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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO UFRPE UNIDADE ACADÊMICA DE GARANHUNS UAG CURSO LICENCIATURA EM PEDAGOGIA Mylena Carla Almeida Tenório A IMPORTÂNCIA DA ESTIMULAÇÃO DA COORDENAÇÃO MOTORA PARA O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA DENTRO DO ESPECTRO AUTISTA Garanhuns 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO – UFRPE

UNIDADE ACADÊMICA DE GARANHUNS – UAG

CURSO LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

Mylena Carla Almeida Tenório

A IMPORTÂNCIA DA ESTIMULAÇÃO DA COORDENAÇÃO MOTORA PARA O

DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA DENTRO DO ESPECTRO AUTISTA

Garanhuns

2015

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1

Mylena Carla Almeida Tenório

A IMPORTÂNCIA DA ESTIMULAÇÃO DA COORDENAÇÃO MOTORA PARA O

DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA DENTRO DO ESPECTRO AUTISTA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

como requisito parcial para a obtenção do título

de Licenciado em Pedagogia, pelo Curso de

Licenciatura em Pedagogia da Universidade

Federal Rural de Pernambuco, Unidade

Acadêmica de Garanhuns.

Orientadora: Profa. Ma. Norma Abreu e Lima

Maciel de Lemos Vasconcelos.

Garanhuns

2015

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Ficha Catalográfica

Setor de Processos Técnicos da Biblioteca Setorial UFRPE/UAG

CDD: 371.912

1. Educação especial

2. Autismo

3. Coordenação motora

4. Atividades lúdicas

I. Vasconcelos, Norma Abreu e Lima Maciel de Lemos

II.Título

T311i Tenório, Mylena Carla Almeida

A importância da estimulação da coordenação motora

para o desenvolvimento da criança dentro do espectro

autista/Mylena Carla Almeida Tenório. Garanhuns,

2015.

47f.

Orientador: Norma Abreu e Lima M. L. Vasconcelos

Monografia (Curso Licenciatura em Pedagogia) –

Universidade Federal Rural de Pernambuco - Unidade

Acadêmica de Garanhuns, 2015.

Inclui referências

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Mylena Carla Almeida Tenório

A IMPORTÂNCIA DA ESTIMULAÇÃO DA COORDENAÇÃO MOTORA PARA O

DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA DENTRO DO ESPECTRO AUTISTA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

como requisito parcial para a obtenção do título

de Licenciado em Pedagogia, pelo Curso de

Licenciatura em Pedagogia da Universidade

Federal Rural de Pernambuco, Unidade

Acadêmica de Garanhuns.

Aprovado em _____/_____/_____

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________________________

Profa. Ma. Norma Abreu e Lima Maciel de Lemos Vasconcelos – UAG/UFRPE

________________________________________________________________

Profa. Esp. Magda Letícia Bezerra Mendonça – Colégio Presbiteriano Quinze de Novembro

_________________________________________________________________

Profa. Dra. Heloisa Flora Brasil Nóbrega Bastos – UAG/UFRPE

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Dedico esta monografia à minha mãe, Edilene Almeida, à

minha irmã, Bruna Yasmim, ao meu esposo, Dayvid

Emmanuel, e a uma criança muito “especial” que me inspirou a

realizar este trabalho.

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AGRADECIMENTOS

Ao longo de toda essa minha jornada acadêmica tenho muito que agradecer.

Em primeiro lugar a Deus que me deu o dom da vida, sabedoria, amor, paciência,

criatividade, força, coragem, e também me ajudou nos momentos de estresse, de correria, de

cansaço, em que eu pensava em desistir de tudo.

À minha mãe, Edilene Almeida, pelas vezes que não nos falamos e nos vemos por falta

de tempo, por minha ausência, pelo exemplo que ela tem me dado de força, perseverança e

garra. Ao meu pai, Macedônio Vasconcelos (in memoriam), que foi e sempre será minha

inspiração. À minha irmã, Bruna Yasmim, pelo incentivo e apoio. Aos meus avós, Severino e

Edizia, que sempre foram minha base, meu espelho. Enfim, a toda minha família, que não

citarei aqui para não esquecer de ninguém, agradeço o carinho e compreensão.

Ao meu namorado, noivo e hoje esposo, Dayvid Emmanuel pela compreensão nos dias

turbulentos, de estresse e cara feia, pela paciência, incentivo, amor e por ter sempre acreditado

em mim, me incentivando a cada dia, me ouvindo e aconselhando.

Às minhas parceiras, Magda Letícia e Kilma Gouveia, por terem me descoberto, me

dado a oportunidade de repassar aquilo que a sociedade necessita saber, por me ajudarem a

falar de Autismo de uma maneira que nem eu acreditava ser capaz, sempre me motivando,

apoiando e incentivando.

À escola campo desta pesquisa, pela oportunidade de estagiar em uma instituição tão

rica em experiências e conhecimentos. Às minhas colegas da Educação Infantil e do Ensino

Fundamental I, que muito me ensinaram, entre tantas outras que fizeram parte dessa minha

trajetória. Agradeço também aos demais setores da escola, os quais tive a chance de passar, são

tantos que não tenho nem palavras para agradecer cada contribuição na minha vida.

Aos pais da criança com Autismo, sujeito desta pesquisa, pela confiança depositada em

mim, pelo apoio durante todo esse tempo que passamos juntos, pelas palavras e dicas

importantes, pelo investimento na minha formação pessoal e profissional, pela oportunidade de

conviver e contribuir no desenvolvimento de uma criança tão única e especial que inspirou a

minha vida, a minha formação acadêmica e a realização deste trabalho.

Aos meus amigos e parceiros de graduação, Arlam Pontes e Gerciane Ramos, pela ajuda

nos estudos, pelas palavras, pelos momentos alegres, divertidos e tristes, pela amizade, carinho,

por estarem sempre ao meu lado me apoiando, por pegarem sempre no meu pé e me ajudarem

nos trabalhos em grupo.

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À minha orientadora, Norma Vasconcelos, que esteve sempre à disposição, me

orientando, incentivando, motivando e apoiando toda a minha pesquisa. A todos os professores

que interferiram de certa forma na minha trajetória acadêmica, contribuindo para formação

pessoal e profissional, pela amizade, parceria e paciência.

Ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência- PIBID/CAPES, que tive

oportunidade de participar durante aproximadamente dois anos da minha graduação, o qual me

proporcionou aprendizagens significativas e que levarei para sempre como parte do meu

crescimento profissional e pessoal. E ao Programa de Estágio do Sesc/Garanhuns o qual tive

oportunidade de conhecer e aprender bastante na Educação de Jovens e Adultos que é referência

no município, cada momento levarei para sempre na minha vida pessoal e profissional.

Agradeço de todo coração à banca examinadora deste trabalho, nas pessoas de Norma

Maciel, Magda Letícia e Heloisa Bastos, por terem aceito o convite de participar desse

momento marcante no meu futuro.

Por fim, agradeço a todos que contribuíram de forma direta ou indiretamente para minha

formação profissional e pessoal.

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“Era uma pessoa igual a cem mil outras pessoas. Mas, eu fiz dela

um amigo, agora ela é ÚNICA no mundo”.

Antoine de Saint-Exupéry- O Pequeno Príncipe

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RESUMO

Este trabalho propõe discutir e apresentar as atividades lúdicas como auxílio para o

desenvolvimento da coordenação motora de uma criança com Autismo, incluída em uma turma

de 2° ano do Ensino Fundamental, de uma escola privada da cidade de Garanhuns. Este estudo

teve como objetivo principal: analisar como as atividades lúdicas podem favorecer o

desenvolvimento de habilidades motoras para o processo de aprendizagem de uma criança com

Autismo. Perpassando pela observação de quais atividades lúdicas favorecem o

desenvolvimento dessas habilidades e identificação de como essas atividades podem interferir

na aprendizagem da escrita dessa criança. Para a realização desta pesquisa, foi realizado um

Estudo de caso, que se caracteriza por estudo de um caso particular, reservado e específico,

buscando a descoberta e interpretação de um fato ocorrido na realidade do sujeito, de forma

completa e clara. Assim, abordamos neste trabalho a coordenação motora como passo inicial

ao processo de escolarização e propulsor do desenvolvimento das demais habilidades

construídas gradativamente no indivíduo. Inicialmente, podemos afirmar que, com a utilização

de atividades lúdicas, a criança com Autismo demonstra, além de mais prazer para sua

realização, resultados significativos no que diz respeito à estimulação da coordenação motora

através de atividades básicas que auxiliam o trabalho em sala de aula, com o uso da adaptação

de materiais, atividades de treinos motores e jogos que atentam para a parte cognitiva e motora.

