a importância do cimento no brasil e no mundo
DESCRIPTION
a importância do cimento no brasilTRANSCRIPT
A importância do cimento no Brasil e no Mundo. Seu processo produtivo e produtos
alternativos. Um breve compêndio de trabalhos publicados e disponibilizados na web
Introdução
“Juan das Cuevas Toraya é historiador da Indústria de materiais da Construção. Em
seu livro, ele comenta que vivemos a Era do Cimento, visto a expansão de seu uso em
grandes obras e, quem sabe, no futuro, a história descreverá esse tempo assim como
hoje se descreve a Idade da pedra, como a Idade do Cimento. O cimento é um insumo
básico da indústria de construção, utilizado em grandes quantidades na produção de
habitações, infraestrutura, estradas, pontes, saneamento e hidrelétricas (TORAYA,
1999).” (ESTUDO DE
MODELOS DE SÉRIES TEMPORAIS PARA A DEMANDA DE PRODUÇÃO DE
CIMENTO
- Nagila
Raquel Martins Gomes; Célia Mendes Carvalho Lopes - Engenharia de Produção,
Escola de Engenharia, Universidade Presbiteriana Mackenzie)
“O cimento é o segundo produto mais consumido no mundo, perdendo apenas para
a água. E no momento em que o Brasil inicia um novo ciclo de desenvolvimento, tendo
a indústria da construção como uma das principais molas propulsoras, o insumo passa
a ter uma importância ainda maior.” (Revista Grandes Construções - News Letter –
14/10/2010.)
Página 2
Um Pouco de história
O texto abaixo foi retirado na integra do documento “A História do cimento no Brasil”
produzido pelo SNIC – Sindicato Nacional da Indústria de Cimento, em comemoração
aos seus 50 anos. Ele relata a implantação e a evolução da indústria cimenteira no
Brasil, criando o vinculo com momento político e econômico vigente em cada período.
O Cimento no Brasil A palavra CIMENTO é originada do latim CAEMENTU, que na
antiga Roma designava uma espécie de pedra natural de rochedos não esquadrejada
(quebrada). O produto é o componente básico do concreto, que é hoje o segundo mat
erial mais utilizado pelo homem, ficando somente atrás do elemento água. A história
da sua evolução começa antes do século XVIII, mas se concretiza em meados de
1780, quando cientistas e pesquisadores europeus se empenharam em descobrir a
fórmula perfeita para se obter o ainda pouco desenvolvido cimento hidráulico. A
necessidade de se encontrar ligantes que pudessem servir de matéria-prima para
argamassas de revestimento externo fez com que, no período entre 1780 e 1829, o
cimento obtivesse algumas fórmulas e denominações diferentes como, “cimento
romano” e “cimento britânico”. Foi em meados de 1830 que o inglês Joseph Aspdin
patenteou o processo de fabricação de um ligante que resultava da mistura, calcinada
em proporções certas e definidas, de calcário e argila, conhecido mundialmente até
hoje. O resultado foi um pó que, por apresentar cor e características semelhantes a
uma pedra abundante na Ilha de Portland, foi denominado “cimento portland”. A partir
daí, seu uso e sua comercialização cresceram de forma gradativa em todo o mundo.
Ainda em 1855, na França, Joseph Louis Lambot apresentou inédita e oficialmente, na
Exposição Universal de Paris, o “cimento armado”. O mais curioso é que o artefato em
cimento era um barco. O “cimento armado” foi denominado assim até a década de 20,
quando passou a ser chamado de concreto armado. O desenvolvimento do Brasil no
fim do século XIX já exigia a implantação de uma indústria nacional de cimento. A
remodelação da cidade do Rio de Janeiro e, posteriormente, a Primeira Guerra
Mundial abriram um grande mercado adicional para o produto. Nesta época, o país
importava 40 mil toneladas de cimento da Europa. As tarifas de importação da época,
30%, também foram um forte estímulo para que os empreendedores brasileiros
pudessem concretizar seus sonhos de instalar esta indústria no Brasil. Em 1888, o
Eng°. Louis Felipe Alves da Nóbrega e o Comendador Antônio Prost Rodovalho
começaram os trabalhos de prospecção no Nordeste e em São Paulo,
respectivamente. O Eng°. Louis Nóbrega visou a utilização dos calcários expostos nos
arredores da capital do Estado do Paraíba. Já o Comendador Rodovalho, idealizou o
aproveitamento das reservas calcárias de grandes pedreiras situadas nas vizinhanças
de Sorocaba.
Página 3
O primeiro a produzir cimento no Brasil, portanto, foi o engenheiro Louis Nóbrega, por
um curto período de 3 meses, no ano de 1892. A Usina Rodovalho funcionou até
1904, produzindo o cimento “Santo Antonio”. Retornou à atividade em 1907, lançando
no mercado os produtos com as marcas “Lage”, “Torquês” e “Meia Lua”, tendo sido
definitivamente extinta em 1918. Uma terceira iniciativa pioneira de implantação de
fabrica de cimento no Brasil ocorreu no Espírito Santo, em 1912, através de um
fracassado programa estatal de industrialização pelo Governo do Estado. A fábrica -
Cimento Monte Líbano - , em sua fase primitiva, nunca chegou a funcionar
regularmente tendo sido paralisada em 1924, quando foi arrendada e remodelada,
operando com grandes paralisações temporárias até encerrar definitivamente suas
atividades em 1958.
O Desenvolvimento da Produção
O ano de 1926 se constituiu num verdadeiro marco para a indústria do cimento no
Brasil. Naquele momento, graças à visão empreendedora e ao pioneirismo de
empresários de diversas partes do País, o setor conseguiu enfrentar a concorrência do
produto importado e mostrar à população brasileira que fabricava produtos de
qualidade e dignos de confiança. Esta divisão histórica fica clara quando analisamos
os números da época. Até 1926, o Brasil importava de países como Estados Unidos,
Inglaterra, França, Alemanha, Dinamarca, Bélgica e Argentina cerca de 97% do
cimento que consumia. O produto chegava ao mercado brasileiro onerado por
despesas de frete, acondicionamento e direitos alfandegários. Naquela época, a
importação chegava à marca de 400 mil toneladas anuais, enquanto que a produção
local não passava de 13 mil toneladas por ano. A indústria nacional, que já existia
desde o final do século 19, encontrava grandes dificuldades para competir com o
produto importado. A primeira delas era o seu alto custo de produção. Além disso,
havia uma campanha de desmoralização do produto brasileiro, orquestrada pelos
importadores de cimento. Pouco antes de 1926, já começara a ficar claro que um país
do tamanho e da importância do Brasil não poderia continuar a depender de
importações de um produto como o cimento, principalmente se fossem consideradas
suas abundantes reservas minerais. Em conjunto com uma série de fatores
econômicos e políticos, o amadurecimento dessa idéia estimulou o ressurgimento da
indústria do cimento no Brasil, agora numa retomada definitiva e com todas as
condições de competir com o produto importado. Começava, então, uma nova era
para o setor. Um símbolo dessa fase é a inauguração, em 1926, da Companhia
Brasileira de Cimento Portland, em Perus, a 23 quilômetros da cidade de São Paulo. A
instalação da nova fábrica representou o início do processo de crescimento da
produção brasileira de cimento, que saltou imediatamente de 13.000
Página 4
toneladas em 1926 para 54.000 em 1927, 88.000 em 1928 e 96.000 em 1929. O
cimento Perus havia conquistado o mercado e superado todas as desconfianças dos
consumidores. A partir daí, a indústria brasileira do cimento iniciou um consistente
processo de consolidação e crescimento. Depois de sete anos de hegemonia da
Companhia Perus, a Companhia Nacional de Cimento Portland, subsidiária da norte
americana Lone Star, entrou no mercado cimenteiro. Adquiriu uma jazida calcária
recém descoberta em Itaboraí, no Estado do Rio de Janeiro, e em seguida inaugurou
sua fábrica no município de São Gonçalo, lançando o hoje tradicional cimento Mauá. O
resultado é que, já em 1933, a produção nacional começava a ultrapassar as
importações. Fonte: “A Indústria do Cimento no Brasil - Aspectos de seus Custos e
Desenvolvimento” CONSULTEC – 1967
O Cimento e a Industrialização do País
O advento da Segunda Guerra Mundial foi um marco para a indústria nacional de
cimento, que havia se consolidado no Brasil pouco antes do conflito. Com as naturais
dificuldades de importação, as empresas brasileiras floresceram e registraram um
acelerado ritmo de crescimento da produção. A quantidade de cimento fabricado no
Brasil passou de 697 mil toneladas em 1939 para 810 mil toneladas em 1944. Após a
guerra, devido a investimentos estrangeiros e estatais, o Brasil entrou em um
acelerado processo de desenvolvimento industrial e de sua infra-estrutura, cujos
maiores símbolos são a inauguração da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em
1946, a construção da Rodovia Presidente Dutra, em 1951, e a instalação da indústria
automobilística, em meados da década de 50. Essa etapa mudou definitivamente a
face do País, que deixou de ser uma nação eminentemente rural e agrária para ser,
também, uma sociedade urbana e industrial. Como não podia deixar de ser, a indústria
do cimento foi um dos protagonistas desse processo. Com a crescente urbanização do
País, a demanda pelo produto cresceu de forma exponencial, superando inclusive a
capacidade nacional de produção, apesar dos grandes investimentos feitos no
período. Os dados são realmente impressionantes: o consumo per capita de cimento
saltou de 12,9 kg/ano em 1935, para 22,3 kg/ano no fim da guerra e para nada menos
do que 67,7 kg/ano em 1962. Os investimentos realizados pela indústria do cimento no
período imediatamente posterior ao conflito mundial foram significativos. Entre 1945 e
1955, o setor inaugurou 16 novas fábricas, várias delas situadas fora do eixo Rio de
Janeiro-São Paulo, incluindo Estados como Mato Grosso do Sul, Paraíba,
Pernambuco, Bahia e Rio Grande do Sul. O ano de 1945, por exemplo, foi marcado
pelo início da produção do cimento “Zebu”, feito pela Companhia Paraíba de Cimento
Portland, em uma unidade instalada nos arredores de João Pessoa. No ano seguinte,
a Cimento Itaú inaugurou sua segunda fábrica, na cidade mineira de Contagem.
