a implementação de um programa de reintegração com intuito...

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1 A implementação de um programa de reintegração com intuito de mostrar a eficácia na readaptação de funcionários com LER/DORT à estrutura da empresa. Kellene Mara Cavalcante Ribeiro 1 [email protected] Dayana Priscila Maia Mejia² Pós-graduação em Ergonomia: Saúde, Segurança e Otimização de ProcessosFaculdade Ávila Resumo Com as atuais mudanças nas leis previdenciárias especificamente com a criação do NTEP Nexo técnico epidemiológico em 2007, faz-se necessário por parte das empresas à introdução de mecanismos de implementação de controle dos riscos ergonômicos ocupacionais que correlacionam o grupo de CID ao CNAE das empresas. Este artigo tem como objetivo relatar a importância de se fazer um programa de reintegração de funcionários afastados com diagnósticos de LER/DORT. Tem por metodologia o estudo e analise das ações empregadas em uma empresa do Polo Industrial de Manaus do ramo eletroeletrônico. Verificou-se que as ações implementadas com o programa de reintegração que vão deste a orientação, avaliação física, analise de postos, revezamento de atividades, acompanhamento da evolução do estado físico até o restabelecimento e reintegração a estrutura da empresa, estão sendo eficazes no gerenciamento da saúde ocupacional dos funcionários que fazem parte deste programa. Palavras-chave: Ergonomia; Reintegração; NTPE; LER/DORT. 1.Introdução O Brasil é considerado como um país de industrialização tardia. Efetivamente, nossa base econômica era agropecuária até 1936, quando a mudança para o Estado Novo de Getúlio Vargas definiu a prioridade para a industrialização. Outro salto ocorreu em 1956, com o franco investimento industrial. (COUTO,2007). Em 1957 surge um modelo de indústria que geraria emprego e renda para o país e para a região do Amazonas. O Pólo industrial de Manaus (PIM), hoje composto por mais de 400 empresas que ocupam cerca de 1,7 mil hectares, representa um dos três setores econômicos industrial, comercial e agropecuário, contemplados pelo modelo de desenvolvimento do governo brasileiro denominado Zona Franca de Manaus(ZFM), sua finalidade é de integrar sócio-economicamente a região Amazônica ao país, garantindo assim soberania do Brasil nas fronteiras do norte. Os marcos iniciais das atividades do PIM fora: a aprovação do primeiro projeto de industria para instalar-se na ZFM, em 1968, e a inauguração do Distrito Industrial em 1972. Atualmente, o PIM representa a maior força econômica da ZFM, e do Estado do Amazonas, pois seu continuo crescimento conferiu a cidade de Manaus a terceira maior renda dos pais seu faturamento do PIM verificado em 2010 foi superior à meta prevista inicialmente que era de US$ 33 bilhões. O montante superou em 35,18% o faturamento alcançado em 2009, de aproximadamente US$ 26 bilhões. Em um comparativo com 2008, até em tão ano de maior faturamento do PIM, quando atingiu US$ 30 bilhões, o aumento foi 17%. 1 Pós-graduanda em Ergonomia: Saúde, Segurança e Otimização de Processos 2 Orientadora; Fisioterapeuta Especialista em Metodologia da Pesquisa do Ensino Superior,Mestranda em Bioética e Direito em Saúde

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1

A implementação de um programa de reintegração com intuito de

mostrar a eficácia na readaptação de funcionários com LER/DORT à

estrutura da empresa.

Kellene Mara Cavalcante Ribeiro1

[email protected]

Dayana Priscila Maia Mejia²

Pós-graduação em Ergonomia: Saúde, Segurança e Otimização de Processos– Faculdade Ávila

Resumo

Com as atuais mudanças nas leis previdenciárias especificamente com a criação do NTEP –

Nexo técnico epidemiológico em 2007, faz-se necessário por parte das empresas à introdução

de mecanismos de implementação de controle dos riscos ergonômicos ocupacionais que

correlacionam o grupo de CID ao CNAE das empresas. Este artigo tem como objetivo relatar

a importância de se fazer um programa de reintegração de funcionários afastados com

diagnósticos de LER/DORT. Tem por metodologia o estudo e analise das ações empregadas

em uma empresa do Polo Industrial de Manaus do ramo eletroeletrônico. Verificou-se que as

ações implementadas com o programa de reintegração que vão deste a orientação, avaliação

física, analise de postos, revezamento de atividades, acompanhamento da evolução do estado

físico até o restabelecimento e reintegração a estrutura da empresa, estão sendo eficazes no

gerenciamento da saúde ocupacional dos funcionários que fazem parte deste programa.

Palavras-chave: Ergonomia; Reintegração; NTPE; LER/DORT.

1.Introdução

O Brasil é considerado como um país de industrialização tardia. Efetivamente, nossa base

econômica era agropecuária até 1936, quando a mudança para o Estado Novo de Getúlio

Vargas definiu a prioridade para a industrialização. Outro salto ocorreu em 1956, com o

franco investimento industrial. (COUTO,2007).

Em 1957 surge um modelo de indústria que geraria emprego e renda para o país e para a

região do Amazonas. O Pólo industrial de Manaus (PIM), hoje composto por mais de 400

empresas que ocupam cerca de 1,7 mil hectares, representa um dos três setores econômicos

industrial, comercial e agropecuário, contemplados pelo modelo de desenvolvimento do

governo brasileiro denominado Zona Franca de Manaus(ZFM), sua finalidade é de integrar

sócio-economicamente a região Amazônica ao país, garantindo assim soberania do Brasil nas

fronteiras do norte. Os marcos iniciais das atividades do PIM fora: a aprovação do primeiro

projeto de industria para instalar-se na ZFM, em 1968, e a inauguração do Distrito Industrial

em 1972.

