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Anais Eletrônicos do IX Congresso Brasileiro de História da Educação João Pessoa Universidade Federal da Paraíba 15 a 18 de agosto de 2017 ISSN 2236-1855 1732 A IMPLANTAÇÃO DOS GRUPOS ESCOLARES NO ANTIGO TERRITÓRIO FEDERAL DO ACRE Mark Clark Assen de Carvalho 1 Josenir de Araújo Calixto 2 Denison Roberto Braña Bezerra 3 Introdução Este artigo foi idealizado a partir de reflexões desenvolvidas por ocasião da oferta da disciplina História da Educação na Amazônia no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Acre (MED/UFAC) no segundo semestre de 2016 e visa apresentar um panorama breve sobre a história da escola pública no antigo Território Federal do Acre no que se refere especificamente ao processo de implantação dos grupos escolares. O elemento central da análise tem como fio condutor as mudanças que se processaram na organização da educação no Território Federal do Acre a partir criação dos grupos escolares no período de 1904 a 1922. Para buscar encadear esse movimento se faz necessário compreender as concepções produzidas no período sobre o fazer pedagógico no interior das escolas. Em face desta necessidade, o elemento norteador do presente estudo foi à pesquisa historiográfica circunscrita à análise dos regulamentos e relatórios de governo da época especialmente o de Francisco Rego Barro do Departamento do Alto Juruá (1913), Álvaro Barroso de Mello Leitão da Intendência Municipal de Rio Branco (1921), Cunha Vasconcelos do Governo do Território Federal do Acre (1920), Relatório da Diretoria Geral do Interior e da Instrucção Pública (1926), Mancio Lima da Intendência Municipal de Cruzeiro do Sul (1927-1928), da Prefeitura Municipal de Brasiléia (1956), além dos periódicos “O Jornal O Acre” (1929-1972), “A Folha do Acre”(1910-1946), “Cruzeiro do Sul”(1906-1917) e “Alto Purus”(1908-1911). 1 Doutor em Educação pela PUC-SP. Professor Associado do Centro de Educação, Letras e Artes da UFAC. E-Mail: <[email protected]>. 2 Mestrando em Educação, PPGE/UFAC, Professor da Rede Pública de Ensino do Estado do Acre. E-Mail: <[email protected]>. 3 Mestrando em Educação, PPGE/UFAC, Professor da Rede Pública de Ensino do Estado do Acre. E-Mail: <[email protected]>.

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Anais Eletrônicos do IX Congresso Brasileiro de História da Educação João Pessoa – Universidade Federal da Paraíba – 15 a 18 de agosto de 2017

ISSN 2236-1855 1732

A IMPLANTAÇÃO DOS GRUPOS ESCOLARES NO ANTIGO TERRITÓRIO FEDERAL DO ACRE

Mark Clark Assen de Carvalho1

Josenir de Araújo Calixto2

Denison Roberto Braña Bezerra3

Introdução

Este artigo foi idealizado a partir de reflexões desenvolvidas por ocasião da oferta da

disciplina História da Educação na Amazônia no Programa de Pós-Graduação em Educação

da Universidade Federal do Acre (MED/UFAC) no segundo semestre de 2016 e visa

apresentar um panorama breve sobre a história da escola pública no antigo Território Federal

do Acre no que se refere especificamente ao processo de implantação dos grupos escolares. O

elemento central da análise tem como fio condutor as mudanças que se processaram na

organização da educação no Território Federal do Acre a partir criação dos grupos escolares

no período de 1904 a 1922.

Para buscar encadear esse movimento se faz necessário compreender as concepções

produzidas no período sobre o fazer pedagógico no interior das escolas. Em face desta

necessidade, o elemento norteador do presente estudo foi à pesquisa historiográfica

circunscrita à análise dos regulamentos e relatórios de governo da época especialmente o de

Francisco Rego Barro do Departamento do Alto Juruá (1913), Álvaro Barroso de Mello Leitão

da Intendência Municipal de Rio Branco (1921), Cunha Vasconcelos do Governo do Território

Federal do Acre (1920), Relatório da Diretoria Geral do Interior e da Instrucção Pública

(1926), Mancio Lima da Intendência Municipal de Cruzeiro do Sul (1927-1928), da Prefeitura

Municipal de Brasiléia (1956), além dos periódicos “O Jornal O Acre” (1929-1972), “A Folha

do Acre”(1910-1946), “Cruzeiro do Sul”(1906-1917) e “Alto Purus”(1908-1911).

