a ineficiência e os nós da comunicação

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A ineficiência e os nós da comunicação

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  • 2 A ineficincia e os ns da comunicao

  • 1 A ineficincia e os ns da comunicao

    Comunicao

    Para no se trumbicar

    preciso se comunicar...

    Abelardo Barbosa

    Conta-nos a histria que nos princpios dos tempos, toda a

    humanidade estava motivada em torno de um objetivo comum e bastante

    desafiador, a construo de uma torre que deveria atingir os cus.

    Os deuses desagradados pela petulncia humana, em um s ato,

    impediram o feito, determinando que cada povo presente na obra

    doravante, falasse uma lngua diferente.

    Verossmil ou no, histrias to fantsticas como essa nos ensinam

    que, quando cada um fala a sua prpria lngua nenhum objetivo comum

    pode ser comungado e atingido.

    Passando este pensamento para o seu sentido mais direto:

    Precisamos falar a mesma lngua para se ter sucesso no objetivo comum.

    Porm, o que significaria a expresso: Falar a mesma lngua?

    maravilhoso que atravs de cdigos - das palavras - podemos

    trazer a outra pessoa para compreender, sentir e quase experimentar as

    mesmas ideias e sentimentos que estamos pensando ou vivendo.

    Tudo o que somos pessoalmente foi construdo socialmente por

    ideias transmitidas e depois interpretadas. Isso se d atravs de uma

  • 2 A ineficincia e os ns da comunicao

    linguagem, e dessa forma, podemos ser reformulados pela comunicao,

    para melhor ou pior.

    Alterando as ideias, alteramos os comportamentos. Esse o poder

    da comunicao.

    Comunicar-se bem arte, como tal exige ateno e inspirao.

    Ns no lidamos com a realidade diretamente em nosso cotidiano.

    Entre ns e a realidade existe e interpem-se, a captao dos fatos pelos

    nossos cinco sentidos e a interpretao dela pelo crebro de cada qual.

    Isso relativiza a realidade dos fatos interpretao de cada observador.

    Um nico fato, vrias captaes, vrias interpretaes. A est a

    fonte geradora das distores da realidade factual.

    Vivemos outro mundo, o mundo das interpretaes e no o mundo

    dos fatos fsicos.

    Assim, escolher as palavras dentro do contexto percebvel pelo

    receptor, dentro do objetivo que almejamos e principalmente

    considerando o efeito que elas nele causaro, a arte da comunicao.

    Afinal, tudo comunica: gestos, entonaes, vestimentas,

    respiraes.

  • 3 A ineficincia e os ns da comunicao

    Eficcia

    Por isso devemos falar que eficcia na comunicao o segundo

    ponto a ser apurado pelo jovem gestor, logo aps, sua capacidade de

    avaliar comportamentalmente os integrantes de seus times.

    , caro leitor..., no foi erro de redao. Quando falamos de

    comunicao falamos de eficcia, posto que, toda comunicao deve ter

    um alvo claro, imediato e certeiro, a ser atingido como objetivo nico.

    O primeiro princpio, consenso de todos os tericos dessa arte que

    a responsabilidade sobre o entendimento do contedo da comunicao

    sempre do emissor da mensagem.

    Isso fica mais claro quando lembramos que o emissor o nico que

    detm por completo o teor daquilo que dever ser comunicado.

    Finalidade e cdigo

    Outro entendimento que deve ser apresentado que o receptor a

    razo de sua comunicao. Voc fala para o outro, voc escreve para o

    outro. o grau de ateno e o nvel de entendimento dele que devem ser

    considerados durante a comunicao.

    Em suma, na comunicao vale o cdigo de entendimento do

    receptor e no do emissor, mesmo com a responsabilidade do

    entendimento sendo do emissor.

  • 4 A ineficincia e os ns da comunicao

    O emissor deve, portanto, ser capaz de escolher o melhor cdigo de

    entendimento para aquela mensagem, para aquele receptor e para a

    situao do contexto.

