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A IMPORTÂNCIA DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA DO SISTEMA

DIGESTÓRIO NO ENSINO DE CIÊNCIAS

Autora: Clair Borges Werner1 [email protected]

Orientadora: Dra. Ana Lúcia Crisostimo2 Resumo

Este artigo objetiva demonstrar a importância da aprendizagem significativa no ensino do Sistema Digestório para alunos do 8º ano do Ensino Fundamental, com análise da implementação de Unidade Didática elaborada em 2010, como atividade do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), aplicada na Escola Estadual Carmela Bortot, Ensino Fundamental, município de Pato Branco-PR. A Unidade Didática foi elaborada respeitando os conteúdos estruturantes constantes da Diretriz Curricular do estado do Paraná para a disciplina de Ciências. A implementação pedagógica foi efetuada objetivando a cessação de uma preocupação gerada pela aprendizagem mecânica dos estudantes, permeada por nomes decorados e definições prontas rapidamente esquecidas. Durante a implementação foi abordado o conteúdo básico Sistema Digestório e a relação com doenças da modernidade, foram considerados os conhecimentos prévios de alunos com a intencionalidade de promoção de aprendizagem significativa. As atividades planejadas foram aplicadas em ambiente de participação, relacionando teoria prática, envolvendo estratégias como mapas conceituais e recursos como o Sistema Digestório confeccionado em tecido. A experiência formativa oportunizou aos estudantes envolvidos uma rica aproximação com a construção do próprio conhecimento, permitindo a reflexão sobre seus conceitos prévios sobre o tema e a possibilidade de enriquecimento dos mesmos bem como a construção de novos conceitos. Palavras-chave: Aprendizagem significativa, conhecimentos prévios, subsunçores.

1 Especialização em Gestão do Trabalho Pedagógico, Ciências Naturais, professora da Rede Estadual de Ensino do Estado do Paraná. 2 Universidade Estadual do Centro Oeste do Paraná - UNICENTRO/Departamento de Biologia/Professora Doutora, Tutora e Orientadora do PDE.

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1 Introdução

A importância da disciplina de Ciências enquanto componente curricular

básico no Ensino Fundamental, anos iniciais e finais é inquestionável.

Conhecimentos necessários à manutenção da vida diária colocam a referida

disciplina em nosso ponto de vista, numa linha de inquietação gerada durante anos

de trabalho pedagógico como professora em sala de aula. Preocupa-nos

sobremaneira o fato de ao início de um ano letivo ou em outros momentos, ao

inquirirmos a grande maioria dos estudantes sobre algum conteúdo da disciplina

trabalhado em períodos anteriores, as respostas são inseguras, vagas, quando não

absolutamente equivocadas, demonstrando desconhecimento ou o que poderíamos

julgar como desinteresse sobre o assunto.

Moreira (2005, p. 11) afirma que "É da natureza humana errar, não é errado

errar. Errado é pensar que a certeza existe, que a verdade é absoluta e que o

conhecimento é permanente"

Neste cenário faz-se necessário levar em consideração o fato de que a

aprendizagem sobre os conteúdos básicos selecionados é imprescindível para que

os estudantes façam escolhas e tenham comportamentos coerentes com o que

aprenderam, no intuito de viver com qualidade.

O que acontece com a aprendizagem desses alunos se durante as aulas

eles participam, fazem questionamentos, demonstrando gostar de Ciências?

Partilhamos a manifestação da professora Pedrisa (2010, p. 3) que afirma: “Meus

professores eram ótimos, eu os adorava, mas se você me perguntar o que aprendi

com a ciência na escola, quase nada há para dizer ou lembrar.” Diante desta

afirmação surgem os questionamentos que provocam a procura de respostas

cobiçadas por muitos professores insatisfeitos com os resultados da sua

prática pedagógica, os quais serão tratados neste trabalho. Apesar de todas as

pesquisas realizadas no campo da educação como tentativas de que o ensino-

aprendizagem aproxime os estudantes do conhecimento sistematizado de modo

significativo, enfrenta-se um desafio que pode ser descrito conforme Barnes (1987,

p. 19):

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[...] nunca foi maior o abismo entre a ciência e a vida cotidiana. A maior parte das pessoas considera, não sem razão, que a ciência é uma atividade além de sua compreensão. E muito não tem o menor interesse em compreendê-la: a maior parte dos jornais e revistas dedicam mais espaço à astrologia e aos horóscopos que às ciências da natureza e seus resultados […]. A ciência tem avançado para que o homem comum possa compreendê-la e, além disso, tem avançado de uma forma que torna inútil qualquer tentativa de compreensão.

Cientes da importância da disciplina e de que os estudantes gostam dela,

fizemos da nossa preocupação já expressa a motivação para o desenvolvimento da

pesquisa vinculada ao Programa de Desenvolvimento Profissional (PDE),proposto

pela pela Secretaria de Estado da Educação. Pesquisando, constatamos as várias

motivações que podem levar os estudantes ao aparente desinteresse o que

empobrece imensamente o trabalho pedagógico do professor(a), comprometendo a

qualidade da educação.

Krasilchik (2005, p. 12), “...alerta para o fato de que a alfabetização biológica

deve ser multidimensional, quando o aluno aplica o conhecimento e as habilidades

adquiridas, relacionando-as com outras áreas para resolver problemas.” O que

temos agora nas escolas, é a alfabetização nominal, na qual o aluno pode até

conhecer termos científicos, porém não sabe o que significam e nem como aplicá-los

em situações desafiadoras no seu dia a dia. Para a grande maioria dos alunos, fatos

e conceitos são memorizados somente para atender às exigências de professores e

pais que exigem aprovação ao final do ano letivo. Conforme Luckesi, (1994, p. 23),

“...as notas dos alunos são operadas como se nada tivessem a ver com a

aprendizagem.”