Página 5
Em 1947, foi a vez do Rio Grande do Sul ganhar sua primeira unidade de fabricação
de cimento, inaugurada no município de São Leopoldo pela Companhia Cimento
Brasileira. Ainda no final da década de 40, o interior do estado do Rio de Janeiro
voltou a se destacar no cenário da indústria cimenteira, com a instalação de uma
fábrica da Companhia Cimento Portland Paraíso, no município de Campos, voltada
para o abastecimento do interior fluminense, do sudoeste mineiro e da própria cidade
do Rio de Janeiro. Ainda assim, até 1955, o Brasil precisou importar quantidades
crescentes de cimento para fazer frente ao aumento da demanda interna. Entre 1945 e
1953, o volume de cimento importado cresceu de 258 para 997 mil toneladas, apesar
de a produção nacional ter atingido o patamar de 2 milhões de toneladas/ano. A partir
de 1956, no entanto, os investimentos realizados no Brasil puderam suprir a demanda
interna, com uma produção da ordem de 3,2 milhões de toneladas. Desde então, o
País se tornou auto-suficiente e a importação de cimento estrangeiro deixou de ser
relevante. (Fontes:
Indústria do Cimento no Brasil - Aspectos de seus custos e desenvolvimento” Estudo
Consultec – 1967) “A
Turbulência e Crescimento nos Anos 60
Com o atingimento da auto-suficiência no final dos anos 50, a indústria nacional de
cimento iniciou um importante movimento para proteger o seu mercado e restringir as
importações do produto. A iniciativa do setor estava plenamente de acordo com a
política econômica naquele momento, fortemente marcada pela teoria da substituição
de importações como motor para o desenvolvimento industrial dos países latino-
americanos. Ao mesmo tempo, as indústrias nacionais procuravam se tornar cada vez
mais eficientes, com foco na redução dos custos de transporte do produto, questão
resolvida, em parte, com a maior utilização de navios do Lloyd Brasileiro. O período foi
marcado ainda pelo aprofundamento do processo de interiorização da indústria, com a
inauguração de fábricas em Goiás e no Pará, levando a indústria cimenteira ao Norte
do País. Os anos 60 não foram, no entanto, um período fácil para a economia
brasileira e, conseqüentemente, para a indústria do cimento. Na primeira metade da
década, a instabilidade política, provocada pela renúncia do presidente Jânio Quadros,
pelas dificuldades do presidente João Goulart e finalmente pelo golpe militar, não
ajudou o ambiente econômico e resultou numa queda abrupta do ritmo de crescimento
e no aumento exponencial da inflação, que alcançou quase 100% ao ano em 1964.
Em 1963 e 1964, a ociosidade das empresas de cimento era de 17%. Além disso,
nenhuma nova unidade foi inaugurada entre 1963 e1966. O retorno aos investimentos
só ocorreu em 1967, com a abertura da Companhia de Cimento Portland de Sergipe,
em Aracaju.
Página 6
O cenário mudou dramaticamente a partir de 1968. Naquele ano, a economia retomou
o rumo do crescimento, marcado por um incremento do PIB da ordem de 11%. Como
conseqüência do fenômeno e da falta de investimento nos anos anteriores, a indústria
do cimento não conseguiu suprir a demanda interna, o que obrigou o País a voltar a
importar o produto. Resultado: um aumento de 368% nas importações e uma queda
de 52% nas exportações em relação aos volumes registrados em 1967. A retomada do
crescimento e o anúncio da realização de grandes obras públicas em todo o País
animaram a indústria. Somente no período 68/69, três novas fábricas foram
inauguradas: a Companhia Cearense de Cimento Portland, em Sobral; a Cimento
Santa Rita, em Cubatão, São Paulo; e a Matsulfur, em Montes Claros, Minas Gerais. O
início de grandes obras de infra-estrutura marcou o fim dos anos 60 e representou um
grande estímulo para o setor cimenteiro. Em 1969, o SNIC fechou questão com o
governo, convencendo as autoridades de que a indústria nacional teria todas as
condições de fornecer o cimento necessário para a construção da ponte Rio-Niterói,
uma obra de engenharia que até hoje, mais de 30 anos depois, orgulha o Brasil. A
década de 60 termina com uma ótima notícia: o anúncio, por parte do SNIC, de um
ambicioso plano de investimentos da ordem de US$ 550 milhões para os próximos
anos. O objetivo era elevar a capacidade da indústria cimenteira para 20 milhões de
toneladas/ano a partir de 1975.
O Cimento na Década do Milagre Brasileiro
A década de 70 foi um período de grande crescimento para a indústria do cimento.
Como conseqüência dos investimentos governamentais em obras de infra-estrutura,
característica que marcou o ciclo militar no Brasil, o setor recebeu um considerável
estímulo para aumentar sua capacidade de produção e inaugurar novas unidades em
todas as regiões do País. O ano de 1970, por exemplo, foi marcado pelo início da
construção da rodovia Transamazônica, símbolo máximo de um período em que o
País investiu fortemente em sua integração e estruturação de uma rede viária de
abrangência realmente nacional. Do lado da indústria, a resposta foi o começo da
produção no município de Cantagalo, no Rio de Janeiro, região que se transformou em
um dos maiores pólos cimenteiros do Brasil, devido ao seu calcário abundante e de
boa qualidade. Os investimentos em infra-estrutura não pararam por aí. No ano
seguinte, o governo anunciava um ambicioso plano de construção de 4 mil quilômetros
de estradas por ano, um projeto de grande importância para a indústria cimenteira. O
setor também se beneficiou diretamente da construção da Ponte Rio-Niterói: o SNIC
conseguiu que o governo abrisse concorrência entre as
Página 7
empresas nacionais para o fornecimento das 200 mil toneladas de cimento
necessárias para a obra, derrotando aqueles que defendiam a importação do produto.