Atualmente, o PIM representa a maior força econômica da ZFM, e do Estado do Amazonas,

pois seu continuo crescimento conferiu a cidade de Manaus a terceira maior renda dos pais

seu faturamento do PIM verificado em 2010 foi superior à meta prevista inicialmente que era

de US$ 33 bilhões. O montante superou em 35,18% o faturamento alcançado em 2009, de

aproximadamente US$ 26 bilhões. Em um comparativo com 2008, até em tão ano de maior

faturamento do PIM, quando atingiu US$ 30 bilhões, o aumento foi 17%.

1 Pós-graduanda em Ergonomia: Saúde, Segurança e Otimização de Processos

2 Orientadora; Fisioterapeuta Especialista em Metodologia da Pesquisa do Ensino Superior,Mestranda em

Bioética e Direito em Saúde

2

Além desta corrida pela qualidade de seus produtos, as indústrias do PIM, com as de todo o

país, buscam meios de garantir a integridade física de seus colaboradores, tendo em vista os

índices de: absenteísmo, acidente de trabalho, queixa de trabalhadores sobre áreas dolorosas

ou desconforto, perdas de produtividade, dispêndio de tempo e equipe técnica para

administrar as incidências de afastamento e remanejo de funcionários, custos para auxilio à

saúde com funcionários afastados; além das atuais praticas do Ministério do Trabalho e

Emprego (MTE) na prevenção de doenças ocupacionais, que envolvem ações de fiscalizações

(enquéritos civis públicos, procedimentos administrativos investigatórios, termo de

ajustamento de conduta-TAC).

1.1.Nexo tecnico epdemiológico

O NTEP é uma metodologia que consiste em identificar quais doenças e acidentes estão

relacionados com a prática de uma determinada atividade, com a adoção do NTEP, a empresa

deverá provar que as doenças e os acidentes de trabalho não foram causados pela atividade

desenvolvida pelo trabalhador, ou seja, o ônus da prova passa a ser do empregador, e não mais

do empregado.

Recentes pesquisas do Ministério da Previdência mostraram que o registro de doenças

ocupacionais aumentou consideravelmente. No registro de doenças do sistema osteomuscular,

que abrangem todas as lesões causadas por esforços repetitivos (LER), houve um acréscimo

de 512,3%.

Com a criação do NTEP, a perícia do INSS relaciona cada uma das profissões com as doenças

de maior incidência dentro do ramo de atividade. Ou seja, a doença é classificada

automaticamente como ocupacional. Segundo Remígio Todeschini, diretor de Saúde

Ocupacional do Ministério da Previdência, não houve crescimento no número de acidentes, e

sim a notificação real do adoecimento dos trabalhadores durante a jornada de trabalho, e mais

as empresas vão ficar mais atentas para a prevenção de acidentes e doenças. Ou seja, oferecer

um ambiente de trabalho mais seguro, além de melhorar a qualidade de vida dos

trabalhadores.

Art. 1º O Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 6 de maio

de 1999, passa a vigorar com as seguintes alterações:

"Art. 201-D.....

§ 6º .....

I - até 31 de dezembro de 2009, a empresa deverá implementar o Programa de Prevenção de

Riscos Ambientais e de Doenças Ocupacionais previsto em lei, caracterizado pela plena

execução do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA e do Programa de

Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO, conforme disciplinado nas normas

regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego, devendo ainda estabelecer metas de

melhoria das condições e do ambiente de trabalho que reduzam a ocorrência de benefícios por

incapacidade decorrentes de acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais em pelo menos

cinco por cento em relação ao ano anterior.

Com base nas mudanças as empresas começam a investir em mecanismo de regulação com

intuito de amenizar os riscos ocupacionais.

2.As doenças ocupacionais

Sugundo Veronesi (2008), os estudos das doenças ocupacionais tiveram sua existencia devido

a associação direta com a evolução direta tecnológica. Em 1700 Bernardino Ramazzini

relacionam as doenças de origem ocupacional que acomentem os trabalhadores em mais de 50

atividades, ao descrever a doença dos escribas e notários, em seu livro “as doenças dos

trabalhadores”.

3

Em 1891, nos Estados Unidos da América, já eram feitas referencias à “entorse das

lavadeiras”. Mais tarde, em 1895 Fritz de Quervain, nascido em Sion no Valais-suiça,

descreveu um tipo de lesão de punho e que posteriorme recebeu o seu nome. Bridge, em 1920,

relatou patologia semelhante, classificando como doença dos tecelões.

No Japão apartir de 1958, foram descritos casos Occupational Cervic Obrachial Disorder ou

Desordem ocupacional Cervicobraquial em perfuradores de cartão, operadores de caixas

registradoras e datilógrafos. No Brasil em 1973, durante o século XII Congresso Nacional de

Prevenção de Acidentes do trabalho, o Instituto Nacional de Serviços Sociais (INSS)

reconheceu a tenossinovite ocupacional nas lavadeiras e engomadeiras.

Em 1998, o Instituto Nacional de Serviços Sociais (INSS) escreveu, por meio de seus técnicos

um documento instrutivo sobre as LER/DORT, onde se definiram todas as características das

LER/DORT, surgindo à instrução normativa INSS/DC, que em 2003 foi atualizada.

2.1.Definições de Ler/DORT

Para MENDES,LEITE (2008), os distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho

(DORT) foram inicialmente denominados lesões por esforços repetitivos (LER) por

apresentarem um fator causal relacionado à maior velocidade e à repetição dos movimentos

executados durante a jornada de trabalho. Os DORT são distúrbios funcionais que ocorre

principalmente nos membros superiores e têm aumentado nos últimos anos em razão do

desenvolvimento industrial, à organização do trabalho e ambiente ocupacional.

Para GALAFASSI (1998), a sigla LER pode ter conotação errônea, uma vez que já

confirmaria a presença de uma alteração anatomopatológica, explicando a preferência pelo

termo DORT. Sobre o mesmo assunto BORGES (2000), opta pelo uso de LER, concordando

com as críticas à dicotomia entre as chamadas doenças profissionais (cujo nexo causal entre

fator de ambiente de trabalho e efeito à saúde é imediatamente realizado) e as doenças

relacionadas ao trabalho (cujo nexo causal, por ser mais complexo é de difícil comprovação),

o que tem dificultado a identificação e prevenção deste fenômeno.