Com base nas Diretrizes Curriculares Estaduais (DCE, 2008), pode-se

afirmar que um sujeito é fruto de seu tempo histórico, das relações sociais em que

está inserido, mas é, também, um ser singular, que atua no mundo a partir do modo

como o compreende e como dele lhe é possível participar. Então, é necessário levar

em conta o contexto em que vive e as influências que sofre, sejam elas sociais,

políticas, econômicas, tecnológicas e da própria violência gerada pela modernidade.

Dentro desta realidade estão nossos alunos. E há mais uma variável importantíssima

a ser considerada. De acordo com Gowin (1981, p. 5), “...outro aspecto fundamental

da aprendizagem significativa, é que o aprendiz deve apresentar pré-disposição para

aprender.”

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Podemos complementar esta ideia com a contribuição de Tapia (2006, p. 68)

que diz: “Toda a mobilização cognitiva que a aprendizagem requer deve nascer de

um interesse, de uma necessidade de saber, de um querer alcançar determinadas

metas.” De acordo com Arnay (1998, p. 28), "O conhecimento se origina da

resistência que o sujeito encontra ao efetuar suas ações, o conhecimento do sujeito

progride ao encontrar resistência."

Diante deste cenário relatado, decidimos investigar o que seria em Ciências,

significativo para nossos alunos(a), pois faz-se necessária a construção de um

embasamento teórico para a para a aplicação de métodos e metodologias que

solucionem a problemática em questão. Como uma primeira constatação da

necessidade de que o professor se torne um pesquisador na busca pela melhoria da

sua prática, Amaral (2006, p. 3), afirma:

[...] não é possível dissociar a prática pedagógica do professor e a produção da metodologia de ensino. Contudo, essa indissociabilidade tem duas grandes implicações: o caráter social da produção da metodologia do ensino e a pesquisa da prática pedagógica pelo próprio docente. Para melhor entendermos o referido binômio, será necessário previamente aprofundarmos os significados de conteúdo, método e técnicas de ensino, suas mútuas relações, bem como as relações que mantêm com os recursos didáticos. Tudo isso inserido em um contexto emoldurado pelas concepções de ciência, ambiente, educação e sociedade, direcionado pelos objetivos educacionais e regulado pelas condições que regem a realização da prática pedagógica.

Desse modo, cabe ao professor, independente dos desafios que enfrenta em

seu cotidiano escolar, tornar-se um pesquisador, enriquecendo deste modo sua

prática pedagógica, tornando-a potencialmente maximizadora da apropriação dos

conhecimentos científicos pela maioria dos seus alunos. Ao pesquisar, o professor

cristaliza o hábito de leitura, entende a necessidade de referências teórico-

metodológicas para direcionar sua prática, o que certamente tornará relevantes para

outros professores, os resultados por ele alcançados. O professor, considerado até

há pouco como agente passivo das mudanças educacionais, é colocado em cheque

e o seu papel como coautor destas mudanças é obrigatório, quando desfruta de sua

autonomia e se diz presente em atividades de formação continuada como extensão

de sua formação inicial.

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A premência no uso de metodologias que promovam um processo ensino-

aprendizagem que modifique o conhecimento dos alunos, deve-se ao fato de que é

evidente que após as avaliações feitas pelos professores(as), não resta nada do

trabalho realizado, nem conceitos, nada de novo. Ao avaliar a aprendizagem dos

alunos, é conveniente avaliar também o ensino que coloca em prática e a partir dos

resultados obtidos, partir em busca de inovações metodológicas.

A transformação da prática do professor decorre da necessidade de

ampliação de uma visão crítica sobre seu próprio trabalho. Ao avaliar a

aprendizagem dos alunos, é conveniente avaliar também o ensino que coloca em

prática e a partir dos resultados obtidos, partir em busca de inovações

metodológicas. Partindo desta premissa, procuramos apoio na Teoria da

Aprendizagem Significativa de Ausubel. No ensino pela aprendizagem significativa é

prioridade criar situações para aguçar o conflito cognitivo do aluno, questionando

seus conhecimentos anteriores e quando houver erro, discuti-lo levando em

consideração que não se ensinam mais certezas e coisas acabadas e sim a

relatividade, a probabilidade, a incerteza. Sendo assim, o aluno constrói, produz o

seu conhecimento. Schiminn (1988, p. 10) afirma: “Na escola, quando o aluno inicia

a aprendizagem de um novo conhecimento, ele constrói significados,

representações ou modelos mentais sobre esse conteúdo a partir de ideias e

representações prévias.”

Para contribuir com essas discussões no contexto educacional, este artigo,

resultante da nossa participação como professora da educação básica do estado do

Paraná no Programa de Desenvolvimento Educacional/PDE, socializa uma pesquisa

elaborada com o propósito de contribuir com novos encaminhamentos

metodológicos para o ensino de Ciências, contemplando o Conteúdo Estruturante

Biodiversidade. O objetivo principal da referida pesquisa foi realizar um trabalho

pedagógico de conscientização junto aos alunos da rede de Ensino Estadual do

Paraná em relação à importância do Sistema Digestório e das doenças da

modernidade que podem atingí-lo.

