a importÂncia da reaÇÃo de saponificaÇÃo no cotidiano e seus impactos ambientais

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CARLOS HENRIQUE DA SILVA A IMPORTÂNCIA DA REAÇÃO DE SAPONIFICAÇÃO NO COTIDIANO E SEUS IMPACTOS AMBIENTAIS (SABÕES E DETERGENTES). PESQUISA EM QUÍMICA

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Sabões e detergentes. Artigo que mostra como é o processo de saponificação, voltado para os ingredientes de composição e algumas reações.

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Page 1: A IMPORTÂNCIA DA REAÇÃO DE SAPONIFICAÇÃO NO COTIDIANO E SEUS IMPACTOS AMBIENTAIS

CARLOS HENRIQUE DA SILVA

A IMPORTÂNCIA DA REAÇÃO DE SAPONIFICAÇÃO NO COTIDIANO E SEUS IMPACTOS AMBIENTAIS (SABÕES E DETERGENTES).

PESQUISA EM QUÍMICA

RIO CLARO

2014

Page 2: A IMPORTÂNCIA DA REAÇÃO DE SAPONIFICAÇÃO NO COTIDIANO E SEUS IMPACTOS AMBIENTAIS

Resumo

O processo de saponificação é muito utilizado tanto para aplicação industrial como doméstica. Conhecido pela sua solubilização, este sal é resultante da hidrose alcalina de ésteres obtidos a partir de ácidos graxos. O resultado pode vir a ser sabão duro ou sabão mole dependendo do composto que é formado.

Este processo data de antes do nascimento de Cristo e está presente no dia a dia de milhares de pessoas. O sabão é empregado para a limpeza e a higienização do corpo humano e de utensílios que precisam de uma remoção dos resíduos resultantes de outras reações. Seu principio básico é o material graxo (sebo, por exemplo) e um material alcalino (soda cáustica, por exemplo).

Atualmente sua produção se dá em grande maioria industrializada, observando a grande quantidade de produtos em mercados e supermercados com facilidade de aquisição. Há poucos séculos atrás se tornou industrializado o processo de saponificação.

Palavras-chave: Saponificação, industrialização, reação e impactos.

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Sumário

Introdução.....................................................................................................................4

Desenvolvimento..........................................................................................................5

História do sabão e do detergente...............................................................................5

Matérias Primas...........................................................................................................5

Óleos / Azeites..................................................................................................5

Gorduras animais..............................................................................................7

Outras matérias.................................................................................................8

Reação de saponificação...........................................................................................10

Fabricação de Sabão.......................................................................................12

Produção de sabões fervidos..........................................................................14

Impactos Ambientais..................................................................................................17

Considerações Finais.................................................................................................20

Referências................................................................................................................21

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Introdução

A saponificação é muito conhecida pelo seu produto final, o sabão e /ou

detergente. Este tem utilização diária em inúmeros procedimentos como higiene

humana e animal, limpeza de utensílios e limpeza doméstica, limpeza de peças e de

sistemas industriais como tubulações e reatores.

Devido a grande utilização doméstica do sabão há uma grande quantidade

descartada após o seu uso no meio ambiente sendo importante viabilizar ou produzir

meios para que o meio ambiente possa absorver de forma mais amistosa com

redução da degradação dos recursos naturais.

Para conhecermos melhor a saponificação trataremos sua história e sua

repercussão onde foi ao longo do tempo mudado para atender as mais diversas

necessidades humanas. Veremos a sua importância tanto doméstica quanto

industrial, como ele é utilizado, suas matérias primas, como se dá a reação química

na obtenção do sabão e seus impactos ambientais.

Dentre os produtos obtidos pela saponificação estão os detergentes e os

sabões e cada um deles implica diferentemente no meio ambiente após a sua

utilização, o que dá base à justificativa deste artigo. Os objetivos deste são conhecer

mais profundamente como se dá a saponificação, os seus vários produtos e como o

ambiente recebe estes produtos.

Trata-se de um mercado que movimenta bilhões de dólares por ano e

algumas empresas geram uma receita de 600 milhões anuais somente no Brasil. De

1994 a 1998 o consumo no Brasil passou de 265 mil toneladas para 432 no mercado

de sabões em pó.