As obras públicas monumentais e o forte ritmo de crescimento da economia que
chegou a um recorde de 14% em 1973, tendo alcançado o nível de dois dígitos em
vários anos daquela década, animaram a indústria a investir. Em 72, foram
inauguradas três novas fábricas: a da Itapetinga, em Mossoró, Rio Grande do Norte; a
da Gaúcho, em Pinheiro Machado, Rio Grande do Sul; e a da Tocantins, em
Sobradinho, Distrito Federal. No ano seguinte, mais seis unidades: a da Itapicuru, em
Codó, Maranhão; a da Salvador, na cidade de Salvador; a da Cauê, em Mesquita,
Minas Gerais; a da Serrana, em Jacupiranga, São Paulo; a da Itaú do Paraná, na
cidade de Rio Branco; e a da Pirineus, em Corumbá de Goiás. A redução do ritmo de
crescimento geral no período 74/75, como conseqüência da primeira crise do petróleo,
não diminuiu o entusiasmo do setor cimenteiro, que continuou a inaugurar unidades,
aumentando sua capacidade de produção. Em 1974, entrou em operação uma fábrica
da Camargo Corrêa, em Apiaí, São Paulo; no ano seguinte, foi a vez das unidades da
Ciminas, em Pedro Leopoldo, Minas Gerais, e da Votorantim, em Cantagalo. Naquele
momento, o SNIC conseguiu também uma importante vitória para a indústria, ao obter
do Conselho Interministerial de Preços (CIP) a inclusão do item “investimentos” na
fórmula de cálculo dos reajustes de preço do cimento. Vale lembrar que, naquela
época, qualquer aumento de preço precisava ser previamente aprovado pelo CIP. A
segunda metade da década foi marcada pela construção das monumentais
hidrelétricas de Itaipu e Tucuruí, indicando a continuidade de um período de
prosperidade para o setor cimenteiro. Com isso, duas novas fábricas, as da Soeicom e
da Tupi, em Minas Gerais foram inauguradas em 1976. Nos anos seguintes, mais sete
outras unidades: a da Ibacip, em Barbalha, Ceará; a da Cisafra, em Campo Formoso,
Bahia; a da Votorantim, em Volta Redonda, Rio de Janeiro; a da Itabira, em Capão
Bonito, São Paulo; a da Santa Rita, em Salto de Pirapora, São Paulo; a da Ciplan, em
Sobradinho; e a da Brennand, em São Miguel dos Campos, Alagoas. Uma nova crise
do petróleo impediu, no entanto, que a economia brasileira encerrasse a década com
chave de ouro. Como conseqüência do aumento do preço daquele produto, em
relação ao qual o Brasil era fortemente dependente de importações, o governo foi
obrigado a racionar seu consumo, ameaçando diretamente o suprimento do setor. Era
o prenúncio de uma década mais difícil para a indústria do cimento.
A Indústria do Cimento na Década Perdida
A prosperidade experimentada pelas indústrias de cimento na década de 70 deixou
saudade nos anos seguintes. As dificuldades da década de 80 foram enormes para a
economia
Página 8
brasileira e, como não poderia ser diferente, o setor cimenteiro também foi afetado. As
diversas crises enfrentadas pela economia mundial levaram o setor a registrar uma
queda brusca na demanda pelo produto. A queda na demanda foi conseqüência direta
da forte recessão da economia, da instabilidade dos mercados internacionais e da
complexa situação política do País. Durante os anos 80, o Brasil experimentou crises
nunca antes vistas. A inflação alcançou a casa dos três dígitos e não parou por aí: em
1989, ano da eleição de Fernando Collor para a Presidência da República, o IGP-DI
chegou a 1.782,90%. A recessão mundial e a conseqüente queda dos investimentos
resultou num período de pouca atividade para a construção civil. Durante a década
perdida, as empresas de cimento chegaram a operar com capacidade ociosa de 55%,
com demanda de apenas 20 milhões de toneladas/ano, quando a capacidade
instalada total era de 45 milhões de toneladas/ano. Ainda assim, a década foi marcada
pela continuidade dos investimentos do setor e pela importante consolidação de
Cantagalo, no Rio de Janeiro, como um dos grandes pólos cimenteiros do Brasil. Já
em 1981 a Cimento Mauá S.A inaugurava uma fábrica na região, com capacidade
instalada de 700 mil toneladas/ano. Em 1983, um susto para o setor: foi registrada a
maior queda no consumo de cimento da história da indústria brasileira, 18,1%. Mesmo
com este cenário negativo, pode-se destacar a inauguração da fábrica da CIMESA, do
Grupo Votorantim, em Laranjeiras, Sergipe, com capacidade para 550 mil
toneladas/ano. A indústria sofreu com mais quedas na demanda pelo produto. Em
1984 a redução no consumo foi de 7,11%, como resultado do quarto ano sucessivo de
recessão no País. A notícia no período foi a conclusão da unidade de moagem do
Grupo Paraíso no município de Serra, no Espírito Santo, projeto executado para
aproveitar a escória de alto-forno da Companhia Siderúrgica de Tubarão. No plano
político, a década de 80 ficou marcada pelo movimento das Diretas Já, e pela
inesperada morte de Tancredo Neves, primeiro Presidente civil eleito após o fim do
regime militar. Com a posse do Vice-Presidente José Sarney em 1985, a situação
parecia que iria mudar. A edição do Plano Cruzado, em 1986, trouxe uma forte
recuperação do setor da construção civil, estimulado principalmente pela utilização das
aplicações financeiras, que antes só visavam à manutenção do seu valor real e
liquidez. O aumento nas vendas de cimento foi de 22,2%, o que transformou o Brasil
no 7° maior produtor mundial. Destaque para a inauguração da primeira fábrica de
cimento do Amazonas, a segunda da região Norte. Foi a CAIMA, atual Itautinga, do
Grupo João Santos, em Manaus. No período 87/88, a produção de cimento manteve-
se estável em 25 milhões de toneladas por ano. O fim do congelamento de preços e
da euforia consumista impediu novas altas no
Página 9
consumo de cimento. No período foi registrada a abertura da Cimento Poty da Paraíba
, do Grupo Votorantim, com fábrica no município de Caaporã/PB. A década terminou
praticamente da mesma forma como começou: com um cenário pessimista e a
economia brasileira perto da bancarrota. Ficava a esperança de que o Presidente
eleito fosse capaz de segurar a crise econômica e acabar com a hiperinflação.
Anos 90 e 2000: Altos e Baixos da Economia
A década de 90 foi marcada por dois fatos importantes para a indústria cimenteira: a
liberação dos preços do produto, depois de décadas de controle governamental, e o
processo de reestruturação do setor, marcado pelo investimento multinacional. Outra
característica importante do período foram os vai-e-vens econômicos, que tiveram
forte impacto sobre o desempenho da indústria e do próprio mercado. A última década
do século XX iniciou-se com a esperança da população depositada na eleição do
primeiro presidente civil após o período da ditadura militar. Entretanto, o ano de 1990
reproduziu o fraco desempenho da década anterior: caos total no cenário econômico,
com o PIB registrando queda de 4% no período. Em março daquele ano, o
recémempossado Fernando Collor de Mello determinou o bloqueio de todos os ativos
financeiros da população, como forma de impedir o avanço da inflação. No período do
congelamento, a defasagem do preço do cimento chegou a 45%. O retrato desta
situação foi uma nova queda na produção (-0,28%). No ano seguinte, o cenário mudou
completamente. Apesar da inflação ainda elevada, o setor registrou um importante
recorde: a produção subiu 6,35%, atingindo o patamar de 27 milhões de toneladas. A
outra boa notícia de 1991 foi adecisão do governo de acabar com o controle de preços
sobre o cimento, exercido desde 1968 pelo Conselho Interministerial de Preços (CIP).
