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A Imprensa Negra Paulista Frente à Experiência dos Negros nos Estados Unidos: Diálogos Transnacionais, Imprensa e Circulação de Ideias (1915-1932) VICTOR PASTORE * Dois dos países onde a escravidão negra foi mais longeva e intensa e que herdaram profundos conflitos raciais e estruturas desiguais racializadas, Estados Unidos da América e Brasil, não raro foram (e ainda são) comparados quando o assunto é a questão racial. Seja pela historiografia, por discursos políticos ou pelos movimentos sociais e negros, uma longa tradição de influência, inspiração e análise mútua estabeleceu-se entre esses dois extremos do continente americano. Justificáveis ou não, tais comparações cumpriram importantes papéis nas interpretações históricas, projetos e ações políticas de distintos agentes e grupos sociais. O presente trabalho busca analisar um exemplo desse diálogo transnacional: a importância da experiência negra norte-americana na elaboração do projeto político e racial de letrados negros em São Paulo no pós-abolição, verificado através da chamada imprensa negra paulista, durante as primeiras décadas do século XX 1 . Num período histórico que assistia à aceleração nos processos de circulação - seja de pessoas, mercadorias, ou de ideias - aliada às crescentes inovações técnicas nos meios de transporte, produção e comunicação (ANDERSON, 2014: 21-23; ELEUTÉRIO, 2008: 83-84), líderes negros estadunidenses e brasileiros tiveram contato com as ideias e escritos uns dos outros, chegando até mesmo a viajar a América para ver com os próprios olhos as relações raciais para além de suas fronteiras. As imprensas das comunidades negras, existentes nos dois países, foram provavelmente o principal meio de acesso que esses grupos tiveram à experiência de seus “irmãos de cor” 2 no outro lado do continente. Nosso argumento é que, ao comparar suas situações - consideradas bastante distintas, ainda que a desigualdade e discriminação racial fizessem parte de ambas - tais lideranças fizeram uso da experiência de seus vizinhos para tecer suas próprias estratégias. Pelo lado dos norte-americanos, era enfatizada a ausência de segregação racial institucionalizada no Brasil, interpretada muitas vezes como a ausência de preconceito e uma consequente integração real entre negros e brancos, um horizonte racial perfeito a ser * Mestrando do Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade de São Paulo. Bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). 1 O texto aqui apresentado traz uma das questões que encontrei ao longo da minha pesquisa de mestrado, ainda em andamento. Apesar de não ser o foco do meu trabalho - que trata das relações entre a população negra e a população imigrante no pós-abolição em São Paulo, através dos escritos dos jornais negros, operários e imigrantes - acredito ser uma questão relevante para os estudos sobre a imprensa negra paulista. 2 Termo usado pelas próprias lideranças afro-brasileiras na documentação.

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A Imprensa Negra Paulista Frente à Experiência dos Negros nos Estados Unidos:

Diálogos Transnacionais, Imprensa e Circulação de Ideias (1915-1932)

VICTOR PASTORE*

Dois dos países onde a escravidão negra foi mais longeva e intensa e que herdaram

profundos conflitos raciais e estruturas desiguais racializadas, Estados Unidos da América e

Brasil, não raro foram (e ainda são) comparados quando o assunto é a questão racial. Seja pela

historiografia, por discursos políticos ou pelos movimentos sociais e negros, uma longa

tradição de influência, inspiração e análise mútua estabeleceu-se entre esses dois extremos do

continente americano. Justificáveis ou não, tais comparações cumpriram importantes papéis

nas interpretações históricas, projetos e ações políticas de distintos agentes e grupos sociais. O

presente trabalho busca analisar um exemplo desse diálogo transnacional: a importância da

experiência negra norte-americana na elaboração do projeto político e racial de letrados

negros em São Paulo no pós-abolição, verificado através da chamada imprensa negra paulista,

durante as primeiras décadas do século XX1.

Num período histórico que assistia à aceleração nos processos de circulação - seja de

pessoas, mercadorias, ou de ideias - aliada às crescentes inovações técnicas nos meios de

transporte, produção e comunicação (ANDERSON, 2014: 21-23; ELEUTÉRIO, 2008: 83-84),

líderes negros estadunidenses e brasileiros tiveram contato com as ideias e escritos uns dos

outros, chegando até mesmo a viajar a América para ver com os próprios olhos as relações

raciais para além de suas fronteiras. As imprensas das comunidades negras, existentes nos

dois países, foram provavelmente o principal meio de acesso que esses grupos tiveram à

experiência de seus “irmãos de cor”2 no outro lado do continente. Nosso argumento é que, ao

comparar suas situações - consideradas bastante distintas, ainda que a desigualdade e

discriminação racial fizessem parte de ambas - tais lideranças fizeram uso da experiência de

seus vizinhos para tecer suas próprias estratégias.