PALAVRAS-CHAVE: Autismo. Coordenação motora. Atividades lúdicas.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 9

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................... 13

2.1 O QUE É AUTISMO? ......................................................................................................... 13

2.2 O DESENVOLVIMENTO DA COORDENAÇÃO MOTORA ......................................... 17

2.3 O USO DOS JOGOS, BRINCADEIRAS E ATIVIDADES LÚDICAS NO PROCESSO DE

APRENDIZAGEM ................................................................................................................... 21

3 METODOLOGIA ............................................................................................................... 25

3.1 TIPO DE PESQUISA ........................................................................................................ 25

3.2 SUJEITO E CAMPO DE PESQUISA ............................................................................... 25

3.3 INSTRUMENTOS DE PESQUISA .................................................................................. 26

3.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ....................................................................... 27

4 ANÁLISE DOS DADOS ..................................................................................................... 29

4.1 ADAPTAÇÃO DE MATERIAIS ...................................................................................... 30

4.2 ATIVIDADES DE TREINOS MOTORES ....................................................................... 32

4.3 ATIVIDADES DE CORTE E COLAGEM ....................................................................... 33

4.4 DESENHO ......................................................................................................................... 34

4.5 MASSA DE MODELAR ................................................................................................... 35

4.6 JOGOS PEDAGÓGICOS .................................................................................................. 36

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 38

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 39

APÊNDICE A- MANUAL DIAGNÓSTICO (DSM IV) ..................................................... 42

APÊNDICE B- MANUAL DIAGNÓSTICO (DSM V) ....................................................... 43

APÊNDICE C- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE .............................................. 44

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1 INTRODUÇÃO

O termo Autismo origina-se do grego “autos”, que significa “de si mesmo”. Foi

empregado pela primeira vez pelo psiquiatra suíço E. Bleuler, em 1911, o qual tentava

descrever a fuga da realidade e o isolamento para seu mundo interior. Já em 1943, em estudos

mais precisos, Leo Kanner definiu esse distúrbio como autismo infantil, realizando assim os

primeiros estudos sobre autismo (FERRARI, 2007, p. 5).

“O Autismo é caracterizado por um conjunto de sintomas que afeta a tríade

comportamento, socialização e comunicação, e acomete cerca de 70 milhões de pessoas. Se há

dez anos a incidência era de um caso para cada grupo de 500 crianças, com maior incidência

em crianças do sexo masculino, hoje esse índice pode chegar a um caso para cada grupo de

100, considerando todo o espectro do autismo, desde casos mais leves aos mais severos”

(SILVA, 2012, p. 11).

Mesmo com o avanço de estudos e pesquisas recentes na área, bem como com a recente

Lei nº 12.764/2012, que institui a Política Nacional de proteção dos direitos da pessoa com

Transtorno do Espectro Autista, que garante o diagnóstico precoce, o atendimento

multiprofissional, ações e serviços de saúde, acesso e direito à educação, trazendo também

diretrizes que asseguram o incentivo e a capacitação de profissionais especializados no

atendimento dessas pessoas, percebemos que é necessário um maior conhecimento dos

profissionais de educação sobre o Autismo, suas características e possibilidades de práticas

pedagógicas.

No início do Curso de Licenciatura em Pedagogia tive a oportunidade de estagiar em uma

escola privada como facilitadora1 de uma criança diagnosticada com Autismo, caracterizado

pela falta de interação social, comunicação pautada por ecolalias e dificuldades motoras e de

aprendizagem, necessitando de estimulações constantes para o desenvolvimento dessas áreas a

serem exploradas. A partir de então, passei a realizar estudos, leituras, participar de cursos,

palestras e conversas mais aprofundadas sobre o assunto, procurando capacitar-me para

conviver com essas crianças, buscando entender melhor o mundo do autismo e tentando me

comunicar e interagir com elas. Saber como elas vivem, o que gostam de fazer e, entre outras

1O papel do facilitador é assessorar a criança autista nas atividades propostas, incentivando a participação desse

aluno nas atividades comuns à classe e quando isso não for possível, oferecer uma atividade paralela ao sujeito ou

mesmo mudar de ambiente com ele. O facilitador é também considerado uma ponte nas relações sociais entre o

aluno autista e o grupo (SERRA, 2010, p. 173).

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coisas, criar laços afetivos para obter resultados significativos e contribuir para seu processo de

desenvolvimento.

Esta pesquisa se justifica a partir dessa experiência e da oportunidade de ter um contato

direto e uma prática contínua com essa criança, despertando assim uma vontade excessiva em

contribuir para o seu desenvolvimento e tentar buscar respostas e estratégias para cada

comportamento, cada especificidade, cada dificuldade. Mesmo sendo dita “diferente” essa

criança trazia consigo habilidades, capacidades e potenciais, precisando de um incentivo para

poder socializar-se com outras crianças, comunicar-se da sua maneira e desenvolver-se

normalmente, em seu ritmo, seu tempo.

Percebemos, então, que, através de algumas atividades, ela poderia desenvolver certas

habilidades ou revelar alguma já adquirida, despertando a curiosidade em estudar a educação

de crianças com Autismo por meio das atividades lúdicas como fonte de interação social,

comunicação e aprendizagem. Partindo das atividades lúdicas, visamos tratá-las como base no

desenvolvimento das habilidades de coordenação motora, sendo esse um dos primeiros

aspectos ainda não bem definidos nas crianças com Autismo, que apresentam dificuldades na

capacidade de executar movimentos finos, como utilizar o lápis e a tesoura, por exemplo, nas

habilidades de escrita.

Com isso, para o desenvolvimento dessas crianças, é preciso trabalhar de forma mais

específica para melhorar essa competência, trazendo a psicomotricidade como possibilitadora

do desenvolvimento de habilidades básicas e necessárias para a vida social, tendo com isso o

aumento das capacidades motoras, conhecimento de mundo, curiosidade, criatividade e

processo de socialização com o outro. Como afirma Le Boulch (1982, p. 13):

A educação psicomotora concerne uma formação de base indispensável a toda

a criança que seja normal ou com problemas. Ela ainda responde, segundo ele,

por uma dupla finalidade: assegurar o desenvolvimento funcional tendo em

conta possibilidades da criança e ajuda sua afetividade a expandir-se e a

equilibrar-se por meio do intercâmbio com o ambiente humano.

Dessa forma, buscamos compreender e investigar como atividades básicas e lúdicas de

coordenação motora podem contribuir de forma positiva para o processo de ensino e

aprendizagem dessa criança, que encontra-se inserida em classe regular de uma escola privada

de Garanhuns-PE, no 2° ano do ensino Fundamental.

Para desenvolvimento teórico e metodológico tomamos por base os estudos que

embasam o Autismo de Kanner (1943); Ferrari (2007); Melo (2005); Silva (2012); Surian

(2010); Orrú (2009); Cunha (2013); Belisário Filho e Cunha (2010). A Coordenação motora

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Segundo Rosa Neto (2002); Almeida (2014); Mattos e Kabaritte (2013); Alves (2012); Salle

et al (2010); Cunha (2014). E o uso de jogos e atividades lúdicas conforme Kishimoto (2005);

Vygotsky (1998); Dhome (2011); Rolim Et Al (2008); Cunha (2013); Orrú (2009); Andrade

et al (2011); Chiote (2013).

Em conformidade com o que foi citado acima, compreendendo a importância de

atividades lúdicas para o processo de aprendizagem das crianças, além do desenvolvimento

das habilidades motoras por meio dessas atividades, eis que surge o seguinte questionamento:

como atividades lúdicas podem contribuir para o processo de aprendizagem através do

desenvolvimento de habilidades motoras?

OBJETIVO GERAL

Analisar como as atividades lúdicas podem favorecer o desenvolvimento de habilidades

motoras para o processo de aprendizagem de uma criança com Autismo.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Identificar quais atividades lúdicas favorecem o desenvolvimento das habilidades

motoras;

• Caracterizar como essas atividades podem auxiliar no processo de aprendizagem dessa

criança.

Com isso, consideramos que esta pesquisa contribuirá para o entendimento do uso de

atividades lúdicas como estratégia de ensino, aprendizagem e instrumento capaz de desenvolver

habilidades básicas e fundamentais para o processo de desenvolvimento de uma criança com

Autismo, buscando inicialmente o desenvolvimento das habilidades motoras como essenciais

e primeiras desse processo de reconhecimento do mundo ao seu redor, fazendo-se entender a

psicomotricidade como relevante ao processo de ensino e aprendizagem da criança.

A pesquisa foi estruturada em quatro capítulos, sendo o primeiro referente à introdução

do trabalho, o segundo capítulo aborda toda fundamentação teórica utilizada, começando pelas

definições do que é o Autismo, depois o desenvolvimento da coordenação motora, e ainda

discorremos sobre o uso dos jogos, brincadeiras e atividades lúdicas no processo de

aprendizagem. O terceiro capítulo apresenta a metodologia utilizada no trabalho, dividida entre

o tipo de pesquisa, o sujeito e campo de pesquisa, instrumentos de pesquisa e procedimentos

metodológicos. O quarto capítulo traz a análise dos dados obtidos por meio de adaptações,

atividades de treinos motores, corte e colagem, desenho, massa de modelar e jogos

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pedagógicos, favorecendo sempre o uso de atividades e jogos lúdicos que estimulam a

coordenação motora. E por fim, o quinto capítulo apresenta as considerações acerca do trabalho

desenvolvimento dos jogos e atividades lúdicas, no qual abordam-se os resultados e

contribuições desta pesquisa para uma intervenção significativa no desenvolvimento das

habilidades motoras das pessoas com Autismo.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo está divido em três seções: O que é o Autismo? O desenvolvimento da

coordenação motora; e o uso dos jogos, brincadeiras e atividades lúdicas no processo de

aprendizagem.

