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A ideia de ciência ao longo da história Antiguidade

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A ideia de ciência ao longo da história

Antiguidade

Pré-socráticos

Buscam a explicação racional e sistemática sobre a origem, ordem e transformação da Natureza.

A physis é o princípio originário único, causa de todas as coisas que existem.

Em suma, o princípio pode ser definido como aquilo do qual provêm, aquilo no qual se concluem e aquilo pelo qual existem e subsistem todas as coisas.

Pitágoras (572-490 a.C.) Os pitagóricos viam nos números os elementos

básicos de tudo.

Para os pitagóricos, os números exprimiam mais do que aspectos formais dos fenômenos: as coisas seriam feitas de números.

Desenvolveram métodos dedutivos na Matemática. O mais conhecido envolve a prova do “teorema de

Pitágoras”, aplicável para os lados de um triângulo com ângulo reto: a² + b² = h², cujo enunciado já era conhecido dos babilônios.

Empédocles (484/481–424/421 a. C.) Concorda com o Parmênides em relação ao Ser que

sempre existiu: o ser é e o não-ser não é. “Outra te direi: não há criação de nenhuma dentre

todas as coisas mortais, nem algum fim em destruidora morte, mas somente mistura e dissociação das coisas, misturadas é o que é, e criação isto se denomina entre os homens”. p. 228 As “raízes de todas as coisas”: água, ar, terra e fogo.

Empédocles (484/481–424/421)

“Pois do que de nenhum modo é, impossível é vir-a-ser, destruir-se o que é (é) impossível e impensável; pois será sempre lá, onde um sempre o firmar”.

Quais são as coisas que os unem ou separam? “Duplas (coisas) direi: pois ora um foi crescido a ser só de

muitos, ora de novo partiu-se a ser muitos de um só. Dupla é a gênese das coisas mortais, dupla a desistência. Pois uma a convergencia de todos engendra e destrói, e a outra, de novo (as coisas) partindo-se, cresce e se dissipa. As forças cósmicas do Amor ou Amizade (philía) e do Ódio ou

Discórdia (neîkos).

Demócrito (460-370 a. C.)

Os átomos e o vazio constituem o Mundo. O vazio é infinito em extensão, oco e penetrável.

“Por causa do vazio há movimento, dizem”. p. 318 O princípio de todas as coisas é o átomo.

Os átomos são indivisíveis, incriados, indestrutíveis e imutáveis.

Um átomo se diferencia dos outros átomos pela forma, ordem e posição. “Das formas a mais fácil de mover-se é a esférica, declara, e esta

atribui à mente e ao fogo”. p. 319

Não pode ser percebido pelos sentidos, somente pela inteligência.

Platão (428-347 a.C.) Sua abordagem de matematização da ciência vinha junto com

um desprezo pela observação.

Na República há uma célebre análise de quatro tipos de conhecimento, representados como divisões de uma linha.

A mera opinião (doxa) abarca o reino do sensível, e engloba o conhecimento : de sensações ou imagens sensíveis (eikasía); e de objetos tidos como existentes no mundo material (pistis).

Porém, a verdadeira ciência (episteme) se dá na matemática. Esta, porém, pode estar restrita a instâncias de figuras

geométricas, postuladas como “hipóteses”. (diánoia) Acima desta está a ciência das formas puras. (noesis)

Linha dos diferentes tipos de conhecimento na República. In: A Matemática Antiga. Osvaldo Pessoa Jr. – 2010

Timeu Com relação à constituição da matéria, tomou os quatro elementos

de Empédocles e os identificou com quatro sólidos regulares: fogo → tetraedro; ar → octaedro; água → icosaedro (20 faces); terra → cubo;

O quinto sólido regular, o dodecaedro (12 faces) podia ser associada à matéria celeste.

Como tais sólidos podem ser construídos a partir de unidades mais básicas (assim como as faces podem ser construídas de triângulos), Platão sugeriu explicações para algumas transformações na natureza.

Por exemplo, a água se transforma em vapor porque o icosaedro da água (20 triângulos) se transformaria em dois octaedros (8 triângulos cada) de ar e um tetraedro (4 triângulos) de fogo.

Os cinco poliedros regulares em três dimensões. In: A Matemática Antiga. Osvaldo Pessoa Jr. – 2010

Fogo Terra Ar Matéria celeste Água

Euclides de Alexandria (c. 300 - ?) Ponto: “aquilo que não tem partes”.