1 Doutor em Educação pela PUC-SP. Professor Associado do Centro de Educação, Letras e Artes da UFAC. E-Mail: <[email protected]>.

2 Mestrando em Educação, PPGE/UFAC, Professor da Rede Pública de Ensino do Estado do Acre. E-Mail: <[email protected]>.

3 Mestrando em Educação, PPGE/UFAC, Professor da Rede Pública de Ensino do Estado do Acre. E-Mail: <[email protected]>.

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Para tanto, parte-se do reconhecimento que àquela época o Brasil foi marcado por

profundas transformações de cunho social, político, econômico e cultural cujas implicações

também irão se apresentar na organização da escola pública a considerar a introdução de

novos conceitos educacionais intimamente inspirados nos ideais de modernidade. É bem

verdade, no caso da realidade analisada no presente estudo, que o sistema educacional

acreano foi se constituindo de forma fragmentada e sem um planejamento adequado às

necessidades da região recém-anexada ao território brasileiro.

Como parte do projeto educacional da República no Brasil, os grupos escolares foram

criados para se tornarem instituições de referência que deveriam colocar em prática a

edificação de um prédio escolar próprio, constituindo-se como uma maneira de materializar a

escola na cidade com materiais didáticos e com uma nova metodologia de ensino. Assim

sendo, neste estudo se pretende identificar a relação existente entre a inovação pedagógica do

grupo escolar e das proposições das políticas para o desenvolvimento do Território, bem

como demarcar alguns dos traços que irão caracterizar a implantação da escola graduada

colocando em relevo determinados elementos daquele contexto histórico e suas eventuais

reminiscências ainda presentes nos sujeitos da contemporaneidade.

Os Grupos Escolares e sua implantação no Território Federal do Acre

O estabelecimento da organização da educação primária no recém-anexado território

do Acre articula-se a dois movimentos: o primeiro com a forma de organização

administrativa da região, adotada pelo governo federal; o segundo, com as finalidades da

escola para a recém-instalada República e mais especificamente a transformação civilizatória

do espaço em ocupação.

Após a anexação do Acre ao Brasil em 1903, com a assinatura do Tratado de Petrópolis,

o Governo Federal adotou o regime de Território Federal como ordenamento jurídico. Nos

termos do Decreto 5.188, de 7 de Abril de 1904, o novo Território foi organizado em

Departamentos: o do Alto Acre, do Alto Purus e do Alto Juruá. Todavia, esta forma de

organização não agradou os grupos políticos locais que conforme Souza (2014, p.38-39), “[...]

viram minguar as possibilidades de se apoderar do poder político e administrativo [...]”, pois

os prefeitos departamentais eram nomeados pela Presidência da República.

Cada prefeito departamental buscava implantar as suas marcas de gestão, porém com a

alta rotatividade dos administradores as ações nem sempre tinham a devida continuidade ou

eram modificadas, conforme interesses particulares, desconsiderando as necessidades

políticas, econômicas e administrativas da região. A elaboração das medidas nem sempre

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contavam com uma análise pormenorizada da realidade dos departamentos. Alia-se a isto as

dificuldades impostas pela geografia da região e pela forma de organização administrativa

que impunha limitações às ações dos prefeitos departamentais.

Das dificuldades relacionadas à configuração geográfica da região – dividida em três regiões hidrográficas incomunicáveis entre si, ao formato administrativo experimentado, passando pela dispersão populacional, posto que os habitantes ocupavam majoritariamente os seringais e não as sedes dos departamentos, a escassez de recursos financeiros, a ausência de professores formados, bem como a incipiente fiscalização nos estabelecimentos educacionais. (LIMA, 2012, p.22).