A mudança atendeu a um importante pleito do setor, que, por meio do SNIC,
conseguiu mostrar às autoridades o anacronismo daquele controle. Um dado
importante: ao contrário do que se imaginou inicialmente, com a liberação, os preços
do cimento caíram, como conseqüência do acirramento da competição entre as
empresas do setor. Destaque ainda para a inauguração da fábrica do grupo
Votorantim em Nobres, Mato Grosso. Entre 92 e 93, o conturbado cenário político com
o impeachment do presidente Collor impediu que o setor mostrasse qualquer tipo de
recuperação. O consumo caiu 12,16% em 1992, subindo apenas 3,4% em 1993. O
destaque do período foi a criação do Cementsur - Industria Del Cemento del Mercosur
- que trabalhava no desenvolvimento de atividades nas diversas áreas de interesse do
setor. Em 1993, outros fatos importantes foram a construção da fábrica da Camargo
Correa em Bodoquena, Mato Grosso do Sul, e a instalação da unidade de moagem da
Matsulfur, em Brumado, Bahia.
Página 10
Com a criação do real em 1994 pelo então ministro da Fazenda, Fernando Henrique
Cardoso, a indústria do cimento nacional começa imediatamente a sentir os efeitos da
estabilização da economia e do aumento do poder aquisitivo da população. O reflexo
foi imediato. A tranqüilidade trazida pelo Plano Real impulsionou o mercado e, em
1995, o setor ultrapassou 28 milhões de toneladas produzidas. O consumo cresceu
vertiginosamente, registrando altas consecutivas de 0,87%, 12% e 23% nos anos de
1994, 1995 e 1996. Isso se refletiu na inauguração de uma nova fábrica do grupo João
Santos, em Itaguassu, Sergipe. A estabilização da economia e o grande potencial do
mercado brasileiro provocaram um forte movimento de investimentos no setor
cimenteiro naquele período. Grupos familiares acabaram sendo adquiridos por players
de maior porte, e o País voltou a receber recursos de investidores estrangeiros. Em
1996, o grupo suíço Holcim - que já controlava a Ciminas, em Pedro Leopoldo (MG), e
a Ipanema, em São Paulo - comprou o Grupo Paraíso, com fábricas no Rio de Janeiro,
Minas Gerais e Espírito Santo. Em 1997, foi a vez do grupo português Cimpor
desembarcar no Brasil, comprando a Companhia Cimento São Francisco (Cisafra), e
as três unidades de produção de cimento da Bunge International Ltd. Ainda em 1997,
outro fato de grande importância foi a compra da Cimento Cauê pelo grupo Camargo
Correa, anexando a seu parque cimenteiro duas unidades de produção: Pedro
Leopoldo (MG) e Santana do Paraíso (MG). Posteriormente, a Cimpor adquiriu as
unidades de produção do grupo Brennand (Cesarina, em Goiás; Atol, em Alagoas; e
Cimepar, na Paraíba) e a unidade de moagem de Brumado (BA), pertencente ao
grupo Lafarge. A Lafarge também investiu bastante no Brasil na década de 90. Em
1992, o grupo, maior produtor mundial de cimento, adquiriu o controle da Ponte Alta,
de Uberaba (MG). Quatro anos depois, foi a vez da compra das fábricas da Matsulfur
(Montes Claros, em Minas Gerais, e Brumado, na Bahia) e, em 1998, da Maringá,
situada em Itapeva (SP). No período de 1996 a 1999 o consumo e a produção de
cimento subiram até alcançar o recorde histórico de 40,2 milhões de toneladas
produzidas e consumidas. Em 1997, o consumo aparente de cimento portland foi de
38,4 milhões de toneladas. E em 1998 a produção total de cimento foi de 39,9 milhões
de toneladas enquanto o consumo aparente total foi de 40,1 milhões. Nesse mesmo
período, a fábrica Ribeirão Grande passou ao controle da CP Cimento, controladora
do grupo Tupi. A partir de 1999 os resultados do setor começaram a fraquejar diante
dos percalços econômicos. As seguidas crises econômicas no mundo e o término da
paridade cambial fizeram com que o real se desvalorizasse rapidamente frente ao
dólar, atingindo em cheio o consumo. Em 1999 o consumo de cimento chegou ao
patamar recorde de 40 milhões, caindo em 2001 para 38,4 milhões para em seguida
registrar a marca de 37,9 milhões em 2002. No ano de 2003, a queda foi mais
significativa e o consumo totalizou 33,8 milhões de toneladas.
Página 11
A Indústria do Cimento e a Infraestrutura no Brasil
Material produzido pela Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado Federal,
presidido pelo Sr. José Otavio Carvalho, Vice Presidente Executivo, em parceria com o
SNIC – Sindicato Nacional da Indústria de Cimento. O mesmo foi montado em formato
de tópicos para apresentação de slides. Esta característica do texto foi mantida.
Cimento: Características do produto • • • • • • Base do concreto - o material mais
consumido no planeta depois da água; Commodity - produto homogêneo, com
variedade limitada de tipos e imprescindível, do início ao fim, em todo tipo de
construção; Perecível - requer condições especiais de estocagem, por prazo limitado,
seja nas fábricas, depósitos, na revenda ou nas obras; Logística – sensível e de fluxo
contínuo. Inclui todo o processo de produção, distribuição e consumo. Reação em
cadeia - se o consumo cresce, toda a cadeia relacionada precisa ser imediatamente
ampliada; Baixa relação preço/peso - o frete impacta significativamente o seu preço
final.
Outros insumos A produção de 1 tonelada de cimento consome, além do calcário, até
1 tonelada de outras matérias primas e insumos que necessariamente vêm de fora da
fábrica, ou seja, utilizam um meio de transporte para chegar na fábrica. • Gesso;
Escória de alto-forno; Cinzas Pozolânicas; Combustíveis; Lubrificantes; Material de
manutenção/reparo; Sacaria; etc. Calcário Qtd: 1,4 t Argila Qtd: 0,2 t Gases Areia Qtd:
0,14 t Minério de Ferro Qtd: 0,03 t
Clinquer Qtd: 1,0 t
• Cimento Comum CP I-S ⇒ 1 - 5% adições • Cimento de Alto Forno CP III-S ⇒ 35 -
70% escória • Cimento Pozolânico CP IV-S ⇒ 15 - 50% cinzas pozolânicas
• Cimento Composto CP II-E ⇒ 35 - 70% escória CP II-E ⇒ 35 - 70% escória CP II-E
⇒ 35 - 70% escória
Página 12
Cimento: Indústria Mineroquímica
Fábrica padrão – Capacidade de produção de 1 milhão de toneladas por ano •
Intensiva em: o o o Calcário: aproximadamente 1,4 milhão de toneladas por ano
Capital: custo de implantação de US$280milhões Energia elétrica: 100 GWhde energia
elétrica por ano (consumo anual de uma cidade de 200 mil habitantes) o Combustível:
65 mil toneladas equivalentes de petróleo por ano (equivalente em e. elétrica, a 10%
do consumo residencial anual de MG) o Logística: em média, o equivalente a 300
caminhões por dia (apenas para o escoamento da produção)
Logística de distribuição do cimento no Brasil
•
Raio de distribuição do produto atinge em média de 300 a 500 km nas regiões SE e S,
chegando a mais de 1.000 km no NE e N;
• • •
Modal rodoviário predominante -95% das vendas são através desse modal;
Diariamente cerca de 10.000 caminhões carregados de cimento circulam no Brasil;
Face às dimensões continentais e àestrutura de transportes do país, para se atingir
todos os mercados, 2/3 do cimento édistribuído através da cadeia de revenda;
•
Devido às deficiências, entre outras, nos modais de transportes, 73% do cimento é
comercializado através de sacos.
Quadro atual do transporte brasileiro (deficiências históricas) • • Ausência de hidrovias
(com exceção do norte); Sistema portuário ineficiente, dificultando a importação de
insumos, a exportação do produto final e a cabotagem; • • Estradas em mau estado de
conservação e até mesmo sem pavimentação; Falta de ferrovias e as existentes, são
deficientes.
