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INSTITUTO POLITÉCNICO DE COIMBRA Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra A Importância das Transferências do Orçamento do Estado e dos Impostos Municipais no Financiamento dos Municípios Carla de Fátima Martins Serralha Dissertação para a obtenção do Grau de Mestre em Contabilidade e Gestão Pública Coimbra, Novembro 2013

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  • INSTITUTO POLITCNICO DE COIMBRA

    Instituto Superior de Contabilidade e Administrao de Coimbra

    A Importncia das Transferncias do Oramento do Estado e dos

    Impostos Municipais no Financiamento dos Municpios

    Carla de Ftima Martins Serralha

    Dissertao para a obteno do Grau de Mestre em Contabilidade e Gesto Pblica

    Coimbra, Novembro 2013

  • 2

    INSTITUTO POLITCNICO DE COIMBRA

    Instituto Superior de Contabilidade e Administrao de Coimbra

    A Importncia das Transferncias do Oramento do Estado e dos

    Impostos Municipais no Financiamento dos Municpios

    Carla de Ftima Martins Serralha

    Dissertao para a obteno do Grau de Mestre em Contabilidade e Gesto Pblica

    Orientador(a): Doutora Maria da Conceio da Costa Marques

    Coimbra, Novembro 2013

  • 3

    AGRADECIMENTOS

    Agradeo aos meus Pais toda a ajuda que me deram para

    ultrapassar algumas dificuldades e sem a qual no era

    possvel apresentar a minha Tese.

    Agradeo, ainda, minha orientadora Doutora

    Conceio Marques todos os conhecimentos

    transmitidos e que serviram para enriquecer e

    aperfeioar os meus conhecimentos.

    E, a todos os meus colegas de Mestrado, agradeo os

    pequenos momentos vividos onde uns com os outros

    aprendamos sempre alguma coisa nova.

  • 4

    RESUMO

    O tema financiamento dos Municpios, tem como objetivo comprovar a existncia da

    grande dependncia financeira face s suas principais fontes de receitas, tais como, as

    transferncias do Oramento de Estado e os Impostos Municipais.

    Pretende-se analisar a importncia dessas receitas e a forma como tm evoludo, nestes

    ltimos anos, recorrendo a metodologias de investigao do tipo yin utilizando para o

    efeito, o mtodo de estudo de caso. Trata-se de um estudo emprico, do tipo explanatrio,

    atravs da anlise quantitativa dos dados, em que a forma de tratamento dos mesmos segue

    as seguintes etapas: recolha, anlise, interpretao, concluses e algumas

    recomendaes.

    Para a concretizao deste trabalho, foram utilizadas as seguintes tcnicas de pesquisa: a

    definio de uma Amostra Aleatria de 5 Municpios existentes no territrio portugus,

    tendo por base, a atual diviso do territrio em NUTS, sendo selecionada a Regio Centro

    e a respetiva Sub-Regio de Pinhal de Marrocos; como instrumentos de trabalho foram

    escolhidos, entre outros, os Mapas de Controlo Oramental da Receita constantes da

    respetiva prestao de contas e Mapas XIX das Transferncias do OE; para tratamento

    destes dados, foram utilizadas as ferramentas do Excel para elaborao de quadros e

    grficos; para a obteno dos respetivos resultados, foram efetuadas anlises comparativas

    para averiguar qual a evoluo ocorrida durante os perodos indicados. As concluses a

    retirar comprovam a grande dependncia financeira j aqui referenciada e, demonstram que, o

    aumento ou a diminuio dessas receitas pode melhorar ou agravar a situao financeira dos

    municpios

    Palavras-chave: Impostos Municipais, Transferncias do Oramento de Estado,

    Dependncia Financeira, Receitas e Despesas.

  • 5

    ABSTRACT

    The theme of Municipalities funding, aims to prove the existence of "large" financial

    dependence compared to its main sources of revenue, such as transfers from the State Budget

    and Municipal Taxes.

    Intend to analyze the importance of these recipes and how they have evolved in recent years,

    using research methodologies such as "yin" using for this purpose, the method of case study.

    This is an empirical study, the type explanatory through quantitative data analysis, in which

    the same form of treatment follows the following steps: "collection", "analysis",

    "interpretation", "conclusions" and some "recommendations".

    To accomplish this work, we used the following search techniques: the definition of a

    Random Sample of 5 municipalities existing in Portuguese territory, based on the current

    division of the territory into NUTS, being selected the Region "Centre" and the respective

    Sub-Region "Pinhal Litoral", as working instruments were chosen, among others, the maps

    Budgetary Control Revenue constants of the respective accountability and Maps XIX of

    Budget Transfers; treatment of these data, we used the tools Excel for preparation of charts

    and graphs, to obtain the respective results, comparative analyzes were performed to ascertain

    which evolution occurred during the periods indicated. The conclusions confirm the large

    financial dependence already referenced here, and show that the increase or decrease in these

    revenues can improve or worsen the financial situation of municipalities

    Keywords: Municipal Taxes, Transfers from the State Budget, Financial Dependency,

    Income and Expenses.

  • 6

    LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

    AIRC Associao de Informtica da Regio Centro

    CA Contribuio Autrquica

    CIMI Cdigo do Imposto Municipal sobre Imveis

    CIRS Cdigo do Imposto sobre Pessoas singulares

    DGAL Direo Geral das Autarquias Locais

    DGI Direo Geral dos Impostos

    DL Decreto-Lei

    FEF Fundo de Equilbrio Financeiro

    IMI Imposto Municipal sobre Imveis

    IMSV Imposto Municipal sobre Veculos

    IMT Imposto Municipal sobre Transmisses Onerosas de Imveis

    IPSSs Instituies Particulares de Solidariedade Social

    IRC Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas

    IRS Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares

    IUC Imposto nico de Circulao

    IVA Imposto sobre o Valor Acrescentado

    LFL Lei das Finanas Locais

    n. - nmero

    NUTS Unidades Territoriais para Fins Estatsticos

    Obs - Observaes

    OE Oramento de Estado

    SCA Sistema de Contabilidade Autrquica

    SISA Imposto direto que incidia sobre as transmisses, a ttulo oneroso, do direito de

    propriedade e de outros direitos equiparveis sobre bens imobilirios

    SNS Servio Nacional de Sade

  • 7

    NDICE DE QUADROS

    Quadro 1 Novas Regras de Distribuio do FEF 21

    Quadro 2 Prazos de Pagamento: Valor do IMI a pagar 29

    Quadro 3 IMT: Taxas aplicveis I 32

    Quadro 4 IMT: Taxas aplicveis II 33

    Quadro 5 IMT: Taxas aplicveis III 33

    Quadro 6 Taxas Derrama: Artigo 14. da LFL 35

    Quadro 7 - % Participao no IRS Ano 2013 38

    Quadro 8 Receita cobrada bruta com IMI: Anos 2010 a 2012 50

    Quadro 9 Receita cobrada bruta com IMT: Anos 2010 a 2012 52

    Quadro 10 Receita cobrada bruta com IUC: Anos 2010 a 2012 53

    Quadro 11 Receita cobrada bruta com Derrama: Anos 2010 a 2012 55

    Quadro 12 Receita cobrada bruta com CA: Anos 2010 a 2012 56

    Quadro 13 Receita cobrada bruta com SISA: Anos 2010 a 2012 57

    Quadro 14 Receita cobrada bruta com ISV: Anos 2010 a 2012 58

    Quadro 15 FEF: Total das Transferncias do OE Anos 2011 a 2013 61

    Quadro 16 FEF: Variao das transferncias nos Anos 2011 2013 62

    Quadro 17 IMI: Variao da receita nos Anos 2010 2012 67

    Quadro 18 IUC: Variao da receita nos Anos 2010 2012 68

    Quadro 19 IMT: Variao da receita nos Anos 2010 - 2012 70

    Quadro 20 Derrama: variao da Receita nos anos 2010 2012 73

    Quadro 21 IMI: Contabilizao dos Encargos Liquidao e Cobrana 77

    Quadro 22 IMI: Contabilizao dos Reembolsos Emitidos 77

    Quadro 23 IMI: Lanamentos a efetuar no SCA 80

    Quadro 24 IMI: Contabilizao da receita lquida 80

    Quadro 25 IUC: Contabilizao dos Encargos da Liquidao e Cobrana 81

    Quadro 26 IUC: Contabilizao dos Reembolsos Emitidos 82

    Quadro 27 IUC: Lanamentos a efetuar no SCA 83

    Quadro 28 IUC: Contabilizao da receita lquida 84

    Quadro 29 IMT: Contabilizao dos Encargos da Liquidao e Cobrana 85

    Quadro 30 IMT: Contabilizao dos Reembolsos Emitidos 85

    Quadro 31 IMT: Lanamentos a efetuar no SCA 86

    Quadro 32 IMT: Contabilizao da receita lquida 87

  • 8

    Quadro 33 Mapa XIX para o Ano 2013: Municpio de gueda 88

    Quadro 34 Mapa dos Duodcimos para o Ano 2013: Municpio de gueda 88

    Quadro 35 Retenes DGAL para o ano 2013: Municpio de gueda 90

    Quadro 36 Contabilizao da reteno efetuada no FEF para a DGAL 92

    Quadro 37 Contabilizao da reteno efetuada no FEF para o SNS 92

    Quadro 38 FEF: Contabilizao da receita no SCA 93

    Quadro 39 FEF: Contabilizao da receita lquida 95

  • 9

    NDICE DE FIGURAS

    Figura 1 IMI: Relao Receitas (Freguesias) / Despesas (Municpios) Nova LFL 20

    Figura 2 Mapa Portugal: Localizao do Pinhal Litoral 44

    Figura 3 Apuramento dos Impostos: Etapas p/ obteno documentos comprovativos 75

    Figura 4 Impostos Municipais: Frmula de Clculo 78

    Figura 5 Transferncias do FEF: Frmula de Clculo 95

  • 10

    NDICE DE GRFICOS

    Grfico 1 Evoluo da Receita Cobrada Bruta com IMI: Anos 2010 a 2012 50

    Grfico 2 Evoluo da Receita Cobrada Bruta com IMT: Anos 2010 a 2012 52

    Grfico 3 Evoluo da Receita Cobrada Bruta com IUC: Anos 2010 a 2012 54

    Grfico 4 Evoluo da Receita Cobrada Bruta com Derrama: Anos 2010 a 2012 55

    Grfico 5 Evoluo da Receita Cobrada Bruta com CA: Anos 2010 a 2012 56

    Grfico 6 Evoluo da Receita Cobrada Bruta com SISA: Anos 2010 a 2012 57

    Grfico 7 Evoluo da Receita Cobrada Bruta com ISV: Anos 2010 a 2012 58

    Grfico 8 FEF: Evoluo das Transferncias do OE Anos 2011 a 2013 61

    Grfico 9 FEF: Variao das Transferncias nos Anos 2011 2013 63

  • 11

    ndice

    INTRODUO .............................................................................................................................. 13

    CAPTULO I - ENQUADRAMENTO LEGAL E TERICO ..................................................... 16

    1.1 Enquadramento..................................................................................................................... 16

    1.2 Princpios e Regras Oramentais.......................................................................................... 17

    1.3 Poderes Tributrios dos Municpios ..................................................................................... 18

    1.4 A nova Lei das Finanas Locais ....................................................................................... 19

