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A INTERNET NUM PMA LUSÓFONO: ESTUDO DE CASOS DE CABO VERDE Novembro de 2002

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A INTERNET NUM PMA LUSÓFONO:

ESTUDO DE CASOS DE CABO VERDE

Novembro de 2002

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O presente relatório foi preparado por Margarida Évora-Sagna, Vanessa Gray e MichaelMinges. Baseia-se na pesquisa realizada de 16 a 22 de Abril de 2002, bem como nosartigos e relatórios mencionados no documento. A colaboração da Direcção Geral dasComunicações, em geral, e de David Gomes, em particular, foi indispensável e de altovalor.

O relatório não teria igualmente sido possível sem a cooperação de organizaçõescabo-verdianas que dispensaram o seu tempo aos autores do relatório. O relatório fazparte de uma série, onde se examina a internet em países em desenvolvimento.Podem ser consultadas informações adicionais nas páginas da web da UIT sobre oEstudo de casos de Internet , em http://www.itu.int/ITU-D/ict/cs/.

O relatório não reflecte necessariamente as opiniões da UIT, dos seus membros ou dogoverno da República de Cabo Verde.

O título refere-se à língua nacional de Cabo Verde, o português (os falantes de portuguêssão designados por "lusófonos") e à classificação do país como um país menos avançado(PMA).

© UIT 2002

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Índice

1. Cenário do país .................................................................. 1

1.1 Aspectos Gerais ..................................................................1

1.2 Demografia ........................................................................1

1.3 Economia ..........................................................................3

1.4 Desenvolvimento humano ...................................................4

1.5 Governo ............................................................................4

2. Telecom e meios de comunicação ...................................... 6

2.1 Telecomunicações ...............................................................6

2.2 Mass media ..................................................................... 16

3. A Internet ........................................................................ 19

3.1 História ........................................................................... 19

3.2 O mercado ...................................................................... 19

3.3 Conectividade .................................................................. 20

3.4 Preços ............................................................................. 21

3.5 Dimensão do mercado potencial ......................................... 22

3.6 Regulamentação ............................................................... 23

3.7 Curriculum Vitae .............................................................. 24

4. Absorçao do sector .......................................................... 28

4.1 Governo .......................................................................... 28

4.2 Educação......................................................................... 33

4.3 Saúde ............................................................................. 37

4.4 Comércio electrónico......................................................... 38

5. Conclusões ....................................................................... 42

5.1 Situação da Internet ......................................................... 42

5.2 Recomendações ............................................................... 44

Anexo 1: Relação de reuniõs ................................................. 50

Anexo 2: Acrónimos e abreviaturas ....................................... 51

Anexo 3: Dimensões da estrutura ......................................... 53

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Figuras

Tabelas

1.1 Indicadores de população ....................................................2

1.2 Indicadores de Desenvolvimento Humano .............................4

3.1 Preços da internet via linha telefónica ................................. 22

4.1 Necessidades das TIC de Cabo Verde .................................. 32

4.2 Cabo Verde na escola, ontem e hoje ................................... 34

4.3 Institutos de ensino superior em Cabo Verde ....................... 35

4.4 Factos da Saúde de Cabo Verde, 2000................................. 37

5.1 Comparações de Infra-estrutura ......................................... 43

5.2 FFOAs das TIC em Cabo Verde ........................................... 45

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1.1 Mapa de Cabo Verde ...........................................................1

2.1 Trajectória ascendente ...................................................... 11

2.2 Proprietários e receitas da Cabo Verde Telecom .................... 11

2.3 Serviço Móvel em Cabo Verde ............................................ 13

2.4 Tráfico internacional e preços de Cabo Verde ........................ 15

2.5 Cordão umbilical de Cabo Verde ......................................... 15

2.6 Acesso aos meios de comunicação em Cabo Verde ............... 16

3.1 Assinantes da internet ...................................................... 19

3.2 Conectividade à Internet internacional em Cabo Verde .......... 21

3.3 Utilizadores potenciais de Internet ...................................... 22

3.4 Hospedeiros Internet de Cabo Verde ................................... 24

4.1 RAFE pessoal a trabalhar ................................................... 29

5.1 Situação da Internet em Cabo Verde ................................... 42

Caixas

1.1 a Diáspora cabo-verdiana ....................................................2

3.1 Telecentro Santa Catarina .................................................. 24

3.2 Ligação lusófona............................................................... 26

4.1 Os benefícios das TIC no sector governamental .................... 30

4.2 Formação de profissionais de TI ......................................... 36

4.3 Cartão de Débito próprio de Cabo Verde .............................. 39

4.4 Como se tornar um paraíso de desenvolvimento ................... 40

5.1 Desenvolvimento de serviços TIC ....................................... 46

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1. Cenário do país

1. Cenário do país

Figura 1.1: Mapa de Cabo Verde

Fonte: World Factbook.

1.1 Aspectos Gerais

A República de Cabo Verde, localizadano Oceano Atlântico Norte, é umarquipélago a uns 455 quilómetros aoeste do Senegal, na África Ocidental.Consiste em dez ilhas e cobre umaárea de 4 033 quilómetros quadrados.O arquipélago está geograficamentedividido em dois grupos, o Barlavento(lado de onde sopra o vento) ao norte(Santo Antão, São Vicente, SantaLuzia, São Nicolau, Sal e Boa Vista) eo Sotavento (lado oposto ao vento)ao sul (Maio, São Tiago, Fogo e Brava).O arquipélago é de origem vulcânicasemelhante às outras ilhas do grupoda Macaronésia (ou seja, Açores,

Canárias e Madeira). As ilhas do Sal,Boa Vista e Maio são extremamenteplanas, enquanto que o restantearquipélago é montanhoso.

Cabo Verde é caracterizado pordiversas particularidades geográficase históricas. Localizada na zona deSahel, o país tem a extensão do Sara.,Tem uma história de longas estiagens.Embora a estação chuvosa nosudoeste possa trazer chuva entreAgosto e Outubro, as chuvas sãoesporádicas e nem sempre certas.A ocorrência de estiagens tem tidoconsequências terríveis para Cabo

Verde, tendo resultado em fome nopassado. As estiagens são tambémuma das causas da emigração emgrande escala.1 Cabo Verdedistingue-se também por estar maislonge do continente africano e maisperto das Américas do que qualqueroutro país africano. Segundo opovo, Cabo Verde é singular pelofacto das ilhas serem inabitadasquando os portugueses aí chegarampela primeira vez, em 1456. Foramtrazidos escravos do continenteafricano e hoje a maioria dos cabo-verdianos são uma mistura deorigem africana e europeia.

Administrativamente, o país édividido em 17 "concalhos", oudistritos.

1.2 Demografia

Foi realizado um censo nacional em2000, que apurou uma populaçãode 434.812 habitantes.2 Apopulação é jovem, com mais de42 por cento com idade inferior a14 anos de idade e somente seispor cento com mais de 64 anos. Amédia de idade dos cabo-verdianosé de 17,3 anos de idade. Muitoscabo-verdianos emigraram e,embora as estimativas variem,existem pelo menos tantos cabo-

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Estudo de casos de Internet em Cabo Verde

Tabela 1.1: Indicadores de população

Fonte: National Statistical Institut (INE).

Item Ano 2000

População total 434.812

Crescimento (%, 1991-2000) 2,4

Urban population (%) 53

Distribuição por idade:

Menos de 14 (%) 42,3

De 15-64 anos (%) 51,4

65 anos e mais (%) 6,3

Caixa 1.1: a Diáspora cabo-verdiana

A emigração de Cabo Verde data de há uns cem anos.Um factor que contribuiu para tal são as repetidasestiagens, que forçam os cidadãos a irem para oexterior em busca de uma vida melhor. Outro é atradição de navegação marítima da nação e a suaexcelente localização entre três rotas de navegação(Europa-África-América do Sul). Outro factor ainda éa ligação histórica entre Portugal e Cabo Verde.Finalmente, a escassez de instituições de ensinosuperior forçou os estudantes em busca de educaçãoa irem para o exterior, alguns dos quais nunca maisvoltaram.

Existe muita evidência anedótica de que existem maiscabo-verdianos a residir no exterior do que no país,mas poucas estatísticas. Um problema é que algunscabo-verdianos vivem no exterior ilegalmente e, porconseguinte, não aparecem nas estatísticas oficiais.Outro problema na avaliação é a assimilação ao paísestrangeiro. Por exemplo, existem supostamente maiscabo-verdianos nos EUA do que em qualquer outropaís, sendo muitos já cidadãos norte-americanos, quepor isso não são contados distintamente. Outroproblema é que Cabo Verde só se tornou independenteem 1975, pelo que os primeiros emigrantes podemser classificados como portugueses.

Apesar destes problemas de avaliação, existeminformações dispersas que dão uma ideia da diásporacabo-verdiana. O Instituto Nacional de Estatística temuma estimativa informal em torno de 700.000. Apesquisa linguística estima que existem umas400.000 pessoas fora do país que falam o crioulocabo-verdiano. Em termos de estatística nacional, o

Ministério da Administração Interna Português informaque existiam 43.797 cabo-verdianos a residir emPortugal em 1999.3 Os dados da Comunidade dosPaíses de Língua Portuguesa, CPLP) mostram quehavia 7.418 cabo-verdianos a viver nos paísesafricanos de língua oficial portuguesa em 1996.

O país com a maioria de descendentes cabo-verdianosé os EUA, onde os “cabo-verdianos formam acomunidade mais antiga de imigrantes africanosvoluntários para os Estados Unidos.”4 Oscabo-verdianos começaram a vir para os EUA noséculo XIX, quando os baleeiros visitaram Cabo Verdee trouxeram os moradores como marinheiros. Muitoscabo-verdianos estabeleceram-se na região de NovaInglaterra, onde os baleeiros tinham a sua sede. Nãose sabe exactamente quantos cabo-verdianos vivemnos EUA. De acordo com o Bureau of Census dosEUA, havia apenas 14.368 pessoas nascidas em CaboVerde e a residirem nos EUA em 1990 que não eramcidadãos americanos. Entretanto, muitos cabo-verdianos tornaram-se cidadãos e deixaram de poderser identificados em separado. Uma fonte calcula onúmero de pessoas de descendência cabo-verdiananos EUA em meio milhão.5 Ironicamente, apesar docrioulo não ser leccionado nas escolas de Cabo Verde,algumas jurisdições dos EUA exigem que os estudantessejam ensinados na sua língua materna. Como resultado,foram publicados livros didácticos em crioulo nos EUA.6

Hoje, o elo com os EUA manifesta-se principalmenteatravés das remessas de dinheiro e das ligaçõestelefónicas. Os EUA são a fonte número um de remessasdo exterior, bem como a principal relação de tráfegotelefónico de Cabo Verde.

verdianos no exterior como no país (verCaixa 1.1). A nação tornou-sepredominantemente urbana durante a

década de 90, sendo a populaçãourbana de 53 por cento em 2000.A capital de Cabo Verde é Praia,com uma população de106.052 habitantes, e 54 porcento da população vive nailha de Santiago onde estálocalizada Praia. Com umataxa de crescimento anual de2,4 por cento, espera-se quea população atinja os567.000 habitantes em 2015.Devido à emigração e a umaexpectativa de vida femininamaior, há mais mulheres quehomens, embora a proporção(93,9 de homens para cada100 mulheres em 2000) tenhaaumentado na última década.Quarenta por cento das93.975 famílias de Cabo Verde

são encabeçadas por mulheres. Otamanho médio das famílias é de4,6 pessoas.

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1. Cenário do país

A língua nacional de Cabo Verde é ocrioulo, falado praticamente por todaa população. O crioulo data do séculoXV e deriva do antigo português e daslínguas faladas nas áreas costeiras naÁfrica Ocidental.7 O português é alíngua oficial, usada nas escolas e naspublicações. Cabo Verde é ummembro fundador da Comunidade dePaíses de Língua Oficial Portuguesa,a organização formal das nações delíngua portuguesa. Cerca de um terçoda população é fluente em português,enquanto que mais de metade oentende.8 Uma parte da população,particularmente a instruída, falatambém francês dado que, até muitorecentemente, o francês era asegunda língua na escola; e tambémdevido aos estudos no exterior, aproximidade com a África de línguafrancesa e a existência detransmissões de rádio e televisão emfrancês. Juntamente com a Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe, CaboVerde é um dos três membros delíngua portuguesa da OrganizaçãoInternacional da Francofonia. O inglêsé entendido por alguns, devido aosparentes no exterior e estudos noexterior. O inglês é cada vez maisescolhido como segunda língua naescola.

1.3 Economia

Embora classificado como País MenosAvançado(PMA), o nível dedesenvolvimento económico de CaboVerde coloca-o como uma nação derendimento médio-baixo, e não derendimento baixo. O RendimentoNacional Bruto (RNB) per capita erade US$1.330 em 2000, quase o dobrode 1990 e cinco vezes mais que porocasião da independência, em 1975.O crescimento económico foi emmédia de dez por cento ao ano entre1980-90 e seis por cento ao anoentre 1990-2000.

A economia de Cabo Verde éfortemente centrada nos serviços. Osserviços contribuíram com 72 porcento para o Produto Interno Bruto(PIB) do país em 2001, no montantede US$588. A agricultura contribuiusomente com 11 por cento para o PIB.Existem poucos recursos naturais, há

escassez de água e somente dez porcento da terra é arável. Apesar disso,cerca de metade da população viveem áreas rurais e está envolvida emactividades agrícolas de pequenaescala e pesca. A indústria contribuicom 17 por cento para o PIB,consistindo principalmente emconstrução e alguma produção.

Apesar do crescimento económico deCabo Verde, a economia é frágil. Opaís tem poucos recursos naturais epossibilidades agrícolas limitadas. Aimportação de alimentos é crítica,constituindo cerca de um quinto detodas as importações em 2000. Aeconomia está muito dependente daajuda externa (Cabo Verde tem umadas ajudas externas mais elevadas percapita no mundo, de US$319em 1999) e as remessas dosemigrantes (que constituem cerca de20 por cento do PIB).

Após ser regido por uma economiacentralizada e de domínio estatal logoapós a independência, Cabo Verdeliberalizou-a em 1991. A ênfase agoraé na participação do sector privado,atraindo investimentos estrangeiros eaumentando as exportações, parareduzir o grande défice comercial.

A redução da pobreza é umaprioridade do governo. De acordo comdados do início dos anos 90, cerca deum terço dos habitantes vivem napobreza, 14 por cento dos quais estãoclassificados como muito pobres. Apobreza varia pelo país, sendo oshabitantes das áreas rurais os maisafectados. Entretanto, a urbanizaçãocrescente do país e o consequenteimpacto nas infra-estruturas e nosserviços sugere que a pobreza urbanaestá a crescer. As famílias encabeçadaspor mulheres tendem a ser as maispobres. O governo tem um ProgramaNacional para a Redução da Pobrezacom estratégias-chave, incluindo apromoção do crescimento económico,e fomentando o desenvolvimento dosrecursos humanos.

Com uma música mundialmentefamosa, paisagens e sítios históricosformidáveis, o turismo de Cabo Verdetem um potencial considerável, tendo

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Estudo de casos de Internet em Cabo Verde

Tabela 1.2: Indicadores de Desenvolvimento Humano

Fonte: Programa das Nações Unidas para Desenvolvimento.

Cabo Verde comparado com outras economias de língua oficial portuguesa, 1999

Classe Economia Esperança Taxa de Percentagem PIB perno IDH de vida à alfabetiza- bruta capita

nascença ção adulta combinada (PPP US$)(anos) (%) de matrícula

em escolas (%)

28 Portugal 75,5 91,9 96 16.064

69 Brasil 67,5 84,9 80 7.037

91 Cabo Verde 69,4 73,6 77 4.490

109 São Tome 64,7 73,2 59 1.977

146 Angola 45,0 42 23 3.179

156 Guiné Bissau 44,5 37,7 37 678

157 Moçambique 39,8 43,2 23 861

contribuído com 3,9 por cento para oPIB em 1999 e com 27 por cento paraas exportações de serviços. A maiorparte do investimento externo temsido neste sector.

1.4 Desenvolvimento humano

Cabo Verde está classificado no 91o

lugar entre 162 no Índice deDesenvolvimento Humano (IDH) doPrograma de Desenvolvimento dasNações Unidas, colocando o país nomeio da categoria de desenvolvimentohumano médio. O IDH é composto porum conjunto de indicadores, incluindoa esperança de vida à nascença,alfabetização adulta, matrícula emescola e PIB per capita. Cabo Verdetem uma classificação alta para umPMA e, comparado com outras naçõesde língua portuguesa, ocupa umaposição singular. Situa-se atrás doBrasil e de Portugal, mas à frente dasnações africanas de língua oficialportuguesa (ver Tabela 1.2).

Cabo Verde está bem classificado emtodos os indicadores relativos ao nívelde desenvolvimento económico. Aesperança de vida ultrapassa a doBrasil em quase dois anos. A sua taxade alfabetização – cerca de trêsquartos da população adulta - érespeitável e um reflexo da ênfase dogoverno na educação na última

década. A ênfase tem de ser agora noaumento da alfabetização nosegmento dos adultos mais idosos.Existe uma matrícula quase universalna escola primária em Cabo Verde quealcançou a Meta de Desenvolvimentodo Milénio9 nesta área. O índice dematrícula na escola secundária é de46 por cento. Uma carência deinstalações de ensino superiorrestringe as matrículas neste grau deensino, onde a taxa é de apenas4,2 por cento.