A escola no início do Século XX no Brasil tinha como função formar o homem para a

República valorizando a moral, o civismo e uma sólida formação científica. No Antigo

Território Federal do Acre além destas finalidades a escola teria que formar o homem bruto,

incivilizado que veio explorar a borracha, aspecto que concorre para elucidar que no Acre o

nascimento da escola teria uma função civilizadora eminente.

Dantas (2012) citando o relatório do Prefeito do Departamento do Alto Juruá, enviado

ao Ministro da Justiça em 1905, apresenta uma caracterização dos desafios pertinentes à

instrução pública na região. Duas características são ressaltadas: a primeira é inexistência de

qualquer atividade de instrução até então e a segunda é a própria condição dos nordestinos

que vieram se aventurar na exploração da borracha, jovens e adultos sem escolarização.

Deste modo, a constituição de um sistema de instrução pública articula-se “[...] ao

processo de transformação de um agrupamento diversificado de aventureiros, que

desbravaram uma região ‘selvagem’ e primitiva, em cidadãos civilizados, incorporados à

nação republicana brasileira [...] (LIMA, 2012, p.18)”.

Pelas questões apresentadas anteriormente se depreende então que a instalação da

instrução pública no Território do Acre vem ao encontro do discurso político do início do

século XX que atribuía à educação um papel chave na consolidação dos valores republicanos

e que contribuiu para o processo de modernização da sociedade, favorecendo a superação do

atraso cultural e econômico herdados do Império. (CF. LIMA, 2012; DANTAS, 2010; FARIA

FILHO, 2000).

Nos três departamentos observava-se a predominância das escolas isoladas como

principal estratégia de oferta da educação. Conforme Faria Filho (2000, p.28) essa estratégia

foi amplamente utilizada pelo Estado brasileiro no início do século por ser “[...] bastante

simples, apesar de trabalhoso”. No caso da região do Acre, os administradores dos

departamentos, mesmo com um discurso ressaltando as dificuldades, principalmente

relativas a orçamento, adotaram medidas para atender a população dispersa nos rios e nas

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cidades, conforme pode ser identificado nos relatórios de governo que demonstram uma

expansão significativa no número de escolas de um ano para outro.

Para elucidar a afirmação anterior destaca-se, por exemplo, que no relatório dos

prefeitos do Alto Juruá, no ano de 1906, haviam sido criadas 03 escolas, e no ano de 1907

passa-se para 15 escolas. Isto demonstra, por um lado, o tamanho da demanda por

escolarização e, por outro, a disposição das autoridades em atender as necessidades da

população. Este movimento ao que parece foi acompanhado nos demais departamentos, pois

segundo LIMA (2012, p.23) citando relatório da inspetoria da instrução pública do Alto

Purus do ano de 1912, apresenta rede escolar do Departamento como, “[...] uma escassa rede

de escolas isoladas, a maioria delas sem prédios próprios, funcionando em ‘prédios

particulares, pouco espaçosos e sem a as mais elementares condições de higiene”.

O regulamento para a instrução pública do Departamento do Alto Acre de 1908,

publicado no Jornal Folha do Acre (1908), no Capítulo que trata da questão da nomeação dos

professores, admite em caso de não haver professores com a titulação da escola normal,

professores que tivessem, ao menos, o domínio do programa do ensino primário, após a

aprovação em um exame.

Art. 37 – Para a nomeação de professores públicos são exigidos os seguintes requisitos: a) Ser cidadão brasileiro nato ou naturalizado; b) Ter 19 anos de idade sendo mulher e 21 sendo homem; c) Não sofrer moléstia contagiosa e nem ter defeito physico, que impossibilite de exercer o magistério; d) Ter boa conducta pública e particular; e) Ser titulado por algum instituto normal. Art. 38 – Na falta de pessoa com os requisitos exigidos na letra e do artigo procedente, poderá ser nomeado quem, pretendendo o lugar, se sujeite a um exame baseado nas matérias do programa do ensino escolar e composto de três provas-escrita, oral e prática.