    CAPTULO II - RECEITAS DOS MUNICPIOS OBTIDAS ATRAVS DOS IMPOSTOS

    DIRETOS ................................................................................................................................. 24

    2.1 Imposto Municipal Sobre Imveis (IMI) ............................................................................. 24

    2.1.1 Base de Incidncia........................................................................................................ 25

    2.1.2 Tipos de Avaliao existentes para a determinao do Valor Patrimonial Tributrio . 25

    2.1.3 Taxas Aplicveis .......................................................................................................... 26

    2.1.4 Liquidao e Pagamento .............................................................................................. 27

    2.2 Imposto nico de Circulao (IUC) .................................................................................... 29

    2.2.1 Bases de Incidncia ...................................................................................................... 30

    2.2.2 Taxas Aplicveis .......................................................................................................... 30

    2.2.3 Liquidao e Pagamento .............................................................................................. 30

    2.3 Imposto Municipal sobre as Transmisses Onerosas de Imveis (IMT) ............................. 31

    2.3.1 Bases de Incidncia ...................................................................................................... 31

    2.3.2 Valor Tributvel ........................................................................................................... 31

    2.3.3 Avaliao nos termos do CIMI .................................................................................... 32

    2.3.4 Taxas Aplicveis .......................................................................................................... 32

    2.3.5 Liquidao e Pagamento .............................................................................................. 33

    2.4 Derrama: Principais Caractersticas e suas Especificidades ................................................ 34

  • 12

    CAPTULO III REPARTIO DOS RECURSOS PBLICOS ENTRE O ESTADO E AS

    AUTARQUIAS........................................................................................................................ 35

    3.1 Fundo de Equilbrio Financeiro............................................................................................ 35

    3.1.1 Fundo Geral Municipal ................................................................................................ 36

    3.1.2 Fundo de Coeso Municipal......................................................................................... 36

    3.1.3 Fundo Social Municipal ............................................................................................... 37

    3.1.4 Participao Varivel no IRS ....................................................................................... 37

    CAPTULO IV METODOLOGIA ............................................................................................ 38

    CAPTULO V ESTUDO DO CASO: EVOLUO DAS RECEITAS MUNICIPAIS, TENDO

    POR BASE UMA DETERMINADA AMOSTRA ................................................................. 47

    5.1. Evoluo da receita arrecadada com impostos municipais pelos municpios definidos na

    amostra, no perodo de 2010 a 2012.................................................................................... 47

    5.2. Evoluo do montante das transferncias do OE efetuadas para os diversos Municpios

    definidos na amostra, no perodo de 2011 a 2013 ............................................................... 59

    5.3. Consequncias decorrentes da maior ou menor cobrana de receitas .................................. 65

    5.4. Casos Prticos ...................................................................................................................... 74

    5.4.1. Tratamento contabilstico a efetuar com a entrada dos impostos municipais na conta

    bancria do municpio: IMI, IUC e IMT ..................................................................... 74

    5.4.2. Reteno efetuada no FEF para a DGAL e SNS ......................................................... 87

    5.4.3. Tratamento contabilstico a efetuar com o recebimento mensal dos duodcimos....... 91

    CONCLUSO ................................................................................................................................ 96

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS............................................................................................ 98

  • 13

    INTRODUO

    Atualmente, tem-se discutido muito, atravs dos diversos meios de comunicao social

    (Televiso, Jornais e Revistas e Internet) a constante reduo das despesas pblicas. Nesse

    sentido, todas as Entidades Pblicas (Administrao Direta e Indireta do Estado e a

    Administrao Autnoma) tm de continuar a reunir esforos no sentido de contribuir para a

    conteno de Custos.

    A nvel da Administrao Local, muita coisa mudou, desde a publicao da Lei dos

    Compromissos, a qual veio definir as regras aplicveis assuno de novos compromissos e

    aos pagamentos em atraso das Entidades Pblicas e, agora, mais recentemente, com a

    publicao da nova Lei das Finanas Locais que veio introduzir algumas alteraes

    significativas, relativamente, s receitas provenientes atravs do FEF e dos Impostos

    Municipais.

    Neste mbito, o presente trabalho de investigao, tem como finalidade demonstrar a

    existncia de uma grande dependncia financeira dos Municpios, relativamente, s suas

    principais receitas (transferncias do OE, atravs do FEF e impostos municipais IMI, IMT,

    IUC, Derrama, entre os quais, os impostos abolidos CA, SISA, ISV) e sem as quais no

    conseguem realizar os seus compromissos financeiros, designadamente, com o pagamento a

    fornecedores, o pagamento de remuneraes, a concesso/atribuio de apoios/subsdios e

    comparticipaes financeiras, entre outros.

    Pelo que, a escolha desta temtica deve-se, essencialmente, s seguintes situaes:

    Analisar quais as contrapartidas/finalidades dadas quelas receitas depois destas serem

    creditadas na conta dos respetivos Municpios;

    De acordo com a nova lei dos compromissos, no caso de os Municpios apresentarem

    dvidas superiores a 90 dias, isso pode vir a refletir-se numa diminuio das transferncias

    vindas do Oramento de Estado. Ora, com menos receitas, o que vai acontecer aos

    compromissos j assumidos e a aguardar pagamento!

  • 14

    Um outro aspeto, tambm, no menos importante, so as receitas oriundas dos impostos

    municipais (IMI, IUC, IMT, Derrama, CA, SISA, ISV). O que acontecer se a receita

    arrecadada pelos respetivos Servios de Finanas, a favor dos Municpios, for inferior ao

    valor que estava previsto! Pretende-se assim, averiguar quais as suas consequncias e se as

    mesmas sero positivas ou negativas.

    - De forma a complementar o presente trabalho, far-se- uma demonstrao com

    exemplificao prtica, quanto ao tratamento contabilstico a efetuar com este tipo de

    receitas, desde a entrada dos inputs e a correspondente sada dos outpts, ou seja,

    pretende-se explorar, descrever e explicar como se contabiliza a receita lquida depois

    de deduzidos os diversos encargos de liquidao e cobrana ou reembolsos emitidos (no caso

    dos impostos municipais), bem como, as retenes a efetuar com a entrada dos duodcimos.

    A exemplificao prtica importante, na medida em que:

    - Permite uma melhor interpretao quanto forma como calculada a receita lquida total,

    quer das verbas do FEF constantes do Mapa XIX anexo ao Oramento Anual do Estado e do

    respetivo mapa de duodcimos da DGAL, quer dos impostos municipais arrecadados pelos

    diversos Servios de Finanas.

    De forma, a responder a todas estas questes e mais algumas que podero surgir ao longo

    deste trabalho, pretende-se fazer um estudo emprico, atravs da anlise quantitativa dos

    dados recolhidos e utilizando como referncia a metodologia de investigao Yin,

    defendida por diversos autores, entre os quais, Robert K. Yin.

    Yin (2005), defende o mtodo do estudo do caso, como uma das estratgias de

    investigao, na medida em que, o seu objetivo possuir um esquema suficiente de estudo,

    com algumas proposies tericas previamente abordadas pela bibliografia j existente, que

    podero fornecer a direo do estudo.

    Segundo, o mesmo autor, a orientao inicial do estudo de caso deve apontar para mltiplas

    fontes de evidncia, tendo em conta que, o trabalho de pesquisa pode incluir o uso da anlise

    de documentos administrativos, como por exemplo, propostas, relatrios e documentos

    internos.

  • 15

    Os dados sero analisados e quantificados de forma a perceber qual a sua evoluo durante os

    perodos indicados para, no final, fazer uma anlise comparativa entre eles e verificar as

    variaes ocorridas com as aquelas receitas.

    De entre os 5 Municpios escolhidos de forma aleatria, far-se- um estudo emprico sobre a

    evoluo das receitas provenientes do OE e dos Impostos Municipais, para os perodos

    decorridos de 2011 at 2013 e de 2010 at 2012, respetivamente.

    Os critrios de seleo da respetiva amostra tiveram em conta a atual diviso administrativa

    do territrio em NUTS, sendo selecionados os seguintes Municpios (Batalha, Leiria,

    Marinha Grande, Pombal e Porto de Ms), ambos pertencentes Sub-Regio do Pinhal

    Litoral e respetiva Regio Centro.

    A concretizao da anlise comparativa indicada anteriormente ser complementada com a

    apresentao de grficos e tabelas dinmicas, feitos atravs da ferramenta do Excel, de forma

    a perceber qual a evoluo ocorrida naquele perodo para, no final, apresentar os resultados.

    Para a exportao daqueles dados, sero utilizados como documentos e/ou informaes de

    referncia: Oramentos Previsionais, Prestao de Contas, Relatrio de Contas e, ainda, as

    taxas definidas e aprovadas em Assembleia Municipal para os Impostos Municipais,

    disponibilizados nos sites dos respetivos Municpios, bem como, a informao proveniente

    do Anurio Financeiro dos Municpios Portugueses e Mapa XIX Transferncias para os

    Municpios, anexo ao Oramento de Estado.

  • 16

    CAPTULO I - ENQUADRAMENTO LEGAL E TERICO

    1.1 ENQUADRAMENTO

    Relativamente, s principais fontes de financiamento dos municpios portugueses,

    designadamente, as receitas provenientes das transferncias do OE (atravs do FEF) e dos

    impostos municipais (IMI, IUC, IMT, Derrama, CA, SISA, IMSV), estas encontram-se

    definidas em legislao prpria.

    De acordo com o n. 2 do artigo 238. da nossa Constituio o regime das finanas locais,

    visa a justa repartio dos recursos pblicos pelo Estado e pelas Autarquias Locais, bem

    como, a correo de desigualdades entre Autarquias do mesmo grau.

    A Lei das Finanas Locais, est consagrada na Lei n. 2/2007, de 15 de Janeiro e estabelece

    no seu artigo 7. que a participao de cada Autarquia Local nos recursos pblicos

    determinada de forma a adequar esses recursos s respetivas atribuies e competncias que

    lhe esto subjacentes e, ainda, a corrigir as diferentes capacidades de arrecadao de receitas

    ou as diferentes necessidades de despesa.

    Nestes termos, a repartio dos recursos pblicos entre o Estado e as Autarquias Locais

    efetuada de acordo com os critrios definidos nos artigos 19. e seguintes da LFL e pelos

    montantes indicados no mapa XIX da Lei do Oramento de Estado aprovada anualmente.

    As receitas provenientes da cobrana dos impostos municipais encontram-se devidamente

    identificadas nas alneas a) e b) do artigo 10 da LFL. a Direo Geral dos Impostos que

    fornece a cada Municpio a informao relativa liquidao e cobrana desses impostos e a

    transferncia dessas mesmas receitas para os Municpios conforme referenciado no n. 6 do

    artigo 13. da mesma Lei. Toda esta informao fica disponvel no site das Finanas, em

    http://www.portaldasfinanas.gov.pt, a partir do dia 16 de cada ms.

    http://www.portaldasfinanas.gov.pt/

  • 17

    1.2 PRINCPIOS E REGRAS ORAMENTAIS

    Importa aqui referir que os Municpios esto sujeitos s diversas normas constantes na Lei do

    Enquadramento Oramental, bem como, a determinados princpios e regras oramentais e ao

    cumprimento de critrios de rigor e eficincia.

