
ainda bastante segurança no que diz respeito à possível ocorrência de lesão
ortopédica, o que permite uma maior estandardização do protocolo de teste
(Brown e Whitehurst, 2000). Heyward (2002) afirma que este aparelho permite
uma avaliação fidedigna da força muscular. A maior parte dos estudos de
fiabilidade dos sistemas isocinéticos têm sido baseados em tarefas de flexão-
extensão do joelho. Segundo Abernethy et al. (1995), o resultado do teste-
reteste da avaliação isocinética são geralmente altos (r ≥ 0.9).
A dinamometria isocinética é mais vantajosa relativamente a avaliação
isotónica devido à sua maior fiabilidade e objectividade na medição (Murphy e
Wilson, 1996). Algumas vantagens podem ser referidas relativamente a
avaliação isotónica, tais como o facto de incluir uma componente natural de
resistência concêntrica e excêntrica e os exercícios realizados permitirem a
mobilização de várias articulações em simultâneo (Brown, 2000). No entanto,
algumas desvantagens podem ser referidas tais como incapacidade para
determinar o torque, trabalho e potência, e o facto de os músculos mais fortes
compensarem os músculos mais fracos durante os exercícios de cadeia
cinética fechada (Brown, 2000).
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
45 Sara Castilho
A dinamometria isométrica, apesar de ter um alto nível de controlo da medida,
ser de fácil administração, requerer pouco envolvimento de habilidades e ser
realizado com baixos custos financeiros, apresenta situações de pouca
semelhança à natureza dinâmica da maioria das tarefas diárias e desportivas
(Murphy e Wilson, 1996).
Assim, pelas suas vantagens, neste estudo foi realizada a avaliação
isocinética, sendo utilizado o torque máximo (“Peak Torque”) como indicador da
força muscular, que representa o maior valor de força produzido ao longo de
todo arco de movimento, medido em Newton x metro (N x m) (Ellenbecker e
Davies, 2000).
Numerosos autores têm considerado o torque máximo como um indicador de
elevada precisão e fiabilidade para a avaliação da força isocinética de
diferentes grupos musculares em indivíduos idosos (Carvalho, 2002). Para
isso, devem ser utilizados protocolos de teste padrão, por forma a manter a
fiabilidade do teste. Assim, deve-se providenciar um período de habituação ao
equipamento e a cada uma das velocidades, a consistência dos protocolos e
das instruções verbais, utilização de equipamento apropriado e calibrado, e
providenciar uma estabilização adequada (Ellenbecker e Davies, 2000), tal
como foi considerado no presente estudo.
De acordo com os resultados do torque máximo do nosso estudo, não foram
observadas diferenças com significado estatístico entre os grupos de diferentes
níveis de actividade física diária, relativamente às médias dos valores de força
muscular. Estes valores sugerem que as diferenças nos níveis de actividade
diária deste grupo de idosos não são suficientes para obter variações ao nível
da força muscular dos membros inferiores. Neste estudo, foram ainda
encontrados valores mais elevados para o torque máximo a 60º/seg.
relativamente aos encontrados na velocidade de 180º/seg. Uma possível
explicação para este facto é a provável inibição da força à medida que a tensão
muscular aumenta (Barnes, 1975). Outra possível explicação é o facto de a
velocidade de 60º/seg. ser a que mais se aproxima da velocidade utilizada no
dia-a-dia, promovendo um maior desenvolvimento de força nestas condições
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
46 Sara Castilho
(Bellew e Malone, 2000). Esta explicação parece estar de acordo com a
hipótese formulada por Lexell (1998), atrás referida, que diz respeito a uma
possível transformação das unidades motoras rápidas em unidades motoras
lentas pelo desuso, levando à alteração da relação fibras rápidas/ lentas (Lexell
et al., 1998). Esta hipótese parece ainda estar de acordo com aquela formulada
por Carvalho (2002), que justifica este facto com a perda de fibras tipo II e com
a redução da capacidade para realizar contracções rápidas característica dos
sujeitos desta faixa etária. Para além disso esta autora refere-se às alterações
neuromusculares associadas ao envelhecimento que poderão levar a uma
maior dificuldade de coordenação dos movimentos à velocidade de 180º/seg.
Também por nós foram encontrados valores de força superiores durante a
extensão do joelho, comparativamente à sua flexão. Este facto pode explicar-
se pelo facto destes músculos serem os mais recrutados durante a marcha e
subida de degraus e por isso, serem os mais utilizados no dia-a-dia (Westhoff,
2000).
Carvalho (2002), encontrou no seu grupo Ginástica de manutenção (grupo G),
valores de pré-treino no torque máximo para flexão do joelho a 60º/seg. no
membro dominante, que são ligeiramente inferiores aos encontrados em todos
os grupos do nosso estudo. O grupo G apresenta valores com uma maior
diferença relativamente aos valores do grupo por nós considerado “mais activo”
(grupo C) (41.9 Nm vs. 53.4 Nm), verificando-se uma maior proximidade aos
valores do grupo considerado por nós “menos activo” (grupo A) (41.9 Nm vs.
