a importÂncia do ensino da biologia para o cotidiano

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1 FACULDADE INTEGRADA DA GRANDE FORTALEZA – FGF NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – NEAD PROGRAMA ESPECIAL DE FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE DOCENTES NA ÁREA DE LICENCIATURA EM BIOLOGIA A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DA BIOLOGIA PARA O COTIDIANO RAIMUNDO DE SOUSA SOBRINHO Fortaleza - CE 2009

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O presente trabalho apresenta o importante diferencial de trabalhar o ensinoda biologia no cotidiano. O principal objetivo dessa pesquisa é sem dúvidaanalisar a importância do ensino da biologia para o cotidiano, contribuindo paraampliar o conhecimento e a compreensão do contexto de vida dos alunos. Oensino da biologia no Brasil, apesar dos avanços nas propostas curriculares,ainda requer soluções de vários problemas nas relações ensino-aprendizagemnas escolas. O aprendizado da biologia deve permitir a compreensão da naturezaviva e dos limites dos diferentes sistemas explicativos, a compreensão de que aciência não tem respostas definitivas para tudo, sendo uma de suascaracterísticas a possibilidade de ser questionada e de se transformar. O trabalhofoi desenvolvido com alunos do ensino médio e professor do ensinofundamental e médio da área de Biologia da Escola de Ensino Fundamental Dr.Brunilo Jacó no conjunto Antonio Bonfim – Redenção/CE. A experiênciavivenciada na escola realizou-se através de observação da prática docente doprofessor de Biologia destacando a aula expositiva sobre o assunto,questionamentos, atividades e exercícios com os alunos. O presente estudo iráser útil e necessário aos gestores, docentes e alunos, pois ao priorizar, nosfazeres pedagógicos, a interação entre os conhecimentos prévios, oquestionamento, a experimentação e a pesquisa em sala de aula, associadas àsaulas teóricas, ajudam a promover a reformulação, a reestruturação e a formaçãode conceitos pelos alunos, privilegiando o saber pensar e o aprender a aprender.Com isso, seus questionamentos e suas dúvidas podem ser buscados eencontram respostas, valorizando a autonomia, a argumentação crítica,inserindo-os com qualidade formal em sociedade.

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    FACULDADE INTEGRADA DA GRANDE FORTALEZA FGF

    NCLEO DE EDUCAO A DISTNCIA NEAD

    PROGRAMA ESPECIAL DE FORMAO PEDAGGICA DE DOCENTES NA REA DE LICENCIATURA EM BIOLOGIA

    A IMPORTNCIA DO ENSINO DA BIOLOGIA PARA O COTIDIANO

    RAIMUNDO DE SOUSA SOBRINHO

    Fortaleza - CE

    2009

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    RAIMUNDO DE SOUSA SOBRINHO

    A IMPORTNCIA DO ENSINO DA BIOLOGIA PARA O COTIDIANO

    Monografia apresentada como requisito parcial para obteno do ttulo de Licenciado em Biologia no Programa Especial de Formaes de Docentes da Faculdade Integrada da Grande Fortaleza FGF, sob a orientao do Prof. Msc. Jean Carlos de Arajo Brilhante.

    Fortaleza- CE

    2009

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    Monografia apresentada como requisito necessrio para a obteno do grau de Licenciatura em Biologia no Programa Especial de Formao Pedaggica de Docentes da Faculdade

    Integrada da Grande Fortaleza FGF.

    ______________________________

    Raimundo de Sousa Sobrinho

    ______________________________

    Prof. Msc. Jean Carlos de Arajo Brilhante Orientador

    ______________________________

    Prof. Msc. Clia Digenes Coordenadora do Curso

    Monografia aprovada em: ___ / ____ / ____

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    Aprendemos quando compartilhamos experincias

    John Dewey

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    AGRADECIMENTOS

    Deus por estar sempre me protegendo e me dando fora para enfrentar as dificuldades da vida.

    Aos meus queridos pais Manoel Paz Sobrinho e Maria Alcides de Sousa, meus filhos Lucas Mateus, Joo Paulo, Sara Maria, Raquel Maria, Rebeca Maria, e a minha mulher Cleonice Rabelo Lima e irmos pela fora, compreenso e apoio.

    Ao meu orientador Prof. Jean Carlos de Arajo Brilhante e a coordenadora Clia Digenes, pelo acompanhamento constante, amizade, pacincia e colaborao ao longo desse curso.

    Aos demais tutores do curso de Biologia, s pessoas que compem o Ncleo de Educao a Distncia (NEAD) da Faculdade Integrada da Grande Fortaleza (FGF) e aos colegas de turma.

    A direo, alunos e professores da Escola Dr. Brunilo Jac que muito colaboraram no desenvolvimento deste trabalho.

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    RESUMO

    O presente trabalho apresenta o importante diferencial de trabalhar o ensino da biologia no cotidiano. O principal objetivo dessa pesquisa sem dvida analisar a importncia do ensino da biologia para o cotidiano, contribuindo para ampliar o conhecimento e a compreenso do contexto de vida dos alunos. O ensino da biologia no Brasil, apesar dos avanos nas propostas curriculares, ainda requer solues de vrios problemas nas relaes ensino-aprendizagem nas escolas. O aprendizado da biologia deve permitir a compreenso da natureza viva e dos limites dos diferentes sistemas explicativos, a compreenso de que a cincia no tem respostas definitivas para tudo, sendo uma de suas caractersticas a possibilidade de ser questionada e de se transformar. O trabalho foi desenvolvido com alunos do ensino mdio e professor do ensino fundamental e mdio da rea de Biologia da Escola de Ensino Fundamental Dr. Brunilo Jac no conjunto Antonio Bonfim Redeno/CE. A experincia vivenciada na escola realizou-se atravs de observao da prtica docente do professor de Biologia destacando a aula expositiva sobre o assunto, questionamentos, atividades e exerccios com os alunos. O presente estudo ir ser til e necessrio aos gestores, docentes e alunos, pois ao priorizar, nos fazeres pedaggicos, a interao entre os conhecimentos prvios, o questionamento, a experimentao e a pesquisa em sala de aula, associadas s aulas tericas, ajudam a promover a reformulao, a reestruturao e a formao de conceitos pelos alunos, privilegiando o saber pensar e o aprender a aprender. Com isso, seus questionamentos e suas dvidas podem ser buscados e encontram respostas, valorizando a autonomia, a argumentao crtica, inserindo-os com qualidade formal em sociedade.

    Palavras-chave: Aulas experimentais, Ensino-aprendizagem, Fazer e pensar dos alunos.

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    ABSTRACT

    This paper presents the important gap in the work of teaching biology in daily life. The main objective of this research is certainly important to examine the teaching of biology to everyday life, helping to broaden the knowledge and understanding of the context of life for students. The teaching of biology in Brazil, despite advances in the proposed curriculum, still requires solutions to several problems in relations teaching-learning in schools. The learning of biology should enable the understanding of living nature and limits of different explanations; the understanding that science has no definitive answers for everything, one of its features the ability to be questioned and to transform. The work was developed with high school students and teachers of elementary and high school in the area of Biology, School of Basic Education Dr. Jacob in all Brunilo Antonio Bonfim - Redemption / EC. The experience at the school took place through observation of teaching practice of emphasizing a professor of biology class exhibition on the subject, questions, activities and exercises with students. This study will be necessary and useful to managers, teachers and students, as to prioritize, make the teaching, the interaction between prior knowledge, the questioning, experimentation and research in the classroom, combined with lectures, helps promote the reformulation, restructuring and formation of concepts by students, particularly the know and think about learning to learn. Therefore, your questions and your questions can be searched and find answers, highlighting the autonomy, the critical argument, placing them with formal quality

    in society.

    Keywords: experimental classes, teaching and learning, the students do and think.

