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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL
Verônica Vicentini T. dos S. Monte
ORIENTADORA
Mª. DINA LÚCIA CHAVES ROCHA
Rio de Janeiro
2010
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL
Rio de Janeiro
2010
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para a
conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato
Sensu” em Psicomotricidade.
Por: Verônica Vicentini Targa dos Santos Monte
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AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus e ao nosso senhor Jesus Cristo por
ter me dado a oportunidade e ter me favorecido quanto
ser humano. Aos meus familiares por ter me auxiliado
nessa trajetória compreendendo a minha ausência e a
todos os que acreditaram e torceram por mim na minha
caminhada.
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a meu marido Marco e a meu filho
Pedro Henrique, como resultado dos momentos em que
estive ausentes pessoas estas que almejo compartilhar
esta conquista.
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RESUMO
Esta pesquisa tem como objetivo saber o que é psicomotricidade, suas áreas
de atuação, reconhecer e diferenciar a psicomotricidade relacional e funcional e
como se dá a educação psicomotora com as crianças de três a cinco anos de
idade. Após o estudo ficou provado que as crianças precisam ter acesso a
práticas psicomotoras para que assim possam desenvolver sua lateralidade,
sua coordenação global, fina e óculo manual ter um maior conhecimento do
seu esquema corporal, sua estruturação espacial, espaço temporal com maior
segurança dos movimentos que seu corpo pode realizar. A fim de estudar estas
e outras questões relacionadas ao tema psicomotricidade considerando que o
desenvolvimento psicomotor tem uma importância característica ao
desenvolvimento escolar do individuo de três a cinco anos de idade. Por fim
analisar as possíveis contribuições que as práticas psicomotoras proporcionam
ao desenvolvimento infantil.
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METODOLOGIA
Os métodos utilizados para a realização deste projeto foram leitura
de livros sobre psicomotricidade citados na bibliografia, leitura de artigos
monográficos, textos e a participação nas aulas acompanhadas durante o
período dessa pós-graduação. Buscando assim, identificar descrever, analisar
e aprender a utilizar a psicomotricidade com crianças que estão na faixa etária
de três a cinco anos de idade.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPITÚLO 1 9
PSICOMOTRICIDADE
CAPÍTULO 2 24
EDUCAÇÃO PSICOMOTORA COM CRIANÇAS DE 3 A 5 ANOS DE IDADE
CAPÍTULO 3 28
PRATICANDO A PSICOMOTRICIDADE ATRAVÉS DO TRABALHO LUDICO
CONCLUSÃO 38
BIBLIOGRAFIA 39
ÍNDICE 40
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INTRODUÇÃO
Segundo Coste (1978), a psicomotricidade é uma ciência-
encruzilhada ou, mais exatamente técnica em que se cruzam e se encontram
múltiplos pontos de vista, e que utiliza a aquisições de numerosas ciências
constituídas (biológica, psicologia, psicanálise sociologia e lingüística)
Muito se fala das dificuldades das crianças nas escolas nas séries
de Educação Infantil e fundamental, fala-se que as crianças não possuem
comportamentos adequados, quanto à tonalidade da voz, escrita, porém pouco
se comenta sobre o trabalho psicomotor que devem fazer para que um corpo
se movimente adequadamente. Todos concordam que a infância de hoje não é
a mesma de alguns anos atrás, nos dias atuais quase não vemos mais as
crianças brincando nas ruas com grupos de pique ou de cantigas de roda,
devido ao trânsito e a própria violência, nas brincadeiras atuais vemos as
crianças brincando com vídeo game, computador sozinhas, dificultando assim
o seu desenvolvimento psicomotor.Porém algumas pessoas por terem algum
comprometimento no seu desenvolvimento psicomotor precisam fazer uma
reeducação psicomotora para que assim possa desenvolver o aspecto
comunicativo do seu corpo.
Todos concordam que a criança deve praticar criar, vivenciar
diversas atividades para que assim ela descubra os outros e o mundo o qual
ela vive.
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CAPÍTULO 1
PSICOMOTRICIDADE
1.1 O Que é Psicomotricidade?
A Psicomotricidade é uma ciência-encruzilhada ou, mais
exatamente, uma técnica em que se cruzam e se encontram múltiplos pontos
de vistas e que utiliza as aquisições de numerosas ciências constituídas
(COSTA,1978)
Dr. Jolivet (apud Coste, 1981, p. 9). Diz que Além de a
psicomotricidade ser uma ciência ela é uma terapia. A terapia psicomotricista.
A prática da psicomotricidade faz com que o homem não seja o seu corpo. O
homem é um ser que pensa e que fala e a reeducação psicomotora tem o
objetivo fazer com que esse corpo se comunique da melhor maneira possível.
No livro teoria e prática em psicomotricidade de Geraldo Peçanha de
Almeida diz que a psicomotricidade, portanto é um termo empregado para uma
concepção de movimento organizado e integrado em função das experiências
vividas pelo sujeito cuja ação é resultante de sua individualidade, sua
linguagem e sua socialização.
1.2 Áreas de Atuação
Segundo Almeida (2009), estudos de pesquisadores recentes dizem
que às áreas de atuação da psicomotricidade são: Educação, Clinica,
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consultoria e supervisão. Apesar de suas particularidades em determinados
momentos esses três campos da atuação se confundem.
Os três campos de atuação da psicomotricidade poderão fazer uso
de materiais como dinâmicas, brincadeiras jogos específicos ou adaptados.
Junto deles pode-se fazer o uso de materiais como o tatame, bolas de vários
tamanhos, colchões e materiais diversos.
Contudo o que diferenciará as áreas de trabalho serão os projetos e
os objetivos de trabalho a forma de utilização dos diversos recursos que serão
utilizados.
A educação psicomotora é direcionada a crianças que são ditas
normais, atuando como parte integrante da educação de base na fase da pré-
escola, fazendo assim parte do currículo escolar.
1.2.1 Estimulação
“Os brinquedos das crianças não são brinquedos, é necessário
considerá-los como ações sérias.” (MONTAIGNE apud ALVES, 2009, p. 23)
Entende-se por estimulação psicomotora o programa que envolve
contribuições para o desenvolvimento harmonioso da criança no começo de
sua vida. Estimulação quer dizer despertar, desabrochar, o movimento. Dirige-
se primeiramente a recém-natos e pré-escolares. Alguns autores referem-se á
estimulação psicomotora como estimulação precoce, mas consideramos o
termo errôneo, sendo mais sensato utilizarmos estimulação essencial.
De acordo com a lei de Diretrizes e base n º 9394/46, art. 9 define
como finalidade a Educação Infantil o desenvolvimento integral até os seis
anos de idade em seus aspectos físico psicológico, intelectual e social(...).
É no processo de autoconstrução que a criança chega à instituição
de ensino. O professor tem como função trabalhar cada uma das dimensões,
para levá-lo a construção da unidade corporal e a afirmação da identidade. O
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educador não pode só investir no intelecto ele também tem que investir no
corpo como instrumento de aprendizagem. A educação psicomotora tem a
função educativa e preventiva.