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Desenvolvimento

História do Sabão e do Detergente

Os primeiros materiais que se têm evidência com características parecidas

com a do sabão datam de 2800 a.C, que foram encontrados na Babilônia, um

material formado da fervura de gordura com cinzas. Já em 1500 a.C. os egípicios

um material parecido com fins medicinais, trata-se de óleo animal/vegetal e sais

alcalinos.

A fabricação do sabão em escalas maiores datou da Idade Média, o processo

industrial desenvolvido pelo químico francês Nicolas Leblanc (com patente em 1791)

utilizava carbonato de sódio, mais cinzas adicionados à gordura. No séc. XIII a

indústria deste tipo chegou à Alemanha, França e Itália e no Brasil isto se deu no

séc. XIX na segunda metade.

Matérias Primas

Os materiais graxos utilizados na fabricação dos sabões são: óleos ou

azeites, gordura animal e ácido oleico.

Óleos / Azeites

Óleo de linhaça: obtenção através de processo a frio, de cor amarelo escuro

ou verde pálida e quando obtido por processo a quente tem cor amarelo escura.

Utilizados para sabões de pouca resistência. Em sua saponificação adiciona-se

lixívias a 12-15°C.

Óleo de nozes: obtenção da semente da nós com a prensagem a frio, para

sabões de pouca consistência ou brandos.

Óleo de dormideiras: extraído das sementes desta planta pressionando-as, de

cor clara, quase não possui odor, sabor agradável e bem secante. Para produzir

sabões brandos.

Óleo de rícino (mamona): contém até 90% de azeite, muito viscoso e tem

peso elevado, não pode ser solvido através do éter de petróleo e azeites minerais a

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frio, porém solúvel em álcool absoluto ou em ácido acético glacial sendo este em

qualquer proporção. De cor ligeiramente amarela ou quase incolor. Saponificado em

processo a frio com facilidade, para sabões duros e transparentes, não espumam

tanto e por isso emprega-se com outras matérias-primas como breu e óleo de coco.

Óleo de amendoim: extraído da semente de amêndoas com aproveitamento

de 42 a 51% do óleo extraído. Incolor e de ótimo paladar, mas para a saponificação

é aproveitado os de segunda e terceira prensagem com lixívias.

Óleo de soja: aproveita-se de 17 a 22% do óleo que é triturado ou prensado,

de cor amarelo clara, com cheiro e gosto agradáveis. É uma ótima matéria prima e

na saponificação usa-se lixívias fracas de 10-12°.

Óleo de milho: extraído da semente por meio de pressão, gorduroso e de cor

amarelo clara ou amarelo dourado de cheiro e gosto agradáveis.

Óleo de girassol: obtém-se através da semente, inodoro, agradável no sabor,

cor amarelo pálida, transparente e bastante secante. De difícil saponificação,

utilizado para sabões de pouco consistência.

Óleo de colza: obtido pelas semente de planta crucífera, de sabor

desagradável, cheiro picante e cor amarela. Na indústrias de sabões é usado com

pequenas quantidades de ácidos graxos mais consistentes para os sabões duros.

Óleo de sementes de tomate: da semente de tomate comum após secar e

processado pelo processo de prensagem, de cor amarelada é bastante secante.

Quando adicionado quinta parte de sebo ou ácido graxo de origem animal se tem

um sabão muito aceitável.

Óleo de algodão: da semente do algodoeiro por trituração e prensagem,

saponifica-se com facilidade, porém o sabão é pouco consistente ou brando.

Óleo de palma: extraído de plantas, geralmente do Dendê. De cor alaranjado

escura ou roxo escuro. Da polpa pode-se extrair tanto o óleo de palma quanto o de

noz de palma (de características distintas), é processado através da trituração e

prensagem. De cheiro agradável que lembra o de violetas, usado para sabões

duros.

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Óleo de noz de palma: através da prensagem e trituração dos frutos. Branco

ou levemente amarelo de consistência manteigosa. Têm característica de grande

ligação com a água.