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    LISTA DE FIGURAS

    Foto 1 Momento da Minha Prtica 38

    Foto 2 Temas Transversais. Momento de construo do Mural 38

    Foto 3 Frente da Escola 39

    Foto 4 Sala de Leitura 39

    Foto 5 Sala de Laboratrio 40

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    SUMRIO

    1 INTRODUO 10 1.2 Objetivo Geral 11 1.3 Objetivos Especficos 11 2 JUSTIFICATIVA 12

    3 FUNDAMENTAO TERICA 14 3.1 A origem da cincia Biologia 14

    3.2 Consideraes sobre o Ensino das Cincias e da Biologia 16

    3.3 A Importncia do Ensino da Biologia no Cotidiano 18

    3.3.1 A importncia das aulas prticas no Ensino da Biologia 21

    3.3.2 Metodologias alternativas em cincias 23

    4 METODOLOGIA DE PESQUISA 29

    4.1 Caracterizao do ambiente de estudo 29

    4.2 Coleta de dados 30

    5 ANLISE E DISCUSSO DOS RESULTADOS 32 6 CONSIDERAE S FINAIS 34 7 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 36 8 ANEXOS 38

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    1 INTRODUO

    O modelo tradicional de ensino ainda amplamente utilizado por muitos educadores nas escolas. Segundo CARRAHER (1986), tal modelo de educao trata o conhecimento como um conjunto de informaes que so simplesmente passadas dos professores para os alunos, o que nem sempre resulta em aprendizado efetivo. Os alunos fazem papel de ouvintes e, na maioria das vezes, os conhecimentos passados pelos professores no so realmente absorvidos por eles, so apenas memorizados por um curto perodo de tempo e, geralmente, esquecidos em poucas semanas ou poucos meses, comprovando a no ocorrncia de um verdadeiro aprendizado.

    CARRAHER (1986) defende um modelo alternativo, denominado modelo cognitivo, no qual os educadores levantam problemas do cotidiano (questes reais) para que os alunos busquem as solues. Mesmo que a resposta no seja satisfatria para o professor, no se deve descartar o fato de que o aluno tenha raciocinado para chegar concluso. De acordo com MOREIRA (1999), muitos modelos de ensino baseiam-se na teoria do desenvolvimento cognitivo de Jean Piaget. Parte-se da perspectiva de que a mente humana tende, permanentemente, a aumentar seu grau de organizao interna e de adaptao ao meio.

    Para que o processo de ensino seja efetivado faz-se necessrio destacar aspectos importantes, que so: a existncia de problematizaes prvias do contedo como pontos de partida; a vinculao dos contedos ao cotidiano dos alunos; e o estabelecimento de relaes interdisciplinares que estimulem o raciocnio exigido para a obteno de solues para os questionamentos, fato que efetiva o aprendizado (CARRAHER, 1986; FRACALANZA et al, 1986). As dificuldades no processo de ensino-aprendizagem presentes em nossas escolas se devem a numerosos obstculos que permanecem escondidos no cotidiano dos professores.

    Num panorama geral das escolas no pas, percebemos que nelas vigoram um ensino padronizado, tratando os contedos escolares igualmente, onde alunos e professores participam como atores que desempenham seus papis, no se envolvendo com quem produziu os contedos ou na forma como estes chegam at eles. Nossas escolas, ainda tradicionalista, no tm conseguido acompanhar e se adequar evoluo das pesquisas.

    Quanto ao ensino de biologia, as aulas so desenvolvidas com base nos livros didticos onde o conhecimento repassado como algo j pronto, onde a metodologia ainda centrada no professor, com a maioria das aulas expositivas, com alguns experimentos geralmente demonstrativos, conduzindo mais memorizao que ao desenvolvimento do

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    raciocnio lgico e formal, deixando de observar o aguamento da curiosidade nem o despertar para o conhecimento.

    Neste contexto, como trabalhar questes que dizem respeito a nossa prpria realidade? Como perceber fatos e fenmenos que acontecem nossa volta se permanecermos apenas repetidores de coisas que nos falam e nos impem como verdades? Se tanto as escolas, com os programas e contedos pr-estabelecidos, como a mdia, ditam necessidades que nem temos, mas que assumimos sem refletir? Qual o papel da educao, especialmente do ensino da biologia? Como podemos trazer para a sala de aula discusses contextualizadas de nossa vida cotidiana? Como os professores podem contribuir para que isso acontea?

    Este tema , sem dvida, demasiado vasto. Tendo em considerao a sua amplitude, sero tratadas apenas algumas vertentes, no numa perspectiva de meta de chegada de conhecimentos definitivos, mas de ponto de partida para outras abordagens interativas do ensino da biologia no cotidiano. O problema estabelecido pelo presente trabalho consiste nos seguintes questionamentos: qual a importncia do ensino da biologia para o cotidiano da vida dos alunos? Que concepes de ensino e de aprendizagem orientam as prticas pedaggicas dos professores de biologia?

    1.2 OBJETIVO GERAL

    O principal objetivo dessa pesquisa sem dvida mostrar a importncia do ensino da biologia no cotidiano, contribuindo para ampliar o conhecimento e a compreenso do contexto de vida dos alunos.

    1.3 OBJETIVOS ESPECFICOS

    Analisar concepes de ensino e de aprendizagem que orientam as prticas pedaggicas dos professores de biologia;

    Avaliar se o ensino da biologia tem contribudo para ampliar o conhecimento e compreenso do contexto de vida dos alunos;

    Estimular e incentivar alunos e professores de biologia incluso e melhoria de aulas prticas em seus programas;

    E por fim contextualizar sobre a importncia do ensino da biologia no cotidiano.

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    2 JUSTIFICATIVA

    O presente trabalho apresenta o importante diferencial de trabalhar o ensino da biologia no cotidiano. O ensino da biologia no Brasil, apesar dos avanos nas propostas curriculares, ainda requer solues de vrios problemas nas relaes ensino-aprendizagem nas escolas. O aprendizado da biologia deve permitir a compreenso da natureza viva e dos limites dos diferentes sistemas explicativos, a compreenso de que a cincia no tem respostas definitivas para tudo, sendo uma de suas caractersticas a possibilidade de ser questionada e de se transformar.

    Os assuntos relacionados a biologia so de grande relevncia para a compreenso de fenmenos e suas correlaes, pois promovem uma melhoria na qualidade de vida, uma saudvel relao com o meio ambiente e condies de um pleno exerccio de cidadania. O que se percebe, porm, que tais assuntos so pouco trabalhados no sentido de gerarem significados, transformados em ao pelos alunos.

    Isso ocorre devido sobrecarga de contedos, o exguo tempo destinado a cada um deles, a seleo descontextualizada, o desconhecimento de como ocorre aprendizagem, a falta de valorizao dos conhecimentos prvios e dos questionamentos, a inexistncia de aulas de experimentao, o desuso da pesquisa em sala de aula. Tudo isso acarreta um ensino esttico, desinteressante, desvinculado do cotidiano, dificultando que o aluno seja sujeito em seu prprio aprendizado.

    Diante desse contexto, torna-se necessrio e importante que os alunos reconstruam conhecimentos cientificamente aceitos com significados prprios, estabelecendo relaes entre o que aprendem e a realidade, aumentando, por isso, a compreenso desses conhecimentos. A aprendizagem de uma forma significativa faz-se necessria para que o aluno exercite operaes mentais de reconstruo de conhecimento por meio de aes propiciadas pelo intercmbio entre o que ele j conhece e o novo.

    Tal aprendizagem deve ser fundamentada em seus conhecimentos prvios, no questionamento, nas aulas de experimentao e na pesquisa em sala de aula, associadas s teorias cientificamente aceitas. Assim, ao priorizar, nos fazeres pedaggicos, a interao entre os conhecimentos prvios, o questionamento, a experimentao e a pesquisa em sala de aula, associadas s aulas tericas, ajudam a promover a reformulao, a reestruturao e a formao de conceitos pelos alunos, privilegiando o saber pensar e o aprender a aprender.

    Com isso, seus questionamentos e suas dvidas podem ser buscados e encontra respostas, valorizando a autonomia, a argumentao crtica, inserindo-os com qualidade

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    formal em sociedade. A necessidade de analisar, refletir e discutir as concepes de ensino e aprendizagem, que orientam as prticas pedaggicas dos professores de biologia fruto dos anos exercidos no magistrio. As experincias vividas na concretude das aes pedaggicas, incluindo observaes a respeito de concepes, desempenho profissional dos educadores e aprendizagem com significao pelos alunos, adquiriram novos sentidos, o que motiva a examinar as concepes, buscando seus entendimentos nessa relao de ensino e aprendizagem voltados para a autonomia dos alunos.

