a importância da mulher na sociedade

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A importância da mulher na sociedade Enfrentando diversas discriminações e adaptações em relação aos “afazeres puramente femininos”, como cuidar de casa e da família, a mulher conseguiu superar suas dificuldades e ainda administrar seu tempo a favor de suas atividades, para que as questões familiares não entrem em conflito com questões profissionais e sociais. A mulher ainda é alvo de grande discriminação por aqueles que ainda acreditam que “lugar de mulher é no fogão” e por isso enfrenta o grande desafio de mostrar que apesar de frágil é ainda forte, ousada e firme na tomada de decisões, quando necessário. A mulher tem marcado as últimas décadas mostrando que competência no trabalho também é um grande marco feminino. Apesar de ser taxada como sexo frágil, a mulher tem se mostrado forte o bastante para encarar os desafios propostos pelo mercado de trabalho com convicção e disposição. A fragilidade da mulher, ou melhor, a sensibilidade da mulher, tem grande colaboração nas influências humanas que se tenta propagar na atualidade, pois, como se sabe, o mundo passa por transformações rápidas e desastrosas que precisam de mudanças imediatas. A mulher consegue transmitir a importante e dura tarefa de mudar hábitos com a clareza e a delicadeza necessária para despertar o envolvimento de cada indivíduo e a importância da mudança de cada um. O avanço feminino frente à política e à economia ainda mostra a força da mulher em perceber e apontar os problemas tendo sempre boas formas de resolvê-los assim como os indivíduos do sexo masculino, o que evidencia o erro de descriminar e diminuir o sexo feminino privando-o a apenas poucas tarefas (domésticas). A realidade do crescimento do espaço feminino tem sido percebida pela participação da mulher em diferentes áreas da sociedade que lhe conferem direitos sociais, políticos e econômicos, assim como os indivíduos do sexo oposto. O papel da mulher na sociedade Muito recentemente, a propaganda de televisão de uma grande marca mundial de automóveis tentava vender seu produto ilustrando a mudança do papel social da mulher. Uma jovem com trajes de executiva chegava em casa após um dia de trabalho e cumprimentava seu marido, o qual estava ocupado preparando a refeição da família.

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A importância da mulher na sociedade

Enfrentando diversas discriminações e adaptações em relação aos “afazeres puramente femininos”, como cuidar de casa e da família, a mulher conseguiu superar suas dificuldades e ainda administrar seu tempo a favor de suas atividades, para que as questões familiares não entrem em conflito com questões profissionais e sociais. A mulher ainda é alvo de grande discriminação por aqueles que ainda acreditam que “lugar de mulher é no fogão” e por isso enfrenta o grande desafio de mostrar que apesar de frágil é ainda forte, ousada e firme na tomada de decisões, quando necessário.

A mulher tem marcado as últimas décadas mostrando que competência no trabalho também é um grande marco feminino. Apesar de ser taxada como sexo frágil, a mulher tem se mostrado forte o bastante para encarar os desafios propostos pelo mercado de trabalho com convicção e disposição. A fragilidade da mulher, ou melhor, a sensibilidade da mulher, tem grande colaboração nas influências humanas que se tenta propagar na atualidade, pois, como se sabe, o mundo passa por transformações rápidas e desastrosas que precisam de mudanças imediatas. A mulher consegue transmitir a importante e dura tarefa de mudar hábitos com a clareza e a delicadeza necessária para despertar o envolvimento de cada indivíduo e a importância da mudança de cada um.

O avanço feminino frente à política e à economia ainda mostra a força da mulher em perceber e apontar os problemas tendo sempre boas formas de resolvê-los assim como os indivíduos do sexo masculino, o que evidencia o erro de descriminar e diminuir o sexo feminino privando-o a apenas poucas tarefas (domésticas).

A realidade do crescimento do espaço feminino tem sido percebida pela participação da mulher em diferentes áreas da sociedade que lhe conferem direitos sociais, políticos e econômicos, assim como os indivíduos do sexo oposto.

O papel da mulher na sociedade

Muito recentemente, a propaganda de televisão de uma grande marca mundial de

automóveis tentava vender seu produto ilustrando a mudança do papel social da mulher.

Uma jovem com trajes de executiva chegava em casa após um dia de trabalho e

cumprimentava seu marido, o qual estava ocupado preparando a refeição da família. Para

surpresa desse homem, que “comandava” a cozinha e cuidava de suas filhas, sua esposa

o presentearia com um carro novo. A partir dessa cena, rapidamente aqui descrita, pode

surgir a seguinte pergunta: esse comercial faria sentido décadas atrás? Certamente que

não. Contudo, essa resposta carece de uma explicação menos simplista, e requer uma

maior compreensão do que se chama de questões de gênero e papéis sociais.

Mulheres e homens ao longo de boa parte da história da humanidade desempenhavam

papéis sociais muito diferentes. Mas do que se trata o papel social? Segundo a Sociologia,

trata-se das funções e atividades exercidas pelo indivíduo em sociedade, principalmente

ao desempenhar suas relações sociais ao viver em grupo. A vida social pressupõe

expectativas de comportamentos entre os indivíduos, e dos indivíduos consigo mesmos.