    No se fala da mesma forma para todos.

    Cdigo de entendimento como cada palavra sentida por quem

    as ouve. Ressalvo aqui, o uso acima, do termo sentida, ao invs de

    entendida pelo receptor.

    Palavras so quase como os feijezinhos de todos os sabores da

    obra Harry Porter. S que em sentido inverso. Elas saem do crebro

    emissor e explodem em significados, com sabores variados no crebro do

    receptor, funo de seu cdigo de entendimento ou interpretao.

    A mesma palavra poder ter sabor diferente para pessoas

    diferentes. Funo das vivncias anteriores de cada um e do sentimento

    que ela estabeleceu para a palavra.

    O resultado e a finalidade de uma comunicao levar o

    entendimento entre as partes. Porm, aps cada comunicado, haver sido

    gerado, de forma indissocivel, um determinado sentimento.

    So esses sentimentos acumulados ao longo das interaes

    cruzadas entre as comunicaes das pessoas, que resultam em um estado

    natural de motivao, indiferena ou at desmotivao de algum para

    com a organizao.

    De outra maneira, os sentimentos gerados e acumulados pelas

    diversas comunicaes entrecruzadas nos variados nveis da empresa

  • 5 A ineficincia e os ns da comunicao

    que constroem o clima interno, criando de forma favorvel ou contrria

    cultura organizacional e ao propsito pretendido pela organizao.

    Desdobra-se desse argumento a pergunta se determinado plano

    estratgico ou plano de metas proposto ser suportado de forma

    favorvel ou antagnica pelo clima e pela cultura da organizao.

    As linguagens

    Um terceiro aspecto que devemos percorrer de forma mais

    aprofundada, nesse captulo sobre comunicao, que a percepo de um

    receptor atento vai alm do cdigo de entendimento das palavras, alm

    da percepo rasa e do seu significado lingustico.

    Mesmo em uma comunicao escrita, onde as palavras so frias,

    pois no possuem entonao, elas se desdobram em uma percepo

    multifacetada do receptor e ao trmino de toda leitura, sempre

    perguntaremos a ns mesmos, o que foi que se quis dizer com aquilo ou

    qual foi a percepo que ficou para mim?

    Por isso, podemos afirmar que importa tanto quanto o que se

    disse e a maneira como se disse.

    Dentro dessa maneira de se dizer est algo muito alm da

    linguagem falada. Esto, a linguagem corporal, a gestual e a entonao

    vocal. Tudo isso est sendo lido em conjunto e simultaneamente pelo

    receptor.

    Razo, s vezes, pela qual dizemos ao trmino de uma

    comunicao: No sei no... Acho que no me convenceu.

  • 6 A ineficincia e os ns da comunicao

    Avaliam os especialistas que 55% da comunicao seja transmitida

    de linguagem no verbal; 38% seja pela entonao e timbre da voz e

    somente o restante pelas palavras em si.

    A comunicao eficaz realmente uma arte.

    Estrutura

    Interessante o fato de eu agora lembrar e digo que, de forma

    pouco saudosa, da minha professora de lngua portuguesa, Dona Maria

    Antnia, que em sua incansvel ladainha, repetia nas aulas de anlise

    sinttica nos longnquos anos do meu primeiro grau: Cada verbo em um

    perodo define uma frase e toda frase precisa ter o sujeito, o verbo e o seu

    predicado.

    Hoje entendi que, antes de lies de portugus, esse ensinamento

    tratava de lgica pura, vital para o entendimento correto de uma

    comunicao.

    Toda comunicao minimamente precisa deixar claro trs coisas: De

    quem ou do qu se trata? Qual a ao esperada dele ou para ele? E, o

    como ou quando se far? Dentre inmeras outras tantas informaes

    complementares e necessrias.