2.1 O QUE É O AUTISMO?

Nos vários estudos realizados, Kanner (1943) apud Ferrari (2007) enfatiza que o

Autismo “traz muitos traços que afetam a afecção e evolução dos indivíduos, sendo eles o

isolamento social, a falta de interação do indivíduo com o mundo exterior, a resistência a

mudanças, a presença de movimentos estereotipados/repetitivos, alguns distúrbios na

linguagem/fala, a inversão pronominal- o não uso do pronome “eu”, a repetição ecolálica/ falas

repetitivas, a inteligência e desenvolvimento físico, que são algumas das características mais

presentes em pessoas dentro do espectro autístico”.

Segundo Mello (2005, p. 33) o Autismo é considerado “um distúrbio do

desenvolvimento que vem sendo estudado em todos os seus aspectos, mas que ainda é

desconhecido por grande parte das pessoas”. Muitas definições foram elaboradas para o termo

Autismo, o qual surgiu pela primeira vez em 1943, vinda do médico austríaco Leo Kanner, que

partiu de um estudo realizado com 11 casos diferentes, chegando ao autismo como um Distúrbio

Autístico do contato afetivo, título de sua primeira publicação científica. A partir desse

momento o Autismo infantil foi logo reconhecido por Kanner como uma especialidade

autônoma e específica ligada aos primeiros anos da infância, que afetava alguns traços da

evolução dessas crianças, dessa forma, o Autismo faz parte da constituição do indivíduo e afeta

a sua evolução e persiste durante a vida adulta.

O Autismo é classificado como um Transtorno Global do Desenvolvimento- TGD que

representam uma categoria que engloba diferentes transtornos que têm em comum as funções

do desenvolvimento afetadas qualitativamente, sendo estudado e compreendido enquanto um

transtorno do desenvolvimento que deixa de ser apontado como uma psicose infantil para ser

entendido como um Transtorno Global (ou Invasivo) do Desenvolvimento, capaz de influenciar

o desenvolvimento humano em suas relações e vida social. Assim,

O autismo é explicado e descrito como um conjunto de transtornos

qualitativos de funções envolvidas no desenvolvimento humano. [...] A

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compreensão dos transtornos classificados como TGD, a partir das funções

envolvidas no desenvolvimento, aponta perspectivas de abordagem, tanto

clínicas quanto educacionais, bastante inovadoras, além de contribuir para a

compreensão dessas funções no desenvolvimento de todas as crianças. [...]

(BELISÁRIO FILHO; CUNHA, 2010, p. 12).

As características geralmente encontradas desde as primeiras pesquisas em pessoas

dentro do espectro são caracterizadas pelos prejuízos no desenvolvimento da interação social e

da comunicação, atraso ou ausência do desenvolvimento da linguagem, uso estereotipado e

repetitivo de falas e movimentos, repertório restrito de interesses, atividades e rotinas fixas. No

Autismo, a tríade de irregularidades visivelmente afetada parte da interação social mútua,

linguagem e presença de padrões de interesses e movimentos repetitivos que logo se tornam

presentes no convívio social, sendo que tais sinais “aparecem antes dos 03 anos de idade e

permanecem na idade adulta.”, como afirma Surian (2010, p. 09), deixando claro que:

[...] a incidência nas crianças com idade inferior a 5 anos é de cerca de 8 em

10 mil, cerca de uma criança autista a cada mil. [...] O autismo não é mais

frequente numa determinada classe social, mas é muito mais frequente em

homens do que em mulheres, com uma proporção de cerca de 4:1.

Com isso, percebemos que mesmo depois de muitos anos da sua primeira definição,

muitos estudos ainda apontam para o Autismo como um transtorno global do desenvolvimento

que tem como características a inabilidade para interagir socialmente, a dificuldade no domínio

da linguagem para comunicar-se ou lidar com jogos simbólicos e um padrão de comportamento

restrito e repetitivo, como afirma o Dr. Dráuzio Varella2 em um estudo recente.

Dessa forma, “o Autismo compreende uma tríade de sintomas que constitui o

comportamento autístico”, que para Silva (2012, p. 20) abrange três áreas como mais afetadas

e características desse transtorno, incluindo a comunicação e linguagem, o comportamento e a

interação social, trazendo atrasos e dificuldades nessas áreas que prejudicam todo o processo

de desenvolvimento do sujeito.

A principal área prejudicada compreende as habilidades sociais que acometem o contato

e a percepção de algumas situações do ambiente em que vive, como os sentimentos, desejos e

intenções dos outros, o contato visual e restrição ao toque. Logo após, vêm as dificuldades de

comunicação verbal e não verbal, as inadequações comportamentais, tendo também

dificuldades em lidar com o inesperado, demostrando pouca flexibilidade para mudanças

2Disponível em <http://drauziovarella.com.br/crianca-2/autismo>. Acesso em 18 abr. 2014.

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repentinas e mudanças de rotina, movimentos repetitivos e falas ecolálicas muitas vezes sem

função. Porém, em alguns casos

[...] A ausência da função comunicativa é evidente em alguns casos de

ecolalia, mas em outros o comportamento ecolálico, já visto anteriormente,

assume uma função comunicativa. [...] Algumas crianças autistas repetem

frases inteiras ouvidas de alguém quando querem exprimir um desejo que

sentiram quando ouviram tal frase pela primeira vez [...] (SURIAN, 2010, p.

21).

Com isso, devemos observar que na maioria das vezes, as estereotipias e ecolalias

podem representar algo que o sujeito quer passar, uma forma de comunicar algum desejo ou

sentimento, buscando demonstrar algo que compete a quem está por perto tentar entender e

interagir a partir de uma fala ecolálica que de alguma maneira trouxe sentido.

Segundo Silva (2012, p. 11), as características do Autismo nos leva a ter um olhar

minucioso do que realmente devemos avaliar em meio a um sujeito com Autismo, pois para

que seja realizada uma maneira eficaz de intervenção é necessário conhecer tudo aquilo que se

o indivíduo tem a oferecer, trabalhando com suas potencialidades para melhoria das

dificuldades. Assim, acreditamos que

[...] é necessário deixar de pensar que se uma criança é autista ela tem

necessariamente sérias limitações em todas as esferas intelectuais. De cada

dez indivíduos autistas, um possui também algumas capacidades especificas

desenvolvidas de forma excepcional. Essas capacidades, quando possível, são

valorizadas uma vez que podem ser de grande ajuda para sua futura integração

social e no trabalho (SURIAN, 2010, p. 10).

A cada dia que passa o diagnóstico do Autismo torna-se mais precoce, formulado por

uma equipe especialista que pode ser composta por um psicólogo, psiquiatra, neuropsiquiatria,

neurologista, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, psicopedagogo, professor e entre outros

profissionais ligados ao sujeito em análise, devendo ser formulado em conjunto buscando

analisar os principais instrumentos à disposição que partem do conhecimento dos critérios pré-

definidos de acordo com as características dadas ao transtorno, sua experiência com esses

sujeitos, as observações direta e as informações obtidas através dos pais e de outros adultos que

estão em contato constante com tal criança, que pode ser realizado até mesmo antes dos 03 anos

de idade.

Alguns dos protocolos utilizados atualmente neste diagnóstico são o DSM- IV e V

(Manual Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais) que passam por constantes

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mudanças de acordo com os níveis e avanços gradativos, o que correspondem a uma lista de

categorias e critérios geralmente presentes em pessoas com transtorno do espectro do Autismo,

devendo ser seguido e avaliado a partir de observações de atividades estruturadas para cada

área específica do desenvolvimento.

As causas do Autismo ainda são desconhecidas e polêmicas, mas as pesquisas na área

estão cada vez mais intensas. Dessa forma, existem várias hipóteses consideradas relevantes

para as razões desse transtorno. Muitos genes parecem estar envolvidos nas causas do Autismo,

afetando o desenvolvimento do cérebro e a comunicação entre os neurônios, levando em conta

também fatores externos, como a poluição do ar, complicações durante a gravidez, infecções

causadas por vírus, sensibilidade a vacinas, contaminação por instrumentos utilizados na

fabricação de medicamentos em farmácia e laboratório, o contato com agrotóxicos, dentre

outros fatores ainda não comprovados. Para isso, Orrú (2009, p. 27) infere que podemos

encontrar:

[...] desde causas psicológicas, disfunções cerebrais e alterações de

neurotransmissores e fatores ambientais, como definidores da doença, até os

de natureza genética, sendo esta última levantada e analisada mais

recentemente por diversos cientistas.

Um dos fatores mais levados em conta são as causas genéticas do autismo, visto que há

algum tempo é sugerido que fatores genéticos determinam tal espectro, mesmo que tais causas

continuem sendo algo pouco compreendido pela medicina, tendo por outro lado um número

considerável de crianças com Autismo que nascem de famílias sem histórico do distúrbio, sendo

esse fator cheio de lacunas com relação a um diagnóstico fechado dessa causa como sendo a

verdadeira. Mesmo assim, ‘não deve ser negada e nem subestimada a influência de fatores

genéticos em certo número de casos de Autismo’ (FERRARI, 2007, p. 32).