O processo implantação da instrução pública no Território, durante o período da

divisão em departamentos, a partir das notícias de jornal e dos regulamentos promulgados

pelos prefeitos departamentais, dá margens para se afirmar que se incorriam nas mesmas

contradições ocorridas no restante do país, pois apesar da proclamação da importância de

assegurar processos de ensino adequados aos princípios republicanos e da modernidade,

expresso nos programas de ensino que propugnavam disciplinas e conhecimentos presentes

nas instruções dos demais estados da federação e de outros países, há nitidamente três

obstáculos a serem vencidos: a rotatividade dos administradores, a escassez de recursos

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financeiros e as dificuldades próprias de uma região isolada, contando como única via de

transporte os rios.

Lima (2012, p.25) explicita as condições da organização da instrução pública no

processo de transição entre a organização em departamentos e a unificação administrativa do

Território do Acre a partir da seguinte compreensão.

A despeito de usufruírem autonomia financeira e administrativa na gestão interna de cada departamento, os prefeitos enfrentaram problemas comuns no percurso de implantação da instrução pública no Território. Questões como a escassez de recursos financeiros, o baixo índice de matricula, frente ao número de crianças existentes, a baixa frequência escolar, a falta de espaço próprio para o funcionamento das escolas, a falta de preparo do professorado, o ineficiente sistema de inspeção escolar, dentre outras, foram elementos sinalizadoras das dificuldades enfrentadas pelos governantes na montagem da escola primária das primeiras décadas do Território.

Como afirma Faria Filho (2000, p.31), as escolas isoladas passam a ser visto como

símbolo do atraso.

Nessa perspectiva, se as escolas isoladas eram tidas e/ou produzidas como locais muito pouco adequados à instrução, a afirmação da nova forma escolar deveria começar pela produção de um outro e apropriado lugar para a educação escolar. A defesa desse lugar, o do grupo escolar, como “instrumento” do progresso e da mudança e, ao mesmo tempo, a produção das escolas isoladas como símbolo do passado e da miséria.

São essas condições que vão fazer com que membros da sociedade e as autoridades

viessem demonstrar interesse pela adoção dos grupos escolares como uma das formas de

estabelecimento oficial de ensino. Este anseio se fazia presente em todos os departamentos já

na década de 10 do Século passado.

No Departamento do Alto Juruá O Jornal Cruzeiro do Sul relata a decisão do prefeito

departamental em 1912, de formar uma comissão para criar “[...] um projeto de regulamento

para um grupo escolar, modelado de algum outro existente em Estado do Brasil ou na Capital

Federal”. Este seria um dos grandes legados deixado pela gestão departamental para

assegurar o progresso da região.

É essa uma das medidas de caráter inadiável no departamento, e que por este fato, a próspera administração atual, no patriótico intento de sempre atender a reclame juntos, do trabalhar sempre pela prosperidade, vai prestar o mais relevante serviço à infância departamentense. (O CRUZEIRO DO SUL, 1912).

No regulamento da instrução pública do Departamento do Alto Acre de 1908, publicada

em 1911, apresentava a escola Rivadavia Correa, como grupo escolar, na cidade de Xapuri.

Esta escola seria resultado da unificação de várias escolas isoladas próximas do núcleo

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urbano como uma alternativa para a melhoria das condições de ensino. O jornal Folha do

Acre (1911) exaltava a criação do grupo escolar em 2 de julho de 1911, ressaltando os

excelentes resultados alcançados em outros países e nos demais estados do Brasil.

No louvável interesse de melhorar as condições de ensino público do departamento, o exmo. sr. dr. Prefeito acabar de crear um grupo escolar na cidade de Xapury nomeando para dirigi-lo a professora dona Angélica Nunes Pinto. Em vários Estados do paiz onde já foram instalados idênticos estabelecimentos, têm estes dado excelentes resultados. É de esperar, portanto, que naquela florescente cidade não sejam inferiores esses resultados. Desejamos que se realize também esse melhoramento na Empresa, onde carecemos igualmente de ampliar e desenvolver esse importante ramo de administração pública que até agora tem sido descurado, mas que sob os auspícios do nosso actual governo, acreditamos receberá o impulso eficaz de que necessita.