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2 Fundamentação Teórica

Com a finalidade de situar historicamente o questionamento maior do nosso

trabalho e abordar de modo epistemológico a Aprendizagem Significativa, traçamos

uma linha do tempo onde a ciência, sua importância, desenvolvimento e ensino são

delineados, paralelamente ao desenvolvimento humano. Para tanto, voltamos no

tempo, vislumbrando rapidamente os principais acontecimentos religiosos, sociais,

econômicos e políticos que deram à ciência o seu caráter provisório.

O ser humano, diferentemente de várias espécies de animais precisa,

durante algum tempo de cuidados especiais, como garantia mínima de

sobrevivência. Ao nascer, não possui aptidão para sozinho garantir a provisão de

suas necessidades básicas, o que contrasta com algumas espécies que logo após o

nascimento saem em busca de alimento, água e abrigo, sendo alguns também

capazes de se defender dos perigos do seu habitat. O homem é desadaptado ao

meio natural, sendo que o nascimento garante-lhe a herança da espécie, o que não

inclui a condição humana.

Então, tem início o processo lento da educação, processada no interior do

grupo social, onde ele desenvolve a consciência, a linguagem, o pensamento, torna-

se hábil e adquire saberes desenvolvidos historicamente. Estabelece relações com

outros seres humanos e o meio, gradativamente torna-se autônomo gerando a

possibilidade de intervenção sobre esse meio transformando-o e ao mesmo tempo

sendo transformado. Durante toda esta mudança, o pensamento e a linguagem

deixam a marca da presença humana no planeta. Nesta marca, a educação e a

Ciência caminham juntas com a humanidade.

A história da Ciência começou a ser escrita por filósofos e pensadores na

Antiguidade, tendo no filósofo grego Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.) contribuições

até hoje relevadas no que se refere à organização dos seres vivos, interpretando

fenômenos naturais sob o ponto de vista da Filosofia.

Desde os estudiosos de química e física do iluminismo, herdeiros dos filósofos que tentaram explicar os fenômenos naturais na antiguidade, aos naturalistas que se ocupavam da descrição das maravilhas naturais do novo mundo, passando pelos pioneiros do campo da medicina, todos

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contribuíram no desenvolvimento de campos de saber que acabaram reunidos, na escola, sob o nome de ciências, ciências físicas e biológicas, ciências da vida, ou ciências naturais. (FERNANDES, 2005, p. 04).

A Ciência continua seu desenvolvimento, dentro do qual situa-se o

naturalista sueco Carl Von Linné (1707-1778), responsável por uma das

classificações dos seres vivos usadas até os dias de hoje, passando pelo naturalista

britânico Charles Darwin (1809-1882) que revolucionou o meio científico mundial

com a Teoria da Evolução, chegando ao momento presente onde a manipulação

genética aliada à biotecnologia permite invenções como a produção de alimentos

transgênicos e o nascimento de animais clonados.

Baseando-se nos acontecimentos que compõe a história da Ciência, a

Diretriz Curricular Estadual do Paraná (2008, p. 63), para a disciplina de Ciências,

destaca como norteadores do trabalho pedagógico do professor, os Conteúdos

Estruturantes:

[...] conhecimentos de grande amplitude que identificam e organizam os campos de estudo de uma disciplina escolar, considerados fundamentais para a compreensão de seu objeto de estudo e ensino. Os conteúdos estruturantes são constructos históricos e estão atrelados a uma concepção política de educação, por isso não são escolhas neutras.

Os Conteúdos Estruturantes permitem o entendimento da historicidade do

conhecimento científico possibilitando discussões na linha do tempo, visando entre

outros fatores, a não fragmentação dos conteúdos da disciplina que contempla

como objeto de estudo, o conhecimento científico que provem do estudo da

natureza.

O ensino no Brasil apresenta uma história repleta de rupturas, que podem

ser marcadas por mudanças de paradigmas, principalmente aqueles importados de

países europeus no início da colonização e pela influência do contexto político,

social, econômico local e mundial. Iniciado pelos padres jesuítas que aqui aportaram

no ano de 1549, ensinaram até 1759 quando foram expulsos pelo Marquês de

Pombal. Com a vinda da Família Real portuguesa para o Brasil em 1808, efetivaram-

se melhorias como a implantação das Escolas de Direito e Medicina no Rio de

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Janeiro, mas a educação continuava com importância secundária, com professores

sem formação específica, privilegiando os filhos de famílias abastadas.

A disciplina de Ciências conquistou lugar garantido no currículo das escolas

brasileiras a partir do ano de 1931, com a Reforma Francisco Campos que visava

transmitir conhecimentos de várias ciências de referencia. Em seguida aconteceram

mudanças na duração dos cursos, depois criou-se o ensino profissional, veio a

influencia da Guerra Fria, a criação da Lei de Diretrizes e Bases Nº 4024/61 que

consolidava a importância da disciplina de Ciências na Escola.

Com o golpe militar em 1964, a escola priorizou a formação do trabalhador,

para o desenvolvimento da nação. Restaurada a democracia, abriram-se discussões

sobre a educação brasileira objetivando-se entre outros fins, diminuir a distancia

entre o Brasil e os países desenvolvidos, para onde partem muitos brasileiros em

busca de mais estudos e oportunidades de trabalho.

Na década de 1980, no estado do Paraná adotou-se o Currículo Básico para

o ensino de 1º grau, com a introdução da pedagogia histórico-crítica. Na década

seguinte, o Currículo Básico foi substituído pelos Parâmetros Curriculares Nacionais

os quais acusados de esvaziarem as disciplinas, deram em 2003, lugar às Diretrizes

Curriculares Estaduais que estabeleceram nova identidade ao ensino de Ciências no

estado.