Segundo Lapierre e Aucouturier (1986), para aprender a criança
necessita de:
a) Uma organização de si do espaço e do tempo que lhe permita
aprender;
b) Uma organização mental que lhe permita aprender;
c) Uma organização psicoafetiva que lhe permita desejar aprender.
As atividades psicomotoras são abrangentes e contribuem de forma
plena para com os objetivos da educação.
1.2.2 Educação Psicomotora
Para falar de Educação Psicomotora será iniciado com uma citação
dos mais conceituados autores da psicomotricidade Jean Le Boulch (1992ª, p.
24 e 25) apresenta o objetivo da educação psicomotora proposta pela
comissão de renovação pedagógica para o 1º grau na França.
A educação psicomotora deve ser considerada como uma educação de base na escola primaria. Ela condiciona todos os aprendizados pré escolares, leva a criança a tomar consciência de seu corpo da lateralidade, a situar-se no espaço, a dominar seu tempo, a adquirir habitualmente a coordenação de seus gestos e movimentos. A educação psicomotora deve ser praticada desde a mais tenra idade conduzida com perseverança, permite prevenir inadaptações difíceis de corrigir quando já estruturadas(...)
Já Morizote (1979) explica a educação psicomotora como uma
atividade através do movimento visando um desenvolvimento de capacidades
básicas sensoriais, perceptivas e motoras propiciando uma organização
adequada de atitudes adaptativas atuando como agente profilático de
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distúrbios da aprendizagem. A educação psicomotora é trabalhada através
de várias atividades, principalmente jogos e exercícios procurando elevar a um
adequado desenvolvimento físico, mental afetivo e social. Ao realizar um
exercício psicomotor várias áreas estão sendo trabalhadas nesse momento.
Segundo Mello (1987) uma função psicomotora sempre encontra-se associada
a outras.
Prova-se, entretanto que pessoas aplicadas a psicomotricidade
utilizam terminologias e classificações para as áreas psicomotoras que não
indicam diferenças sensíveis. Cada autor ressalta certas funções psicomotoras
sob determinados aspectos dificultando terminologias comuns para as diversas
áreas psicomotoras.
1.2.3 Reeducação Psicomotora
Segundo Mello (1989) a reeducação psicomotora trabalha com
portadores de sintomas de ordem psicomotora, como debilide, atraso e
instabilidade psicomotora, dispraxias, distúrbios do tônus da postura do
equilíbrio e da coordenação e deficiências perceptivo motoras. Já Coste (1981,
p. 10) apresenta de uma forma bastante transparente os objetivos da
reeducação psicomotora. A reeducação psicomotora tem por objetivo
desenvolver esse aspecto comunicativo do corpo o que equivale a dar ao
indivíduo a possibilidade de dominar o seu corpo e de economizar sua energia
de pensar seus gestos a fim de aumentar-lhes a eficácia e a estética, de
completar e aperfeiçoar seu equilíbrio. Os objetivos citados por Coste (op.cit)
se assemelham aos objetivos da terapia psicomotora e da educação
psicomotora.
Seja para pessoas de pouca idade com problemas de ordem
patológica, que são encaminhados para a terapia psicomotora ou para as
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crianças de inteligência dita normal, que terão uma educação psicomotora,
que permitirá prevenir defasagens e inadaptações escolares, é valorizando
esse aspecto comunicativo e de domínio do seu corpo.
O transmissor de antigos conhecimentos trabalhará sobre o sintoma
de ordem psicomotora que já foi diagnosticado.
Fonseca (1993) indica para a terapia psicomotora a debilidade
motora, crianças psicóticas, deficientes motores, debilidade mental, deficiência
visual e a reinserção profissional .
A reeducação psicomotora segue dois eixos diferentes sobre os
quais eles não se excluem mutuamente.
Para executar o seu trabalho o psicoeducador tem direito a uma sala
de aula, a material, a horários apropriados, e ao direito de participar de
reuniões, o que não favorece a solução de conflitos de poder ou saber. A
solução desses conflitos habita em parte na disposição próprios para a
expressão de motivos de queixas pessoas ou coletivos. Também reside em
cada um compreender o outro para assim vencer as suas dificuldades.
(COSTE, p. 75 a 81)
1.2.4 Terapia
A terapia psicomotora envolve crianças com quadro de hipercinese
associado a outras dificuldades, crianças com agressividade acentuada,
pulsões motoras incontroladas, casos de excepcionalidades e dificuldades de
relacionamento corporal e também destinada a individuo que possuem a
associação de transtornos psicomotores com transtornos da personalidade.
A diferença entre reeducador e terapeuta está no foco do problema.
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1.3 Psicomotricidade Funcional e Relacional
A psicomotricidade divide-se em funcional e relacional.
Psicomotricidade funcional são as possibilidades percebidas através
da ação e da qualidade dos movimentos integrandos no tempo e no espaço.
Na área relacional a expressão vem através do gesto do corpo, há
um dialogo e uma comunicação entre outros corpos, revelando ser mais afetivo
ou mais agressivo, isso é a personalidade. Os conceitos relacionais facilitam a
reação entre esses corpos através dos desejos, das frustrações e ações.
1.3.1 Psicomotricidade Funcional
São as condições adquiridas através da ação da qualidade dos
movimentos, integrando-os num tempo espaço.
Os conceitos funcionais são:
Coordenação motora global - Ela permite contrair grupos
musculares diferentes de uma forma independente, inibindo os movimentos
parasitas, como as paratoninias e sincinesias. Segundo Alves (1981), Para que
ocorra essa coordenação é necessária uma perfeita harmonia de grupos
musculares colocados em movimento ou em repouso.
“A criança progressivamente se descobre através de uma atividade
corporal global ou instintiva a principio, diferenciada e intencional depois, e esta
atividade lhe permite descobrir o mundo que a rodeia.” (DAMASCENO, 1992).
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É por meio de uma coordenação dinâmica adequada que a
criança consegue estabelecer relações de ações e movimentos que serão seu
carro- chefe na educação de sua motricidade.
Para que se tenha um bom desenvolvimento da coordenação
dinâmica global, as atividades deverão seguir uma progressão, partindo de
propostas simples para outras sucessivas e combinadas, seguindo do amplo
para o especifico.
Coordenação motora Fina – Ela é instintiva e ligada ao
desenvolvimento físico. É a união harmoniosa de movimentos, ela supõe
integridade e maturação do sistema nervoso. Segundo Jocian ela é
considerada como a capacidade de controlar os pequenos músculos para
exercícios refinados, e envolve também a coordenação viso-motora ou óculo
motora, a coordenação viso manual ou óculo-manual e a coordenação músculo
facial.
A Coordenação músculo-facial refere-se aos movimentos refinados
da face propriamente ditos e é fundamental na aquisição da fala, da
mastigação e da deglutição
A Coordenação viso-manual - é a coordenação entre a visão e o
tato. O treinamento da coordenação viso-manual deve atingir três
particularidades da coordenação: a destreza, a velocidade e a precisão.