Além disso, são considerados fatores ligados ao cérebro e neurônios desses sujeitos,

permitindo descobertas importantes para esclarecer a origem, a forma e intensidade variada,

são diversas maneiras e características diferentes. Em meio a testes já realizados os cientistas

já conseguiram constatar que os neurônios das crianças com Autismo são menores e têm menos

sensores que atuam na troca de estímulos entre células nervosas e com o meio em que estão

inseridas. Com isso, busca-se criar medicamentos que favoreçam e até corrijam a forma e o

funcionamento dos neurônios detectados como diferenciados.

Com esse avanço dos estudos e pesquisas recentes na área, bem como a recente Lei nº

12.764/2012 (BRASIL, 2012), que institui a Política Nacional de proteção dos direitos da

pessoa com Transtorno do Espectro Autista, que garante o diagnóstico precoce, o atendimento

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multiprofissional, ações e serviços de saúde, acesso e direito à educação, trazendo também

diretrizes que asseguram o incentivo e a capacitação de profissionais especializados no

atendimento dessas pessoas. Se fazendo necessário um maior conhecimento dos profissionais

de educação sobre o Autismo, suas características e possibilidades de práticas pedagógicas.

Para tanto,

A formação do professor é comtemplada, ratificando o valor do seu papel

nesse processo inclusivo. O incentivo à formação e à capacitação de

profissionais especializados no atendimento à pessoa com transtorno do

espectro autista bem como o apoio a pais e responsáveis confirmam o

imperativo da parceria entre família e escola, fundamental na educação de

todo aprendente com necessidades educacionais especiais (CUNHA, 2013, p.

138).

A implementação dessa lei é um avanço dado pelas políticas públicas inclusivas, mesmo

que ainda não seja a solução para o problema da educação inclusiva brasileira. Assim,

percebemos que essa publicação trouxe o reconhecimento do Autismo como um transtorno que

necessita de um olhar minucioso e que está cada vez mais presente no âmbito escolar, levando

amparo aos familiares que buscam o direito de um atendimento educacional especializado para

esse público, sendo os professores também beneficiados com valorização, formação e

capacitação para melhor lidar com esses alunos incluídos em sala de aula. Para isso, a escola

deve estar aberta para esse processo que requer uma gestão democrática que conte com projetos

transformadores e enfatize o trabalho coletivo e interdisciplinar, buscando um processo

educativo que vise o aluno como um ser integrado e que necessita de atendimento especializado

e específico.

2.2 O DESENVOLVIMENTO DA COORDENAÇÃO MOTORA

Para que as atividades lúdicas sejam de fato efetivadas, é necessário o desenvolvimento

de algumas habilidades básicas ao processo de desenvolvimento. Para a criança sujeito desta

pesquisa, um aspecto relevante é o desenvolvimento das habilidades motoras finas, como o uso

do lápis e da tesoura, favorecendo melhoria na escrita e nos desenhos.

A motricidade é a integração de diversas funções motoras, que engloba atividades

motoras consideradas de suma importância para o desenvolvimento global da criança, pois é

através da exploração motriz, que a criança desenvolve a consciência de si mesma e do mundo

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exterior, sendo essas habilidades auxiliares na conquista da independência e autonomia das

crianças.

Os estudos sobre a motricidade infantil, em geral, são realizados com o

objetivo de conhecer melhor as crianças e de poder estabelecer instrumentos

de confiança para avaliar, analisar e estudar o desenvolvimento de alunos em

diferentes etapas evolutivas (ROSA NETO, 2002, p. 29).

Com isso, é importante respeitar o ritmo individual da criança, pois cada uma tem um

ritmo próprio não só pela sua personalidade, mas também pela amadurecimento dos seus

sentimentos, não sendo idêntica, nem com o mesmo grau, em cada uma das crianças, devendo

ser levado em conta mais o trabalho realizado pela criança do que o resultado alcançado, até

porque a criança deve ser analisada e avaliada em suas atividades cotidianas, nos diversos

momentos no contexto escolar. Portanto,

[...] O que é educativo na atividade motora não é a quantidade de trabalho

efetuado nem o registro (valor numérico) alcançado, mas sim o controle de si

mesmo- obtido pela qualidade do movimento executado, isto é, da precisão e

da maestria de sua execução (ROSA NETO, 2002, p. 17).

Dessa maneira, a motricidade na criança é analisada a partir da Coordenação Motora

Global que permite a criança dominar o corpo no espaço, controlando os movimentos mais

rudes, (Como por exemplo, andar, correr, saltitar, pular, subir, descer escadas, rastejar, etc.), e

da Coordenação Motora Fina que vem da capacidade de usar de forma eficiente e precisa os

pequenos músculos, manipulando movimentos delicados e específicos, dominando o ambiente

e propiciando manuseio dos objetos. (Como por exemplo, escrever, pintar, desenhar, recortar,

encaixar, montar/desmontar, empilhar, costurar, abotoar/desabotoar e digitar). A coordenação

motora global corresponde

As atividades que estão envolvidas nestas práticas dizem respeito à

organização geral do ritmo, ao desenvolvimento e às percepções gerais da

criança. A coordenação motora global é a condição que deve ser desenvolvida

primeiramente no espaço infantil (ALMEIDA, 2014, p. 45).

Para tanto, abrange o uso dos movimentos dos membros maiores do corpo, superiores e

inferiores, expressões corporais, por exemplo, braços, pernas, ombro, pescoço, cabeça, etc.,

trabalhando em conjunto para a organização do corpo como um todo. Logo, a coordenação

motora fina abrange

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[...] aos trabalhos mais finos, aqueles que podem ser executados com o auxílio

das mãos e dos dedos, especificamente aqueles com grande importância entre

mãos e olhos. [...] Também poderemos observar que é a coordenação motora

fina quem vai garantir um bom traçado de letra [...] (ALMEIDA, 2014, p. 51).

Assim, o desenvolvimento das habilidades motoras finas vai depender do trabalho feito

com relação a tonicidade muscular dos membros superiores e inferiores, adquiridas ao longo

do trabalho com o motor global, os movimentos do corpo todo. A partir da construção dessas

habilidades básicas, poderemos observar o traçado das letras e a força utilizada na realização

de atividades básicas como colorir, escrever e recortar.

Vale ressaltar que “a escrita da criança irá depender muito do trabalho e do

desenvolvimento da coordenação motora fina que apresentará”, sendo necessário que “[...] o

professor possa desenvolver atividades motoras que possibilitem este desenvolvimento, no

entanto jamais poderemos desenvolver estar atividades dissociadas dos aspectos

socioemocionais que as envolve” (ALMEIDA, 2014, p. 51).

Com relação ao trabalho com o desenvolvimento dessas habilidades por parte da escola,

Mattos e Kabarite (2013. p. 43) trazem a psicomotricidade como um

[...] ciência que estuda o homem por meio do seu corpo em movimento em

relação ao seu mundo interno e externo e de suas possibilidades de perceber,

atuar e agir com o outro, com os objetos e consigo mesmo. Está relacionada

ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas,

afetivas e orgânicas.

Logo, esse campo exerce dentro da educação o papel de estudar o sujeito em relação

com o tempo, o espaço e o outro, levando em consideração o que a criança precisa aprender

para relacionar-se no meio em que está inserida, construindo percepções sobre si mesma e sobre

os outros. Assim, o educador poderá levar a criança a perceber a complexidade da relação com

o meio e com os outros, trazendo a construção de conceitos a partir das próprias ações

desencadeadas no meio social e pessoal que convive, além de mostrar as habilidades

desenvolvidas em prol do desenvolvimento do corpo no espaço.

Para desenvolvimento desta pesquisa partiremos de uma análise mais aprofundada da

utilização da coordenação motora fina, que também é conhecida como óculo-manual e/ou

visuomanual, a qual representa atividades que envolvem o ato de “pegar um objeto e lançá-lo,

escrever, desenhar, pintar, recortar, entre outras, resultando da junção dos elementos

“objeto/olho/mão” como propulsores do desenvolvimento dessas atividades” (ROSA NETO,

2002, p. 14).

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Em meio a isso, apresentaremos o Autismo através de atividades que estimulam e

favorecem o desenvolvimento motor da criança, sendo a psicomotricidade um fator relevante

ao processo de desenvolvimento humano. Alves (2012, p. 66) assegura que “a motricidade é o

resultado da ação do sistema nervoso sobre a musculatura, como resposta a estimulação”, o

qual desenvolve notório prejuízo em indivíduos com Autismo, que apresentam, na sua maioria,

comprometimento na coordenação motora fina, coordenação visio-motora, fala, lateralidade,

equilíbrio, manutenção e percepção do próprio corpo no ambiente. Sendo assim,

Grande parte dos pacientes autistas tem uma motricidade perturbada pela

manifestação intermitente ou continua de movimentos repetitivos e

complexos (estereotipias). Os mais típicos envolvem as mãos e os braços,

mexendo-os frente aos olhos ou batendo palmas no mesmo ritmo,

independente do momento ou espaço em que se encontram. Balanceio do

tronco e o corpo inteiro, além de bater a cabeça rapidamente, também são

condutas observadas. Geralmente, andam sobre as pontas dos pés [...]