Página 13
Comparação dos modais de transporte
Qtd. Transportada (1) Rodoviário 50 ton.
Força de Tração (2) 0,13 t de cimento
Economia de Combustível (3) 25 Km
Ferroviário
12.000 ton.
2,74 t de cimento
85 Km
Marítimo
50.640 ton.
2,99 t de cimento
218 Km
(1) Por unidade ou composição (2) Capacidade de transportar com 1 HP (3) Número
de km que uma tonelada pode ser levada consumindo 1 litro de combustível
Fonte: Scania, GE, Log-In, US DOT Maritime Administration
Energia elétrica: demanda/consumo
• •
Consumo atual de aproximadamente 5.000 GWh/ano pela indústria do cimento;
Projeção de crescimento na demanda de energia variando de 1.000 a 2.000 GWh/ano
nos próximos 3 anos;
• •
Dependência atual de um favorável regime de chuvas; Exigências ambientais a
retardar licenças de obras para novas hidroelétricas.
O futuro – A expansão Cenário para economia brasileira em 2010 • O desempenho da
economia no segundo semestre de 2009 deverá ser substancialmente melhor do que
no primeiro. • Lenta recuperação da indústria, retornando aos patamares anteriores à
crise até meados de 2010. • Leve crescimento do PIB, máximo de 1% em 2009, porém
com possibilidade de estagnação em relação a 2008 (viés mais pessimista). • Em
2010, cenário de crescimento de 3,2% para o PIB brasileiro, com recuperação global e
a China como propulsora do crescimento. • Perspectivas favoráveis a partir de 2011.
Página 14
Futuro: responsabilidades para a indústria do cimento
•
O Brasil tem um baixo consumo per capita (272 kg/hab/ano em 2008) em comparação
com países desenvolvidos, e muito aquém daqueles que estão passando ou passaram
recentemente por processo de desenvolvimento e construíram a sua infraestrutura
(acima de 1.000 kg/hab/ano);
•
A deficiente base de infraestrutura exige do Brasil a implementação de um importante
e inadiável programa de investimentos;
•
O País tem um elevado déficit habitacional, em torno de 6,3 milhões de domicílios, e
necessita dar continuidade e sustentabilidade aos programas habitacionais;
•
E o cimento é a base indispensável para a construção de casas, hospitais, escolas,
rodovias, ferrovias, saneamento, usinas hidroelétricas, portos, aeroportos, pontes,
barragens, etc.
Infraestrutura – O futuro Desafios para o país e para a indústria do cimento • • A
infraestrutura é meio fundamental para o crescimento do país e da indústria do
cimento; Continuidade do foco do Governo na necessidade imperiosa de
investimentos em infraestrutura, eliminando os gargalos e fomentando a demanda; • •
Prioridade aos cronogramas de implantação das novas hidroelétricas; A expansão do
consumo de cimento, aliada àperspectiva de continuidade, levou as empresas a
anunciarem, desde 2007, importantes investimentos para os próximos anos em
ampliação da capacidade produtiva o que implica em forte pressão para a expansão
da infraestrutura e garantias para viabilizar esses investimentos;
Página 15
A versatilidade do cimento brasileiro O mercado nacional dispõe de 8 opções, que
atendem com igual desempenho aos mais variados tipos de obras. O cimento Portland
comum (CP I) é referência, por suas características e propriedades, aos 11 tipos
básicos de cimento Portland disponíveis no mercado brasileiro. São eles:
1. Cimento Portland Comum (CP I) (NBR 5732) Um tipo de cimento portland sem
quaisquer adições além do gesso (utilizado como retardador da pega) é muito
adequado para o uso em construções de concreto em geral quando não há exposição
a sulfatos do solo ou de águas subterrâneas. O Cimento Portland comum é usado em
serviços de construção em geral, quando não são exigidas propriedades especiais do
cimento. Também é oferecido ao mercado o Cimento Portland Comum com Adições
CP I-S, com 5% de material pozolânico em massa, recomendado para construções em
geral, com as mesmas características. a. CP I – Cimento Portland Comum b. CP I-S –
Cimento Portland Comum com Adição
2. Cimento Portland Composto (CP II) (NBR 11578) O Cimento Portland Composto é
modificado. Gera calor numa velocidade menor do que o gerado pelo Cimento
Portland Comum. Seu uso, portanto, é mais indicado em lançamentos maciços de
concreto, onde o grande volume da concretagem e a superfície relativamente pequena
reduzem a capacidade de resfriamento da massa. Este cimento também apresenta
melhor resistência ao ataque dos sulfatos contidos no solo. Recomendado para obras
correntes de engenharia civil sob a forma de argamassa, concreto simples, armado e
protendido, elementos prémoldados e artefatos de cimento. Veja as recomendações
de cada tipo de CP II: a. CP II-E – Cimento Portland Composto com Escória (NBR
5735) Composição intermediária entre o cimento portland comum e o cimento portland
com adições (alto-forno e pozolânico). Este cimento combina com bons resultados o
baixo calor de hidratação com o aumento de resistência do Cimento Portland Comum.
Recomendado para estruturas que exijam um desprendimento de calor
moderadamente lento ou que possam ser atacadas por sulfatos.
Página 16
b. CP II-Z – Cimento Portland Composto com Pozolana Empregado em obras civis em
geral, subterrâneas, marítimas e industriais. E para produção de argamassas, concreto
simples, armado e protendido, elementos prémoldados e artefatos de cimento. O
concreto feito com este produto é mais impermeável e por isso mais durável. c. CP II-F
– Cimento Portland Composto com Fíler Para aplicações gerais. Pode ser usado no
preparo de argamassas de assentamento, revestimento, argamassa armada, concreto
simples, armado, protendido, projetado, rolado, magro, concreto-massa, elementos
pré-moldados e artefatos de concreto, pisos e pavimentos de concreto, solo-cimento,
dentre outros.
3. Cimento Portland de Alto-Forno (CP III) (NBR 5735) Apresenta maior
impermeabilidade e durabilidade, além de baixo calor de hidratação, assim como alta
resistência à expansão devido à reação álcali-agregado, além de ser resistente a
sulfatos. É um cimento que pode ter aplicação geral em argamassas de assentamento,
revestimento, argamassa armada, de concreto simples, armado, protendido, projetado,
rolado, magro e outras. Mas é particularmente vantajoso em obras de concreto-massa,
tais como barragens, peças de grandes dimensões, fundações de máquinas, pilares,
obras em ambientes agressivos, tubos e canaletas para condução de líquidos
agressivos, esgotos e efluentes industriais, concretos com agregados reativos, pilares
de pontes ou obras submersas, pavimentação de estradas e pistas de aeroportos.
4. Cimento Portland Pozolânico (CP IV) (NBR 5736) Para obras correntes, sob a forma
de argamassa, concreto simples, armado e protendido, elementos pré-moldados e
artefatos de cimento. É especialmente indicado em obras expostas à ação de água
corrente e ambientes agressivos. O concreto feito com este produto se torna mais
impermeável, mais durável, apresentando resistência mecânica à compressão
superior à do concreto feito com Cimento Portland Comum, a idades avançadas.
Apresenta características particulares que favorecem sua aplicação em casos de
grande volume de concreto devido ao baixo calor de hidratação.
Página 17
5. Cimento Portland de Alta Resistência Inicial (CP V-ARI) (NBR 5733) Com valores
aproximados de resistência à compressão de 26 MPa a 1 dia de idade e de 53 MPa
aos 28 dias, que superam em muito os valores normativos de 14 MPa, 24 MPa e 34
MPa para 1, 3 e 7 dias, respectivamente, o CP V ARI é recomendado no preparo de
concreto e argamassa para produção de artefatos de cimento em indústrias de médio
e pequeno porte, como fábricas de blocos para alvenaria, blocos para pavimentação,
tubos, lajes, meio-fio, mourões, postes, elementos arquitetônicos pré-moldados e pré-
fabricados. Pode ser utilizado no preparo de concreto e argamassa em obras desde as
pequenas construções até as edificações de maior porte, e em todas as aplicações
que necessitem de resistência inicial elevada e desforma rápida. O desenvolvimento
dessa propriedade é conseguido pela utilização de uma dosagem diferente de calcário
e argila na produção do clínquer, e pela moagem mais fina do cimento. Assim, ao
reagir com a água o CP V ARI adquire elevadas resistências, com maior velocidade.