O tônus - É uma tensão muscular existente em repouso como
também em movimento. Ele pode ser muscular (quando realiza o movimento),
Afetivo (refere-se ao estado de espírito apresentado), tônus mental (é a
capacidade de ação no momento). (FÁTIMA, 2009).
Dalila Costallat (1990) considera o tônus como um estado de
atenção necessário para harmonia do gesto e do equilíbrio do organismo.
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Ganong (1977) cita que a resistência de um músculo à distensão é
comumente referida como seu tônus ou tono. Geralmente os músculos são
hipotônicos quando a freqüência de descarga eferente gama é baixa e
hipertônicos quando a freqüência é alta.Para a criança ter um bom
desenvolvimento manual coordenado ou uma boa coordenação viso manual
ela precisa ter um bom desenvolvimento do tônus.
Ajuriaguerra (1980) afirma que ”O tônus que prepara e guia o gesto
é simultaneamente a expressão de realização ou frustração do individuo.”
Wallon (1966) comenta que a nível corporal existe uma organização tônica
ligada as vivencias emocionais e afetivas, sendo uma forma espontânea de
lidar com o significado simbólico da vivencia e que não podemos evitar.
Segundo Lapierre (apud Santos, 1996), as pessoas se relacionam
em duas dimensões, sendo uma consciente e lógica e a outra analógica. O
espaço analógico é percebido e deletado pelo tônus muscular. É a
maleabilidade nas relações afetivas por meio do dialogo tônico- afetivo
estabelecido entre dois indivíduos que instituirá a verdadeira comunicação.
Equilíbrio - É à base de toda a coordenação dinâmica global. Ele
pode ser estático ou dinâmico.
O equilíbrio estático apresenta mais dificuldade sendo mais abstrato
e exigindo muita concentração (Jocian, 1998, p. 55). Já o equilíbrio dinâmico
está em estreita relação com a constituição estato-ponderal, com as funções
tônico-motoras, com os membros e os órgãos tanto sensoriais como os
motores.
O equilíbrio depende essencialmente do sistema labiríntico e do
sistema plantar.
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Segundo Alves (1981) O equilíbrio necessita de uma estruturação
do esquema corporal e uma integração e perfeição dos mecanismos
neuropsicomotores.
Esquema corporal - É um elemento básico indispensável para a
formação da personalidade da criança, sendo seu núcleo central, pois reflete o
equilíbrio entre as funções psicomotoras e sua maturidade. O individuo se
conscientiza do seu corpo através da percepção do mundo externo. É a
imagem corporal, ou seja, a intuição que a criança tem de seu corpo em
relação ao espaço dos objetos e das pessoas, propiciará a relação deste com o
outro de qualquer maneira normal, quer de maneira patológica (Jocian, 1998, p.
57).
No livro Psicomotricidade Teoria e Prática, Lovise (1998, p. 57), diz
que segundo Coste (1978), “O esquema corporal é, portanto, resultado da
experiência do corpo do qual o individuo toma pouco a pouco consciência e da
maneira como o corpo se põe em relação ao meio.”
O conhecimento intelectual das partes do corpo e de suas funções
chama-se esquema corporal.
A função de socialização do indivíduo também é representada
através do desenvolvimento do esquema corporal
Através de todos os sentidos a criança percebe o seu corpo, e assim
o conhecimento da criança pelo próprio corpo tem um papel importante nas
suas relações com o ambiente, a criança começa a formar sua própria imagem
corporal quando começa a estabelecer diferenciações partindo de seus
próprios movimentos. Sendo assim através da distancia percebida entre ela e
os objetos a criança começa a delinear as primeiras noções espaciais.
O esquema corporal abrange a imagem corporal, o conceito
corporal. A lateralidade está intimamente ligada ao esquema corporal quem
definirá se uma criança será destra ou canhota e o hemisfério cerebral. A
integração bilateral postural do corpo é a lateralidade. Ela é inata e
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basicamente governada por fatores genéticos, embora as experimentações e
o social possam influenciar. Problemas psicológicos, sociais motores ou
neurológicos.
Lateralidade - É a capacidade motora de percepção integrada dos
dois lados do corpo. É o elemento fundamental de relação e orientação com o
mundo exterior.
A lateralidade liga-se ao desenvolvimento do esquema corporal. As
atividades motoras são controladas por um dos hemisférios cerebrais,
considerado dominante. Essa dominância é relativa mesmo no que se refere à
organização neurobiológica e cerebral e podem ocorrer numerosas
substituições e compensações.
Canongia (apud Jocian, 1998, p. 59) diz que: a lateralidade é “O
emprego de preferência dos membros de uma metade a outra do corpo.”
Durante o crescimento da criança se define a dominância lateral.
Pode-se observar:
Lateralidade homogênea- dominância destra ou canhota a nível de
todas as observações.
Lateralidade cruzada- destra da Mão, canhota do pé, do olho e do
ouvido ou vice – versa.
Ambidestra – É tão hábil do lado direito quanto do esquerdo.
A definição do nosso lado dominante está relacionada a vários
fatores (culturais, ambientais, neurobiológicos etc.) Fonseca (apud Jocian,
1998, p. 60) coloca que “Se uma criança é imatura no plano psicomotor,
hesitará em definir sua lateralidade e que só depois de definida a lateralidade a
criança poderá aprender a orientação, seriação, precisão e ajustamento
espaço-temporal.“
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Estrutura espacial - “A estruturação espacial não se ensina nem
se aprende, descobre-se.” (Lapierre, 1986). No entanto é necessário que no
processo educativo leve em conta a evolução da estrutura progressiva da
noção de espaço a fim de poder proporcionar os meios e motivações mais
eficazes para ajudar essa descoberta.
Ela é a tomada de consciência da situação das coisas entre si. Toda
a nossa percepção de mundo é uma percepção espacial na qual o corpo é o
termo de referencia.
A todo instante a criança encontra-se em um espaço bem preciso
onde lhe é solicitado que se situe que situe os objetos uns em relações aos
outros que se organize em função do espaço de que dispõe. Portanto, a
estruturação espacial é parte integrante de nossa vida.
Aprender a localização de um objeto no espacial não é fácil, pois
começa no inicio da vida e continua durante a idade adulta por meio das
revisões de nossos conceitos espaciais. A percepção do espaço constitui um
requisito para a criança se encontrar em casa, na rua, nos campos nas escolas
em suas muitas situações de vida e exigem tanto capacidade motora quanto
percepção espacial. A elaboração do espaço deve-se essencialmente à
coordenação dos movimentos, vendo-se aqui a estreita relação que existe
entre o desenvolvimento e a inteligência sensório-motora propriamente dita.
O eixo corporal ocupa um lugar importante na construção do espaço,
determinando as noções de em cima, embaixo, alto baixo, direita esquerda,
direções obliquas, à frente atrás. O espaço deve ser organizado primeiro em
relação ao próprio corpo e depois em relação ao outro e aos objetos, após ter
adquirido essas noções, e de acordo com a percepção temporal desenvolver-
se-ão exercícios de observação da velocidade, duração etc. (Jocian, 1998, p.