(SALLE et al, 2010, p. 13).

As estereotipias são características visíveis e ativas no Autismo, além de inibirem o

desenvolvimento motor natural, esses movimentos devem ser observados como mecanismos

de expressão e levado em consideração para o desenvolvimento de atividades que possam

controlar, “substituindo-os por movimentos adequados que ele precisa descobrir e que

produzirão progressos nas áreas cognitiva e motora”.

“Por apresentar dificuldades de percepção do corpo no ambiente surge o envolvimento

e interação com meio” que afetam a parte motora do indivíduo, ficando o espaço escolar como

um dos lugares em que se têm um maior contato com outras pessoas, proporcionando atividades

que ajudem na coordenação motora global- que envolve movimento com o corpo todo-

exercícios com o corpo, explorem o equilíbrio, lateralidade, manejo de objetos, além de

atividades pedagógicas que estimulem o raciocínio e movimentos olho-mão para o

aperfeiçoamento do motor fino- que abrange a manipulação de objetos, atividades de olho-mão,

como pinçar, pegar, escrever (CUNHA, 2014, p. 46).

Assim, nessa pesquisa, buscamos analisar a utilização do lúdico como fator relevante

no processo de desenvolvimento de uma criança com Autismo, mostrando estratégias eficazes

para aprendizagem, observadas a partir da sua realidade, trazendo as atividades de coordenação

motora fina como apoio as realizadas em sala de aula, além de favorecer o processo de escrita,

o traçado, recorte e desenho dessa criança.

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2.3 O USO DOS JOGOS, BRINCADEIRAS E ATIVIDADES LÚDICAS NO PROCESSO

DE APRENDIZAGEM

O lúdico tem o intuito de desenvolver nas crianças uma nova maneira de aprender por

meio do divertimento, interagindo de forma prazerosa com o meio e os outros, com

aprendizagens significativas e contextualizadas. Devemos entender que lúdico pode contribuir

de forma eficiente para o pleno desenvolvimento intelectual, cognitivo e afetivo do ser,

trazendo o conceito de que aprender pode ser divertido. Para a educação o lúdico é uma forma

de despertar nos alunos um mundo novo, diferente, divertido, criativo e significativo, que passa

a traz contribuições relevantes ao processo de desenvolvimento, ensino e aprendizagem. E com

isso, acreditamos que

A função lúdica na educação: o brinquedo propicia diversão, prazer e até

desprazer, quando escolhido voluntariamente a função educativa, o brinquedo

ensina qualquer coisa que complete o indivíduo em seu saber, seus

conhecimentos e sua apreensão do mundo. O brincar e jogar e dotado de

natureza livre típica de uns processos educativos. Como reunir dentro da

mesma situação o brincar e o educar. Essa e a especificidade do brinquedo

educativo. [...] (KISHIMOTO, 2005, p.37).

Para isso, de acordo com Vygotsky (1998, p. 118) para entendermos o desenvolvimento

da criança, é necessário levar em conta as necessidades dela e os incentivos que são eficazes

para colocá-las em ação, passando a dar significados e ação no uso dos brinquedos, trazendo

seu avanço ligado a uma mudança nas motivações e incentivos. Nessa perspectiva “o brinquedo

cria na criança uma nova forma de desejos [...] Dessa maneira, as maiores aquisições de uma

criança são conseguidas no brinquedo”. Assim sendo, essas aquisições de importância para

fazer com que se entenda o nível avançado pela criança no futuro, nas ações desenvolvidas, real

e moralmente.

O brinquedo tem um papel marcante para desenvolvimento, não sendo apenas uma

atividade simples, que está presente na infância, que dá prazer e divertimento a uma criança,

mas um fator muito importante do desenvolvimento. Dohme (2011, p. 124-125) também

ressalta que

O desenvolvimento pessoal funda-se em um processo de auto descoberta,

onde cada qual tende a tomar consciência do que sabe fazer e do que tem

dificuldade, como pode potencializar aquilo que faz bem e conviver, ou

diminuir, com afeitos daquilo que tem menos habilidades. O processo de

comparação pode ser doloroso, porém é eficaz e, às vezes, inevitável. Porém,

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atividade lúdica pode compor este processo de comparação de forma

agradável, divertida e em um clima de camaradagem. Quando a criança joga,

ela percebe suas possibilidades e a dos companheiros.

Dessa forma, Rolim et al (2008, p. 176) mostra que o brincar relaciona-se ainda com a

aprendizagem, pois brincar é aprender, sendo o lúdico uma proposta educacional para o

enfrentamento das dificuldades no processo ensino e aprendizagem. Para o autor a brincadeira

é o lúdico em ação e o brincar é importante em todas as fases da vida, por isso, deve ser encarada

como algo sério e que é fundamental para o desenvolvimento infantil.

O brincar prepara para futuras atividades de trabalho, evoca atenção e concentração,

estimula a autoestima e ajuda a desenvolver relações de confiança consigo e com os outros,

sendo as atividades lúdicas um dos melhores caminhos para o desenvolvimento da interação

com os outros.

Portanto os professores devem estar atentos para essa prática lúdica e

aprimorar uma contextualização para as brincadeiras. Por meio da

observação do brincar, os educadores são capazes de compreender as

necessidades de cada criança, os seus níveis de desenvolvimento, a sua

organização e, a partir daí, de planejar ações pedagógicas (ROLIM et

al, 2008, p. 177).

Assim, percebemos que o professor é um dos responsáveis por uma prática capaz de

satisfazer e atender as necessidades dos seus alunos, buscando abordar a brincadeira como um

instrumento de intervenção, participação e desenvolvimento individual e social, sendo essas

atividades uma das formas de se trabalhar com crianças autistas, trazendo as atividades lúdicas

como algo que deve ser essencial a infância e que permite ao sujeito o desenvolvimento da

autonomia, imaginação, tomada de decisões, trazendo assim, alternativas que as possibilitem

enfrentar os desafios do seu dia a dia.

Com isso, vale ressaltar a dificuldade encontrada na formação desse professor, que

muitas vezes depara-se com essas crianças sem preparo algum, sem ao menos saber o que irá

encontrar em sala de aula e isso vem desde a sua formação profissional. “Ademais, há carências

quanto à formação docente”, mas isso não impede que o professor reveja a sua prática e lute

pelos seus alunos, afinal “é preciso dar continuidade às ações, corrigindo os percursos e

fomentando novas iniciativas com base na dinâmica social e no trabalho em sala de aula”, ou

seja, a formação do professor deve partir da sua realidade prática, das suas vivências cotidianas

(CUNHA, 2013, p. 47). Para isso, Gatti (2010, p. 1355) apud Cunha (2013, p. 48) mostra que

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[...] a formação de professores não pode ser pensada a partir das ciências e

seus diversos campos disciplinares, como adendo destas áreas, mas a partir da

função social própria à escolarização, isto é, ensinar às novas gerações o

conhecimento acumulado e consolidar valores e práticas coerentes com nossa

vida civil. A formação de professores profissionais para a educação básica tem

de partir de seu campo de prática.

Nessa perspectiva, é necessário que se adotem ações ligadas a prática pedagógica

cotidiana que vise novas estratégias para a aprendizagem e o desenvolvimento desses alunos

com alguma necessidade educacional especial. Isso nos mostra que a relação do

desenvolvimento infantil e o brincar podem fazer parte de uma nova forma de ver o trabalho

com crianças autistas, assim, Orrú (2009) traz a perspectiva de Vygotsky (1998, p. 102) para

esse trabalho, no qual os processos de ensino e aprendizagem devem contemplar uma criteriosa

relação entre intervenção pedagógica e cotidiano, permitindo o embate das experiências

cotidianas no contexto em que elas ocorrem para a formação de conceitos significativos e maior

internalização do que está sendo vivenciado e concebido no âmbito educacional.

São muitas as estratégias levantadas de como se trabalhar com crianças com Autismo,

Andrade et al (2011, p. 46) ressalta através de um estudo de caso realizado, que

[...] por intermédio de atividades lúdicas, tais como desenhos, jogos, pinturas

e brincadeiras. Ressalta-se que o lúdico é vivenciado em sua essência na

infância, permitindo que o sujeito possa expressar sua autonomia, repense

ações, avalie e busque as alternativas críticas e criativas para os desafios de

seu dia a dia.

No Autismo o envolvimento pessoal de adultos nas brincadeiras torna-se essencial na

construção da base das demais relações do sujeito com o mundo, essa interação proporciona o

aprendizado da sintonia, equilíbrio de poder e sentimento afetivo, o que resulta no

fortalecimento da segurança e da confiança, favorecendo assim o desenvolvimento dessa

criança.