Apresenta-se, deste modo, a visão liberal de educação presente no Brasil no início do

século passado que a percebia como fator de superação do atraso civilizatório do país. Souza

(1998), afirma que uma das missões dos grupos escolares era de ser modelo de organização

pedagógica e irradiar os processos de ensino em conformidade com os pressupostos mais

modernos da pedagogia.

Dantas e Lima (2012, p. 286) citando os relatórios dos prefeitos departamentais do Alto

Juruá (1913) e do Alto Purus (1914), identificaram a presença de iniciativas de unificação de

escolas isoladas, agrupando-as em prédios mais adequados para a realização da instrução. “A

ideia que prevalece, nesses dois documentos é a de reunir escolas sob uma única direção, sem

que, no entanto esta seja nomeada ou mantida como ‘escola reunida’ e sim garantindo-lhe a

feição de grupo escolar”. (CF. DANTAS E LIMA, 2012, p. 286)

As administrações departamentais buscaram instalar os grupos escolares nos melhores

prédios disponíveis nas cidades, buscando realizar um contraponto ao modelo das escolas

isoladas, como forma de enfatizar as críticas as escolas isoladas, conforme afirma Faria Filho

(2000, p.30).

Num movimento que se sintonizava com as críticas, que, em todo o país, ou mesmo na América Latina, eram dirigidas à instrução pública primária, produzia-se a representação da “escola isolada”, aquela que funcionava nas casas dos professores e em outros ambientes pouco adaptados ao funcionamento de uma escola pública de qualidade, como sendo um obstáculo quase que intransponível à realização da tarefa educadora e salvacionista republicana, materializada na educação primária.

Em pesquisas realizadas nos jornais Folha do Acre, O Cruzeiro do Sul e O Alto Purus

foram identificados três grupos escolares: Barão do Rio Branco (Alto Juruá), Rivadavia

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Correa (Alto Acre-Xapuri) e o Francisco Sá (Alto Purus). No Jornal Folha do Acre de 16 de

julho de 1915 foi noticiada à criação do grupo escolar 24 de janeiro. Mas na própria notícia

ficavam evidenciadas as limitações dos governos departamentais para efetivar a decisão

tomada.

A ausência de infraestrutura para o funcionamento e de regulamento prévio para

normatizar as atividades do grupo escolar demonstravam as tensões entre os anseios de

modernização e a provisoriedade da política.

O sr. dr. Prefeito do Departamento resolveu criar nesta cidade um grupo escolar modelo, denominado “24 de janeiro” o qual comprehenderá três escolas primárias, sendo uma do sexo masculino, outra do sexo feminino e a terceira mista. Esse grupo funccionará de acordo com o regulamento que a prefeitura baixará oportunamente. Enquanto não for instalado o novo estabelecimento de ensino, serão aqui mantidas as actuaes escolas. (JORNAL FOLHA DO ACRE, 1915).

Dantas e Lima (2012) apresentam um cenário no qual fica claro que a ideia de se ter um

grupo escolar espalhou-se por todos os departamentos construindo, assim, elementos para a

disseminação deste modelo de escola nos futuros municípios do território.

A cronologia de criação dos grupos escolares revela o modo como esta ideia, que é pela primeira vez apresentada em um Relatório de Governo no ano de 1913, vai se espraiando pelo território acreano de sorte que, no ano de 1928, já se encontravam em funcionamento seis grupos escolares sendo dois na capital do território – 24 de Janeiro e 07 de Setembro, e quatro nas sedes dos municípios do território, respectivamente Plácido de Castro em Xapuri, João Ribeiro em Tarauacá, Francisco Sá em Sena Madureira e Barão do Rio Branco em Cruzeiro do Sul (DANTAS E LIMA, 2012, p. 288).

Consta que o Governo Federal realizou um processo de centralização administrativa do

Território na década de 20, ocasionando a extinção da organização administrativa dos

departamentos e estabelecendo a centralização do poder político em governadores nomeados

pelo Ministro da Justiça. SOUZA (2014), afirma que este processo não gerou a estabilidade

pretendida, muito pelo contrário, no período compreendido entre janeiro de 1921 a fevereiro

de 1923, passaram pelo território do Acre 05 governadores, mantendo-se a marca da

descontinuidade e do recomeço das políticas públicas presentes na organização

departamental.