1.5 Governo

As ilhas de Cabo Verde foramdescobertas e colonizadas pelosportugueses em 1456. Cabo Verdepassou de colónia a provínciaultramarina de Portugal em 1951. Oarquipélago alcançou a independênciade Portugal em 5 de Julho de 1975.

Na altura da independência, houveintenção de formar uma naçãoconjunta com a Guiné-Bissau, mas asrelações tornaram-se tensas e talnunca foi concretizado. O governoassumiu o poder sob um sistemaunipartidário. A pressão crescentepara a democracia conduziu àsprimeiras eleições multipartidárias emJaneiro de 1991. As eleiçõesdemocráticas subsequentes foramrealizadas em 1996 e em 2001. O

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1. Cenário do país

1 Para saber mais sobre as estiagens na história de Cabo Verde, Annababette Wits; “Beating Malthus on CapeVerde Islands.” Islandar Magazine, Edição 3 de Janeiro de 1997. Disponível no sítio www.islandstudies.org.

2 A maior parte das informações demográficas nesta secção são provenientes do sítio da web do InstitutoNacional de Estatística, em www.ine.cv.

3 Ver “Estatísticas 1999”, disponível no seguinte sítio da web http://www.mai.gov.pt/data/mai/index.php?x=estatisticas&PHPSESSID=5a77f5976ffc3b17a49995bb18432180.

4 Ver J. Lorand Matory. “Africans in the United States,” Disponível emwww.footstepsmagazine.com/AfricansinUSArticle.html.

5 “Vivem nos Estados Unidos umas 500 000 pessoas de descendência cabo-verdiana, principalmente em NovaInglaterra.” Ver Departamento de Estado dos EUA. “Background Note: Cape Verde.” Dezembro de 2001.www.state.gov/r/pa/ei/bgn/2835pf.htm.

6 Em Massachusetts, vinte estudantes LEP (proficiência limitada em Inglês) num grupo de língua num distritoiniciarão a instrução na língua nativa, mesmo que haja apenas dois alunos em cada série numa sala de aulasseparada, leccionada por um professor bilingue certificado... milhares de cabo-verdianos são ensinadosnuma língua franca Português-Crioulo – embora a maioria não conheça a língua. Na realidade, em CaboVerde é ensinado apenas o português, uma vez que o crioulo é uma língua falada, não escrita. Osprofessores em Massachusetts tiveram que inventar e imprimir materiais em crioulo.” Ver Peter J. Duignan.“Bilingual Education: A Critique.” Disponível em www-hoover.stanford.edu/publications/he/22/22b.html.

7 Para saber mais sobre as origens e situação do crioulo cabo-verdiano, ver Manuel Veiga. “Language Policy inCape Verde”: A proposal for the Affirmation of Krioulu.” ”.www.umassd.edu/specialprograms/caboverde/cci-kproposal-e.html e Marlyse Baptista. “The sociolinguisticsituation in the Cape Verde islands.” www.capeverdeancreoleinstitute.org/articles_&_research.htm.

8 Ver “KABUVERDIANU: a language of Cape Verde Islands.” no sítio da web Etnólogo emwww.ethnologue.com/show_language.asp?code=KEA.

9 Para mais informações sobre as Metas de Desenvolvimento do Milénio das Nações Unidas, verhttp://www.un.org/millenniumgoals/index.html.

Partido Africano da Independência deCabo Verde (PAICV) ganhou a maioriados lugares no parlamento e o seucandidato, Pedro Pires, foi eleitopresidente com uma margem de13 votos. Tanto o presidente, quefunciona como um chefe de estado,como a assembleia nacional governampor um mandato de cinco anos. Oprimeiro-ministro, que funciona como

um chefe de governo, é nomeado pelaassembleia nacional.

Cabo Verde é proclamado como ummodelo de bom governo e estabilidadena região. As eleições sãodemocráticas e decorrem semviolência. A corrupção é baixa emantida desta forma por medidasanti-corrupção.

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Estudo de casos de Internet em Cabo Verde

2. Telecom e meios de comunicação

2.1 Telecomunicações

2.1.1 Política e regulamentação

A política e a regulamentação dosector das telecomunicações de CaboVerde tiveram início formal após aIndependência em 1975. Até essadata, os serviços de telegrafia etelefonia do país, tal como em outrascolónias, enquadravam-se nas leis eregulamentos de telecomunicações dePortugal. Um operador estatal efectuavaas comunicações nacionais enquantoque a empresa privada CompanhiaPortuguesa Radio Marconi (CPRM)efectuava as telecomunicaçõesinternacionais. As operações da CPRMbaseavam-se nos termos de um Acordode Concessão assinado com o governoportuguês.

A localização geográfica do país ajudoua desenvolver a sua infra-estrutura detelecomunicações de diversas formas.A implementação da Regulamentaçãode Rádio Internacional, desde a faseinicial do desenvolvimento dastelecomunicações em Cabo Verde, fezcom que as estações costeirasmarítimas do país se tornassem bemconhecidas devido à qualidade de seusserviços. Isto fez com que Cabo Verdeobtivesse a reputação de ser uma dasestações costeiras marítimas africanasmais importantes do Oceano Atlântico.No século XIX, a Ilha do Mindelo foium ponto importante para a instalaçãodos primeiros cabos submarinos decobre para telegrafia, ligando a Áfricaà Europa. A instalação do cabosubmarino SAT 1 no Sal, em 1966,posteriormente conectado ao Mindeloe à Praia através de um sistema dedifusão troposcatter1 , forneceu ainfra-estrutura para serviços de vozde boa qualidade.

A rápida evolução do sector dastelecomunicações em todo o mundolevaram mais tarde a jovem nação deCabo Verde a estabelecer programaspara o desenvolvimento das

telecomunicações, transmissão eTecnologias de Informação eComunicações (TIC). A estruturatécnica e legal foi periodicamenterevista e adaptada, tendo em conta aevolução destas tecnologias e aadaptação ao mercado mundial bemcomo à estrutura sócio-económica epolítica de Cabo Verde.

2.1.1.1 Da privatização ànacionalização: o sectorinicial das telecomunicações

Imediatamente após a independênciaem 1975, o novo governo de CaboVerde definiu o sector dastelecomunicações como crucial parao desenvolvimento do país e a suapromoção tornou-se altamenteprioritária. Muitas das infra-estruturasde telecomunicações pertenciam àCPRM. Para maximizar o uso das infra-estruturas e garantir que estasbeneficiassem todos, foi inevitável odomínio nacional. Por este motivo,bem como para enfatizar aindependência da nova nação, anacionalização, que é a transferênciadas infra-estruturas das mãos deestrangeiros para o governo, tornou-se essencial. As negociações entreCabo Verde e Portugal foramtranquilas e levaram a um novoProtocolo de Concessão, que concediaao governo de Cabo Verde apropriedade exclusiva.

O Protocolo de Concessão foi assinadoentre o governo de Cabo Verde e aCPRM em 21 de Janeiro de 1977.Quatro anos depois, quando CaboVerde anunciou sua intenção decancelar a concessão, a CPRM nãocontestou este pedido e, em 12 deDezembro de 1981, as duas partesterminaram a concessão ao assinar oAcordo de Cancelamento. A Cláusula 2do acordo obrigava Cabo Verde a

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2. Telecom e meios de comunicação

compensar a CPRM pelo final daConcessão. Após deduzir as dívidas daCPRM (o que a CPRM ainda devia a CaboVerde pelo período de 1976-1981), ovalor da compensação que Cabo Verdetinha que pagar à CPRM atingia os 30milhões de Escudos de Cabo Verde(US$616.000). Este valor incluía:

• O valor residual do equipamentoe prédios de telecomunicaçõespertencentes à CPRM;

• O Direito de Uso Internacional aocabo submarino SAT 1; e

• Os lucros cessantes da CPRM.

O Governo de Cabo Verde efectuou ospagamentos de compensação entreJunho de 1982 e Dezembro de 1983,conforme programado no Acordo deCancelamento. O dia 31 de Dezembrode 1983, data em que foi efectuado oúltimo pagamento, tem um significadosimbólico e marca a independênciacompleta e a autonomia financeira dosector de telecomunicações de CaboVerde.

A nacionalização do sector detelecomunicações proporcionou a CaboVerde uma nova liberdade e opções. Ogoverno não podia assinar acordos decooperação com agências dedesenvolvimento regional, como oBanco Africano de Desenvolvimento eos Fundos do Kuwait e da OPEP. Oscontratos internacionais de assistênciapara o desenvolvimento e decooperação bilateral contribuíram parao crescimento fenomenal do sector nosanos seguintes.

Como medida para acelerar odesenvolvimento das telecomunicações,o organismo de correios etelecomunicações obteve autonomia paragerir os seus próprios fundos. Istosignificava que, após a aprovação doorçamento anual para astelecomunicações e correios, a gestão doorçamento não estava à mercê da esferade influência do Ministério das Finanças,incluindo procedimentos administrativosdemorados. Isto colocou o organismopostal e de telecomunicações numasituação vantajosa em comparação comoutras agências governamentais.

2.1.1.2 Criação do primeiro órgãoregulador

Por ocasião da independência, em 1975,os sectores de telecomunicações e osector postal eram operados pelosServiços dos Correios e Telecomunicações(CTT). Imediatamente após aindependência, em 1976, foi criado umórgão separado, a Direcção Nacional dosCorreios e Telecomunicações, que ficouencarregada das relações internacionaisde telecomunicações e de auxiliar ogoverno a definir as estratégias políticaspara o desenvolvimento dastelecomunicações. Esta novaautoridade, que dependia do ministroencarregado das telecomunicações,também assumiu a responsabilidadepela administração de frequências nopaís.

Em Julho de 1981, a DirecçãoNacional dos Correios eTelecomunicações e os Serviços dosCorreios e Telecomunicações foramfundidos numa empresa pública,denominada Empresa Pública dosCorreios e Telecomunicações SARL(CTT-EP). Esta medida possibilitou queo sector das telecomunicaçõescrescesse com mais independência enão ficasse tão sujeito aos obstáculosda intervenção governamental daadministração diária. O governoesperava ainda suplantar a falta depessoal especializado ao concentrar osperitos de telecomunicações numaentidade.

Durante os anos seguintes, a EmpresaPública dos Correios e Telecomunicaçõesplaneou, desenvolveu, implementou eoperou todas as telecomunicaçõesnacionais e internacionais em CaboVerde. Além disso, acumulou as funçõesreguladoras, incluindo a gestão doespectro e o plano de numeração.Também desempenhou um papelimportante a nível internacional.

Um dos resultados positivos das relaçõesestrangeiras bem sucedidas dastelecomunicações em Cabo Verde foi asua eleição para o ConselhoAdministrativo da União Internacional dasTelecomunicações, durante a ConferênciaPlenipotenciária de Nice, em 1989.2

Cabo Verde manteve o seu lugar noConselho Administrativo da UIT até 1998.

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Estudo de casos de Internet em Cabo Verde

Cabo Verde tem também uma históriade sucesso regional a assinalar.Desempenhou um papel importante aoajudar a alcançar um consenso sobre odesenvolvimento regional e ao apoiaros peritos nacionais em cooperaçãointernacional, regional e bilateral.

2.1.1.3 Criação de um segundoórgão regulador

Em 1991, Cabo Verde tinha umacobertura telefónica fiável a nívelnacional. As telecomunicaçõesinternacionais estavam garantidas tantopor cabo submarino como por conexõesvia satélite. O sucesso do sector éilustrado pelo facto da Empresa Públicados Correios e Telecomunicações estara obter lucros suficientes, não apenaspara cobrir as suas despesas comotambém para liquidar os empréstimosgovernamentais para o desenvolvimentodas telecomunicações.

Em 1992, o governo, em resposta àsnovas realidades das telecomunicações,decidiu criar um novo órgão regulador,a Direcção-Geral das Comunicações.Este novo órgão, que assumiu asfunções reguladoras dos CTT-EP, ficouligado inicialmente ao Ministério doTurismo, Indústria e Comércio. Um anoapós a sua criação, foi transferido parao Ministério da Infra-estrutura eTransportes.

A Direcção-Geral das Comunicaçõesera, entre outras coisas, responsávelpelo desenvolvimento e cumprimentoda estrutura legal no sector dastelecomunicações e no sector postal.Era também encarregada de garantiro uso correcto das frequências deCabo Verde.

2.1.1.4 A Estrutura Legal

Em Fevereiro de 1994, o governoaprovou a nova Lei Básica para o Sectordas Comunicações (5/94), incluindo osector postal. A lei cobria diversasáreas, incluindo:

• Definição clara dos serviços decomunicações públicas e privadas;

• Um serviço de telecomunicaçõespúblicas que atendesse àsnecessidades de comunicação dapopulação, bem como às

actividades económicas e sociaisnacionais e internacionais;

• A infra-estrutura básica detelecomunicações pertence aoestado e pode apenas ser operadapor uma empresa pública, atravésde um Acordo de Concessão;

• A separação das funções depolítica e reguladoras das funçõesoperacionais;

• A definição de regras decompetição;

• Condições para novas categoriasde serviços como os Serviços deValor Acrescentado e o Móvel; e

• Liberalização do equipamentoterminal.

Uma secção especial da lei foi dedicadaao processo de planificação edesenvolvimento das telecomunicações,incluindo novas tecnologias ecooperação regional. Para garantir odesenvolvimento harmonizado do sectore a liberalização gradual do mercado, alei fortaleceu ainda a responsabilidadedo governo na definição da política dosector das telecomunicações eestratégias para o desenvolvimento. Porexemplo, as responsabilidades dogoverno incluíam agora:

• Administração do espectro derádio e posição orbital;

• Representação cabo-verdiana emtodas as organizações internacionaise intergovernamentais decomunicações;

• Definição da política geral e daplanificação geral do sector detelecomunicações;

• Aprovação de toda a legislação eregulação das telecomunicações;

• Normalização e homologação detodo o equipamento detelecomunicações;

• Concessão, licenciamento eautorização de todos osoperadores de comunicação;

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2. Telecom e meios de comunicação

• Cumprimento de todas as leis eregulamentos de comunicação pormeio de encargos, multas epenalidades;

• Definição da política tarifária.

Um desafio maior exigido por lei foi aseparação das telecomunicações dosserviços postais.

2.1.1.5 Separação dos correios dastelecomunicações

O governo, através da declaração paraa reforma das telecomunicações,estabeleceu a necessidade de responderà rápida evolução da tecnologia e domercado das telecomunicações comeficácia, flexibilidade e intervençãogovernamental muito limitada. Em16 de Fevereiro de 1995, aprovou oDecreto-Lei número 9-A/95, queestipulava os termos e condições paraa separação dos correios dastelecomunicações. Com base nesta lei,a Empresa Pública dos Correios eTelecomunicações foi dividida em duasempresas: a Cabo Verde Telecom SARLe a Correios de Cabo Verde SARL. ACabo Verde Telecom foi reorganizadacom base num plano de privatizaçãoparcial. Ao mesmo tempo, foi criado umnovo comité para auxiliar o governo naprivatização das empresas públicasestatais, incluindo a empresa do sectorde telecomunicações. 3

Pouco depois, em 20 de Junho de 1995,o governo aprovou o Decreto-Lei 33/95sobre a Privatização dasTelecomunicações, que estipulava osseguintes passos em relação àprivatização da Cabo Verde Telecom(CVT):

• Quarenta por cento das acções daCV Telecom devem ser vendidasa um parceiro estratégico numaconcorrência internacional;

• Vinte e cinco por cento das acçõesdevem ser reservadas aemigrantes e a empregados da CVTelecom;

• O Governo deve manter uma “acçãode ouro”, independentemente domontante de acções não vendidas;

• A assinatura de um Acordo deConcessão, baseado na leiespecífica de concessões.

Após a concorrência internacional (emDezembro de 1995), 40 por cento dasacções foram vendidas à Portugal Telecom(PT) por US$20 milhões. Um Acordo deConcessão foi assinado entre o Governoe a CVT em 7 de Fevereiro de 1996.Este Acordo de Concessão concedia à CVTum monopólio para a operação dosserviços básicos e a exclusividade nascomunicações internacionais durante umperíodo de 25 anos, ou seja, até 1 deJaneiro de 2021.4

2.1.1.6 Acesso universalFoi incluída uma obrigação de acessouniversal no Acordo de Concessãoassinado entre o governo e a CVT. Estaestipulava a instalação de pelo menosum telefone em cada localidade commais de 200 habitantes. A Cláusula 22do Acordo de Concessão declara quedeve ser criado um fundo decompensação para reembolsar asperdas resultantes da obrigação deacesso universal. O encarregado e todosos outros operadores detelecomunicações ou provedores deserviços deverão contribuir para estefundo. Os termos e condições paraestabelecer o fundo para obrigação deacesso universal deveriam serdeterminados por uma legislaçãoespecífica. Entretanto, até hoje, estalegislação não foi elaborada.