64)
A carência espacial pode comprometer a aprendizagem na leitura.
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Organização temporal - As noções temporais são bastante
abstratas e muitas vezes bem difíceis de ser adquiridas pelas crianças. A
noção de tempo está intimamente ligada à noção de espaço. O tempo é, no
entanto uma noção material a qual não podendo ser objetivada, pode apenas
ser expressa pelo som (Jocian, 1998, p. 65).
Para a compreensão do tempo é fundamental a ação da memória,
que desempenha importante papel. Ela é sobretudo sensorial e sensível até o
concreto. Para Fonseca (1983), A orientação temporal é o tempo ligado ao
espaço e envolve ritmo.
Bucher (in Chazaud,1987) afirma que a noção de tempo está muito
ligada a afetividade e que todas as crianças que apresentam problemas
afetivos têm a noção de tempo perturbada.
Ritmo – É a força criadora que está presente em todas as
atividades humanas e se manifesta em todos os fenômenos da natureza. Nas
atividades humanas ele é inerente tanto nas atividades intelectuais como nas
físicas, caracterizando-se por uma sucessão de movimentos diferentes.
Existem os ritmos; ritmo vital; ritmos biológicos, os ritmos biológicos são eles:
ritmo ultradiano, circadiano e infradiano. (Jocian, 1998, p. 66).
Os ritmos externos organizam a sucessão dos eventos naturais e do
conjunto de fenômenos que correspondem (claridade, escuridão, calor, frio,
germinação e floração, migração dos animais etc.) e os internos, seus ciclos
vitais.
Segundo Berges (in Masson,1988), o ritmo é o teatro principal da
atividade Tonico-motora, o qual funciona como suporte de todos os
comportamentos humanos.
Por intermédio do ritmo a criança conseguirá equilibrar os processos
de assimilação e acomodação que permitem sua adaptação para poder
apreciar os valores e ideais humanos. O individuo que consegue desenvolver
um ritmo próprio aumenta seu poder de concentração e facilita sua capacidade
de aprendizagem indo mais a fundo e aprimorando o ritmo próprio do individuo,
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estaremos desenvolvendo sua própria individualidade desenvolvimento.
(Jocian, 1998, p. 66)
O verdadeiro objetivo da atividade rítmica em educação psicomotora
reside em que ao ajudar a supressão das contraturas devido a uma atividade
voluntaria mal controlada, o ritmo permite a flexibilidade, o relaxamento, a
independência segmentaria, elementos indispensáveis da autonomia motora.
Ajuriaguerra (1980) diz que a educação pelo ritmo é um meio
extremamente eficaz de combater a ansiedade, a inibição, a debilidade motora,
a inexpressão, a rigidez de atitudes etc.
1.3.2 Psicomotricidade Relacional
Lapierre (apud Jocian, 1998, p. 72) afirma: “Não podemos existir no
desejo do outro a não ser na medida em que o outro existe.”, por meio da
psicomotricidade e pelo movimento desse corpo. Por meio dom movimento
desse corpo e por meio da psicomotricidade, pode-se desenvolver o corpo que
se expressa que dialoga que se comunica com outro s corpos que revela sua
personalidade mais afetiva e agressiva. Esses conteúdos relacionais permeiam
a relação entre esses corpos, frustrações e ações.
Expressão - Por meio dela a criança demonstra verdadeiramente
os seus sentimentos e, conseqüentemente as suas dificuldades, sejam elas de
ordem psicológica física ou biológica. Para se atingir uma expressão plena do
corpo inteiro é preciso é preciso ter a coordenação física e psíquica integradas.
Por meio da espontaneidade o individuo facilita sua adaptação a novas
situações, Berge (apud Jocian, 1998, p. 72) cita que: “O movimento
espontâneo nascerá quando o corpo tomar consciência da pele, dos músculos,
das articulações, da respiração, quando o ouvido perceber os sons, quando o
olhar souber ver no outro a graça viva do gesto.” Qualquer manifestação
corporal expressa deve ser revelada, pois traz em si a natureza espontânea do
22
gesto. Guedes (apud Jocian, 1998, p. 73) comenta: “Somente nesse
processo de comunicação com o mundo, onde as relações se estabelecem
dialeticamente, é que se torna possível a construção do conhecimento.”
A expressão e a comunicação caminham juntas. Pode-se se dizer
que é impossível um individuo não se comunicar, comunicar-se não é só
transmitir uma informação.Para que um profissional consiga estabelecer uma
relação de comunicação é preciso que ele estabeleça uma relação de
crescimento, precisa aprender a escutar. Referimos a escutar a ouvir o outro
em todos as características. Ouvir verdadeiramente alguém resulta em uma
satisfação especial. Aucouturier & Lapierrre (1986) comentam que na prática
psicomotora passamos por diferentes etapas de comunicação, mas o essencial
nesses modos de comunicação é a carga afetiva que se encontra por baixo
deles. A linguagem não verbal tem uma forma significativa na abordagem
psicomotora, o interessante é que a linguagem verbal venha após o vivido na
sua reflexão e não associado a ele.
Na educação alguns professores se esquecem que as crianças se
comunicam com o corpo. É com o corpo que os dois indivíduos conseguem
falar, ouvir, perceber e sentir. A conversa se dá através pela comunicação e
pela linguagem que cada corpo possui.
Em Rogers (apud Jocian, 1998, p. 74) disse que “Uma sensibilidade
para ouvir, uma satisfação em ser ouvido. Uma capacidade de ser autentico
que provoca uma maior autenticidade dos outros.” E conseqüentemente, uma
maior liberdade para dar e receber amor. São os elementos para uma
comunicação verdadeira e viva.
Afetividade - A primeira comunicação da criança com o meio é a
psicomotora o fator estimulante nesse caso é a afetividade. Essa relação só é
existente se o adulto se dispuser corporalmente. Para haver a troca é
necessário que os dois corpos ajam e se cooperem corporalmente, Piaget
(1986) coloca que existe um estreito paralelismo entre o desenvolvimento da
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afetividade e das funções intelectuais, e que nenhum ato é puramente
intelectual nem puramente afetivo, mas que sempre em todas as partes, tanto
nas condutas relativas aos objetos como nas relativas ás pessoas, ambos os
elementos intervém porque um supõe o outro. No desenvolvimento da criança
a afetividade tem um papel importante.
Wallon (apud Jocian, 1998, p. 75) dá a afetividade um valor um
valor funcional. Para ele a afetividade “É o resultado de sensações agradáveis
e desagradáveis de sentimento e de amor , que determinam a conduta postural
e dão ao corpo sua expressão.”. O lugar das expressões e das impressões de
afetividade é o corpo. A afetividade também é o principal elemento entre o
individuo e o seu educador, reeducador e terapeuta. E para que isso aconteça
Lapierre & Aucouturier (1986) comentam que a criança espera que o educador
uma disponibilidade de empréstimo de seu corpo afim de que possa projetar
simbolicamente seus desejos e encontrar ferramentas corporais e emocionais
para relacionar-se com o mundo.