Essas funções e esses padrões comportamentais variam conforme diversos fatores, como

classe social, posição na divisão social do trabalho, grau de instrução, credo religioso e,

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principalmente, segundo o sexo. Dessa forma, as questões de gênero dizem respeito às

relações sociais e aos papéis sociais desempenhados conforme o sexo do indivíduo,

sendo o papel da mulher o mais estudado e discutido dentro dessa temática, haja vista a

desigualdade sexual existente com prejuízo para a figura feminina. Assim, enquanto o

sexo da pessoa está ligado ao aspecto biológico, o gênero (ou seja, a feminilidade ou

masculinidade enquanto comportamentos e identidade) trata-se de uma construção

cultural, fruto da vida em sociedade. Em outras palavras, as coisas de menino e de

menina, de homem e de mulher, podem variar temporal e historicamente, de cultura em

cultura, conforme convenções elaboradas socialmente.

As diferenças sexuais sempre foram valorizadas ao longo dos séculos pelos mais

diferentes povos em todo o mundo. Algumas culturas – como a ocidental – associaram a

figura feminina ao pecado e à corrupção do homem, como pode ser visto na tradição

judaico-cristã. Da mesma forma, a figura feminina foi também associada à ideia de uma

fragilidade maior que a colocasse em uma situação de total dependência da figura

masculina, seja do pai, do irmão, ou do marido, dando origem aos moldes de uma cultura

patriarcalista e machista. Assim, esse modelo sugeria a tutela constante das mulheres ao

longo de suas vidas pelos homens, antes e depois do matrimônio.

Aliás, o casamento enquanto ritual marcaria a origem de uma nova família na qual a

mulher assumira o papel de mãe, passando das “mãos” de seu pai para as de seu noivo,

como se vê no ato da cerimônia.

Mas como aqui já se abordou, se as noções de feminilidade e masculinidade podem

mudar ao longo da história conforme as transformações sociais ocorridas, isto foi o que

aconteceu na cultura ocidental, berço do modo capitalista de produção. Com o surgimento

da sociedade industrial, a mulher assume uma posição como operária nas fábricas e

indústrias, deixando o espaço doméstico como único locus de seu trabalho diário. Se

outrora a mulher deveria apenas servir ao marido e aos filhos nos afazeres domésticos, ou

apenas se limitando às tarefas no campo – no caso das camponesas europeias, a

Revolução Industrial traria uma nova realidade econômica que a levaria ao trabalho junto

às máquinas de tear. Obviamente, não foram poucos os problemas enfrentados pelas

mulheres, principalmente ao se considerar o contexto hostil de um regime de trabalho

exaustivo no início do processo de industrialização e formação dos grandes centros

urbanos.

Após um longo período de opressão e discriminação, a passagem do século XIX para o

XX ficou marcada pelo recrudescimento do movimento feminista, o qual ganharia voz e

representatividade política mais tarde em todo o mundo na luta pelos direitos das

mulheres, dentre eles o direito ao voto. Essa luta pela cidadania não seria fácil,

arrastando-se por anos. Prova disso está no fato de que a participação do voto feminino é

um fenômeno também recente para a história do Brasil. Embora a proclamação da

República tenha ocorrido em 1889, foi apenas em 1932 que as mulheres brasileiras

puderam votar efetivamente. Esta restrição ao voto e à participação feminina no Brasil

seriam consequência do predomínio de uma organização social patriarcal, na qual a figura

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feminina estava em segundo plano. Mesmo com alguns avanços, ainda no início da

segunda metade do século XX, as mulheres sofriam as consequências do preconceito e

do status de inferioridade. Aquele modelo de família norte-americana estava em seu auge,

em que a figura feminina era imaginada de avental e com bobs nos cabelos, no meio da

cozinha, envolta por liquidificador, batedeira, fogão, entre outros utensílios domésticos.

Seria apenas no transcorrer das décadas de 50, 60 e 70 que o mundo assistiria mudanças

fundamentais no papel social da mulher, mudanças estas significativas para os dias de

hoje. O movimento contracultural encabeçado por jovens (a exemplo do movimento

Hippie) transgressores dos padrões culturais ocidentais outrora predominantes defendiam

uma revolução e liberação sexual, quebrando tabus para o sexo feminino, não apenas em

relação à sexualidade, mas também no que dizia respeito ao divórcio.

Como se sabe, o desenvolvimento de novas tecnologias para a produção requer cada vez

menos o trabalho braçal, necessitando-se cada vez mais de trabalho intelectual.