Pelo lado dos norte-americanos, era enfatizada a ausência de segregação racial

institucionalizada no Brasil, interpretada muitas vezes como a ausência de preconceito e uma

consequente integração real entre negros e brancos, um horizonte racial perfeito a ser

* Mestrando do Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade de São Paulo. Bolsista da

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). 1 O texto aqui apresentado traz uma das questões que encontrei ao longo da minha pesquisa de mestrado, ainda

em andamento. Apesar de não ser o foco do meu trabalho - que trata das relações entre a população negra e a

população imigrante no pós-abolição em São Paulo, através dos escritos dos jornais negros, operários e

imigrantes - acredito ser uma questão relevante para os estudos sobre a imprensa negra paulista. 2 Termo usado pelas próprias lideranças afro-brasileiras na documentação.

2 almejado na luta do negro norte-americano. Essa visão idílica deu suporte, inclusive, a um

projeto de imigração de negros norte-americanos para o Brasil (FRANCISCO, 2010: 77-78).

Já os negros paulistas percebiam o contexto dos Estados Unidos como mais opressor que sua

própria realidade e o adotaram como contraexemplo para seu projeto de integração na

sociedade brasileira. Em seus textos, buscaram forjar uma identidade negra que não se

sobrepusesse à identidade nacional, vista como prioritária. Negar essa prioridade seria dar um

passo em direção a um país segregado, como os Estados Unidos. Ao mesmo tempo, porém,

identificavam a desigualdade histórica herdada de séculos de escravidão e a cidadania

incompleta que vivam os negros no Brasil. Percebiam os avanços e conquistas de indivíduos

negros norte-americanos e os ganhos que a coesão e a luta racial vinham lhes proporcionando

nos últimos tempos. Tal aspecto tornou-se importante inspiração para a união da raça

conclamada pelo movimento negro paulista nas páginas de seus jornais.

Nosso foco aqui será o segundo polo desse diálogo: a interpretação dos negros

brasileiros sobre a experiência norte-americana. Primeiramente, será feita uma breve

contextualização da imprensa negra paulista e dos letrados que nela escreviam. Em seguida,

abordaremos de que forma o contato e a circulação de ideias entre os movimentos negros dos

dois países ocorreram. Por fim, analisaremos as principais releituras feitas pelos negros

paulistas da situação dos Estados Unidos.

A imprensa negra paulista como uma imprensa alternativa

Seguindo a trilha metodológica dos estudos históricos empreendidos desde fins dos

anos 1980, consideramos a imprensa, em geral, como porta-voz de grupos sociais que

almejam divulgar suas opiniões e projetos políticos. De acordo com Maria Helena Capelato

(1994), ela é um meio, mas também um agente que disputa os corações e mentes no espaço

público, trazendo projetos para o presente e imagens que serão legadas para o futuro e

reproduzidas em outras épocas. Pesquisar as diferentes imprensas é um caminho privilegiado

aos historiadores que buscam entender o pensamento e as ações de grupos sociais de

determinada época.

Na imprensa hegemônica da Primeira República, em sua maioria liberal e

representante dos interesses das classes dominantes, tem-se o absoluto silenciamento do

cotidiano e da situação da população negra (PINTO, 2013: 71), bem como de outros grupos

sociais desfavorecidos da sociedade. No caso específico dos negros, quando são mencionados

nas páginas dessa imprensa, sua representação é feita a partir de estereótipos vinculados à

3 criminalidade, desordem e vadiagem (DOMINGUES, 2000: 272-273). Enfim, são sinônimos

de problemas sociais e assuntos policiais.

Esse cenário tornou-se propício para o surgimento de diversos projetos alternativos

de imprensa, como forma dos grupos excluídos do poder e da política tradicional

reivindicarem voz no espaço público, divulgarem problemas específicos que viviam e

expandirem suas lutas. Como exemplo mais claro e estudado na historiografia, tem-se a

abundante imprensa operária surgida entre o fim do século XIX e as primeiras décadas do

XX, em suas várias correntes ideológicas (FERREIRA, 1978; COHEN, 2008: 120-125). Vale

destacar que as comunidades de imigrantes desembarcados no Brasil também criaram seus

próprios jornais em língua natal, para lutar por suas demandas (DOMINGUES, 2000: 273).