6. Cimento Portland Resistente a Sulfatos (RS) O CP-RS oferece resistência aos
meios agressivos sulfatados, como redes de esgotos de águas servidas ou industriais,
água do mar e em alguns tipos de solos. Pode ser usado em concreto dosado em
central, concreto de alto desempenho, obras de recuperação estrutural e industriais,
concretos projetado, armado e protendido, elementos pré-moldados de concreto, pisos
industriais, pavimentos, argamassa armada, argamassas e concretos submetidos ao
ataque de meios agressivos, como estações de tratamento de água e esgotos, obras
em regiões litorâneas, subterrâneas e marítimas. De acordo com a norma NBR 5737,
cinco tipos básicos de cimento - CP I, CP II, CP III, CP IV e CP V-ARI - podem ser
resistentes aos sulfatos, desde que se enquadrem em pelo menos uma das seguintes
condições:
•
Teor de aluminato tricálcico (C3A) do clínquer e teor de adições carbonáticas de no
máximo 8% e 5% em massa, respectivamente;
•
Cimentos do tipo alto-forno que contiverem entre 60% e 70% de escória granulada de
altoforno, em massa;
•
Cimentos do tipo pozolânico que contiverem entre 25% e 40% de material pozolânico,
em massa;
•
Cimentos que tiverem antecedentes de resultados de ensaios de longa duração ou de
obras que comprovem resistência aos sulfatos.
Página 18
7. Cimento Portland de Baixo Calor de Hidratação (BC) O Cimento Portland de Baixo
Calor de Hidratação (BC) é designado por siglas e classes de seu tipo, acrescidas de
BC. Por exemplo: CP III-32 (BC) é o Cimento Portland de Alto-Forno com baixo calor
de hidratação, determinado pela sua composição. Este tipo de cimento tem a
propriedade de retardar o desprendimento de calor em peças de grande massa de
concreto, evitando o aparecimento de fissuras de origem térmica, devido ao calor
desenvolvido durante a hidratação do cimento.
8. Cimento Portland Branco (CPB) Esses tipos se diferenciam de acordo com a
proporção de clínquer e sulfatos de cálcio, material carbonático e de adições, tais
como escórias, pozolanas e calcário, acrescentadas no processo de moagem. Podem
diferir também em função de propriedades intrínsecas, como alta resistência inicial, a
cor branca etc. O próprio Cimento Portland Comum (CP I) pode conter adição (CP I-
S), neste caso, de 1% a 5% de material pozolânico, escória ou fíler calcário e o
restante de clínquer. O Cimento Portland Composto (CP II- E, CP II-Z e CP II-F) tem
adições de escória, pozolana e filer, respectivamente, mas em proporções um pouco
maiores que no CP I-S. Já o Cimento Portland de Alto-Forno (CP III) e o Cimento
Portland Pozolânico (CP IV) contam com proporções maiores de adições: escória, de
35% a 70% (CP III), e pozolana de 15% a 50% (CP IV).
Página 19
Tabela: Tipos e Classes de Cimento
Página 20
ESQUEMA GERAL DA PRODUÇÃO DE CIMENTO
LEGENDA: 1. Perfuradora 2. Pás Carregadoras 3. Camiões Basculantes 4. Britador 5.
Tremonhas 6. Moinhos 7. Silos Homo e Armazenamento 8. Torre de Condicionamento
9. Electrofiltro 10. Forno 11. Arrefecedor 12. Silos para Carvão 13. Armazém para
Clínquer 14. Filtros de Mangas 15. Silos para Cimento 16. Ensacadoras Rotativas 17.
Expedição de Cimento em Saco 18. Expedição de Cimento a Granel 19. Paletização
(paletes ou pacotões - embalagem de plástico)
Página 21
FASES DETALHADAS DA PRODUÇÃO DE CIMENTO
PEDREIRA As matérias-primas (calcários, margas, etc.), após extracção nas
pedreiras, são trituradas e passam por uma primeira fase de homogeneização (pré-
homo).
MOAGEM DE CRU Aquelas matérias - primas, com a eventual adição de correctivos
(areias, cinzas de pirite, calcários de alto teor, etc.), são simultaneamente secas e
moídas até à obtenção de um pó muito fino (cru ou farinha), que é depois armazenado
e homogeneizado.
MOAGEM DE CARVÃO São vários os combustíveis utilizados na indústria cimenteira,
mas os mais comuns são o carvão e o coque de petróleo. Qualquer destes
combustíveis necessita de uma moagem preliminar, de modo a permitir a sua injecção
e ignição no interior do forno, assegurando e optimizando o perfil térmico.
Página 22
COZEDURA Um tratamento térmico adequado transforma a farinha num produto
intermédio - o clínquer - no qual já é possível encontrar os constituintes mineralógicos
do cimento. A farinha, saída dos silos de homogeneização, entra num permutador de
calor (torre de ciclones) em contracorrente com os gases quentes provenientes do
forno, iniciando-se o processo de descarbonatação. De seguida, no forno cilíndrico
rotativo (tubo ligeiramente inclinado para facilitar o deslizamento da farinha no seu
interior), onde a temperatura atinge valores superiores a 1500º C, ocorre à cozedura
(clínquerização) da farinha, dando origem ao clínquer. Este é então arrefecido
bruscamente para estabilização da sua estrutura e recuperação parcial da energia
térmica. Tendo em conta o seu modo de formação, o clínquer é, portanto, uma rocha
ígnea artificial e o principal constituinte do cimento. Os gases quentes que saem da
torre de ciclones são despoeirados antes de serem reenviados à atmosfera.
MOAGEM DE CIMENTO A moagem muito fina do clínquer com um regulador de presa
(o gesso) e outros eventuais aditivos ("filler" calcário, cinzas volantes, escórias
siderúrgicas, etc.) vai dar origem aos diversos tipos de cimento, de acordo com as
Normas em vigor.
Página 23
ENSILAGEM E EXPEDIÇÃO O cimento é ensilado e pode ser vendido a granel ou
embalado em sacos de papel, acondicionados em paletes ou pacotões. A expedição
de cimento pode ser feita por camião, comboio ou navio, de acordo com as
respectivas disponibilidades.
Página 24
O Consumo do cimento no Brasil e no Mundo
Texto compilado com o material retirado do site da InterCement, industria cimenteira
instalada no Brasil que ocupa atualmente a terceira posição em participação no
mercado de cimento no Brasil e do site Cimento.Org. A indústria cimenteira no mundo
A indústria do cimento existe em praticamente todos os países e exige capital de longo
prazo e intensivo (na média entre 200 – 300 US$/tonelada de capacidade). O Brasil,
onde atuam 12 grupos, é um dos países com maior concorrência, segundo o Sindicato
Nacional da Indústria do Cimento (SNIC) – somente os Estados Unidos ultrapassam
esse número.
O consumo mundial de Cimento
De acordo com dados da International Cement Review, a produção mundial de
cimento atingiu cerca de 3,3 bilhões de toneladas em 2010. Os cinco maiores
consumidores são China, Índia, EUA, Brasil e Rússia. As estatísticas mundiais
revelam que, nos últimos anos, vem crescendo substancialmente o consumo do
cimento em países em desenvolvimento.
Fonte:Global Cement Report 8ª edição 2009 e International Cement Review
A indústria cimenteira no Brasil “O Brasil responde por 1,6% do consumo mundial de
cimento e conta com capacidade para produzir 67 milhões de toneladas ao ano.” O
Brasil, quarto maior mercado de cimento no mundo, de acordo com o Global Cement
Report, lidera a produção e o consumo na América Latina. Coerente com o perfil
desse
Página 25
segmento e com a dinâmica do mercado internacional, o País conta com players
globais e têm as internacional, revendas como principais compradores.