O estabelecimento de uma nova identidade para a disciplina de

Ciências delega para a Escola, de acordo com as Diretrizes Curriculares Estaduais

(DCE):

repensar os fundamentos teórico-metodológicos que sustentam o processo ensino-aprendizagem; a reorganização dos conteúdos científicos escolares a partir da história da ciência e da tradição escolar; os encaminhamentos metodológicos e a utilização de abordagens, estratégias e recursos pedagógicos/tecnológicos; os pressupostos e indicativos para a avaliação formativa. (PARANÁ, 2008, p. 40).

As Diretrizes sustentam o uso de metodologias que partam dos

conhecimentos que o estudante já possui ao chegar à escola. Freire (1993, p. 70),

no entanto, esclarece que partir desses conhecimentos não significa ficar neles, mas

sim buscar novos.

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[...] partir do saber que os educandos tenham não significa ficar girando em torno deste saber. Partir significa pôr-se a caminho, ir-se, deslocar-se de um ponto a outro e não ficar, permanecer. Jamais disse como às vezes sugerem ou dizem que eu disse que deveríamos girar embevecidos, em torno do saber dos educandos, como mariposas em volta da luz. Partir do “saber de experiência feita” para superá-lo não é ficar nele.

Para ampliar a ideia de ampliar e enriquecer conhecimentos, citamos

Postman e Weingartner (1969, p. 62):

Podemos, ao final das contas, aprender somente em relação ao que já sabemos. Contrariamente ao senso comum, isso significa que se não sabemos muito nossa capacidade de aprender não é muito grande. Esta ideia – por si só – implica uma grande mudança na maioria das metáforas que direcionam políticas e procedimentos das escolas.

Como síntese das ideias de Freire, ressaltamos a expressão de Gadotti

(1997, p. 5), segundo a qual “ensinar é inserir-se na história, não é só estar na sala

de aula, mas num imaginário político mais amplo”. O autor revela que, para Freire, o

conhecimento deve constituir-se numa ferramenta essencial para intervir no mundo,

e que conhecemos para: a) entender o mundo (palavra e mundo); b) averiguar (certo

ou errado, busca da verdade e não apenas trocar ideias); c) interpretar e transformar

o mundo.

O conhecimento científico e sua produção tornam a ciência fundamental

para o dia a dia do ser humano. Saber como acontecem os fenômenos naturais e

sua importância na manutenção da vida nos diversos ecossistemas que compõem a

biodiversidade, ressaltando as condições de vida do homem moderno é requisito

indispensável para uma vida de escolhas. Apesar de a ciência não ser acabada e

tampouco infalível, ela acompanha o ser humano desde o início de sua história,

sendo portanto historicamente constituída. Para Bizzo, “o domínio dos fundamentos

científicos hoje em dia é indispensável para que se possa realizar tarefas tão triviais

como ler um jornal ou assistir à televisão.” (BIZZO, 2007, p. 12).

O entendimento dos princípios científicos/biológicos ajudam a lidar de modo

mais racional com uma grande quantidade de temas relacionados ao bem-estar

humano e consequentemente para o planeta. Pode-se cuidar da saúde adquirindo

noções de nutrição e higiene, desenvolvendo hábitos saudáveis como o de não

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fumar ou usar outras drogas perniciosas, entender o problema do lixo urbano e

contribuir para sua solução. Ainda de acordo com Bizzo (2007, p. 14):

O ensino de Ciências deve proporcionar a todos os estudantes a oportunidade de desenvolver capacidades que neles despertem a inquietação diante do desconhecido, buscando explicações lógicas e razoáveis, amparadas em elementos tangíveis. Assim, os estudantes poderão desenvolver posturas críticas e tomar decisões fundadas em critérios tanto quanto possível objetivos, defensáveis, baseados em conhecimentos compartilhados por uma comunidade escolarizada definida de forma ampla.

Para que o desafio proposto por Bizzo transforme-se em realidade, é

necessária uma análise mais apurada sobre a aprendizagem que efetivamente abre

caminhos até os estudantes que lotam as escolas públicas na atualidade, a

aprendizagem significativa, aquela que parte do conhecimento prévio do aluno,

tornando-o rico e elaborado.

Gowin (1981, p. 5), afirma “que a interação social é indispensável para a

concretização de um episodio de ensino.” Para Postman e Weingartner (MOREIRA

apud, 1969, p. 15), isso significa realizar aprendizagem critica subversiva:

[...] permitir ao aluno fazer parte de sua cultura e ao mesmo tempo estar fora dela, manejar a informação criticamente sem sentir-se impotente frente a ela; usufruir a tecnologia sem idolatrá-la; mudar sem ser dominado pela mudança; viver em uma economia de mercado sem deixar que este resolva sua vida; aceitar a globalização sem aceitar suas perversidades; conviver com a incerteza, a relatividade, a casualidade […].

No ensino pela aprendizagem significativa é prioridade criar situações para

aguçar o conflito cognitivo do aluno, questionando seus conhecimentos anteriores e

quando houver erro, discuti-lo levando em consideração que não se ensinam mais

certezas e coisas acabadas e sim a relatividade, a probabilidade, a incerteza.

Ao praticar o ensino significativo, o professor deve traçar objetivos coerentes

com sua operacionalização pedagógica. Escolhido um conteúdo, este deverá estar

em sintonia com a abordagem, com a técnica de ensino, com os recursos didáticos.

Se um destes itens for substituído, haverá repercussão nos outros. Segundo Amaral

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(2006, p. 5), “...quando as mudanças são conscientes e deliberadas por parte do

professor, permitem o controle da ação pedagógica.” Mudanças aleatórias causam a

perda de prumo do processo educativo. Ainda de acordo com Amaral (2006, p. 6 ),

“o grande determinante dessas decisões e articulações do processo educativo é o

que chamamos metodologia de ensino.”