Uma das mediações pedagógicas consideradas importantes no processo de

desenvolvimento de crianças com Autismo são as situações de brincadeiras em que a criança

sozinha ou em interação com outras crianças ou adultos resolva problemas, elabore hipóteses

em um pensar sobre si e sua atuação no meio favorecendo a elevação dos modos de pensamento,

como afirma Chiote (2013, p. 98) “cabe ao professor investir na criação de condições para que

as crianças com Autismo ampliem suas experiências de brincadeira na relação com os outros”.

Assim, podemos entender que a partir da brincadeira a criança com Autismo passa a

desenvolver suas habilidades sociais, que acreditamos ser o primeiro passo para o seu

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desenvolvimento, mesmo que essa seja uma atividade não tão simples como parece, pois para

que se alcance o resultado esperado é necessário paciência, estratégias atraentes, contato e

persistência, em qualquer atividade dirigida para essa criança. Nessa perspectiva, Martins

(2009, p. 127) apud Chiote (2013, p. 102) afirma que:

A brincadeira [...], é uma possibilidade de desenvolvimento da criança com

Autismo a partir de sua interação social, em uma prática social específica da

infância que também pertence a essa criança, como sujeito que apresenta

especificidades na maneira como se relaciona com o outro, mas tem o direito

de participar da cultura.

Com base nisto, a partir da análise de estudos sobre as mais variadas formas de

intervenções no processo de desenvolvimento de crianças com autismo, práticas educativas

eficazes e formas de contribuir no processo de ensino e aprendizagem, este trabalho busca

analisar as práticas educativas por meio de jogos, brincadeiras e atividades lúdicas, numa

perspectiva de que o brincar é importante para o desenvolvimento do indivíduo, em seus mais

variados aspectos, no qual acredita-se que com crianças com Autismo não seja diferente, pois

esse pode ser um instrumento capaz de favorecer a interação com o mundo, a comunicação e o

aprendizado dessas crianças.

Portanto, acreditamos que a brincadeira e o lúdico podem ser uma estratégia eficaz no

desenvolvimento de crianças com Autismo, sendo um instrumento significativo no processo de

interação com o meio social e com o outro, de forma a trazer o indivíduo para o convívio social,

para as relações com o mundo exterior.

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3 METODOLOGIA

A metodologia é um conjunto de métodos e técnicas aplicadas para um determinado

fim utilizado como ferramenta para atingir o objetivo desejado de uma pesquisa. Para Motta-

Roth e Hendges (2010, p. 111) a metodologia de uma pesquisa “é um conjunto de ações que

busca investigar, analisar e avaliar determinada questão ou problema em dada área do

conhecimento”. Assim, a metodologia está dividida em aspectos que caracterizam e definem

cada etapa que a compõe. Iniciando com o tipo de pesquisa, sujeito e campo de pesquisa,

instrumentos utilizados na pesquisa para coleta de dados e procedimentos metodológicos.

3.1 TIPO DE PESQUISA

Para responder questões relativas aos objetivos da pesquisa, foi realizado um Estudo de

caso, que se caracteriza como uma “pesquisa que se concentra no estudo de um caso particular,

considerado representativo de um conjunto de casos análogos, por ele significativamente

representativo” (SEVERINO, 2007, p. 121).

Segundo Lüdke e André (2012), o estudo de caso apresenta características fundamentais

que visam “objetivar a descoberta, interpretar o contexto, retratar a realidade de forma completa

e profunda e usar várias fontes de informação”. Para Gil (1999, p. 73) esse estudo

[...] é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos

objetos, de maneira a permitir conhecimentos amplos e detalhados do mesmo,

tarefa praticamente impossível mediante os outros tipos de delineamentos

considerados [...].

Dessa forma, a pesquisa traz um estudo de um caso específico, que analisa um sujeito

em suas atividades diárias e de uso das atividades lúdicas como fator importante ao processo

de desenvolvimento da criança com Autismo inserida em classe regular.

3.2 SUJEITO E CAMPO DE PESQUISA

A presente pesquisa foi realizada em uma escola privada, localizada na cidade de

Garanhuns-PE, que tem como maior público crianças de classe média alta de idade entre 7 e 9

anos, em uma turma de 2° ano do Ensino Fundamental I com 30 alunos, sendo 02 desses alunos

com Transtorno do espectro autista, contando com uma professora regente e dois apoios

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pedagógicos individualizados, no qual cada criança com alguma necessidade educacional

especial tem um facilitador individual. Estas crianças com alguma necessidade especial são

incluídas em classes regulares e contam com uma sala de apoio, onde são realizadas atividades

extra classe, no caso as atividades mais lúdicas, de coordenação motora global e fina,

brincadeiras e demais atividades dirigidas por uma facilitadora que auxilia na realização das

atividades, trabalhando em conjunto com a professora.

O sujeito da pesquisa foi uma criança com Autismo em idade de 8 anos, que apresenta

atualmente dificuldades de socialização, motoras e na área de linguagem e concentração, que

será tratado na pesquisa como JB, seguindo os princípios éticos, visando proteger os direitos, a

dignidade, o bem estar e a autonomia do sujeito participante da pesquisa, prezo pelo uso do

anonimato da criança, a qual não terá sua identidade revelada, pelo fato de ser uma criança

menor de idade.

Para isso, a Resolução do Conselho Nacional de Saúde (CNS) nº 196/96 traz que as

Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos que “indicam

que todo projeto de pesquisa que envolver seres humanos deve incluir um Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)” (BRASIL, 1996), pois através dele, o participante

estará por dentro de tudo que irá acontecer ao longo dos estudos, sabendo se vai ou não

participar, por livre e espontânea vontade. Assim, para a realização desse estudo, será solicitado

aos responsáveis do sujeito um termo no qual será concedido o uso de informações e materiais

coletados ao longo da pesquisa, bem como será esclarecido os objetivos e intenções da pesquisa

para com a criança.

3.3 INSTRUMENTOS DE PESQUISA

O trabalho instituiu-se de uma observação direta e análise do sujeito da pesquisa em

situações que envolvam habilidades manuais ligadas as habilidades motoras, a partir de

atividades de cortar, colar, pintar, desenho, jogos que utilizem as mãos (pinçar, pegar e passar

de um lugar para outro, contar com os dedos, rasgar) e massinha.

Realizamos inicialmente um levantamento prévio das dificuldades motoras

apresentadas e em seguida quais os instrumentos e atividades poderiam ser feitas para a

estimulação da coordenação motora fina. A observação nas abordagens qualitativas de pesquisa

educacional para Ludke e André (2012, p. 26) é

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[...] usada como o principal método de investigação ou associada a outras

técnicas de coleta, a observação possibilita um contato pessoal e estreito do

pesquisador com o fenômeno pesquisado, o que representa uma série de

vantagens.

Com isso, buscamos identificar quais os jogos, brincadeiras e atividades lúdicas que

podem contribuir para o processo de desenvolvimento de uma criança com autismo, sendo essa

uma estratégia adotada em prol do desenvolvimento de habilidades motoras, cognitivas e

sociais, além de ser uma forma de incorporar o lúdico em sala de aula.

Para isso, os dados foram coletados por meio de registros em um diário de campo, de

filmagens dos momentos de atividades lúdicas e de atividades de treinos motores, buscando

descrever como esses mecanismos realizados ao longo da pesquisa contribuíram no processo

de ensino, aprendizagem e desenvolvimento do sujeito da pesquisa.

3.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Assim, foram analisadas a interação da criança com o outro, a influência do lúdico no

processo de desenvolvimento da criança em sala de aula e em suas aprendizagens, além da

contribuição para com as atividades ministradas em sala de aula, buscando relacionar os

conteúdos propostos pelo currículo da sala e pela professora por meio de materiais lúdicos e

concretos. Para isso, acreditamos que “[...] A brincadeira com alunos autistas pode facilitar a

interação social, trabalhar a atenção, sequências, habilidades, solucionar problemas, explorar

sentimentos, desenvolver causa e efeito, estimular a criatividade. [...]” (SANTOS, 2011, p. 63).

Esse fator mostra que as atividades em sala de aula devem priorizar a aprendizagem

significativa dos alunos, visando incentivar e despertar o interesse para as atividades lúdicas,

prazerosas e de construção do saber de forma midiatizada, pois “o lúdico pode ser parceiro na

prática do professor, as atividades selecionadas devem ser significativas oportunizando a

criança vivenciar descobertas” (SANTOS, 2011, p. 64).

Em meio as atividades escolares, nesta proposta, a influência do lúdico no processo de

desenvolvimento da criança em sala de aula e em suas aprendizagens, acontece a partir do

momento em que o aluno passa a dar sentido e perceber o mundo ao seu redor, por meio de

construções concretas e reais, que contribuem no seu desenvolvimento como sujeito histórico,

cultural e social. Assim, percebemos que

Por meio do brincar, o autista expressa seu entendimento do mundo e, por não

possuir as repressões que os adultos têm, libera todo o seu sentimento ao

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manipular os brinquedos. Os autistas falam por si por meio dos objetos com

os quais interagem. [...] Por meio das brincadeiras, os alunos autistas podem

sempre se reencontrar, não apenas com os objetos e situações das brincadeiras,

como também consigo próprio, reafirmando sua pessoa, fortalecendo-se

(SANTOS, 2011, p. 65).