2.2.Etiologia das ler/DORT

Para VERONESI (2008), a etiologia desse conjunto de afecções é complexa, pois como já foi

mencionado, abrange várias fatores, inclusive hábitos diários, sobrecarga psicossocial, uso de

drogas e outros, entretanto a carga dinâmica, ou seja, o movimento repetitivo é geralmente

solicitado aos músculos dos ombros, antebraços, punhos e mãos para execução de tarefas e a

carga estática, ou de contração isométrica é mantida, é geralmente requerida aos músculos do

pescoço e da cintura escapular, a fim de manter os membros superiores fixos em determinadas

posições para executar as tarefas parecem ser fatores bastante significativos.

Para MENDES,LEITE (2008), a etiologia dos DORT é multifarorial e inclui as condiçoes da

tarefa de trabalho, os fatores individuais e os fatores organizacionais. A repetitividade da

tarefa executada é um fator importante destes distúrbios osteomusculares, principalmente

quando está associado a posturas inadequadas, advindas de um trabalho muscular estático

e/ou com aplicação de força excessiva. Os fatores organizacionais incluem a mão- de- obra

despreparada, o ritmo de trabalho e as horas extras.

Considerando LER/DORT como um fenômeno multifatorial, vários são os fatores que

contribuem para sua manifestação na realidade laboral. MIRANDA & DIAS (1999)

apresentam três grandes grupos como fatores causais, como sendo consensuais, apesar das

diferentes abordagens existentes a cerca deste tema, entre eles destacam-se:

Fatores de natureza ergonômica - força excessiva, alta repetitividade de um mesmo padrão de

movimento, posturas incorretas dos membros superiores, compressão das delicadas estruturas

dos membros superiores, incluindo fatores ambientais como frio, vibração, ventilação e

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ruídos, má adaptação do mobiliário, falta de manutenção em equipamentos e ferramentas, más

concepções de postos de trabalho, exigência física desnecessária em função da disposição ou

das dimensões de equipamentos e instrumental de trabalho.

Fatores de natureza organizacional e psicossociais - concentração de movimentos para um

mesmo indivíduo, horas extraordinárias, dobras de turno, ritmo apertado de trabalho, ausência

de pausas, jornada de trabalho exagerada, gratificação por produtividade, cobrança excessiva

por produção e qualidade por parte da supervisão ou da chefia, incompatibilidade entre a

formação e as exigências do trabalho, atividades monótonas, conflitos disfuncionais,

problemas nas relações e interações humanas, ambientes de trabalho hostis, privação da

criatividade e potencialidades individuais colocadas em segundo plano, empobrecimento e

fragmentação da tarefa.

Fatores sócio-econômicos e culturais, como o medo do desemprego, baixa remuneração e

falta de reconhecimento social, ausência de perspectivas de desenvolvimento humano e

pessoal e más condições de vida.

Assim, LER/DORT seria uma manifestação da falência dos mecanismos psicológicos,

individuais e coletivos, de resistência por parte dos trabalhadores, diante de práticas

administrativas e gerenciais autoritárias, rígidas e opressivas existentes nas organizações. Na

mesma linha, SMITH (1996) afirma que são oito os fatores de risco que interferem na

possibilidade de ocorrência de LER/DORT, sendo eles: a freqüência dos movimentos; a

postura da articulação envolvida; a força necessária para realizar a tarefa ou a carga que exige

forças; a vibração; as condições ambientais; as características da organização do trabalho; as

condições psicossociológicas e os fatores de risco de ordem individual, como o sexo. As

condições de vida fora do ambiente de trabalho também devem ser consideradas, podendo ter

contribuição na gênese dos distúrbios.

3.Cresce a ciência ergonomia

3.1Definição

Ergonomia pode ser definida como o trabalho inter-profissional que, baseado num conjunto

de ciências e tecnologias procura o ajuste mútuo entre o ser humano e seu ambiente de trbalho

de forma confortável, produtiva e segura basicamente procurando adaptar otrabalho às

pessoas. (COUTTO 2007).

A Ergonomia é o estudo do relacionamento entre o homem e o seu trabalho, equipamento e

ambiente, e particularmente a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e

psicologia na solução dos problemas surgidos desse relacionamento.(Itiro 2001).

A Ergonomia integra os conhecimentos fisiológicos e psicológicos quando estuda o homem

na situação real de trabalho para identificar os elementos críticos sobre a saúde e a segurança

originados nestas situações e a partir daí elabora recomendações de melhoria das condições de

trabalho, bem como desenvolve instrumentos pedagógicos para qualificar os trabalhadores.

Neste sentido, o trabalhar é considerado como algo complexo e tem-se que ponderar sobre a

variabilidade intra -individual, onde o homem em atividade varia constantemente no tempo,

aprende e é marcado pelas situações vivenciadas (ASSUNÇÃO & LIMA, 2002).

A prática da Ergonomia tomou um impulso enorme no Brasil nos últimos anos,

principalmente por conta da pressão social sobre as empresas. Considerando que as lesões

ergonômicas costumam evoluir mal, principalmente se ao retorno o trabalhador encontra as

mesmas condições desencadeadoras. (COUTO 2007).

3.2.Nr 17.6

Visando estabelecer parâmetros que "permitam a adaptação das condições de trabalho às

características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de

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conforto, segurança e desempenho eficiente", o Ministério do Trabalho e Previdência Social

instituiu a Portaria n° 3.751, em 23/11/90, que baixou a Norma Regulamentadora n° 17 (NR-

17) que trata especificamente da ergonomia.