Consequentemente, criam-se condições cada vez mais favoráveis para a inserção do

trabalho da mulher nos mais diferentes ramos de atividade. Ao estudar cada vez mais, as

mulheres se preparam para assumir não apenas outras funções no mercado de trabalho,

mas sim para assumir aquelas de comando, liderança, cargos em que antes

predominavam o terno e a gravata. Essa guinada em seu papel social reflete não apenas

nas relações de trabalhos em si, mas fundamentalmente nas relações sociais com os

homens de maneira em geral. Isto significa que mudanças no papel da mulher requerem

mudanças no papel do homem, o qual passa por uma crise de identidade ao ter de dividir

um espaço no qual outrora reinava absoluto.

Mulheres com maior grau de escolaridade diminuem as taxas de natalidade (têm menos

filhos), casam-se com idades mais avançadas, possuem maior expectativa de vida e

podem assumir o comando da família como no exemplo da propaganda de automóvel

citada. Obviamente, vale dizer que as aspirações femininas variam conforme seu nível de

esclarecimento, mas também conforme a cultura em que a mulher está inserida.

Contudo, é preciso se pensar que mesmo com todas essas mudanças no papel da mulher,

ainda não há igualdade de salários, mesmo que desempenhem as mesmas funções

profissionais, ainda havendo o que se chama de preconceito de gênero. Além disso, a

mulher ainda acaba por acumular algumas funções domésticas assimiladas culturalmente

como se fossem sua obrigação e não do homem – funções de dona de casa. Da mesma

forma, infelizmente a questão da violência contra a mulher ainda é um dos problemas a

serem superados, embora a “Lei Maria da Penha” signifique um avanço na luta pela

defesa da integridade da mulher brasileira.

Mas a pergunta principal vem à tona: qual o papel da mulher na sociedade atual? Pode-se

afirmar que a mulher de hoje tem uma maior autonomia, liberdade de expressão, bem

como emancipou seu corpo, suas ideias e posicionamentos outrora sufocados. Em outras

palavras, a mulher do século XXI deixou de ser coadjuvante para assumir um lugar

diferente na sociedade, com novas liberdades, possibilidades e responsabilidades, dando

voz ativa a seu senso crítico. Deixou-se de acreditar numa inferioridade natural da mulher

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diante da figura masculina nos mais diferentes âmbitos da vida social, inferioridade esta

aceita e assumida muitas vezes mesmo por algumas mulheres.

Hoje as mulheres não ficam apenas restritas ao lar (como donas de casa), mas comandam

escolas, universidades, empresas, cidades e, até mesmo, países, a exemplo da presidenta

Dilma Roussef, primeira mulher a assumir o cargo mais importante da República. Dessa

forma, se por um lado a inversão dos papéis sociais ilustrada pela campanha publicitária

(citada no início do texto) de um automóvel está em dissonância com um passado não tão

distante, por outro lado mostra os sinais de um novo tempo que já se iniciou. Contudo,

avanços à parte, é preciso que se diga que as questões de gênero no Brasil e no mundo

devem sempre estar na pauta das discussões da sociedade civil e do Estado, dada a

importância da defesa dos direitos e da igualdade entre os indivíduos na construção de um

mundo mais justo.

Paulo Silvino RibeiroColaborador Brasil EscolaBacharel em Ciências Sociais pela UNICAMP - Universidade Estadual de CampinasMestre em Sociologia pela UNESP - Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"Doutorando em Sociologia pela UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas

Mulher: um marco na história

O dia 8 de março é um marco na luta pelos direitos das mulheres ao redor do mundo. Se

fosse possível retroceder no tempo e contar para um cidadão do começo do século 20 que

as mulheres, hoje, votam, tem média de escolaridade maior que a dos homens, governam

países e estão inseridas amplamente no mercado de trabalho, talvez o sujeito não

acreditasse no relato.

No entanto, ainda há muito que avançar para se alcançar a igualdade de direitos entre

homens e mulheres. Os dados sobre a opressão sofrida pelas mulheres é assustador.

Segundo pesquisa realizada no ano 2000 pela Comission on the Status of Women da

ONU, uma em cada três mulheres no mundo já foi espancada ou violentada sexualmente.

Os números no Brasil também são alarmantes. A cada cinco minutos, uma mulher é

agredida no país. Em cerca de 70% dos casos, quem agride é o marido ou namorado, de

acordo com relatório do Ministério da Justiça de 2012.

Os direitos constitucionais ainda não garantem igualdade de condições para os gêneros.

Para entender as diferenças entre homens e mulheres no mercado de trabalho, por

exemplo, a PNAD -Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, de 2007, diz que a

equiparação de salários só deve acontecer daqui a 87 anos, para mulheres e homens que

executam as mesmas funções. As mulheres, no caso, ganham menos.

"A data de comemoração do dia das mulheres é simbólica. No entanto, é uma boa maneira

de inserir o debate sobre os direitos das mulheres e colocar o tema na agenda. Por

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exemplo, é importante que as políticas públicas permitam a discussão nas escolas sobre

igualdade de condições para os gêneros", afirma Karina Janz Woitowicz, doutora em

Ciências Humanas na área de Estudo de Gênero da Universidade Estadual de Ponta

Grossa (UEPG).