    Incansveis vezes vi comunicados incompletos, para no dizer

    mutilados em sua estruturao. Onde no dizemos quem o sujeito

    responsvel pela ao, no informamos qual a providncia que se espera

    que seja tomada e nem como dever ser realizada. O onde? O quando? O

    para qu? e etc.., coitados, so simplesmente suprimidos.

  • 7 A ineficincia e os ns da comunicao

    Ao ferirmos essa lgica trivial que estrutura e d forma completa a

    uma comunicao, no devemos esperar boas respostas ou

    entendimentos corretos para o comunicado.

    Hoje, graas maravilha tecnolgica dos e-mails, essas barbaridades

    idiomticas e de ilgicas lingusticas, tomaram proporo e se propagam

    na velocidade dos megabytes por segundos.

    Posso citar um exemplo real e curioso vivido por mim

    recentemente. Recebi um e-mail de um representante, dizendo que nosso

    cliente no conseguia ligar o aquecedor de seu apartamento novo e

    recm-adquirido.

    Em sua reclamao escrita ao rgo de defesa do consumidor

    deixou registrado textualmente que: A gua estava ligada no gs e o gs

    na gua!

    A assistncia tcnica da empresa foi acionada e informou que, aps

    vistoria local, havia sim um pouco de gua residual na tubulao de gs,

    devido os testes de pressurizao da rede de tubos de gs que utiliza a

    gua para verificar eventuais vazamentos deixados nas conexes, durante

    a construo.

    A situao encontrada pelos tcnicos foi muito diferente da

    narrada, segundo o leigo entendimento do cliente e que foi acrescida por

    ele de uma ilao absurda, a de que se saiu gua de dentro da tubulao

    de gs, por que no sair gs da tubulao de gua?

    Outro exemplo a ser dado pode ser a solicitao em uma outra

    ocasio de um outro proprietrio, para que se realizasse o

  • 8 A ineficincia e os ns da comunicao

    emparedamento de um vo de uma porta de acesso em seu apartamento,

    que para ele era intil.

    Este foi informado pelo sistema de atendimento ao cliente da

    empresa que, seria necessrio obter-se antes a autorizao do

    condomnio para a realizao do servio.

    O proprietrio, segundo o seu entendimento, passou um e-mail

    solicitando ao sndico tal autorizao. Muito prestativo o sndico zeloso de

    sua funo convocou uma assembleia dos condminos para decidirem a

    respeito. O assunto foi pautado e a assembleia decidiu pela proibio do

    servio, uma vez que, a porta dava acesso rea comum do edifcio e isso

    desconfiguraria o padro da construo.

    Nos dois casos vemos as consequncias nefastas de uma

    comunicao incompleta. No segundo, esqueceu-se de dizer uma nica

    palavra, que a autorizao pretendida era somente para dar acesso para a

    equipe de reforma ao condomnio. No era autorizao para se executar

    ou no o servio solicitado.

    J no primeiro caso, mais complexo, verificamos que a imaginao e

    a inferncia predominam quando as informaes ou conhecimento so

    insuficientes ou se apresentam desestruturadas. Se ao abrir-se o ponto de

    gs da parede escorrer um pouco de gua, isso no deve significar que ao

    se abrir o ponto de gua sair gs.

    Desses casos nasce a quarta observao para termos uma

    comunicao eficaz, a eliminao preventiva de rudos.

  • 9 A ineficincia e os ns da comunicao

    Rudos

    Na ausncia de informaes completas ou bem estruturadas, o

    receptor tem o direito de preencher as lacunas existentes da maneira

    como a sua imaginao mandar.

    Suposies, ilaes, inferncias, dedues, pressupostos, tudo isso

    so rudos, causados por comunicao falha e desestruturada.

    Quantas vezes j no ouvimos: Para mim era bvio que... e, l vm

    os rudos de comunicao.