A centralização administrativa do Território do Acre ocorreu no meio de uma grave

crise econômica decorrente da falência dos seringais que, dentre outras consequências,

ocasionou um intenso fluxo migratório para outros estados, criando um clima de desolação

em todos os municípios. Este fator fez com que houvesse uma descrença sobre o processo de

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unificação, principalmente por não vir acompanhada de medidas de ampliação da autonomia

financeira.

O anno de 1921, anno da reforma do acre, ficará gravado em nossa história como ano da decadência desta infeliz parte do nordeste do paiz. De balde clamam os jornaes, clamam o povo em massa, não mais expectativa de um mal iminente; Mais diante do flagelo concretizado positivamente, cruelmente; de balde clamamos todos, porque, ouvidos tapados a esses gritos compungitivos das almas dilaceradas de tantos desvalidos, os nossos irmãos do sul, que tem assento na câmara do senado da república, cogitam, neste momento, de tudo, menos de remediar os males que afligem a todo este povo. E é assim que a crise atinge a sua proporção máxima, o Território se despovoa, e o Sr. Dr. Governador vê-se constrangido a cruzar os braços, porque a união tudo lhe terá negado já! “Deus oh! Deus, onde estás que não responde?” (JORNAL A FOLHA DO ACRE, ed. 383, 1921).

Naquele contexto foram efetivadas as primeiras medidas para reorganizar a instrução

pública no território tomando por base um diagnóstico realizado no período da organização

departamental mas que não permitiu atender as necessidades da população do ponto de vista

do acesso, pois apresentava uma rede de escolas isoladas, mal equipadas e com professores

sem a formação adequada.

Em seu discurso de posse o Governador Epaminondas Jácome (1921-1922) apresentou

o contexto da instrução pública no território.

Seria ser disso fazer dissertações sobre as vantagens decorrentes da uniformização e disseminação da instrução pública no Acre. É patente que a situação creada pelas prefeituras, não deve e não pode subsistir, sendo bem verdade que sobre os pontos de vista hygiênico e pedagógico tudo está por fazer.

Como uma das primeiras medidas foi criada a Diretoria Geral do Interior e da

Instrução Pública, dando relevo ao papel da fiscalização e da inspeção para o

desenvolvimento da educação no Acre. Em 25 de março de 1922 foi publicado um novo

Regulamento da Instrução Pública que buscava disciplinar a organização e o funcionamento

da região constando em seu Artigo 1º que a instrução pública seria ofertada nas escolas

isoladas e agrupadas, nos grupos escolares e nos estabelecimentos particulares, conforme

pontuam Dantas e Lima (2012).

Neste sentido, as análises de Dantas e Lima (2012) indicam que a referência às escolas

agrupadas se constituiu no embrião dos grupos escolares a partir da observância dos

requisitos estabelecidos no Art. 23 do respectivo regulamento.

Art. 23 – O agrupamento de escolas determinará segundo a frequência média comum a organização necessária que poderá ser a mesma dos grupos

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escolares, distribuído os alunos, segundo o grau de aproveitamento, pelas cadeiras dos diversos anos que o novo estabelecimento comportar, e por estas os docentes das escolas então agrupadas. (cf. Regulamento da Instrução Pública do território, 1922 – Coleção Museu da Borracha).

Pelo exposto até então é plenamente plausível reconhecer que havia uma antiga

preocupação das autoridades com a instauração de escolas que pudessem oferecer aos alunos

acreanos um ensino considerado moderno. A partir da análise dos regulamentos dos

departamentos percebe-se a previsão de medidas que favorecessem a disseminação dos

princípios da pedagogia moderna, mesmo sem as condições objetivas para efetivá-las.