A partir da primeira edição do jornal O Menelick, em 1915, diversos periódicos feitos

por negros e voltados para a comunidade negra surgem na cidade de São Paulo3. Já

largamente estudados, esse conjunto de jornais foi categorizado por pesquisadores sob o

rótulo de “imprensa negra paulista” (FERRARA, 1986; PINTO, 2013), que aqui

consideramos como mais um gênero de imprensa alternativa, de características

especificamente étnico-raciais. Essa imprensa foi o principal canal por onde as lideranças e

associações negras conseguiram expressar suas ideias e projetos, mas também onde

registraram o cotidiano de sua comunidade - suas festas, procissões, casamentos, eleições das

associações, concursos e eventos esportivos, literários e culturais, em geral.

Ainda que em suas páginas exista certa polifonia devido aos diferentes autores que

nelas escrevem, a maioria dos artigos segue uma linha de raciocínio e endossa um projeto

semelhante, cujo foco é a integração do negro na sociedade brasileira, em igualdade de

direitos com os brancos, buscando cidadania plena (FERRARA, 1986: 40-41; PINTO, 2013:

196). Preteridos por imigrantes europeus nos principais postos de trabalho, cerceados cultural

e territorialmente pelas políticas de branqueamento das elites e do Estado (SANTOS, 2017),

os negros tinham plena consciência de sua situação de exclusão e procuraram mobilizar-se

contra isso, divulgando sua luta e reivindicações através das páginas de seus jornais. Em texto

publicado no periódico A Voz da Raça, Arlindo Veiga dos Santos, importante liderança

3 Jornais que podem ser enquadrados nesse grupo existiram no Brasil desde, pelo menos, 1833 com a publicação

de O Mulato ou o Homem de Cor, na cidade do Rio de Janeiro. Em São Paulo, o registro mais antigo de um

jornal de e para negros é A Pátria: Orgam dos Homens de Côr, datado de 1889. No entanto, as experiências de

imprensa negra paulista entre esse periódico e o ano de 1915 são intermitentes e bastante pontuais. Considera-se

a publicação de O Menelick como um marco para a explosão de jornais desse tipo ao longo da Primeira

República na capital paulista, totalizando 11 jornais conhecidos que chegaram até os pesquisadores. Dentre eles,

o mais famoso e duradouro foi O Clarim da Alvorada, ativo entre 1924 e 1932, editado por Jayme de Aguiar e

José Correa Leite, duas das figuras mais importantes do movimento negro da época. Para uma introdução mais

detalhada sobre a imprensa negra no Brasil, ver, por exemplo: DOMINGUES, 2018: 253-259.

4 atuante na Frente Negra Brasileira, declarava como fundamento dessa organização lutar pela

“integralização absoluta, completa, do negro em toda a vida brasileira (política, social,

religiosa, econômica, operária, militar, diplomática, etc.)”4. Outras organizações negras

perseguiram esse mesmo objetivo, frequentemente declarado nos jornais negros. Não havia,

portanto, propostas de ruptura com a ordem vigente, mas de correção da questão racial dentro

da estrutura já colocada no Brasil.

Como geralmente ocorre com periódicos de imprensa alternativa, a imprensa negra

sofria com a falta de verbas para manter-se em atividade e expandir-se. Seu objetivo não era

de mercado, mas político e ideológico, o que justifica o baixo preço ou mesmo a distribuição

gratuita de muitos desses jornais. Eram gerenciados por indivíduos estudados que

compunham uma “elite intelectual negra” (DOMINGUES, 2000: 163-164), mas que,

financeiramente, eram “homens de baixas posses, em sua maioria profissionais liberais,

funcionários públicos, empregados” ou donos de pequenos negócios, como descreveu Clóvis

Moura (1988: 215).

Em melhor situação econômica do que a média da população negra e com acesso ao

letramento e à cultura intelectual, esses indivíduos constituíram-se como lideranças entre a

população negra, exercendo influência sobre os demais, ainda que suas perspectivas e projetos

políticos, no entanto, divergissem muitas vezes do que o restante da comunidade negra

pensava. Esse aspecto é evidenciado pelo frequente caráter moralizante que os jornais

assumiam, ditando normas de conduta, etiquetas e formas de agir a partir das quais os negros

seriam vistos pela sociedade branca como “civilizados”.

Dessa forma, o caminho professado pelos articulistas dessa imprensa para valorizar a

raça e afirmar-se no meio social abrangente era através da apropriação e remodelação do

modo de vida dominante. A valorização do trabalho, da família e do catolicismo em

detrimento das festas, danças e lazer que predominavam nas associações étnicas fazia parte

dessa postura, resumida por Petrônio Domingues (2000: 276) como um “reflexo do

pensamento desse setor letrado da população negra, cujo modelo de educação, etiqueta,

cultura e moral da classe dominante branca eram incorporados e reelaborados, total ou

parcialmente pelos seus membros”.