Agressividade - Segundo Lapierre e & Aucouturier (1986)
agressividade é o resultado de um conflito entre o desejo de afirmação pela
ação e os obstáculos e interdições que essa afirmação encontra. Eles também
afirmam que a agressividade deve ser vista como estruturante e o excesso da
agressividade, levando agressão e á auto-agressão, devem ser pontuados e
limitados. Por meio da agressividade a criança tem a possibilidade de assumir-
se e de afirmar sua identidade. A Agressividade bem canalizada ajuda a
criança a esgotar as manifestações próprias de uma fase canalizando-as de
forma mais elaborada ou modificada para a fase seguinte, ajudando-a a
crescer. Reprimir a agressividade ou leva a impulsão ou a compulsão.
Limites - O limite muitas vezes vem associado à disciplina que
depende do meio. Existem vários tipos de limites. O limite que é nosso, que
vem do nosso próprio corpo. Outro tipo de limite é o externo ele se refere às
24
noções espaciais e temporais de contorno de textura de relação entre os
desejos das pessoas etc. eles passam a ser percebidos pelo movimento
intencional e prazeroso.
Os educadores não devem confundir disciplina com poder e muito
menos subordinar o indivíduo, e mais acentuadamente a criança a seus
desejos e imposições, Moreira (apud Jocian, 1998, p. 78) aborda o risco da
“Domesticação corpórea.”, em que a disciplina acaba fabricando corpos dóceis
e submissos, dissociando o poder do corpo Segundo Garcia (1988) (apud
Jocian, 1998, p. 78) na conquista do corpo harmônico o prazer e a
necessidade de limites não querem dizer repressão. Não há nada que reprimir,
mas sim controlar. “Aquilo que não se reprimir se conhece, não atua a um nível
inconsciente e então podemos controlar e assim pode chegar a um corpo em
harmonia, a um ser em harmonia com os outros e com si mesmo.”
O papel principal do psicomotricista é dar condições para que esse
adulto futuro, exerça livremente seu poder de agir sobre o meio conservando a
autonomia própria e respeitando a do outro como educadores e profissionais
essa é uma de nossas funções.
Vayer & Toulose (apud Jocian, 1998, p. 78) afirmam que não existe
ação que não seja corporal.
A condição básica para a qualidade de vida do individuo é a
corporeidade. Unidade corporal é como é chamada a corporeidade dentro da
psicomotricidade. Essa construção se da pela estruturação da imagem
corporal. Através do equilíbrio entre a quantidade e a qualidade das relações e
correlações se dá a imagem do corpo.
A noção de corporeidade está intimamente ligada á noção de
identidade, conseguimos perceber o outro e relacionarmos com ele através da
atividade dinâmica e globalizante.
25
CAPÍTULO 2
EDUCAÇÃO PSICOMOTORA COM CRIANÇAS DE 3 A 5 ANOS DE IDADE
A Educação Psicomotora abrange todas as aprendizagens da
criança processando-se por etapas progressivas e específicas conforme o
desenvolvimento geral de cada indivíduo, realiza-se em todos os momentos da
vida por meio de percepções vivenciadas, com uma intervenção direta a nível
cognitivo motor e emocional estruturando o individuo como um todo. A
educação passa pela facilitação das condições naturais e prevenção de
distúrbios corporais. Ela se realiza na escola, na família e no meio social com a
participação dos pais, educadores e dos professores em geral.
Le Bouch (apud Jocian, 1998, p. 84) comenta que “A educação
psicomotora deve ser considerada como uma educação de base na escola
elementar, ponto de partida de todas as aprendizagens pré-escolares e
escolares.”.
Vayer (1989) coloca que, do ponto de vista educativo, o papel e lugar da educação psicomotora na educação geral corresponderá naturalmente, ás diferentes etapas do desenvolvimento da criança, e assim entendemos que: no curso da primeira infância toda educação é educação psicomotora; no curso da segunda infância a educação psicomotora permanece sendo o núcleo fundamental de uma ação educativa que começa a diferenciar-se em atividades de expressão, a organização das relações lógicas e as necessárias aprendizagens de leitura-escrita-ditado; no curso da grande infância.
Lapierre (apud Jocian, 1998, p. 84) coloca que a educação
psicomotora “É uma ação psicopedagógica que utiliza os meios da educação
física, com a finalidade de normalizar ou melhorar o comportamento do
individuo.”.
Com a Lei de Diretrizes e bases de 1996 o ensino da Educação
Infantil ganha destaque no cenário brasileiro. E com isso a Educação
26
psicomotora ganha espaço, pois ela trabalhará através de várias atividades
como jogos e exercícios promoverão um desenvolvimento físico, social, mental,
sabendo-se que essas atividades estarão colaborando para o desenvolvimento
das áreas psicomotoras e que ela nunca desenvolverá somente uma área.
Le Boulch (1983) define que a aplicação da Educação Psicomotora é
entendida como uma metodologia de ensino que instrumentaliza o movimento
humano enquanto meio pedagógico para favorecer o desenvolvimento da
criança. A psicomotricidade tem como objetivo combater a inadaptação
psicomotora, pois ela tem a finalidade de reorganizar os processos de
aprendizagens de gestos motores.
Fonseca (1995) diz que a psicomotricidade surge como alicerce –
sensório – perceptivo - motor indispensável na contribuição do processo de
Educação, e reeducação psicomotora, pois atua diretamente na organização
das sensações, das percepções e nas cognições, visando a sua utilização em
respostas adaptativas previamente planificadas e programadas.
2.1 Educação Psicomotora na Educação Infantil
A lei de Diretrizes e bases de 1996 definiu que a primeira etapa da
Educação Básica diz que nas creches e na pré-escola acontecem as
mudanças mais ricas no dia-a-dia das crianças, nesse período tanto a Creche
como a Educação Infantil ajuda a desenvolver e ampliar conhecimentos.
De acordo com o referencial cabem aos educadores da pré-escola
trabalhar a imagem positiva de si a fortalecer a auto-estima, para isso os
alunos deverão conhecer próprio corpo, suas potencialidades e seus limites,
também devem ser desenvolvidas a comunicação e a interseção social. Nessa
interação com os outros e que se aprende a respeitar e valorizar a diversidade.
É fundamental o trabalho com a linguagem corporal, musical, plástica oral e
escrita. A criança tem de se perceber como integrantes e agentes
transformados do meio ambiente e contribuir para a sua preservação. A
brincadeira não pode ser esquecida, pois quando a criança brinca
27
principalmente de faz de conta ela recria acontecimentos e expressa
emoções, sentimentos desejos, pensamentos e necessidades. Através da
brincadeira a criança desenvolve habilidades importantes como a atenção, a
memorização a imaginação, a imitação a criança também amadurece a
capacidade de socialização por meio da interação e da utilização de regras e
papeis sociais.
