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    A implantao da produo enxuta nas pequenas empresas1

    Miguel Bardal (OPET)[email protected]

    Lais Ihlenfeldt Maltaca(OPET)

    [email protected]

    Daniely Brgamo Michelasse(OPET)

    [email protected]

    RESUMO

    Nas corporaes de pequeno e mdio porte comumente as estratgias de produo noesto alinhadas com os planos de negcios, desse modo perde-se a comunicao entre ossetores, fazendo com que na organizao, a eficincia, a eficcia, os lucros e as metas nosejam alcanados. Este trabalho destaca a necessidade da implantao dos conceitos deproduo enxuta nas pequenas empresas evidenciando as dificuldades encontradas, peloempreendedor, na insero do projeto. Para o sucesso prtico dos trabalhos imperativa acapacitao do pessoal participante da cadeia produtiva, uma vez que, aumenta e acelera aexpectativa de retorno sobre o investimento. O artigo se prope a analisar aimplementao das prticas do lean manufacturing em empreendimentos de pequenoporte no Brasil.

    Palavras chave: Produo Enxuta; Produo em Massa; Sistema Toyota de Produo;

    Lead-time.

    ABSTRACT

    In corporations of small and medium commonly the production strategies are not aligned withbusiness plans, so companies lose the communication between the sectors, making theorganization, efficiency, effectiveness, profits and targets not are achieved. This workhighlights the need to introduce the concepts of lean production on small businesses showingthe difficulties encountered by the entrepreneur, the insertion of the project. For success of thework is mandatory training of staff involved in the production chain, since it increases andaccelerates the expected return on investment. The article will analyze the implementation ofpractices of lean manufacturing in small enterprises in Brazil.

    11O presente artigo foi orientado e supervisionado pela profa. Lorete [email protected]

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    KEY-WORDS: Lean Production; Mass Production; Toyota Production; Lead-time.

    1. INTRODUONa ultima dcada, o conceito de produo enxuta passou a fazer parte do vocabulrio

    dos gestores das maiores e mais importantes empresas do mundo. A manufatura enxuta ou

    lean manufacturing, do idioma ingls, baseado no Sistema Toyota de Produo, surgido

    no Japo aps a Segunda Guerra Mundial. Sistema este criado, como uma alternativa ao

    sistema de produo em massa, desenvolvido pelas montadoras de carros norte americanas,

    representadas principalmente pela Ford. Os japoneses, que no ps-guerra, apresentavam um

    profundo dficit econmico, no tinham como produzir de forma semelhante escala

    americana.

    Porm os japoneses gostariam de oferecer diversos e variados modelos de carros,

    conforme as expectativas apontadas pelos clientes, combinando as vantagens da produo

    artesanal (variedade) aos preos acessveis para o consumidor final (produo em massa).

    Os engenheiros da Toyota, que visitaram a fbrica da Ford nos Estados Unidos,

    concluram que a produo em massa no seria vivel para a indstria automobilstica

    japonesa, e desenvolveram um processo de produo, que em curto prazo, promoveria umaquebra dos paradigmas, no somente na produo, mas na forma de como administrar as

    empresas.

    Novos conhecimentos permitem organizaodesenvolver novas capacidades, criar novos produtos eservios, aperfeioar os j existentes e melhorar osprocessos organizacionais (CHOO, 2003).

    2. METODOLOGIAO artigo ser desenvolvido com base em uma reviso bibliogrfica, com fntes

    primrias e secundrias, que ser realizada por pesquisas na internet, de artigos eletrnicos

    publicados, e seu carter de dissertao.

    3. REVISO DE CONCEITOS

    A base do conceito de produo enxuta est na eliminao dos desperdcios e

    diminuio dos custos sob o ponto de vista do cliente final. No processo produtivo necessrio definir o que valor, isto , o que o cliente est disposto a pagar pelo produto final.

    Assim a equao utilizada na era da produo em massa CUSTO + LUCRO = PREO DE

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    VENDA, agora reescrita de maneira a representar essa nova viso do mercado, PREO

    DE VENDA CUSTO = LUCRO (TUBINO,1999). Assim fica evidente, que quem

    determina o preo final de um produto no mais o fabricante e sim o mercado, restando

    queles a busca da reduo de custos pela melhoria continua e pela eliminao de

    desperdcios.