Ao relacionar um conteúdo novo, com algum ponto do acervo cognitivo já

existente que seja relevante, mais próximo o aluno estará da aprendizagem

significativa, sendo que ela possibilitará o enriquecimento da sua estrutura cognitiva,

facilitando a lembrança posterior e seu uso quando for necessário, no caso de novas

aprendizagens. Este é o eixo central da teoria de Ausubel (1982, p.151), onde ele

afirma que “a aprendizagem precisa integrar o aluno a novos conhecimentos através

de termos e conceitos familiares, os chamados subsunçores, desafiando-o a refletir,

construindo então a reaprendizagem”.

Para proporcionar aos alunos(as) a aprendizagem significativa na qual o

próprio aluno transforma seu estado inicial em uma situação final em que é capaz de

realizar algo que antes não podia, optamos pelo conteúdo específico Sistema

Digestório relacionado ao Conteúdo Estruturante denominado Sistemas Biológicos,

em consonância com a Diretriz Curricular Estadual para a disciplina de Ciências.

Dentre os vários sistemas que compõem o organismo humano, o Sistema

Digestório ocupa como todos os outros, papel fundamental na manutenção da vida.

Uma vez ingeridos, os alimentos passam por uma série de processos físicos e

químicos nos diversos órgãos componentes do Sistema Digestório, sendo

transformados em substâncias menores, o que facilitará seu transporte através da

corrente sanguínea. É desse modo que chegam a todas as células do organismo,

nutrindo-as, proporcionando condições de subsistência e reprodução, dando

continuidade à vida.

No ensino pela aprendizagem significativa é prioridade criar situações para aguçar o

conflito cognitivo do aluno, questionando seus conhecimentos anteriores e quando

houver erro, discuti-lo levando em consideração que não se ensinam mais certezas

e coisas acabadas e sim a relatividade, a probabilidade, a incerteza. Sendo assim, o

aluno constrói, produz o seu conhecimento. Segundo Postman e Weingartner (1969,

p. 6), “uma vez que o aluno aprende a formular perguntas relevantes e apropriadas,

aprende a aprender, ninguém poderá impedi-lo de aprender o que quiser.”

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A opção pelo Sistema Digestório para a realização da atividade, deve-se a

existência de inúmeros casos de obesidade, bulimia e anorexia, noticiados pela

mídia como um alerta a uma situação de desequilíbrio alimentar, social, psicológico

que em nosso entendimento além de tratamento multidisciplinar, necessita de uma

abordagem educacional.

Dentre os vários sistemas que compõem o organismo humano, o sistema

digestório ocupa como todos os outros, papel fundamental na manutenção da vida.

Uma vez ingeridos, os alimentos passam por uma série de processos físicos e

químicos nos diversos órgãos componentes do sistema digestório, sendo

transformados em substancias menores, o que facilitará seu transporte através da

corrente sanguínea. É desse modo que chegam a todas as células do organismo,

nutrindo-as, proporcionando condições de subsistência e reprodução, dando

continuidade.

Condições sociais e políticas influem diretamente na vida das pessoas,

fazendo com que desfrutem de excelentes condições de trabalho, moradia,

educação, saúde, lazer ou que enfrentem problemas como o desemprego, o que

desencadeia fatos que tornam a vida difícil, com pressão psicológica, stress, e

outros problemas semelhantes. Em ambos os casos, é imprescindível o

conhecimento do funcionamento do Sistema Digestório, que sofre conseqüências

com a vida agitada, com horários apertados, com fast-food, com assédios morais,

com falta de alimentos ou seu excesso, o que gera a obesidade a qual aumenta a

olhos vistos, sem contar com a influência da mídia que bombardeia a todos o tempo

todo, com ofertas que vão de cerveja a remédios para emagrecer, visando o alcance

das medidas corporais de artistas e modelos.

A Diretriz Curricular Estadual da disciplina de Ciências destaca (2008, p. 16):

Os conteúdos disciplinares devem ser tratados, na escola, de modo contextualizado, estabelecendo-se, entre eles, relações interdisciplinares e colocando sob suspeita tanto a rigidez com que tradicionalmente se apresentam quanto o estatuto de verdade atemporal dado a eles. Desta perspectiva, propõe-se que tais conhecimentos contribuam para a crítica às contradições sociais, políticas e econômicas, presentes nas estruturas da sociedade contemporânea e propiciem compreender a produção científica, a reflexão filosófica, a criação artística, nos contextos em que elas se constituem.

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Os cuidados com o Sistema Digestório tornaram-se uma preocupação

constante por parte dos gestores da Saúde Pública bem como das famílias em

relação principalmente em relação a crianças e adolescentes, tendo em vista a alta

incidência nesse segmento da população de doenças como obesidade, bulimia e

anorexia. Mesmo havendo muitas informações sobre elas por parte da mídia que

muitas vezes preocupa-se mais com manchetes sensacionalistas, é necessário

construir um conhecimento que de fato sensibilize os estudantes, levando-os a

tomarem posturas que contribuam para uma vida saudável.

Assim sendo, com a Implementação da Unidade Didática propusemos a

utilização de atividades que ofereçam condições aos estudantes de refletir sobre

como o conhecimento sobre seu próprio organismo, mais especificamente sobre a

digestão, pode proporcionar subsídios para uma alimentação mais saudável. É

conveniente salientar igualmente que a cada dia a indústria de alimentos oferece

novidades com sabores e embalagens altamente convidativas e que os mesmos

consumidos sem parcimônia levam ao excesso de peso e ás outras doenças já

citadas.