    Todos aqueles princpios e regras oramentais esto claramente evidenciados na LFL, nos

    seus artigos 2, 3 e 4 e caracterizam-se conforme a seguir descritos:

    Princpio da Coerncia

    O regime financeiro dos Municpios obedece a este princpio de forma a definir regras que

    assegurem o financiamento adequado a novas competncias e atribuies.

    Princpio da Autonomia Financeira

    As principais ideias a retirar deste princpio que os Municpios tm patrimnio e finanas

    prprios cuja gesto compete aos respetivos rgos e, ainda, tm autonomia para arrecadar e

    dispor de receitas que por lei lhes estejam destinadas.

    Princpio da No Consignao

    De acordo com este princpio podem existir receitas ou despesas que no tm definida a

    obrigatoriedade de serem aplicadas a uma determinada atividade, finalidade ou projeto o

    caso, por exemplo, das receitas provenientes das transferncias do OE e dos impostos

    municipais.

    Princpio da Equidade Intergeracional

    Este princpio assenta na distribuio equitativa de benefcios e custos entre geraes de

    modo a evitar desigualdades na distribuio de receitas ou na realizao de despesas.

    Princpio da Estabilidade Oramental

  • 18

    Este princpio aplica-se aos diversos Municpios aquando da elaborao e execuo dos seus

    Oramentos sempre no estrito cumprimento das regras e princpios oramentais.

    Princpio da Transparncia Oramental

    Os Municpios tm o dever de prestar, de forma rigorosa e acessvel, informao sobre a sua

    situao financeira s Entidades a que por Lei esto obrigados a informar, nomeadamente, o

    Ministrio das Finanas, a Direo Geral das Autarquias Locais, o Tribunal de Contas e aos

    seus cidados.

    1.3 PODERES TRIBUTRIOS DOS MUNICPIOS

    Os Municpios detm poderes tributrios para, nos termos e condies enunciados na Lei:

    a) Procederem cobrana de receitas provenientes dos respetivos impostos municipais,

    tais como,

    Imposto Municipal sobre Imveis;

    Imposto Municipal sobre Transmisso Onerosa de Imveis;

    Imposto nico de Circulao;

    Derrama;

    b) Procederem cobrana de receitas provenientes de impostos abolidos, tais como,

    SISA;

    Contribuio Autrquica;

    Imposto Municipal sobre Veculos

  • 19

    O direito prprio dos Municpios em terem participao nas receitas dos impostos diretos

    est consagrado no artigo 254. da Constituio da Repblica Portuguesa.

    Ainda, no mbito dos poderes tributrios concedidos aos Municpios, o artigo 11. da Lei das

    Finanas Locais, define algumas regras inerentes a esses poderes, nomeadamente, o acesso a

    informao atualizada daqueles impostos quando a sua liquidao e cobrana assegurada

    pelos Servios do Estado.

    de salientar que as Cmaras Municipais podem deliberar que a cobrana destes impostos

    seja efetuada pelos seus prprios Servios ou pelos Servios que integram a Associao de

    Municpios, podendo ainda, transferir essa competncia para o Servio competente das reas

    Metropolitanas se se tratar de Municpios de Lisboa e do Porto.

    No caso, da liquidao e cobrana destas receitas ser assegurada pelos Servios do Estado, os

    encargos da decorrentes (a pagar pelos Municpios) no podem exceder 1,5% ou 2,5% das

    receitas liquidadas e cobradas.

    1.4 A NOVA LEI DAS FINANAS LOCAIS

    A Lei n. 73/2013, de 3 de Setembro, vem estabelecer o novo regime financeiro das

    autarquias locais e das entidades intermunicipais. Entra em vigor a partir de 1 de Janeiro de

    2014, revogando a anterior Lei n. 2/2007, de 15 de Janeiro e, ainda, o Decreto-Lei n.

    38/2008, de 7 de Maro.

    A nova lei das finanas locais vem introduzir novas regras, algumas das quais se destacam

    de seguida:

    Um dos princpios fundamentais definidos no artigo 3., n. 2 o Princpio da

    Coordenao entre Finanas Locais e Finanas do Estado

    - De acordo com este mesmo princpio releva-se a importncia desta coordenao, que ser

    efetuada pelo Conselho de Coordenao Financeira e, cuja finalidade, consiste em atingir os

    objetivos e metas oramentais estabelecidos pelo Governo.

  • 20

    A receita proveniente do IMI tem novas regas

    - Passa a constituir receita das freguesias 1% da receita do IMI sobre prdios urbanos, o que

    significa a diminuio da receita para os municpios;

    Por exemplo:

    - Pressupondo que, o valor da receita cobrada bruta com o IMI relativamente a prdios

    urbanos durante o ms de abril de 2014, para um determinado Municpio, foi de 250.000,00

    , ento, 1% deste valor corresponder a 2.500,00 de receita das freguesias que lhe esto

    adstritas;

    Figura 1 IMI: Relao Receitas (Freguesias) / Despesas (Municpios) Nova LFL

    - Passa a constituir receita das freguesias a totalidade da receita do IMI sobre prdios rsticos

    quando, na lei anterior, era s 50% desse valor.

    De acordo com o enunciado no n. 9 do artigo 17., os impostos j abolidos deixam

    de ser contabilizados como tal, passando a integrar a receita dos impostos que lhes

    sucederam

    Por exemplo, os crditos pendentes referentes CA passam a ser contabilizados como IMI.

  • 21

    Relativamente, ao documento comprovativo retirado mensalmente do portal das

    finanas, referente ao valor da receita liquida obtida com os impostos municipais, o

    n. 1 do artigo 19. descreve qual a informao que deve constar desse mesmo

    documento

    A lei atualmente vigente em 2013, no descreve qual o tipo de informao a transmitir pela

    Autoridade Tributria e Aduaneira.

    De acordo com o enunciado no captulo III, da nova lei, so definidas novas regras

    de distribuio dos recursos pblicos entre o Estado e os Municpios

    - Ao valor do FEF, cujo valor ser igual a 19,5% da mdia aritmtica simples da receita

    proveniente dos seguintes impostos IRS, IRC e IVA ser deduzido um determinado

    montante correspondente a 0,25% do valor do FEF apurado, para distribuio s Entidades

    Intermunicipais, em funo do ndice Sinttico de Desenvolvimento Regional;

    Quadro 1 Novas Regras de Distribuio do FEF

    Lei n 2/2007 Lei n 73/2013 Ano 2014

    FEF = 25,3% da Mdia

    Aritmtica Simples (IRS, IRC e

    IVA)

    FEF = 19,5% da Mdia

    Aritmtica Simples (IRS, IRC e

    IVA) 0,25%

    Reduo de 5,55% no FEF a

    distribuir p/ os Municpios

    Fonte: Elaborao Prpria

    Considerando o Municpio de Alcochete, obtivemos os seguintes valores:

    Valor do FEF a transferir em 2013 = 1.416.118,00 (excluindo o valor do FSM e da

    participao varivel no IRS)

    Valor previsto do FEF a transferir em 2014, considerando que o valor da receita

    proveniente do IRS, IRC e IVA idntica ao ano 2013 = 1.337.523,00

    Sendo que:

    1.416.118,00 x 5,55% = 78.595,00

    1.416.118,00 - 78.595,00 = 1.337.523,00

  • 22

    Face aos valores apresentados, acresce referir que, 6.550,00 mensais (78.595,00 : 12

    meses) d para pagar vrios ordenados, atendendo principal finalidade desta receita.

    O futuro dir se, esta reduo de 5,55% no FEF, possa vir dificultar o pagamento dos

    ordenados nalgumas Cmaras Municipais e tudo leva a crer que sim. Nesse caso, os Servios

    Financeiros tero de recorrer receita dos impostos municipais. E, assim, agravar ainda mais

    o endividamento municipal.

    - Relativamente, participao varivel at 5% no IRS, ser igualmente deduzido um

    determinado montante correspondente a 0,25% do valor que caber a cada municpio, para

    distribuio s Entidades Intermunicipais, em funo do ndice Sinttico de Desenvolvimento

    Regional;

    Por exemplo: Municpio de Alcochete % IRS = 5%

    Valor do IRS a transferir em 2013 = 1.097.728,00 (excluindo o valor do FEF e do FSM)

    Valor previsto do IRS a transferir em 2014 = 1.094.984,00

    Sendo que:

    1.097.728,00 x 0,25% = 2.744,00

    1.097.728,00 - 2.744,00 = 1.094.984,00

    Embora, a diferena possa no ser muito relevante, s a situao financeira do Municpio de

    Alcochete poder demonstrar se este pequeno valor num determinado ms do ano 2014,

    possa vir a ser ou no importante para solucionar alguma situao em concreto.

    FEF - Aumento da % da receita corrente

    Quando a Lei n 2/2007, entrou em vigor em 1 de Janeiro desse mesmo ano, a receita corrente

    no podia exceder 65% do valor do FEF, conforme indicado no artigo 25., n 3.

    Com a entrada em vigor da nova Lei das Finanas Locais, j a partir de 1 de Janeiro de

    2014, e de acordo com o n. 3 do artigo 31. a receita corrente no pode exceder 90% do FEF.

  • 23

    No entanto, isto no significa que o valor da receita corrente venha a aumentar.

    E, como j foi demonstrado no captulo 13, os valores do FEF transferidos para os

    municpios, no ano 2012 e no ano corrente, diminuram em relao ao ano 2007, ou seja,

    diminuiu a receita transferida apesar da % da receita corrente ser superior em 2013

    relativamente ao ano 2007.

    O aumento da % da receita corrente em contrapartida com a diminuio da % da receita de

    capital tem a ver com a grande % de despesas correntes que esto a cargo dos respetivos

    municpios.

    Na seco III so definidos mecanismos de alerta precoce e de recuperao

    financeira municipal

    Nesta seco descreve-se de forma pormenorizada os mecanismos de saneamento e

    recuperao financeira dos municpios.

    criado o FAM (Fundo de Apoio Municipal)

    Este fundo destina-se a prestar assistncia financeira queles municpios que esto em

    situao de rutura financeira.

    Entidades Intermunicipais

    O ttulo III da nova Lei das Finanas Locais regula nos seus artigos 69. e seguintes, as

    transferncias oriundas do Oramento de Estado, para as Entidades Intermunicipais e reas

    metropolitanas, bem como, define as condies de endividamento das entidades

    intermunicipais.

    Regulao pormenorizada dos deveres de informao, principalmente, com a DGAL

    Os municpios tm a obrigatoriedade de publicar no seu site eletrnico, a proposta do

    oramento apresentada pelo executivo ao respetivo rgo deliberativo

  • 24

    CAPTULO II - RECEITAS DOS MUNICPIOS OBTIDAS ATRAVS DOS

    IMPOSTOS DIRETOS

    De acordo com o enunciado no artigo 13. da LFL a receita oriunda dos seguintes impostos

    diretos (IMI, IUC, IMT e Derrama, bem como, outros j abolidos CA, SISA e IMSV), lquida

    dos respetivos encargos, reverte para os Municpios.

    Pela leitura da IPSAS (Norma Internacional de Contabilidade aplicvel ao Setor Pblico) 23

    que trata dos Impostos e Transferncias possvel retirar algumas consideraes com maior

    relevncia, nomeadamente, na parte que em refere que os impostos so benefcios

    econmicos pagos ou a pagar a entidades do setor pblico, conforme estabelecido em

    determinadas leis ou regulamentos, de forma a proporcionar rdito quelas entidades sendo

    esses impostos uma das fontes de rendimento mais importante.