44.4 Nm). Desta análise, poderia presumir-se que os valores de actividade
física do grupo G do estudo da autora e grupo A seriam semelhantes. No
entanto, os valores de actividade física diária do grupo G apresentam maior
proximidade aos valores do grupo considerado por nós “razoavelmente activo”
(grupo B) (5.21±2.3 vs. 5.8±0.8). Este grupo apresenta também valores no
torque máximo para flexão do joelho a 60º ligeiramente superiores aos da
autora (41.9 Nm vs. 45.2 Nm). Daqui se pode concluir que valores de força
muscular semelhantes não resultam necessariamente de níveis idênticos de
actividade física diária, existindo possivelmente a influência de factores
intrínsecos ao sujeito.
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
47 Sara Castilho
Pode ainda referir-se que os níveis de força do sub-grupo classificado como
“mais forte” por Carvalho (2002) são semelhantes aos obtidos pelo nosso grupo
“mais forte” (53.2 vs. 53.4). Este facto pode resultar de idênticos níveis de
actividade física entre os 2 grupos.
Ainda no mesmo estudo, foram encontrados no grupo G valores de pré-treino
no torque máximo para flexão do joelho a 60º/seg. no membro dominante,
superiores aos grupos A e B do nosso estudo (50.6Nm vs. 44.4 e 45.2 Nm,
respectivamente). Estes valores são ligeiramente inferiores, mas mais próximos
dos do grupo C (50.6 Nm vs. 53.4 Nm), sugerindo que os valores de actividade
física também são semelhantes entre eles. No entanto, os níveis de actividade
física do grupo da autora são mais próximos do nosso grupo B (6.39 vs. 5.8),
apresentando o grupo C níveis actividade física superiores (7.9±17).
No que se refere ao torque máximo para extensão do joelho na mesma
velocidade angular e no mesmo membro, a autora encontrou, no grupo G,
valores semelhantes aos encontrados no nosso estudo no grupo C (107.9 Nm
vs. 107.7 Nm). Por seu lado, os valores de actividade física são semelhantes
ao grupo B, que apresenta níveis de força mais baixos comparativamente aos
da autora (5.8±0.8).
Também Salem et al. (2000) apresentaram valores semelhantes aos do grupo
B nosso estudo, no que se refere aos valores para o torque máximo na flexão
do joelho a 60º no membro dominante (43.8 Nm vs. 45.2 Nm). No que diz
respeito ao torque máximo na extensão do joelho para a mesma velocidade
angular, estes autores encontraram valores substancialmente inferiores aos do
nosso estudo, nomeadamente ao grupo C, que apresenta os valores mais
baixos (64.5 Nm vs. 83.6 Nm).
Ainda no estudo de Fontes (2003), os valores de força durante a flexão do
membro dominante a 60º/seg. estão mais próximos aos do nosso grupo B
(48.9±27.02 vs. 45.2±17.3), apresentando este um nível de actividade física
bastante mais baixo do que o da autora (11.79±6.97 vs. 5.8±0.8). No que diz
respeito à extensão do joelho no mesmo membro e à mesma velocidade
angular, os valores de força encontrados pela autora são semelhantes aos do
grupo B do nosso estudo (93.1±27.50 vs. 92.4±26.7).
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
48 Sara Castilho
Relativamente à comparação bilateral, as diferenças a este nível na ordem dos
10 a 15% são considerados normais (Davies et al., 2000). No nosso estudo
nenhum dos grupos apresentou diferenças superiores a 10%, sendo, por isso,
consideradas diferenças normais. Ainda no nosso estudo, o défice bilateral não
apresentou diferenças significativas entre os vários grupos.
A análise bilateral é muito importante na medida em que pode reflectir
possíveis desequilíbrios musculares e/ou padrões de debilidade que podem
predispor os indivíduos a lesões musculares. Por outro lado, a comparação
unilateral (relação agonista / antagonista), é igualmente determinante para
identificar debilidades dos grupos musculares avaliados (Carvalho, 2002).
Também a razão flexores/extensores (IT/Q) foi um dos parâmetros analisado
no nosso estudo, sendo definido como o rácio entre o momento máximo de
flexão e momento máximo da extensão do joelho (Carvalho, 2002).
No nosso estudo, não foram observadas diferenças estatisticamente
significativas na razão flexor /extensor entre os três grupos, e em ambas as
velocidades estudadas, o que sugere que as diferenças ao nível da actividade
física diária, também aqui não revelaram alterações significativas ao nível
muscular.
Ao compararmos os valores médios da razão flexores / extensores com os
referidos noutros trabalhos, pode-se verificar que, num estudo transversal de
Frontera et al. (1991) a idosos com idades compreendidas entre os 65 e os 78
anos, apresentaram-se valores ligeiramente superiores aos do nosso estudo
(55.8%- homens -, 54% -mulheres- vs. 49.1%), quando avaliado o membro
dominante a 60º/seg.
Num estudo mais recente de Carvalho (2002), quando avaliado o membro
dominante a uma velocidade de 60º/seg, observaram-se valores ligeiramente
inferiores aos encontrados no nosso estudo (45% vs. 49.1%). O mesmo foi
observado aquando da análise do membro não dominante à mesma velocidade
de (46,9% vs. 52.1%).