    O presente trabalho apresenta o importante diferencial de trabalhar o ensino da biologia no cotidiano. O ensino da biologia no Brasil, apesar dos avanos nas propostas curriculares, ainda requer solues de vrios problemas nas relaes ensino-aprendizagem nas escolas. O aprendizado da biologia deve permitir a compreenso da natureza viva e dos limites dos diferentes sistemas explicativos, a compreenso de que a cincia no tem respostas definitivas para tudo, sendo uma de suas caractersticas a possibilidade de ser questionada e de se transformar.

    Segundo a Constituio Brasileira de 1988 em seu artigo 205 assegurado que a educao direito de todos e dever do Estado e da famlia, ser promovida e incentivada com a colaborao da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exerccio da cidadania e sua qualificao para o trabalho. A escola uma instituio de ensino que se dedica tarefa de organizar o conhecimento e apresent-lo aos alunos pela mediao das linguagens, de forma a que seja aprendido (PCN - Ensino Mdio, 1999).

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    3 FUNDAMENTAO TERICA

    3.1 A ORIGEM DA CINCIA BIOLOGIA

    O incio do estudo da biologia se deu a partir da primeira classificao dos animais feitos pelo grego Aristteles, que conseguiu catalogar cerca de 500 espcies em estilo moderno. No sculo XIV, em 1316, o professor da escola de medicina de Bolonha, o italiano Mondino de Luzzi, publicou o primeiro livro conhecido como a anatomia humana. Cerca de trs sculos aps a publicao, surgiu teoria da Evoluo, elaborada pelos bilogos ingleses: Charles Robert Darwin e Alfred Russel Wallace.

    Segundo eles, os organismos das plantas e dos animais esto sempre em processo de mudana. Mas, uma das maiores descobertas foi feita somente no sculo XX, em 1944, quando o bacteriologista norte-americano Oswald Theodore Avery, descobriu que o DNA (cido desoxirribonuclico) era a matria-prima da qual so feitos os genes, ou seja, a partir desta molcula que fica escrito o cdigo gentico. A partir de ento, os cientistas (bilogos) conseguiram desvendar alguns enigmas a respeito da cincia (SCHNETZLER, 2000).

    A biologia o estudo dos seres vivos (do grego - bios = vida e - logos = estudo). Debrua-se sobre as caractersticas e o comportamento dos organismos, a origem de espcies e indivduos, e a forma como estes interagem uns com os outros e com o seu ambiente. A biologia abrange um espectro amplo de reas acadmicas freqentemente consideradas disciplinas independentes, mas que, no seu conjunto, estudam a vida nas mais variadas escalas. A vida estudada escala atmica e molecular pela biologia molecular, pela bioqumica e pela gentica molecular, ao nvel da clula pela biologia celular e escala multicelular pela fisiologia, pela anatomia e pela histologia (SCHNETZLER, 2000).

    A biologia do desenvolvimento estuda a vida ao nvel do desenvolvimento ou ontogenia do organismo individual. Subindo na escala para grupos de mais que um organismo, a gentica estuda como funciona a hereditariedade entre progenitores e a sua descendncia. A etologia estuda o comportamento dos indivduos. A gentica populacional trabalha ao nvel da populao, enquanto que a sistemtica trabalha com linhagens de muitas espcies. As ligaes de indivduos, populaes e espcies entre si e com os seus habitats so estudadas pela ecologia e pela biologia evolutiva.

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    Uma nova rea, altamente especulativa, a astrobiologia (ou xenobiologia) estuda a possibilidade de vida para l do nosso planeta. A biologia clnica constitui a rea especializada da biologia profissional, para Diagnose em sade e qualidade de vida, dos processos orgnicos eticamente consagrados (SCHNETZLER, 2000). A biologia nem sempre foi objeto de ensino nas escolas. O espao conquistado por essa cincia no ensino formal (e informal) seria, segundo ROSA (2005), conseqncia do status que adquiriram principalmente no ltimo sculo, em funo dos avanos e importantes invenes proporcionadas pelo seu desenvolvimento, provocando mudanas de mentalidades e prticas sociais.

    Segundo CANAVARRO (1999 apud ROSA, 2005) a insero do ensino de cincias na escola deu-se no incio do sculo XIX quando ento o sistema educacional centrava-se principalmente no estudo das lnguas clssicas e da matemtica, de modo semelhante aos mtodos escolsticos da idade mdia. De acordo com LAYTON (1973 apud ROSA 2005) j naquela poca as diferentes vises de cincia dividiam opinies. Havia os que defendiam uma cincia que ajudasse na resoluo de problemas prticos do dia a dia.

    Outros enfocavam a cincia acadmica, defendendo a idia de que o ensino de cincias ajudaria no recrutamento dos futuros cientistas. A segunda viso acabou prevalecendo e embora essa tenso original ainda tenha reflexos no ensino de cincias atual, este permaneceu bastante formal, ainda baseado no ensino de definies, dedues, equaes e em experimentos cujos resultados so previamente conhecidos.

    A revoluo industrial deu novo poder aos cientistas institucionalizando socialmente a tecnologia. Este reconhecimento da cincia e da tecnologia como fundamentais na economia das sociedades levou sua admisso no ensino com a criao de unidades escolares autnomas em reas como a Fsica, a Qumica e a Geologia e com a profissionalizao de indivduos para ensinar estas reas. J o estudo da biologia foi introduzido mais tarde devido sua complexidade e incerteza (ROSA, 2005).

    SANTOS & GRECA (2006) lembram que preocupao com o processo ensino e aprendizagem nas Cincias Naturais, como um campo especfico de pesquisa e desenvolvimento, j completo praticamente meio sculo, se considerarmos como marco inicial a criao dos grandes projetos americanos e ingleses para a didtica da cincia na Educao Bsica. Pode-se dizer que nas primeiras dcadas desse perodo, mais especificamente nas dcadas de 60 e 70 do sculo passado, havia uma preocupao maior com a estruturao do conhecimento cientfico tal como ele se constituiu no mbito dos campos cientficos da Fsica, Qumica, Biologia e Geologia.

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    3.2 CONSIDERAES SOBRE O ENSINO DAS CINCIAS E DA BIOLOGIA

    Ao falar em assuntos de cincias e de biologia, nos dias de hoje, muitas informaes so dadas sem que o aluno consiga process-las, interpret-las ou argumentar a respeito. Os vrios conceitos abordados e a diversidade de definies levam a um certo desinteresse a respeito dos temas. Exatamente por no estar acostumado a buscar, a pensar, a interpretar questes e dar significado, o aluno aceita essas informaes sem question-las e mesmo que tais conhecimentos o beneficiem, no consegue utiliz-los. Esse comportamento traduz o modelo de ensino da escola tradicional, em que o conhecimento passado ao aluno como informao sem se preocupar se houve ou no aprendizagem (DEMO, 2002).

    Os extensos contedos encontrados nos livros didticos e a maneira como so trabalhados podem fazer o aluno perder o interesse pelos assuntos, uma vez que precisa decor-los e memoriz-los, mesmo que temporariamente, visando somente ser aprovado para a srie seguinte. Mostrar tais assuntos, possibilitando a argumentao, valorizando os conhecimentos prvios e os questionamentos, envolvendo os alunos em aes para reconstruir esses conhecimentos a partir de conceitos cientficos que possam confrontar com seus conhecimentos iniciais, induzir o aluno reflexo, interpretao prpria e autonomia (DEMO, 2002).

    Ento, todos os confrontos que possam existir passam a desafiar o conhecimento. Assim, o aluno aprende a pensar a querer buscar e a conhecer o assunto, refletindo esse conhecimento na melhoria da sua qualidade de vida, em sua interao e relao com o meio-ambiente e com os outros de forma responsvel e solidria. Para DEMO (2002), a capacidade de se confrontar com qualquer tema uma construo: Condensa-se na habilidade de sabendo reconstruir conhecimento, enfrentar qualquer desafio de conhecimento, porque sabe pensar, aprende a aprender, maneja criativamente lgica, raciocnio, argumentao, deduo e induo, teoria e prtica.

    Essa capacidade de se confrontar com qualquer tema pertinente, no dizer de DEMO (2002) [...] uma instrumentao essencial da competncia humana. Facilitar a aprendizagem, transformando os conceitos cientficos em aes que propiciem o entendimento desses conceitos, respeitando o nvel de desenvolvimento mental dos educandos, levando-os ordenao e lgica tem possibilitado a compreenso e a interveno em um mundo que evolui rapidamente (LIMA, 1984).