No Regulamento da Instrução Pública de 1908 do Departamento do Alto Acre buscava-

se introduzir novas práticas de ensino que rompessem com o ensino considerado

ultrapassado para o início do século passado como a lição de “cousas” e adoção do método

intuitivo como forma de possibilitar um processo de aprendizagem que considerasse o ritmo

dos alunos.

Faria Filho (2000, p.143) ressalta este aspecto no movimento da renovação da

organização escolar.

Por variadas vias, a discussão sobre os métodos, que enfocava a questão da organização da classe, e o papel do professor como organizador e agente da instrução vão dando lugar às reflexões que acentuam a importância de prestar atenção aos processos de aprendizagem dos alunos, afirmando que “o professor somente poderia ensinar bem se o processo de ensino levasse em conta os processos de aprendizagem do aluno”. Essa inflexão no rumo dos debates se articulará em torno do chamado “método intuitivo” e lançará luzes sobre a importância da escola observar os ritmos de aprendizagem dos alunos.

Ter uma educação em consonância com o progresso científico observado no final do

século XIX e início do século XX exigiria, na visão de SOUZA (1998), a fundação de uma

escola renovada principalmente no que concerniria aos métodos de ensino para dar

consequência ao projeto modernizador de país. Assim, o debate educacional que ocorria no

Brasil nas primeiras décadas do Século XX, sob forte inspiração norte americana e europeia

tinha como ênfase uma profunda modificação na organização da escola e do trabalho do

professor.

No bojo desse processo, a escola primária foi “(re) inventada”: novas finalidades, outra concepção educacional e organização do ensino. O método individual cedeu lugar ao ensino simultâneo; a escola unitária foi, paulatinamente, substituída pela escola de várias classes e vários professores, o método tradicional dá lugar ao método intuitivo, a mulher encontrou no magistério primário uma profissão, os professores e professoras tornaram-se profissionais da educação. (SOUZA, 1998, p.29).

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Este processo de modernização da organização escolar ganhou um impacto maior em

contexto urbano em desenvolvimento com poucas casas e com uma infra-estrutura pública

precária. Assim, a construção dos prédios para o funcionamento de grupos escolares no

território atenderia a dois objetivos: a disseminação da moderna pedagogia e inaugurava um

processo de modernização da cidade, reforçando o caráter modernizador das gestões dos

governos territoriais, colocando estes espaços como modelo tanto para o desenvolvimento

das atividades educacionais como para a urbanização das cidades.

O jornal Folha do Acre (1922) ao anunciar a construção da escola 7 de setembro, como

um dos marcos das comemorações do centenário da independência do Brasil em 1922,

ressaltava que esta construção obedeceria padrões de higiene e arquitetônicos, possibilitando

o atendimento de 300 alunos, tornando-se uma alternativa para a pulverização das escolas

isoladas.

A principal e mais nobre preocupação do governador do Acre, Dr. Epaminondas Jácome, foi difundir, o mais possível, a instrução pública por todo o território. Assim é que, hoje contamos com cerca de cem escolas tendo uma frequência aproximada de oito mil alunos. Antes de seguir para a capital do país o Dr. Jácome deixou em vias de conclusão o atual edifício do grupo escolar, que, em homenagem ao nosso maior dia, tomará o nome de 7 de Setembro. Está situado na intersecção da Rua Rio Grande do Norte e Avenida Bolívia, de frente à Praça Tavares de Lyra. Os últimos trabalhos para o seu acabamento terminaram no dia 31 de agosto e passa a ser o prédio mais elegante e moderno de Rio Branco. É uma bela construção, mista madeira e alvenaria de cimento, formada por um ângulo reto com a sua bissetriz. Consta de três vastos salões destinados às aulas das crianças, com higiênicas instalações sanitárias e abastecimento de água. A entrada do grupo escolar ora inaugurado é por uma sólida e bem construída escada de alvenaria de tijolo e cimento, ladeada por duas calçadas bem amplas, uma na direção à Rua Rio Grande do Norte e outra em direção a Avenida Bolívia. Toda a construção do edifício foi feita com as regras técnicas de segurança, conforto, higiene e bom gosto.