Até ao ano 2000, a CVT, ao fornecerpelo menos um telefone a cada umadas 241 comunidades com mais de200 habitantes, cumpriu a suaobrigação de acesso universal. Apesardas difíceis condições topográficas dasilhas, a CVT instalou, em alguns casos,até telefones em localidades commenos de 200 habitantes. Utilizouuma tecnologia actualizada, mesmonas áreas mais remotas. Um exemploé Santo Antão, uma das ilhas maisrurais e montanhosas. Para cumprir aobrigação de acesso universal numadas suas localidades, onde não existeelectricidade nem estradas e a formamais fácil de ali chegar é por barco apartir da ilha mais próxima, a CVTperfurou as montanhas para instalar

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Estudo de casos de Internet em Cabo Verde

uma ligação de fibra óptica. Além disso,a CVT cobriu a maior parte do país comuma rede celular móvel GSM.

O serviço universal - ou adisponibilidade de um telefone porresidência - progrediu regularmente. Apercentagem de residências com umalinha de telefone fixo aumentou de 15em 1992 para 60 em 2001, o terceiromaior nível na África (após a Reuniãona Ilha Maurícia).5 Um factor principalestá a aumentar a riqueza. A taxa deassinaturas mensais de telefone fixo –que se manteve ao mesmo nível, ECV250 (US$2,08) - constituiu dois porcento do rendimento per capita em2000, reduzindo quase cinco por centoem 1992. De acordo com a CVT, omercado fixo está agora saturado emtermos de disponibilidade e algumaspessoas não pagam actualmente assuas contas. A substituição pelo telefonemóvel é mínima, dado que o serviçomóvel é comparável ao fixo em termosde custo. Embora a maioria das famíliastivesse provavelmente condições parapossuir um telefone desde que nãofizesse ligações internacionais, abarreira é a taxa de ligação única deECV 3.000 (US$25). Outra dificuldadeque complica a obtenção de telefoneresidencial é a falta de energia eléctrica.Apenas metade das residências no paístinham electricidade em 2000. Este é omotivo pelo qual os telefones móveis,que funcionam com baterias, podem terum papel a desempenhar para sealcançar o serviço universal. Porexemplo, os telefones móveis poderiamser recarregados no mesmo local ondesão comprados os cartões pré-pagos.

2.1.1.7 Política tarifária

A regulamentação tarifária aplica-seapenas aos serviços detelecomunicações oferecidos sobconcessão de monopólio. Éteoricamente possível algumacompetição (embora não existaactualmente) para os serviços móvel einternet. A regulamentação tarifáriapara esses serviços não se aplica. Naprática, a regulamentação tarifária nãoexiste uma vez que os preços detelefone fixo não foram alteradosdurante uma década e os preçosinternacionais foram reduzidosligeiramente apenas uma vez, em 1997.

A CVT solicitou um reequilíbrio das suastarifas ao reduzir as taxas internacionaise aumentar as taxas locais, mas atéagora não foi aceite. Um aspectofavorável dos preços detelecomunicações em Cabo Verde é quenão existe taxa fraccional. Osutilizadores pagam por unidade deconversação quer a usem ou não, emvez de pelo tempo real de conversação.Uma vez que as unidades sãorelativamente longas (3 minutos), istoé uma desvantagem para o cliente.

2.1.1.8 InterconexãoA Lei Básica para Comunicações,DL 5/94 (no artigo 26) estabelece queo responsável deve interconectar todosos outros operadores detelecomunicações nas mesmascondições de competição. Oresponsável não pode realizar quaisquermedições que possam restringir acompetição. A lei declara ainda que oresponsável está proibido de abusar doseu poder de predominância. Uma vezque não existem outros operadores detelecomunicações, esta lei não se aplicana realidade.

2.1.2 Rede

A introdução de Cabo Verde nastelecomunicações data de 1874,quando se tornou um ponto deinstalação do primeiro cabo telegráficosubmarino instalado entre a Europa eo Brasil. Os primeiros telefones foraminstalados em 1919. Entretanto, poucacoisa foi feita para expandir astelecomunicações no meio séculoseguinte. Em 1960, havia apenas188 telefones em todo o país e aprimeira central telefónica automáticafoi instalada apenas um ano depois. 6

Desde a independência em 1975, ascoisas mudaram. O crescimento da redefoi espectacular e, hoje Cabo Verdepossui a maior densidade telefónica detodos os PMAs (ver figura 2.1). As infra-estruturas de telecomunicações danação apresentam centrais locaistotalmente digitalizadas, ligaçõesnacionais e internacionais de fibraóptica, serviços de ISDN e uma segundarede de celular móvel GSM de segundageração.

Conforme acima mencionado, osserviços de telecomunicações em Cabo

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2. Telecom e meios de comunicação

Figura 2.1: Trajectória ascendente

Nota: A "Previsão do Plano Mestre 1990" refere-se a projecções feitas no Plano Mestre deTelecomunicações 1990. "Móvel" refere-se às principais linhas por 100 habitantes nos Países menosDesenvolvidos.Fonte: UIT.

Figura 2.2: Proprietários e receitas da Cabo Verde Telecom

Fonte: UIT adaptado de dados da CVT.

Proprietários das acções da Cabo Verde Telecom, Dezembro de 2001 e receitas detelecomunicações como parcela do PIB, 1997-2001

0

2

4

6

8

10

12

14

16

1975 1976 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001

Cabo VerdeTelecom criada

A partir dos CTTe privatizada

Independência de Portugal.Cabo Verde tinha a 11mais alta teledensidade

entreos PMDs

a

Cabo Verde torna-se o PMDcom a mais alta

teledensidade, uma posiçãoque ainda ocupa

PMDs

Principais linhas telefónicas por 100 habitantes

Serviço internac. deCPRM concessão termina.CTT mudou para empresa

pública.

1990 previsão Plano Mestre

Móvel

Propriedade da Cabo TelecomDezembro de 2001

Outros cidadãosPrivados14%

Empregados5%

Emp. DeAeroportos eSeg. Aerea

10%Governo3%

PortugalTelecom

40%

Instituto Nac.Previdência

Social28%

Receitas da Cabo Verde Telecom

$0$5

$10$15$20$25$30$35$40$45

1997 1998 1999 2000 2001

0%

1%

2%

3%

4%

5%

6%

7%

8%

Receitas (US$ m) Em % do PIB

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Estudo de casos de Internet em Cabo Verde

Verde são um monopólio legal da CaboVerde Telecom (CVT) com umaconcessão que vigora até 1 de Janeirode 2021. A CVT foi criada em 1995quando os serviços postais foramseparados dos CTT-EP. Foi parcialmenteprivatizada em Dezembro de 1995,quando 40 por cento foram vendidos àPortugal Telecom por US$20 milhões.As vendas subsequentes de acçõesreduziram a propriedade directa doestado para 3,4 por cento, embora estedetenha propriedade indirecta atravésde fundos possuídos pelo governo quecomprou acções na companhia (verfigura 2.2, quadro da esquerda). A CVTtem um impacto grande na economiade Cabo Verde. As receitas de 2001foram de ECV 5.213 milhões (US$43)e constituíram sete por cento do PIB(ver figura 2.2, quadro da direita). ACVT emprega 466 pessoas (1,3 porcento do emprego total no sectorprivado no país) dos quais 154 (umterço) são mulheres. A CVT é um dosoperadores de telecomunicações maiseficientes em África, com7,3 empregados por 1.000 linhastelefónicas. Tem feito grandesinvestimentos no sector detelecomunicações, em média 45 porcento das suas receitas nos últimoscinco anos. As despesas de capital emtelecomunicações em 2000 foram deUS$13,6 milhões, uns 12,6 por centodo investimento nacional bruto do país.

2.1.2.1 Rede de telefone fixo

Cabo Verde tinha a quarta redetelefónica com maior expansão nomundo entre 1990 e 2000 (após oVietname, China e Camboja), elevandoa teledensidade de 2,4 em 1990 para14,3 em 2001. A lista de espera parauma linha telefónica foi reduzida emmais de 10.000 para 2.914 no finalde 2001, com uma média de tempode espera de apenas 3,4 meses,comparado com mais de um ano em1997. A rede local de 64.132 linhasprincipais está inteiramente conectadaàs centrais digitais, um feitoconseguido em 2000. A capacidadetotal da rede fixa é de 77.400 linhas.A Rede Digital de Serviços Integrados(RDSI) foi introduzida em 1999 e, nofinal de 2001, havia 550 assinantesde RDSI de taxa básica e 23 de taxaprimária.

Um grande desafio foi conectar asilhas dispersas do país com cabo defibra óptica de alta velocidade. Apesarde existirem conexões por micro-ondas e satélite 100 por cento digitaispara a comunicação entre ilhas em1997, a CVT começou a ligar as seisilhas mais populosas por um sistemade cabo de fibra óptica submarino. Oprojecto, no montante de US$ setemilhões, foi concluído em 2002.

2.1.2.2 Serviços móveis

As comunicações celulares móveischegaram relativamente tarde a CaboVerde. Ao contrário de outras nações,a tecnologia móvel analógica nuncafoi introduzida. A CVT lançou a suarede do Sistema Global Móvel (SGM)no final de 1997. No final de 2001, aCVT tinha 31.507 assinantes para umadensidade de sete por cento. A taxade crescimento era de 60 por centocomparada com 2000.7 A rede estádisponível em todas as ilhas e acobertura da população está estimadaem torno de 90 por cento. O telefonepré-pago foi lançado em 1998 e no anode 2001 quase todos os novosassinantes eram desta modalidade. Em2001, as receitas com o telefone móvelforam de ECV 989 milhões(US$8,2 milhões), 18,6 por cento do totaldas receitas com telecomunicações, e até70,3 por cento sobre o ano anterior. ACVT tem acordos de roaming com33 operadores móveis estrangeiros. Orápido crescimento do turismo está aincrementar as receitas de roaming,que foi responsável por 15 por centodo total das receitas do serviço móvel.

Não foi, no entanto, alcançado opotencial pleno do serviço móvel. Nomundo, o número de assinantes doserviço móvel ultrapassou o deassinantes de telefone fixo no início de2002, e mais de 100 países têm maisassinantes do serviço móvel do que fixo.Todavia, em Cabo Verde a base móvelrespondeu apenas por 33 por cento detodos os assinantes de telefone no finalde 2001, uma das taxas mais baixasentre os PMDs e as nações Africanas(ver o quadro da direita na Figura 2.3)Embora isto se deva em parte àdensidade relativamente alta de linhafixa no país, tal sugere ainda umcrescimento restrito no sector móvel.

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2. Telecom e meios de comunicação

A principal razão do sucesso limitadodo serviço móvel é a falta decompetição. Aqui, Cabo Verde é umaminoria distinta. No final de 2001,65 por cento dos países no mundotinham mercados competitivos deserviço móvel. A competição no serviçomóvel tem tido um impacto notável naredução dos preços, aumentando aqualidade e expandindo as opções.Cabo Verde não seguiu esta tendêncianem participou dos seus benefícios. Porexemplo, existe pouca flexibilidade nosplanos do serviço móvel em Cabo Verdecom basicamente apenas duas opções:um plano baseado nas assinaturas ouum pacote pré-pago. Existe apenas umaopção de assinatura sem três minutosgrátis. A taxa de ligação é de ECV 4.045US$33,71), a assinatura mensal é deECV 3.000 (US$28,41) e a taxa porligação para outro telefone celular é deECV25 (US$0,21). Cem minutos deligações no serviço móvel custariamUS$45,83 em Cabo Verde, comparadocom US$28,41 no Uganda, uma naçãobem mais pobre mas que tem trêsoperadores de serviço móvel. Não existetambém cobrança por segundo,nenhuma taxa de horário de ponta eos assinantes no pré-pago devemrecarregar os seus cartõesmensalmente ou correm o risco deserem cortados da rede. Na realidade,

a taxa de flutuação do serviço móvelera de 31 por cento em 2001,particularmente tendo em conta quenão existem concorrentes para osassinantes mudarem de operador. Maisde 8.000 assinantes foramdesconectados por não teremrecarregado os seus cartões pré-pagosem 2001.

Não existe barreira legal para acompetição no serviço móvel pelo factodeste serviço não estar incluído naexclusividade da CVT. Entretanto, a faltade um sistema de interconexão e asdúvidas sobre um competidor potencialpoder oferecer serviços internacionais,atrasaram a introdução da competição.Não obstante, os investidoresestratégicos em serviço móvel activosnoutros locais do continente africanoexpressaram o seu interesse em CaboVerde.

O Serviço de Mensagens Curtas (SMC)foi lançado em 2000.712.752 mensagens no SMC foramenviadas em 2001 ou uma média de22 assinantes por ano. Existem planospara introduzir o GPRS e o WAPP. Tendoem conta a natureza relativamentesubdesenvolvida do mercado de dadosdo serviço móvel e o potencial aindaconsiderável para o SGM, o serviço

Figura 2.3: Serviço Móvel em Cabo Verde

Nota: Rede de SGM foi lançada no final de 1997.Fonte: CVT, UIT.

Número de assinantes do serviço celular móvel, assinantes do serviço móvel em Cabo Verdecomo % do total de assinantes telefónicos, Cabo Verde comparado com diferentes regiões

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

35.000

1997 1998 1999 2000 2001

0

1

2

3

4

5

6

7

8AssinantesPré-pagoPor 100 habitantes(escala da direita)

Assinantes SGM

34

48

48

53

CaboVerde

Mundod

PMDs

África

Móvel como % do total dos assinantes telefónicos,2001

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Estudo de casos de Internet em Cabo Verde

móvel de terceira geração parece aindadistante.

2.1.2.3 Tráfego internacional

As telecomunicações internacionaisdesempenham um papel importante emCabo Verde devido à localização isoladado arquipélago e à necessidade demanter o contacto com a sua grandecomunidade de expatriados. As receitasdas ligações telefónicas internacionaistêm sido apontadas como um motivopara o disparo das telecomunicações nopaís a partir de meados dos anos 80.Isto porque a Marconi de Portugalperdeu o monopólio nastelecomunicações internacionais,permitindo que mais receitas fossemreinvestidas no país. A instalação deuma estação terrestre Intelsat em 1983impulsionou a capacidade e aumentouo tráfego.

Apesar da importância dascomunicações internacionais, ospagamentos recebidos de compensaçãoconstituíram apenas uns 25 por centodas receitas da CVT em 2001. Apesardeste ser um valor significativo, a CVTestá menos confiante nas receitasinternacionais do que muitas outrasnações em desenvolvimento. A CVT temuma discrepância notável no tráfegopara o país e para o exterior. Em 2001,havia 37 milhões de minutos de ligaçõestelefónicas internacionais para o paíscomparado com oito milhões deminutos de tráfego para o exterior, umaproporção de 4.6:1. O principal motivosão os altos preços das ligaçõesinternacionais.

Um problema que a CVT enfrenta é umvolume crescente de tráfego refile.8 Istofaz com que os países enviem tráfegotelefónico para Cabo Verde sempagarem a taxa de compensação,pagando em moedas depreciadas, oupagando taxas de compensaçãoinferiores às que o país de origem teriaque pagar. O Senegal surgiu como aterceira maior fonte de ligaçõestelefónicas para o país em Cabo Verde,respondendo por uns 4,4 milhões deminutos de tráfego em 2001. Ummotivo é que uma grande quantidadee tráfego refile está a ser enviado viaSenegal apesar da taxa decompensação entre Cabo Verde e

Senegal ser maior do que aquela entreCabo Verde e as nações maisdesenvolvidas.

A origem do tráfego telefónico para opaís está a tornar-se difícil de apurare os dados mais irreconciliáveis. Porexemplo, os EUA comunicaram17,6 milhões de minutos de tráfegopara Cabo Verde em 2000 e o ReinoUnido 10,5 milhões de minutos, umvalor equivalente ao que a CVTcomunicou como o seu tráfego totalpara o país naquele ano. 9 A grandecomunidade cabo-verdiana nos EUAé um dos principais factores queexplicam o tráfego daquele país. Amagnitude do fluxo de tráfego numadirecção é impressionante, sendo otráfego dos EUA para Cabo Verde28 vezes maior que o fluxo na outradirecção. Os EUA são a maior fontede receitas de compensação,responsável por uns US$ 4 milhõeslíquidos em 2000. Cabo Verde aderiuà ordem FCC Benchmark e reduziu suataxa de compensação com os EUApara o valor especificado na ordem,ou seja, US$0,19 por minuto.10 O queé significativo, entretanto, é que estaredução não se repercutiu nos bolsosdos util izadores. As tarifaspermanecem as mesmas em termosde CVE desde a ligeira redução em1997 (ironicamente, a intenção daordem FCC Benchmark foi criar taxasmais baixas para os consumidores dosEUA. Entretanto, as portadoras dosEUA não estão a fazer repercutirmuitas das poupanças nos bolsos dosconsumidores, com aumentos depreço de até quatro vezes na taxa decompensação para ligação para CaboVerde). A infra-estrutura da CVT pôdedar resposta ao tráfego extra para oexterior graças a uma duplicação doscircuitos internacionais para538 desde a entrada em serviço dosistema de cabo submarino de fibraAtlantis II em 1999. No entanto, osníveis de tarifas existentes nãodeverão originar um aumentosubstancial da procura.