A Escola é um espaço de construção do conhecimento científico. Nela, o

conhecimento popular trazido pelos estudantes, será transformado, para que com

bases científicas possa ser o norteador na busca por hábitos de saúde corretos e

alimentação equilibrada, escolhidos com responsabilidade e criticidade. Crianças e

jovens sofrem fortemente a influência da mídia, principalmente da TV e Internet, as

quais difundem padrões de consumo de bens como roupas, calçados e acessórios

bem como alimentos e bebida, veiculada através de modelos jovens e magérrimos,

criando estereótipos de beleza que, dependendo do tipo físico de quem vai adotá-los

é porta aberta para a entrada de doenças da digestão.

3 Metodologia

Como atividade inicial foi aplicado o Pré-teste, composto pelas questões

inclusas a seguir, para sondagem sobre os conhecimentos prévios dos estudantes,

questões estas, sobre o Sistema Digestório e doenças modernas da digestão.

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Baseando-se nestes pressupostos teóricos ocorreu a implementação de uma

proposta pedagógica junto aos educandos do no 8º ano do turno Vespertino da

Escola Estadual Carmela Bortot, Ensino Fundamental, localizada em Pato Branco-

PR, no período de agosto a dezembro de 2011. Para tanto, foi utilizado uma carga

horária semanal em período regular, ocorrendo de forma paralela com os demais

conteúdos propostos nas DCEs-PR, junto a série mencionada.

As atividades implementadas foram divididas em quatro etapas consecutivas:

primeiramente o projeto foi socializado à comunidade escolar, em seguida foi

aplicado o pré-teste (Anexo1) aos alunos do 8º anos. Em seguida, as aulas foram

ministradas utilizando a unidade didática como referência, cujas etapas passarei a

tratar resumidamente a seguir.

Após a conclusão das atividades, foi aplicado o pós-teste para a mesma

turma, com as mesmas questões anteriores, as quais permitiram acompanhar as

evoluções conceituais por parte dos alunos.

A partir das estratégias de avaliação mencionadas, pôde-se coletar e

analisar dados.

Para melhor visualização do processo investigativo junto aos alunos

descreveremos brevemente as atividades desenvolvidas durante a implementação e

em seguida as análises possíveis da aplicação da metodologia do pré e pós teste.

3.1 Descrição resumida de cada etapa

Após a aplicação do Pré-teste e alguns comentários surgidos sobre

hábitos alimentares como o consumo diário exagerado de refrigerantes, os alunos

assistiram um vídeo sobre o Sistema Digestório em sala de aula, com o uso da TV

Multimídia, o vídeo de 8,59 minutos disponível em

http://blog.brasilacademico.com/2011/07/documentario-sobre-digestao-humana.html.

O vídeo foi assistido com atenção pela maioria dos alunos sendo que a

atenção maior foi notada por parte das meninas que se mostraram concentradas e

interessadas. Em seguida foi realizada explicação dialogada sobre as partes

constituintes do Sistema Digestório e sua fisiologia, bem como das glândulas anexas

com a passagem e transformação dos alimentos. Alguns alunos preferiram

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acompanhar a explicação acompanhando o Livro Didático, fizeram vários

questionamentos onde citaram tabus como tomar banho depois do almoço dá

congestão? Avaliamos a participação dos aluno(as) como boa, sendo que um dos

meninos dormiu durante a explanação.

A atividade seguinte foi uma atividade demonstrativa com um Sistema

Digestório confeccionado em tecido, malha colorida, com os órgãos preenchidos

com fibra, unidos uns aos outros por um recorte de velcro, possibilitando montagem

e desmontagem para melhor entendimento e manuseio pelos alunos. Uma aluna

prontificou-se a servir de manequim para a colocação das peças sobre seu tronco,

deitada sobre carteiras da sala. O interesse durante a aula foi grande, alguns alunos

impressionaram-se sobremaneira com a extensão do intestino delgado e como os

órgãos encaixam-se uns aos outros permitindo que haja lugar para todos na

cavidade abdominal. Durante a aula, o aluno que dormiu na aula anterior, ficou

alheio ao trabalho, indo até a janela para olhar para fora sempre que ninguém o

vigiava causando transtorno, pois outros alunos quiseram fazer o mesmo. Após a

atividade demonstrativa, os alunos reuniram- se em duplas para produção de texto

sobre o que aprenderam, sem consulta a qualquer material, sendo que o

texto produzido foi acompanhado de desenho feito nas cores do material

apresentado.

A valiando a atividade, anotamos neste dia a ausência de 4 alunos e 1 aluna.

Dos 23 estudantes presentes na sala de aula que realizaram a produção textual e o

desenho, 14 trabalhos podem ser considerados ótimos, 3 trabalhos foram entregues

sem o desenho, em 4 trabalhos a identificação das partes do desenho deixou a

desejar, 1 aluna entregou o trabalho sem o texto com um desenho bem elaborado

com as partes identificadas e um aluno confundiu o Sistema Digestório com o

Sistema Urinário, colocando este último no desenho.

Na aula seguinte, promovemos uma autocrítica que não estava planejada

pois os resultados não foram exatamente os esperados, sendo que a preocupação

maior ficou em torno do aluno que confundiu dois Sistemas tão diferentes como o

Digestório e o Urinário. Os argumentos usados pelos alunos(as) em suas defesas é

de não estavam habituados a realizar tarefas nas quais não pudessem consultar o

Livro Didático e que com a possibilidade de realizar atividades consideradas como

Recuperação Paralela, não havia motivos para fazerem grandes esforços em um

primeiro momento.