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
49 Sara Castilho
Assim, da análise realizada, podemos concluir que não existem diferenças
significativas em nenhum dos itens avaliados, entre os três grupos de
diferentes níveis de actividade física diária. Este facto sugere que a actividade
física diária não programada, embora seja importante, não provoca alterações
significativas na força muscular dos membros inferiores deste grupo de idosos.
Os nossos resultados indiciam a hipótese de um possível limiar de
treinabilidade a partir do qual se induzem efeitos na força muscular dos idosos.
Contrariamente ao verificado no nosso estudo, algumas análises realizadas em
humanos mostram que os sujeitos mais activos são aqueles que apresentam
também níveis superiores de aptidão física. Por exemplo, Santos (2003), ao
estudar a aptidão física de sujeitos institucionalizados e não institucionalizados,
concluiu que os idosos não institucionalizados apresentavam simultaneamente
índices de actividade física mais elevados (13.04±2.02 vs. 11.08±1.0) e níveis
superiores de aptidão física, nomeadamente ao nível da força muscular. A
autora justifica a maior aptidão física observada relativamente ao grupo
institucionalizado, pelo estilo de vida mais activo deste grupo. Entre outros
factores, este aspecto pode justificar-se pelo facto do grupo não
institucionalizado possuir oportunidade de manter as tarefas diárias e de lhes
ser proporcionada uma vida mais activa junto da comunidade em geral. Pelo
contrário, provavelmente o grupo institucionalizado, pelo facto de estar
inseridos nas instituições onde as oportunidades para manterem um estilo de
vida activo e habitual são bastante limitadas, apresentam níveis de actividade
física diária mais baixos (Henry et al. 2001).
A amostra do nosso estudo é composta por sujeitos não institucionalizados,
pelo que é comparável ao grupo mais activo do estudo de Santos (2003). No
entanto, o grupo não institucionalizado tratado pela autora apresenta níveis de
actividade física diária bastante superiores aos da nossa amostra, mesmo
comparativamente com o nosso grupo mais activo (13.04±2.02 vs. 7.9±17).
Este facto pode ser justificado por diferentes hábitos culturais ou por uma maior
prática de actividade desportiva dos sujeitos pertencentes ao estudo de Santos.
O grupo considerado por nós “mais activo” é também considerado o mais forte,
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
50 Sara Castilho
embora as diferenças entre os grupos não sejam estatisticamente
significativas. No entanto, não será possível realizar uma análise comparativa
muito fidedigna entre os níveis de força relativamente aos sujeitos tratados em
ambos os estudos, já que foram utilizadas metodologias diferentes (força
isocinética vs. número de repetições). Relativamente à avaliação da força
isocinética, apesar das suas enormes vantagens, pode-se referir que esta
apresenta algumas limitações, já que se limita à análise isolada de apenas um
grupo muscular através de níveis fundamentais de movimento, apresentando
situações de pouca proximidade ao dinamismo das actividades diárias e custos
de utilização relativamente altos (Brown e Whitehurst, 2000).
Possivelmente estas diferenças ao nível da força muscular terão a sua
explicação no facto dos níveis de actividade física serem bastante mais
elevados na amostra da autora, sendo estes já suficientes para provocar
alterações musculares neste grupo de indivíduos idosos saudável e
independente.
Do estudo de Santos (2003) pode concluir-se que os níveis de actividade física
diária influenciam a aptidão física do idoso, permitindo a realização das tarefas
quotidianas de uma forma mais eficiente comparativamente aos idosos com
baixos níveis de actividade física diária.
Assim, aumentos nos níveis de actividade física diária estão normalmente
associados a melhoria nos níveis de força nos indivíduos idosos, sendo os
baixos níveis de actividade física diária factores de risco para a sarcopenia,
levando à diminuição dos níveis de força muscular (Szulc, 2004).
Também Carvalho (2002) conclui na sua análise, que os indivíduos mais
activos são também os que apresentam níveis de força mais elevados,
particularmente no que se refere aos movimentos mais lentos e aos músculos
menos exercitados. Tal facto sugere que a actividade física diária, mesmo
reduzida, parece ter um papel importante nos níveis de força da musculatura
dos membros inferiores.
Contrariamente ao referido no estudo de Santos (2003), e de acordo com as
conclusões do nosso estudo, Carvalho (2002) refere que, para idosos
saudáveis e independentes, apenas uma actividade física intensa e específica
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
51 Sara Castilho
é capaz de induzir alterações que promovam um acréscimo sobre a força
muscular dos membros inferiores. Esta autora afirma que as sessões de
ginástica de manutenção, que consistiam numa actividade generalizada
(utilizando-se movimentos necessários para actividade diárias), não induziram
melhorias na força dos músculos flexores e extensores do joelho. Este facto
pode ser justificado pela insuficiente intensidade e especificidade do protocolo
de treino. Esta explicação poderá também ser válida para o nosso estudo, já
que as características da amostra de Carvalho (2002) são idênticas às da
nossa. Os sujeitos da amostra de Carvalho (2002) eram independentes na sua
vida quotidiana, possuíam um nível de força muscular relativamente elevado
para a média do seu escalão etário e apresentam níveis de actividade física
diária semelhantes aos nossos (apesar da nossa amostra não participar em
nenhum protocolo de treino). Assim, no estudo de Carvalho (2002), os níveis
de actividade física diária antes de iniciar o programa de treino generalizado de
ginástica de manutenção era de 5.21± 2.3 (semelhante ao nosso grupo B),
sendo o seu valor após 3 meses do início do programa de 8.24 ± 2.1
(semelhante ao nosso grupo C). Não foram encontradas alterações
significativas entre os valores de força muscular nos diferentes momentos de
avaliação do estudo de Carvalho (2002), nem nos valores de força muscular
entre os grupos avaliados no nosso estudo. Este facto poderá ser justificado
com o facto dos valores de actividade física diária apresentados não serem o
suficientemente elevados para promover alterações significativas na força
muscular deste grupo de idosos.