    Naturalmente, que essas complementaes so por definies

    distorcidas, pois representam o receptor colocando palavras na boca do

    emissor e ainda o pior, revelia do seu conhecimento.

    A grande fonte que abastece essas complementaes distorcidas

    tambm conhecida como rede secundria de informao ou as populares

    fofocas, que tem a mesma natureza e mesma causa me.

    O rudo est nas pessoas necessitarem entender a mensagem

    recebida de forma a no parecerem desprovidas de inteleco razovel.

    Procuram ento completar com as informaes que julgam

    importantes para o seu entendimento do comunicado na sua prpria

    imaginao ou, na rede secundria de informao, por pura omisso de

    informao da rede primria ou oficial.

    Diferentemente da rede oficial, a rede secundria no tem autoria,

    no traz imputao de maiores responsabilidades nas suas emisses, alm

  • 10 A ineficincia e os ns da comunicao

    de no ter compromisso com a realidade dos fatos e das situaes. Por

    isso grassam em todas as organizaes e em no poucos casos assumem o

    papel principal como sendo a mdia eleita, confivel e predileta das

    pessoas menos informadas.

    O que podemos ento chamar de uma comunicao correta?

    Como poderamos criar uma comunicao Poka-Yoke, ou seja,

    prova de erros, prova de rudos?

    Difcil essa resposta, porm, acredito que seria suficiente dize-la

    correta, se ao menos ela no introduzisse mais dvidas que as j

    existentes naquela situao.

    Vamos pensar que as dvidas inerentes quelas que motivam um

    comunicado so as dvidas necessrias e que nenhuma comunicao, se

    correta, deve acrescentar mais dvidas ou rudos em seu rol.

    Ao jovem gestor cabe ter isso como um objetivo obstinado, que

    todas as suas comunicaes sejam completas e que no suscitem novos

    rudos ao rol dos j existentes, naquele assunto.

    Seriam comunicados perfeitos em sua estrutura gramatical com

    sujeito, verbo e predicado, com os necessrios objetos diretos e indiretos

    e que se possvel, saneando ao mximo as dvidas prprias do assunto,

    sem contudo, introduzir ou suscitar novas.

    Como mtodo de aprimoramento e consecuo desse objetivo,

    temos a obrigatoriedade de duas leituras da mensagem, antes de seu

    envio.

  • 11 A ineficincia e os ns da comunicao

    Aps a escrita, na primeira leitura, buscamos verificar a clareza e a

    fidelidade do texto com as nossas prprias ideias e na segunda leitura,

    verificamos qual ser a possvel interpretao ou entendimentos do(s)

    receptor(es), fazendo ento os ajustes necessrios.

    Qual reao, qual o entendimento que estarei gerando e qual o

    sentimento ou tom est associado a essa minha mensagem?

    Quais ajustes a tornaro mais eficaz?

    Os sentimentos associados iro predispor o receptor

    favoravelmente a ao proposta ou sero contrrios a ela?

    So perguntas necessrias de se fazer durante a segunda leitura.

    No caso dos e-mails o boto reler vem antes do boto enviar.

    Lamento que tal boto no exista de verdade, pois, ao no reler,

    considere que no estar junto do receptor para realizar os consertos

    necessrios, na eventual m interpretao.

    Tampouco contar com os valiosos recursos da linguagem gestual,

    corporal ou de entonao vocal para lhe assistir na comunicao escrita.

    Seu retorno ser provavelmente outro e-mail, igualmente desestruturado.

    Seno tiver tempo para reler as suas mensagens ter que ter tempo

    para reparar os danos.

    J do ponto de vista do receptor, perguntar antes de agir,

    complementando as informaes que julgue necessrias at seu completo

    entendimento, diretamente na fonte emissora, outro procedimento

  • 12 A ineficincia e os ns da comunicao

    muito desejvel e dever ser bem recebido e estimulado, prontificando-se

    a esclarecimentos.