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Em seguida, dando continuidade à implementação da Unidade Didática foi

realizada montagem de mapa conceitual sobre a digestão. Cada aluno(a) recebeu

um mapa conceitual a ser trabalhado, já com alguma organização, possibilitando

assim o início do trabalho. Foram recortados pelos alunos, retângulos de papel que

preenchidos e colocados nos campos em branco, facilitaram a atividade, impedindo

o aparecimento de borrões. Durante a atividade os alunos tiveram a liberdade de

andar pela sala de aula e trocar ideias com colegas algumas alunas procuraram

esclarecer dúvidas sobre o assunto. Alguns alunos retardaram o término do trabalho

distraindo-se com brincadeiras, meninos esses, aqueles que não tiveram bom

aproveitamento na atividade do dia anterior.

A próxima atividade planejada constou de leitura e interpretação de textos

sobre Anorexia, Bulimia e Obesidade, com posterior debate. Os textos foram

previamente distribuídos aos alunos(as) em função da preocupação com o tempo

para o debate sobre as doenças em questão.

Após a leitura, alguns alunos(as) necessitaram tirar dúvidas sobre o

significado de algumas palavras por eles desconhecidas e em seguida, iniciamos a

discussão. Procuramos dirigir questionamentos a todos(as) de modo que nenhum

estudante deixasse de contribuir criticamente. Todos(as) expressaram suas opiniões,

embora alguns apresentassem dificuldades de encontrar as palavras adequadas

para a exposição de seus argumentos, sendo de fácil constatação, que as alunas

mais magras são mais aceitas no grupo. Devemos lembrar aqui, no que se refere à

falta de palavras para argumentar apresentada pelos alunos da afirmação de

Vygotski (apud Krasilchik 2005), “...a palavra só passa a ter significados, quando o

aluno tem exemplos e oportunidades suficientes de usá-las, construindo sua própria

moldura de associações”.

Abordamos o fato de que sempre que o professor(a) não está vigilante na

sala, alguns alunos(as) mastigam chicletes e comem balas e pirulitos. Combinamos

então que este hábito será deixado de lado principalmente por um dos meninos da

sala que está visivelmente com sobrepeso, sendo constantemente motivo de

chacota e apelidos pejorativos por parte dos colegas da sala. A avaliação sobre a

atividade foi feita, enumerando-se maneiras de evitá-las, salientando-se também que

os tratamentos são dispendiosos e difíceis tanto para quem está doente como para

suas famílias. Encerramos a aula com a demonstração de que volume de líquidos o

estômago pode suportar. Com a ajuda dos alunos, colocamos 1,5 L de água em um

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balão de festa e discutimos os problemas que o excesso de alimentos sólidos e

líquidos podem causar a este órgão, como a necessidade da pessoa comer cada

vez mais.

Como encerramento da Implementação da Unidade Didática, reaplicamos o

teste inicial, agora denominado Pós-teste, o qual foi respondido por 27 alunos.

Analisando-se as respostas do Pré e Pós-teste, afirmamos que em 17 deles

houve evolução. As respostas tornaram-se mais objetivas, mostram mais certeza por

parte do aluno dos conceitos sobre os quais escreve. Dois alunos que no Pré-teste

saíram-se muito bem, no Pós-teste pode-se com alegria afirmar um progresso

imenso, pois além de responderem as questões escreveram textos completos sobre

as doenças discutidas. O restante dos alunos 8 no total, não apresentaram a

evolução desejada na aprendizagem, o que motivou grande frustração. Ao

comunicar a pedagoga da Escola sobre estes resultados, ela afirmou que os alunos

em questão apresentam situações como: excesso de faltas, deficiência de

aprendizagem sendo necessário que frequentem a sala de recursos, defasagem

idade/série e vulnerabilidade social, fatores que contribuem para o insucesso do

processo ensino-aprendizagem. Reforçamos nossa preocupação com os resultados

da Implementação da Produção Didática, com apropriação da afirmação de Zabala

(1998, p. 28-29):

O professor pode desenvolver sua atividade profissional sem colocar o sentido profundo das experiências que propõe e assim se deixar levar pela inércia ou pela tradição. Ou pode tentar compreender a influência que estas experiências têm e intervir para que sejam as mais benéficas possíveis para o desenvolvimento e amadurecimento de meninos e meninas. Mas, de qualquer forma, ter um conhecimento rigoroso de nossa tarefa implica saber identificar os fatores que incidem no crescimento dos alunos.

4 Considerações Finais

Este trabalho investigativo nasceu da necessidade de resposta a uma

perturbação que aparece na sala de aula no início do ano letivo, quando ao

questionar alunos sobre o que foi estudado no ano e série anterior, eles oferecem

respostas que em um primeiro momento mostram total desconhecimento dos

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assuntos citados, o que causa uma sensação de desgosto profundo. A mudança

dessa situação, foi a motivação maior para a escolha do tema “Aprendizagem

Significativa”. O conteúdo Sistema Digestório entre tantos outros fundamentais no

cotidiano de todas as pessoas, foi priorizado tendo em vista o momento vivido na

sociedade em relação ao culto do corpo magro, à obesidade crescente e do

entendimento necessário para o que seja uma alimentação adequada, partindo-se

do conhecimento da digestão.