No mesmo sentido, se comparamos os resultados do nosso estudo com os
resultados apresentados por Santos (2003), concluímos que os níveis de
actividade física diária encontrados na sua amostra são bastante superiores
aos do nosso estudo 7.9±17 vs. 13.04±2.0 e 11.08±1.0). Possivelmente, se os
valores de actividade física diária apresentados pela nossa amostra fossem
superiores, ou seja, semelhantes aos de Santos, os seus níveis de força
muscular aumentariam. Assim, mais uma vez se pode referir que o facto de
não se verificarem alterações na força muscular do nosso grupo de idosos
poderá ser justificado por uma actividade física diária não específica nem
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
52 Sara Castilho
suficientemente intensa, dadas as características do grupo acima referidas. Por
outro lado, também se poderá admitir a hipótese de que, se se tratasse de um
grupo de idosos institucionalizado, com problemas de saúde e níveis inferiores
de força muscular, os níveis de actividade física diária apresentados fossem
suficientes para promover alterações ao nível do aumento da força muscular
dos membros inferiores. Neste sentido, Westhoff (2000) afirma que mesmo que
os efeitos de treinos de baixa intensidade na força muscular do idoso são mais
evidentes quando se apresentam níveis de força mais baixos. Este facto realça
a importância do princípio da individualização do treino. O processo de treino,
tal como qualquer processo de adaptação, é um processo muito
individualizado, obtendo resultados extremamente diversos de sujeito para
sujeito e de actividade para actividade (Coogan et al., 1992). O motivo destas
diferenças prende-se com factores genéticos e/ou biológicos e com as
vivências anteriores de cada indivíduo (Coogan et al., 1992). Assim, para
determinados objectivos serem alcançados com o treino, este deverá ser
adaptado à individualidade de cada sujeito.
Segundo Puggaard et al. (1994), os maiores ganhos de força são observados
nos músculos menos exercitados e menos solicitados no dia a dia. Num estudo
realizado pela mesma autora (Puggaard et al., 1994) verificou-se que, após
uma intervenção de 5 meses de treino generalizado de força, existiram
melhorias na força isométrica máxima de vários grupos musculares até 27%.
Os autores justificam estes aumentos com o baixo nível inicial de força dos
idosos, tendo-se registado maiores ganhos nos músculos do tronco, sendo
estes os menos solicitados durante as suas actividades diárias.
Ainda num estudo de Fontes (2004), foi analisado um grupo de idosos
independentes e saudáveis que viviam em meio rural, tendo sido avaliados os
níveis de actividade física diária antes e depois da aplicação de um programa
de treino generalizado de hidroginástica. Os valores de actividade física diária
apresentados pelos sujeitos antes da aplicação do treino, são próximos aos
valores encontrados no estudo de Santos (2003) (13.04±2.0 e 11.08±1.0 vs.
11.8±6.5). No entanto, estes valores são bastante superiores aos nossos,
mesmo quando comparado aos do nosso grupo mais activo (11.8±6.5 vs. 7.9±
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
53 Sara Castilho
17) e também superiores aos da amostra de Carvalho (2002), quando
comparados aos valores obtidos antes de iniciar o programa de actividade
física (11.8±6.5. vs. 5.1± 2.3). Ainda no estudo de Fontes (2004), depois da
aplicação do programa de treino generalizado, os valores de actividade física
diária foram de 12.23 ± 7.0, sendo estes também bastante superiores quando
comparados com os valores obtidos na amostra de Carvalho (2002) após
iniciar o programa de actividade física generalizada de “ginástica de
manutenção” (12.23 ± 7.0 vs. 8.49±25). Os níveis elevados de actividade física
diária da amostra de Fontes (2004) podem justificar-se pelo contexto sócio-
cultural em que se encontram, ou seja, vivem em meio rural.
No entanto, apesar de no estudo de Fontes (2004), os níveis de força muscular
se apresentarem mais elevados após a aplicação de treino de hidroginástica,
ou seja, em níveis superiores de actividade física, estas diferenças não foram
estatisticamente significativas, tal como acontece no nosso estudo e no de
Carvalho (2002). Por outro lado, no estudo de Santos (2004), em que os
valores de actividade física diária se apresentam também bastante elevados, já
se verificam alterações significativas nos níveis de força muscular. Este facto
poderá ser justificado com o facto de, na amostra de Fontes (2004), a diferença
entre os níveis de actividade física nos 2 momentos de avaliação ser bastante
mais baixa relativamente à diferença apresentada por Santos (2003) (0,43 vs. 2
unidades). Tal facto poderá justificar a diferença não significativa no estudo de
Fontes (2004), mas sim no de Santos (2003). Poderá então admitir-se a
hipótese de que, quando se apresentam níveis de actividade física mais
elevados, o valor da diferença entre os dois momentos deverá ser
suficientemente elevada de forma a promover alterações significativas nos
valores de força muscular. No nosso estudo, apesar desta diferença ser
elevada, ou seja, semelhante à diferença apresentada no estudo de Santos
(2003), os valores de actividade física são bastante mais baixos, pelo que não
se verificam alterações significativas da força muscular.