Ao mobilizar o passado escravista, os heróis da abolição - Luiz Gama, José do

Patrocínio, Joaquim Nabuco, Cruz e Souza, Barão do Rio Branco, entre outros - e a situação

de desigualdade vivida no pós-abolição, esses jornais construíram narrativas em prol de uma

4 SANTOS, Arlindo Veiga. A Frente Negra Brasileira e um artigo do Snr. Austregésilo de Athayde. A Voz da

Raça, ano 1, n. 2, São Paulo, 28/03/1933, p. 1.

5 identidade racial que pudesse unir a população negra na luta por transformar sua realidade.

Discursaram sobre os grandes feitos de personagens negros do passado e do presente, de

modo a valorizar a contribuição do negro para a nação e o “potencial da raça”. Tais discursos

vão contra a ideologia de branqueamento das teorias raciais empunhadas pelas classes

dominantes paulistas, que afirmavam uma suposta inferioridade dos negros, apoiada nas

correntes científicas da época (SCHWARCZ, 2018: 407-409).

A identidade negra em construção é o que permitiria unir os “homens de cor” a favor

do projeto de futuro almejado pelos intelectuais da imprensa negra. Essa identidade, contudo,

não poderia prevalecer sobre a identidade nacional. Na realidade, ambas coexistiam em um

discurso que, por vezes, soava ambíguo e contraditório, pois afirmava o recorte racial sem que

a integração na nação fosse pautada a partir da diferença. Nesse ponto, a comparação com os

Estados Unidos das leis segregacionistas foi fundamental, visto que a maior preocupação dos

líderes negros brasileiros era evitar qualquer tipo de ruptura ou separação entre negros e

brancos. Os vizinhos do Norte seriam importantes referências e, principalmente, um exemplo

a ser evitado.

Contatos e diálogos entre os negros do Brasil e dos EUA

Para criar seu projeto de atuação e identidade racial, os líderes negros paulistas

fizeram uma leitura do contexto racial no Brasil, mas também basearam-se nas experiências

negras ao redor do mundo, principalmente nos Estados Unidos e, em menor medida, na

própria África, palco das lutas anticoloniais. Tal fator nos revela um entendimento sobre a

condição de ser negro como algo que ultrapassava as fronteiras do Estado nacional brasileiro.

Tratava-se de uma condição transnacional, uma identidade racial a partir do sentimento e da

experiência semelhante vivida pelas populações da diáspora africana.

A leitura dos jornais negros traz importantes pistas sobre a forma como ocorreu o

contato com as realidades do estrangeiro. Por exemplo, mais de uma vez foi comentado nas

páginas dos periódicos paulistas sobre a visita que fez Robert Abbott, importante figura da

comunidade negra estadunidense, ao Brasil, no ano de 19235. Abbott era editor do jornal

negro mais famoso dos Estados Unidos, o Chicago Defender. Em sua visita, ministrou

palestras no Rio de Janeiro e em São Paulo, tendo conhecido figuras importantes do

movimento negro brasileiro, incluindo alguns editores da imprensa negra paulista. Segundo o

historiador Flavio Francisco (2010: 70), a partir desse contato, esses diferentes personagens

5 MORAES, Gervásio de. À inquisição moderna. O Clarim da Alvorada, ano 3, n. 27, 14/11/1926, p. 2;

RODRIGUES, Abílio. Preto e branco. O Kosmos, ano 1, n. 11, 18/04/1923, p. 1.

6 passaram a trocar correspondências e exemplares de jornais, estabelecendo uma espécie de

rede entre os dois países.

Tal rede se alimentava do fato de que já havia grande interesse para ambos os grupos

nas semelhanças consideráveis das situações vividas por de São Paulo e Chicago: as duas

cidades passavam por processos de urbanização e industrialização intensa; receberam

migrações de negros de outras regiões dos países (no caso de Chicago, eram indivíduos em

fuga do Sul, onde vigoravam as Leis Jim Crow); receberam correntes de imigração europeia

que intensificaram a exclusão do negro nos mercados de trabalho (na lei não havia segregação

explícita, mas na prática foi o que acabou ocorrendo, com a preferência dos empregadores por

trabalhadores brancos e europeus); e presenciaram a emergência de uma “classe média negra”

letrada, que compôs através da imprensa e de órgãos literários um discurso contra-

hegemônico, buscando uma identidade e mobilização negra6.

Entretanto, após os compromissos de sua viagem, Abbott retornou ao seu país natal

surpreso com o que viu no Brasil. Aos seus olhos, era como um “paraíso racial”, onde negros

alcançavam altos postos da sociedade e podiam conviver pacificamente nos mesmos espaços

que os brancos. Foi esse líder que chegou a elaborar o projeto, já citado anteriormente, de

imigração da população negra norte-americana para as terras brasileiras (FRANCISCO, 2010:

74-78).