    2.1 IMPOSTO MUNICIPAL SOBRE IMVEIS (IMI)

    O Imposto Municipal sobre Imveis (IMI) veio substituir a Contribuio Autrquica (CA).

    Esta nova terminologia pretende identificar de forma mais adequada aquilo que se est a

    tributar.

    Uma das justificaes para a criao e implementao do novo cdigo tributrio atravs da

    sua Lei n 66-B/2012, de 31 de Dezembro, que o sistema de avaliaes at aqui existente

    estava criado para uma sociedade onde predominava uma economia rural pelo que o regime

    de avaliao existente, para a propriedade urbana, estava com lacunas e desajustado

    realidade.

    Com este novo cdigo pretende-se criar um novo sistema para determinar o valor patrimonial

    dos imveis e atualiz-los da forma mais justa e equitativa.

  • 25

    2.1.1 BASE DE INCIDNCIA

    O IMI um imposto que incide sobre o valor patrimonial tributvel atribudo aos diversos

    prdios urbanos e rsticos que existem em territrio nacional e tambm reverte a favor dos

    diversos municpios onde se situam cada um desses prdios.

    2.1.2 TIPOS DE AVALIAO EXISTENTES PARA A DETERMINAO DO

    VALOR PATRIMONIAL TRIBUTRIO

    S possvel determinar o valor patrimonial tributvel de um determinado prdio urbano ou

    rstico aps avaliao do mesmo pelo respetivo Servio de Finanas.

    No entanto, essa avaliao pode assumir vrias formas:

    - Se se tratar de um prdio rstico, essa avaliao pode ser efetuada de forma direta, cadastral

    ou no cadastral;

    - Por sua vez, tratando-se de um prdio urbano a avaliao efetua-se de forma direta.

    Existe, ainda, a avaliao geral dos prdios rsticos e/ou urbanos a qual ordenada pelo

    Ministro das Finanas.

    A avaliao cadastral efetuada tendo por base a enumerao de qualidades culturais com

    interesse econmico, a definio de graus de produtividade diferenciados, a escolha de

    parcelas representativas de cada classe e qualidade cultural, na determinao da qualidade e

    medio de cada uma das parcelas do terreno, as rvores existentes no terreno e, tambm, a

    determinao dos rendimentos que da advm.

    A avaliao no cadastral apesar de ser efetuada nos mesmos moldes da avaliao cadastral

    s efetuada naqueles municpios em que no vigora o cadastro predial e geomtrico ou nas

    zonas de cadastro diferido.

  • 26

    A avaliao direta dos prdios rsticos resulta das declaraes apresentadas pelo sujeito

    passivo ou tendo por base outros elementos que sejam do conhecimento do Chefe de

    Finanas.

    Quanto aos prdios urbanos da responsabilidade do Servio de Finanas, a iniciativa da

    primeira avaliao, a qual efetuada com base nos elementos apresentados pelo sujeito

    passivo aquando da entrega do modelo 1 do IMI (declarao para inscrio ou atualizao de

    prdios urbanos na matriz). A entrega deste impresso deve ser instruda com as respetivas

    plantas do projeto do imvel com exceo dos prdios construdos em data anterior a 7 de

    Agosto de 1951. Para estes prdios mais antigos necessrio efetuar uma vistoria de forma a

    poder avali-los para, posteriormente, atribuir-lhes o respetivo valor patrimonial tributvel.

    2.1.3 TAXAS APLICVEIS

    De acordo com o novo cdigo tributrio as taxas do IMI so as seguintes:

    - 0,8% para os prdios rsticos;

    - 0,5% a 0,8% para os prdios urbanos;

    - 0,3% a 0,5% para os prdios urbanos avaliados nos termos deste novo cdigo;

    Contudo, existem ainda, outras situaes a considerar, nomeadamente:

    a) Para os prdios constitudos por uma parte rstica e outra urbana, procede-se da

    seguinte forma,

    0,8% para a parte rstica

    0,5% a 0,8% para a parte urbana, ou,

    0,3% a 0,5% para a parte urbana se avaliado nos termos do CIMI

  • 27

    b) Para os prdios devolutos h mais de 1 ano e prdios em runas,

    as taxas de 0,5% a 0,8% aplicveis aos prdios urbanos so triplicadas,

    anualmente,

    as taxas de 0,3% a 0,5% aplicveis aos prdios urbanos avaliados nos termos

    do CIMI so triplicadas, anualmente,

    c) Para os prdios cuja propriedade pertence a entidades com domiclio fiscal em

    territrio, regio ou pas sujeito a regime fiscal mais favorvel,

    aplica-se a taxa de 7,5%

    Compete Assembleia Municipal, sob proposta da Cmara Municipal, a fixao anual do

    valor da taxa do IMI aplicvel sobre os prdios urbanos.

    2.1.4 LIQUIDAO E PAGAMENTO

    O Imposto Municipal sobre Imveis liquidado, todos os anos, pelos servios competentes

    da Direo-Geral dos Impostos e incide sobre o valor patrimonial tributvel atribudo a cada

    prdio com referncia data de 31 de Dezembro do ano anterior ao da liquidao daquele

    imposto e, tendo por base, os elementos constantes da respetiva matriz, nomeadamente, a

    titularidade (nome dos sujeitos passivos) dos respetivos prdios naquela data.

    Ao valor patrimonial tributvel de cada prdio aplicvel a taxa de IMI vigente em cada

    Municpio.

  • 28

    Por exemplo:

    Para um determinado prdio apuraram-se os seguintes dados, data de 31 de Dezembro do

    ano 2012,

    Prdio Urbano situado na Rua das Flores, n 5, na localidade do Melrial, freguesia de

    Soure, inscrito na matriz predial urbana sob o artigo n 9999, em 17/01/2003

    Valor Patrimonial Tributvel: 45.700,00

    Sujeito Passivo: Joo Pestana, NIF 999 999 999

    Valor da taxa do IMI aplicvel, no Municpio de Soure, para este prdio: 0,4%

    Com base, nestes dados, o valor do IMI referente ao ano 2012 e a pagar no ano 2013 seria de:

    45.700,00 x 0,4% = 193,60

    No entanto, devido a diversas circunstncias decorrentes da atual conjuntura econmica,

    social e poltica tiverem de ser tomadas medidas para aliviar o aumento repentino do valor do

    IMI a pagar em 2013 e 2014, para isso, foram criadas algumas clusulas de salvaguarda

    (conforme consta dos folhetos informativos que servem de apoio ao contribuinte no portal

    das finanas), designadamente,

    - Uma clusula geral, atravs da qual, o valor do IMI a pagar nos anos 2013 e 2014 no pode

    exceder o maior dos seguintes valores:

    75,00 ; ou

    1/3 da diferena entre o IMI resultante do VPT atribudo na avaliao geral e o IMI

    devido do ano 2011 ou que o devesse ser no caso de prdios isentos.

    - Uma clusula especial para os contribuintes de baixos rendimentos, se se verificarem as

    seguintes condies:

    O prdio ser destinado a habitao prpria e permanente; e

    O rendimento coletvel, do ano anterior, no ser superior a 4.898,00 .

  • 29

    De acordo com esta clusula especial, o valor do IMI a pagar no pode exceder o valor do

    IMI pago no ano anterior adicionado, em cada ano, de 75,00 .

    Face ao acima exposto, se o Sr. Joo Pestana cumprir aqueles requisitos, pode vir a pagar no

    ano 2013 um valor de IMI inferior a 193,60 .

    De acordo com o artigo 113. do CIMI a liquidao deste imposto efetuada nos meses de

    Fevereiro e Maro de cada ano.

    Relativamente, ao pagamento do IMI, compete aos servios competentes da Direo-Geral

    dos Impostos o envio do respetivo documento de cobrana a cada um dos sujeitos passivos,

    at ao fim do ms anterior ao do seu pagamento.

    O prazo do seu pagamento varia em funo do valor a pagar, conforme a seguir indicado:

    Quadro 2 Prazos de Pagamento: Valor do IMI a pagar

    Valor do IMI a pagar Prazo de Pagamento Tipo de

    Prestao(es)

    = ou < a 250,00 Ms de Abril nica

    > a 250,00 e = ou < a 500,00 Meses de Abril e Novembro Duas

    > a 500,00 Meses de Abril, Julho e Novembro Trs

    Fonte: Elaborao Prpria

    2.2 IMPOSTO NICO DE CIRCULAO (IUC)

    Atravs da Lei n 22-A/2007, de 29 de Junho, aprovado o Cdigo do Imposto nico de

    Circulao cuja competncia para administrao deste imposto da responsabilidade da

    Direo Geral dos Impostos.

    Conforme enunciado no artigo 10. da LFL o Imposto nico de Circulao (IUC) constitui

    uma receita municipal, pelo que, a cobrana deste imposto reverte para o respetivo municpio

    onde reside o sujeito passivo.

  • 30

    2.2.1 BASES DE INCIDNCIA

    O IUC incide sobre os veculos de categoria A, B, C, D, E, F e G matriculados ou registados

    em Portugal, sendo sujeitos passivos deste imposto, os proprietrios dos respetivos veculos.

    Trata-se, portanto, de um imposto de periodicidade anual e que devido em cada ano at ao

    momento em que efetuado o cancelamento da matrcula ou registo por motivo de abate da

    viatura.

    2.2.2 TAXAS APLICVEIS

    As taxas aplicveis a este imposto so atualizadas todos os anos e tm em conta as seguintes

    caractersticas do veculo:

    - Tipo de combustvel utilizado;

    - Tipo de cilindrada;

    - Ano da matrcula;

    - Eletricidade / Voltagem;

    - Emisso de Dixido de Carbono;

    - Peso Bruto;

    - Tipo de suspenso;

    - Nmero de Eixos.

    2.2.3 LIQUIDAO E PAGAMENTO

    A liquidao do IUC efetuada pelo sujeito passivo atravs da Internet (no portal das

    finanas) ou, em alternativa, diretamente no Servio de Finanas, sendo que, o pagamento

    daquele imposto efetuado aps a emisso do respetivo documento nico de cobrana.

    Este pagamento efetuado anualmente e de uma s vez no ms de matrcula do carro. A falta

    de pagamento do IUC constitui uma infrao punvel nos termos da lei, havendo lugar

    apreenso imediata do veculo.

  • 31

    2.3 IMPOSTO MUNICIPAL SOBRE AS TRANSMISSES ONEROSAS DE

    IMVEIS (IMT)

    Com a Lei n 66-B/2012, de 31 de Dezembro, aprovado o novo Cdigo do Imposto

    Municipal sobre as Transmisses Onerosas de Imveis (IMT) que veio substituir o imposto

    anterior - a SISA.