A Norma apresenta parâmetros para o posto e organização do trabalho. O objetivo é o de

adaptar as condições de trabalho, dando um arranjo à área de trabalho para a economia de

movimentos, redução de manipulações e repetições, melhora do ritmo do trabalho, adequação

do formato ao operador, o que possibilita a diminuição da atividade muscular

(NASCIMENTO; MORAES, 2000).

Comenta a NR17 em seu item 17.6.3 alinea c:

“quando do retorno ao trabalho após qualquer tipo de afastamento

igual ou superior a 15 dias, a exigência de produção deverá permitir

um retorno gradativo aos níveis de produção vigentes a época

anterior ao afastamento”.

Assim não há para esse tipo de ação a escolha entre atender ou não atender mais sim sua

efetiva realização, pois implica diretamente o ambiente institucional que adequa e guia as

práticas dos profissionais abrangidos na temática.

Comumente os afastamentos do trabalho são demorados e o retorno ao trabalho quase sempre

é complicado, permeado pela pouca receptividade das empresas, que tendem a marginalizar o

funcionário e pela dificuldade deste em retomar o cotidiano profissional, tendo ainda rejeição

dos próprios colegas pelas limitações apresentadas.

Segundo (MARIA MAEMO), o trabalhador afastado poderá ter dois tipos de alta, a alta da

perícia médica do INSS, sem restrições, que resultará no retorno gradual em sua função

original, com acompanhamento do Serviço Médico ou SESMT - Seviço Especializado em

Segurança e Medicina do Trabalho, e a alta da perícia médica do INSS, com restrição, é

concedida a quem, no entender da perícia, apresenta limitação de sua capacidade de trabalho.

4.Referencial teórico

Moura (2001) afirma que o uso dos sistemas de trocas de postos ou rotações em empresas,

baseia-se em uma proposta, na qual a simples modificação de posto de trabalho passa a ser

considerada um rodízio de tarefas e, assim, tem-se a pretensão de garantir a redução dos riscos

ergonômicos. As medidas que alguns autores mostram para adequação do trabalho ao

operador incluem o incremento da variabilidade de tarefas, evitando-se posições estáticas do

corpo e os movimentos repetitivos, utilizando para tal, uma rotação de postos entre elas.

O rodízio nos postos de trabalho oferece a possibilidade de alternar o tipo de solicitação

biomecânica (Jonsson,1988; Roquelaure et al., 1997; Ellis, 1999).

Em comum nos estudos, encontram-se as vantagens da rotação dos postos de trabalho

(HENDERSON, 1992;CANADIAN CENTRE for OCCUPATIONAL HEALTH e SAFETY,

1992 e KUISER, VISSER e KAMPER1994). Os autores afirmam que o uso desses sistemas

de trocas de postou ou rotação baseia-se em uma proposta na qual a simples mudança de

posto de trabalho passa a ser considerada um rodízio e assim tem a pretensão de garantira

diminuição dos riscos ergonômicos.

Na maioria das empresas do setor, é alta a incidência de distúrbios osteomusculares

relacionados ao trabalho (DORTs), particularmente na extremidade superior (Silverstein,

1991).

DORTs tais como síndrome do túnel do carpo, tendinites, tenossinovites e tensões crônicas do

músculo, estão ligadas ao trabalho repetitivo, que requerem posturas inábeis contínuas ou

repetitivas (ARMSTRONG et al., 1982).

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A Previdência Social constata que, há quase 10 anos, as LER/ DORT representam entre 80 a

90% das doenças relacionadas ao trabalho notificadas e, certamente, o maior gasto pelo longo

tempo de incapacidade no trabalho (MAENO, 2001).

O homem passa, em média, um terço de sua vida em atividade laboral. É justificável,

portanto, que o dimensionamento correto do posto de trabalho seja etapa fundamental para o

bom desempenho do trabalhador. Qualquer erro cometido neste dimensionamento, pode

submetê-lo a sofrimentos por longos períodos (NASCIMENTO; MORAES, 2000).

A ergonomia é responsável por propiciar satisfação para a empresa/cliente; isso dentro dos

aspectos em minimizar e/ou eliminar custos humanos, prevenir distúrbios, lesões, doenças e

acidentes, melhorar a satisfação e conforto do trabalhador, aumentar a produtividade e a

qualidade dos produtos, diminuir os índices de absenteísmo.

O objetivo da ergonomia, então, é de aumentar a eficiência do trabalho humano, fornecendo

dados para que este trabalho possa ser dimensionado com as reais capacidades do organismo

(DELIBERATO, 2002).

Para Wisner (1987), a realização da atividade no trabalho estabelece um compromisso entre a

adoção de uma postura específica corporal e as exigências da tarefa a ser feita. Assim, se

houver inadequações entre a postura e as características da atividade desenvolvida, duas

respostas podem surgir: perda da eficiência na execução da atividade e/ou a presença de

alterações posturais.

Moura (2001) cita, ainda, o aspecto legal, conforme a Norma Regulamentadora Geral da

Segurança Industrial dos Estados Unidos, secção 5110 do Occupational Safety and Health

Standarts Board, relacionando portadores de lesões por esforços repetitivos, sugerindo que em

locais onde há a prevalência de tais problemas, devem ser implantados e estabelecidos

controles administrativos, tais como: rotação de postos de trabalho, ritmos de trabalho e

intervalos ou pausas mais significativas.

Deliberato (2002), afirma que “o fenômeno DORT deve ser entendido com sendo o produto

das interações que ocorrem entre o ser humano e seu ambiente, havendo a presença de

condições físicas e psíquicas predisponentes, associadas a um ambiente de trabalho

facilitador, cada vez mais incentivador de aspectos quantitativos em detrimento aos aspectos

qualitativos”.

Uma empresa que procura oferecer condições ergonômicas de trabalho aumenta a

produtividade da equipe e previne-se contra os altos custos do tratamento e do afastamento do

funcionário (GAIGHER FILHO E MELO, 2001), sejam por afecções músculo-esqueléticas

relacionadas ao trabalho (AMERT) ou até mesmo depressão.