Para além do contato com Abbott e o Chicago Defender, outros jornais norte-

americanos eram lidos pelos negros paulistas, como é possível saber a partir de um artigo

publicado no jornal O Clarim da Alvorada, em 1928: “possuem os negros da América do

Norte, atualmente, mais de duzentos jornais, sem se contar as revistas. Entre eles destacam-se

em primeiro plano o The Chicago Defender, Philadelphia Tribune, The Afro American, The

Negro World e The Washington Eagle”7. A partir de 1930, esse jornal passou a traduzir e

republicar textos do The Negro World, semanário editado por Marcus Garvey nos Estados

Unidos, sinal de que recebiam essa publicação com frequência considerável (FRANCISCO,

2010: 71).

Vale destacar que alguns anos mais cedo, em 1924, o militante Benedicto Florêncio

reclamou de seus “irmãos de cor” em Campinas por conhecerem mais sobre o que ocorria

com os negros norte-americanos em detrimento do próprio contexto racial8. Não é possível

saber se, seus companheiros de fato sabiam mais dos Estados Unidos, mas o texto de

6 Para uma descrição detalhada do contexto histórico dos negros em Chicago e o surgimento da imprensa negra

nessa cidade, ver: CASTRO, 2017: 76-80. 7 L. Na terra do preconceito. O Clarim da Alvorada, fase 2, ano 1, n. 2, 04/03/1928, p. 3. 8 FLORÊNCIO, Benedicto. Os pretos em São Paulo. O Kosmos, ano 3, n. 27, 19/10/1924, p. 1.

7 Florêncio fornece a pista de que as discussões sobre o país estavam nas conversas cotidianas

da comunidade negra.

Esses e outros episódios de troca de informações e citações entre as realidades

estadunidense e brasileira sugerem que a imprensa negra paulista não deve ser analisada

apenas como algo isolado geograficamente. Passamos a percebê-la como parte de um

movimento maior da luta dos negros no mundo atlântico, uma forma de luta que ocorria

simultaneamente em outros locais, em diálogo entre si. Os projetos negros em cada país

podem ser pensados como influenciados pela circulação de ideias entre essas lideranças e

grupos, típicas da conjuntura histórica de crescente integração entre os cantos do mundo,

categorizada por Benedict Anderson (2014: 21) como “globalização incipiente”. Esse caráter

transnacional dos movimentos negros e da identidade racial que era elaborada através das

páginas de seus jornais em diferentes locais foi bem captada pelo historiador Cristián Castro:

a imprensa negra era ontologicamente transnacional, em constante diálogo com

diferentes nações, ou grupos de pessoas partilhando a etnicidade, linguagem e

cultura. A imprensa negra buscou construir uma comunidade negra transnacional

imaginada como espaço para discussão de suas trajetórias históricas, para

conscientizar o mundo do preconceito racial que diferentes membros da diáspora

negra sofreram, para comunicar seu orgulho racial, sua condição de “pessoas

decentes”, seu direito de serem tratados como homens e mulheres respeitáveis,

merecedores de direitos iguais (2017: 87).

O próximo passo é entender como o movimento negro brasileiro interpretou a

realidade e as ideias que vinham dos Estados Unidos. Para isso, devemos ter em mente que

não houve mimese de nenhuma das partes envolvidas. As lideranças de cada país

reelaboraram o que leram e viram da situação do outro à sua própria maneira, de modo a

compor um projeto específico adequado à sua realidade, ao seu contexto.

Interpretações da realidade norte-americana pela imprensa negra de São Paulo

A postura da imprensa negra paulista frente à situação dos negros norte-americanos a

princípio parece dúbia, pois existe um lado de crítica e outro de admiração. Um de

contraexemplo e outro de exemplo. Primeiramente, os negros paulistas buscavam distanciar-

se da realidade dos Estados Unidos, exaltando a situação brasileira, onde não havia

segregação institucional. Essa estratégia levou jornalistas negros, como José Correia Leite, até

mesmo a negarem a existência de discriminação racial no Brasil, em trechos como “lá na

América do Norte, onde o preconceito é um fato, o que é do preto é do preto, o que é do

8 branco é do branco, aqui não; tudo quanto é do Brasil, é nosso com exceção de qualquer

coisinha que se não pode qualificar de preconceito”9. Anos antes, D’Alencastro, outro escritor

negro, já havia afirmado algo semelhante no jornal O Bandeirante:

Se nos Estados Unidos existem preconceitos de raças, aqui, felizmente, não há desse

tremendo flagelo. É preciso que exemplifiquemos? Lá em América do Norte, o preto

constitui um elemento detestado à margem da sociedade branca, é odiado (...) os

brancos andam pela calçada e os pretos... pelo meio da rua, pois, se alguns legados

do passeio, é preso e multado, é espancado ou, o que é frequente, é linchado e

erguido nos postes de lampiões! Aqui existe disso? (...)[o negro] goza dos mesmos

direitos e regalias que aquele [o branco] e é cidadão brasileiro. Em toda a parte,

onde estiver um branco, pode estar muito tranquilamente um preto10.