Ainda no estudo de Sandler et al. (1991) foi realizada uma avaliação da força
muscular dos flexores plantares, abdutores da coxa, extensores e flexores da
coluna. Nesta análise foi utilizada a avaliação isométrica para determinar a
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
54 Sara Castilho
força muscular, e o gasto energético por semana para calcular a actividade
física diária, pelo que não são valores passíveis de comparar com os do nosso
estudo. A amostra era composta por sujeito com idades entre os 55-73 anos,
tendo sido divididos em três grupos de acordo com os níveis de actividade
física (gasto energético): menos activos (menos de 915 Kcal), razoavelmente
activos (igual a 915- 2270 Kcal) e mais activos (mais de 2270 Kcal). Nesta
amostra, e concordante com os resultados do nosso estudo, existiu uma baixa
correlação entre actividade física diária e a força muscular. Tal como nós, os
autores justificaram estes resultados com o facto dos níveis de actividade física
diária apresentados pela amostra não serem suficientemente intensos para
conduzir a um desenvolvimento significativo da sua força muscular. Por outro
lado, os autores referem ainda que a utilização da avaliação isométrica poderá
ter conduzido a resultados pouco precisos, já que este tipo de avaliação
apresenta situações de pouca semelhança ao dinamismo das actividades
diárias.
Szulc, (2004) refere que sujeitos saudáveis têm níveis mais elevados de
actividade física diária e consequentemente mais força muscular relativamente
a sujeitos não saudáveis, estabelecendo-se assim uma relação dialéctica entre
indivíduos saudáveis e actividade física. Westhoff et al., (2000) afirmam ainda
que se pode desenvolver um ciclo vicioso quando a força muscular diminui e,
como consequência, as pessoas tornam-se menos activas, o que leva a uma
diminuição ainda mais acentuada da força muscular, podendo influenciar cada
vez mais negativamente a sua capacidade funcional. A partir desta
constatação, os autores podem colocar a hipótese de que o aumento da força
muscular através do exercício pode promover melhorias na capacidade
funcional e diminuir a incapacidade no idoso. Para além disso, a actividade
física regular tem efeitos positivos na massa muscular, independentemente da
idade e do estado de saúde do indivíduo (Szulc, 2004).
Assim, de toda esta análise podem colocar-se duas hipóteses por forma a
explicar o facto dos níveis de actividade física apresentados pela nossa
amostra não induzirem alterações significativas na sua força muscular. Por um
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
55 Sara Castilho
lado, pode-se admitir que, sendo um grupo de idosos saudáveis e
independentes, apenas níveis de actividade física diária mais elevados serão
suficientes para que se induzam alterações na massa muscular. A outra
hipótese refere-se ao facto de a actividade física diária não-formal não ser
suficiente para promover alterações ao nível da massa muscular, sendo
necessário um programa de treino intenso e específico de força. Considerando
esta última hipótese, torna-se importante conhecer os tipos de treino mais
eficazes para atingir este objectivo, ou seja, para obter melhorias na força
muscular do idoso. Vários treinos são referidos por diversos autores, mas nem
todos se apresentam vantajosos para o desenvolvimento desta capacidade.
Por exemplo, Fiatarone et al. (1994) afirmam que a combinação de treino de
força associado a uma nutrição de qualidade podem prevenir a perda de massa
muscular.
Treinos mistos (combinação de treinos de resistência e treinos de força de
baixa intensidade) ou só treinos de força de baixa intensidade levam
frequentemente a baixos aumentos de força muscular, com poucas melhorias
na morfologia do músculo (Vitti et al., 1993). Em oposição, ganhos de força de
174% são observados como resultado de treino de força intensos. Algumas
destas respostas reflectem provavelmente alterações nos padrões de
recrutamento das unidades motoras, mas também aumentos de 12% a 17% da
massa muscular foram encontrados através de tomografia axial computorizada
(Fiatarone et al., 1994)
No entanto, no estudo de Carvalho (2002), um programa de actividade física
em que, paralelamente às aulas de ginástica de Manutenção, se realizava um
trabalho específico de força (musculação), induziu melhorias na força muscular
dos membros inferiores. Este facto sugere que este regime de treino foi
suficientemente intenso e específico para se induzir melhorias nos níveis de
força em idosos independentes, aptos e saudáveis. Poderá colocar-se a
hipótese de que, se esta situação fosse aplicada à nossa amostra,
provavelmente verificar-se-iam ganhos na força muscular.
Por outro lado, pode ainda colocar-se a hipótese de que avaliação isocinética
pode ter subestimado os valores de força muscular, já que apresenta pouca
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
56 Sara Castilho
semelhança à natureza dinâmica da maioria das tarefas diárias e desportivas.