    Ao julgarmos que determinado questionamento dispensvel, por

    ser bvio, impertinente ou descabido, estimulamos a volta dos rudos de

    comunicao e reforamos o preenchimento das informaes buscadas na

    rede secundria de informao.

    O bvio pode e deve ser dito (ou escrito).

    Se h algum que discorde deste pensamento, que responda ento

    o por qu de se redigirem e assinarem longos contratos de fornecimento,

    se bvio que cada parte deva cumprir sua obrigao.

    Vou seguir mais um pouco com as aulas de Dona Maria Antnia.

    Os gerndios Os verbos quando postos na forma de gerndio

    ficam temporalmente imprecisos. Estou enviando, estou fazendo,

    estarei providenciando...

    O uso dos sujeitos ocultos ou indeterminados, quando empregados,

    significam a ocultao do responsvel pela ao em questo. Fizeram

    isto, falaram-me aquilo.

    As ausncias de objetos diretos ou indiretos ao verbo Deixam a

    ao incompleta sobre aspectos: De quem? Aonde? Ou, do qu? Sero os

    objetos da ao indicada pelo verbo.

    Por isso tudo, mas s agora, passados tantos anos, algumas dcadas

    na verdade, dedico Dona Maria Antnia, meu tardio pleito de

    reconhecimento e agradecimento pelo muito que me ensinou.

  • 13 A ineficincia e os ns da comunicao

    Honestidade e bloqueios

    Fica claro que, nem devo perder muito tempo discutindo o fato de

    que na cultura da empresa deve ser permitida, valorizada e porque no

    dizer at cultuada A Comunicao Honesta.

    O dilogo aberto, bem estruturado, com perguntas claras e

    respostas objetivas, nas mltiplas direes da hierarquia, so as bases

    necessrias para uma cultura colaborativa.

    Talvez agora, seja relevante falar alguma coisa sobre as bases para

    uma comunicao honesta, para depois, falar brevemente dos bloqueios

    da comunicao.

    De maneira geral, podemos dizer que uma comunicao honesta

    tem alguns pressupostos baseados na cultura da organizao. O primeiro

    deles o porqu devemos abrir uma discusso ou comunicado.

    Aprendi desde cedo que uma discusso s vale a pena se for para

    trazer luz a um fato e ela s se justifica se for para esclarecer tornar

    claro algo que no estava.

    Se verificarmos que a discusso se estabelece para simplesmente

    ver quem ganha ou quem tem razo e quem no tem, verificar quem tem

    mais poder que quem, deve ser sumariamente encerrada ao perder o foco

    do esclarecimento e do aprendizado recproco.

    Quando um indivduo despreparado abre uma discusso, ele sabe

    que implicitamente ficar exposto. Nesse momento natural que um

  • 14 A ineficincia e os ns da comunicao

    complexo mecanismo psicolgico de defesa entre em alerta e se inicie.

    quando o ego vai falar mais alto que a questo de interesse em si.

    Fundamental ento a presena de um mediador de hierarquia

    mais alta que discipline o debate e reeduque os participantes com a

    diplomacia e delicadeza que os interlocutores merecem.

    Ser rgido na soluo dos problemas no significa s-lo com as

    pessoas.

    Das pessoas queremos o aprendizado e o melhor relacionamento possvel, dos problemas sua erradicao.

    Comunicao gesto

    A comunicao eficaz apenas um dos elementos a serem

    agregados no rol de diferenciais para ganho de eficincia para aqueles que

    iniciam a sua carreira no mundo da gesto.

    Como no o tema principal, vou apenas enumerar, por tpicos,

    alguns dos principais fatores que bloqueiam a comunicao produtiva e

    por tambm julga-los autoexplicativos, pela sua familiaridade em nosso

    cotidiano. Seguem alguns deles:

    Comunicao desonesta;

    Emissor despreparado ou descrente do assunto;

    Receptor desinteressado;

    Receptor com outras preocupaes;

    Uso de linguagem de forma incompatvel;

    Escolha dos cdigos errados;

  • 15 A ineficincia e os ns da comunicao

    Clima e relacionamento desfavorvel;

    Presso do tempo;

    Falta de feed-back;

    Preconceitos relacionados ao assunto;

    Interferncias externas, dentre outros tantos.