Reta: “um comprimento sem espessura [...] que repousa equilibradamente sobre seus próprios pontos”.

Os cinco postulados da geometria plana são: P1) Dois pontos determinam um segmento de reta. P2) Um segmento de reta pode ser estendido para uma

reta em qualquer direção. P3) Dado um ponto, há sempre um círculo em que ele é

centro, com qualquer raio. P4) Todos os ângulos retos são iguais.

Quinto postulado de Euclides. In: A Matemática Antiga. Osvaldo Pessoa Jr. – 2010P5) Se a soma dos ângulos a e b for menor do que dois ângulos retos, então os segmentos de reta A e B se encontram, se forem estendidos suficientemente.

O postulado P5 é logicamente equivalente à proposição de que, dados uma reta A e um ponto P fora dela, passa apenas uma reta por P que seja paralela a A.

Aristóteles (384-322 a.C.) Sua doutrina do hilemorfismo defendia que todas as coisas

consistem de matéria (hile) e forma (morfe). Por “matéria” entende-se um substrato que só existe

potencialmente; sua existência em ato pressupõe também uma forma.

A mudança das coisas é explicada por quatro tipos de causas: o fator material, a forma, a causa eficiente e a causa final (ou propósito). Por exemplo, uma mesa: sua forma é sua figura geométrica, sua

matéria é a madeira, sua causa eficiente foi a ação de um carpinteiro, e sua causa final é servir para refeições.

Aristóteles (384-322 a.C.)

A física aristotélica partiu de dois pares de qualidades opostas: quente/frio, seco/úmido. Os corpos simples que compõem todas as substâncias são

feitos de opostos: terra = frio e seco; água = frio e úmido; ar = quente e úmido; fogo = quente e seco.

Os elementos tenderiam a se ordenar em torno do centro do mundo, cada qual em seu “lugar natural”.

Aristóteles (384-322 a.C.) Seu Universo formava um todo, onde cada constituinte possuía

seu lugar próprio, estabelecido conforme sua natureza: O elemento terra, mais pesado, posicionava-se no centro desse

Universo, enquanto os elementos mais leves, água, ar e fogo, iam formando camadas concêntricas em torno.

Assim, segundo a física aristotélica, os corpos, deixados por si, ou seja, na ausência de forças aplicadas sobre eles, realizariam espontaneamente movimentos buscando retornar às posições que lhes são apropriadas: os elementos mais pesados, a terra e a água, movendo-se em

direção ao centro do Universo, enquanto os mais leves, o ar e o fogo, movendo-se para cima,

afastando-se do centro. A queda dos corpos sólidos abandonados no ar encontrava sua

explicação na naturalidade deste movimento em direção ao centro do Universo.

Aristóteles (384-322 a.C.)

Distinção radical entre o mundo terrestre e o celeste. Terra: domínio da matéria sujeita a toda espécie

de mudanças e transformações. Formadas dos quatro elementos: terra, água, fogo e ar.

Corpos celestes: imutáveis, esferas perfeitas, Formados de um outro elemento, incorruptível,

denominado éter ou quintessência. A esses corpos imutáveis eram concedidos apenas

movimentos circulares naturais em torno da Terra.

Considerações finais... “Malgrado as divergências profundas de suas doutrinas e de

suas hipóteses, os primeiros pensadores gregos podem ser legitimamente agrupados. Eles têm em comum serem os primeiros a tentar uma explicação racional do Mundo sensível, de ter proposto, sobre a estrutura da matéria e sobre a arquitetura do Universo, hipóteses desvinculadas – cada vez mais – de dados mitológicos. Em seu apetite de explicação total, eles trataram de todas as Ciências, mas os problemas que mais lhe chamaram a atenção foram, de uma parte, a natureza das coisas, a origem da matéria, suas transformações, seus elementos últimos e, de outra parte, a forma de nosso Universo e as leis que o regem”. TATON, René. La Science Antique et Médiévale. Apud ROSA, Carlos Augusto de Proença. História

da ciência: da antiguidade ao renascimento científico. 2. ed. Brasília: FUNAG, 2012. p. 104.

Para consultar...

http://www.funag.gov.br/biblioteca ROSA, Carlos Augusto de Proença. História da

ciência: da antiguidade ao renascimento científico. 2. ed. Brasília : FUNAG, 2012.

REALE, Giovanni ; ANTISERI, Dario. História da filosofia: Antiguidade e Idade média. São Paulo: Paulus, 1990.