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    Ao se ensinar ou aprender cincias e biologia, fundamental ter em mente a vontade de ensinar e de aprender, onde a necessidade dessa aprendizagem deve ser vista pelo professor e sentida pelo aluno como algo que lhe seja til. Essa vontade torna agradvel ler, investigar, pesquisar, experimentar, discutir at se chegar a uma compreenso e a um consenso do que se est ensinando e aprendendo. Assim, ao provocar a reflexo sobre o que se est ensinando e aprendendo propicia-se a oportunidade de argumentar, discutir e questionar os diferentes pontos de vista sobre um mesmo fato ou questo.

    A vontade de aprender estimulada por aulas nas qual o aluno seja desafiado a solucionar determinados problemas que esto associados a conceitos tericos a ele apresentados, porm o professor necessita levar em conta os graus de maturao cognitiva do aluno para assim sensibiliz-lo a aprender. Entendendo, por isso o conhecimento como uma capacidade construda, ento a capacidade de aprender a construir deve contemplar a capacidade de construir estruturas mentais capazes de assimilar esses contedos de forma ordenada e lgica (LIMA, 1984).

    Porm, o que observamos na prtica escolar um ensino de cincias e de biologia distanciado do aluno, repleto de informaes que no facilitam a formao de uma rede de conhecimentos com sentido e de fcil aplicabilidade no seu cotidiano. Esse sentido ou essa sensibilizao apresenta-se a cada um de forma diferente, de acordo com o grau de desenvolvimento e de entendimento do indivduo (LIMA, 1984).

    Quando o meio escolar fornece ao aluno condies apropriadas para o permanente desenvolvimento de suas estruturas mentais relacionadas aos contedos a serem elaborados, criam-se circunstncias favorveis para situar o objeto de aprendizagem, ou o conjunto de objetos de aprendizagem, num universo de relaes que estimulam a vontade de querer aprender, buscar aprender, aprender a aprender.

    Portanto, abordar os contedos de cincias e de biologia procurando a compreenso dos processos e a reconstruo do conhecimento significativo do aluno uma forma de exercer, com competncia, o ofcio de professor educador. Os contedos de cincias e de biologia tratam, no ensino fundamental e no ensino mdio, da aprendizagem de assuntos relacionados ao ar, gua, solo, seres vivos, corpo humano, relao desses com o meio ambiente, a noes de qumica e de fsica.

    Desde a clula aos complexos sistemas corporais, hereditariedade, evoluo dos seres vivos no planeta, ecologia, como interao entre o ambiente fsico, e o ambiente vivo. Os procedimentos adotados pela escola, o currculo que ela elaborou, o professor como

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    mediador no processo da aprendizagem desses contedos, quando esto integrados, so primordiais para que os alunos realizem essas aprendizagens (PERRENOUD, 2000).

    A cada nova aprendizagem, ao dar incio abordagem de um novo contedo, o aluno precisa dar significado a esse novo conhecimento. Os conhecimentos que j possui sobre o contedo que lhe apresentado, as informaes que, de maneira direta ou indireta, esto relacionadas ou podem relacionar-se ao que conhece ou sabe sobre o novo conhecimento so maneiras de ele dar significado a essa nova aprendizagem (PERRENOUD, 2000).

    Para MIRAS (2003), Uma aprendizagem tanto mais significativa quanto mais relaes com sentido o aluno for capaz de estabelecer entre o que j conhece, seus conhecimentos prvios e o novo contedo que lhe apresentado como objeto de aprendizagem. O processo ensino-aprendizagem, ao considerar os conhecimentos prvios trazidos pelos alunos, d condies ao professor de elaborar estratgias no desenvolvimento do seu planejamento que efetivem o verdadeiro aprender. Estratgias no sentido de atrelar os objetivos de ensino aos conhecimentos iniciais do aluno e com isso, caso necessrio, refazer ou seguir adiante com os objetivos inicialmente previstos, elaborados pelo professor (MIRAS, 2003).

    Os conhecimentos prvios apresentados pelos alunos so geradores de debates e reflexes, trazendo sala de aula interaes e novas possibilidades de desenvolver os assuntos. Com isso, todos ganham: o aluno, porque ao expressar-se, edifica e aprimora seus argumentos; o professor, porque se abre um leque de oportunidades e de possibilidades para criar estratgias no planejamento voltadas para facilitar a aprendizagem, de modo que ambos caminhem em direo construo e reconstruo dos saberes.

    A conscincia da importncia de valorizar os conhecimentos prvios dos alunos, no incio e durante a exposio dos assuntos em cincias e em biologia, amplia o alcance das aes voltadas sua aprendizagem. Essa atitude de valorizar os conhecimentos prvios mostra-se mais plena de sentido quando alia ao processo de ensino o questionamento em sala de aula (MIRAS, 2003).

    3.3 A IMPORTNCIA DO ENSINO DA BIOLOGIA NO COTIDIANO

    Os problemas no processo de ensino-aprendizagem presentes em nossas escolas se devem a obstculos que permanecem escondidos no cotidiano dos professores. O processo educativo toma o rumo estabelecido pela sociedade, desenvolvendo uma educao fragmentada, elitista, que obedecendo aos caprichos do capitalismo, se reflete na sociedade e

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    na vida das pessoas. Na pedagogia da autonomia, FREIRE (1996) fala do sentido da tica necessria para o desenvolvimento da prtica educativa, tendo em vista que uma prtica formadora.

    A ideologia fatalista, imobilizante, que anima o discurso neoliberal anda solta no mundo. Com ares de ps-modernidade, insiste em convencer-nos e que nada podemos contra a realidade social que, de histrica e cultural, passa a ser ou a virar quase natural. Frases como: a realidade assim mesmo, que podemos fazer? ou o desemprego no mundo uma fatalidade do fim do sculo expressam bem o fatalismo desta ideologia e sua indiscutvel vontade imobilizadora. (FREIRE, 1996).

    importante a educao na vida das pessoas, pois quanto maior seu conhecimento maior sua capacidade de relacionar-se com o mundo. Em face de vivermos num mundo comandado pela cincia e pela tecnologia, os conhecimentos cientficos se tornam indispensveis para que essa relao acontea. Hoje o campo da biologia tem destaque entre as cincias de ponta e marca profundamente os avanos cientficos desde o sculo passado. Neste sentido, o ensino de biologia tem relevncia inconteste para a vida de todo cidado, e, as escolas tm a misso de levar esse conhecimento a todos. Assim, pesquisadores como Krasilchik entendem que o ensino de biologia tem, entre outras funes, a de contribuir para que:

    Cada indivduo seja capaz de compreender e aprofundar explicaes atualizadas de processos e de conceitos biolgicos, a importncias da cincia e da tecnologia na vida moderna, enfim o interesse pelo mundo dos seres vivos. Esses conhecimentos devem contribuir, tambm, para que o cidado seja capaz de usar o que aprendeu ao tomar decises de interesse individual e coletivo, no contexto de um quadro tico de responsabilidade e respeito que leva em conta o papel do homem na biosfera (KRASILCHIK, 2004).

    Alguns pesquisadores, atualmente, especialmente da rea da biologia, vm apresentando essa preocupao com o papel do homem na biosfera. Junto a essa preocupao, devemos estar atentos tambm para as questes de cincia e tecnologia, que conduziu criao do conceito de alfabetizao Biolgica. Os efeitos da cincia e da tecnologia esto muito presentes na vida da sociedade, apresentando tanto vantagens como problemas na sua produo e uso sendo que algumas situaes envolvem decises ticas e sociais.

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    KRASILCHIK (2004) observa que as situaes criadas sejam positivas ou negativas, esto relacionadas s vises de mundo que fundamentam os processos de descoberta e utilizao de seus resultados.

    A finalidade do ensino de biologia prevista nos currculos escolares de desenvolver a capacidade de pensar lgica e criticamente. Esse ideal dificilmente alcanado uma vez que, na prtica de sala de aula, a realidade que temos de um ensino diretivo, autoritrio, em que toda a iniciativa e oportunidade de discusso dos alunos so coibidas, ou seja, transmitem-se apenas conhecimentos. A funo social do ensino da biologia deve contribuir no cotidiano para ampliar o entendimento que o indivduo tem da sua prpria organizao biolgica, do lugar que ocupa na natureza e na sociedade, e na possibilidade de interferir na dinamicidade dos mesmos, atravs de uma ao mais coletiva, visando a melhoria da qualidade de vida (KRASILCHIK, 2004).