Através da fantasia e da imaginação é que aprendemos sobre o
relacionamento das pessoas.
O desenvolvimento psicomotor da criança de três anos de idade é
acentuado ela já consegue saltar sobre uma corda, pular fora de uma cadeira,
permanecer sobre um pé e gosta de correr. Começa a ter noção do alto, baixo
frente atrás e muitas vezes conseguem desviar-se do objeto quando corre,
percebe que não consegue passar por baixo da mesa sem inclinar a cabeça.
Nesta fase apresenta gostar de chutar ou jogar bola usando as
pernas, os braços e o corpo com certa desenvoltura, envolve-se em brincar de
puxar um cordão amarrado em carrinhos abertos onde coloca objetos
pequenos, gostam de brincar com água, terra areia que na brincadeira se
tornam outros objetos saindo do seu estado natural.
Em torno dos três aos quatro anos de idade mais ou menos as
locomotivas e os carros são os preferidos pelos meninos nessa idade começa
a valorização por uma gaveta um pequeno móvel ou um armário onde possam
guardar seus brinquedos. Nesse momento dá-se o primeiro passo para que
aprendam a se organizar e manter seus pertences em ordem e no futuro.
Nesse período a criança tem o sentimento de posse mais forte e
recusa emprestar os seus brinquedos. Nessa idade a criança brinca
desenhando e quando desenha seu primeiro interesse é o corpo. Também tem
a casa como objeto central de suas paisagens. Quando a criança brinca
investiga e para crescer ela precisa dessa experiência.
Se um adulto modifica a brincadeira ou interrompe ou interfere pode
perturbar o desenvolvimento da experiência que a criança realiza. A criança
28
que usa a sua imaginação e a criatividade de forma tranqüila aparentam ser
mais feliz.
A partir dos quatro anos, a criança prefere brincar sozinha a se
dividir a brincadeira com outras crianças fica mais centrada em si, egocêntrica.
Demonstra gostar de brincar de quebra – cabeças e de brinquedos que
possam der montados e desmontados. Apresenta gosto por lápis de cera,
pincéis modelagens em argila, recortar e colar papeis.
Toda atividade deve ter como objetivo atender o objetivo da criança
Entre quatro e cinco anos começa o interesse pelo jogo cooperativo,
esses jogos estimulam as trocas sociais.
Em torno dos cinco anos os meninos demonstram gostar de
brincadeiras de conquista de mistério e de ação, gostam de vestir roupas de
super heróis, vibram com desenhos animados e muitas fantasias enriquecem
seus brinquedos. Já as meninas preferem brincar de bonecas, de casinha onde
recriam as atividades domesticas, utilizam os adereços de suas mães em suas
brincadeiras, entusiasmam-se com cosméticos, pinturas e perfumes.
Observar uma criança brincando e algo fascinante.
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CAPÍTULO 3
PRATICANDO A PSICOMOTRICIDADE ATRAVÉS DO
TRABALHO LÚDICO
Segundo Wigotsky, (1991, p. 111):
Na idade pré escolar ocorre, pela primeira vez, uma divergência entre os campos do significado e o da visão. No brinquedo, o pensamento está separado dos objetos a ação surge das idéias e não das coisas: um pedaço de madeira torna – se um boneco e um cabo de vassoura tornam-se um cavalo. A ação regida por regras começa a ser determinada pelas idéias e não pelos objetos, isso representa uma tamanha inversa da relação da criança com a situação concreta real e imediata, que é difícil subestimar seu pleno significado.
No período da pré-escola o jogo desempenha um forte fator na
socialização da criança.
Nesta fase a atividade lúdica ajuda significativamente a
alfabetização. Através dos brinquedos em grupo a criança começa a perceber
a liderança.
Para a criança brincar é coisa séria. Da mesma forma que o adulto
precisa ocupar-se a criança também precisa brincar.
O jogo dá sentido, o objetivo é o treino necessário ao
desenvolvimento da criança. Quando existi prazer no aprender o Aprender e
Crescer. O conteúdo aprendido se incorpora facilmente no acervo cultural.
De acordo com o objetivo do brinquedo ele deverá ter o seu uso
adaptado para a tarefa que será realizada. O grau de dificuldade do brinquedo
deve ser de acordo com a idade da criança, os brinquedos podem ser
sugestivos, porém devem estimular a criatividade.
Observa-se que a criança aprende muito brincando.
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3.1 O Papel do Lúdico
Gross (1922) (apud Neto, 3ª edição, p. 161), conferi ao jogo o
estatuto de espaço de pratica das potencialidades características inatas da
criança.
O comportamento lúdico pode ser entendido por duas vertentes:
uma objetiva ou externa e outra subjetiva ou interna. Pode-se dizer que no jogo
temos algo que vem antes da estrutura- o significado. Quem define o
significado não é a estrutura, porém é este que faz a estrutura existir. Henriot
(1969) refere-se ainda que o jogo supõe “Um desvio em relação ao objeto.”
Isto é uma maneira própria de agir.
Chateau (1961) (apud Neto, 3ª edição, p. 162) disse que “Sem
prazer não há jogo.”. Porém esse não é um fator suficiente para caracterizar e
identificar um comportamento de jogo. Henriot (1969) refere-se alguns
conceitos das características lúdica, concebe a atividade lúdica como envolta
de certa incerteza temporal, de uma determinada duplicidade e ilusão e
considera a presença de aparelhos de jogo como reveladora de uma situação
lúdica.
Neto (1997) Através da convenção Internacional dos Direitos da
criança são delimitadas intenções que devem ser definidas e implementadas
pelos estados membros. Em seu artigo 31º que consagra o direito da criança
ao jogo assume uma importância vital num tempo em que as mudanças sociais
são enormes a par de tendências alarmantes de normalização das atitudes,
pensamentos e ações.
O acesso ao lúdico é uma necessidade própria da criança. Nio
homem a componente lúdica não pode ser marginalizada, pois ela é uma
característica fundamental. O jogo define os horizontes subjetivos e aleatórios
do controle das energias físicas e mentais e a compatibilidade com o meio
ambiente. O objetivo do jogo não é conduzir ao processo do seu
desenvolvimento e aprendizagem é antes de tudo dar-lhes os instrumentos
31
para que a criança possa se fazer entender e se auto-conduzir. Jogar não é
um processo linear é um processo aleatório.
O ato lúdico não é um direito é uma necessidade, não é só uma
idéia é uma vivência, Não deve ser uma imposição é uma descoberta. No
brincar o que importa é auto descoberta, a experiência vicária, o treino
psicomotor o envolvimento emocional psíquico as trocas sociais etc.
É interessante brincar com a criança apresentando-lhes quadrinhos
que contenham uma seqüência. Você pode embaralhar e pedir a criança para
contar uma história sugerida e montar os quadrinhos assim você estará
exercitando a relação espaço-temporal, linguagem oral, percepção memória e
raciocínio lógico.