O cabo submarino de fibra ópticaAtlantis-II e o satélite Intelsatgarantem as comunicaçõesinternacionais de Cabo Verde. OAtlantis II é um cabo com

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2. Telecom e meios de comunicação

Figura 2.4: Tráfico internacional e preços de Cabo Verde

Fonte: UIT adaptado da FCC, CVT e MCI.

Preço de uma ligação de um minuto e taxa de compensação de Cabo Verde para os EUA etráfego telefónico internacional de Cabo Verde

Figura 2.5: Cordão umbilical de Cabo Verde

Fonte: Marconi, UIT.

Rota do cabo submarino de fibra óptica Atlantis II e ponto de amarraçaona sede da CVT na Praia

8.500 quilómetros de Las Toniñas,Argentina até Carcavelos, Portugal. Foicomissionado em 1999. A CVT é um

$0,0

$0,5

$1,0

$1,5

$2,0

$2,5

$3,0

$3,5

1992 93 94 95 96 97 98 99 2000 01 02

Taxa de retalhoTaxa e repasse de Cabo VerdeTaxa média de repasse dos EUA

Preço da ligação de um minuto de Cabo Verde paraos EUA, US$

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

35.000

1997 1998 1999 2000 2001

P/o exterior

P/o país

Tráfego telefónico internacional de Cabo Verde,minutos, 000s

dos 8 co-proprietários do cabo quetem um ponto de assentamento naPraia, na sede da CVT (ver figura 2.5).

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Estudo de casos de Internet em Cabo Verde

Figura 2.6: Acesso aos meios de comunicação em Cabo Verde

Nota: O quadro da direita ilustra a percentagem da população (15+) que lê um jornal ou vê televisãopelo menos uma vez por semana ou ouve rádio diariamente.Fonte: UIT adaptado do INE, IDSR 1998.

Percentagem de residências com bens de consumo duradouros e exposição aos meios de comunicação,% da população adulta, Cabo Verde, 1998

2.2 Mass media

Access to mass media in Cape Verdeis high considering the under-development of the sector and a lackof electricity in some locations. Over90 per cent of adult males and around70 per cent of females read anewspaper, listened to the radio, orwatched television in 1998 (seeFigure 2.6). This is due in part to thenation’s relatively high level of literacyand education. Exposure to massmedia rises sharply with education.While in 1998 two thirds of adultfemales with no education were notexposed to any form of mass media,this figure drops to four per cent forthose with a secondary education.

Não existe nenhum jornal diáriopublicado em Cabo Verde. Existemdois jornais semanais e diversosmensais, todos publicados emportuguês.11 O mais popular é “ASemana”, com uma tiragem entre5-6.000 exemplares por semana. Osdados da UNESCO de 1996 revelamuma circulação de 20 000 jornais ou5,1 por 100 habitantes. A Inforpressé a agência noticiosa nacional. Temum sítio da web em(www.inforpress.cv).

Os jornais de Cabo Verde enfrentamuma série de obstáculos. Um é o altocusto da impressão, tornando osjornais caros para muitas pessoas.Outro é a situação geográfica dispersado país, que obriga a uma entrega porvia aérea e aumenta os custos. Outroainda é a concorrência dos jornaisdiários publicados no Brasil e emPortugal. A internet poderia ajudar aaliviar alguns destes problemas,através do envio de cópias pelainternet às diferentes ilhas eimpressão local dos mesmos (ou a suaexibição em painéis comunitários). Adisponibilidade de sítios da webtambém reduziria a necessidade decópias em papel e possibilitaria queos jornais locais concorressem commais eficácia com os sítiosestrangeiros de notícias para osleitores. Uma grande vantagem seriaa atracção da grande comunidadeexpatriada, sedenta de notícias.

Existe cobertura nacional detransmissão por rádio e televisão,embora haja áreas de má recepção,especialmente nas regiõesmontanhosas. Algumas transmissõeslocais de TV e rádio são em crioulo.Como nos jornais, as companhiastransmissoras locais enfrentam a

Residência com, 1998

45

69

39

20

Eletricidade

Radio

TV

Videocassete

27

37

4852

8

51

74 74

Nenhuma Jornal Radio Televisão

Mulheres

Homens

Exposição aos meios de comunicação

% da população adulta

1998

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2. Telecom e meios de comunicação

concorrência das estações portuguesase francesas que possuem transmissoresnas cidades maiores em Cabo Verde.

A Radiotelevisão de Cabo Verde (RTC)é a transmissora nacional de rádio etelevisão. Tem cerca de200 empregados e é financiadaatravés de taxas de licença pagasatravés das contas de energia. A RTCnão possui um sítio da web próprio,embora as suas páginas tenham sidohospedadas noutros sítios. Entretanto,isto foi um acordo ad-hoc. Existe umaproposta de projecto, co-financiadopela Radiodifusão Portuguesa (RDP) dePortugal, para informatizar a RTC. Oprojecto visa melhorar a qualidade eprover o fluxo de audio pela internet.Outros planos incluem a publicação daprogramação da RTC na internet, ointercâmbio de programas de rádio comoutras estações no mundo e a produçãodigital.

Além da RTC, existem outras cincoestações locais de rádio, todas atransmitirem em FM (AM não é usadaem Cabo Verde). Existem ainda duasredes de rádio estrangeiras quetransmitem através dos seus própriostransmissores. O serviço em África daRadiodifusão Portuguesa (RDP), quetransmite para a África de língua

portuguesa, pode ser recebido emquatro ilhas diferentes em CaboVerde.12 A Radio France Internationale(RFI), que transmite em Francês ePortuguês, possui transmissores naPraia e no Mindelo.13

Cabo Verde tem três estações detelevisão: RTC, RadiotelevisãoPortuguesa (RTP, <www.rtp.pt>), e TV4Afrique (http://www.tv5.org/afrique/)(em Francês). Os dois canais temáticosdesta última para a África sãotransmitidos 24 horas por dia.

Não existe televisão por cabo. Aprocura da televisão multi-canal ésatisfeita com recurso a antenassatélite por aqueles que têm condiçõespara as possuir. Algumas pessoas têmacesso ao serviço por satélite digitalda TV cabo em Portugal. Isto requeruma antena grande, dado que osatélite não é optimizado para enviopara Cabo Verde. Têm de se tertambém os meios para possuir umcartão de descodificador de Portugal.Não existem números precisos sobrea quantidade de antenas satélite, mascalcula-se que o seu número sejainferior a 1.000. A CVT está aexaminar a viabilidade de introduzirum serviço de televisão paga baseadaem MMDS.

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Estudo de casos de Internet em Cabo Verde

1 Troposcatter (difusão troposférica) refere-se a “tropospheric forward scattering”, uma técnica que permiteque os sinais de rádio viajem mais do que fariam por ligações convencionais de micro-ondas terrestres.

2 Cabo Verde entrou para a UIT em 10 de Setembro de 1976.3 O Banco Mundial desempenhou um papel importante neste processo através de um Projecto de Privatização

e Assistência Técnica.4 Ver a Nota de Imprensa da Portugal Telecom datada de 11 de Dezembro de 1996, “Assinado o contrato de

concessão da Cabo Verde Telecom.” http://www.telecom.pt/quemsomos/noticias/artigo.asp?id_artigo=46.5 Não existe ainda uma avaliação precisa das residências com telefone - tipicamente realizada como parte das

pesquisas residenciais ou de censo. A agência estatística nacional incluirá isto na sua próxima pesquisaresidencial, com resultados previstos para o início de 2003. Entretanto, uma base para a propriedade delinha telefónica fixa residencial é o número de linhas telefónicas residenciais dividido pelo número deresidências. A CVT estima que uns 90 por cento de todas as linhas telefónicas em serviço são residenciais.

6 O número de telefones em 1960 tem origem na AT&T. The World’s Telephones 1961. ATT, New York. Dos188 telefones em Cabo Verde naquela data, 80 por cento (151) situavam-se na capital, Praia.

7 Uma vantagem para o crescimento do telefone móvel tem sido o custo relativamente baixo dos aparelhosdevido à prática dos emigrantes e viajantes comprarem telefones celulares no exterior e os trazerem paraCabo Verde.

8 Refile é a prática de reencaminhar o tráfego telefónico internacional através de um terceiro país;9 Referências a relatórios dos EUA (FCC) e do Reino Unido (OFTEL).10 Cabo Verde está classificado como rendimento intermédio inferior para a referência de taxa de compensação

da FCC. Por conseguinte, supõe-se que tenha uma taxa de compensação de 19 centavos por minuto em 1 deJaneiro de 2001. Na realidade, Cabo Verde atingiu isso em Janeiro de 2001.

11 Um jornal local, Resta dês Ilas, tem um sítio da web em: http://www.expressodasilhas.cv.12 <www.rdp.pt/frequencias/africa_fm.html>.13 <www.radiofranceinternationale.fr/frequences/portail_listefrequence.asp?codepays=AFC2>.

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3. A Internet

3. A Internet

3.1 História

A internet desenvolveu-se em CaboVerde de forma diferente de muitasoutras nações. Na maioria dos países,a internet começou como umainiciativa da comunidade académicaou um projecto de apoio aodesenvolvimento. Em Cabo Verde, foia operadora de telecomunicações, aCape Verde Telecom (CVT), que aintroduziu pela primeira vez. O que étambém singular é que não havianenhuma experiência anterior emrede como a UUCP1 paraconectividade por e-mail. 2 Foi lançadauma rede experimental pela CVT emOutubro de 1996 com uma ligação de64 kbps com a Telepac em Portugal.O serviço foi comercializado um anomais tarde. A entrada de Cabo Verdeno ciberespaço foi relativamentetardia – foi o 29o país africano a ligar-se à Internet - o que é surpreendente,se considerarmos a rápida expansãoque conseguiu em outras áreas detelecomunicações ( ver capitulo 2).

Ainda hoje, a internet tem poucavisibilidade em Cabo Verde. Existempoucos cibercafés e os que existemsão difíceis de localizar. São raras asplacas ou outros avisos que anunciamsítios da web ou endereços de e-maile as informações sobre a obtenção deum nome de domínio “CV” não sãofáceis de obter. Apesar disso, existeum ciberespaço cabo-verdiano comuma quantidade significativa deinformações sobre o país na internet.

3.2 O mercado

No final de 2001, havia2.974 assinantes de internet via linhatelefónica em Cabo Verde, 21 porcento mais que em 2000. Não existempesquisas científicas referentes aonúmero de utilizadores. Com basenum multiplicador de quatroutilizadores por conta, estima-se quehavia cerca de 12.000 utilizadores nofinal de 2001, ou 2,7 por cento da

Figura 3.1: Assinantes da internet

Fonte: Base Mundial de Dados e Indicadores de Desenvolvimento da UIT.

Número de assinantes da internet, utilizadores e por 100 habitantes, Cabo Verde e assinantes da Internetpor 100 habitantes, 2001, Cabo Verde comparado com outras regiões e categorias económicas

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

14.000

1997 1998 1999 2000 2001

0,0%

0,5%

1,0%

1,5%

2,0%

2,5%

3,0%UtilizadoresAssinantesPenetração utilizadorPenetração assinante

0.1

0.2

0.7

0.8

LDC

Africa

Cabo Verde

Receita Média Baixa

Assinantes da Internet por

100 habitantes, 2001

Classificação

Cabo Verde

17 / 53

3 / 49

7 / 55

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Estudo de casos de Internet em Cabo Verde

população. Comparado com outrospaíses da região ou na classificaçãoeconómica, Cabo Verde estárazoavelmente bem situado emtermos de penetração de assinantesda internet (ver Figura 3.1, quadro dadireita). Entretanto, considerando-seo estado avançado da suainfra-estrutura, é surpreendente queCabo Verde não tenha umapenetração maior de internet. Estascomparações baseiam-se emassinantes em vez de utilizadores,uma vez que os dados para osprimeiros tendem a ser mais fiáveis.Uma comparação baseada emutil izadores provavelmenteencontraria Cabo Verde um tanto atrásuma vez que provavelmente temmenos utilizadores por assinante doque outros países emdesenvolvimento devido à falta deinstalações para acesso público.

A CVT é o único provedor de serviçosde internet (PSI). As receitas da CVTcom o serviço de internet via linhatelefónica era de ECV 117,7 (US$0,98)milhões em 2001, ou 2,2 por centodas receitas totais. As receitas dainternet chegavam a ser de 42,3 porcento sobre o ano anterior e osserviços da internet são o terceiroserviço da CVT que mais cresce (apósdados e serviço móvel).

3.3 Conectividade

A CVT é actualmente o único PSI, porisso a competitividade ainda nãoexiste. Assume-se que a CVToptimizou a rede de forma a que otráfego nacional na internetpermaneça no país em vez de serreencaminhado para o exterior. A CVTtambém desenvolveu um portal paraproporcionar informações a nível locale manter um maior tráfego de internetno país e, assim, reduzir anecessidade de conexõesinternacional dispendiosas.

A ligação à internet internacional daCVT é feita através do cabo submarinode fibra óptica Atlantis-2 com aMarconi’s Internet Direct (MID) emPortugal. Em Abril de 2002, a CVTtinha três Mbps de capacidade

simétrica de internet internacional.Paga US$22.000 por mês pelo circuitode internet internacional. Isto ébastante semelhante a outros paísesmas relativamente elevado se seconsiderar que a CVT é co-proprietáriado cabo Atlantis-2.

Um substituto para estimar o pedidode conectividade na internetinternacional é o Bit-Minute Index. Écompilado dividindo-se a capacidadede internet internacional por minutosde tráfego telefónico internacional.Assume que o volume de tráfegotelefónico internacional se aproximado pedido de capacidade de internet.O valor para Cabo Verde é de 0,07, oque é baixo de acordo com ascomparações internacionais com oíndice mundial médio em 0,35.3 CaboVerde necessitaria de 16 Mbps deconectividade de Internetinternacional para chegar à médiamundial. Em termos de qualidade daconectividade de Internetinternacional de Cabo Verde, o CPRMmede a latência de ida e volta paraalguns dos PSIs para os quais prevêcapacidade de internet internacional.As tarifas de Cabo Verde comparam-se razoavelmente às de outras nações(ver Figura 3.2, canto direito inferior).

Existe acesso limitado em banda largaà internet em Cabo Verde. Os acessospor Digital Subscriber Line (DSL) emodem a cabo não estão disponíveis.O primeiro não está disponível porquea CVT reclama que não existe procurae o último porque a televisão por cabonão existe no país. As linhas comvelocidade mais elevada sãofornecidas tanto pela Rede Digital deServiços Integrados (RDSI) como porcircuitos alugados. A RDSI estádisponível tanto com a taxa básica(64 kbps) como pela interface de taxaprimária (128 kbps). No final de 2001,havia 550 assinantes de taxa básicae 23 de taxa primária. Muitos destesusam a linha RDSI para acesso àinternet. Havia também 159 circuitosalugados embora não se saiba quantossão usados para acesso à internet. Avelocidade mais alta de circuitoalugado disponível é de 256 kbps.

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3. A Internet

Figura 3.2: Conectividade à Internet internacional em Cabo Verde

Fonte: CVT, CPRM, UIT.

A largura de banda da internet Internacional em Cabo Verde está a crescer…

…mas será suficiente?

0

100

200

300

400

500

Vietname Filipinas Laos Tailândia CaboVerde

Preço por 64 kbps de conectividade aInternet internacional, US$

Largura de banda de Internet Internacional,por assinante, 2000, bps

256

272

341

625

1.668

2.697

5.291

Guiné-bissau

Angola

Moçambique

Cabo Verde

Portugal

Brasil

São Tomé

26

42

73

191

207

209

521

658

863

Paris

Amsterdão

Miami

São Paulo

Macau

Praia

Luanda

Maputo

São Tomé

Tempo de ida e volta dopacote de Internet de Lisboa,Abril de 2002, Milissegundos

3,000

0,064 0,128 0,512

1,5362,000

847

672625

310

112135

1997 1998 1999 2000 2001 Apr-02

Largura de banda da Internet Iternacional,Mps

Por assinante(bps)

3.4 Preços

Os planos de preços de internet vialinha telefónica em Cabo Verde estãorazoavelmente limitados e nãoincentivam a navegação intensa. Hátrês planos mensais baseados novolume de uso: 1) menos de 15 horas;2) entre 15 e 20 horas; e 3) entre 20e 30 horas. O preço por hora desceligeiramente para cada plano superior.Da mesma forma, se um utilizadorexceder a cota de horas no plano, cadahora adicional é cobrada a uma taxarelativamente alta de ECV 120(US$0,96). Não existem planos depreços tipo pague o quanto usar, taxafixa ou pré-paga. Além da taxa de

acesso à internet, os utilizadores vialinha telefónica pagam pelo uso dotelefone. A taxa mínima de ligação emhora de ponta é de ECV 4,5 (US$3,6)por três minutos. Este valor é cobradoaos utilizadores independentementede estarem em linha por um ou trêsminutos. Também não existe cobrançafraccional após o terceiro minuto; Sãocobrados aos utilizadores ECV 4,5 porcada múltiplo de três minutos. Aunidade de cobrança na hora de pontaé de ECV 3,4 (US$2,7) por quatrominutos. Uma vantagem é que oacesso via linha telefónica à internetestá disponível de qualquer lugar deCabo Verde ao preço de uma ligaçãolocal.