Óleo de oliva: extraído das azeitonas maduras de cor azul-escura por meio de

leve pressão. A colheita das azeitonas é preferível que se faça a mão para que o

óleo fique mais puro e com sabor mais agradável. Sua conservação é feita em local

fresco para impedir a fermentação. Na primeira prensagem obtem-se a papa, onde

teremos o óleo virgem, com os resíduos desta realiza-se a segunda prensagem com

água quente para facilitar o trabalho. De cor amarelo clara à verde, com sabor doce,

delicado, levemente perfumado assim como o fruto. Os óleos de qualidade inferior

são muito utilizados para a fabricação de sabões duros.

Óleo de coco: frutos do coqueiro e palmeiras tropicais que são cozidos com

água quente e trituração. A polpa é comestível e nutritiva, aroma agradável e sabor

delicado. Para a fabricação de sabões duros, líquidos e na preparação de sabão a

frio. Os sabões originados deste podem reter grande quantidade de água mesmo

conservando seu aspecto inicial e formam bastante espuma. Para fabricação deste

tipo usam-se lixívias cáusticas muito concentradas.

Sebo vegetal: obtêm-se de planta originária da china onde é misturado ao

sebo animal.

Sebo de brindônia: planta abundante na América e na Índia, de cor branca e

com consistência parecida com o sebo de animal. Para sabão duro, branco e de

qualidade.

Gorduras animais

Sebo animal: gordura de carneiro, cabra, ovelha, boi, touro, vaca e bezerro. A

maior parte emprega-se para sabões, velas de cera, margarina (em pequena

proporção).

Gordura de ossos: ossos triturados com água, onde boia o ácido graxo. Pode

ser extratido também com dissolventes como o sulfureto de carbono.

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Gordura de cavalo: de cor amarela com consistência proporcional a

quantidade glicerídeos. Quando fundida a gordura pode ser considerada óleo animal

líquido. De fácil saponificação com adição de lixívias fracas de 12-18º.

Banha de porco: extraída da gordura que fica sob a pele do porco (toucinho).

De sabor agradável e de valor alimentício. Para sabões de pouca consistência, e

também é misturado ao óleo de palma ou de coco.

Gordura de lã: extraída de lã de ovelha, através da aplicação de sulfureto de

carbono ou de benzina, que facilita a lavagem posterior. Depois da evaporação do

solvente fica somente a parte graxa bruta com pouca água, pouca cor e pronta para

a utilização.

Outras gorduras de animais: óleo de fígado de bacalhau, óleo ou sebo de

baleia, óleo de pé de cavalo, óleo de pé de boi, óleo de pé de carneiro e entre

outros.

Ácido oleico: trata-se do resíduo da fabricação de velas de cera, pode se

utilizado com óleo de palma ou sebo, quando adicionado soda é utilizado para os

sabões.

Borra de óleo de coco, algodão: resíduos da fabricação destes óleos são

misturados com outras gorduras com algumas variações em sua fabricação.

Outras matérias

Resina, colofônia ou breu: oriundos da destilação da terebintina de cor

amarelada, para a fabricação de sabões e alguns detergentes que formam bastante

espuma. A resina misturada ao álcool resulta em um produto pouco consistente.

Potassa e soda: Possuem papel importante e são muito usadas para a

fabricação de sabões. A soda pode ser sintética e obtida com sal marinho

transformado – cloreto de sódio em sulfato de soda através do ácido sulfúrico e o

sulfato de carbono através do carbonato de sódio e também com sal marinho tratado

com carbonado de amoníaco para a obtenção do bicarbonato de soda, que

adicionado ao cálcio se transforma em bicarbonato de sódio. A natural é proveniente

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de restos de vegetais marinhos que ficam na praia, este passam pela secagem e

posteriormente queimadas (chamada de soda bruta). A potassa comercial conhecida

é o carbonato de potassa sendo natural e artificial, a primeira é através da

calcificação de alguns vegetais onde os resíduos são tratados com água para

produzir lixívia e depois de evaporar a água resta-se a potassa bruta. Na artificial, o

processo é semelhante à soda artificial, na lavagem da lã de carneiro e /ou lavagem

dos resíduos de beterraba.