Consumo de Cimento no Brasil - 2010
16,50% 9,70% 20,20%
Centro-Oeste Nordeste
7,00% 46,50%
Norte Sudeste Sul
Fonte: SNIC - Oficial até novembro / SNIC preliminar dez/10 com importações
Responsável por 1,8% do consumo mundial, o parque cimenteiro do País conta com
cerca de 70 fábricas, de 12 grupos industriais nacionais e estrangeiros, com
capacidade instalada de estrangeiros, 67 milhões de toneladas/ano. Estimativas do
Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC) demonstram que o consumo
brasileiro alcançou a marca de 59,1 milhões de toneladas em 2010, o que representa
alta de 14,8% em relação ao ano anterior. Isso significa que o País manteve o ritmo de
crescimento iniciado em 2005 – reflexo do crescimento da economia, dos programas
habitacionais e dos investimentos em infraestrutura – e está apto para atender à
procura atual, mas precisará de novos investimentos em breve.
CARACTERÍSTICAS DA INDÚSTRIA CIMENTEIRA É uma indústria que requer
grandes investimentos e está sujeita a pressões de custos. No que se refere aos
custos diretos, as despesas com combustíveis e energia elétrica representam mais de
50% na formação do custo direto de produção de uma fábrica de cimento. O cimento,
por ser um produto de baixa relação preço/peso, é bastante onerado pelo frete, na
distribuição, sofrendo o impacto com os aumentos de combustível e outros derivados
sofrendo de petróleo. O modal de transporte mais utilizado é o rodoviário, que é
responsável por movimentar 94% de todo o cimento produzido no país, fazendo
trafegar cerca de 8 mil caminhões por dia,
Página 26
somente para retirar o cimento das plantas instaladas em território brasileiro. O raio de
distribuição ente do produto atinge em média 300 a 500 quilômetros no sudeste e sul
do país, podendo ultrapassar os 1000 quilômetros quando o cimento é distribuído para
as regiões norte e nordeste. Na região norte, regiões principalmente, faz-se se
necessário a
utilização, também, do modal hidroviário. O sistema ferroviário, que melhorou pouco
após a privatização, ainda é pouco utilizado para transportar o cimento consumido no
país, representando cerca de 3% do tipo de resentando transporte utilizado, ficando os
outros 3% para o modal hidroviário. Devido às
dimensões continentais do país 54% de todo o cimento produzido é despachado
através do mercado de revenda, o que, de alguma forma, força para que a embalagem
mais utilizada seja o saco de 50 kg, que participa em 70% de todo o cimento ue
despachado no país. A indústria de cimento brasileira é moderna e tecnologicamente
atualizada, sendo, por exemplo, o consumo médio de energia por tonelada de cimento
produzido no país de 107 kw/h , enquanto nos Estados Unidos esse consumo é da
ordem de 146 kw/hora por tonelada. Os esforços da indústria nacional têm resultado
em progressos significativos, mediante a
adoção de processos de produção mais eficientes e com menor consumo de m
energéticos. Ao mesmo tempo, a utilização de adições misturadas ao clínquer, como a
escória de alto forno, também contribuiu para a redução das emissões de CO2 por
tonelada de cimento, uma vez que este poluente se forma durante a produçã do
produção clínquer. Com isso, o Brasil atingiu
atualmente um fator de emissão de aproximadamente 610 kg CO2 por tonelada de
cimento, bem abaixo de países como a Espanha (698 kg CO2 / ton. cimento),
Inglaterra (839 kg CO2 / ton. cimento) e China (848 kg CO2 / ton. cimento). (Fonte:
Oficemen 2003 / Polysius China Fonte: China). O tempo necessário para a
implantação de um projeto, dos estudos preliminares até o funcionamento de uma
fábrica de cimento, é de 3 a 5 anos e a escala mínima nas unidades cimento,
Página 27
industriais é de 1 milhão de toneladas / ano de capacidade instalada, com
investimento de 200 a 300 milhões de dólares. Nos últimos anos, principalmente em
2010, com um crescimento no consumo acima de 15% sob o ano anterior,
surpreendeu parte dos grupos cimenteiros, que correm contra o tempo para aumentar
suas capacidades instaladas para, tentar, equilibrar suas ofertas com a demanda
prevista para o mercado interno. Com a crise mundial, cujos reflexos no Br Brasil
começaram a acontecer no final do segundo semestre de 2008, muitos projetos
anunciados foram engavetados, ou suspensos, pois os empresários não acreditavam
em uma saída rápida do Brasil do terrível cenário mundial, com reflexos até os dias de
hoje. Essa parada para repensar investimentos, mostrou seus Essa reflexos já em
2009, onde o atendimento ao mercado interno já apresentou problemas pontuais e,
principalmente em 2010, onde o crescimento do consumo, em relação a 2009, foi
cerca de 15%, o que trouxe, na época, uma ampliação nas dificuldades de
atendimento a demanda em diferentes pontos do país, forçando aos grupos
tradicionais a buscarem na importação de cimento e/ou matéria prima, uma saída para
não desabastecer o mercado e abrir espaços para outros segm segmentos tomarem a
iniciativa, ou mesmo abrir espaços para grupos cimenteiros menores se interessarem
pelo mercado brasileiro. É certo que a decisão de investimento em novas plantas e
ampliações voltaram a cena e vários grupos passarm a divulgar grandes projetos,
porém eles levarão um tempo considerável e uma projetos, das medidas, conforme
gráfico abaixo, foi reduzir drasticamente as exportações, invertendo a tendência e
passando a importar cimento de vários países e para diversos estados brasileiros,
como ocorreu no ano passado, conforme figuras mais abaixo. no
Esse crescimento na demanda interna, pressiona ainda mais o já reduzido volume
exportado, que vem em queda desde 2008. Essa queda nas exportações é o resultado
da priorização, por parte dos grupos locais, no atendimento à crescente demanda do
mercado nacional.
Página 28
O crescimento do consumo interno em 2010 e as falhas pontuais no atendimento,
pelas industrias cimenteiras em alguns estados, ocasionou uma pequena elevação
nos preços do cimento no varejo e uma pequena recuperação de preços na indústria
em estados que atravessavam guerras pontuais nos preços, como SP, RJ, DF, GO e
Tocantins. A pressão do consumo começa a como afetar a logística, fazendo com que
os fretes médios para transporte da tonelada de cimento se elevem consideravelmente
e, mesmo assim, a oferta de transporte ainda é inferior a demanda pelo produto na
ponta, principalmente para as cidades que não oferecem retorno de fretes, ou onde o
duto cimento compete com produtos agrícolas e outros produtos sazonais.
Página 29
O cimento e a poluição
Escrito por Casa Sustentável - Giuliana Capellogócios - Aline Cunha Qua, 04 de
Janeiro de 2012 00:00 - Última atualização Qua, 04 de Janeiro de 2012 18:14
Casa Sustentável
Cimento: use com sabedoria
Nossa indústria cimenteira é a mais sustentável do mundo: ela emite 30% menos CO2
que a média global. Esse índice pode melhorar ainda mais. Entenda como isso
acontece e saiba qual o seu papel. A produção de cimento responde por nada menos
que 5% das emissões totais de CO2. O perigo está na receita do produto, cuja base
chama-se clínquer, mistura de calcário e argila. Altamente poluente, ela é obtida em
fornos que chegam a até 2 mil °C de temperatura. Ao diminuir a porcentagem desse
componente, substituindo-o pelas chamadas adições, a indústria brasileira reduz a
quantidade de CO2 lançada à atmosfera. Dessas novas composições surgem as
seguintes classificações: o CP III, cimento feito com até 70% de escória das
siderúrgicas; o CP IV, que leva de 15 a 50% de cinzas volantes (resultado da queima
do carvão em termelétricas); e o CP II, composto que emprega escórias (CP II-E),
cinzas volantes (CP II-Z) e calcário (CP II-F) em proporções entre 6 e 34%. Os
números são de Arnaldo Battagin, chefe dos laboratórios da Associação Brasileira de
Cimento Portland (ABCP). Afora os filtros que reduzem a poluição, há ainda outras
formas de amenizar os danos ambientais causados pelo setor. Além disso, "a maioria
das empresas substitui parte do combustível fóssil queimado nos fornos por biomassa
ou lixo, como pneus usados," explica Arnaldo. Denominado coprocessamento, esse
expediente é adotado por 37 das 51 fábricas nacionais que produzem clínquer.