    A educao biolgica, e, portanto o ensino de cincias, pode contribuir para a construo do mundo que queremos, ou seja, o ato de educar implica uma viso de mundo e por conseqncia nosso modo de atuar nele, assim como de interferir no modo como as pessoas interagem e se relacionam com ele (DEMO, 2004; MORAES, 2001). Assim, a escola deve e pode ser o lugar onde, de maneira mais sistemtica e orientada, aprendamos a ler o mundo e a interagir com ele.

    Ler o mundo significa aqui poder entender e interpretar o funcionamento da natureza e as interaes dos homens com ela e dos homens entre si [...] Ela deve ser o lugar em que praticamos a Leitura do Mundo e a Interao com ele de maneira orientada, crtica e sistemtica (CANIATO, 1989).

    Conforme CANIATO (1989), o mundo tem o tamanho de nossa capacidade de entend-lo. Da a importncia do ensino da biologia no cotidiano da escola, pois deve ser trabalhado como produo de conhecimento. A qualidade do Mundo, isto , a qualidade de nossa vida sobre a Terra ser dada pelo Modo e Uso na conquista do conhecimento (CANIATO, 1989, p. 66). Nos pases em desenvolvimento, a biologia tem um papel importante a cumprir, uma vez que h tudo por fazer, desde aes educativas bsicas na sade, passando por questes ambientais, at as tecnologias de ponta vivenciadas no campo da gentica e da biotecnologia que caracterizam os dias atuais.

    Dada a relevncia da biologia para o cotidiano, essencial aos professores compreenderem o seu papel na formao das vises de mundo que fundamentaro a sociedade

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    que queremos. No ensino da biologia a abordagem do cotidiano deve ser valorizada por pesquisas e pelas propostas curriculares, evidenciando a sua importncia para a formao da cidadania dos educandos. A compreenso sobre o significado da vida cotidiana diversificada, mas atravs da abordagem do cotidiano que so gerados interao no processo educativo.

    A aula de biologia trabalhada pelos professores deve-se apresentar vida cotidiana como uma possibilidade de explicitar os conceitos biolgicos, provocando o interesse do aluno para dar visibilidade aos conceitos da biologia. No cotidiano deve proporcionar situaes que mostre o papel da cincia apresentados atravs dos costumes, dos hbitos e dos problemas scio-ambientais para solucionar os problemas. Assim, os professores mostraro como a biologia pode responder as necessidades humanas, levando para a sala de aula assuntos do cotidiano dos alunos, dando oportunidade para eles conhecerem os aspectos relacionados cincia, tecnologia e sociedade (DEMO, 2004).

    Diante o exposto, o ensino da biologia deve ser visto numa perspectiva da educao transformadora, ou seja, um caminho que leva a formao para a cidadania trabalhar com situaes pertencentes ao cotidiano, onde os professores de biologia devem buscar em alguns momentos de suas aulas, trabalharem o cotidiano apresentado com diferentes maneiras de abord-lo.

    3.3.1 A IMPORTNCIA DAS AULAS PRTICAS NO ENSINO DA BIOLOGIA

    As atividades prticas, quando vinculadas s atividades tericas em biologia, buscam e auxiliam a reconstruo de conceitos cientficos significativos para o aluno. Elas proporcionam condies para que haja o questionamento e reflexo na ao dos temas trabalhados. A prtica fortalece vrias atitudes esperadas na educao e aprendizagem como: a argumentao, a criatividade, a intuio, a abstrao, a autonomia e a competncia do aluno. Demo (2002) considera que [...] No competente o curso excessivamente terico, ou excessivamente prtico, porque formao bsica to importante quanto o exerccio prtico.

    Os conhecimentos sob forma de informaes so relacionados e alcanam significados com os experimentos. A compreenso dos processos dos vrios temas em biologia se aproxima do aluno e se confrontam com suas concepes iniciais, interagindo e possibilitando uma mudana reflexiva em tais concepes. PERRENOUD (2000) esclarece que A maior parte dos conhecimentos cientficos contraria a intuio, portanto, importante

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    que os alunos em aulas prticas se confrontem com os limites de seu prprio conhecimento e se desfaam de idias intuitivas.

    Os experimentos, realizados nas aulas, podem ajud-los a compreender os fenmenos e podem ser reproduzidos e se tornam viveis com poucos recursos, valorizando a pedagogia do ensinar e aprender. Ao incluir aes como manejar materiais especficos, desenvolver tarefas, identificar o problema, estabelecerem objetivos e hipteses, relacionar a prtica com os fundamentos tericos, no intuito de analisar os resultados e escrever concluses, oportuniza o desenvolvimento de habilidades motoras, bem como a participao, a socializao, a crtica, a argumentao, o debate, a autonomia e a abstrao do aluno.

    O professor, atento aos acontecimentos em sala de aula e ao desenrolar dos experimentos, lembrado por BACHELARD (1996) que [...] indispensvel que o professor passe continuamente da mesa de experincia para a lousa, a fim de extrair o mais depressa possvel o abstrato do concreto. O desenvolvimento de habilidades, no s motoras, mas que exijam reflexo e raciocnio e possibilitem a abstrao, a ao e a criao de argumentos so favorecidas por aulas prticas.

    As aes experimentais unem-se com as informaes tericas e propiciam a

    construo de uma rede de esquemas mentais, auxiliando de um modo lgico e ordenado compreenso dos contedos em biologia. No entanto, um trabalho experimental requer muita ateno e concentrao, pois envolve manipulao de materiais e instrumentos, conversa com os colegas, disponibilidade de equipamentos, movimentao constante, fatores que contribuem naturalmente para a disperso (DEMO, 2002).

    Por no estar habituado a um trabalho experimental, o aluno, muitas vezes, comparece, passivamente, como objeto de ensino. A iniciativa e a elaborao prpria necessitam ser estimuladas. No planejamento do professor, as aulas experimentais precisam atender reconstruo dos conceitos e oportunizar a reflexo, o questionamento e a discusso. As vises tericas a respeito de um determinado assunto so importantes, mas a informao por si s no significa conhecimento se o mesmo no se faz til.

    Essa idia justificada pela afirmao de FREIRE (1996) quando diz que A leitura verdadeira me compromete de imediato com o texto que a mim se d e a que me dou e de cuja compreenso fundamental me vou tornando tambm sujeito. Na aula prtica o aluno aprende, buscando um conhecimento alm daquele que o professor colocou em aula. Alguns professores, em seu cotidiano, trabalham com a pesquisa em sala de aula. Dessa forma, trabalhar os assuntos de biologia na inteno de contribuir e facilitar o desenvolvimento de competncias e responsabilidades nos alunos entender que pesquisar em sala de aula uma

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    maneira de os alunos aprimorarem suas competncias e o professor aprimorar tambm o seu fazer docente.

    3.3.2 METODOLOGIAS ALTERNATIVAS EM CINCIAS

    O esforo para melhorar o ensino das Cincias sempre foi maior do que o registrado nas publicaes existentes. O ensino atravs de Metodologias Alternativas mais uma ao que complementa a prtica cotidiana de professores do que um abandono de prticas anteriores. A sensibilidade necessria a essa necessidade que caracteriza essa modificao a qual demos o nome de Mudana Significativa na Prtica de Professores.

    O ato de pesquisar inerente condio humana. O homem est sempre buscando mais conhecimentos. A Cincia constitui hoje, a forma mais eficiente de gerar conhecimentos significativos para as sociedades contemporneas. Porm, a pesquisa s evolui mediante o surgimento de contradies, de conflitos, de necessidades humanas que estimulem os seus avanos para compreender os fenmenos naturais.

    Para Vale (1998), a Cincia , em suma, o conhecimento preocupado em determinar as leis gerais destes fenmenos.

    Para compreender e avaliar a dimenso da importncia da Cincia, do Conhecimento, da Educao, derivada da pesquisa e da tcnica, busca-se fundamentos nas idias do educador e pedagogo italiano MANACORDA (2007).