Glicerina: álcool que misturado a ácidos graxos resulta em éteres graxos ou

glicerídeos, é um álcool muito forte que quando puro é líquido incolor azeitoso,

inodoro e de sabor açucarado, absorve a umidade e tem sua dissolução com vários

materiais entre eles o cal.

Água: nem toda água é própria para fabricar sabão, uma água que tenha

elementos indesejados pode aumentar muito o custo de fabricação. Geralmente se

utiliza a água potável que é a mais aconselhada. Nos sabões puros e brancos se

evita águas que contenham ferrugem, pois podem modificar a cor do sabão. Na

produção a água é usada para esquentar as serpentinas de tachos e dos reatores,

preparar soluções que contenham álcool e cloreto de sódio para as lavagens e

durante a emprastagem emulsifica o ácido graxo para que estes se misturam melhor

com o álcool.

Cal: para a calcificação da lixívia com pureza de 90 a 100%, para os sabões é

a apagada ou hidratada, possibilita maior leveza e não efervesce.

Sal: cloreto de sódio (sal de cozinha) separa o sabão da lixívia depois do

empraste o que resulta em água, água lixivial e glicerina.

Alcoóis: combinados aos ácidos graxos resultam em sabão, antigamente

extraídos das cinzas de vegetais.

Lixívias com soda cáustica em pedra: é a soda cáustica com água fria sempre

adicionada com agitação, na reação há o aquecimento e a dissolução é

relativamente rápida.

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Reação de Saponificação

È uma reação que envolve ésteres (compostos orgânicos derivados de

ácidos) produzido a partir da mistura entre um ácido carboxílico e um álcool,

resultando também em água, já que há a saída de H do álcool e de OH do ácido.

Então temos:

Os ésteres são compostos de óleos e gorduras (que estão muito presentes no

dia a dia). O álcool utilizado nos sabões e detergente é o glicerol (ou glicerina), este

possui três grupos de OH que pode formar um triéster, tendo três grupos funcionais.

Quando reagimos os ácidos ao glicerol formam-se gorduras e os óleos qus

são chamados de ácidos graxos. Ácidos graxos é um carboxílico de cadeia

carbônica longa, com 12 ou mais átomos de carbono. As gorduras podem ser

sólidas ou líquidas mesmo em condição ambiente mesmo tendo a mesma fórmula

de composição, o que irá diferir um óleo de uma gordura são R1, R2 e R3

insaturados para o óleo e R1, R2 e R3 saturados para a gordura.

A saponificação (que é a reação que produz sabões e detergentes), são óleos

e gorduras que sofreram reação através da hidrólise ácida ou básica; produzindo

glicerol e ácidos graxos (na hidrólise ácida) e produzindo glicerol e sais de ácidos

graxos (na hidrólise básica).

Quando fervemos a gordura com base obtemos o sabão, ou seja, a hidrólise

básica de um triéster de ácidos graxos e glicerol, a saponificação.

A seguir alguns exemplos de ácidos graxos:

Ácido carboxílico + álcool éster + água

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Nome Comum Fórmula Onde pode ser encontrado

Saturados

Mirístico (14C) H3C(CH2)12COOH Gordura de coco

Palmítico (16) H3C(CH2)14COOH Manteiga

Esteárico (18) H3C(CH2)16COOH Gordura de carneiro

Insaturados

Palmitoléico (16) H3C(CH2)7CH = CH(CH2)5COOH Óleo de algodão

Oléico (18C) H3C(CH2)7CH = CH(CH2)7COOH Óleo de oliva

Linoléico (18C) H3C(CH2)4CH = CHCH2CH = CH(CH2)7COOH Óleo de soja

Tabela sem título (modificada): Perozzo e Canto.

Os ácidos graxos podem ser obtidos de várias formas como mostrou a tabela

anterior, e para que se produza o sabão temos a seguinte mistura (simplificação):

Os sabões e detergentes são utilizados para a remoção de certos tipo de

sujeira, já que a água não consegue fazer isso por si só em algumas ocasiões. Isto

acontece devido à polaridade da água e da apolaridade do óleo, onde começa a

atuação do sabão que consegue ligar-se aos dois. O sabão possui cadeia apolar

(ligando-se a gordura) e extremidade apolar (ligando-se a água).