Metodologia

O estudo teve como método a implementação de um programa de reintegração de

funcionários que se encontravam ausentes de suas atividades laborais com diagnóstico

relacionados a LER/DORT, para ser implementado houve a necessidade dos estudos de

fatores como: tempo de exposição, os seguimentos corpóreos requisitados e a biomecânica

empregada em cada atividade, conteúdo da tarefa, ritmo do trabalho, o layout e a organização

do posto, tendo com objetivo mostrar a eficácia com as ações adotadas.

Resultados e discurssão:

A empresa do estudo em questão é uma empresa do ramo de Eletroeletrônico localizada no

distrito industrial de manaus, com 700 funcionários, CNAE 23.40- 0, trabalhando em 3

turnos, com a finalidade de montagem e fabricação de aparelhos decodificadores.

Visando atender um dos requisitos normativo da NR 17, o programa de reintegração busca

readaptar os funcionários com a realização de rodízio de atividades, visando o conforto, o

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bem estar e proporcionar condições adequadas de trabalho. O programa baseia-se em

revezamentos de atividades, permitindo que o funcionário permaneça 25% do tempo total de

trabalho diário em um determinado posto de trabalho, o intuito deste é diminuir sobrecargas a

uma única estrutura realizando compensações para evitar o agravamento da lesão já instalada

bem como novas lesões por overuse em outros seguimentos.

A NR17 em seu item 17.6.3 alinea:

“quando do retorno ao trabalho após qualquer tipo de afastamento

igual ou superior a 15 dias, a exigência de produção deverá permitir

um retorno gradativo aos níveis de produção vigentes a época

anterior ao afastamento”.

Para desenvolver e por em prática o item da NR citada acima a empresa deste estudo

implementou o programa de reintegração, neste foram adotados procedimentos internos de

execução descritos abaixo:

1. Cartilha de orientações;

2. Avaliação Cinesiofuncional de retorno;

3. Escolha e Analise de Postos a serem laborados pelos funcionários do programa de

reintegração;

4. Planilha de controle do revezamento

5. Acompanhamento da evolução do estado físico até o restabelecimento e reintegração a

estrutura da empresa.

6. Saída do Colaborador reestabelecido do programa de reintegração

1. Cartilha de orientações

Orientar os funcionários quanto aos procedimentos a serem adotados caso houvesse um novo

afastamento e ainda explicar todo o conteúdo do programa de reintegração e suas diretrizes,

este contendo:

1. Histórico da empresa;

2. Ramo de atividade;

3. Política de gestão;

4. Orientações gerais;

5. Procedimentos do programa de reintegração.

1.1. Avaliação Cinesiofuncional de retorno

A avaliação cinésiofuncional de retorno é direcionada a coletar dados importantes quanto a

vida pregressa profissional do funcionário.

A empresa conta dentro do seu quadro profissional – SESMT, com um fisioterapeuta cujas

atribuições e responsabilidade são: avaliar, planejar, por meio de métodos, técnicas e recursos

terapêuticos específicos para cada etapa existencial e/ou patologia, em uma perspectiva de

prevenção agravos, reabilitação e promoção da saúde, com intuito de observar com o tempo a

evolução do quadro físico do indivíduo. O fisioterapeuta da empresa para execução desde

procedimento, dispões de uma ficha de avaliação, esta contendo informação como:

1. Dados das atividades desempenhadas na empresa;

2. Causa do afastamento;

3. Sintomas referidos pelo funcionário;

4. Ações tomadas no período de afastamento;

5. Exames apresentados;

6. Aplicação de testes funcionais.

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AVALIAÇÃO DE RETORNO ÀS ATIVIDADES LABORAIS

Data da Avaliação: ……./……./………

DADOS PESSOAIS: Nome:……………………………………………………………......……………..……… Idade:……….

Estado Civil:…………………….......………….. Sexo:………………….Filhos:…………..…

DADOS OCUPACIONAIS:

Ocupação na Empresa:……………………………………….. Data de Admissão:….../……./…….

Data do Afastamento: ……./……./……. Data do Retorno: ……/……../……..

DADOS DAS ATIVIDADES LABORAIS:

………………………………………………………………………………………………………………………

…………………………………………………………………………………………………

CAUSA DO AFASTAMENTO:

……………….………………………………………………………………………………………………………

………………………………………………

DADOS SOBRE OS SINTOMAS REFERIDOS PELO FUNCIONÁRIO:

………….……………………………………………………………………………………………………………

…………………………………………

AÇÕES TOMADAS NO PERÍODO DE AFASTAMENTO:

………………………………………………………………………………………………………………….........

......................................................................................................................................................

HOUVE MELHORA DOS SINTOMAS NO PERÍODO EM QUE ESTEVE AFASTADO (A)?

………………………………………………………………………………………………………………………

…………………................................................................................................………………

DADOS SOBRE EXAMES APRESENTADOS E QUE CONSTAM NA EMPRESA:

………………………………………………………………………………………………………………………

………………………………………….…….…………………………………………………

EXAME FÍSICO

INSPEÇÃO:

………………………………………………………………………………………………………………………

………………………………………….….………………………………………………………………………

PALPAÇÃO:………………………………………………………………………………………………………

TESTES DE AMPLITUDE DE MOVIMENTOS ATIVOS:

OMBRO:

Abdução:

Flexão: Rot. Interna:

Adução:

Extensão: Rot. Externa:

Obs:……………………………………………………………………………………………………...................

PUNHOFlexão:

Desvio Radial: Circundução:

Extensão:

Desvio Ulnar:

Obs:…………………………………………………………………………………………………………………

MÃO

Flexão dos dedos:

Abdução: Oponência:

ensão dos dedos:

Adução: Pinça Pulpar:

Obs:…………………………………………………………………………………………………………………

………………………………………..…………….…………………………………………………………….....