    Este novo cdigo veio introduzir novas regras e melhorar as anteriores, nomeadamente, o

    alargamento da sua base de incidncia no que diz respeito a negcios jurdicos, como por

    exemplo, os contratos-promessa de compra e venda (atravs dos quais antecipado o

    financiamento para construo ou aquisio de imvel e cujos montantes no so declarados

    s Finanas) e, ainda, outras situaes como o caso das procuraes irrevogveis (atravs das

    quais o representado renuncia ao direito de renovar a procurao, conferindo ao seu

    representante um resultado econmico idntico ao do direito de propriedade e, neste caso,

    como o procurador e o substabelecido ficam sujeitos tributao de 5% ou 6,5%, pode o

    procurador vir a beneficiar de iseno ou reduo de taxas caso o contrato definitivo de

    compra e venda seja celebrado com o prprio).

    2.3.1 BASES DE INCIDNCIA

    O IMT devido pelas pessoas a quem so transmitidos os respetivos bens imveis e incide

    sobre as transmisses onerosas do direito de propriedade sobre aqueles bens situados em

    territrio nacional.

    2.3.2 VALOR TRIBUTVEL

    O Imposto Municipal sobre as Transmisses Onerosas de Imveis incide sobre o maior dos

    seguintes valores:

    - O valor constante do ato ou contrato; ou

    - O valor patrimonial tributvel.

  • 32

    Tratando-se de prdios omissos na matriz ou nela inscritos sem indicao do valor

    patrimonial tributrio, este valor, determinado de acordo com as regras enunciadas no

    CIMI.

    2.3.3 AVALIAO NOS TERMOS DO CIMI

    Sempre que seja necessrio proceder avaliao de imveis os procedimentos a adotar

    devem ser os constantes do CIMI.

    Caso no seja possvel efetuar a avaliao dos bens nos termos do CIMI essa avaliao feita

    com base no valor de mercado.

    2.3.4 TAXAS APLICVEIS

    O IMT liquidado pelas taxas que estiverem em vigor data da ocorrncia do facto

    tributrio.

    As taxas a aplicar variam consoante o valor da aquisio do prdio e a sua finalidade,

    conforme a seguir indicado:

    Para prdio ou frao autnoma destinados exclusivamente a habitao prpria e

    permanente;

    Quadro 3 IMT: Taxas aplicveis I

    Valor de Aquisio do Prdio Taxa Marginal Taxa Mdia

    At 92.407,00 0% (Isento IMT) 0% (Isento IMT)

    De 92.408,00 at 287.213,00 Varia entre 2% e 7% Varia entre 0,5379% e 3,8361%

    De 287.214,00 a 574.323,00 8% -

    Superior a 574.324,00 6% (taxa nica)

    Fonte: Elaborao Prpria

  • 33

    Para prdio ou frao autnoma destinados exclusivamente a habitao e cujas

    situaes no esto abrangidas pela alnea anterior;

    Quadro 4 IMT: Taxas aplicveis II

    Valor de Aquisio do Prdio Taxa Marginal

    Taxa Mdia

    At 92.407,00 1% 1%

    De 92.408,00 at 287.213,00 Varia entre 2% e 7% Varia entre 1,2689% e 4,1578%

    De 287.214,00 a 550.836,00 8% -

    Superior a 551.836,00 6% (taxa nica)

    Fonte: Elaborao Prpria

    Outras aquisies a considerar;

    Quadro 5 IMT: Taxas aplicveis III

    Tipo de Prdio Taxa a aplicar

    Rsticos 5%

    Outros Prdios Urbanos e Outras Aquisies 6,5%

    Fonte: Elaborao Prpria

    2.3.5 LIQUIDAO E PAGAMENTO

    da iniciativa dos interessados a liquidao deste imposto o que acontece aps a entrega da

    declarao modelo I (IMT), no respetivo Servio de Finanas ou atravs da internet no site

    http://www.portaldasfinancas.gov.pt.

    O IMT pago no mesmo dia da liquidao ou ento no 1 dia til seguinte. Tratando-se de

    uma transmisso efetuada por contrato ou acto celebrado no estrangeiro, o pagamento

    daquele imposto deve ocorrer durante o ms seguinte.

    http://www.portaldasfinancas.gov.pt/

  • 34

    O no pagamento do imposto devido dentro dos prazos legalmente fixados implica a sua

    liquidao oficiosa acrescida de juros compensatrios e das sanes aplicveis a cada

    situao.

    2.4 DERRAMA: PRINCIPAIS CARACTERSTICAS E SUAS

    ESPECIFICIDADES

    De acordo com o enunciado nos artigos 10. e 14. da LFL constitui, tambm, receita dos

    municpios o produto da cobrana da derrama lanada, anualmente, pelos municpios at ao

    limite mximo de 1,5% sobre o lucro tributvel sujeito e no isento de imposto sobre o

    rendimento das pessoas coletivas.

    O valor da derrama obedece aos seguintes critrios:

    i) Quer por sujeitos passivos residentes em territrio portugus, que exeram a ttulo

    principal uma atividade de natureza comercial, industrial ou agrcola;

    ii) Ou, por sujeitos passivos no residentes em territrio portugus e, com

    estabelecimento estvel neste territrio.

    No entanto, para os sujeitos passivos que tenham um volume de negcios no ano anterior no

    superior a 150.000,00 , a assembleia municipal pode deliberar lanar uma taxa reduzida de

    derrama.

    Aps consulta efetuada no site das finanas https://www.portaldasfinancas.gov.pt/pt/main.jsp

    foi possvel extrair os seguintes dados constantes do quadro abaixo indicado, relativamente,

    lista das taxas de derrama para os anos 2007 e 2012:

    Deve corresponder proporo do rendimento gerado dentro da rea geogrfica

    respetiva de cada municpio

    https://www.portaldasfinancas.gov.pt/pt/main.jsp

  • 35

    Quadro 6 Taxas Derrama: Artigo 14. da Lei das Finanas Locais

    Fonte: Elaborao Prpria

    Pela anlise dos dados constantes do quadro n. 16 possvel obter as seguintes concluses:

    - Nem todos os municpios recorrem utilizao da derrama, tendo em conta, o nmero total

    de 308 municpios existentes no nosso pas;

    - Entre 2007 e 2012, houve mais 56 municpios que deliberaram lanar uma taxa de derrama

    nos termos do artigo 14., n 1 e mais 37 municpios que deliberaram lanar uma taxa

    reduzida de derrama nos termos do artigo 14., n 4;

    - O facto de mais municpios recorreram utilizao da derrama pode ter como objetivo

    principal o aumento de receitas para fazer face aos diversos compromissos financeiros

    assumidos e aguardar pagamento.

    A deciso do lanamento da derrama por qualquer municpio deve ser comunicada Direo

    Geral dos Impostos at dia 31 de Dezembro do ano anterior ao da sua cobrana.

    CAPTULO III REPARTIO DOS RECURSOS PBLICOS ENTRE O

    ESTADO E AS AUTARQUIAS

    3.1 FUNDO DE EQUILBRIO FINANCEIRO

    A LFL enuncia no seu artigo 19. a forma de repartio dos recursos pblicos entre o Estado

    e as Autarquias Locais, recursos esses, que visam assegurar o seu equilbrio financeiro.

    Essas formas de repartio podem ser efetuadas atravs do FEF Fundo de Equilbrio

    Financeiro, FSM Fundo Social Municipal e numa participao varivel de 5% no IRS.

  • 36

    Estas transferncias constam do Mapa XIX anexo ao Oramento de Estado e so efetuadas,

    mensalmente, at dia 15, por transferncia bancria e destinam-se, essencialmente, ao

    pagamento das remuneraes dos seus trabalhadores.

    O artigo 21. da LFL estabelece nos seus nmeros 1 e 2, a forma como este fundo repartido,

    sendo que:

    - 50% correspondente ao Fundo Geral Municipal (FGM) e,

    - Os restantes 50% correspondem ao Fundo de Coeso Municipal (FCM).

    Assim, o valor do FEF distribudo a cada municpio corresponde soma das parcelas

    resultantes dos valores apurados para o FGM e FCM, ou seja:

    3.1.1 FUNDO GERAL MUNICIPAL

    O FGM destina-se a dotar os municpios de adequadas condies financeiras de modo a que

    estes possam concretizar com desempenho todas as tarefas, funes e atribuies nas mais

    diversas reas que lhe esto subjacentes.

    A sua distribuio por cada um dos diversos municpios obedece a determinados critrios,

    como por exemplo, o n de habitantes e a rea geogrfica em que est localizado.

    3.1.2 FUNDO DE COESO MUNICIPAL

    O FCM destina-se a corrigir assimetrias que possam existir, de forma a beneficiar aqueles

    municpios que esto menos desenvolvidos, para assim, compensar algumas desigualdades de

    oportunidades como, por exemplo, melhores nveis de sade, ensino e saneamento bsico.

    FEF = FGM + FCM

  • 37

    3.1.3 FUNDO SOCIAL MUNICIPAL

    O FSM uma transferncia do OE que est consignada a financiar determinado tipo de

    despesas, as quais esto relacionadas com as principais funes sociais, como a educao, a

    sade ou a ao social.

    3.1.4 PARTICIPAO VARIVEL NO IRS

    O artigo 20. da LFL estabelece no seu n. 1 que os municpios tm direito, em cada ano, a

    uma participao varivel at 5% no IRS dos sujeitos passivos que tenham domiclio fiscal

    dentro da sua rea territorial.

    Esta participao no IRS corresponde aos rendimentos do ano anterior, sendo calculada com

    base no valor da coleta, lquida das dedues constantes do artigo 78., n 1 do CIRS, como

    por exemplo, despesas com sade, educao, formao, penses de alimentos, encargos com

    lares, encargos com imveis, prmios de seguros de vida, benefcios fiscais, pessoas com

    deficincia, entre outros.

    Claro est que, para que os municpios possam usufruir/receber esta verba, necessitam de

    submeter a mesma autorizao da assembleia municipal no sentido desta deliberar qual a

    percentagem de IRS pretendida e, ainda, comunicar essa deciso Direo Geral dos

    Impostos, at 31 de Dezembro, do ano anterior quele a que respeitam os rendimentos.

    A falta da comunicao acima referenciada ou a sua comunicao fora do prazo equivale

    falta de deliberao e, como tal, no h direito participao varivel at 5% no IRS.

    Aps algumas pesquisas efetuadas no site da Direo Geral do Oramento em

    http://www.dgo.pt/politicaorcamental/Paginas/OEpagina.aspx?Ano=2013&TipoOE=Or%u00

    e7amento+Estado+Aprovado&TipoDocumentos=Lei+%2f+Mapas+Lei+%2f+Relat%u00f3ri

    o foi possvel extrair o Mapa XIX Transferncias para os Municpios, onde na coluna n. 7

    desse mesmo mapa, consta o valor da percentagem IRS correspondente participao de

    http://www.dgo.pt/politicaorcamental/Paginas/OEpagina.aspx?Ano=2013&TipoOE=Or%u00e7amento+Estado+Aprovado&TipoDocumentos=Lei+%2f+Mapas+Lei+%2f+Relat%u00f3riohttp://www.dgo.pt/politicaorcamental/Paginas/OEpagina.aspx?Ano=2013&TipoOE=Or%u00e7amento+Estado+Aprovado&TipoDocumentos=Lei+%2f+Mapas+Lei+%2f+Relat%u00f3riohttp://www.dgo.pt/politicaorcamental/Paginas/OEpagina.aspx?Ano=2013&TipoOE=Or%u00e7amento+Estado+Aprovado&TipoDocumentos=Lei+%2f+Mapas+Lei+%2f+Relat%u00f3rio

  • 38

    cada municpio e, donde se retiraram os seguintes dados, constantes do quadro abaixo

    indicado:

    Quadro 7 % Participao no IRS Ano 2013

    Fonte: Elaborao Prpria

    Da anlise efetuada aos dados aqui apresentados, conclui-se o seguinte:

    - O mapa XIX do ano 2013, apresenta quais as taxas de participao varivel no IRS que

    foram deliberadas em cada um dos 308 municpios;

    - de salientar que a maioria dos municpios (267) tem uma participao de 5% no IRS o que

    corresponde a 87% dos 308 municpios existentes;

    - No ano 2013, apenas 6 municpios no cumpriram com os requisitos enumerados no artigo

    20., n 2 da LFL, ou seja, no submeteram sesso da assembleia municipal, durante o ano

    2012, a % de participao varivel no IRS que viriam a receber em 2013 ou, ento, no

    efetuaram a respetiva comunicao dentro do respetivo prazo.