Ao lavarmos algo que está engordurado (lavagem com água), formam-se as

miscelas (gotículas de gordura) e quando se aplica o sabão ou detergente as

micelas se ligam mais facilmente a água devido à água e a miscela serem polares.

A atuação dos detergentes é da mesma forma, o que muda é que os sabões

são sais de ácido carboxílico de cadeia longa e os detergentes sintéticos são Sais e

ácidos sulfônicos de cadeia longa.

Óleo ou gordura + base glicerina + sabão

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Fabricação de Sabão

Sabão Comum

A proporção de ácido graxo é de 7 para 1 de soda cáustica, porém aconselha-

se a acompanhar o índice de proporção para cada material, ou seja o índice de

saponificação:

1 kg de gordura ou óleo Gramas de soda cáustica

Sebo

Gordura de lã

Banha de porco

Gordura de ossos

Gordura de pé de gado (mocotó)

Óleo de baleia

Óleo de coco

Óleo de noz de palma

Óleo de palma

Óleo de oliva

Óleo de sésamo

Óleo de amendoim

Óleo de linhaça

Óleo de girassol

Óleo de algodão

Óleo de rícino (mamona)

Óleo de nozes

138 – 143

142,5

139,5

136,4 – 139,2

136,4 - 142,2

133,9 – 138,8

181,4 – 188,21

175,7 – 178,5

140 – 146,8

135 – 140

133,21 – 137,86

132,5 – 140,71

133,57 – 139,28

137,86

136,4 – 140,35

125,78 – 130,71

135,75 – 136,8

Page 13: A IMPORTÂNCIA DA REAÇÃO DE SAPONIFICAÇÃO NO COTIDIANO E SEUS IMPACTOS AMBIENTAIS

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Óleo de milho

Óleo de soja

135,75 – 137

136,14 – 137,78

Tabela 2: Tabela do índice de Saponificação (Melo, 1956).

Os óleos ficam por cima da lixívia no reator, realiza-se o aquecimento até que

comece a ferver moderadamente e a mistura acontece por agitação, o resultado é

uma emulsificação que antecede a saponificação.

O processo que melhor dá resultado é a adição fracionada (pouco a pouco)

da lixívia para que o acesso não prejudique a produção, não se mistura facilmente

ao ácido graxo e por isso o cuidado para que ela não fique sobrenadante e não

feche hermeticamente as partes ainda não saponificadas. Quando este ultimo

acontece adiciona-se resíduos de pedaços de sabão de outros lotes para que seja

aquecido juntos.

Depois de coletar uma amostra observa-se se haverá a formação de uma

borda gordurosa que quando na superfície indica falta de ácido graxo e se na parte

inferior formar esta borda indica que o material ainda não está totalmente

saponificado. Com os dedos também é possível perceber de a massa está pronta,

ao esmagá-la (a massa) e esta ficar como um pó é por que a reação está terminada.

Durante a reação acontece o aumento da massa e a formação de espuma, se

está próximo do término do processo a espuma vai reduzindo e sobra somente uma

grande massa fervida de boa liga. Então para-se o aquecimento.

O tempo de reação para a completa saponificação é de 3 a 6 horas, tanto no

fogo quanto no vapor. Após há a adição de silicato ou talco nos moldes para a

descarga do reator.

Podemos fazer o sabão de três formas: Fervidos (com aquecimento direto e a

adição dos componentes), semifervidos (inicia-se com vapor indireto e termina com

vapor direto) e a frio (alguns componentes são misturados antes de entrarem para a

reação final).

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Produção de sabões fervidos

Sabão para todos os tipos de lavagem:

Ácido esteárico: 1/18 do peso total;

Óleo de coco: ½ do peso total;

Soda cáustica: 1/3 do peso total;

Água: quanto for necessário.

A soda é dissolvida na água para que se obtenha a lixívia a 30. O resultado é

o sabão de coco.