    De acordo com a literatura, segue na tabela abaixo os sete desperdcios que o sistema visa

    eliminar:

    Tabela 1 Sete desperdcios que o sistema visa eliminar

    Desperdcio Descrio

    Superproduo Produo de itens para os quais no existe demanda, o que gera

    prejuzo pelo excesso de pessoal, de estoque e custos com transporte

    devido ao demasiado estoque, sendo essa uma das maiores fontes de

    desperdcios;

    Tempo de espera

    (tempo ocioso)

    Refere-se aos materiais que aguardam para serem processados, ou

    funcionrios que vigiam mquinas automticas conclurem o seu

    processo;

    Transportes

    desnecessrios

    Os quais no agregam valor ao produto. Movimentos dos estoques em

    processo, por longas distncias e presena de transportes ineficientes.

    Movimentao de materiais, peas e produtos acabados, interna ou

    externamente, aos almoxarifados ou entre as etapas dos processos

    produtivos;

    Superprocessamento

    ou processamentoincorreto

    Etapas desnecessrias para o processamento das peas. Gerando

    perdas, inclusive, quando se oferecem produtos com a qualidadesuperior a necessria;

    Excesso de

    materiais em

    estoque

    Estoque em processamento e de produtos acabados, gerando lead-

    times prolongados, obsolescncia, produtos danificados, custos de

    transporte, de armazenagem e atrasos;

    Movimentaes

    desnecessrias

    Qualquer movimento sem utilidade dos colaboradores e terceiros,

    durante o trabalho, tais como: a busca, a procura, o deslocamento e

    empilhamento de peas, matrias primas ou ferramental;

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    Defeitos Confeco de produtos defeituosos representar o desperdcio de

    materiais, de mo-de-obra, a gerao de retrabalhos, a movimentao

    de materiais defeituosos entre outros;

    Fonte: Adaptado CHIAVENATO, Teoria geral da administrao.1993

    possvel incluir um oitavo item como desperdcio a ser eliminado: a rejeio a

    idias, a observaes e a criatividade dos funcionrios. O fato de no envolver e no ouvir os

    colaboradores diretamente ligados ao processo gera perda no tempo de processo e falha no

    desenvolvimento de habilidades, baixo ndice nos indicadores de melhorias e diminuio das

    oportunidades de aprendizagem e criao de multiplicadores.

    As caractersticas gerais das empresas que adotam os princpios da produo enxuta so:

    Manufatura flexvel com menor nmero de mquinas especializadas;

    Estoques reduzidos (Just in time);

    Formao de colaboradores treinados, qualificados e realizadores de diversas tarefas,

    preparados para o trabalho em equipes;

    Linha de montagem voltada preveno de falhas (aes preditivas e preventivas),

    diminuindo a ocorrncia de retrabalhos e aes corretivas; Relacionamento de cooperao e colaborao a longo prazo com os fornecedores (

    Supply Chain).

    Segundo Liker (2004) para adoo do sistema de produo enxuta, alguns princpios

    devem ser considerados pelos gestores das empresas conforme listados na Tabela 2:

    Tabela 2 Quatro categorias do modelo Toyota e os seus respectivos princpios.Categoria Princpios

    Soluo de

    problemas

    - Aprendizagem organizacional contnua atravs do Kaizen;

    - Ver por si mesmo para compreender a situao;

    - Tomar decises lentamente atravs de consenso, considerando

    completamente todas as opes; implement-las com rapidez;

    Funcionrios e

    parceiros

    - Desenvolver lderes que vivenciem a filosofia;

    - Respeitar, desenvolver e desafiar o pessoal e a equipes;

    - Respeitar, desafiar e auxiliar os fornecedores.

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    Processo

    - Criar um fluxo de processo para trazer os problemas tona;

    - Utilizar sistemas de puxar para evitar a superproduo;

    - Nivelar a carga do trabalho (produo nivelada);

    - Parar quando houver problema de qualidade (automao);

    - Padronizar tarefas para melhoria contnua;

    - Usar controle visual para que os problemas no passem despercebidos;

    - Usar somente tecnologia confivel totalmente testada.

    Filosofia

    - Basear as decises administrativas em uma filosofia de longo prazo,

    mesmo em detrimento de metas financeiras de curto prazo.

    Fonte: Adaptada de LIKERT, (2004).

    Na Tabela 3 realizada a comparao entre a produo em massa e produo enxuta.

    Tabela 2 Comparao entre Produo em massa e Produo enxuta.

    PRODUO EM MASSA PRODUO ENXUTA

    Ciclo de vida longo dos

    produtos medido em anos.Ciclo de vida curto dos produtos medido em meses.

    Produo fixa, oferta escassa

    predominante.Produo flexvel, orientada pelo cliente.

    Demanda previsvel e

    conhecida.Demanda instvel confrontada com a capacidade produtiva.

    Ciclos de produo longos. Ciclos de produo curtos.

    Pequena variedade, alto

    volume dos produtos.