COLUNA CERVICAL:

Flexão:

Rot. Lat. Esq.: Incl. Lat. Esq.:

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Extensão:

Rot. Lat. Dir.: Incl. Lat. Dir.:

Obs:…………………………………………………………………………………………………………………

………………………………………..…………….………………………………………………………………

COLUNA LOMBAR:

Flexão:

Rot. Lat. Esq.: Incl. Lat. Esq.:

Extensão:

Rot. Lat. Dir.: Incl. Lat. Dir.:

Obs:…………………………………………………………………………………………………………………

CONCLUSÃO:

………………………………………………………………………………………………………………………

Fig. 1 Ficha de Avaliação de retorno

2.2 Analise de Postos a serem laborados pelos funcionários do programa de reintegração

Para Itiro (2001), o enfoque ergonômico tende a desenvolver postos de trabalho que reduzam

as exigências biomecânicas, procurando colocar o operador em uma boa postura de trabalho,

os objetos dentro dos alcances de movimentos e que haja facilidade de percepção de

informações. Ainda, o mesmo autor relata que, diversos critérios podem ser adotados para

avaliar a adequação de um posto de trabalho.

Para adequação dos postos foram analisados fatores ergonômicos como:

1. Tempo de exposição;

2. Seguimentos corpóreos requisitados e a biomecânica empregada em cada atividade;

3. Conteúdo da tarefa, ritmo do trabalho;

4. Layout e a organização do posto;

5. Aplicação de ferramentas ergonômicas.

1. Informações do posto de Trabalho

Setor: Produção

Função: Testador

Atividade Principal: Encaixe da tampa do Decoder.

Data:

14/06/2011

2. Tarefas previstas

Retirar a tampa da bancada ao lado para que seja encaixada no decodificador.

3. Tarefas e atividades realizadas / Modo operatório

A descrição das atividades do encaixe da tampa;

1- Pegar a tampa da bancada;

2- Encaixar o cabo flat;

3- Encaixar a tampa no decoder;

Posturas Adotadas nas Tarefas

Seqüência de ações Biomecânica Parte do corpo

Pegar a tampa da Bancada

FREQUÊNCIA: Intermitente

- Rotação

- Rotação externa

- Cervical

- Ombro Esq.

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Encaixa o cabo flat

FREQUÊNCIA: Intermitente

- Flexão

- Flexão com rotação

interna.

- Discreta Flexão

- Cervical

- Ombro Dir.

- Punho

Encaixar a tampa do decoder

FREQUÊNCIA: Intermitente

- Flexão

- Flexão

- Flexão

- Cervical.

- Ombro.

- Cotovelos.

TRADUÇÃO DA FREQUÊNCIA

1. PERMANENTE A exposição se processa durante toda a jornada de trabalho sem interrupção.

2. INTERMITENTE A exposição se repete algumas vezes durante a jornada de trabalho com os tempos

somado totalizando longos períodos.

3. EVENTUAL A exposição se repete algumas vezes durante a jornada de trabalho, com os

tempos somados totalizando curtos períodos

4. ESPORÁDICO A exposição se repete em períodos irregulares, não fazendo parte da jornada

normal de trabalho

5. Análise dos Equipamentos dos Postos de Trabalho. Requisito NR (17.4)

Todos os equipamentos que compõem o posto de trabalho estão adequados às características psicofisiológicas dos

trabalhadores e à natureza do trabalho executado.

6. Análise das Condições Ambientais de Trabalho. Requisito NR (17.5)

Conforme PPRA vigente 2011

Todos os valores encontrados atendem a legislação.

Ambiente climatizado. Iluminação artificial.

REQUISITOS

VALORES

ENCONTRADO

S

LIMITE

TOLERÁVE

L

RUIDO (dB) 79,7 85

TEMPERATURA

(IBUTG) Ambiente

climatizado -

LUMINOSIDADE 812 300

4. Análise do Mobiliário do Posto de Trabalho. Requisito NR (17.3)

O mobiliário utilizado no posto de trabalho atende aos requisitos da NR. Possuindo;

Altura ajustável à estatura do trabalhador;

Características de pouca ou nenhuma conformação do assento;

Borda frontal arredondada;

Encosto com forma levemente adaptada ao corpo para a proteção da região lombar.

O posto de trabalho dispõe de apoio para os pés ajustados corretamente com relação à altura do

colaborador.

11

(LUX)

O ruído está abaixo do limite de tolerância segundo o

anexo I da NR 15.

A temperatura está abaixo do limite de tolerância.

A iluminação esta atendendo a exigência da NBR 5413.

Espaço físico: Suficiente para o desenvolvimento

da atividade desenvolvida.

7. Análise da Organização do Trabalho. Requisito NR (17.6)

a) Norma de produção

Atividade Principal: Encaixar a tampa do decoder.

Pressão por produtividade: Não foi identificado.

Regime de trabalho: O empregado trabalha em regime

de cinco (5) por dois (2). Em horário comercial com

início às 06h00minh até as 15h45minh de segunda-feira

a sexta-feira Com uma hora para a refeição e pausas de

10 minutos pela tarde e pela manhã.

Carga horária: 8:00h por dia.

Ausentar-se do posto: O trabalhador possui liberdade

para ausentar-se com objetivo de atender as

necessidades fisiológicas (Ingerir água e ir ao sanitário)

desde que avise previamente o líder de produção.

b) Exigência de tempo.

O trabalho é considerado moderado e é realizado de

forma intermitente, com micro pausas de

aproximadamente 2 segundos entre cada ciclo da

atividade.

c) Ritmo de trabalho

Dentro das condições das ações técnicas realizadas pelo

trabalhador durante a execução da atividade o ritmo é

considerado moderado.

d) Conteúdo das tarefas

A tarefa possui as seguintes atividades:

1- Pegar a tampa da bancada;

2- Encaixar o cabo flat;

3- Encaixar a tampa no Decoder.

e) Mecanismo de regulação.