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Estudo de casos de Internet em Cabo Verde

Tabela 3.1: Preços da internet via linha telefónica

Fonte: CVT, UIT.

ECV US$

Taxa de ligação 2.045 16,44

Assinatura mensal: Menos de 15 horas 1.600 12,86 Entre 15 e 20 horas 2.000 16,08 Entre 20 e 30 horas 2.700 21,71

Por cada minuto acima de 30 horas 2,00 0,02

Uso do telefone: Uma hora no horário de ponta 30 0,24 Uma hora no horário económico 17 0,14 Uma hora no café Internet 250 2,00

Figura 3.3: Utilizadores potenciais de Internet

Fonte: UIT.

Os preços por ligação via linhatelefónica são relativamente elevados,particularmente para um PMD. Trintahoras por minuto de uso – distribuídoigualmente entre o horário de pontae o horário económico – custariamUS$ US$ 27.37 (US$ 21.91 de taxade internet e US$5,66 de taxa de usodo telefone). Isto coloca Cabo Verdeno topo quando comparado comoutras nações que a UIT analisou (verTabela 3.1).

Os preços de linha alugada sãoexorbitantes. Existem quatrovelocidades diferentes: 28, 64, 128 e256 kbps. Uma linha alugada de256 kbps para acesso à Internetenvolve uma taxa de compensação deECV180.000 (US$1.447) e uma taxamensal de ECV 480.000 (US$3.859).Os preços de RDSI são ECV 10.000(US$80,41) para uma taxa de ligaçãoe ECV 1.000 (US$8,04) para a taxamensal. A taxa de ligação primária éde ECV85.000 (US$683,44) e aassinatura mensal é de ECV 15.000(US$120,61). Devem ser acrescidasas taxas das ligações telefónicas.

3.5 Dimensão do mercadopotencial

Cabo Verde apresenta umdesempenho inferior ao seu potencialem termos de internet. O número deutilizadores por 100 habitantes era de

0 10 20 30 40 50

Laos

Vietname

Cabo Verde

Indonésia

Tailândia

Filipinas

Malásia

Singapura

Taxa ISP

Telefone

30 horas de Internet

2,7 em 2001. Algumas suposiçõessobre o tamanho potencial domercado sugerem que este número émenor do que poderia ser. Porexemplo, uma regressão linear dapenetração da Internet em Cabo Verdee o PIB per capita comparados comoutros 143 países, prevê que apenetração da internet deverá ser de3,3 por 100 ou de cerca de mais

Actual12’0002.7%

Secondary+70’76516%

Predicted15’0003.3%

NewspaperCirculation

20’0005.1% Actual

12’0002.7%

Secondary+70’76516%

Predicted15’0003.3%

NewspaperCirculation

20’0005.1% Real

12.0002,7%

Secundário+70.76516%

Previsto15.0003,3%

Circulaçãode Jornal

20.0005,1%

Estimativa do Mercado Potencial de Internetem Cabo Verde

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3. A Internet

3.000 utilizadores a acrescentar aos12.000 estimados. Outro indicadorque foi considerado como sendo umbom agente para a penetração daInternet é a circulação de jornais. Onúmero para Cabo Verde é de 5,1 por100 habitantes sugerindo que poderiahaver em torno de 20.000 utilizadoresde Internet no país. Outro agente parao mercado potencial de Internet é aeducação. Mais de 70.000 cabo-verdianos no país têm escolaridadesecundária ou superior, o que significa16 por cento da população. Então,porque razão a penetração da Internetnão é maior? Um motivo são oscustos. O pacote básico de acesso àInternet da CVT ronda os 12 por centodo rendimento per capita. A istoacrescenta-se o aluguer da linhatelefónica, as tarifas telefónicas e umPC, um valor claramente fora doalcance da maioria dos cabo-verdianos. Entretanto, os utilizadorespotenciais poderiam evitar estasdespesas ao utilizarem um cibercaféno qual as taxas rondam os US$doispor hora. Apesar de aindarelativamente alto para o rendimentodos cabo-verdianos, este é um valorque não é oneroso numa base de usoocasional (e é nove vezes mais baratodo que uma ligação de telefonemóvel).

Outro motivo para não haver maiscabo-verdianos a usarem a Interneté a falta de consciencialização. Muitaspessoas não estão conscientes dosbenefícios ou da existência daInternet, particularmente dado quenão existe publicidade da Internet emCabo Verde e os cibercafés são rarose difíceis de localizar.4 Iniciativasespeciais levaram à abertura dediversos cibercafés (ver Caixa 3.1).Considerando-se que o mercado deInternet tem um potencialsignificativo, os esforços para baixaras tarifas e aumentar o acesso públicopoderiam gerar um aumentosignificativo de utilizadores.

3.6 Regulamentação

O Decreto 70, aprovado em 20 deNovembro de 1995, estabelece ostermos e condições para os Serviços deValor Acrescentado. De acordo com oconceito de Serviços de Valor

Acrescentado declarado no artigo 2,“todos os serviços de telecomunicaçõescujo único suporte são os serviçosbásicos de telecomunicações ou osserviços complementares, e não exigeminfra-estruturas separadas mas sãodiferentes serviços de acompanhamentode assistência, são os Serviços de ValorAcrescentado”. Esta lei tambémregulamenta o licenciamento dosProvedores de Serviço de Internet.

O licenciamento de um Provedor deServiços de Internet é feito atravésde uma simples autorização dogoverno, conforme indicado no artigo3 da Ordem Governamental 69/95.Esta Ordem Governamental declaraque qualquer provedor de Serviço deValor Acrescentado pode operar emCabo Verde. A autorização apropriadaserá emitida a pedido e medianteanálise de cada caso. O serviço,entretanto, deve ser oferecido deacordo com os termos e condições dasleis e regulamentos aplicáveis.

A regulamentação da Internet emCabo Verde prevê um Código de BoaPrática, que todos os PSIs devemassinar e respeitar. Os serviçosinformativos devem ser diferenciadosdos serviços comerciais e de lazer.

A Lei Básica para Comunicaçõesestabelece no seu artigo 26 que ooperador deve interconectar todos osoutros operadores de telecomunicaçõesnas mesmas condições competitivas. Éestritamente proibido ao operadortomar quaisquer medidas que possaminibir a concorrência em Cabo Verde.Além disso, a mesma lei declara queé proibido ao operador abusar do seupoder ou usar um comportamentodominante. Por outro lado, o mesmoartigo 26 declara que os PSIs nãopodem usar os circuitos alugados ouconexões de marcação manualoferecidas pelo operador para outrouso diferente do que lhe foi solicitado.

Embora legalmente o mercado dainternet seja aberto, a CVT éactualmente o único PSI. Um motivopara tal pode ser a incerteza dainterconexão e o uso de circuitosalugados. Outro parece ser que a CVTtem o monopólio legal das conexõesinternacionais, impedindo que os PSIs

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Estudo de casos de Internet em Cabo Verde

Figura 3.4: Hospedeiros Internetde Cabo Verde

Fonte: RIPE.

Caixa 3.1: Telecentro Santa Catarina

De fora, o Telecentro comunitáriode Assomada não parece umcibercafé. É um prédio de cor ocreque parece a casa de alguém. Oscartazes que fazem publicidade aotelecentro são constantementedestruídos pelo vento e está aconsiderar-se a ideia de uma placade néon mais permanente. Otelecentro está localizado nacidade de Santa Catarina, asegunda maior da ilha de SãoTiago, com uma população de42.000 habitantes. Sendo um projecto de US$50.000da União Internacional das Telecomunicações (UIT,www.itu.int) e da Cabo Verde Telecom (CVT,www.nave.cv), a companhia telefónica responsável,o telecentro abriu em Maio de 2001. A CVT está aconceder 50 por cento de desconto nastelecomunicações e no acesso à Internet durante oprimeiro ano. O telefone tem umaligação RDSI de 64 kbps com aInternet.

Os membros da Associação deMulheres de Santa Catarina, queconta com 3000 membros,operam o telecentro. Duaspessoas operam-no durante ohorário de expediente, das 8 às22 horas diariamente, exceptoaos domingos. O único homemenvolvido nas operações é oguarda. Os serviços disponíveis

incluem a recarga de cartões pré-pagos de serviço móvel, a comprade cartões para ligaçõestelefónicas, ligações telefónicaspúblicas, acesso à internet,aplicações em PC, fotocópias,impressão e fax. Estão tambémdisponíveis bebidas esalgadinhos. O preço do acessoà Internet em Cabo Verde é de150 Escudos por hora (US$1,25),mais barato do que nos outrosdois cibercafés da cidade.

Os clientes dos cinco telecentros informáticosincluem estudantes e professores de uma escolados arredores, bem como os residentes dacomunidade local. Existem cerca de 60 utilizadorespor dia utilizando-o por meia hora em média. Existeuma mesa extra para as pessoas aguardarem,

dado que o telecentro tende aficar cheio durante as horas deponta.

A formação de PC e acesso àInternet para mulheres está nafase de preparação. Existe aindaum plano para introduzir umcomponente de comércioelectrónico para venderartesanato feito pelas mulhereslocais. Isto incluiria adigitalização dos produtos e asua exibição num sítio da web.

potenciais estabeleçam os seuspróprios gateways internacionais.

3.7 Curriculum Vitae

O nome do domínio da Internet emCabo Verde, CV, é administrado peloInstituto Superior de Engenharia eCiências do Mar (ISECMAR), uminstituto técnico de ensino superior.Por conseguinte, todos os pedidos denome de domínio devem serencaminhados para o ISECMAR.Entretanto, o ISECMAR emite apenaso nome do domínio após consultaruma organização portuguesa que estátambém encarregada do DomainName System (DNS) em Portugal.5

Esta situação deve-se à falta deequipamento no ISECMAR para geriro DNS de Cabo Verde. O servidor denome e o contacto técnico estãolocalizados em Portugal, na Fundaçãopara a Computação Científica Nacional

Hospedeiros .CV

05

101520

25303540

Out-99

Dec-99

Jun-00

Dec-00

Jun-01

Dec-01

Mar-02

Hospedeiros

Sítios WWW

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3. A Internet

(www.fccn.pt). RIPE é o registoregional para Cabo Verde.

Não existe taxa para um nome dedomínio no CV. Apenas asorganizações de Cabo Verde podemregistar um nome de domínio no CV.As marcas registadas são protegidas.Os nomes de domínio de segundonível (por exemplo, .gov.cv, .com.cv,etc.) não são usados. Em Abril de2001 havia uns 60 registos. Ocrescimento no domínio CV tem-seacentuado desde que o RIPE começoua reunir estatísticas em Outubro de1999. Nessa altura havia apenas seishospedeiros e um sítio da web. EmMarço de 2002, estes números tinhamsubido para 36 e 30 respectivamente(ver Figura 3.4).

Nalguns países, os nomes dosdomínios têm um certo valor (porexemplo, .TV significa Tuvalu e é deinteresse comercial para osoperadores de TV). No caso de Cabo

Verde, o nome do domínio é umaabreviatura de currículum vitae. O paísfoi contactado por uma companhia quequeria comprar o nome do domínio parao usar para armazenar os curriculumsde pessoas. Este pedido foi recusado.Entretanto, existe um sítio da web queusa o domínio .CV que oferece esteserviço <http://my.cv>.

Não existe controlo de conteúdos emCabo Verde nem isto parece ser umaquestão de preocupação nesta fase,onde há tão poucos sítios da webnacionais. O uso do português emCabo Verde expande o universo dosconteúdos da web. Embora não hajanúmeros precisos, a maioria dos cabo-verdianos navegam em sítiosestrangeiros, particularmente dePortugal e do Brasil (ver Caixa 3.2). Agrande comunidade de expatriadoscabo-verdianos nos EUA também crioumuitos sítios da Web, tendowww.visaoonline.com a reputação deser um dos mais populares.

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Estudo de casos de Internet em Cabo Verde

Caixa 3.2: Ligação lusófona

Descoberto pelos portugueses no século XV, CaboVerde faz parte do mundo lusófono.6 Embora ocrioulo seja a principal língua de Cabo Verde, oportuguês é a língua oficial, usada na escola efacilmente entendida por cerca de um terço dapopulação.7 Portugal deixou a sua marca numadúzia de países do mundo. Hoje, essas nações –Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau,Moçambique e São Tomé e Príncipe – juntamentecom Portugal, estão agrupadas formalmente naComunidade dos Países de Língua Portuguesa.8

Os laços estendem-se à esfera das TIC. AAssociação dos Operadores de Correios eTelecomunicações dos Países e Territórios de LínguaOficial Portuguesa (AICEP) congrega asorganizações postais e de telecomunicações nomundo lusófono.9 A relação é também reforçadaatravés da propriedade parcial pela PortugalTelecom (PT) dos operadores de telecomunicaçõesem todas as ex-colónias, excepto Moçambique.Existe ainda um laço digital com a África lusófonaligando-se à Internet internacional via serviçoMarconi Internet Direct (MID) da PT.10 A web docomércio e viagens lusófona é reflectida nasestatísticas de tráfego telefónico. Houve cerca de160 milhões de minutos de ligações telefónicasinternacionais em português em 2000, ou cerca deum minuto por pessoa que fala português.Aproximadamente 50 por cento do tráfegotelefónico das nações lusófonas africanas é com

outros países de língua portuguesa (ver quadro àesquerda em baixo).

A língua portuguesa é um grande mercado comcerca de 200 milhões de pessoas falantes deportuguês em aproximadamente 30 países. Ospaíses nos quais a língua é falada podem ter avantagem de uma base crescente de conteúdoselectrónicos. Os transmissores portugueses emitemprogramas de rádio e televisão vinte e quatro horaspor dia via satélite, que são descarregados eretransmitidos nas estações locais em todas asnações lusófonas. O português é o 9o maior grupolinguístico na Internet, com uns 15 milhões deutilizadores, um número que se prevê venha aduplicar nos próximos anos (ver quadro à direitaem baixo).11 À medida que mais utilizadoresportugueses entrarem em linha, os sítios da weblusófonos crescerão. Os países como Cabo Verdepodem utilizar a vantagem dos conteúdos emportuguês para expandir o universo de informaçõesde que dispõem. Por exemplo, existem cerca de 25milhões de páginas web em português em todo omundo, se comparado com uns 1.500 sítios da webcabo-verdianos. Mas este conteúdo extra pode seruma faca de dois gumes ao desencorajar odesenvolvimento de sítios da web cabo-verdianose os conteúdos na língua crioula. Uma ironia é queexiste mais promoção do crioulo nos EstadosUnidos, residência de muitos emigrantescabo-verdianos, do que em Cabo Verde.12

Figura da Caixa 3.1: Comunicação em português

Distribuição de tráfego telefónico internacional em nações lusófonas, 2000 e distribuiçãodos utilizadores de Internet por língua, Março de 2002

Fonte: Base de dados da UIT DOT, Global Reach (global-reach.biz/globstats).

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Angola

Brasil

Cabo Verde

Guiné-Bissau

Moçambique

Portugal

São Tomé

Portugal Outros países lus. Países não lus.

Distribuição do tráfego telefónico internacional,2000

Espanhol7%

Alemão7%

Francês4%

Italiano4%

Coreano4%

Outros10%

Holandês2%Português

3%

Japonês9%

Chinês10%

Inglês40%

Utilizadores deInternet por língua

Março de 2002

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1 UUCP significa UNIX-to-UNIX Copy Protocol. Refere-se a uma técnica que torna possível copiar um arquivode um computador para outro via linha telefónica. É utilizado para notícias da Usenet e correio electrónico.Ao contrário do TCP/IP (que é usado para a internet), a UUCP requer que seja estabelecida uma sessão entreos dois computadores para a transferência dos arquivos.

2 SITA, o provedor de telecomunicações para a indústria de navegação aérea, não proveu acesso à Internetpara algumas redes privadas e era possível marcar para Portugal. Entretanto, estas soluções eramalternativas caras para a falta de conectividade directa para a internet pública.

3 Ver TeleGeography. Packet Geography 2002. Setembro de 2001. TeleGeography, Washington DC.4 Estima-se que haja apenas uma dúzia de cibercafés em Cabo Verde (4 em Praia, 3 em Santa Catarina, 2 no

Mindelo, 1 na Ilha de Santo Antão e outro no Sal). O primeiro abriu em Maio de 1998 no Centro CulturalPortuguês no Mindelo. Ver Nuno Galopim, “Um cibercafé no Mindelo.” Diário de Notícias, Lisboa, 28 deOutubro de 1988. www.instituto-camoes.pt/arquivos/geral/cibercafemindelo.htm.

5 Estão aqui disponíveis informações técnicas resumidas sobre o DNS da CV, incluindo a capacidade deverificar se um nome de domínio está em uso. http://www.dns.cv.