Sabões silicatados: que contém uma grande quantidade de silicato de sódio:

Sebo: 1/523 do peso total;

Óleo de coco: 1/174 do peso total;

Soda cáustica: 1/237 do peso total;

Silicato de sódio 1/420 do peso total;

Água: 1/100 do peso total.

Sabão fervido que resulta em um sabão branco.

Sabão duro:

Gordura de coco: 1/5 do peso total;

Lixívia de soda: 1/3 do peso total.

Adiciona-se um 1kg de água para cada 2 de gordura com adição fracionada a

lixívia, fácil de dissolver e de boa qualidade.

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Sabão duro (2):

Gordura de coco: ½ do peso total;

Lixívia de soda cáustica: 1/1 parte do peso total.

Fusão da gordura primeiramente em temperatura moderada, com adição lenta

da lixívia, mexendo e adiciona-se a água quente.

Sabão de coco e sebo:

Lixívia de soda cáustica – 1/3,5 do peso total;

Gordura de coco: 1/2,5 do peso total;

Óleo de mamona: 1/0,25 do peso total;

Salmoura: 1/2,75 do peso total;

Silicato de sódio: 1/1 do peso total;

Ferve-se a solução de soda cáustica, adiciona os ácidos graxos que são

aquecidos antes de entrar na reação, agita-se e ferve por 20 minutos. Adiciona-se a

salmoura em quatro partes, esfria um pouco para a adição do silicato de soda,

aquece novamente para descarga nos moldes.

Sabão de sebo:

Sebo purificado: 1/15 por peso;

Lixívia de soda cáustica: 1/7 por peso.

Esquentar o sebo com lixívia para que o sebo mude de estado. A lixívia não

deve conter sal, pois dificulta a saponificação, adiciona a quarta parte do sebo na

mistura que formará um líquido leitoso. A espuma formada durante o processo some

aos pouco até o término deste. Quando são impuros o sebo, o ácido graxo ou as

lixívias obtém-se um sabão escuro. O sabão de sebo pode ser dessalgado ou

misturado com óleo de coco.

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Sabão em pó (escamas):

Tem leve reação alcalina, sendo solúveis em água e álcool fervente. É o

sabão reduzido a pó através da peneira bem fina. Utiliza-se sabão branco em

pedaços e antes de serem reduzidos a pó são secados e aromatizados e coloridos.

Escamas (1):

Sebo: 1/50 do peso total;

Óleo de algodão: 1/5 do peso total;

Óleo de coco: 1/5 do peso total;

Solução de soda cáustica: 1/35 do peso total;

Solução de potassa cáustica: ¼ do peso total;

Silicato de sódio: 1/7 do peso total.

Escamas (2):

Sebo: 1/62 do peso total;

Óleo de algodão: ¼ do peso total;

Solução de soda cáustica: 1/70 do peso total;

Silicato de sódio: 1/7 partes do peso total.

Primeiro há a fusão da parte graxa com agitação, adiciona-se a lixívia de soda

cáustica e o silicato de sódio até que a superfície fique lisa, depois deve ser retirado

com uma espátula. Depois de secar, corta em barras e reduz a pó.

Sabão líquido

Óleo de coco (neutro): 1/126 do peso total;

Solução de potassa cáustica: 1/90 do peso total;

Glicerina: 1/ 17 do peso total;

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Água 1/560 do peso total.

Usa-se o vapor indiretamente, com ou sem agitação, carrega-se o óleo e

aquece até 80°C, adiciona-se solução de hidróxido de potássio (potassa) e agita até

a completa reação (cerca de 30 minutos). Aquecer separadamente a água a 80°C,

adicionar esta na operação anterior com agitação para homogeneizar a mistura.

Acrescenta a glicerina e depois transfere para um tanque para sedimentar as

impurezas e depois de separado, pode ser envazado.

Detergente

Óleo de coco: 1/220 do peso total;

Solução de potassa cáustica: 1/157 do peso total;

Glicerina: 1/26 do peso total;

Água: 1/418 do peso total.

O método para a produção deste produto é o mesmo que o anterior.