    Este destaca que a Cincia concentra-se no mundo capitalista (pases do 1 mundo) enquanto o restante do mundo (pases do 3 mundo) recebe o conhecimento sob a forma de produtos, o que lhe custa muito caro. O educador esclarece que as populaes do 3 mundo no participam como produtoras do conhecimento; e afirma que a Educao uma das alternativas para se criar uma sociedade que tenha em suas prprias mos a autonomia, sem se isolar da realidade planetria. Essa Educao entendida e defendida por Manacorda fundamenta-se nos princpios de liberdade, democracia e participao cultural.

    Atravs dessa Educao e, conseqentemente, da escola apoiada por professores competentes no domnio dos contedos cientficos, com viso poltica e instrumentalizados metodologicamente, essa Educao cria condies para possibilitar as transformaes sociais. essa Educao que se almeja para as escolas brasileiras a qual pode representar aspectos decisivos e fundamentais para o desenvolvimento dos indivduos e para toda a sociedade. Este formato de Educao denominado Educao Cientfica e Tecnolgica.

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    A Educao Cientfica, de acordo com Vale (1998, p.5), apresenta os seguintes objetivos:

    Ensinar Cincia e Tcnica de modo significativo e interessante a todos; colocar a prtica social como ponto de partida e de chegada da educao cientfica tomando o contexto para determinao dos contedos; criar condies para formao do esprito cientfico para alm do senso comum das pessoas; ter a capacidade de avaliar de forma crtica os conhecimentos em funo das necessidades sociais; permitir a formao de um educando questionador.

    A Educao Pblica precisa tornar-se popular e isto traduzido pela necessidade de universaliz-la e democratiz-la em seus diferentes nveis e em suas diferentes dimenses, tornando-a, de fato, acessvel s camadas populares, promovendo, pela via do conhecimento e da cidadania, as condies necessrias transformao social e emancipao humana, pretendendo-se chegar ao poltico-pedaggica. Dessa forma, Educao Pblica e popular e Educao Cientfica demonstram a importncia de se pensar uma educao escolar que realize a sntese da quantidade com a qualidade.

    O estudante fora das relaes com o mundo e a sociedade um ser alienado sem condies de reagir aos mltiplos estmulos que decorrem de um contexto cada vez mais caracterizado pela Cincia e pela Tcnica.

    A Educao e, especialmente, o trabalho docente, exige a pesquisa investigativa, j que se trabalha diretamente com o conhecimento cientfico. Na Biologia, por exemplo, o conhecimento cientfico se caracteriza por uma estrutura sistemtica, na qual predomina o nvel descritivo. Com certa freqncia, os contedos so trabalhados de forma desvinculada da realidade, dos aspectos histricos e das questes sociais. O reflexo desta prtica pedaggica, nos educandos apenas a memorizao dos contedos. Continua presente na escola o agir tradicional, tornando a vivncia de sala de aula pouco produtiva. Os educandos fazem o papel de ouvintes, comprovando a no ocorrncia de um aprendizado interativo.

    Neste contexto, e de acordo com as necessidades e exigncias da prtica docente, dependendo das condies da escola e do interesse de seus alunos, o professor selecionar a modalidade didtica mais adequada para aquela situao/contedo.

    Entende-se que o processo ensino-aprendizagem dinmico e coletivo, exigindo por isso, parcerias entre professor/aluno e aluno/aluno. Para estabelecer estas relaes dialgicas, o professor poder optar por vrias modalidades didticas que permitem esse tipo de interao.

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    Algumas modalidades didticas que so utilizadas no ensino de Biologia so apresentadas a seguir:

    a) Aulas expositivas: As aulas expositivas ocorrem geralmente com funo de informar e representam

    formas econmicas e de controle da turma. Esse tipo de metodologia exige dos alunos alto nvel de concentrao durante todo o tempo das aulas. H pouca interao entre professor/aluno.

    Os professores no estabelecem relaes causais. Apresentam fatos sem justific-los e sem explicar como se chegou a eles, o que afasta ainda mais a modalidade didtica do objetivo de ensinar a pensar lgica e criticamente. Centralizar a aula num problema uma das formas de intensificar a participao intelectual dos alunos, que acompanham as alternativas de soluo propostas pelo expositor (KRASILCHIK, 2005, p. 80).

    Contudo, possvel que uma aula expositiva seja informativa e divertida se o professor for competente para isto.

    b) Discusses: As discusses representam um avano na construo de um dilogo em sala de aula.

    O professor tem condies de conduzir discusses que oportunizem aos educandos a participao intelectualmente das atividades de investigao. Quando os conceitos so apresentados por meio de uma discusso, tornam-se mais agradveis e interessantes, pois, desafiam a imaginao dos estudantes.

    H possibilidades de utilizao de discusses de diversas maneiras, tais como discusses estruturadas e seminrios. Vrios livros didticos apresentam orientaes e sugestes para o professor, caso ele no se sinta seguro para iniciar uma discusso. Em todos os casos o professor precisa estar atento para no interferir de forma negativa, isto , fazer intervenes atrapalhando a exposio das idias dos estudantes.

    Para Torres e Irala (2007), estas modalidades tm o potencial de promover uma aprendizagem mais ativa por meio do estmulo ao pensamento crtico; ao desenvolvimento de capacidades de interao, negociao de informaes e resoluo de problemas e ao desenvolvimento da capacidade de auto-regulao do processo de ensino-aprendizagem.

    Essas formas de ensinar e aprender tornam os alunos mais responsveis por sua aprendizagem, levando-os a assimilar conceitos e construir conhecimentos de uma maneira

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    mais autnoma. Nota-se que essas modalidades trazem intrinsecamente concepes sobre o que o ensino, aprendizagem e qual a natureza do conhecimento.

    c) Demonstraes: As demonstraes servem principalmente, para apresentar turma, por exemplo,

    espcimes ou fenmenos de difcil representao ou durao longa do experimento. Assim, justifica-se o uso desta modalidade didtica quando se quer economizar tempo ou no se tem material suficiente para toda a turma. Outra justificativa a demonstrao na forma de que todos possam ver a mesma coisa ou fenmeno, ao mesmo tempo.

    Alguns aspectos devem ser observados quando o professor desejar utilizar uma demonstrao:

    1- O material em apresentao deve estar visvel para todos. 2- Para no distrair a ateno dos alunos, o material em demonstrao deve ser

    simples, limitando-se o que fica sobre a mesa o estritamente necessrio. 3- O professor deve ser claro, falar alto e entusiasticamente, mostrando o que deseja

    passo a passo, repetindo quantas vezes forem necessrias para que todos possam acompanhar o procedimento (KRASILCHIK, 2005, p. 85).

    d) Aulas prticas: As aulas prticas apresentam importncia fundamental no ensino de Biologia, pois

    permitem aos educandos o contato direto com os fenmenos, manuseio de equipamentos e observao de organismos. Com a utilizao das aulas prticas, fornecida aos educandos a possibilidade de enfrentar resultados imprevistos, oportunizando-lhes desafiar sua imaginao e raciocnio.

    A maneira de propor o problema e as orientaes fornecidas pelo professor aos seus estudantes, determinar o envolvimento destes no decorrer da aula. Existem vrias propostas de encaminhamento de aulas prticas. Geralmente, elas seguem critrios que permitem variar o grau de liberdade concedida aos estudantes, para seu desenvolvimento.

    e) Excurses: Embora muitos professores considerem de grande importncia os trabalhos de campo

    e excurses no cotidiano escolar, elas pouco acontecem. provvel que os fatores como: autorizao dos pais; cedncia de aulas de outros professores; transporte para levar os alunos; insegurana quanto ao comportamento da turma; falta de recursos financeiros e receio de que

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    ocorram eventuais acidentes, faam com que pouqussimos professores utilizem esta modalidade didtica.

    Tais problemas podem ser amenizados com uma boa organizao da excurso ou da aula a campo, pelo professor. Isso implica desde a escolha do local a ser visitado, o roteiro, os objetivos de estudo, a observao, coleta e a discusso dos dados.

    f) Projetos: Os projetos podem ser desenvolvidos individualmente ou por equipes e serem

    utilizados para resolver problemas permitindo aos estudantes o desenvolvimento de iniciativas, a capacidade de decidir, a capacidade de estabelecer um roteiro para suas tarefas e finalmente redigir um relatrio no qual constam as concluses obtidas. Esse processo implica saber formular questes, observar, investigar, localizar as fontes de informao, utilizar instrumentos e estratgias que lhe permitam elaborar as informaes coletadas.