Isto porque os testes que apresentam situações de maior semelhança com a
velocidade e movimentos do dia a dia, revelam valores mais elevados de força
muscular (Murphy e Wilson, 1997).
As adaptações no músculo-esquelético resultam de alterações na intensidade,
duração e frequência da actividade física (Booth e Thomason, 1991 cit. p/
White, 1995), tendo os idosos uma grande capacidade para adaptação ao
treino de força, que conduz a aumentos na sua performance física (White,
1995).
Schlicht et al. (2001), afirmam que um programa de treino de força de 8 a 10
semanas direccionado para os músculos dos membros inferiores leva a
melhorias nos níveis de força dos grupos musculares em causa e do equilíbrio
nos idosos (Dibrezzo, 2005).
Ainda num estudo realizado por Frontera et al. (1988), homens com idades
entre os 60 e 72 anos aumentaram cerca de 110% a força durante 1 RM, uma
repetição máxima dos músculos extensores do joelho depois de 12 semanas
de um programa de treino de força. Este aumento foi acompanhado por
aumentos na área do músculo quadricípite (9%) e na área transversal das
fibras do músculo vastus lateralis (Frontera et al., 1988 cit. p/ White, 1995).
Estes resultados mostram que o treino específico de força induz alterações ao
nível da força muscular, tal como da estrutura muscular, sendo por isso
aconselhável tal prática a indivíduos idosos, no sentido da prevenção da
sarcopenia.
Westhoff et al. (2000) afirma que é evidente que os treinos de força de alta
intensidade podem resultar em aumentos de força muscular, mas também o
treino de força de intensidade baixa ou moderada pode reverter a perda
muscular resultante da idade. O autor afirma que os treinos de baixa e
moderada intensidade podem ser mais atractivos quando são considerados
aspectos relacionados com a sua exequibilidade, tais como custos e outras
questões práticas. Por outro lado, treinos de alta intensidade são complexos e
requerem equipamento caro e supervisão intensiva. Skelton et al. (1995)
afirmam também que programas de treino de baixa ou moderada intensidade
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
57 Sara Castilho
aplicados a pessoas idosas conduzem a aumentos de cerca de 10% a 30% na
força muscular do extensor do joelho. Ainda Vandervoort (1992) afirma, neste
sentido, que treinos de baixa intensidade realizados por sujeitos idosos levam a
aumentos na força menores que 20%. Pelo contrário, treino de alta intensidade
(mais de 70% de 1 RM) resulta em aumentos de força de cerca de 227% de
1RM. Destes estudos pode-se concluir que apesar do treino de baixa
intensidade produzir algumas melhorias no desenvolvimento de força muscular
no idoso, é o treino de alta intensidade que conduz a melhorias mais evidentes,
tornando-se por isso mais eficaz.
Na tabela 3 apresentam-se as alterações nos níveis de força muscular em
sujeitos idosos, como resposta a programas de treino de força.
TABELA 3 – Resposta de sujeitos idosos a programas de treino de força
* Membros superiores
#Membros inferiores
Intensidade do
treino
Idade
(anos)
Duração
(semanas)
Aumentos de
força (%)
Autor
Baixa intensidade
71
12
9-22
Aniasson,
Gustaffon (1981)
Baixa/ média
´
71-79
26
18*
8#
Hagberg et al.
(1989)
Moderada
74
6
64
Perkins, Kaiser
(1961)
Intensidade alta
90
82
68
68
8
6
12
24
174
15
104
5-64
Fiatarone et al.
(1990)
Fisher et al. (1991)
Meredith et al.
(1992)
Nicholls et al.
(1993)
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
58 Sara Castilho
Porém, não existe consenso a este nível, já que nem todos os estudos
mostram que treinos de baixa intensidade conduzem a melhorias na força. Por
exemplo, num estudo realizado por Berg e Lapp (1998) a idosos independentes
e saudáveis, não se encontraram alterações na sua força muscular depois de
um programa de treino de baixa intensidade com uma duração de 8 semanas.
Ainda Carvalho (2002) refere que, apenas um treino combinado de ginástica de
manutenção + Musculação é suficientemente intenso e específico para induzir
alterações sobre a musculatura dos membros inferiores em idosos que se
revelaram saudáveis e independentes. Mesmo treinos generalizados e com
intensidades mais baixas resultam, normalmente, em reduzidos ou nulos
aumentos de força (Westhof et al., 2000).
Mais recentemente, num outro estudo realizado por Carvalho et al. (2004) foi
aplicado um programa de actividade física generalizado, com objectivo de
melhorar a qualidade de vida do idoso, através da melhoria de todas as
componentes da aptidão física. Estes autores afirmam que este género de
programas generalizados tem como grande vantagem o facto de “serem mais
motivadores do que os específicos de força e de, geralmente, reflectirem
melhor as actividades diárias do idoso”. Para isso, é importante que se
trabalhem as diferentes componentes da aptidão física através de movimentos
multiarticulares e não apenas realizar exercícios de força muscular com
movimentos articulares isolados. No entanto, os resultados do estudo
mostraram que os valores do torque máximo não se alteraram
significativamente após a aplicação deste programa de actividades física, o que
mostra que este programa não é suficientemente específico ou intenso para
provocar alterações significativas neste parâmetro.