    Graus

    As palavras apresentam gradao de intensidade ou de

    agravamento de uma situao, por assim dizer elas tem profundidades

    crescentes. Por exemplo: Vou fazer uma busca interna..., ou; Vou fazer

    uma investigao interna..., ou ainda; Vou fazer uma auditoria... Elas

    expressam situaes diferentes na percepo do receptor que as sentir

    em graus crescentes e consequentemente, desencadearo reaes de

    preocupao na mesma intensidade de como foram percebidas, embora,

    para o emissor possam representar formas sinnimas.

    Empregar palavras que sejam sinnimos em seu sentido lingustico,

    no significa que sejam iguais em termos dos sentimentos que despertam,

    pois, so de gradaes diferentes.

    Perceber essa gradao, quanto ao tamanho da desconfiana

    existente nas frases do emissor parte importante dessa arte.

    Ao mantermos um controle sobre a escolha dessas intensidades das

    palavras e, se bem dosadas, teremos as reaes do receptor sob certo

    controle, nada alm e nem aqum do oportuno.

  • 16 A ineficincia e os ns da comunicao

    Fluxo

    O ato de comunicao visa essencialmente a transmisso de uma ou

    vrias informaes.

    Para se tratar da forma mais correta a comunicao e falarmos a

    mesma lngua necessrio tratar tambm do fluxo que ela percorre.

    gua lmpida em tubo enferrujado perder sua qualidade durante

    sua conduo.

    A informao caminha por fluxos dentro da organizao, formando

    redes complexas de circulao.

    A informao tem a qualidade de ser instvel e voltil. de rpida

    obsolescncia informao tardia perde valor.

    Ora, a mesma informao que circulou inicialmente escrita na rede

    oficial, em determinado momento, muda e passa a ser comunicada de

    forma oral ainda na rede oficial de comunicao ou talvez j na rede

    informal, secundria, sempre coletando mais rudos em seu fluxo.

    No sentido da forma escrita na rede oficial para a circulao na

    forma oral na rede secundria, temos o maior decaimento da qualidade

    da informao. Por assim dizer ela se turva, se polui com as cores e

    tons, interesses ou miopias de quem as conta.

    H tambm o fluxo no sentido inverso quando uma informao

    nascida na rede informal, ganha o boca-ouvido e, por assim dizer, cai na

    crena da rede oficial e pode at chegar a ganhar o status de formal,

  • 17 A ineficincia e os ns da comunicao

    escrita. Nesse sentido dizemos que a informao se enobreceu, ganhou

    status de oficial.

    Dispensvel tambm descrever os perigos associados a esses

    descaminhos por onde a informao percorre livremente.

    A matria-prima da informao deveria ser sempre e apenas os

    dados e os fatos, nada mais. Quando viessem acompanhadas de

    interpretaes, estas deveriam necessariamente ser ressalvadas.

    Afinal, a informao por sua vez a matria-prima da deciso.

    Acredito que no hajam ferramentas eficazes para controlar a

    qualidade do fluxo de informao nas organizaes.

    Portanto, ter-se uma base slida para registrar dados e fatos

    essencial para instrumentalizar as decises. Mais adiante, abordarei essa

    ideia quando falar a respeito da importncia de um sistema saudvel de

    apoio deciso.

    Por agora basta mostrar a importncia das informaes trabalharem

    em fluxos circulares.

    A comunicao, como sendo o veculo que transporta as

    informaes, parte de um determinado emissor e a ele deve ser

    devolvida, aps ter passado pelo processamento necessrio fluxo.