    CAPTULO IV METODOLOGIA

    Qualquer metodologia de investigao deve esclarecer a forma como o trabalho ser

    conduzido para permitir avaliar a adequao dos mtodos utilizados e, assim, facilitar a

    replicao do estudo.

    Assim, a elaborao de um trabalho de investigao pressupe a pesquisa de um determinado

    tema/assunto/problema/questo de modo a construir ou a aperfeioar novos conhecimentos.

    Para a realizao dessa pesquisa necessrio a escolha do respetivo mtodo a adotar,

    nomeadamente, quais as etapas a seguir para a concretizao do estudo que se pretende levar

    a efeito.

  • 39

    A estratgia de investigao para o tema aqui apresentado segue a metodologia do Estudo do

    Caso defendida por diversos autores, entre os quais, Robert K. Yin.

    Robert Yin autor de vrios artigos e obras publicadas, sendo de destacar o seu ltimo livro,

    publicado em Maio deste ano, com o ttulo Case Study Research Design and Methodse

    que j vai na 5 edio.

    Nos seus livros, o autor trata de todos os aspetos do estudo de caso, da definio do

    problema, do projeto, da coleta e anlise de dados elaborao do relatrio. Yin, tambm,

    demonstra os usos e a importncia de estudos de caso numa grande variedade de campos,

    incluindo, sociologia, psicologia, histria, administrao, planejamento, servio social e

    educao.

    Desta forma, descrevem-se de seguida as diversas etapas relevantes para o desenvolvimento

    desta investigao:

    Problema a investigar

    A grande dependncia financeira dos Municpios Portugueses face s receitas provenientes:

    - dos impostos municipais (IMI, IMT, IUC, Derrama) e,

    - das transferncias do Oramento de Estado

    Objetivo de estudo geral e especfico

    a) Objetivo geral: Comprovar a existncia dessa grande dependncia financeira face

    finalidade que os municpios do aquelas mesmas receitas;

    b) Objetivos especficos: Analisar e quantificar a evoluo dos valores em obtidos

    atravs daquelas verbas, de forma a demonstrar que o aumento ou a diminuio dessas

    receitas pode melhorar ou agravar a situao financeira dos municpios;

  • 40

    Tipo de estudo e razo da escolha

    Trata-se de um estudo do tipo explanatrio, utilizando-se para o efeito, a anlise

    quantitativa dos dados na medida em que se procuram averiguar quais as causas que melhor

    expliquem os objetivos da presente pesquisa.

    A razo para a escolha deste tipo de pesquisa no mbito do tema A importncia das

    transferncias do oramento de estado e dos impostos municipais no financiamento dos

    Municpios deve-se, aos seguintes fatos:

    Analisar quais as contrapartidas/finalidades dadas quelas receitas depois destas serem

    creditadas na conta dos respetivos Municpios;

    De acordo com a nova lei dos compromissos, no caso de os Municpios apresentarem

    dvidas superiores a 90 dias, isso pode vir a refletir-se numa diminuio das transferncias

    vindas do Oramento de Estado. Ora, com menos receitas, o que vai acontecer aos

    compromissos j assumidos e aguardar pagamento!

    Um outro aspeto, tambm, no menos importante, so as receitas oriundas dos impostos

    municipais (IMI, IUC, IMT, Derrama, CA, SISA, ISV). O que acontecer se a receita

    arrecadada pelos respetivos Servios de Finanas, a favor dos Municpios, for inferior ao

    valor que estava previsto! Pretende-se assim, averiguar quais as suas consequncias e se as

    mesmas sero positivas ou negativas.

    De forma a complementar o presente trabalho, far-se- uma demonstrao com

    exemplificao prtica, quanto ao tratamento contabilstico a efetuar com este tipo de

    receitas, desde a entrada dos inputs e a correspondente sada dos outpts, ou seja,

    pretende-se explorar, descrever e explicar como se contabiliza a receita lquida depois

    de deduzidos os diversos encargos de liquidao e cobrana ou reembolsos emitidos (no caso

    dos impostos municipais), bem como, as retenes a efetuar com a entrada dos duodcimos.

    A exemplificao prtica importante, na medida em que:

  • 41

    - Permite uma melhor interpretao quanto forma como calculada a receita lquida total,

    quer das verbas do FEF constantes do Mapa XIX anexo ao Oramento Anual do Estado e do

    respetivo mapa de duodcimos da DGAL, quer dos impostos municipais arrecadados pelos

    diversos Servios de Finanas.

    Populao em estudo

    Municpios existentes no territrio nacional

    Portugal est atualmente dividido em 308 municpios, que so tradicionalmente conhecidos

    como "concelhos". Os municpios tm geralmente o nome da sua maior localidade (apesar da

    rea dos municpios ser frequentemente maior do que a cidade ou vila que lhe d o nome), a

    qual costuma ser a sede dos rgos da administrao do respetivo concelho.

    Os municpios, classificados como autarquias locais, so administrados por um rgo

    deliberativo (Assembleia Municipal) e por um rgo executivo (Cmara Municipal), ambos

    eleitos diretamente pelos muncipes.

    Amostra inclui critrios de seleo e caraterizao

    a) Critrios de Seleo

    Foi definida uma Amostra Aleatria, entre os 308 Municpios existentes, tendo por base os

    seguintes critrios de seleo:

    - Regio: Centro;

    - Sub-Regio: Pinhal Litoral;

    - Dimenso da Amostra: 5 Municpios (Batalha, Leiria, Marinha Grande, Pombal e Porto

    de Ms)

    A escolha desta Amostra foi efetuada de acordo com a atual diviso do territrio em NUTS

    (Unidades Territoriais para Fins Estatsticos).

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_de_munic%C3%ADpios_de_Portugalhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Concelhohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Concelhohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Cidadehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Vilahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Concelhohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Concelhohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Assembleia_Municipalhttp://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A2mara_Municipal_(Portugal)

  • 42

    Atravs de consulta efetuada na pgina da internet da Wikipdia A enciclopdia livre,

    designadamente, no site: W http://pt.wikipedia.org/wiki/Subdivis%C3%B5es_de_Portugal, foi

    possvel extrair informao referente s atuais Subdivises de Portugal.

    A diviso em NUTS tem vindo a tornar-se a principal diviso territorial de Portugal, sendo as

    suas unidades utilizadas para definir as reas de atuao da maioria dos servios

    desconcentrados do Estado, em detrimento dos distritos.

    Atualmente, em Portugal existem 3 NUTS de nvel I, subdivididas em 7 NUTS de nvel II, as

    quais, por sua vez, se subdividem em 30 NUTS de nvel III, conforme a seguir indicado:

    Unidades de Nvel I (NUTS I)

    1. Portugal Continental

    2. Regio Autnoma dos Aores

    3. Regio Autnoma da Madeira

    Unidades de Nvel II (NUTS II)

    1. Alentejo

    2. Algarve

    3. Centro

    4. Lisboa e Vale do Tejo

    5. Norte

    6. Regio Autnoma dos Aores

    7. Regio Autnoma da Madeira

    O Centro ou Regio do Centro uma regio de Portugal, que compreende, integralmente,

    os distritos de Coimbra, Castelo Branco e Leiria, a maior parte dos distritos de Viseu, Aveiro

    e Guarda, cerca de um tero do Distrito de Santarm e a parte norte do Distrito de Lisboa.

    Limita a norte com a Regio do Norte, a leste com a Espanha, a sul com o Alentejo, a

    sudoeste a Regio de Lisboa e a oeste com o Oceano Atlntico.

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Subdivis%C3%B5es_de_Portugalhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Portugal_Continentalhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Regi%C3%A3o_Aut%C3%B3noma_dos_A%C3%A7oreshttp://pt.wikipedia.org/wiki/Regi%C3%A3o_Aut%C3%B3noma_da_Madeirahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Alentejohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Algarvehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Regi%C3%A3o_do_Centro_(Portugal)http://pt.wikipedia.org/wiki/Regi%C3%A3o_de_Lisboa_e_Vale_do_Tejohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Regi%C3%A3o_Aut%C3%B3noma_dos_A%C3%A7oreshttp://pt.wikipedia.org/wiki/Regi%C3%A3o_Aut%C3%B3noma_da_Madeirahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Regi%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Portugalhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Distrito#Em_Portugalhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Distrito_de_Coimbrahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Distrito_de_Castelo_Brancohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Distrito_de_Leiriahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Distrito_de_Viseuhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Distrito_de_Aveirohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Distrito_da_Guardahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Distrito_de_Santar%C3%A9mhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Distrito_de_Lisboahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Regi%C3%A3o_do_Norte_(Portugal)http://pt.wikipedia.org/wiki/Espanhahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Alentejohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Regi%C3%A3o_de_Lisboahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Oceano_Atl%C3%A2ntico

  • 43

    Est includa na Unidade de Nvel I (NUTS I) de Portugal Continental e compreende 12

    Unidades de Nvel III (NUTS III):

    Baixo Mondego

    Baixo Vouga

    Beira Interior Norte

    Beira Interior Sul

    Cova da Beira

    Do-Lafes

    Mdio Tejo

    Oeste

    Pinhal Interior Norte

    Pinhal Interior Sul

    Pinhal Litoral

    Serra da Estrela

    b) Caraterizao da Amostra - definida na alnea a)

    O Pinhal Litoral uma sub-regio estatstica portuguesa, parte da Regio Centro e do

    Distrito de Leiria. Limita a norte com o Baixo Mondego, a leste com o Pinhal Interior Norte e

    o Mdio Tejo, a sul com a Lezria do Tejo e a oeste com o Oeste e o Oceano Atlntico. Tem

    uma rea de 1 741 km e uma populao de 260 924 habitantes (censos de 2011).