    Assim, para Behrens e Zem (2007), os projetos so procedimentos essenciais na vida dos indivduos deste novo sculo. Para aprender a adquirir novos conhecimentos com autonomia, os estudantes precisam conviver com situaes e com condies para enfrentar problemas e questes diversas, circulando com fluncia pelas diferentes formas de investigar e de conhecer.

    O trabalho com projetos permite uma aprendizagem colaborativa, tornando a relao ensino-aprendizagem um processo dinmico, possibilitando a formao de sujeitos participativos e autnomos, criando a possibilidade de desfazer a forma de aula tradicional em que s o professor fala e apresenta os contedos e os alunos ficam restritos a escutar, copiar, memorizar e repetir os contedos (BEHRENS e ZEM, 2007).

    Assim postula-se que a metodologia de projetos pode ser uma modalidade didtica pertinente para oferecer aos estudantes aprendizagens que levem produo do conhecimento, provocando aprendizagens para a vida.

    g) Mapas conceituais: Os mapas conceituais representam uma modalidade didtica que est comeando a

    ser utilizada. A construo de um mapa conceitual estimula o aluno a refletir, a pesquisar, a selecionar, a analisar, a elaborar o conhecimento e aprender de uma maneira significativa.

    Os mapas conceituais so dinmicos, pois medida que o aluno desenvolve sua compreenso e o conhecimento sobre o assunto que est sendo trabalhado, os mapas devem

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    ser revisitados e re-trabalhados para incorporar os novos conceitos (TORRES e MARRIOTT, 2007, p.164).

    A utilizao de mapas conceituais em sala de aula atende, basicamente, os objetivos de revelar o conhecimento prvio do estudante para iniciar um novo contedo, resumir contedos e fazer anotaes, revisar e estudar determinado contedo e, serve tambm, para avaliar. Portanto, o professor precisa ser paciente na sua implementao, tanto com os

    estudantes que se acostumam a uma nova maneira de pensar e organizar seu pensamento, quanto com os demais docentes que podem no conhecer esta modalidade didtica.

    h) Mdia e ensino: O desafio para os educadores de entender a mdia como produtora de cultura.

    Assim, Sartori e Roesler (2007, p.102) entendem que, a compreenso da mdia e suas linguagens como agentes culturais que participam da aprendizagem, ainda que educandos no tenham acesso a equipamentos tecnolgicos sofisticados, alimenta processos coletivos que surgem de uma prtica pedaggica alicerada em planejamento consistente e, principalmente, na criatividade e colaborao.

    As escolas possuem tecnologias, algumas simples outras um pouco mais complexas.

    Estas ltimas permitem mudanas profundas no cotidiano escolar, no mundo fsico e no virtual. Atravs delas tudo se conecta e a escola consegue: mobilidade, flexibilidade e interoperabilidade. Neste contexto, o professor o mediador na aprendizagem, para o que precisa ter domnio terico, precisa elaborar projetos colaborativos, utilizar recursos tecnolgicos de forma crtica, ser co-criativo, participativo da gesto da mudana e considerar que a aprendizagem um processo vivo/ativo.

    Cabe salientar que uma prtica pedaggica criativa e crtica visualizam as diversas possibilidades para atingir os objetivos educacionais desejados a partir dos pressupostos pedaggicos que devero norte-la.

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    4 METODOLOGIA DA PESQUISA

    A metodologia a ser empregada no trabalho monogrfico caracteriza-se como um estudo: a) Bibliogrfico e b) Documental: atravs de Leis, doutrinas, dentre outros meios que versem sobre o assunto. A tipologia da Pesquisa ser segundo a utilizao dos resultados (pura), buscando assim ampliar o conhecimento sobre o tema para realizar nova tomada de posio. A pesquisa ser descritiva e exploratria.

    4.1 CARACTERIZAO DO AMBIENTE DE ESTUDO

    O estudo realizou-se na Escola de Ensino Fundamental Dr. Brunilo Jac no conjunto Antonio Bonfim Redeno/CE, pode constatar que a mesma possui uma rea construda de dimenses mdias, com estruturas arquitetnicas antigas, mas muito bem conservada, de aspecto limpo e ambiente agradvel.

    A entrada e sada de alunos so controladas por um porteiro, que s libera o aluno com ordem do professor ou diretor da escola. Os jovens chegam das mais diversas localidades, em transportes escolares (nibus) cedido pela Prefeitura local. As aulas iniciam s 07h00min horas e terminam s 12h00minhoras, para o turno da amanh, e s 13h00minhoras s 17h00min horas, com uma hora de intervalo para recreio, no existem aulas no perodo noturno.

    As dependncias so constitudas de 08 salas de aulas com rea de 48m2 que comportam em mdia, cerca de vinte alunos/sala e com boa visibilidade para todos. Para as atividades complementares a escola possui um laboratrio de cincias com capacidade para funcionar as prticas de Fsica, Qumica e Biologia. O laboratrio da escola apresenta: bancadas, vidraarias e reagentes prontos para serem usados pelos alunos.

    As demais infra-estruturas, tais como banheiros, cantina, ptio secretarias, direo, sala de professores e almoxarifado apresentam-se bem definidos e suficientes para atender as necessidades da escola, porm h ausncia de uma quadra, pois o esporte na vida dos jovens, proporciona a sociabilizao, o equilbrio emocional e moral, a lealdade, a sinceridade, o esprito de equipe, a busca pela superao, so todos os conceitos que devem ser incutidos nos jovens.

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    4.2 COLETA DE DADOS

    A coleta de dados na escola pesquisa foi resultado da minha sensibilidade de captar informaes e vivncia no decorrer da disciplina Prticas docentes para, posteriormente, serem inclusos na minha vida de professor. O presente trabalho se estrutura em vrias etapas e da seguinte forma, a saber:

    Num primeiro momento foi feito uma observao do ambiente, onde se relata a vivncia. No segundo momento, observa-se a prtica de outro professor.

    Todos os momentos so descritos e ilustrados (anexo). Sempre que possvel, so apresentadas sugestes para o plano de ensino e experincias prticas que podem ser utilizadas no dia-a-dia da sala de aula. O objetivo principal desse trabalho ajudar, alunos-docentes, a refletir e dar uma idia sobre os avanos na compreenso da aprendizagem e do ensino, onde no nosso dia-a-dia estamos sempre procurando estruturar formas cada vez mais eficazes de ensinar.

    No caso especfico das Cincias, e de modo especial na Biologia, este avano sempre representou uma valorizao crescente nas prticas docentes e nos modelos pedaggicos de ensino.

    No momento em que foi visto a observao do ambiente, constata-se que o mesmo possui um bom relacionado com todo o corpo docente, discente e demais funcionrios. A escola conta com 25 professores, todos graduados em licenciatura plena e especializao, responsveis pelas disciplinas de Matemtica, Portugus, Geografia, Histria, Biologia, Qumica, Filosofia, arte, Sociologia, Fsica e Educao Fsica.

    Devido escassez de profissionais na regio, a escola mantm professores responsveis por duas disciplinas. A escola conta com 902 alunos distribudos em dois turnos, manh e tarde. O ndice de evaso fica em torno de 12%, de repetncia 8% e aprovao 80%, o que podemos concluir que a escola se encontra dentro dos padres normais de ensino. A escola apresenta-se temporariamente sem Coordenadora pedaggica tem em vista a necessidade de transferncia da mesma para outro estabelecimento da regio, mas a diretoria j solicitou, junto a Secretaria de Educao do Estado, uma nova coordenadora para escola. Observando os alunos constatamos que constitudo de jovens com idade entre 15-18anos, de ambos os sexos, com relacionamento amigvel, respeito e cordialidade com diretores, professores e funcionrios administrativos.