6 Lusófono deriva da palavra latina Lusitanus, e refere-se a uma área equivalente ao Portugal de hoje.7 Ver o sítio da web de Ethnologue em: http://www.ethnologue.com/show_language.asp?code=KEA.8 A idéia de se criar uma comunidade de nações de língua portuguesa foi lançada em Cabo Verde em 1983

durante um discurso do Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal. Ver “A História” no sítio da web daCPLP: http://www.cplp.org.

9 O seu 10o fórum foi realizado recentemente na cidade cabo-verdiana de Mindelo. Ver http://www.aicep.pt.10 http://www.cprm.net.11 http://www.glreach.com/globstats/.12 Por exemplo, ver o sítio do Instituto Cabo-verdiano de Crioulo em <www.capeverdeancreoleinstitute.org>.

3. A Internet

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4.1 Governo

O governo de Cabo Verde éprovavelmente o principal utilizador deInternet no país. Esta situação surgiunos últimos anos, principalmente devidoa um projecto financiado pelo BancoMundial. Apesar de poucoscomputadores do governo terem umaligação via linha telefónica à Internetno início de 1999, as Tecnologias deInformação e Comunicação (TIC)desenvolveram-se rapidamente. Seismeses depois, dez ministérios e500 computadores foram ligados àinternet. No final de 2000, todos osministérios (localizados em 50 prédios nacapital, Praia) e 1.400 computadorestinham conexões com a Internet. Hoje,a Rede Local (LAN) do governo cobretodo o ministério e permite acesso àInternet a uns 2.000 empregados dogoverno (uns 13 por cento de um totalde 15 mil).

As TIC estão a começar a ter umimpacto na forma como o governotrabalha. O e-mail é utilizado de formacrescente e rotineira tanto entre asagências governamentais comodentro destas e estima-se que tenhahavido uma redução de pelo menos5 por cento nas comunicações empapel. Isto poderia aumentar se maispessoas estivessem ligadas e osprocedimentos fossem alterados porforma a desincentivar os arquivos empapel. Foram criadas algumas basesde dados em linha para utilizaçãopelas agências governamentais, o quefacilitou e melhorou os procedimentosadministrativos.

Diversos factores contribuíram paraeste sucesso inicial. Um é o nível debom governo e transparência em CaboVerde. Parece haver menos resistênciaà introdução das TIC do que em outrasnações em desenvolvimento onde osempregados do governo se sentemameaçados, onde a posse deinformações é entendida como uma

fonte de poder ou onde algunsempregados se aproveitam da falta detransparência. Outro factor é o usointeligente do apoio estrangeiro paradesenvolver os sistemascomputacionais do governo. Isto incluia promoção de projectos que nãopossuem um componente directo dasTIC mas onde a instalação de infra-estruturas de computadores e aformação podem ser justificados combase na melhoria da administraçãopública. Pessoal qualif icado eempenhado é outro motivo para osucesso. Existe um núcleo de pessoalformado e motivado, que trabalhapara computorizar o governo. Outrofactor é a dimensão pequena de CaboVerde, o que simplifica a tarefa deconectar as agências do governocentral.

Apesar da criação de uma LAN nogoverno central, há alguns problemas.Um é o reconhecimento limitado a altonível da importância das TIC e a faltade uma política nacional e de umaestratégia para a promoção edesenvolvimento do governoelectrónico. A maior parte dacomputorização do governo concentra-se no desenvolvimento de aplicaçõesinternas e existem poucas aplicações tipocidadão. Outro problema é o preço, compoucos descontos de telecomunicaçõesoferecidos para agências governamentais.Isto vem acrescentar-se ao custo dodesenvolvimento da rede governamental,particularmente em áreas fora dacapital, Praia. Resulta também emsoluções técnicas não optimizadasdevido à falta de opções e à necessidadede se economizar dinheiro.

4.1.1 RAFE

RAFE significa Reforma daAdministração Financeira do Estado(RAFE) <www.gov.cv/rafe>. Pelonome, pode adivinhar-se que RAFE é

4. Absorçao do sector

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4. Absorçao do sector

a força impulsionadora subjacente aosesforços de computorização dogoverno de Cabo Verde. O motivo éque não deveria ser. A RAFE foi criadaem 1998 no contexto de um projectodo Banco Mundial numa reforma dosector público. As tarefas iniciais daRAFE eram:

i. Melhorar a qualidade edisponibil idade de dadosfinanceiros públicos;

ii. Aumentar a responsabilidade douso dos recursos públicos portodas as instituições públicas;

iii. Melhorar a administração dadívida externa e interna; e

iv. Desenvolver capacidade paragerir os recursos públicos nosmunicípios, que adquiriramautonomia financeira com a Leide Finanças Locais de 1998.1

O desenvolvimento de sistemasinformáticos e formação foi essencialpara a realização dessas actividades. ARAFE estabeleceu inicialmente uma

Rede Local (LAN) para conectar oMinistério das Finanças ao Palácio doGoverno do outro lado da cidade. Deseguida, a RAFE ligou o governo àInternet via uma linha alugada de 256kbps. Apesar da rede ter sidoinicialmente usada como uminstrumento de apoio aos sistemasfinanceiros, o seu sucesso fez criar umanova função para a RAFE. De repente,ninguém queria os serviços da RAFE eesta não podia prover conexões àInternet com a rapidez desejada. Umprojecto para computorizar o Ministérioda Justiça foi confiado à RAFE. Apopularidade dos seus serviços técnicostornou acidentalmente a RAFE numadas principais forças impulsionadorasdas TIC em Cabo Verde. Hoje, a RAFEestá tão envolvida em questões técnicascomo provê aplicações financeiras. Noespaço de dois anos, o pessoal da RAFEcresceu de três técnicos para 50. dosquais cerca de 30 possuem um grauuniversitário. E, de acordo com o seupessoal, ainda não são suficientes paralevarem a cabo todo o trabalhoexistente. Basicamente a RAFE querligar todas as agências governamentais– incluindo os governos locais - em todaa ilha de Cabo Verde à rede do governo,e proporcionar às escolas a àsorganizações sem fins lucrativos acessoà Internet.

A RAFE criou uma base de dados eaplicações interna para facilitar osistema de contabilidade dos municípiose uma base de dados sobre os recursoshumanos do governo (incluindoinformações sobre pessoal, o seu CV,fotografia, etc.) A RAFE hospeda uns20 sítios do governo, com o servidorlocalizado no Ministério das Finanças.As tarefas da RAFE incluem também aformação sobre como usar a Internet,e-mail e bases de dados do governo.Alguns módulos de formação estãodisponíveis em linha e as pessoaspodem segui-los de acordo com a suaconveniência.

A RAFE está a planear tornar aadministração pública de mais fácilutilização ao disponibilizar formuláriose serviços do governo na Internet. Istoincluiria um portal one-stop quepoderia unir diferentes actividadesnum único local. Por exemplo,

Figure 4.1: RAFE pessoal a trabalhar

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Estudo de casos de Internet em Cabo Verde

Caixa 4.1: Os benefícios das TIC no sector governamental

O uso das TIC pelo governo de Cabo Verde temsido grandemente facilitado pela assistência doBanco Mundial através do Projecto de Reforma doSector Público e Formação de Capacidade (PSRCBP).Este projecto tem sido importante nos esforços paraalcançar a visão do governo de um “sector públicoeficiente e moderno “. O primeiro projecto, comum orçamento de US$8,1 milhão, decorreu de 1994a 1999. De acordo com o Banco Mundial asrealizações na [área das TIC incluem:

• “O PSRCBP avançou na modernização doserviço civil por meio de formação técnica einformática abrangente...

• O PSRCBP fortaleceu a gestão económicaatravés de formação e computorização dosministérios--chave.

• Foi instalado um modelo macroeconómico(RMSM-X), bem como um sistema de gestãode informações para o Programa deInvestimento Público (PIP).

• O Instituto Nacional de Estatística (INE) foidotado de maior capacidade e ordem paracoordenar a análise estatística em todas asagências governamentais.

• O Ministério da Justiça foi amplamentecomputorizado e o pessoal foi formado parasaber utilizar o computador.”

O Banco Mundial concluiu que “a formação técnicae informática abrangente dos funcionários públicoslevou a um aperfeiçoamento na eficiência eprodutividade da administração pública.”

Um segundo projecto de PSRCBP foi aprovado em1999 e deverá decorrer até ao final de 2002. Ocusto do projecto é de US$3,5 milhões dos quaisUS$1,2 milhão deve ser financiado pelo BancoMundial, com custos operacionais suportados pelogoverno de Cabo Verde. Uma meta da segunda faseé melhorar a disponibilidade de informações parao público.

importar e registar um carro em CaboVerde requer o preenchimento dequase uma dezena de formulários quetêm de ser obtidos em diversos locais.Com a solução da RAFE, a burocraciaassociada a um automóvel poderia sertão fácil quanto clicar num “rato”. ARAFE quer também ajudar os cabo-verdianos que vivem no exterior aestarem em contacto com o seu país,ao criar um conteúdo útil.

Apesar do sucesso da RAFE, não sedão por satisfeitos. De acordo com umgerente da RAFE, Cabo Verde estálonge de ter um governo electrónico:“Governo electrónico é umcompromisso político. É grandeporque temos 2.000 pessoas nogoverno na Internet, mas isto nãosignifica que isto seja suficientementebom. Estas pessoas são a gestão dogoverno mas precisamos de daracesso a todos. Assim que tenhamosacesso universal à Internet, ENTÃOpodemos começar a falar em governoelectrónico.” Comentários como esteajudam a entender a forma como oscabo-verdianos pensam e trabalham,e sugerem que esta visão, entusiasmoe uma dose adequada de auto-críticaos ajudam a progredir.

A RAFE não tem desconto nosencargos de telecomunicações e pagataxas regulares de acesso comoqualquer outro cliente. Quando a RAFEinstalou pela primeira vez a LAN nogoverno, utilizou RDSI porque oequipamento terminal foirelativamente barato e não haviaalternativas para ligações dedicadas.A RAFE converteu desde então aligação RDSI para circuitos alugadosmais baratos e conexões sem fio pormicro-ondas, reduzindo os custos paraum décimo. Ligar os sítios na capitalé relativamente barato porque ospreços de linha alugada são cobradosàs taxas locais, que são bem menoscaras do que as linhas alugadas delonga distância. Isto limitou a rede àPraia. Planeia-se utilizar ligações semfio para conectar os nós do governofora da Praia e então conectar osserviços governamentais com o nó ataxas locais mais baratas de linhaalugada. Por exemplo, existe um planopara conectar um posto de polícia nomeio da ilha de São Tiago à redegovernamental. Outros serviçosgovernamentais, como escolas eadministração local, aproveitariamentão a ligação com o posto de polícia.Um problema é alargar a rede RAFE a

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4. Absorçao do sector

outras ilhas, uma vez que estão muitodistantes para serem conectadas pelaligação sem fios de micro-ondas. Aescolha lógica seria utilizar rede defibra da CTV entre as ilhas, que temuma capacidade excedentáriaconsiderável. Entretanto, isto só podeser feito se a CVT oferecer preços deconcessionário ao governo.Entretanto, as agênciasgovernamentais fora da Praia estão ausar ligações via linha telefónica.

A RAFE foi muito além do inicialmenteplaneado. Reconhecendo a suaimportância, o Primeiro-Ministroconcordou em institucionalizar a RAFE,para lhe proporcionar a estruturareguladora necessária e para a tornarindependente do Ministro das Finanças.Como uma entidade independente, aRAFE poderia começar a cobrar pelos seusserviços e tornar-se financeiramentesustentável. Um desenvolvimento nestadirecção seria também bem visto pelosector privado, que por vezes vê a RAFEcomo um concorrente. Uma vez que ogoverno de Cabo Verde constitui oprincipal mercado das TIC, e a RAFE éapenas um provedor das TIC, ascompanhias privadas sentem-seexcluídas.

4.1.2 O governo em linha

O sítio da web oficial do governo cabo-verdiano é <www.governo.cv>. Estesítio inclui informações básicas sobre ogoverno, decretos, novidades e ligaçõespara outros ministérios e agênciasgovernamentais. A maioria das agênciagovernamentais em linha fazem partedo domínio .gov.cv, como o Ministériodas Finanças e Planeamento<www.gov.cv/minfin>. As agências quepossuem os seus próprios sítios da webincluem o Instituto Nacional deEstatística <www.ine.cv>, o bancocentral (Banco de Cabo Verde)<www.bcv.cv> e a Presidência<www.presidenciarepublica.cv>.Embora algumas ligações, por exemploas do Ministério da Educação, Ciência,Juventude e Desporto e a AssembleiaNacional não estivessem activos porocasião deste relatório, outros sítiosoferecem informações úteis e estãoclaramente estruturados. Outro sítio(www.gov.cv/segindex.html) é usadopelos empregados do governo para

terem acesso a bases de dadosinternacionais e permite-lhesverificarem o seu e-mail quandoestiverem ausentes do escritório .

4.1.3 Estratégia das TIC

A ideia de uma estratégia de TIC paraCabo Verde teve as suas raízes numaConferência de Ministros daComunidade Económica de África emMaio de 1995, que adoptou umaresolução sobre a “Construção daAuto-Estrada da Informação emÁfrica”.2 Isto levou Cabo Verde,juntamente com outras oito naçõesafricanas, a elaborarem um plano parao desenvolvimento das Tecnologias deInformação e Comunicação. O Ministroda Infra-estrutura formou um grupoconstituído por representantes daDirecção Geral do Plano, InstitutoPedagógico, Instituto Nacional deEstatística e a Cabo Verde Telecompara preparar o plano. Foi realizadauma reunião consultiva com diferentesrepresentantes do público e do sectorprivado em Outubro de 1999, paraobter as suas contribuições. O planofoi delineado e apresentado aogoverno.3 Quando for aprovado,procurará obter-se financiamento pararealizar os projectos referidos noplano.

O plano expressa uma visão cabo-verdiana para as TIC:

• Um país equipado com infra-estruturas e TIC modernas aoserviço do desenvolvimento eintegração cultural, tecnológica eeconómica;

• Um país dotado de um sectorprodutivo forte e dinâmico, tendopor base as novas tecnologias; e

• Um país dotado de competênciaendógena na área das TIC.

O relatório enfatiza alguns objectivosgerais e específicos do país. Identificaas necessidades nacionais emdiferentes áreas incluindo política,educação e formação, comunicações,saúde, sector privado e administraçãopública e contém projectos específicosnessas áreas (ver Tabela 4.1).

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Tabela 4.1: Necessidades das TIC de Cabo Verde

Sector

Política

Educação e Formação

Comunicações

Saúde / Agricultura

Sector Privado

Administração pública

Necessidades

• Estudo sobre o desenvolvimento de umplano estratégico nacional

• Definição de uma política nacional em TIC• Estudo sobre a regulamentação de

informática e TIC

• Criação de um sistema nacional deinformações para o ensino

• Informatização de serviçosadministrativos e académicos

• Rede educacional nacional• Sistema nacional de informações para

instituições terciárias• Sistema nacional de educação à

distância• Centro nacional de pesquisa e

investigação• Plano nacional para ligação das escolas

secundárias à Internet• Criação de centros de recursos em

escolas secundárias• Criação de rede de área ampla e

laboratórios de meios de comunicaçãonas escolas básicas

• Criação de centros comunitários demeios de comunicação para educação

• Formação em TIC

• Criação de um Centro de Excelência• Projecto de Rede Inteligente em

conjunto com controlo de espectro• Projecto para laboratório de certificação

de equipamento• Criação de cibercafés tanto fixos como

móveis• Criação de telecentros comunitários

multi-usos• Estudo sobre a introdução de comércio

electrónico

• Criação de um sistema nacional deinformações sobre saúde

• Informatização de serviçosadministrativos

• Rede nacional para a saúde• Formação

• Estudo sobre o uso das TIC no sectorprivado

• Desenvolvimento de uma rede nacionalde administração, ligando todos ossectores e serviços

Projectos propostos

• Ensino à distância• Rede nacional de

educação

• Portal de comércioelectrónico

• Cibercafé móvel• Telecentro comunitário

multi-usos• Instalação de acesso à

Internet em correios• E-mail para serviço de

correio regular (e vice-versa)

• Suporte de comércioelectrónico para correios

• Sistema nacional desaúde, investigação eformação

• Base de dados sobreáreas costeiras

• Portal electrónico docidadão

• Expansão dos serviços daweb do Instituto Nacionalde Estatística

Fonte: Plan National de Développement d’Infrastructure des TICs.

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4. Absorçao do sector

4.2 Educação

A última década foi caracterizada poruma ênfase crescente na educação eesforços para investir nas geraçõesfuturas. Ao sector educacional temsido destinada habitualmente a partede leão dos recursos governamentais,com cerca de 18 por cento doorçamento total do governo gasto emeducação. O Governo, através doMinistério da Educação, Ciência,Juventude e Desporto (MECJE)reconhece que apenas uma populaçãoe mão-de-obra instruída e flexívelpoderá responder às necessidadessócio-económicas do país. Tem havidoum progresso notável noestabelecimento e expansão dosistema educacional primário esecundário. Em 1994, por exemplo, onível educacional básico foi ampliadopara seis anos e o ensino primáriotornou-se obrigatório.