Impactos ambientais

Após seu uso os sabões e detergentes utilizados para fins domésticos vão

através do sistema de esgoto parar nos rios e lagos. O que acontece depois é

explicado por Peruzzo e Canto (1993, p. 203) que “com o movimento das águas,

formam uma camada de espuma na superfície, que impede a entrada de gás

oxigênio, essencial para a vida dos peixes”.

Page 18: A IMPORTÂNCIA DA REAÇÃO DE SAPONIFICAÇÃO NO COTIDIANO E SEUS IMPACTOS AMBIENTAIS

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Figura 1: Formação de espuma no rio. (Movimento Cyan, 2010).

Além de prejudicar a vida aquática também as aves que vivem no rios e lagos

sofrem com isso, já que o sabão e /ou detergente removem a camada de óleo das

penas que ajudam a ave a boiar, e com essa remoção elas acabam afogando-se.

Quando o sabão e o detergente que são compostos por substâncias de

origem animal e vegetal eles são mais facilmente absorvidos pela natureza, a isto

damos o nome de biodegradação, sendo todo sabão biodegradável e somente

alguns dos detergentes não são, isto de dá devido a cadeia carbônica não

ramificada. Os produtos biodegradáveis são os mais recomendados, pois não geram

poluição e se decompõem sozinhos na natureza.

Quando começa a se decompor entra em contato com as colônias de micro-

organismos presentes na água, perdendo as suas propriedades químicas nocivas,

assim não prejudica a fauna e flora aquáticas. Estes micro-organismos produzem

enzimas capazes de quebrar moléculas de cadeias lineares que como as dos

detergentes biodegradáveis. Quando não são, as enzimas não reconhecem as

cadeias ramificadas e por isso continuam na natureza sem decompozição.

Os detergentes que não são biodegradáveis geralmente caem no esgoto e

posteriormente nos rios, o que causa uma poluição chamada de cisnes de

detergente (espuma esbranquiçada e densa) que impede a passagem no oxigênio

na água, afetando assim a vida do rio.

Page 19: A IMPORTÂNCIA DA REAÇÃO DE SAPONIFICAÇÃO NO COTIDIANO E SEUS IMPACTOS AMBIENTAIS

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Figura 2: Formação das cadeias de detergentes.

Algumas substâncias dificultam a degradação do detergente, são

conservantes que aumentam a sua durabilidade, por exemplo antioxidantes,

antissépticos e fungicidas.

A poluição não ocorre somente pelo despejo das substâncias puras,

shampoos, creme dental, sabão em pó, são outros produtos que podem poluir os

rios, lagos, mares e oceanos. Quando os conservantes são naturais aumenta a

capacidade de degradação.

Há algumas alternativas para a redução do despejo de sabões e detergentes

no meio ambiente, como na limpeza doméstica, ao invés de lavar a casa com

produtos químicos, realizar a varredura, utilizar aspirador de pó, produtos de limpeza

que são ecológicos de matérias primas certificadas.

Page 20: A IMPORTÂNCIA DA REAÇÃO DE SAPONIFICAÇÃO NO COTIDIANO E SEUS IMPACTOS AMBIENTAIS

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Considerações Finais

Quando falamos de higiene (pessoal, limpeza de ambiente, coisas e entre

outros) podemos também associar ao sabão. Possui propriedades que podem

remover a gordura e a sujeira através de sua polaridade e apolaridade. Sua origem

data desde a.C., e tornou-se muito conhecido desde então, com o passar do tempo

a industrialização beneficiou o aumento da produção do sabão e dos detergentes e

atualmente movimenta bilhões de dólares.

Os sabões e os detergentes são obtidos pela reação de saponificação que é

feita através de um álcool e de um ácido graxo. Diversos materiais podem ser

utilizados para a sua produção e cada um deles muda a propriedade ou a

destinação final.

Após a sua utilização doméstica os resíduos são coletados pela rede de

esgoto e levados aos rios, porém dependendo de sua composição podem prejudicar

a vida aquática e a sua volta. Muito importante economicamente e para a saúde.

Page 21: A IMPORTÂNCIA DA REAÇÃO DE SAPONIFICAÇÃO NO COTIDIANO E SEUS IMPACTOS AMBIENTAIS

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Referências

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