Portanto, a ludicidade é uma forma de fazer com que o aluno entenda o meio em que

está inserido, podendo comunicar-se e interagir através de objetos, gestos e por si própria,

adquirindo com essas atividades lúdicas a capacidade de entender a si mesma e ao mundo em

que vive, além de perceber-se a escrita e a motricidade fina como uma forma de intervir e fazer

parte dessa realidade.

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4 ANÁLISE DE DADOS

Neste trabalho, analisamos a utilização das atividades lúdicas, partindo das habilidades

motoras, identificando como essas atividades podem auxiliar no processo de aprendizagem da

criança. De acordo com Almeida (2014, p. 51)

Quando a criança começa a desenvolver uma boa coordenação motora, será

comum observar que ela também apresentará uma boa tonicidade muscular

nos membros superiores e inferiores.

Partindo disto, podemos concluir que a coordenação motora tem fundamental

importância para o desenvolvimento global do sujeito. Afinal, o desenvolvimento humano é

fator relevante no processo de crescimento do indivíduo, perpassando todas as etapas de sua

vida e é a partir dessa teoria que podemos observar os padrões, evolução e dificuldades

apresentadas pelo indivíduo no seu processo de desenvolvimento, analisando todos os aspectos

nos quais a criança está se desenvolvendo, habilidades motoras, cognitivas, raciocínio,

linguagem, sociabilidade, entre outras.

Dessa forma, esta pesquisa foi realizada visando analisar um dos primeiros aspectos a

serem levados em conta para o desenvolvimento humano, a coordenação motora, como sendo

a habilidade que, se desenvolvida, auxiliará as demais habilidades do indivíduo. Bock (2002,

p. 97) assegura que o desenvolvimento humano se dá através de aspectos do desenvolvimento

humano “que compõem o aspecto físico-motor que engloba exercício do corpo, capacidade de

manipulação de objetos”.

As atividades direcionadas à coordenação motora têm como objetivo melhorar e ampliar

o desenvolvimento dessas habilidades, que sofreram atraso, pois o sujeito da pesquisa apresenta

dificuldade de locomoção, andando na ponta do pé e tendo dificuldade para sentar na postura

correta. Além disso, percebemos um déficit especificamente nas atividades mais finas, no que

diz respeito ao pegar objetos pequenos, cortar e principalmente a preensão do lápis.

Com isso, os dados coletados partem da análise de atividades básicas e cotidianas, mas

que visam o desenvolvimento global do sujeito com o auxílio da psicomotricidade, no que “diz

respeito as cores, brincar e participar de jogos, além de atividades simples como postura,

atenção, leitura e escrita” (OLIVEIRA, 2005, p.27). Os quais serão apresentados a seguir, de

maneira a entender melhor como se deu o trabalho de estimulação da coordenação motora em

atividades escolares.

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4.1 ADAPTAÇÃO DE MATERIAIS

Muitos instrumentos são utilizados para que a criança consiga realizar as atividades de

sala de aula de maneira satisfatória, significativa e prazerosa. Um dos primeiros passos são as

adaptações de alguns materiais utilizados pelo aluno em atividades básicas de sala de aula. A

partir da observação das dificuldades da criança analisada, percebemos que seria necessário

fazer-se uma adaptação quanto aos instrumentos utilizados em sala de aula, como o lápis, a

tesoura e um molde no qual a criança pode escrever, sobre os quais dissertaremos a seguir.

O engrossador de lápis facilita o manuseio do mesmo, sendo esse um instrumento que

funciona para aprimorar a função de pinça quando esta não é bem desenvolvida. Neste caso

também foram utilizados pesos que dão equilíbrio e melhor punção na hora do uso deste

instrumento tão presente no contexto escolar desse aluno.

Foi selecionada uma tesoura especifica, que apresenta uma espessura emborrachada e

que se encaixa aos dedos, permitindo manuseio facilitado sem que a mesma incomode ao cortar

ou até mesmo se desprenda.

Para auxílio na escrita, o sujeito da pesquisa utiliza também uma fôrma que delimita o

espaço a ser utilizado para resposta das atividades, a qual ajuda na organização e realização das

mesmas deixando a letra mais legível e fazendo com que a própria criança entenda a sua letra

e a faça de maneira satisfatória. Esse instrumento é considerado auxiliar no processo de ensino

e aprendizagem do aluno que não consegue realizar as tarefas obedecendo as linhas do caderno,

necessitando desse espaço para melhor visão do local a ser utilizado.

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Neste sentido, percebemos que existem inúmeros instrumentos capazes de favorecer o

desenvolvimento das habilidades motoras, pois grande parte das crianças dentro do espectro do

Autismo apresentam dificuldades de coordenação motora, nos mais diversos aspectos. Dessa

forma, Oliveira (2005, p. 27) deixa claro o que isso significa, afirmando que

Na sala de aula percebemos que a criança apresenta movimentos muito lentos

e pesados, dificuldades em participar de jogos com outras crianças, o pegar no

lápis, a letra ilegível (força até rasgar o papel/leveza clarinho que nem se

enxerga), postura relaxada, concentrar-se, manusear a tesoura, pulam letras

quando leem ou escrevem.

4.2 ATIVIDADES DE TREINOS MOTORES

Além das adaptações propostas para os materiais utilizados em sala de aula, foram

pensadas atividades de cunho pedagógico visando favorecer o desenvolvimento da

coordenação motora, que engloba, além de outras coisas, movimentos ponderados com as

mãos. Podemos perceber a importância destas atividades quando em fase pré-escolar a

coordenação é ‘treinada’ em atividades especificas para a idade, como exercícios motores de

desenhos, pintura e escrita.

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De tal modo, com esta criança foram utilizadas atividades de treinos motores, buscando

aprimorar as aptidões básicas necessárias para o desenvolvimento global do sujeito, em

atividades de cobrir, ligar, pintar seja com tinta ou lápis de cor e até mesmo preencher o espaço

com massinha. Sabemos que este tipo de atividades no contexto educacional é considerado

ultrapassado visto que obriga as crianças a fazerem exaustivos exercícios repetitivos para

aprimoramento do traçado e memorização de letras, mas no trabalho com crianças dentro do

espectro do Autismo essa prática é bastante utilizada e eficaz.

Mas, as metodologias adotadas para o ensino de crianças com Autismo depende da

análise das habilidades construídas e do olhas sensível do professor para perceber o que de fato

funciona e pode auxiliar no processo de aprendizagem dessas crianças. Sendo que,

Quanto mais significativo para a criança forem os professores, maiores serão

as chances dela promover novas aprendizagens, ou seja, independente da

programação estabelecida, ela só ganhará dimensão educativa quando ocorrer

uma interação entre o aluno autista e o professor. (ASSUMPÇÃO;

SCHWARTZMAN, 1995, p. 78)

Assim, educar uma criança com Autismo é um grande desafio, que se dá a partir da

observação e do diagnóstico daquilo que o sujeito sabe e precisa aprender, sendo traçada uma

proposta que respeite seus limites e aprimore suas habilidades. E como afirma Bereohff et al

(1994, p. 11) esta “é uma experiência que leva o professor a rever e questionar suas ideias sobre

desenvolvimento, educação normalidade e competência profissional”.

Para tanto, as atividades para crianças dentro do espectro vão depender dos objetivos

que deseja-se alcançar, partindo do plano individual do aluno, onde são traçadas as habilidades

e interesses, buscando planejar atividades que respeitem os limites, a atenção e o tempo que

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essa criança suporta, ou seja, deve-se valorizar o tempo disponível para realização dos trabalhos

e até onde a criança está fazendo de maneira prazerosa tal atividade.

4.3 ATIVIDADES DE CORTE E COLAGEM

Outra atividade utilizada para estimulação da coordenação motora é o recorte e colagem,

na qual a criança demonstra prazer e satisfação ao realizá-las. Estes tipos de atividades são

planejadas obedecendo uma sequência, onde a criança deverá recortar uma variedade de papéis,

fazer bolinhas, colar respeitando o espaço delimitado ou até mesmo desenhando o próprio

cenário a ser recortado. Segundo Duarte (2014, p.101) o uso da tesoura deve ser pensado a

partir do treino do modo de segurar e seu manuseio, adotando diversas maneiras de cortar, seja

[...] cortando o ar, sem papel; recortar vários tipos de papéis treinando o

recorte de forma livre ou dirigida; recortar tiras de papel largas e compridas;

recortar formas geométricas e figuras simples desenhadas no papel.

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Para oferecer complemento ao trabalho com o recorte é utilizada a colagem, onde a

criança deve, além de recortar, montar aquilo que lhe é proposto. Sobre isto Duarte (2014, p.

101) propõem atividades onde se possa

Colar livremente recortes em folha de papel; colar recortes em folhas de

papel, apenas numa área determinada; colar recortes sobre uma linha vertical

depois, sobre uma linha horizontal e sobre uma linha diagonal.