Ao término do processo de implementação das atividades em sala de aula,

torna-se evidente as imensas possibilidades de aprendizagem dos alunos quando do

uso adequado das pontuações construtoras da aprendizagem significativa. Os

resultados obtidos efetivam os objetivos propostos e apontam para as variadas

possibilidades de aplicação de metodologias que destaquem e valorizem os

conhecimentos prévios dos estudantes, o que alicerça de modo fundamental a

construção do conhecimento científico dos mesmos.

A reflexão sobre os resultados da Implementação da Unidade Didática,

realizada com alunos do 8º ano da Escola Estadual Carmela Bortot de Pato Branco-

PR, reforçam a necessidade de que o professor de Ciências mantenha-se em

constante estado de alerta e de desafio, pesquisando tendências, metodologias que

possam vir de encontro à melhoria do seu trabalho pedagógico, como resultado de

uma avaliação diagnóstica, constante e formativa, tanto para o seu trabalho quanto

de seus alunos.

Igualmente, ao observar o desenvolvimento de seus alunos, o professor

pode inserir atividades como jogos pedagógicos a serem criados e desenvolvidos

pelos próprios alunos, como uma extensão lúdica da aprendizagem obtida

através da metodologia, recursos e estratégias desenvolvidas na Unidade Didática,

ora socializadas, oportunizadas pelo Programa de Desenvolvimento Profissional

PDE).

5 Referências Bibliográficas

AMARAL, I. A. Currículo de Ciências: das Tendências clássicas aos movimentos Atuais de Renovação.

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ARNAY, J. Conhecimento escolar e científico: representação e mudança. 1. ed. São Paulo: Ática, 1998. AUSUBEL, D. P. A aprendizagem significativa: a teoria de David Ausubel. São Paulo: Moraes, 1982. BIZZO, N. Ciências: fácil ou difícil? 2. ed. São Paulo: Ática, 2007. GEHLEN, S. T. Freire e Vigotski no contexto da Educação em Ciências: aproximações e distanciamentos. Ijuí. Disponível em HTTP://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diaadia/arquivos/File/conteudo/artigos_teses/Ciencias/Artigos/Freire_Vigotski_cienc.pdf. Acessado em: 28 set. 2010. KRASILCHIK, M. Prática de Ensino de Biologia. 4. ed. São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 2005. LUCKESI, C. C. Avaliação da aprendizagem escolar. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1994. LUNA, S. V. de. Planejamento de pesquisa: uma introdução. São Paulo: Ed. PUC, 1998. MOREIRA, M. A. Sobre Monografias, Dissertações, Teses, Artigos e Projetos de Pesquisa: significados e recomendações para iniciantes da área de Educação Científica. UFRGS, 2002. MOREIRA, M. A. Aprendizagem Significativa Crítica. Texto de apoio para o III Encontro Internacional de Aprendizagem Significativa, Lisboa (Peniche), 11 a 15 de setembro de 2000. PARANÁ. Introdução às Diretrizes Curriculares da Educação Básica – Ciências. Curitiba: SEED, 2008. PEDRISA, C. M. Características históricas do ensino de Ciências. Revista Ciência e Ensino. n. 11, dezembro/2001, FE/Unicamp. RAMOS, M. G. Epistemologia e ensino de Ciências: compreensões e perspectivas. In: MORAES, R. (Org.). Construtivismo e ensino de Ciências: reflexões epistemológicas e metodológicas. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2003. p. 13-36. SCHIMINN, S. Um estudo sobre a evolução do conceito de energia em alunos de 8ª série do Ensino Fundamental. Dissertação de Mestrado da Universidade Estadual de campinas e Universidade estadual do Centro Oeste, 1998. TAPIA, J. A. A motivação em sala de aula, o que é, como se faz. 7. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2006. ZABALA, A. A Prática Educativa: como ensinar. Trad. Ernani F. da F. Rosa. Porto Alegre: Artmed, 1998.

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APÊNDICE

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QUESTIONÁRIO – PRÉ E PÓS-TESTE

PROJETO: A IMPORTÂNCIA DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA DO SISTEMA

DIGESTÓRIO NO ENSINO DE CIÊNCIAS Escola Estadual Carmela Bortot Pato Branco _____/____/____ Dados do aluno(a) entrevistado: Nome:_______________________________ Idade:____________

1- Você tem algum conhecimento sobre o assunto “Sistema Digestório” humano?

R:_______________________________________________________________

2- Se você respondeu Sim, na questão anterior, escreva os nomes de três órgãos

que façam parte desse sistema.

R:______________,_________________e_______________________________

3- No seu entendimento, é importante o saber sobre como acontece o mecanismo

da digestão?

R:______________ Por quê?_________________________________________

4- Você se preocupa com a saúde do seu corpo e com a saúde das pessoas com as

quais convive?

R:______________. Por que?_________________________________________

5- Na sua família, alguém sofre de alguma doença ligada à digestão?

R:______Qual?____________________________________________________

6- A sociedade criou condições de vida para as pessoas fazendo com que elas

desenvolvam doenças relacionadas à digestão, tipo de alimentação e a massa

corporal considerada adequado à modelos e artistas. São elas: bulimia, anorexia

e obesidade. Escreva o que você sabe sobre elas

R:________________________________________________________________

________________________________________________________________

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7- Você pratica alguma atividade física regularmente?

R:_____________Qual?_____________________________________________

8- Você considera importante controlar o seu peso e cuidar da alimentação?

R:___________________Por quê?_____________________________________

9- Você tem conhecimento de alguma pessoa que sofreu preconceito na sociedade

por estar acima do peso considerado ideal?

R:_______________________________________________________________

10- Na sua vida diária, você come, bebe ou usa objetos e roupas sugeridas pela TV?

R:_______________________________________________________________

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