Através dos jogos a criança vivencia situações sociais como
respeitar regras, respeitar o direito do semelhante, vibrar com a vitória, aceitar
a derrota com civilidade e compreensão. Geralmente as brincadeiras das
crianças são ricas em criatividade.
Aprender é crescer e quando nesse aprender existe prazer, o
conteúdo aprendido se incorpora facilmente ao acervo intelectual do aluno.
Com a aprendizagem escolar aparecem novos jogos que combinam
as aptidões intelectuais o desenvolvimento psicomotor e pedagógico.
3.2 Práticas Psicomotoras
Nesta parte a pesquisadora apresentará uma coletânea de atividades
onde caracteriza a Prática Psicomotora na Educação Infantil .
O professor exerce papel fundamental na orientação das atividades
ele deve criar situações adequadas para a criança solucionar seus problemas.
De acordo com Berger (1986), o professor deve ser bastante
cuidadoso quando se dirigir às crianças, pois a sua atitude pode liberá-las ou
oprimi-las.
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Le Boulch (1986, p. 140) diz que o jogo constitui um fator valioso
para o relacionamento professor-aluno e assim se expressa:
“O educador, mediante uma atitude não diretiva, garantindo
certa liberdade no jogo espontâneo, permite a criança realizar sua experiência
do corpo indispensável ao movimento das funções mentais e sociais.” O
professor não encontra facilidades em realizar sua tarefa e ela não deve ser
encarada levianamente, deve-se ter planejamento, execução de planos e
aprendizagem a partir dos erros cometidos. Ao invés de “Soluções prontas.”, o
professor deve transmitir a orientação para que a criança possa refletir sobre
as suas próprias ações e explicar os fatos que observa.
Segundo Toscano (1974), professor deverá criar oportunidades para
que todas as crianças participem dos jogos, quer estimulando os inibidos ou
refreando os excessos dos mais irrequietos.
3.2.1 Atividades com Bolas Comuns Recreativas
- Montar atividades e circuitos combinando diferentes materiais e
formas de equilíbrio. Quicar, lançar arremessar. Quicar bolas entre obstáculos
diversificando o ritmo e a trajetória. Lançar o material dentro do alvo pré-
estabelecido. Chutar bolas, conduzir a bola até o alvo indicado.
Objetivo: trabalhar coordenação motora, a lateralidade e o equilíbrio.
Primeira atividade: Pedir ao aluno que vá chutando com uma perna
em direção ao gol e que volte chutando com a outra.
Segunda atividade: Pedir para que cada criança de uma vez vá
quicando a bola e faça uma cesta.
33
3.2.2 Desenho com as Mãos ao Som de Música
Material a ser utilizado: Papel ofício, giz de cera, rádio e CD
Contendo música de diferentes estilos.
Duração: Aproximadamente 5 minutos
Objetivo: Desenvolver a coordenação motora fina, óculo-manual,
podendo-se trabalhar a lateralidade, espaço temporal, ritmo e a emoção.
Como realizar a atividade: Organizar os alunos participantes da
atividade, distribuir uma folha de papel ofício para cada um, pedir para que
cada um escolha o seu giz de cera; colocar a música e iniciar o desenho que
desejarem depois pedir para que falem sobre o seu desenho.
3.2.3 Atividades com Bambolê
Material a ser utilizado: Bambolê
Duração: Aproximadamente 15 minutos
Objetivo: Desenvolver a coordenação motora fina, óculo-manual,
podendo-se trabalhar a lateralidade, espaço temporal, ritmo, a emoção e a
coordenação viso motora.
Primeira atividade: Pedir para que cada criança leve o bambolê de
um ponto ao outro da quadra girando do chão sem deixar ele cair, cada grupo
de criança deverá receber um bambolê.
Segunda atividade: As crianças deverão brincar de dança do
bambolê
Duração: depende do número de alunos e do ritmo da turma
Objetivo: trabalhar o companheirismo do grupo
Execução: No inicio deveremos ter o mesmo número de bambolês
que o de aluno conforme a música for parando retiraremos um bambolê porem
na regra do jogo nenhum participante da atividade deverá ficar fora do
bambolê, fazer a atividade até que permaneça só um bambolê.
34
3.2.4 Construção de Instrumentos Musicais com Sucatas
Objetivo: Desenvolver a Percepção musical, o ritmo e a criatividade
Execução: construção de chocalhos com garrafas plásticas, latas de
leite; construir pratos com tampas de panelas velhas ou com latas de tinta, e
construir um tambor com baldes velhos ou com as lata de tinta.
Como realizar a atividade após a construção dos objetos nos
deveremos trabalhar com os alunos alguns brinquedos cantados utilizando os
instrumentos confeccionados por eles.
3.2.5 Pintura Livre
Objetivo: Desenvolver a coordenação motora fina
Material utilizado: papel ofício, tinta guache, rádio, CD e pincel
Execução: colocar uma música calma de fundo e deixar a criança
representar no papel o que ela desejar fazendo assim a sua obra de arte.
3.2.6 Corrente Humana
Objetivo: Visa estimular a coordenação ampla, discriminação visual,
percepção corporal, atenção. Com ênfase na orientação e organização
espacial.
Material utilizado: Cadeiras, humano
Execução: Dividir os participantes em equipes. As equipes
posicionam-se formando equipes paralelas. Colocar as cadeiras com uma certa
distancia das equipes. Dado um sinal, a primeira pessoa de cada equipe sai
correndo, da uma volta ao redor da cadeira e volta a fila para pegar o próximo
participante. Os dois correm de mãos dadas, passam ao redor da cadeira e
voltam para pegar a terceira pessoa da fila. A atividade prossegue ate que
todos estejam de mãos dadas e a equipe inteira de a volta na cadeira, voltando
então à posição inicial. Se durante a brincadeira alguém da corrente soltar as
mãos, a equipe deve voltar a posição inicial e recomeça a corrida.
35
Vencerá a primeira equipe que completar a corrente humana e
voltar a posição inicial.
3.2.7 Comboio
Objetivo: Um grupo tenta cruzar a sala e o outro tenta impedi-lo.
Visa estimular a atenção, orientação e organização espacial, percepção
corporal, discriminação da lateralidade, com ênfase na discriminação visual.
Material utilizado: Ambiente, humano.
Execução: Dividir os participantes em dois grupos. Um deles será o
comboio e o outro será o interceptor. Diga a um grupo para atravessar a sala
de um canto a outro e instrua o outro para impedi-lo. Explique que ambos os
grupos terão de permanecer de mãos dadas o tempo todo. Vence o grupo que
cruzar a sala em primeiro.
3.2.8 Olá Coleguinha
Objetivo: promover o contato físico afetivo entre os componentes do
grupo desenvolvendo a socialização e a coordenação ampla do grupo.
Material utilizado: Ambiente, humano.
Execução: Os alunos separados em dupla cantam a musica:
“olá coleguinha, como vai coleguinha e a família com vai? A minha vai bem e a
sua também! Como é bom, a gente se encontrar.”