4.4 DESENHOS

O trabalho com desenhos é realizado como auxiliar para o entendimento da criança

como sujeito, sendo feito através do uso de materiais tais como régua e folha quadriculada,

além de desenhos livres, em que a criança utiliza uma folha de papel e lápis, no qual ele

construirá seu próprio desenho. Afinal, o desenho, como afirma Rabello (2014, p. 19), pode e

deve ser considerado como uma obra de arte, e assim:

O olhar para cada desenho é uma atividade que requer sutileza, atenção,

observação e sensibilidade. Buscar pelo olhar o que é manifesto e o que está

nas entrelinhas, o que esteja sutilmente colocado nos cantinhos, quase que

imperceptível, entendendo sempre a importância do desenho como uma

comunicação. Cada detalhe é importante. Nada deve ser deixado de lado nesta

observação, somente devemos olhar para estas representações deixando de

lado o valor estético, pois o valor aqui é o valor da mensagem, do conteúdo

simbólico.

Dessa forma, o desenho é considerado como um instrumento de comunicação e uma

forma de a criança explorar livremente a reprodução do seu traçado, ampliando e aprimorando

suas habilidades motoras já construídas ou que ainda estão em construção.

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4.5 MASSA DE MODELAR

Finalizando as atividades explicitadas, citamos o uso da massa de modelar como

facilitador do processo de construção das habilidades motoras, sendo esse mecanismo utilizado

pelo sujeito em análise, como auxílio nas atividades de interpretação de textos e ditado de

palavras, que são carimbadas na massa de modelar. Além disso, a criança também foi analisada

nas atividades livres de uso desse instrumento, tendo apresentado dificuldades de manuseio em

atividades livres e de confecção de objetos, não possuindo destreza motora para uso sem uma

forma e para isso usava-se muito o carimbo de letras, formas geométricas e um rolo para

amassar a massinha a ser utilizada. Para entender melhor a massa de modelar como instrumento

de auxílio nas atividades de coordenação motora, partimos da ideia de Oliveira (2005, p. 28)

que afirma que

[...] uma criança trabalhando com “massinha”. Ela cria bolas, cilindros,

bolachinhas, cobrinhas. Ao mesmo tempo em que desenvolve suas funções

mentais, na medida em que compara as formas, os tamanhos, cores, também

está desenvolvendo o tônus muscular de suas mãos.

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4.6 JOGOS PEDAGÓGICOS

Um outro fator levado em consideração é o uso de jogos pedagógicos, que visam ao

desenvolvimento de habilidades motoras, que partem do concreto e de atividades lúdicas que

fogem dos materiais didáticos utilizados em sala de aula, como o livro e o caderno. De início,

percebemos que tais atividades chamavam a atenção da criança e a faziam entender melhor

determinados conteúdos, sendo esse um instrumento utilizado como auxiliar às atividades de

sala de aula.

A maioria dos jogos envolveram atividades de pareamento e sequenciação, que foram

utilizados para a análise das habilidades já construídas, como a associação de cores e objetos,

de acordo com a proposta da atividade, proporcionando também o trabalho com a coordenação

motora fina, ao solicitar que a mesma pegasse o objeto e o colocasse em outro lugar,

favorecendo o movimento de pinça.

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Com o passar do tempo, os mesmos materiais foram utilizados com propostas diferentes,

buscando fazer com que a criança além de ser estimulada ao uso da coordenação motora fina

pudesse resolver problemas básicos de maneira prazerosa, ampliando a simples separação de

cores à contagem dos objetos, englobando a matemática, que não é algo frequentemente

desenvolvido com satisfação nas atividades de classe, por exemplo.

Ao mesmo tempo, foram aperfeiçoadas atividades de associação da tampa com o pote,

no qual estava escrito o nome, com relação à imagem, para que fosse associada a imagem com

a palavra, fazendo a criança ler, identificar e encaixar a tampa no pote, favorecendo o uso da

coordenação motora fina no simples ato de fechar um pote.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O processo de inclusão nos mostra que, para incluir, é preciso saber fazer os devidos

ajustes ao ambiente, para adequar tanto o ser como o local, para uma harmoniosa convivência,

proporcionando momentos de trocas de saberes e conhecimentos que possam favorecer a

aprendizagem a partir de uma boa convivência.

Portanto, passamos a entender que a educação deve ser feita através da relação entre

aquilo que o aluno já sabe e aquilo que ele realmente precisa aprender, respeitando seus limites

e valorizando suas competências. Dessa forma, o professor precisa estar ciente que o

desenvolvimento deve acontecer de forma integral, levando em consideração que o

desenvolvimento psicomotor também faz parte desse leque de habilidades a serem construídas,

entendendo que a psicomotricidade

[...] proporciona ao aluno algumas das capacidades básicas a um bom

desempenho escolar, pretendemos dar-lhe recursos para que se saia bem na

escola, aumentando seu potencial motor. A psicomotricidade, pois, se

caracteriza por uma educação que se utiliza do movimento para atingir outras

aquisições mais elaboradas, como as intelectuais (OLIVEIRA, 2005, p. 9).

Sendo que, este aspecto muitas vezes é deixado de lado, passando-se a valorizar mais o

cognitivo e intelectual, sem pensar que através da motricidade o aluno pode desenvolver as

demais habilidades de uma maneira completa e prazerosa. Afinal, as crianças aprendem mais

brincando e utilizando o próprio corpo como ponto de referência, do que preso às paredes da

sala de aula e às páginas do livro.

Este trabalho, buscou mostrar que, por meio de atividades de coordenação motora outras

habilidades também podem ser exploradas, fazendo perceber que essas são as habilidades

básicas e necessárias para a construção das demais. Dessa maneira, é necessário pensarmos que

as atividades motoras devem possibilitar o desenvolvimento não só dessa área, mas de todas as

outras, associadas ao processo de desenvolvimento e crescimento do indivíduo.

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APÊNDICE A- MANUAL DIAGNÓSTICO (DSM IV)

DSM IV (ORRÚ, 2009, p. 184)

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APÊNDICE B- MANUAL DIAGNÓSTICO (DSM V)

DSM V- Disponível em:

<http://www.orlandopereira.com.br/clipping/Transtorno_do_Espectro_Autista_(DSM-

V)_Criterios_diagnosticos.pdf>

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APÊNDICE C- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

PREZADOS PAIS E/OU RESPONSÁVEIS,

Esta pesquisa é sobre “CONVIVENDO COM UMA CRIANÇA DENTRO DO

ESPECTRO AUTISTA: A importância da estimulação da coordenação motora no

desenvolvimento” e está sendo desenvolvida por MYLENA CARLA ALMEIDA

TENÓRIO, discente do Curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal

Rural de Pernambuco/ UFRPE- Unidade Acadêmica de Garanhuns/ UAG, sob a

orientação da Professora M. Norma Abreu e Lima Maciel de Lemos Vasconcelos.

Os objetivos do estudo são analisar como as atividades lúdicas podem

favorecer o desenvolvimento de habilidades motoras para o processo de

aprendizagem de uma criança com Autismo, atentando para a identificação das áreas

da coordenação motora que precisam ser estimuladas, quais atividades lúdicas

favorecem o desenvolvimento dessas habilidades e como essas atividades podem

auxiliar no processo de aprendizagem dessa criança.

A finalidade deste trabalho é contribuir para o entendimento do uso de

atividades lúdicas como estratégia de ensino, aprendizagem e instrumento capaz de

desenvolver habilidades básicas e fundamentais ao processo de desenvolvimento de

uma criança com Autismo, buscando inicialmente o desenvolvimento das habilidades

motoras como essenciais e primeiras desse processo de reconhecimento do mundo

ao seu redor.

Solicitamos a sua colaboração para o estudo da criança incluída em classe

regular de ensino, nas suas relações diárias com o uso de atividades lúdicas, como

também sua autorização para apresentar os resultados obtidos através das atividades

realizadas pela criança, em forma de um trabalho de Conclusão de curso. Por ocasião

da publicação dos resultados, o nome e imagem do sujeito será mantido em sigilo.

Ressaltando que, a Resolução do Conselho Nacional de Saúde (CNS) nº

196/96 traz que as Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo

Seres Humanos que “indicam que todo projeto de pesquisa que envolver seres

humanos deve incluir um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)”

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(BRASIL, 1996), pois através dele, o participante estará por dentro de tudo que irá

acontecer ao longo dos estudos, sabendo se vai ou não participar, por livre e

espontânea vontade. Assim, para a realização deste estudo, será necessário que os

responsáveis do sujeito assinem esse termo no qual será concedido o uso de

informações e materiais coletados ao longo da pesquisa, bem como apresentará

esclarecimentos dos objetivos e intenções da pesquisa para com a criança.

O pesquisador estará à disposição para qualquer esclarecimento que

considere necessário em qualquer etapa da pesquisa.

Diante do exposto, declaro que fui devidamente esclarecido e dou o meu

consentimento para participação do uso dos dados coletados com a criança menor da

pesquisa e para publicação dos resultados.

______________________________________________________________

Assinatura do Representante legal pelo sujeito desta pesquisa

Atenciosamente,

_______________________________________

Mylena Carla Almeida Tenório - Pesquisadora

_______________________________________

Norma M. de L. Vasconcelos - Orientadora da pesquisa