Colliander e Tesch (1990), afirmam que exercícios que envolvam contracções
excêntricas conduzem a maiores e mais rápidas melhorias na força e área do
músculo. Assim, alterações musculares associadas à hipertrofia são mais
evidentes depois de treino com contracções excêntricas comparativamente ao
treino com contracções concêntricas.
Com programas de treino aeróbio também se verificaram alguns ganhos de
força muscular. São disso exemplo estudos em que sujeitos com mais de 65
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
59 Sara Castilho
anos apresentaram ganhos na força muscular de 11% depois de 7 meses de
treino e 13% depois de um ano (Sidney et al., 1997; Brown, 1985 cit. p/
Shephard, 1997).
Mais recentemente, Coggan et al. (1992) observou que também pode haver
resultados ao nível da força muscular, depois de um treino de resistência
durante 9-12 meses a 80% da frequência cardíaca durante 45 min. Este tipo de
treino relativamente intenso aumentou a área das fibras tipo I e IIa em 11%, a
densidade capilar aumentou 20%, o número de capilares adjacentes por fibra
também aumentou e actividade das enzimas mitocondriais aumentou entre
24% a 55%. No entanto, através da realização de biopsia, não se observaram
alterações na percentagem das fibras tipo I, existindo apenas uma pequena
diminuição do número de fibras tipo IIb e pequeno aumento das fibras tipo IIa.
Desta análise pode-se verificar que o treino aeróbio, apesar de conduzir a
algumas alterações ao nível da força muscular, estas não são significativas
quando comparadas com os efeitos promovidos pelos treinos específicos de
força.
Assim, parece existir consenso no que diz respeito ao facto dos treinos de
específicos de força, especialmente os de alta intensidade, permitem contrariar
a tendência do envelhecimento em diminuir a sua massa muscular, levando à
prevenção da sarcopenia.
É então essencial que os sujeitos idosos mantenham um estilo de vida activo e
que participem em programas de actividade física suficientemente específicos
e intensos, com o objectivo de obter melhorias ao nível de força muscular,
permitindo reverter os efeitos da sarcopenia. Treinos de força como os
referidos anteriormente serão indicados para populações idosas, já que levam
a aumentos de força muscular e consequentemente a melhorias na sua
funcionalidade e qualidade de vida.
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
60 Sara Castilho
Ao nível das conclusões deste trabalho, podemos constatar que não existem
diferenças significativas em nenhum dos itens avaliados, entre os três grupos
de diferentes níveis de actividade física diária. Ou seja, os níveis de actividade
física apresentados por este grupo de idosos saudáveis e independentes não
promoveram alterações significativas na força muscular dos seus membros
inferiores colocam-se assim duas hipóteses explicativas para o facto de não
existirem diferenças significativas nos níveis de força muscular. A primeira
refere-se ao facto dos níveis de actividade física diária apresentados neste
grupo saudável e independente de idosos não serem suficientemente elevados
para promover alterações ao nível da força muscular do idoso, pelo que o seu
aumento poderá conduzir a alterações significativas. A segunda hipótese
refere-se ao facto de a actividade física generalizada não ser o suficientemente
intensa por forma a promover alterações na força muscular do idoso, sendo
provavelmente necessário um programa de actividade física controlado e
específico para que se obtenham resultados ao nível da prevenção da
sarcopenia nestes indivíduos, tal como referem os autores dos estudos
tratados. Os estudos referidos mostram que treino específico de força,
especialmente de alta intensidade, levam a alterações na funcionalidade e
morfologia do sistema muscular esquelético do idoso, pelo que devem ser
realizados em sujeitos desta faixa etária. Mostra-se assim a importância da
manutenção de estilos de vida activos em sujeitos idosos, baseados em
actividade física formal, com o objectivo de obter resultados ao nível da sua
capacidade física, no sentido de se revelar autónomo e funcional, contribuindo
tudo isto para uma melhor qualidade de vida.
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
61 Sara Castilho
6. Conclusões
Avaliação da força muscular
• Não foram observadas diferenças com significado estatístico entre os
grupos analisados, relativamente às médias dos valores de força
muscular.
• Os valores de força obtidos na velocidade de 60º/seg. são
substancialmente mais elevados relativamente aos valores obtidos na
velocidade superior (180º/seg).
• Os valores de força durante a extensão do joelho são mais elevados que
os valores durante a sua flexão, tanto na velocidade de 180º/seg. como
na de 60º/seg.
• As diferenças na força entre membro dominante e não dominante (défice
bilateral) são mais acentuadas na extensão do que na flexão, tanto na
velocidade de 180º/seg., como na velocidade mais baixa (60º/seg.).
• Não foram observadas diferenças estatisticamente significativas na
razão flexor /extensor entre os três grupos.
• A relação flexor/extensor é, tanto à velocidade de 180º/seg. como de
60º/seg., mais elevada no membro não dominante, o que pode indicar
um maior desequilíbrio muscular no referido membro.
• O défice bilateral na relação extensor/ flexor não apresenta diferenças
significativas entre os vários grupos. Pode-se concluir ainda que estas
diferenças são menos acentuadas à velocidade de 60º/seg.