Ao comando do orientador os alunos cantam tocando as diferentes
partes do corpo de seu parceiro.
36
3.2.9 Mantendo o Ritmo
Objetivo: RITMO, a discriminação da lateralidade, o equilíbrio
dinâmico, coordenação fina dos membros superiores, coordenação motora,
atenção.
Material utilizado: Ambiente, humano.
Execução: Fazer um círculo com os participantes em pé, mantendo
um ritmo de dois passos para a direita e dois passos para a esquerda,
conhecido como dois pra lá e dois pra cá. O círculo deve estar sincronizado
sem perder o ritmo. O orientador deve manter sempre a marcação sendo
falada, para que sigam o andamento. Mantendo o andamento rítmico proposto
pelo orientador, o mesmo começa a colocar movimentos dos membros
superiores para dificultar, como por exemplo: Mão direita na orelha, Mão
esquerda no ombro do amigo, duas mãos se abraçando, bate palma, entre
outros. Quem errar ou sair do ritmo sai do circulo. A outra forma de brincar
também é a seguinte, ao invés do orientador dizer as variantes dos membros
superiores, podemos ter participantes do circulo fazendo estas mudanças e o
orientador somente mantém o andamento rítmico, pode-se usar musica para
facilitar o andamento.
3.2.10 Movimento do Conjunto
Objetivo: Movimento, coordenação, atenção, discriminação visual,
coordenação fina dos membros superiores.
Material utilizado: Ambiente, humano.
Execução: Fazer um círculo, todos sentados, um participante e o “Mestre” que
deve ser seguido por seus movimentos, porem somente um pode copiá-lo, pois
os demais devem seguir seus “Mestres”. O “Mestre” que inicia as mudanças
dos movimentos é seguido e copiado por um participante, os demais, devem
ter seus mestres escolhidos pela pessoa que esta aplicando o jogo. Não se
deve copiar do “Mestre” que inicia as mudanças, somente uma pessoa pode
copiá-lo e os demais devem copiar sucessivamente de acordo com seus
37
“Mestres”. O importante e, mesmo sabendo da mudança do “Mestre”
principal, os participantes devem esperar a percepção de quem ele esta
olhando para seguir e não copiar imediatamente. Quem olhar diretamente para
o participante que esta fazendo as mudanças (mestre), é quem sai do circulo. A
outra forma de brincar também é a seguinte, pode ser feito em pé ou em
movimento constante mantendo determinado ritmo, ao invés do participante
que errar sair, o participante que errar pode se tornar o “Mestre”, evitando a
exclusão do jogo.
38
CONCLUSÃO
Essa pesquisa mostra a importância das atividades psicomotoras
para o homem, pode-se verificar que as atividades psicomotoras estão
presentes em nossas vidas desde o nascimento e que elas precisam ser
estimuladas para que assim tenhamos um desenvolvimento perfeito do nosso
corpo.
O trabalho lúdico e a mais importante atividade na vida da criança na
fase pré – escolar, porém convivem dentro de algumas instituições de ensino
com o preconceito onde não valorizam o lúdico na vida da criança, talvez falta
de conhecimento. Porém o jogo como proposta pedagógica em sala de aula
proporciona a relação e a interação entre os componentes e o grupo. Durante a
atividade lúdica a criança toma decisões, soluciona conflitos, vence desafios
descobre novas alternativas e cria possibilidades de invenções. É no jogo que
a criança aprende a se conhecer melhor e a aceitar a existência do outro,
organizando assim a existência do outro, organizando assim suas relações
emocionais e estabelecendo relações sociais. Educadores pais e responsáveis
precisam ter a clareza de quantos os brinquedos, brincadeiras e os jogos são
importantes na vida da criança e que devem valorizados como as outras
atividades escolares sem preconceitos. As atividades lúdicas são necessárias e
trazem enormes contribuições para o desenvolvimento da habilidade de
aprender a pensar,para o desenvolvimento motor e sócio-afetivo.
39
BIBLIOGRAFIA
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NETO Ferreira,Carlos Alberto, Motricidade e jogo na Infância . Sprint, 3ª edição.
CAMPOS De Oliveira, Gislene. Avaliação psicomotora à luz da psicologia e da psicopedagogia. Vozes, 2003.
MAÇONS, Suzane. Generalidades sobre a reeducação psicomotora e o exame psicomotor. Manole LTDA, 1985.
CAMPOS, De Oliveira, Gislene. Psicomotricidade Educação e Reeducação num Enfoque psicopedagógico, Vozes, 1997.
RODRIGUES, Maria. O desenvolvimento do Pré-escolar e o jogo, Cone,1992.
PEÇANHA de Almeida, Geraldo, Teoria e pratica em Psicomotricidade, jogos atividades lúdicas, expressão corporal e brincadeiras infantis, Walk, 2009.
ALVES, Fátima (org), Como aplicar a Psicomotricidade uma atividade multidisciplinar com amor e união, Wak, 2009.
ROCHA, Dina Lúcia Chaves, Psicologia e Psicomotricidade,A base da emoção e da Afetividade IN ALVER, Fátima. Como Aplicar a Psicomotricidade, Walk, 2004.
ALVES, Fátima, Psicomotricidade: Corpo, Ação e Emoção, wak2008.
Chaves Rocha, Dina Lucia, A importância das atividades psicomotoras escolares na educação infantil, (Tese Mestrado ), 2003.
BUENO, Jocian Machado, Psicomotricidade: Teoria e Prática, Lovise, 1998.
.
40
ÍNDICE
AGRADECIMENTOS 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPITÚLO 1 9
PSICOMOTRICIDADE
1.1. O Que é Psicomotricidade? 9
1.2. Áreas de Atuação 9
1.2.1. Estimulação 10
1.2.2. Educação 11
1.2.3. Reeducação 12
1.2.4. Terapia 13
1.3. Psicomotricidade Funcional e Relacional 14
1.3.1. Psicomotricidade Funcional 14
1.3.2. Psicomotricidade Relacional 20
CAPÍTULO 2 24
EDUCAÇÃO PSICOMOTORA COM CRIANÇAS DE 3 A 5 ANOS DE IDADE
2.1. Educação Psicomotora na Educação Infantil 26
CAPÍTULO 3 28
PRATICANDO A PSICOMOTRICIDADE ATRAVÉS DO TRABALHO LUDICO
3.1. O Papel do Lúdico 29
3.2. Práticas Psicomotoras 31
3.2.1. Atividades com Bolas 32
3.2.2. Desenho com as Mãos ao Som de Música 33
3.2.3. Bambolê 33
3.2.4. Construção de Instrumentos Musicais com Sucatas 34
41
3.2.5. Pintura Livre 34
3.2.6. Corrente Humana 34
3.2.7. Comboio 35
3.2.8. Olá Coleguinha 35
3.2.9. Mantendo o Ritmo 36
3.2.10. Movimento do Conjunto 36
CONCLUSÃO 38
BIBLIOGRAFIA 39
ÍNDICE 40