Enquanto a média mundial de emissão de CO2 chega a 900 kg por tonelada de
cimento, no Brasil esse número cai para 600 kg. Carlos Eduardo de Almeida, diretor
de assuntos corporativos da Holcim Brasil, assegura que esse quadro pode melhorar
ainda mais: "Com o coprocessamento, adições e uso de biomassa nos fornos, temos
margem para diminuir a 430 kg". Mas não é apenas o parque industrial que se esforça
em suas iniciativas sustentáveis. Correndo por fora, já começam a aparecer outras
ações com a mesma intenção. Em Cantagalo, RJ, a unidade da Lafarge, em parceria
com a prefeitura, usa todo o lixo urbano reciclável produzido na cidade como
combustível na produção. A iniciativa da Camargo Corrêa vai em outra direção,
trazendo os moradores do entorno das fábricas para discussões relacionadas à
comunidade, atuando em conjunto com ela. O Brasil também age fortemente no
cenário internacional. Os
Página 30
principais grupos brasileiros integram o Cement Sustainability Initiative (CSI), entidade
que reúne os 18 maiores produtores do mundo ao redor da mesa que tenta reduzir as
emissões de CO2. José Otávio Carvalho, presidente do Sindicato Nacional da
Indústria do Cimento (Snic), avisa que o Brasil é o país com o menor potencial. E não
vai aí uma conotação negativa. Acontece que o país "já avançou muito em sua lição
de casa", analisa. Na outra ponta, a do consumidor, a realidade muda. A arquiteta
Diana Csillag, do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS), alerta para
os ajustes a serem realizados por quem usa o cimento e o concreto. E dá a radiografia
da situação: grande desperdício nas pequenas obras, ausência de gestão eficiente no
canteiro, falta de projetos com estruturas mais racionais. "Muitas vezes, elas são
superdimensionadas e gasta-se mais cimento do que o necessário", afirma. Diana não
está sozinha na sua constatação. Pesquisador de técnicas e materiais sustentáveis, o
arquiteto paulista Tomaz Lotufo faz coro com ela. E não acredita que aumentar as
adições, tornando o sistema menos agressivo, seja suficiente para classificar o
cimento como ecológico. "Temos sempre que usá-lo com parcimônia", ensina. Para
Tomaz, o consumidor também pode minimizar os estragos feitos ao meio ambiente.
Ao contratar um profissional, deve pedir um projeto com baixo consumo energético.
Para ele, isso precisa estar à frente de uma exigência simplesmente estética. Só para
lembrar: "o CP III", conta Arnaldo Battagin, "já é produzido no Brasil desde a década
de 50". Sessenta anos depois, talvez seja a hora de o consumidor fazer também a sua
lição.
OS NÚMEROS DO SETOR
- 5% das emissões globais de CO2 são geradas pela indústria cimenteira. No Brasil, o
setor representa menos de 2% delas. - 20 bilhões de toneladas de concreto foram
utilizadas em todo o mundo em 2009. O produto é o segundo mais consumido pelo
homem. Perde apenas para a água. - 271 kg foi o consumo médio per capita de
cimento no Brasil em 2009. Na China, esse número quase quadruplica.
A SUA PARTE NESTA HISTORIA
Na hora de comprar e usar o cimento, vale a pena adotar alguns critérios. Vejas as
dicas da arquiteta Diana Csillag:
- Escolha bons fabricantes: não existe sustentabilidade sem formalidade, legalidade e
qualidade.
Página 31
- Exija do responsável por sua obra cuidados na execução e na gestão do canteiro
para evitar excessos e desperdícios. - Priorize, sempre que possível, cimento com
menor percentual de clínquer, como o CP III e o CP IV. - Dê preferência a empresas
com projetos reconhecidos de responsabilidade socioambiental.
Página 32
Alternativas ao cimento
Material retirado do site da Sustinere News no seguinte endereço da web:
http://sustentabilidade.ogerente.com.br/noticias/wp-content/uploads/2010/12/eesc
http://sustentabilidade.ogerente.com.br/noticias/wp content/uploads/2010/12/eesc-
produzcimento-alternativo-para-compor compor-fibrocimento.jpg
09/12/2010 · 1 COMENTÁRIO TECNOLOGIA ·
Na Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP, pesquisadores
desenvolveram um cimento alternativo para ser utilizado na produção de fibrocimento.
O produto poderá substituir o cimento portland, que é usado na composição do
fibrocimento em até 80%, como aglomerante. Em testes realizados na EESC, o
fibrocimento alternativo mostrou maior durabi durabilidade e menor custo, além de ser
menos agressivo ao meio ambiente. “O material não será produzido para utilização em
fins estruturais, mas sim para elementos construtivos ou artefatos, como telhas e
paineis de fechamento”, avisa o engenheiro civil Carlos Gomes, que é pós-doutorando
e professor colaborador de pós-graduação graduação Urbanismo da EESC. O cimento
alternativo foi desenvolvido dentro de uma linha de pesquisa da escola,
supervisionada pelo professor Eduvaldo Sichieri, que vem estudando possibilidades de
se produzir fibrocimentos mais econômicos e duráveis, com o uso de fibras
alternativas e escórias de alto forno. A base do novo produto, segundo Gomes, é
constituída de compostos de óxido de magnésio. “O cimento à base de óxido de
magnésio, chamado de cimento magnesiano, começou a ser estudado cimento por
volta de 1867. Contudo, devido ao seu alto custo, a utilização ficava inviável”, justifica
o engenheiro. O óxido de magnésio é usado, principalmente, na produção de materiais
refratários. Nos laboratórios da EESC, Gomes adicionou algumas cargas minerais ao
óxido de EESC, magnésio que acabaram por reduzir o custo. “Conseguimos então um
produto que, na composição do fibrocimento, pode substituir por completo o cimento
portland”, garante o pesquisador. A característica menos agressiva ao meio ambiente
fica por conta do processo de produção do cimento enos alternativo. Gomes conta que
o produto é menos alcalino que o cimento tradicional. “Verificamos ser possível
menores emissões de carbono durante a produção. Ao mesmo tempo, o produto
consegue capturar mais carbono do meio ambiente”, explica. do Departamento de
Arquitetura e
Página 33
Vantagens
Os testes com o cimento alternativo revelaram vantagens não apenas no processo
produtivo, como no menor tempo para produção, e por ser menos agressivo às fibras
por sua baixa alcalinidade. O produto apresenta vantagens na sua durabilidade.
Gomes conta que nos testes realizados com fibrocimentos compostos por fibras de
escória de alto forno ou celulose, a degradação (envelhecimento acelerado) dos
materiais foi superior aos 56 dias, um tempo padrão recomendado pelas normas.
“Quando substituímos o portland pelo cimento alternativo, não observamos a
degradação das fibras”, conta o engenheiro, lembrando que os testes são realizados
com a imersão do produto em água quente. Outra vantagem é em relação à “cura
final”, ou seja, quando o material atinge a secagem e ponto de resistência ideais.
Segundo Gomes, enquanto o fibrocimento com cimento alternativo atinge o ponto ideal
(cura) em cerca de 40 minutos, o produto feito com o cimento portland atinge sua cura
somente em torno de 28 dias depois. O engenheiro destaca que o cimento alternativo
ainda passará por testes que serão realizados na própria EESC em protótipos de
habitações populares. Por Antonio Carlos Quinto - [email protected] Fonte: Agência U