    Este expediente em si no tem a capacidade de controlar por onde

    a informao circular, tampouco as mdias em que ser veiculada, mas

    tem a virtude de controlar se o seu processamento foi o pretendido, em

    termos de tempo, etapas e de correes necessrias.

  • 18 A ineficincia e os ns da comunicao

    Esse modelo de fluxo circular para as comunicaes visa tambm

    evitar os cansativos e interminveis acompanhamentos follows ups

    quando no evitar tambm, a ocorrncia de pressupostos do tipo: Mas

    eu lhe enviei um e-mail e pensei que isto j tivesse sido resolvido...

    Trata-se ento de manter a organizao educada para que sempre

    dispense esse tipo de tratamento, para as comunicaes internas, escritas

    ou faladas.

    substituir os acompanhamentos por retornos automticos feed-

    backs. Com isso, tambm estaremos eliminando as inmeras e cansativas

    reunies de simples follow ups.

    Esse modelo circular usual nas operaes militares. Introduzem

    automaticamente o monitoramento dos processamentos que a

    informao est recebendo dentro da organizao em suas diversas

    etapas.

    D a oportunidade ao emissor de fazer as correes no fluxo,

    quando necessrias, para que o objetivo daquela emisso no seja

    desviado ou, se por razes de melhoria o for, que seja feito de maneira

    autorizada.

    Lembro-me dos filmes de guerra, onde o oficial comandante do

    navio pelo intercomunicador chamava Casa de mquinas..., ao que

    ouvia em claro feed-back: Casa de mquinas na escuta. Ento, sabendo

    que falava com a pessoa certa, no local certo, ordenava: Toda a fora

    frente..., ento ouvia em novo feed-back: Motores frente, Senhor.

  • 19 A ineficincia e os ns da comunicao

    Sabia ento que, a ao havia sido tomada sem desvios ou interpretaes

    pessoais ou casusticas.

    A velocidade com a qual modernamente as comunicaes

    eletrnicas veiculam as informaes a mesma com a qual nos

    desatualizamos. Isso refora ainda mais a importncia de um modelo

    automtico de fluxo circular para as informaes, sem o que no nos

    livraremos dos desgastantes acompanhamentos das listas de pendncias

    de outros.

    Comunicar-se vital vida de qualquer agrupamento humano,

    porm, nem por isso, trata-se de uma atividade automtica ou simples

    como o respirar. Ao contrrio, uma das atividades to vitais quanto,

    porm, de alto grau de complexidade, elaborao e requer muito

    aprendizado.

    A comunicao encerra um paradoxo em si. Se fazemos um

    comunicado por que no h o entendimento completo das partes, se

    no h o entendimento, preciso comunicar, ou seja, o pressuposto da

    comunicao o no entendimento. Se no nos entendemos para que

    ento se comunicar?

    Comunicar-se no falar simplesmente, dizer a mesma coisa por

    variados significados. encontrar o melhor canal de sintonia e

    entendimento do receptor. o desafio do emissor.

    Grande contribuio ao tema tem sido trazido pela Neurolingustica,

    assunto que recomendo ao leitor interessado que se aprofunde um

    pouco.

  • 20 A ineficincia e os ns da comunicao

    Sobre o autor

    Frederico A. Martinelli engenheiro,

    administrador de empresas e ps-graduado

    como Mestre em Engenharia. Ministra cursos de

    graduao e de MBA.

    Atuou por vrias dcadas como assessor,

    gerente, diretor e consultor em diversas

    empresas. Desenvolveu sistemas de qualidade, de gesto da

    produo e gesto de projetos.

    Implantou a cultura de mudanas em vrias empresas e geriu a

    introduo de inovaes tecnolgicas em processos produtivos.

    Recebeu premiaes diversas e titulaes de patentes.

    Atua hoje como consultor e coach de empresas na rea de

    "Ganhos de Eficincia".

    Para contato com o autor: [email protected]