Apesar de frequentemente acusarem atitudes racistas por parte dos brancos e dos

imigrantes europeus e demonstrarem consciência da desigualdade racial sofrida no Brasil,

essas lideranças tentaram afastar-se de uma imagem conflituosa com a sociedade branca.

Faziam questão de explicar que, mesmo escrevendo em jornais voltados para a comunidade

negra e propondo uma união étnica, não defendiam uma sociedade que dividisse brancos e

negros. Pelo contrário, defendiam a fraternidade entre as raças e a convivência com os

brancos em todos os lugares, afirmando inclusive que isso já ocorria – o desafio era afirmar

uma ideia de raça sem cair em qualquer espécie de “separatismo”. O racismo e a

discriminação seriam, nessa lógica, atitudes pontuais de indivíduos “fora de seu tempo”, não

algo estrutural e cotidiano. Os Estados Unidos eram trazidos para o debate nesses termos,

como um país onde mesmo os negros buscavam permanecer separados dos brancos, com

atitudes segregacionistas11. É o caso do texto assinado por “Azuos”12 em O Alfinete:

Aqui existem alguns preconceitos, mas tal é insignificante, porque vemos muitos

homens de cor, frequentando os mesmos Grupos Sociais, Colégios e Escolas

Superiores, onde os pretos se ombrearam com homens brancos. Quanta diferença

entre lá [Estados Unidos] e cá [Brasil]!13.

No entanto, esse discurso era seletivo e nem sempre dominante nas páginas dos

jornais negros. Por mais paradoxal que possa parecer, ao mesmo tempo que muitos artigos

negaram a existência de discriminação racial no Brasil, outros a afirmaram, apontando casos

9 LEITE, José Correia. Quem somos. O Clarim da Alvorada, ano 3, n. 27, 14/11/1926, p. 3. 10 D’ALENCASTRO. Grave Erro!. O Bandeirante, ano 1, n. 3, 09/1918, p. 2-3. 11 Foi assim que jornalistas do Clarim da Alvorada interpretaram a visita e as palestras de Robert Abbott, como

uma tentativa de “plantar a semente da separação das raças” no Brasil. É o caso do artigo já citado de Gervásio

de Moraes, À inquisição moderna. 12 Aparentemente, pseudônimo de algum escritor negro, algo bastante comum nos jornais dessa época. 13 AZUOS. Reparando. O Alfinete, ano 4, n. 77, 1921 (sem data exata), p. 2.

9 de racismo e denunciando como era mais difícil para um negro chegar em posições sociais

altas do que para um branco14. Para os que tomaram essa posição, a dicotomia entre um

inferno e um paraíso racial entre os dois países não servia. Nesse sentido, o historiador Flávio

Francisco relata como, em alguns periódicos negros de São Paulo, os escritos de Robert

Abbott sobre o “Éden racial brasileiro” foram duramente criticados. Para eles, Abbott estaria

enviesado pela realidade opressora e violenta que vivia, e acabou retratando um quadro mais

ameno sobre o Brasil do que era a realidade histórica (2010: p.76).

O importante aqui é perceber que os Estados Unidos cumpriram função importante

para ambas as posições. Ainda seguindo a trilha do historiador citado, as experiências negras

norte-americanas foram instrumentalizadas pelas lideranças paulistas “como um meio de

caracterizar e, até mesmo, de mensurar a suposta natureza harmônica das relações entre

negros e brancos no Brasil” (FRANCISCO, 2010: 86).

Os trechos supracitados das páginas da imprensa negra – e muitos outros que seguiam

a mesma linha - levaram alguns pesquisadores a concluir que o movimento negro do início do

século teria indiretamente contribuído para a construção do ideário que viria a se consolidar

sob o rótulo de “democracia racial” (GUIMARÃES, 2011; DOMINGUES, 2000: 307,

MELLO, 2005: 20915) – e que seria duramente combatido pelo mesmo movimento poucas

décadas depois, já com outras interpretações da realidade e perspectivas de luta16.

