a iluminacao de trumann

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A Iluminação de Trumann O filme Trumann, O Show da Vida, com Jim Carrey, foi objeto de troça ou foi ignorado pela imprensa e os críticos, que, é óbvio, não entenderam bulhufas, como na maior parte do tempo. Eles querem ser diferentes para obter destaque e assim passam ao largo das coisas simples e diretas, que realmente demonstram melhor as oportunidades do mundo. Logo de início, Trumann é semelhante a true/man, homem verdadeiro no inglês. Isso todos viram. Depois, Trumann, de início um alegre boboca, vai percebendo aos poucos estar enredado numa rede de mentiras, que é o próprio mundo. A capacidade de percepção dele é nitidamente maior que da maioria dos humanos. Mesmo todos sendo no filme atores contratados pelo Autor, que é o Grande Chefe na cúpula de controle ou comunicação, apesar de todos serem atores mancomunados para evitar que Trumann perceba, ele saca a jogada mesmo assim, a partir de indícios – a humanidade, pelo contrário, nada percebe. Quando cai o spot ou ponto de iluminação, quando as cenas se repetem, tudo isso vai se somando na cabeça de Trumann, de modo que para o fim ele decide enfrentar o mar (do qual tem medo pânico) = MAL, na Rede Cognata, e com medo ou não ele vai em frente, apesar das ofertas do Chefão para um acordo, ou seja, apesar das tentações ele também venceu, como Jesus e Buda. Finalmente Trumann descobre os limites da farsa, chega ao Céu e vê que tudo não passa mesmo de farsa. É, portanto, iluminado. Encontra a saída, sem a ajuda de ninguém e até com o desfavor geral. Os críticos nada perceberam, é lógico, como em tantos filmes. Assim, resta por aí uma infinidade de filmes que a imprensa não soube criticar mais que no nível mais superficial, quando existem quatro níveis de observação, fora o matemático. O chato é que tudo fica por conta dos orgulhosos, os tolos. Que ficam por aí verborrando besteiras, a título de crítica. Vitória, domingo, 30 de junho de 2002. José Augusto Gava.

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True-man, o homem verdadeiro, lutou contra as ilusões e tentações e foi uluminado quanto ao mundo de mentiras

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A Iluminação de Trumann O filme Trumann, O Show da Vida, com Jim Carrey, foi objeto de troça ou foi ignorado pela imprensa e os críticos, que, é óbvio, não entenderam bulhufas, como na maior parte do tempo. Eles querem ser diferentes para obter destaque e assim passam ao largo das coisas simples e diretas, que realmente demonstram melhor as oportunidades do mundo. Logo de início, Trumann é semelhante a true/man, homem verdadeiro no inglês. Isso todos viram. Depois, Trumann, de início um alegre boboca, vai percebendo aos poucos estar enredado numa rede de mentiras, que é o próprio mundo. A capacidade de percepção dele é nitidamente maior que da maioria dos humanos. Mesmo todos sendo no filme atores contratados pelo Autor, que é o Grande Chefe na cúpula de controle ou comunicação, apesar de todos serem atores mancomunados para evitar que Trumann perceba, ele saca a jogada mesmo assim, a partir de indícios – a humanidade, pelo contrário, nada percebe. Quando cai o spot ou ponto de iluminação, quando as cenas se repetem, tudo isso vai se somando na cabeça de Trumann, de modo que para o fim ele decide enfrentar o mar (do qual tem medo pânico) = MAL, na Rede Cognata, e com medo ou não ele vai em frente, apesar das ofertas do Chefão para um acordo, ou seja, apesar das tentações ele também venceu, como Jesus e Buda. Finalmente Trumann descobre os limites da farsa, chega ao Céu e vê que tudo não passa mesmo de farsa. É, portanto, iluminado. Encontra a saída, sem a ajuda de ninguém e até com o desfavor geral. Os críticos nada perceberam, é lógico, como em tantos filmes. Assim, resta por aí uma infinidade de filmes que a imprensa não soube criticar mais que no nível mais superficial, quando existem quatro níveis de observação, fora o matemático. O chato é que tudo fica por conta dos orgulhosos, os tolos. Que ficam por aí verborrando besteiras, a título de crítica. Vitória, domingo, 30 de junho de 2002. José Augusto Gava.