Nestes limites, o prédio escolar configurava-se como modelo de legitimação de um

processo de modernização. No caso especifico de um grupo escolar representaria um

rompimento duplo com o passado a partir da introdução de uma concepção inovadora de

ensino e da construção de prédios que romperiam com a precariedade dos espaços em que

funcionavam as escolas isoladas. Assim, se abria espaços para uma nova organização do

processo de escolarização (CF. FARIA FILHO e VIDAL, 2000, p.25).

Se novos espaços escolares foram necessários para acolher o ensino seriado, permitir o respeito aos ditames higiênicos do fim do século XIX, facilitar a

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inspeção escolar, favorecer a introdução do método intuitivo e disseminar a ideologia republicana, novos tempos escolares também se impunham. Num meio onde a escola até então era uma instituição que se adaptava à vida das pessoas – daí as escolas isoladas insistirem em ter seus espaços e horários próprios organizados de acordo com a conveniência da professora, dos (as) alunos (as) e levando em conta os costumes locais –, era preciso mais que produzir e legitimar um novo espaço para a educação. Era preciso também que novas referências de tempos e novos ritmos fossem construídos e legitimados. (FARIA FILHO e VIDAL, 2000, p. 25)

Tem-se assim a constituição de um discurso de valorização da educação. Em vez de

termos a escola isolada que funcionava nos barracões dos seringais e nas casas dos

professores ou mesmo em prédios alugados, que por melhor que fossem, estariam abaixo dos

anseios da população e do discurso das autoridades, a construção de prédios escolares

próprios no Território Federal do Acre, que obedecessem aos melhores padrões de

construção para as condições locais, permitiria vislumbrar um processo de modernidade

mesmo que para poucos.

O edifício-escola deveria exercer, portanto, uma função educativa no meio social. Além disso, estabelecer a correspondência entre a importância da escola e o espaço ocupado. Deveria ser um fator de elevação do prestigio do professor, um meio de dignificar a profissão e provocar a estima dos alunos e dos pais pela escola. Por isso podemos dizer que a escola define-se juntamente com a constituição do espaço social e cultural da escola. (SOUZA, 1998, p.123).

Deste modo, o processo de constituição dos grupos escolares provocou na sociedade a

introdução de novos padrões arquitetônicos e possibilitaram a criação de condições de

funcionamento que proporcionassem uma nova organização temporal e espacial das

atividades pedagógicas. Possuem uma força ideológica (DANTAS E LIMA, 2010), que vão

incutir na consciência popular a ideia do lugar adequado para a propagação da educação

sistematizada, dentro do contexto de modernização do Estado do Acre.

Considerações Finais

Apesar do discurso e das iniciativas das autoridades para a institucionalização de um

processo de escolarização democrático e de qualidade, percebe-se que a constituição

da escola no território do Acre no início do século foi marcada por uma grande discrepância

entre o anunciado e o efetivado.

Ao tentar unificar a instalação de uma escola moderna com o processo de

modernização do território, a ausência de recursos financeiros, carência de profissionais

qualificados e as próprias condições geográficas vão contribuindo para a configuração de um

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sistema em que coexistirão durante o modelo das escolas isoladas, destinado as populações

residentes nas áreas rurais e a tentativa de implantação de grupos escolares, com o objetivo

de atender as populações urbanas.

Pode-se afirmar que o processo de institucionalização de um sistema público de ensino

no território federal do Acre até 1922, foi construído sob uma forte contradição entre o

anunciado nos regulamentos oficiais e nos discursos das autoridades locais, que buscavam

disseminar os valores republicanos, pelo qual a escola seria um dos principais meios de

difusão e as condições objetivas, que dificultavam a expansão de escolas dentro de um

mesmo padrão arquitetônico e de organização que viabilizassem a efetivação de práticas

pedagógicas adequadas com os princípios da moderna pedagogia.

Dessa forma, os grupos escolares se estabeleceram como uma instituição responsável

pela ordem temporal da vida social dos alunos, com uma força moral, cívica e educativa do

Território Federal do Acre, surgindo como uma estratégia da elite republicana e constituindo-

se como um novo modelo escolar a ser implantado.

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