A ideia de que, no Brasil, não haveria conflitos raciais seria oficializada como

ideologia de Estado nos governos Vargas, impulsionada pelas obras de Gilberto Freyre. No

entanto, as origens desse discurso remontam ao século XIX, e foram ganhando força

gradualmente ao longo da Primeira República em São Paulo, momento em que, a ideologia

dominante ainda pregava o branqueamento da população. Diante de uma elite e um Estado

que impunham políticas de branqueamento via mestiçagem ou eugenia, a intelectualidade

negra reivindicava-se como parte da nação – mesmo que sem fazê-lo a partir da diferença

(GUIMARÃES, 2011: 27-28).

Como já adiantamos, porém, nem só de termômetro e contraexemplo serviu a

experiência negra norte-americana aos projetos do movimento negro paulista. Também foi

14 RODRIGUES, Abílio. Preto e branco. O Kosmos, ano 1, n. 11, 18/04/1923, p. 1. 15 Essa última autora, Marina Mello, o faz com ressalvas, defendendo que a adesão aos moldes da democracia

racial não é feita de maneira completa pela imprensa negra - pois existem especificidades, como o

reconhecimento de uma raça negra cujas origens são africanas, ainda que a brasilidade prevaleça no momento

em que vivem. Posição com a qual concordamos. 16 Aqui, não se trata de fazer qualquer julgamento moral ou acusar como uma “contradição” do movimento

negro. Trata-se apenas de reconhecê-lo como pleno de historicidade, da mesma forma como ocorre com qualquer

outro movimento social: suas posições, formas de luta e ideologias mudaram ao longo do tempo de sua

existência.

10 comum a referência admirada às conquistas e ao alto grau de mobilização dos negros nos

Estados Unidos, a qual deveria servir de inspiração e exemplo positivo de luta para os negros

brasileiros. Segundo as leituras destes militantes, os Estados Unidos eram um país mais

desenvolvido e, portanto, mesmo os grupos oprimidos de sua sociedade, estavam um passo à

frente do que no Brasil. Isso sustentava o olhar atento às ações do negro no país vizinho,

como propôs Booker em artigo publicado no Clarim da Alvorada: “assim como o branco

busca os seus exemplos no meio mais adiantado da sua raça, também o faço volvendo as

minhas vistas para os pretos norte-americanos [que] brilhantemente se desenvolveram em

todos os pontos de vista”17.

No mesmo artigo e em sua continuação na edição seguinte, o militante continuou o

raciocínio listando diversos casos de homens e mulheres negras que obtiveram sucesso em

diferentes profissões – cantoras, professores, poetas. Conquistas como essas foram

mobilizadas no discurso da imprensa negra paulista como prova de que o negro era capaz de

atingir posições de prestígio, pois, se até mesmo em um contexto de forte repressão como o

norte-americano a ascensão social era viável, os afro-brasileiros deveriam sentir-se

estimulados a lutar por ela no Brasil (FRANCISCO, 2010, p.120).

Outros autores, como Oliveira, também sugeriram buscar inspiração nos “irmãos do

Norte”, para exigir tratamento digno dos brancos:

nos Estados Unidos a sua [do negro] capacidade criadora é assombrosa. Ela

distingue-se em todos os pontos de vista na agricultura, e na indústria, o despertar

de sua energia vital, aliada a uma sólida cultura intelectual desenvolveu

maravilhosamente o progresso dessa grande nação (...) No próprio país ela impôs-

se ao respeito de sua rival branca18.

A suposta “sólida cultura intelectual” dos negros norte-americanos, afirmada por

Oliveira, teria se desenvolvido através do investimento em educação e instrução, feito desde

os tempos de escravidão. Segundo Horácio da Cunha, outra liderança paulista, “os pretos da

América do Norte, mesmo escravizados, recebiam instrução, e os pretos do Brasil só recebiam

instrução sobre a plantação de café e cereais”19. Benedicto Florêncio, em artigo já citado mais

acima, pode ser lido como complementar a essa passagem, quando afirma que, logo que a

abolição entrou em pauta nos Estados Unidos, “foi imediatamente decretada a rigorosa

obrigatoriedade da alfabetização do preto”, enquanto que para os negros do Brasil, “o livro foi

17 BOOKER. Negro!. O Clarim da Alvorada, ano 2, n. 15, 27/09/1925, p.3-4. 18 OLIVEIRA. Aos nossos leitores. O Alfinete, ano 1, n. 2, 03/09/1918, p. 1. 19 CUNHA, Horácio da. Os pretos da América do Norte e os pretos da América do Sul. O Clarim da Alvorada,

fase 2, ano 2, n. 17, 05/02/1928.