Uma série de reformas nos anospassados melhorou o sistemaeducacional e a matrícula na escolaaumentou constantemente.

Os esforços para desenvolver a basede recursos humanos da nação e paramodernizar o sistema educacionalincluem actualmente o uso deTecnologias de Informação eComunicação (TIC). Em 1998, ogoverno, pela Resolução 8/98,enfatizou a importância das TIC nasescolas e apresentou algunsobjectivos concretos. Os alunosdevem estar de certa formafamiliarizados com o computadorpessoal quando chegam ao quinto anode escolaridade. A formação básicaem TIC deve ser proporcionada atéao sétimo ano. A Resolução salientaainda a importância do ensino àdistância como um elemento adicionale complementar da educação.

Como em outras áreas, o governorecebeu fundos e apoio das agênciasde desenvolvimento. Os esforços paramelhorar o sector educacionalbaseiam-se na estreita colaboraçãoentre o Ministério e os parceiros parao desenvolvimento e envolvemprojectos concretos e efectivos. Narealidade, a maioria dos projectosligados às TIC no sector educacional

envolve pelo menos um parceiro parao desenvolvimento.

4.2.1 PROMEF

O Projecto de Consolidação eModernização da Educação e Formação,PROMEF <www.gov.cv/promef> temestado intimamente ligado à promoçãodo ensino das TIC. O PROMEF éfinanciado principalmente pelo BancoMundial (com um montante de US$seis milhões, o Banco Mundialsuporta cerca de 80 por cento doscustos do projecto) com o MESYS ea Fundação Calouste GulbenkianPortuguesa <www.gulbenkian.pt>como co-fundadores e financiadores.O projecto arrancou oficialmente em1999 e as suas metas são “manter econsolidar as recentes reformas noensino primário e no desenvolvimentoda mão-de-obra; realizar uma revisãoampla no sector de ensino e umaavaliação das políticas e programasde emprego e formação; possibilitaro teste de campo e/ou a adaptaçãode novos pacotes de ensino eaprendizagem, tecnologias, einiciativas baseadas na escola paramelhorar a qualidade e a eficiência efortalecer a capacidade institucionaldo Ministério da Educação...naaplicação de seu programa.”4

O papel do PROMEF não se limita aanalisar e determinar formas demelhorar e mudar o sistemaeducacional, especialmente através daexploração das TIC. Uma dasrealizações do PROMEF, odesenvolvimento dos Sistemas deInformação de Gestão, envolve acriação de bases de dados cominformações sobre o sector educacional.Até ao momento, foram ou estão a sercriadas as seguintes seis bases dedados:

1. Uma base de dados estatísticoscom informações básicas sobrecada escola (o número e nomedos alunos e professores, anosde escolaridade, currículos, etc.).O objectivo é que todas asescolas acabem por introduzir assuas próprias informações.

2. Uma base de dados para avaliare acompanhar o trabalho dos

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Estudo de casos de Internet em Cabo Verde

Tabela 4.2: Cabo Verde na escola, ontem e hoje

Fonte: Ministério da Educação, Ciência, Juventude e Desporto,Gabinete de Estudos e do Desenvolvimento do Sistema Educativo.

1990/91 2000/01 Alteração

Ensino primário

Número total de alunos 69.823 90.186 29%

Níveis de matrícula 89% 96% 8%

Número de professores 2.186 3.110 42%

Ensino secundário

Número total de alunos 9.766 48.437 396%

Níveis de matrícula 20,3% 45,8% 126%

Número de professores 364 1.961 439%

alunos. Esta base de dadosfornecerá índices de sucesso poridade, ano de escolaridade, sexo,disciplina, etc. e ajudará aentender os principais problemasque os alunos enfrentam e asformas de melhorar o sistemaeducacional.

3. Uma base de dados orçamentalpara o MESYS, que permitirásupervisionar as finanças.

4. Uma base de dados de recursoshumanos com informações sobreo pessoal da MESYS.

5. Uma base de dados sobre bolsasde estudo, incluindo o número dealunos que estudam no exterior;o país onde estudam; asdisciplinas e os cursos quefrequentam, etc. Os alunostambém poderão ter acesso aesta base de dados e ver comose podem candidatar a uma bolsade estudos.

6. Uma base de dados de alunoscom informações sobre cadaaluno, incluindo anos deescolaridade, avaliação, etc. Estaestá actualmente a ser testadanuma das escolas secundáriascom acesso à Internet.

O PROMEF, em cooperação como RAFE, estava a planearproporcionar a todas as escolasno país ligação à Internet, masos recursos necessários nãoexistiam. Apesar dos esforçosque o governo cabo-verdiano fezpara promover o sectoreducacional e o sucesso queteve na melhoria do sistemaescolar básico e secundário, nãoexistem planos concretos parafornecer a cada escola PCs ouligação à Internet. Existetambém uma falta decoordenação entre projectos nosector educacional. Embora aRAFE tenha conseguido alcançarmuito e ajudar o Ministério afazer uso das aplicações edisseminar as TIC, está tambémencarregado de todos os outrosministérios do governo. Os seus

projectos não estão, por conseguinte,especificamente virados para o sectoreducacional e as suas possibilidadessão limitadas.

4.2.2 Ensino primário esecundário

Cabo Verde tem alcançado grandesprogressos na melhoria do acesso aoensino primário e secundário. Osníveis de matrícula no ensino primáriojá eram elevados em 1990 (89 porcento) e este era quase universal em2001 (96 por cento) (Tabela 4.2). Osníveis de matrícula no ensinosecundário, entretanto, cresceramastronomicamente, em mais de100 por cento. Apesar de se situar em20,3 por cento em 1990, éactualmente de quase 46 por cento.

O ensino básico é de seis anos, sendoobrigatório e gratuito. O ensinosecundário, que não é obrigatório masé gratuito, é de seis anos. É divididoem três ciclos de dois anos cada comformação profissional no último ano.No início de 2001, havia 424 escolasprimárias, com 90.186 alunos (cercade 44.000 do sexo feminino e46.000 do sexo masculino) e3.110 professores. Existem planospara formar professores primários emTIC, para que possam ensinar os seusalunos, mas actualmente muito

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4. Absorçao do sector

poucas escolas primárias têm PCs eacesso à Internet. Apesar de haverapenas três escolas secundárias em1980, há hoje dezassete, todaspossuindo um PC. Nove têm acesso àInternet.

As escolas com acesso à Internetutilizam o serviço via linha telefónica.Apesar de pagarem a taxa usual detelefone, a Cabo Verde Telecomoferece-lhes um desconto de 50 porcento sobre a taxa de acesso àInternet. Um projecto denominado“Tele-salas”, iniciado pela MESYS e emcooperação com a Telecom Portugal ea Cabo Verde Telecom, devia fornecera todas as escolas secundárias acessoà Internet, mas nunca foiimplementado. A RAFE está agora aplanear l igar todas as escolassecundárias à rede do governo.Algumas escolas secundáriasoferecem cursos básicos de TIC masestes cursos, se disponíveis, sãoopcionais. Um problema que asescolas enfrentam é a falta deconhecimentos técnicos. Apesar dealgumas escolas não poderem utilizarPCs dado que não sabem como usaras aplicações básicas, outras escolastêm problemas com a configuração ea manutenção básica. Muitas escolastêm também problemas com vírus.

4.2.3 Ensino superior

O ensino superior é limitado. Existemcinco institutos de ensino superior euma universidade recém-inaugurada. Existe uma estimativade 1.500 alunos no ensino superiorem Cabo Verde. A maioria dos alunosdo ensino superior tem de sedeslocar para o exterior devido àfalta de instalações em Cabo Verde.O governo, frequentemente emcooperação com dadores, oferecebolsas de estudo no exterior. Cercade 2.000 cabo-verdianos frequentamcursos do ensino superior noestrangeiro, principalmente no Brasile em Portugal.

Ao contrário de outras nações, aintrodução e manutenção da Internetnão nasceu no sector académico.Entretanto, as instituições de ensinosuperior cabo-verdianas estão acomeçar a melhorar a sua situaçãono ramo das tecnologias deinformação. Todas têm actualmenteacesso à Internet e duas têm sítiosda web. A universidade recém-criada, Jean Piaget, solicitou ser umaAcademia de Rede Cisco (verCaixa 4.2). O instituto de ensinosuperior para assuntos técnicos dopaís, ISECMAR, é responsável pelonome de domínio do país.

Tabela 4.3: Institutos de ensino superior em Cabo Verde

Fonte: UIT.

Escola Número de Assunto Sítio da webalunos

Instituto Pedagógico (IP) 613 Formação de professores www.gov.cv/ipcv

Instituto Superior de Engenharia 310 Técnico www.isecmar.cv e Ciências do Mar (ISECMAR)

Instituto Superior de Educação Formação de professores (ISE)

Instituto Superior das Ciências Empresa Económicas Empresariais (ISCEE)

Instituto Nacional de Investigação Agricultura e Desenvolvimento Agrário (INIDA)

Universidade Jean Piaget 500 Universidade

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Estudo de casos de Internet em Cabo Verde

Caixa 4.2: Formação de profissionais de TI

Se Cabo Verde quiser participar efectivamente da Erada Informação, necessita de uma mão-de-obra comaptidões no campo das TI. A formação em informáticaestá disponível em pequenas empresas privadas, queoferecem geralmente cursos de aplicações desktopcomo processamento de texto. A RAFE (ver ponto4.1 acima) organiza também cursos básicos em TIpara funcionários públicos e formação especializadapara o seu próprio pessoal. Acompetência do pessoal da RAFEpode ver-se num curso deformação da Microsoft. Oprofessor que veio de Portugalobservou que geralmenteapenas metade dos alunoschegam a metade do curso etalvez um ou dois o concluem.No caso da RAFE, os catorzealunos que frequentaram o cursoforam aprovados. Porquê? Deacordo com o administrador daRAFE, os cabo-verdianos nãoperdem uma oportunidadequando esta lhes é dada.

Instituto Superior de Engenharia e Ciências doMar (ISECMAR) <www.isecmar.cv>, tem sido oúnico instituto de ensino superior que forneceformação técnica avançada em engenharia,informática e telecomunicações. Localizado noMindelo, na ilha de São Vicente, o ISECMAR começoucomo uma academia marítima (1984), mas existena sua forma actual desde 1996. O número de alunostem aumentado e, actualmente, são 310. ExistemPCs nalguns laboratórios especializados e são usadospara integrar a tecnologia da informação com amatéria leccionada. Existe ainda uma sala de PCscom livre acesso à Internet (ver foto), embora esteseja quase sempre lento, de acordo com o pessoaldo ISECMAR. O ISECMAR tem uma linha RDSI de64 kbps para acesso à Internet; e não tem descontoapesar de ser um estabelecimento educacional. Oscursos têm a duração de três anos, mais seis mesesde formação numa empresa. Os alunos formam-secom um grau de bacharelato e a ISECMAR espera

oferecer um grau de mestrado a partir de 2003. OISECMAR está também formalmente encarregado deadministrar o nome do domínio CV, embora o servidoractual esteja localizado em Portugal.

A Universidade Jean Piaget foi fundada como aprimeira universidade em Cabo Verde, em 2001.Tem 500 alunos e oferece programas de 2 e 3 anos

em diversas áreas, incluindoCiência da Computação. AUniversidade tem doislaboratórios totalmenteequipados com 18 PCs cada.Ambos os laboratórios estãoligados à rede e têm umaconexão mínima de Internetdedicada de 64 kbps. AUniversidade possui ainda umaequipe de manutenção decomputadores local que cuidada infra-estrutura da tecnologiade informação.

Para tentar aumentar as suas possibilidades deformação TI, Cabo Verde candidatou-se à Iniciativapara Centros de Formação em Internet de Paísesem Desenvolvimento (ITCI) da UIT. 5 Lançados em2001, os planos da ITCI criaram 50 Centros deFormação em Internet em países emdesenvolvimento para proporcionar formação emredes e serviços de Protocolo de Internet (IP).Apesar da ITCI trabalhar eventualmente comparceiros diferentes, está a começar como umconsórcio com os Sistemas Cisco que fornecerãoas capacidades necessárias para projectar, construire manter redes baseadas em IP de pequeno e médioporte. O programa consiste em 280 horasdistribuídas ao longo de aproximadamente novemeses (quatro semestres de 70 horas). Isto preparaos alunos para o exame Cisco Certified NetworkAssociate, um certificado-padrão para a indústria.O projecto conjunto UIT/Cisco, que está a seractualmente discutido com o governo cabo-verdianoe a Universidade Jean Piaget, proporcionaria umafonte útil de formação.

4.2.4 Educação à distância

A educação à distância tem um grandepotencial, especialmente num paísgeograficamente remoto e dividido emdiversas ilhas, e que possui umsistema de ensino superiorrelativamente subdesenvolvido. OMESYS está consciente destesbenefícios e iniciou um projecto deeducação à distância, em cooperaçãocom o governo do Brasil e o InstitutoPedagógico em Cabo Verde.6

Actualmente, o projecto está em

compasso de espera, devido à faltade recursos. Houve já outros projectosde educação à distância no passado.Um foi uma rede educacional combase na rádio, destinada a professorese patrocinada com ajuda holandesa.Cabo Verde está supostamente aparticipar da Universidade VirtualAfricana patrocinada pelo BancoMundial, mas não existe nenhumainformação sobre isso.7 Os projectosde educação à distância não parecemter sido bem sucedidos e faltam

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4. Absorçao do sector

Tabela 4.4: Factos da Saúde de Cabo Verde, 2000

Fonte: Instituto Nacional de Estatísticas Cabo Verde eInternational Planned Parenthood Federation.

Taxa de mortalidade infantil (por 1.000) 54

Taxa de nascimentos bruta 44

Esperança de vida à nascença (anos) 70 Sexo feminino 73 Sexo masculino 66

Número de camas em hospitais 694

Camas em hospitais em relação à população 1:626

Número de médicos 167

Relação de médicos com a população 1:2’603

informações sobre as experiênciasobtidas. Esta área merece um maiorestudo para se analisar quais são asbarreiras para a implementação daeducação à distância no país e comopodem ser suplantadas.

4.3 Saúde

O uso das Tecnologias de Informaçãoe Comunicações (TIC) no sector dasaúde cabo-verdiano é relativamentebásico. Apesar do Ministério da Saúdefazer uso de computadores e daInternet, em especial do e-mail, as TICnão são ainda ferramentasdisseminadas com vista à melhoria dasaúde. Uma vez que o Ministério nãopossui um sítio da web, não podefornecer informações ou aplicaçõesem linha.

A rede de saúde abrange os17 distritos do país e consiste emhospitais e clínicas. Algumas dasclínicas são pequenas, cominstalações e pessoal limitados.Apesar de nem todas as clínicas teremacesso à Internet, toda a ilha tem pelomenos um hospital ou clínica ligada àInternet, geralmente através deacesso via linha telefónica. Os doismaiores e mais modernos hospitais nopaís situam-se no Mindelo ( na ilhade São Vicente) e na capital, Praia (nailha de São Tiago). Ambos têm acessoà Internet. Há planos paracomputorizar os registos médicos dos

hospitais e, em última instância, dasclínicas e estabelecer uma base dedados com o processo clínico de todosos pacientes.

Há três tipos diferentes de seguro desaúde, consoante os seguradostrabalham para uma empresa privada,para o governo ou para instituiçõesprivadas. O processamento dereclamações é todo computorizado.

Cabo Verde não tem uma escolamédica própria. O governoproporciona bolsas de estudo para osalunos no exterior. Cuba tem sido umdestino popular para os estudosmédicos devido às propinas baixas.Actualmente, uns 40 estudantes demedicina cabo-verdianos estudam emCuba e o número deverá subir para 120nos próximos três anos. Os alunos deenfermagem não necessitam de ir parao exterior para obterem formação, umavez que existem duas escolas deenfermagem em Cabo Verde.

Um projecto de telemedicina está emcurso para ligar o hospital do Mindelocom o Hospital Pulido Valente emLisboa. Foi concedido umfinanciamento adicional para alargaro projecto a hospitais da Praia e doSal. O projecto de telemedicina, quedeveria ter sido lançado até ao finalde 2002, permitirá que os médicoscabo-verdianos troquem informaçõescom peritos em Portugal.Eventualmente, pode conectar todas

as ilhas cabo-verdianas eproporcionar um novo nível deassistência em saúde. O maiorproblema que o projecto enfrentaé a falta de capacidade técnica. Osmédicos cabo-verdianos nãopossuem frequentemente osconhecimentos técnicosnecessários para util izar atelemedicina, incluindo a Internet.

Num país como Cabo Verde, ondeas pessoas estão espalhadas pordiversas ilhas e a assistência nasaúde nem sempre pode ser obtidalocalmente, a telemedicina oferecegrandes possibilidades. De acordocom uma autoridade do Ministérioda Educação, a telemedicina é umaboa forma de “reduzir o oceanoentre as ilhas.”