    Compreende 5 concelhos:

    Batalha

    Leiria

    Marinha Grande

    Pombal

    Porto de Ms

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Nomenclaturas_de_unidades_territoriais_para_fins_estat%C3%ADsticos#NUTS_Ihttp://pt.wikipedia.org/wiki/Portugal_Continentalhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Nomenclaturas_de_unidades_territoriais_para_fins_estat%C3%ADsticos#NUTS_IIIhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Baixo_Mondegohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Baixo_Vougahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Beira_Interior_Nortehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Beira_Interior_Sulhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Cova_da_Beirahttp://pt.wikipedia.org/wiki/D%C3%A3o-Laf%C3%B5eshttp://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A9dio_Tejohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Oeste_(sub-regi%C3%A3o)http://pt.wikipedia.org/wiki/Pinhal_Interior_Nortehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Pinhal_Interior_Sulhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Pinhal_Litoralhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Serra_da_Estrela_(sub-regi%C3%A3o)http://pt.wikipedia.org/wiki/Regi%C3%A3o_Centrohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Distrito_de_Leiriahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Baixo_Mondegohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Pinhal_Interior_Nortehttp://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A9dio_Tejohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Lez%C3%ADria_do_Tejohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Oeste_(sub-regi%C3%A3o)http://pt.wikipedia.org/wiki/Oceano_Atl%C3%A2nticohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_(Portugal)http://pt.wikipedia.org/wiki/Leiriahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Marinha_Grandehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Pombal_(Portugal)http://pt.wikipedia.org/wiki/Porto_de_M%C3%B3s

  • 44

    Fonte: Wikipdia, a enciclopdia livre

    Figura 2 Mapa Portugal: Localizao do Pinhal Litoral

    Instrumentos de recolha de dados

    Para a recolha de dados, foram definidos os seguintes perodos de referncia:

    - Anos 2010 a 2012: para os Impostos Municipais;

    - Anos 2011 a 2013: para as transferncias do Oramento de Estado.

    Para complemento e enriquecimento deste trabalho de investigao poder ser necessrio

    recorrer a outros perodos de referncia, para alm, dos j indicados.

    E foram definidos os seguintes instrumentos de recolha de dados:

    - Mapas do Controlo Oramental da Receita dos 5 Municpios, extrados atravs dos

    respetivos portais eletrnicos e disponibilizados nos documentos de prestao de contas, dos

    anos de 2010, 2011 e 2012;

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:LocalNUTS3PinhalLitoral.svg

  • 45

    - Relatrios de Contas dos 5 Municpios, extrados atravs dos respetivos portais eletrnicos,

    referentes aos anos de 2010, 2011 e 2012;

    - Documentos Previsionais dos 5 Municpios, designadamente, Resumos dos Oramentos da

    Receita e Despesa, referentes aos anos de 2010, 2011 e 2012;

    - Quais as taxas definidas e aprovadas em Assembleia Municipal para os 5 Municpios e,

    para as situaes a seguir indicadas, conforme estabelecido na Lei das Finanas Locais e,

    tambm, disponibilizadas nas respetivas pginas da internet:

    IMI;

    Derrama;

    % Participao Varivel no IRS.

    - Mapas XIX Transferncias para os Municpios, anexos ao Oramento Anual do Estado e

    extrados do site da Direo Geral do Oramento, referentes aos anos 2011, 2012 e 2013;

    - Mapa dos Duodcimos (transferncias mensais do FEF), extrado do site da Direo Geral

    da Administrao Pblica, referente ao ano 2013;

    - Anurio Financeiro dos Municpios Portugueses, extrado do site da Ordem dos Tcnicos

    Oficiais de Contas, referente ao ano 2012;

    - Consulta de informaes diversas referentes aos 5 Municpios, ou outras de carter

    relevante para o Estudo do Caso, disponibilizadas atravs do site do Portal Autrquico;

    - Consulta de outras Publicaes Eletrnicas, tambm, consideradas de interesse relevante

    para a investigao e descritos nas Referncias Bibliogrficas.

    - Consulta de diversos Livros, diversa Legislao, alguns Artigos publicados e

    algumas Normas de referncia, conforme descrito na Bibliografia.

  • 46

    Tcnicas de tratamento dos dados

    Pretende-se fazer uma anlise comparativa da evoluo das receitas provenientes do OE

    e dos Impostos Municipais, entre os 5 Municpios definidos na Amostra e, para os perodos

    de referncia j aqui mencionados.

    Trata-se, portanto, de um estudo emprico com recurso ao Estudo de Caso, em que a forma

    de tratamento dos dados segue as seguintes etapas: recolha, anlise, interpretao,

    concluses e algumas recomendaes.

    Depois de recolhidos os dados pretendidos, os quais sero extrados dos respetivos mapas de

    controlo oramental da receita nos portais eletrnicos de cada um dos 5 Municpios, procede-

    se elaborao dos correspondentes quadros e grficos, efetuados atravs da ferramenta do

    Excel.

    Posteriormente, analisam-se os dados apresentados e interpretam-se os mesmos, de forma a

    perceber qual a evoluo ocorrida para os perodos indicados, ou seja, se a evoluo deu

    origem a mais ou menos receitas e a mais ou menos compromissos financeiros assumidos ou

    a assumir no futuro. Nesse sentido, apresentam-se resultados e retiram-se as respetivas

    consequncias da decorrentes, quer a nvel interno (para os diversos Servios,

    Departamentos e Divises que necessitam de verbas para adquirir os bens e servios

    indispensveis ao seu normal funcionamento), quer a nvel externo (para os diversos

    Fornecedores de Bens e/ou Prestadores de Servios que querem ver pagas atempadamente e,

    nos prazos indicados, as suas faturas).

    Procedimentos - estudo piloto: Estudo do Caso

    Como Yin (2010) refere no seu livro Estudo de Caso Planejamento e Mtodos os estudos

    de caso representam a estratgia preferida quando se colocam questes do tipo como e

    porqu.

  • 47

    Para Schramm (1971) a essncia de um estudo de caso tentar esclarecer uma deciso ou

    um conjunto de decises: o motivo pelo qual foram tomadas, como foram implementadas e

    com quais resultados.

    Robert K. Yin refere que a coleta de evidncias pode advir de 6 fontes distintas, entre as

    quais, os documentos. Desta mesma fonte, podem resultar diferentes formas de informao,

    nomeadamente:

    - Documentos administrativos (propostas, relatrios e documentos internos);

    - Recortes de jornais ou artigos publicados na Internet;

    - Agendas, avisos e minutas de reunies, relatrios em geral;

    - Cartas e memorandos;

    O mesmo autor refere, ainda, que a anlise de dados consiste em examinar, categorizar e

    classificar em tabelas.

    CAPTULO V ESTUDO DO CASO: EVOLUO DAS RECEITAS

    MUNICIPAIS, TENDO POR BASE UMA DETERMINADA AMOSTRA

    5.1. Evoluo da receita arrecadada com impostos municipais pelos municpios

    definidos na amostra, no perodo de 2010 a 2012

    Os dados aqui apresentados, referem-se aos valores anuais da receita cobrada bruta, tendo em

    conta que este tipo de verbas corresponde ao valor total apurado pelos respetivos Servios de

    Finanas.

    Desta forma, pretende-se ter uma melhor perceo de qual o total dos impostos pagos pelos

    vrios contribuintes ao longo destes ltimos 3 anos (2010, 2011 e 2012) e, ainda, analisar

    qual a sua evoluo.

  • 48

    Imposto Municipal sobre Imveis

    No quadro 8, indicam-se os valores apurados relativamente ao IMI, ao longo do perodo aqui

    identificado. E, como, se pode constatar pela anlise dos dados, de 2010 para 2011, houve um

    aumento na cobrana das receitas provenientes com este imposto em todos os Municpios.

    Aumento esse, que se manteve, no ano seguinte (2012).

    Esse aumento tem a ver, em parte, com o aumento das taxas do IMI aprovadas em sesso da

    Assembleia Municipal ao longo dos anos e, principalmente, por causa das novas avaliaes /

    reavaliaes efetuadas pelos Servios de Finanas aos diversos imveis que no eram

    avaliados j alguns anos e que teve como consequncia o aumento do respetivo valor

    patrimonial tributvel atribudo a cada um desses imveis.

    Por exemplo, considerando que um determinado prdio urbano sito no concelho da Batalha

    que, no ano 2010, tinha um valor patrimonial de 32.540,00 (sendo que, a ltima avaliao

    feita pelos Servios de Finanas ocorreu no ano 1997) e considerando que a taxa de IMI era

    de 0,7% (no portal eletrnico do Municpio no consta informao referente ao valor dessa

    taxa no ano 2010, apenas refere os valores das taxas a aplicar no ano 2013, ou seja, 0,7% para

    os prdios urbanos no avaliados nos termos do novo CIMI e 0,35% para os prdios urbanos

    avaliados nos termos do novo CIMI), ento o Imposto Municipal sobre Imveis a liquidar e a

    cobrar nesse ano seria no valor de 227,78 .

    No entanto, depois de efetuada uma reavaliao ao mesmo prdio, no dia 18 de dezembro de

    2010, foi-lhe atribudo um novo valor patrimonial correspondente a 90.775,00 . Face a esta

    nova avaliao e considerando uma taxa de IMI de 0,35% a liquidar e a cobrar no ano 2012,

    ento o imposto a pagar em 2012 foi no valor de 317,72 .

    Ora, neste caso concreto, verifica-se um aumento de receita para o Municpio no valor 89,94

    e, um aumento da carga fiscal para o contribuinte, ou seja, mais dinheiro para o Municpio e

    um aumento das despesas do respetivo agregado familiar e, como tal, a reduo no respetivo

    oramento familiar.

  • 49

    O aumento do imposto para aquela famlia, significa ainda que, podero ter de abdicar da

    realizao de certas despesas, nomeadamente, a reparao de um frigorfico, a compra de um

    novo par de sapatos para o filho mais novo, porque aqueles que tem ao uso esto velhos e

    com a sola rota, ou a compra de um ferro de engomar porque o velho queimou-se com a

    trovada, de forma a disponibilizar esse dinheiro para o pagamento do imposto.

    Claro est que, 89,94 somado por muitas famlias portuguesas vai dar um aumento

    significativo nas receitas municipais.

    Veja-se, por exemplo, que o valor do aumento do IMI ocorrido no perodo de 2010 para 2012

    para o mesmo Municpio, foi de 162.254,25 .

    evidente, que um aumento desta natureza d para pagar muitas faturas de fornecimentos

    contnuos (gua, luz, telefones, papel fotocopiadora, gs, entre outros) e, ainda, permite a

    assuno de novos compromissos financeiros como, por exemplo:

    - A compra de novos pneus para as viaturas do pessoal afeto s limpezas e obras municipais;

    - A reparao de diversos equipamentos;

    - A aquisio de um novo servidor para a sala de informtica com maior capacidade de

    memria RAM e maior rapidez de acesso aos diversos programas, entre outros.

    Quanto ao Municpio de Leiria, verifica-se um aumento das receitas da seguinte forma e nos

    seguintes montantes:

    2010 2011: 805.708,63 ;

    2011 2012: 637.352,66 ;

    Da anlise dos valores constantes do quadro 8, possvel retirar as seguintes concluses:

    - A variao do aumento das receitas do IMI maior no perodo 2010-2011 em relao ao

    perodo 2011-2012.

  • 50

    Quadro 8 Receita Cobrada Bruta com IMI: Anos 2010 a 2012

    Fonte: Elaborao Prpria

    Conforme se constata pelo grfico a seguir indicado, a maior cobrana destas receitas incide

    no Municpio de Leiria. A tal fato, se deve o valor anual do seu oramento para 2012

    (correspondente a um montante de 94.656.274,00 ) e, ainda, sua grande densidade

    populacional (126.897 habitantes, segundo dados do Instituto Nacional de Estatstica de

    2011).