11 a chibata e a escola foi a senzala”, tendo o Estado se omitido no pós-abolição, sem políticas

educacionais para os egressos do cativeiro20. Portanto, o caminho para alcançar o “progresso

social da raça” estava bem delineado: “extirpemos o nosso analfabetismo e veremos se

podemos ou não imitar os norte-americanos”21.

Junto com a educação, a união da população negra constituía o ponto basilar no

projeto dos jornais analisados. Aos olhares das lideranças, faltava união racial à comunidade

afro-brasileira e essa era uma das principais causas das dificuldades que enfrentava.

Frequentemente os militantes clamavam por maior coesão entre seus “irmãos de cor”,

propondo que fossem criadas mais associações étnicas, beneficentes, educativas e

reivindicativas. Nesse quesito também era bem-vinda a comparação com a América do Norte,

pois os autores entendiam que as associações e mobilizações dos negros de lá eram mais

sólidas e cumpriam papel fundamental nas grandes conquistas dos indivíduos negros.

Outro momento de inspiração se deu em 1924, quando os negros norte-americanos

organizaram um congresso para debater a questão racial e elaborar suas ações. O evento

ecoou no movimento negro brasileiro antes mesmo de se realizar. José Correia Leite, uma das

principais lideranças, elogiou a iniciativa nas páginas do Clarim da Alvorada: “muitos

patrícios há que se admiram do grande Congresso de Pretos que dentro em pouco se reunirá

na América do Norte (...) esse congresso apenasmente servirá de exemplo para nós”22.

Realmente o exemplo foi seguido, tanto que, em 1926, tem-se o primeiro registro no

jornal a respeito da tentativa de fazer um “congresso de pretos” no Brasil, junto com a

fundação do Centro Palmares. Três anos depois, entra de vez na pauta a discussão um

“Congresso da Mocidade Negra do Brasil”, cujos objetivos seriam debater as questões de

“interesse patriótico e raciais”, inspirados pelos “negros e mestiços de toda a parte do mundo,

onde estão caminhando em passos largos, ao lado do progresso enorme de todo o globo”23 –

sem dúvida uma referência ao movimento negro norte-americano e às lutas de descolonização

da África.

Considerações finais

Compreendemos, portanto, que as representações sobre os Estados Unidos nos

discursos da imprensa negra paulista variaram, em função do objetivo almejado pelas

lideranças afro-paulistas frente ao seu público leitor - a comunidade negra - em cada momento

20 FLORÊNCIO, Benedicto. Os pretos em São Paulo. O Kosmos, ano 3, n. 27, 19/10/1924, p. 1. 21 OLIVEIRA. Aos nossos leitores. O Alfinete, ano 1, n. 2, 03/09/1918, p. 1. 22 LEITE, José Correia. O verbo do preto. O Clarim da Alvorada, ano 1, n. 8, 07/12/1924, p. 1. 23 LEITE, José Correia. A mocidade negra. O Clarim da Alvorada, fase 2, ano 6, n. 14, 03/03/1929, p. 1.

12 ou artigo. Ora a ênfase recaía na ideia de um “inferno racial” de segregação a ser evitado, ora

como o grande exemplo de organização, luta e conquista negra. Essa variância não significa

incoerência ou contradição, mas uma multiplicidade de estratégias de discurso e de

interpretações/apropriações possíveis daquela realidade.

No entanto, é importante ressaltar que esse é só um lado do diálogo transnacional

entre os movimentos negros das décadas iniciais do século XX. Faz-se necessário analisar

também a apropriação que os norte-americanos fizeram da experiência dos brasileiros, já que,

como sugerimos brevemente ao longo da exposição, a realidade brasileira também foi

importante na elaboração de estratégias e projetos do movimento negro estadunidense. Seus

jornais e revistas, mais numerosos que os de São Paulo, oferecem farto material para os

historiadores que optarem por esse caminho. Entender as duas pontas da cadeia de circulação

de ideias é essencial para uma história transnacional do movimento negro.

Por fim, devemos ter em mente que os diálogos, comparações e articulações entre os

afrodescendentes de ambos os países foram acrescidos de novos episódios no decorrer da

história, em um mundo cada vez mais conectado, onde as imprensas continuaram exercendo

papel importante. Nas décadas de 60 e 70, os ventos do Norte contribuíram para uma nova

fase, de maior radicalidade, do movimento negro brasileiro, sintetizada na formação do

Movimento Negro Unificado (MNU) em 1978 (DOMINGUES, 2007: 112). Martin Luther

King, Malcon X, Angela Davis, os Panteras Negras e tantos outros militantes foram

reapropriados e inspiraram a luta dos afro-brasileiros. E, provavelmente, conheceram,

interpretaram e influenciaram-se na história, realidade e luta negra no Brasil.

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