    Qualquer variedade e volume conforme requerido pelo

    mercado

    Empresa operando isolada.Formao de alianas estratgicas para aperfeioar a

    capacitao da empresa.

    nfase na reduo dos

    custos.

    nfase simultnea em custos, desempenho de entrega,

    qualidade, flexibilidade, velocidade e inovao.

    Trabalhadores treinados para

    operaes simples.

    Trabalhadores qualificados, treinados e executores de diversas

    tarefas.

    Relao fornecedor-cliente

    fraca e conflituosa. Parcerias estratgicas entre comprador e fornecedor.

    Fonte: Adaptada de LEPIKSON, (1998).

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    4. CONSIDERAES FINAIS

    Com a globalizao, as crises frequentes, os constantes aumentos do preo de insumos

    e a necessidade de produzir com qualidade, praticamente no h mais lugar para sistemas de

    produo em massa, nem mais possvel administrar preos, pois os mesmos so

    estabelecidos pela lei da oferta e da procura onde a condio Lucro = Preo Custos

    substituiu Preo = Custo + Lucro (TUBINO, 1999), e estes fatores atingem

    indiscriminadamente todas as empresas. As pequenas e mdias empresas nacionais so as que

    sofrem o maior impacto, pois, os custos de produo esto aumentando e a possibilidade de

    repassar estes custos para o consumidor final cada vez menor. A equao que determina o

    lucro das empresas aplica-se como uma guilhotina sobre o sucesso das empresas, obrigando-as a reduzir os seus custos.

    Para o pequeno empresrio pode parecer um sistema complicado. Mas no dia a dia a

    preocupao com a busca do desperdcio zero dever estar sempre presente. Verificar se os

    estoques esto altos, se ocorrem muitas paradas desnecessrias, se o fluxo de sua produo

    est coerente, se seu pessoal est qualificado. Com estas pequenas providencias j estar

    iniciado o processo da produo enxuta.

    Analisar criticamente o seu processo de produo e gradativamente implantar todas as

    etapas da produo enxuta, certamente trar benefcios que sero evidentes e construiro a

    base slida e sustentvel necessria para o crescimento.

    Importante destacar que faz-se necessria uma mudana do comportamento dos

    empresrios, onde ainda est presente a cultura do fazer tudo de ltima hora .Atualmente,

    essa antiga prtica nacional, condenada pelo mercado, e fiscalizada pelo cliente final. Desse

    modo, ou o empresariado brasileiro se profissionaliza e se qualifica permanecendo no

    mercado e competindo no mesmo que se torna cada vez mais exigente, ou estaro fadados ao

    fracasso, decretando o fechamento das portas dos estabelecimentos nacionais.

    REFERNCIAS

    CADIOLI, L. P. e PERLATTO, L (2009) Mapeamento do Fluxo de Valor: Uma

    Ferramenta da Produo Enxuta. Anurio da Produo Acadmica Docente Faculdade

    Anhanguera de Mato.CHIAVENATO, Idalberto, teoria geral da administrao, 4 edio. Editora Makron books

    do Brasil, 1993

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    CHOO, Chun Wei. A Organizao do Conhecimento. So Paulo: Ed. SENAC, 2003.

    GIL, A. C (2002) Como elaborar projetos de pesquisa. So Paulo, Atlas

    GIOVANNETTONE, A.G. e MONEZI, C.A. (2005) Condomnio Industrial e o Sistema deProduo Enxuta Just in Time na Indstria AutomobilsticaXII Congresso Nacional

    de Estudantes de Engenharia Mecnica.

    KAIZEN INSTITUTE DO BRASIL Artigo publicado em http://www.programa5s.net

    (2009)

    KUNDE, W. G (2009) SISTEMA DA PRODUO ENXUTA UM CONCEITO AO

    ALCANCE DA PEQUENA EMPRESA Mundo SEBRAE (2009).

    LEPIKSON, H. A. SOMA Sistema Orgnico de Manufatura Autnoma: uma nova

    abordagem distribuda para o gerenciamento do cho de fbrica. 1998. 273 f. Tese

    (Doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina,

    Florianpolis.

    MARINHO, M (2007) Artigo publicado em http://www.administradores.com.br/informe-

    se/artigos

    TUBINO, D. F. - Sistemas de Produo: a produtividade no cho de fbrica. Porto

    Alegre: Bookman,1999.

    YAMAUTE, N. M., CHAVES, A. C. e CARDOSO, A.A. (2009) Princpios de Gesto da

    Produo Enxuta: A Arma da Toyota para Destronar a GM. Universidade de Taubat

    UNITAU