    Grfico 1 Evoluo da Receita Cobrada Bruta com IMI: Anos 2010 a 2012

  • 51

    Imposto Municipal sobre Transmisses Onerosas de Imveis

    O quadro 9, mostra a evoluo ocorrida com o Imposto Municipal sobre Transmisses

    Onerosas de Imveis durante o mesmo perodo 2010 2012.

    Contrariamente, evoluo ocorrida no IMI, verifica-se uma diminuio na cobrana do

    IMT, sendo mesmo bastante significativa nalguns municpios, conforme se verifica pelos

    valores a seguir apresentados:

    Leiria: 2011-2012, diminuio do IMT em 1.811.026,37 ;

    Marinha Grande: 2011-2012, diminuio do IMT em 384.660,24 ;

    Pombal: 2011-2012, diminuio do IMT em 560.309,52 ;

    So, de fato, valores com um impacto muito grande no financiamento desses Municpios,

    sendo de realar, Leiria, em que a falta de receitas naquele montante pode agravar, no curto

    prazo, o seu endividamento face ao exterior (quer com os fornecedores de bens e servios,

    quer no cumprimento de obrigaes/encargos bancrios j assumidos em anos anteriores e

    que na data prevista do pagamento dessas obrigaes, pode o Municpio no ter

    disponibilidades financeiras suficientes para proceder ao cumprimento dessas mesmas

    obrigaes).

    Excecionalmente, no Municpio de Leiria, ocorreu um aumento de 57.896,78 de 2010 para

    2011. As razes para este acontecimento, tm a ver com a aquisio de alguns prdios, seja,

    atravs de compra e venda, permuta ou doaes.

    A diminuio das receitas arrecadadas com este imposto, no de todo inesperada, porque

    face atual conjuntura econmica e social j era de prever uma diminuio na compra de

    prdios urbanos ou rsticos. As famlias portuguesas vm diminuir os seus rendimentos

    mensais com a carga crescente de taxas, preos de bens e servios e os respetivos impostos e,

    ainda, o constante aumento do desemprego.

  • 52

    Por isso, comprar habitao est fora de questo. A soluo passa por recorrer ao mercado do

    arrendamento urbano. E, nalguns casos, volta-se a morar na casa dos pais porque o que se

    ganha por ms no suficiente para fazer face aos respetivos encargos mensais e, com o

    dinheiro que seria para pagar a renda do ms seguinte reserva-se para pagar as dvidas que

    ficaram por pagar na altura devida e para fazer face s despesas correntes do dia-a-dia

    (educao dos filhos, sade, alimentao, vesturio, entre outros).

    Quadro 9 Receita Cobrada Bruta com IMT: Anos 2010 a 2012

    Fonte: Elaborao Prpria

    Pela anlise do respetivo grfico, comprova-se a descida muito acentuada do IMT no

    Municpio de Leiria,

    Grfico 2 Evoluo da Receita Cobrada Bruta com IMT: Anos 2010 a 2012

  • 53

    Imposto nico de Circulao

    Pela anlise do quadro seguinte, verifica-se que a cobrana do Imposto nico de Circulao

    durante o perodo 2010 2012 evoluiu, em sentido crescente, nos vrios Municpios.

    Salienta-se a maior arrecadao da receita no Municpio de Leiria, atendendo sua grande

    densidade populacional, como j foi aqui referenciado. Por sua vez, no Municpio de Pombal,

    houve um aumento bastante significativo deste imposto, no mesmo perodo 2010-2012, no

    montante total de 325.744,54 .

    Este aumento da receita deve-se, em parte, ao aumento das respetivas taxas de imposto

    aplicveis s vrias categorias de veculos mas, tambm, pode ter a ver com o aumento do

    nmero de registos de propriedade de veculos automveis.

    De fato, no possvel andar de carro, sem pagar o respetivo imposto e o no pagamento do

    mesmo tem as devidas consequncias legais (pagamento da respetiva coima/multa ou at

    mesmo apreenso da carta conduo).

    Alm disso, uma grande maioria dos contribuintes, necessita do carro como meio de

    transporte dirio para ir trabalhar.

    Quadro 10 Receita Cobrada Bruta com IUC: Anos 2010 a 2012

    Fonte: Elaborao Prpria

  • 54

    Tambm, atravs do grfico seguinte, se verifica a maior incidncia destas receitas nos

    Municpios de Leiria e Pombal.

    Grfico 3 Evoluo da Receita Cobrada Bruta com IUC: Anos 2010 a 2012

    Derrama

    No prximo quadro, possvel analisar atravs dos dados apresentados, a evoluo ocorrida

    com a Derrama, nos ltimos 3 anos (2010 a 2012). E, como se constata, este imposto tem

    evolues diferenciadas nos 5 Municpios, conforme a seguir indicado:

    - Municpios de: Batalha e Pombal

    Nos anos 2010-2011 e 2011-2012, assiste-se a um decrscimo das receitas;

    - Municpios de: Leiria, Marinha Grande e Porto de Ms

    Nos anos 2010-2011, assiste-se a um acrscimo nas receitas;

    Nos anos 2011-2012, verifica-se o oposto, ou seja, a diminuio das receitas.

  • 55

    Estas diferentes oscilaes, tm a ver com o aumento ou diminuio dos lucros das empresas

    inseridas em cada um dos 5 concelhos, decorrentes dos respetivos volumes de negcios

    anuais e, tambm, com as dificuldades vividas nos ltimos anos pela maioria dos

    comerciantes e que tentam a todo o custo manter a sua atividade ao longo do ano, se no final

    do ano, os resultados no forem os mais favorveis ou se, pelo contrrio, conseguiram

    aumentar os seus resultados, isso vai-se refletir, posteriormente, no valor total da derrama a

    liquidar e a cobrar no ano seguinte.

    Quadro 11 Receita Cobrada Bruta com Derrama: Anos 2010 a 2012

    Fonte: Elaborao Prpria

    Atravs do grfico, aqui apresentado, comprovam-se as diferentes oscilaes de valores

    ocorridas com a cobrana deste imposto e j identificadas no quadro 11.

    Grfico 4 Evoluo da Receita Cobrada Bruta com Derrama: Anos 2010 a 2012

  • 56

    Impostos j abolidos (CA, SISA e ISV)

    Para terminar este captulo, h que fazer uma breve anlise relativa cobrana de impostos

    entretanto, j abolidos, mas que por razes justificveis ( por exemplo: alguns contribuintes

    que no puderam pagar o imposto devido na altura e, s mais tarde, conseguiram efetuaram o

    pagamento do mesmo), alguns deles continuam ainda a ser cobrados pelos Servios de

    Finanas respetivos. Conforme se ir verificar, a arrecadao destas receitas (Contribuio

    Autrquica, SISA e Imposto Municipal sobre Veculos) varivel de uns anos para os outros,

    tendo em conta que, estas tendem a desaparecer logo que regularizados todos os processos de

    dvidas em atraso.

    Quadro 12 Receita Cobrada Bruta com CA: Anos 2010 a 2012

    Fonte: Elaborao Prpria

    O grfico abaixo indicado, identifica o Municpio de Leiria, como aquele que arrecadou mais

    receitas com a Contribuio Autrquica, sendo que, a sua cobrana vai diminuido ao longo do

    perodo 2010-2012.

    Grfico 5 Evoluo da Receita Cobrada Bruta com CA: Anos 2010 a 2012

  • 57

    No quadro seguinte, indicam-se os montantes arrecadados com o imposto municipal da SISA,

    sendo de salientar que, a maior arrecadao dessas receitas verificou-se no Municpio de

    Pombal, onde nos anos de 2010 e 2011, arrecadaram-se receitas nos valores de 79.303,05 e

    70.599,48 , respetivamente.

    Quadro 13 Receita Cobrada Bruta com SISA: Anos 2010 a 2012

    Fonte: Elaborao Prpria

    O presente grfico, demonstra que, medida que os processos antigos (pendentes) vo sendo

    regularizados, as respetivas receitas a cobrar tambm vo diminuindo.

    Grfico 6 Evoluo da Receita Cobrada Bruta com SISA: Anos 2010 a 2012

  • 58

    Para efeitos de concluso, apresenta-se o seguinte quadro, no qual se demonstra que de entre

    os 5 municpios, apenas Leiria efetuou a cobrana do anterior Imposto Municipal sobre

    Veculos. A sua cobrana dever-se- regularizao de alguma dvida existente quela data.

    Quadro 14 Receita Cobrada Bruta com ISV: Anos 2010 a 2012

    Fonte: Elaborao Prpria

    O presente grfico reflete as justificaes j aqui apresentadas, sendo que, o Municpio de

    Leiria, cobrou 26,58 de receita bruta referente ao ISV. Nos outros perodos de referncia

    (2010 e 2012), no se veifificou qualquer cobrana desta receita, o que significa que, os

    Servios de Finanas da respetiva rea geogrfica tinham todos os processos regularizados

    porque os seus contribuintes pagaram os respetivos Documents de Cobrana nas datas

    devidas.

    Grfico 7 Evoluo da Receita Cobrada Bruta com ISV: Anos 2010 a 2012

  • 59

    5.2. Evoluo do montante das transferncias do OE efetuadas para os diversos

    Municpios definidos na amostra, no perodo de 2011 a 2013

    de realar a importncia destas transferncias para os vrios municpios portugueses, uma

    vez que, constituem uma das suas principais fontes de financiamento e sem as quais no

    conseguiriam assegurar o pagamento dos seus compromissos financeiros.

    Pela consulta dos diversos Mapas XIX das Transferncias para os Municpios, anexos aos

    Oramentos Anuais do Estado, verifica-se um aumento das transferncias anuais do FEF no

    perodo decorrido entre 2002 e 2010. Contudo, essa tendncia est a inverter-se na medida,

    em que, assiste-se a uma diminuio das transferncias do Estado para as Autarquias Locais,

    situao essa, que pode pr em perigo, num curto perodo de tempo, diversos pagamentos

    com prazos claramente definidos e que se no forem cumpridos o Municpio pode incorrer no

    pagamento de coimas/juros ou outras penalidades e, desta forma, prejudicar o normal

    funcionamento de alguns dos seus servios.

    Se bem que, os duodcimos transferidos, mensalmente, destinam-se exclusivamente ao

    pagamento das remuneraes com o pessoal e enquanto no for efetuado o processamento e

    pagamento dos vencimentos, aquele valor do duodcimo creditado na conta intocvel.

    Quanto ao valor restante existente na conta bancria, este destina-se ao pagamento de faturas

    no mbito da aquisio de bens ou servios ou at mesmo dos fornecimentos contnuos.

    Quanto aos valores a transferir mensalmente, os mesmos constam do respetivo Mapa dos

    Duodcimos elaborado pela DGAL.

    Tambm, pela anlise dos valores constantes dos Mapas XIX, verifica-se que os valores do

    FEF transferidos no ano corrente (2013), so os mesmos que foram transferidos no ano

    anterior (2012).

    Salvo algumas excees, os valores do FEF referentes a 2013 so relativamente superiores

    aos valores transferidos em 2012. A justificao para estas excees tem a ver com o fato de

    alguns Municpios aumentarem a % de participao no IRS para o valor mximo de 5%.

  • 60

    Desta forma, se compreende, a razo do aumento do valor do FEF transferido em 2013 para

    os Munic