    A entrada e sada dos alunos so controladas pela escola. Chegam a transporte escolar (nibus) cedidos pela Prefeitura Local, das zonas rurais e urbanas do municpio. A

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    escola situa-se em bairro residencial, conjunto Antonio Bonfim Redeno/CE. A comunidade Bonfim carente de sistema de gua e esgoto. A iluminao precisa ser melhorada, principalmente no perodo noturno. A escola procura envolver a comunidade nos projetos pedaggicos. E para finalizar esse primeiro momento, gostaria de concluir afirmando que o ambiente escolar muito importante no processo de ensino / aprendizagem do aluno, pois constri o conhecimento atravs da motivao, do desenvolvimento de competncias, atitudes e valores dentro de uma tica responsvel.

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    5 ANLISE E DISCUSSO DOS RESULTADOS

    A pesquisa mostra que de grande importncia para o aluno s atividades experimentais no ensino das Cincias Biolgicas, praticamente inquestionvel.

    fundamental que as atividades prticas tenham um garantido espao de reflexo, desenvolvimento e construo de idias, ao lado de conhecimentos, procedimentos e atitudes. Deve-se enriquecer o carter bsico do ensino-aprendizagem com atitudes investigativas e motivacionais para que o aluno possa desenvolver uma mentalidade crtica e reflexiva do mundo real.

    Foi vivenciado na pesquisa que h uma resistncia dos professores da escola para utilizao do laboratrio. Como j comentado a sala encontra-se equipada, mas a professora de Biologia afirmou que no possua cursos ou treinamento em prtica laboratorial, por isso no realizava experimentos no laboratrio da escola.

    Existe tambm uma sala para leitura com um acervo razovel de livros didticos e paradidticos. Alguns professores incentivam os alunos para leitura, como a professora de Portugus, que no seu planejamento de aula leva os alunos para um momento de leitura, aps uma aula expositiva de contos. Achei de fundamental importncia, a didtica utilizada pela professora de Portugus, haja vista que nas aulas de Cincias podemos fazer uso de paradidticos como leitura complementar dos temas estudos em sala de aula, ou seja, podemos fortalecer e favorecer o processo de aquisio de conhecimento.

    Alm de despertar o aluno para a leitura, amplia o conhecimento, motiva e desperta para a iniciao cientfica. A sala de informtica constituda de 21 computadores ligados a Internet, muito freqentada pelos alunos, pois as maiorias dos professores a utilizam para trabalhos de pesquisas. Sala confortvel e climatizada, com horrios previamente marcados para cada disciplina.

    Pode-se dizer que de fundamental importncia para o ensino/aprendizagem a Informtica educacional ela deve fazer parte do projeto poltico pedaggico da escola, projeto esse que define todas as pretenses da escola em sua proposta educacional. Olhando pelo lado crtico, pode observar que o uso da Internet na escola observada muito limitado, em sua maioria, apenas na pesquisa da informao. E a Internet muito mais que isso, a saber: podemos us-la como uma rede comunicao, para participar de projetos e eventos colaborativos mundiais, a participar de Listas de Discusso no qual debatemos e trocamos experincias e a us-la com ferramenta de expresso poltica e social.

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    Na parte organizacional, observamos o regimento escolar, o sistema de avaliao, promoo, recuperao, o projeto poltico pedaggico, o plano de gesto, o plano escolar e o plano de ensino, todos esses documentados, entram-se bem conservados e guardados em arquivados prprios. Foi possvel vivenciar uma reunio de plano de ensino que geralmente acontece uma vez por semana, divido por reas, onde os professores trocam conhecimentos, fazem avaliao do ensino e da aprendizagem de suas disciplinas.

    Muito importante, essas reunies de planejamento semanais, pois elas demonstram certa flexibilidade e at reorientam as estratgias pedaggicas para os objetivos definidos no plano de escolar. Foi revisto algumas atas dos principais conselhos da escola, o que pode observar que realmente os conselhos averiguam o que a escola precisa e quais os assuntos mais importantes que a escolha teve focalizar. Estive observando os processos de organizao dos histricos, dos porturios e dos arquivos. Solicitei a simulao de uma matrcula e de uma transferncia, para que eu entendesse os trmites e documentos necessrios para a efetivao do aluno na escola. Realizei entrevista com o Diretor que fez questo de me acompanhar em todos os passos do trabalho.

    A escola apresenta-se temporariamente sem Coordenadora pedaggica tem em vista a necessidade de transferncia da mesma para outro estabelecimento da regio, mas a diretoria j solicitou, junto a Secretaria de Educao do Estado, uma nova coordenadora para escola. Observando os alunos constatamos que constitudo de jovens com idade entre 15-18anos, de ambos os sexos, com relacionamento amigvel, respeito e cordialidade com diretores, professores e funcionrios administrativos.

    A iluminao precisa ser melhorada, principalmente no perodo noturno. A escola procura envolver a comunidade nos projetos pedaggicos. E para finalizar esse primeiro momento, gostaria de concluir afirmando que o ambiente escolar muito importante no processo de ensino/aprendizagem do aluno, pois constri o conhecimento atravs da motivao, do desenvolvimento de competncias, atitudes e valores dentro de uma tica responsvel.

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    6 CONSIDERAES FINAIS

    Confirma-se no estudo que o aprofundamento dos contedos, geralmente, s se torna possvel em momentos de estudos promovidos por cursos, encontros, seminrios ou grupos de estudos.

    Cabe ao professor dominar com segurana os mtodos e tcnicas auxiliares de ensino, conhecendo-os e aprendendo utiliz-los. Ao professor cabe cultivar a atitude de observao e pesquisa permanentes, para, dinmica e objetivamente, tornar o ensino mais conseqente. O que os cidados do futuro precisam saber, como lidar com desafios e como enfrentar problemas inesperados para os quais no h uma explicao preestabelecida. necessrio adquirir habilidades para participar da construo do novo ou ento nos resignamos a uma vida de dependncia. A verdadeira habilidade competitiva a habilidade de aprender. No devemos aprender a dar respostas certas ou erradas, temos de aprender a solucionar problemas.

    A funo do professor , sem dvida, desenvolver ao mximo, competncias e habilidades no seu aluno, de forma interdisciplinar e transdisciplinar, porm, contextualizando e enfocando sua disciplina.

    Repensar as tcnicas didticas exige uma competncia e um mecanismo de mudana da realidade que apenas a prxis pode oferecer. E seu produto e sempre ser extremamente necessrio para a mudana da realidade, que nesse caso o aperfeioamento das competncias e habilidades dos alunos.

    O ensino de Cincias e de Biologia imprescindvel para a formao cidad, sua atual importncia extrema, e tende a crescer ainda mais com o passar do tempo e com a evoluo da cincia e da sociedade. De acordo com os estudos, podemos dizer que as cincias podem ajudar as crianas a pensar de maneira lgica sobre os fatos do cotidiano e a resolver problemas prticos; tais habilidades intelectuais sero valiosas para qualquer tipo de atividade que venham a desenvolver em qualquer lugar que viva.

    A funo do professor , sem dvida, desenvolver ao mximo, competncias e habilidades no seu aluno, de forma interdisciplinar e transdisciplinar, porm, contextualizando e enfocando sua disciplina.

    Dentre os quais podemos citar como importante metodologia de comparao do contedo ministrado em sala de aula com o dia-a-dia do aluno, ou seja, antes de comearmos uma aula expositiva, sempre devemos procurar fazer uma ligao do assunto com uma notcia ou a informao que est na mdia e/ou no cotidiano do aluno e com isso trazer sua ateno,

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    seu interesse e despertar sua curiosidade para o assunto em referncia. No processo avaliatrio da prtica docente, devemos ter aquele olhar autocrtico sobre aquilo que estamos ministrando e acompanhar os rendimentos escolares dos alunos.

    Podemos concluir que o ensino de Cincia Biolgica tem um papel fundamental na formao do indivduo crtico. Pois transmite a este informao que o qualifica a participar dos debates atuais, como tambm, o prepara, ao ponto que ele possa relacionar os contedos apreendidos com seu cotidiano, infelizmente a escola pesquisada no obtm professores preparados para enfrentar a prtica, como o caso da professora onde relata que a escola est adequada mas a professora no est preparada, isso acaba atrapalhando o aprendizado do educando.

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    7 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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    8 ANEXOS

    Fig. 1 Momento da minha prtica

    Fig., 2 Temas transversos Momento da construo do Mural

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    Fig. 3 - A frente da Escola

    Fig. 4 A sala de leitura

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    Fig. 5 O laboratrio