Há pausas rápidas para beber água e ir ao banheiro,

livremente, de acordo com a necessidade do trabalhador,

desde que avise previamente o líder de produção.

A empresa XXXXX possui um programa de ginástica

laboral que acontece diariamente por um período de 10

minutos às 9h e 30mim;

Existe também o acompanhamento fisioterapeutico

12

especializado em ergonomia, para proporcionar um

ambiente de trabalho saudável ao trabalhador.

f) Análise dos Aspectos e Impactos

Impacto da tecnologia sobre os trabalhadores O trabalho é realizado de forma manual não existindo a

necessidade do uso de ferramentas manuais.

Impacto da condição do maquinário e

mobiliário atual sobre os trabalhadores

A altura da bancada com relação à cadeira não exige

movimentos biomecanicamente desnecessário ou que

por ventura poderiam ser lesivos ao trabalhador.

Impacto de material e matéria prima sobre os

trabalhadores

Não foi identificado.

Impacto de método sobre os trabalhadores

O método de encaixe do cabo flat poderia ser melhorado

com a orientação do trabalhador quanto a melhor forma

do encaixe.

Impacto das políticas e práticas relacionadas à

gestão de pessoas sobre os trabalhadores

Não foi identificado.

8. Análise Quanto ao Risco Ergonômico

Preocupações Ergonômicas / Fatores Biomecânicos

Interfaciais N.A.;

Posturais e biomecânica A ação de maior significância presente na atividade é a

ação de encaixe do cabo flat, durante esse encaixe

acontecem movimentos de flexão de ombro em torno de

50 graus de amplitude, este estando dentro do limite

aceitável de acordo com estudos direcionados.

Movimentacionais N.A.

Psicossociais Não foi identificado conflito entre indivíduos, e grupos

sociais, dificuldades de comunicação e interações

interpessoais;

Espaciais/Arquiteturais:

Não foi identificado problema de isolamento acústico,

insolação, aeração e iluminação natural do ambiente,

áreas de circulação e layout de instalações das estações de

trabalho, ambiência gráfica, cores do ambiente e dos

elementos de arquitetura.

Informacionais Não foram identificados problemas com visibilidade,

legibilidade, compreensibilidade e quantidade de

informação.

13

Organizacionais:

O colaborador é treinado para a execução das suas

atividades, é oferecida a participação nos lucros da

empresa anualmente, existem metas a serem cumpridas.

Instrumentais: Não é feita a utilização de nenhum instrumento na

realização da atividade.

Esforço físico em realizar a atividade:

A atividade não requer esforço físico quanto a sua

realização, não é feito o transporte manual de carga, não há a

necessidade de deslocamento ou outro fator que poderia vir

a requerer do trabalhado a realização de grande esforço

físico.

9. Conclusão das análises Ergonômicas

Para fins de estudo destas atividades foi feito o estudo minucioso da biomecânica corporal em cada posto

de trabalho, que mostrou a inexistência de posturas ou padrões de movimentos que poderiam vir a gerar

desconforto ao colaborador, isso se levando em consideração estudos recentes de angulações e padrões de

movimento considerados de risco.

Para quantificar os riscos da atividade estudada foram aplicadas ferramentas de análise ergonômica

internacionalmente reconhecidas como RULA, REBA, e Moore & Garg.

A aplicação da ferramenta ergonômica RULA possui uma variação de escores entre 1 e 7 sendo que os

valores 1 e 2 representam ausência de risco, 3 e 4 baixo risco 5 e 6 riscos médios e 7 alto risco de lesão, para o

posto de colocação da tampa a ferramenta apresentou o escore 3 que caracteriza a atividades com baixo

potencial para o desencadear de lesões.

A ferramenta REBA, possui uma variação de escore entre 1 e 15 onde 1 representa ausência de risco, 2 e

3 baixo risco de lesão, de 4 a 7 risco médio, de 8 a 10 alto risco de lesão e de 11 a 15 risco muito alto de lesão.

A aplicação da ferramenta REBA para o posto de colocação da tampa apresentou escore 4 que indica baixo

risco de lesões.

O quadro de interpretação da ferramenta Moore & Garg interpreta valores menores que 3 como baixo

risco de lesões biomecânicas, valores entre 3 e 7 risco duvidoso ou questionável, valores maior que 7 como alto

risco de lesão biomecânica. Para o posto de colocação da tampa a ferramenta apresentou um escore de 2 que

quantifica a atividade como baixo risco de lesão biomecânica.

COM BASE NA OBSERVAÇÃO DIRETA, NA AUSÊNCIA DE POSTURAS BIOMECÂNICAS

DESFAVORÁVEIS PARA OS SEGMENTOS ESTUDADOS, NOS VALORES APRESENTADOS PELAS

FERRAMENTAS DE ANÁLISE ERGONÔMICA, NA IMPLEMENTAÇÃO DAS MEDIDAS DE MITIGAÇÃO

ADOTADAS PELA EMPRESA, COM TUDO ISSO É POSSÍVEL CONCLUIR QUE A ATIVIDADE NÃO

REPRESENTA FATOR DE RISCO.

10. Termo de encerramento

A presente AET (Análise Ergonômica do Trabalho) da xxxxxxxx, do setor de produção na atividade de

colocar a tampa do decoder realizada no mês de Junho de 2011, tendo sido elaborada e desenvolvida pelos

profissionais abaixo assinado, no total de 07 (sete) folhas, sendo todas as páginas rubricadas e esta devidamente

assinada. Não contendo nada no verso.

14

11. Referencias bibliográficas

COUTO. Hudson de Araujo. Como gerenciar a questão das ler/DORT: lesões por esforços repetitivos,

distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho. Ed. Ergo, 1998.

DUTTON, Mark. Fisioterapia Ortopédica, exame, avaliação e intervenção. Ed. Artmed, 2006.