Assim, do estudo realizado, pode-se concluir que não existem diferenças
significativas em nenhum dos itens avaliados, entre os três grupos de
diferentes níveis de actividade física diária. Este facto mostra que os níveis de
actividade física diária apresentados não provocam alterações significativas na
força muscular dos membros inferiores deste grupo de idosos autónomos e
saudáveis. No entanto, é importante realçar que estas conclusões não podem
ser generalizadas pois caso se tratasse de um grupo idosos com diferentes
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
62 Sara Castilho
características, nomeadamente com problemas de saúde e menor autonomia,
talvez os resultados deste estudo fossem diferentes.
Assim, tendo por base os nossos resultados, tudo sugere que será necessário
um programa de actividade física controlado, específico e individualizado para
que se obtenham resultados ao nível da prevenção da sarcopenia neste grupo
específico de indivíduos.
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
63 Sara Castilho
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I Sara Castilho
Anexos
Anexo 1
Questionário de Baecke Modificado
Actividades domésticas (Quais as suas tarefas domésticas, como as
considera?)
1. Realiza algum trabalho doméstico em sua casa?
0. Nunca (menos de uma vez por mês)
1. Por vezes (somente quando um parceiro ou ajuda não está
disponível)
2. Frequentemente (algumas vezes com ajuda)
3. Sempre (sozinho ou com ajuda)
2. Realiza tarefas domésticas pesadas (lavar pisos e janelas, levar o lixo, etc.)?
0. Nunca (menos de 1 vez por mês)
1. Por vezes (apenas quando não tem ajuda)
2. Frequentemente (às vezes com ajuda)
3. Sempre (sozinho ou com ajuda)
3. Para quantas pessoas faz tarefas a manutenção da sua casa? (incluindo
você mesmo, preencher 0 se você respondeu nunca nas questões 1 e 2)
_______________________________________________________________
4. Quantos compartimentos tem que limpar, incluindo, cozinha, quarto,
garagem, banheiro, porão
(preencher 0 se respondeu nunca nas questões 1 e 2)
0. Nunca faz trabalhos domésticos
1. 1-6 compartimentos
2. 7-9 compartimentos
3. 10 ou mais compartimentos
5. Se limpa algum compartimento, em quantos andares? (preencher 0 se
respondeu nunca na questão 4).
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
II Sara Castilho
6. Cozinha ou ajuda alguém nesse tipo de tarefa?
0. Nunca
1. Às vezes (1 ou 2 vezes por semana)
2. Quase sempre (3 a 5 vezes por semana)
3. Sempre (mais de 5 vezes por semana)
7. Quantos lanços de escada sobe por dia? (1 lanço de escadas tem 10
degraus)
0. Eu nunca subo escadas
1. 1-5
2. 6-10
3. Mais de 10
8. Quando sai de casa, que tipo de transporte utiliza?
0. Eu nunca saio
1. Carro
2. Transporte público
3. Bicicleta
4. A pé
9. Com que frequência costuma sair de casa ou ir às compras?
0. Nunca ou menos de uma vez por semana (algumas semanas no
mês)
1. Uma vez por semana
2. Duas a 4 vezes por semana
3. Todos os dias
10. Se você vai para as compras, que tipo de transporte você utiliza?
0. Nunca vou às compras
1. Carro
2. Transporte público
3. Bicicleta
4. A pé
Score da actividade doméstica (SAD)= Q1+Q2+.........Q10/10)
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
III Sara Castilho
II. Actividades desportivas
Pratica desporto?
Desporto 1:
Nome:
Intensidade:
Horas por semana:
Período do ano:
Desporto 2:
Nome:
Intensidade:
Horas por semana:
Período do ano:
III. Actividades de tempos livres
Realiza outro tipo de actividade física?
Actividade 1:
Nome:
Intensidade:
Horas por semana:
Período do ano:
Actividade 2:
Nome:
Intensidade:
Horas por semana:
Período do ano:
Score de actividades de tempos livres (STL)=∑ (ia*ib*ic*)
Score do questionário= SAD+ SD + STL
“A Influência da Actividade Física Diária na Força Muscular do Idoso”
IV Sara Castilho
Intensidade:
0. deitado, sem carga código 0.028
1. Sentado, sem carga código 0.146
2. Sentado, com movimentos dos membros superiores código 0.297
3. Sentado, com movimentos do corpo código 0.703
4. De pé, sem carga código 0.174
2. De pé, com movimentos dos membros superiores código 0.307
3. De pé, com movimentos do corpo, andar código 0.890
2. Andar, com movimento dos membros superiores código 1.368
3. Andar, com movimentos do corpo, andar de bicicleta, nadar código 1.890
Nº de horas por semana:
0. Menos de 1 hora por semana código 0.5
1. 1 a 2 horas por semana código 1.5
2. 2 a 3 horas por semana código 2.5
3. 3 a 4 horas por semana código 3.5
4. 4 a 5 horas por semana código 4.5
5. 5 a 6 horas por semana código 5.5
6. 6 a 7 horas por semana código 6.5
7. 7 a 8 horas por semana código 7.5
8. mais de 8 horas por semana código 8.5
Meses por ano:
0. Menos de 1 mês por ano código 0.04
1. 1 a 3 meses por ano código 0.17
2. 4 a 6 meses por ano código 0.42
3. 7 a 9 meses por ano código 0.67
4. Mais de 9 meses por ano código 0.92