MONTEIRO NETO. Luis Ferreira. Avaliação Admissional. apostila. Bio cursos AM, 2009.

VERONESI JUNIOR. José Ronaldo. Fisioterapia do trabalho: cuidando da saúde funcional do

trabalhador. Ed. Andreoli, 2008.

2.3 Planilha de controle do revezamento

A adoção do rodízio nas tarefas ajuda a reduzir a sobrecarga existente em diversas atividades,

sobretudo se as atividades forem biomecanicamente críticas, podendo gerar lesões para os

trabalhadores. Muitas empresas que instituiu o rodízio em sua organização o consideram

muito positivo, pois possibilita que o trabalhador realize padrões diferentes de movimentos,

evitando o aparecimento de doenças (COUTO, 2002).

Criada para manter o controle de informações e ações, decorrente do revezamento das

atividades executadas pelos funcionários do programa de reintegração. Possui dados como:

1. Setor de trabalho;

2. Postos de trabalho;

3. Nome dos funcionários;

4. Horários da troca de posto/atividade( revezamento)

5. Pausas existentes

Fig. Planilha de controle de Revezamento

2.4 Acompanhamento da evolução do estado físico até o restabelecimento e reintegração

a estrutura da empresa.

15

O acompanhamento ocorre diariamente sendo executado através de fichas de anotações, onde

o funcionário poderá relatar qualquer evento do dia, tendo por finalidade verificar e registrar o

sintomas físicos referidos e situações que decorrem por parte das atividades que estão sendo

desempenhadas.

Levando em consideração e respeitando a individualização física, psíquica e intelectual de

cada indivíduo, são realizadas reavaliações, incluindo solicitação de novos exames para a

confirmação do restabelecimento funcional, tais ações acontecem em intervalos que variam de

4 (quatro) a 6 (seis) meses, com finalidade de verificar a evolução clínica funcional do

funcionário.

FICHA DE ACOMPANHAMENTO IN LOCUO

Nome:....................................................................................................................................................... ......

Data:......../........./............ Hora: ..................Posto:..................................................... .....Linha:.................

Informações Colhidas :

Presença de Dor? ( ) Sim ( ) Não

.....................................................................................................................................................................................

.................................................................................................................................................................................

Data:......../........./............ Hora: ..................Posto:..........................................................Linha:.................

Informações Colhidas :

Presença de Dor? ( ) Sim ( ) Não

.....................................................................................................................................................................................

.....................................................................................................................................................................................

Fig.4 Ficha de Acompanhamento

2.5 Saída do Colaborador reestabelecido do programa de reintegração

E ainda: “o indivíduo é considerado capaz para exercer uma determinada atividade ou

ocupação quando reúne as condições morfopsicofisiológicas compatíveis com o seu pleno

desempenho” (TREZUB, 2006).

Ao passo que os eventos culminam para o desfecho esperdado após o restabelecimento do

funcionário o mesmo é reinserido no coxtesto das atividades como um todo da empresa.

16

TERMO DE LIBERAÇÃO DO PROGRAMA DE REINTEGRAÇÃO PROFISSIONAL

Declaramos para os devidos fins que a colaboradora XXXXXXXXXXXXXXX, fez parte do programa de

reintegração profissional da Empresa XXXXXXX desde o dia 22/10/2010 por ter sido afastada pelo INSS

apresentando exame que constatou doença osteo-muscular e que no presente momento, após a realização de

novos exames que constataram não haver nenhuma alteração às estruturas queixadas anteriormente, não havendo

ainda qualquer queixa por parte da trabalhadora, e que o objetivo do programa foi alcançado, NÃO

APRESENTANDO ATUALMENTE NENHUMA LIMITAÇÃO FÍSICA FUNCIONAL não havendo assim a

necessidade da permanência desta no programa de reintegração.

Manaus, 20 de junho de 2011

___________________________________ ____________________________________

XXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXX

Fisioterapeuta Responsável Fisioterapeuta Responsável

Fig. Termo de Leiberação do Programa

5.Conclusão

Após o retorno que geralmente é de um período longo de afastamento, funcionários se

deparam com um cenário onde a situação é o desconhecido, sentimentos de insegurança,

angustia onde quase sempre encontram um ambiente com pouca receptividade por parte da

empresa tendo ainda que lidar com a rejeição dos colegas, pelas limitações apresentadas.

Nesse contexto as empresas necessitam ficar com um funcionário com baixa produtividade,

não podendo exigir desempenho, fez-se necessário neste estudo mostrar a importância da

implementação de um programa que viesse suprir tais necessidades tanto do funcionário

quanto da empresa, deixando de lado o descaso e o despreparo por parte desta.

O programa vem se mostrando eficaz ao passo que os objetivos anunciados tanto no

atendimento e cumprimento normativo quanto na recuperação físico funcional de

funcionários, quando por estes adotadas as devidas ações do programa tornando freqüente o

retorno de funcionários a plena atividade , tendo ainda como retorno por parte desde, o baixo

índice de um novo afastamento com nexo ocupacional, além disso, se resguardando para

possíveis causas trabalhistas.

Referencial

COUTO. Hudson de Araujo. Como gerenciar a questão das ler/DORT: lesões por esforços

repetitivos, distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho. Ed. Ergo, 1998.

COUTO. Hudson de Araujo. Ergonomia Aplicada ao Trabalho.Conteudo Basico Guia

Pratico. Ed.Ergo,2007.

DUTTON, Mark. Fisioterapia Ortopédica, exame, avaliação e intervenção. Ed. Artmed,

2006.

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OLIVEIRA. João Ricardo Gabriel. A pratica da Ginastica Laboral Ed. Sprint,2002.

MENDES. Ricardo Alves, LEITE.Neiva. Ginástica Laboral-Principios e Aplicação

Práticas. Ed. Manole,2008.

17

MONTEIRO NETO. Luis Ferreira. Avaliação Admissional. apostila. Bio cursos AM, 2009.

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