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4.4 Comércio electrónico

Para todos os efeitos, o comércioelectrónico não existe em Cabo Verde.No que se refere ao Business-2-Business (B2B), há apenas algunsexemplos da actividade de comércioelectrónico. No que se refere aoBusiness-2-Consumer (BSC), nenhumsítio da web cabo-verdiano temcapacidade para processarpagamentos por cartão de crédito.Consequentemente, não pode havervendas em linha . Quase nenhum sítiocabo-verdiano publica preços deprodutos ou serviços, fornecendoapenas instruções para encomenda.Apesar desta falta de actividade docomércio electrónico, há umconsiderável potencial para odesenvolvimento de negócios pelaInternet.

A certificação é uma das principaispreocupações dos bancos e dasempresas em Cabo Verde. Embora ogoverno tenha aprovado uma lei sobredocumentos e assinaturas electrónicos(adaptada da lei portuguesa) em2000, esta nunca foi aplicada e pareceser desconhecida. Este assunto foitratado recentemente num semináriode comércio electrónico organizadopela UIT e o MIT e os funcionáriosestão a trabalhar numa nova estruturalegal que permita que as transacçõeselectrónicas sejam efectuadas comsegurança.

Uma grande barreira ao comércioelectrónico é o elevado custo doacesso à Internet e o preço dos PCs,que são considerados proibitivos paraa maioria das companhias cabo-verdianas, as quais são na maioriaPequenas e Médias Empresas (PMEs).

Outro problema é a relativamenterecente introdução do sector privadoem Cabo Verde. O Governo tomoumedidas para liberalizar a economiano início dos anos 90. O crescimentono sector privado foi impressionante,com o numero de firmas a cresceremduzentos por cento entre 1990 e1997, de 2 182 para 6 591.8

Entretanto, falta uma mentalidadeverdadeiramente empresarial e acompreensão do papel das TIC no

desenvolvimento empresarial. Mais de95 por cento das companhias cabo-verdianas são PMEs e com um volumede negócios inferior a US$um milhãoao ano, tendo falta de experiência ede recursos para usarem o comércioelectrónico. Apesar de não haverdados sobre o número de empresascom PCs, já sem falar no acesso àInternet, este é estimado como sendobaixo. Por exemplo, dos trinta sítiosda web que usam domínio CV, menosde metade têm uma orientaçãocomercial e, desses, a maioria nãotem nenhum ou quase nenhumconteúdo.

O banco central, Banco de Cabo Verde,está na web em <www.bcv.cv> ondeapresenta uma série de relatóriosactualizados sobre a situaçãofinanceira do país. A maioria doscabo-verdianos possui uma contabancária e um número cada vez maiorde pessoas tem um cartão de créditonacional, que lhes proporciona o gostopelas transacções electrónicas (verCaixa 4.3). Não existem operaçõesbancárias em linha, embora estejaplaneada a sua implementação. Umbanco criou um sítio da web – CaixaEconómica, <www.caixaeconomica.cv>- mas até agora não fornece qualquerinformação através dele.9 Os outrostrês bancos que operam no país nãopossuem sítios da web. mas algunssão estrangeiros e poderiameventualmente tirar partido daexperiência bancária em linha no seupaís. Os serviços bancários em linhapoderiam alargar o acesso aofinanciamento, reduzindo a necessidadedos bancos estabelecerem filiais ecomplementarem a rede de ATMsexistentes (que estão disponíveis emquatro das dez ilhas). Os serviçosbancários em linha também teriamsinergia com grande volume deremessas do exterior enviadas todosos anos. Por exemplo, o Credit Unionem Brockton, Massachusetts, quealega ser a cidade mais cabo-verdianados EUA, inaugurou um serviço detransferência de dinheiro por uma taxafixa de US$15.10

Existem alguns exemplos de actividadesparecidas com o comércio electrónico.Há as “páginas amarelas” em linha em

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4. Absorçao do sector

Caixa 4.3: Cartão de Débito próprio de Cabo Verde

Vinti4 (24) é a resposta de Cabo Verde ao cartão de débito. Pode serusado para comprar mercadorias em postos de gasolina que possuamo equipamento necessário do Ponto de Vendas. Inaugurado em 2000,existem uns 30.000 Vinti4 cartões em circulação. Podem ser tambémusados nas 20 máquinas de caixa automática (ATM) instaladas em quatroilhas de Cabo Verde para levantar dinheiro. O cartão Vinti4 supre afalta de cartões de crédito convencionais no país. Os cartões de créditosão difíceis de obter e poucas pessoas os têm. O cartão Vinti4 proporcionaà população a experiência de fazer transacções electrónicas e devefacilitar a transição para as transacções em linha. Uma ideia é aproveitaro cartão Vinti4 para transacções em linha ao desenvolver um leitor decartão que possa ser ligado a um PC. Apesar disto poder ajudar adesenvolver as aplicações empresa-consumidor ou governo-consumidor,não permitiria que os compradores estrangeiros comprassemmercadorias e serviços nos sítios cabo-verdianos. Nem permitirá queos cabo-verdianos façam compras em sítios estrangeiros.

ATM Vinti4 no aeroportointernacional do Sal

<www.paginasamarelas.cv> queoferecem um directório de empresasque operam no país. A companhia quefornece o serviço, a Directel, é umconsórcio da Portugal Telecom, quefornece serviços de lista em linha emdiversos outros países africanos. Umadesvantagem de um serviço em linhacomo este é que poucas companhiascabo-verdianas têm sítios da webpróprios para se conectarem.

Outro exemplo é o serviçoalfandegário que utiliza o softwaredesenvolvido pela UNCTAD(ASYCUDA, Automated System forCustoms Data) para receber arquivoselectrónicos de importadores eexportadores.11 Há planos para ligareste sistema ao banco central e aoMinistério do Comércio. O PROMEX, oconselho de promoção deinvestimento da nação, tambéminaugurou um sítio da web e descobriuque o fornecimento de informações ainvestidores potenciais pela Internetreduziu a necessidade de participarem feiras de comércio ou de manterescritórios no exterior.12

As Câmaras de Comércio para as ilhasao norte e sul estão a explorarprojectos potenciais de comércio comoutras ilhas da Macaronésia e comalguns países ECOWAS.13 Uma ideiaé fazer uma versão em português doportal usado pela Câmara de Comérciodas Ilhas Canárias. O portal forneceria

informações sobre os países da ÁfricaOcidental e seria útil para fazertransacções na região. Anunciariatambém serviços como transportes etradução. As Câmara de Comércioestão também a organizar semináriossobre consciencialização de comércioelectrónico.

Outra iniciativa planeada é iniciar umprojecto-piloto de comércioelectrónico na cidade de SantaCatarina, na ilha de São Tiago. A ideiaé digitalizar artigos de artesanato eexibi-los na web, util izando asinstalações de um cibercafé operadopor mulheres. A componente decomércio electrónico seráimplementada antes do final de 2002.

Três áreas atraentes para o comércioelectrónico em Cabo Verde são oturismo, serviços de expatriados edesenvolvimento de software offshore. O potencial do turismo em CaboVerde é imenso e a divulgação deinformações pela Internet poderiafacilitar a promoção do país comodestino turístico. A PROMEX forneceinformações limitadas no seu sítio daweb e apenas um hotel tem o seupróprio sítio, por isso o potencial éclaramente restrito.14 A grandecomunidade expatriada de Cabo Verde- maior do que o número de pessoasque vivem no próprio país – é umenorme mercado para o comércioelectrónico de consumidor. As

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Estudo de casos de Internet em Cabo Verde

Caixa 4.4: Como se tornar um paraíso de desenvolvimento

A quantidade de projectos de desenvolvimento queCabo Verde tem conseguido atrair é impressionante.Em 1999, o país recebeu no mínimo US$319 percapita de ajuda. Isto colocou-o no quinto lugar, logoatrás da Polinésia Francesa, Nova Caledónia, EstadosFederados da Micronésia e Antilhas Holandesas.15

Considerando-se que os primeiros quatro recebemgrandes ajudas de países mais desenvolvidos comos quais estão associados (ou seja, França, EUA ePaíses Baixos), Cabo Verde obtém a maior ajuda dequalquer país independente.

O que atrai os dadores e quem são eles? Apesar deCabo Verde ter obtido a independência de Portugalem 1975, era não apenas uma colónia de Portugalmas uma província ultramarina com o direito de votare ser representada no governo desde 1951. Estasituação explica os seus fortes laços com Portugal, opaís que é o principal dador de Cabo Verde (com umtotal de US$22 milhões em 1999/2000). Outro motivoé a grande diáspora do país (ver Caixa 1.1), o quetambém cria ligações especiais, além de Portugal,com países de todo o mundo. Parece existir umarelação especial entre Cabo Verde e o Luxemburgo,que era o terceiro maior dador (com mais de US$8milhões em 1999). Cabo Verde era a maior fonte deajuda externa do Luxemburgo em 2001, com 16 porcento, uma parcela significativa, se consideramos adimensão de Cabo Verde.16 Estranhamente, os doispaíses têm quase exactamente o mesmo número dehabitantes (435.000 em Cabo Verde e 430.000 emLuxemburgo), o que pode explicar parcialmente acompaixão de Luxemburgo pelo seu ‘par’. Emboranão haja números precisos sobre a quantidade decabo-verdianos residentes no Luxemburgo, há provasde que ela seja significativa. Os portugueses são omaior grupo de imigrantes do Luxemburgo (58.400

em 2001) e o facto de já existir uma grandecomunidade de língua portuguesa poderia explicarem parte a atracção dos cabo-verdianos. Em 2002,274 cabo-verdianos solicitaram a regularização dasua situação (‘sem documentos’) no Luxemburgo,tornando-os o 2o maior grupo. Os projectos dedesenvolvimento financiados em Cabo Verde estãoprincipalmente centralizados nas áreas de habitação,água, energia e educação. Um dos projectos maisdispendiosos foi a construção de uma escola técnicaem Santa Catarina, na Ilha de Santiago (ver foto). Aescola forma actualmente uns 653 alunos, dos quais112 vivem na escola interna adjacente. A escola abrigaainda um centro de formação de professores. OLuxemburgo financiou também a construção dohospital de Ribeira Grande na ilha de Santo Antão.

Outros dadores importantes incluem o Banco Mundial(com US$17 milhões em 2000), a Alemanha, o Japão,os Países Baixos, o Fundo de DesenvolvimentoAfricano, a França e a União Europeia.17 Apesar doslaços especiais de Cabo Verde com certos paísesajudarem a explicar a grande quantidade de projectosde desenvolvimento, é também algo mais,poderíamos dizer algo muito cabo-verdiano que atraia atenção. Primeiramente, Cabo Verde consegueformular propostas concretas de projecto relevantespara as suas necessidades de desenvolvimento.Contrariamente a muitos outros países emdesenvolvimento, os cabo-verdianos estão envolvidosnos seus projectos, do início ao final. Tendem tambéma contribuir para os projectos, o que os torna não sóbeneficiários mas também parceiros. Nãosurpreendentemente, há histórias sobre projectos dedesenvolvimento que falharam porque foramplaneados e executados sem a inclusão da populaçãolocal.

O projecto mais dispendioso do Luxemburgo em Cabo Verde: a escola técnica de Santa Catarina (Santiago)(direita), equipada com uma sala de computadores moderníssima (esquerda)

possibilidades de serviços incluemtransferências de dinheiro, divulgaçãode notícias e informações, e oferta dacapacidade de encomendar e entregar

presentes a amigos e a familiares.Cabo Verde tem também umapopulação cada vez mais instruída ejovem e poderia voltar-se para o

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4. Absorçao do sector

1 Ver Banco Mundial. Documento de Avaliação do Projecto sobre um Crédito Proposto no valor deSDR 2.3 Milhões (equivalente a US$ 3.0 milhões) à República de Cabo Verde para um Projecto de SegundaReforma do Sector Público e Formação de Capacidade.” 26 Outubro 1999. Relatório No: 19824-CV.Disponível em linha em:http://www-wds.worldbank.org/servlet/WDSServlet?pcont=details&eid=000094946_99110505400927.

2 http://www.uneca.org/itca/initiatives.htm.3 Plan National de Développement d’Infrastructures des TICs.4 “O Banco Mundial aprova US$22,1 milhões de Financiamento para a República de Cabo Verde.” News

Release. 25 de Maio de 1999. www.worldbank.org/html/extdr/extme/2206.htm.5 Para mais informações sobre a Iniciativa para Centros de Formação em Internet de Países em

Desenvolvimento (ITCI) da UIT, ver: www.itu.int/itudoc/itu-d/hrdqpub/hrdq/hrdq84/itci-dc_ww7.doc.6 De acordo com a embaixada de Cabo Verde nos EUA “Como parte deste esforço, a Embaixada colaborará

com o governo para facilitar a aprendizagem à distância. O ambiente de universidade tradicional édispendioso, especialmente para um país pequeno como Cabo Verde. Assim, a educação e formação técnicasão a chave para o futuro. Por conseguinte, uma ênfase importante para o país é encontrar novos caminhose métodos para oferecer um ensino de qualidade e formação técnica sem suportar o custo de instalação deuma nova universidade tradicional. A aprendizagem à distância é, assim, uma prioridade-chave de CaboVerde e a Embaixada tentará empenhadamente estabelecer ligações com as escolas e instituiçõesamericanas que possam auxiliar neste empreendimento.” Ver “Agenda Estratégica da Embaixada de CaboVerde nos Estados Unidos da América - Superando o Desafio de Desenvolvimento de Cabo Verde”,consultado em 6 de Junho de 2002 no sítio da web da embaixada em:http://www.capeverdeusaembassy.org/strategic_agenda_of_the_embassy_.htm.

7 “Os países lusófonos que participam no projecto AVU são Cabo Verde e Moçambique.” Ver Jant Nima. “AsPromessas de Ensino à Distância.” Legado. http://ngilegacy.com/educationspring99.htm. O sítio da web daThe African Virtual University (AVU) é: http://www.avu.org/.

8 Os dados são provenientes do sítio da web do INE em:http://www.ine.cv/estatisticas_cv_empresas.htm#empresa1.

9 O sítio da web da Caixa foi desenvolvido por Brava Telecom, uma companhia com sede nos EUA operada porexpatriados cabo-verdianos. Também desenvolveram os sítios da web da VisaoOnline e da CaboVerdeOnline,dois portais populares. Ver http://www.bravatelecom.com/internet/internet_portfolio.asp. Isto ressalta aescassez de aptidões em web de Cabo Verde e o perigo que apresenta ao incrementar os negócios noexterior.

10 Jorge Soares. “Brockton Credit Union inaugura sistema de transferência de dinheiro para Cabo Verde.”Disponível no sítio da Web VisãoOnline emhttp://www.visao.online.com/s/economia/2001/negócios/ANG_05_DEC05.asp.

11 Ver www.asycuda.org.12 http://www.promex.org.13 A Macaronésia inclui as Ilhas Canárias, Açores, Madeira e Cabo Verde. ECOWAS refere-se a Economioc

Community of the West African States (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental).http://www.ecowas.int/.

14 O único hotel com um sítio da web com o domínio do país .CV é em http://www.pousadadaluz.cv. Note-seque pode haver outros hotéis com sítios da web utilizando outros nomes de domínio.

15 A fonte de dados é o Banco Mundial. Indicadores de Desenvolvimento Mundial. “Aid per Capita”.16 http://www.lux-development.lu/f/prscindex.htm.17 http://www1.oecd.org/dac/images/AidRecipient/cpv.gif.

desenvolvimento de serviços detecnologia da informação e software.Um projecto do Banco Mundialplaneado para desenvolver asteleportas utilizando tecnologia VSAT,nunca se materializou, talvez devidoa barreiras reguladoras. Esta ideia

deveria ser novamente analisada e asbarreiras reguladoras poderiam sersuplantadas, por exemplo, ao permitiraos potenciais investidores proverema sua própria infra-estrutura emparques de desenvolvimento desoftware.

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Estudo de casos de Internet em Cabo Verde

5. Conclusões

5.1 Situação da Internet

O Mosaic Group <www.agsd.com/gdi97/gdi97.html> desenvolveu umaestrutura para caracterizar a situaçãoda Internet numa nação (Anexo 3).Considera seis dimensões, cada umadas quais tem cinco valores variandode zero (não existente) a quatro(altamente desenvolvido). Asdimensões são as seguintes:

• penetração: uma dimensãobaseada nos utilizadores percapita e no grau no qual os nãotécnicos utilizam a Internet.

• dispersão geográfica: umadimensão da concentração daInternet num país, dadisponibilidade em nenhuma ouuma única cidade até toda anação.

• absorção do sectores: umadimensão do grau de utilizaçãoda Internet nos sectores daeducação, comercial, assistênciana saúde e públicos.

Figura 5.1: Situação da Internet em Cabo Verde

Dimensão Valor

Penetração 3

Dispersão geográfica 3

Absorção sectorial 2

Infra-estrutura de conectividade 2

Infra-estrutura organizacional 1

Sofisticação de uso 2

TOTAL 13

Nota: Quanto maior o valor, melhor (0=mais baixo, 4=mais alto).Fonte: UIT.

• Infra-estruturas deconectividade: uma dimensãobaseada na largura de banda desuporte internacional e intra-nacional, pontos de intercâmbio,e métodos de acesso last-mile.

• Infra-estrutura organizacional:uma dimensão baseada no estadoda indústria do Provedor deServiços Internet (PSI) econdições de indústria e mercado.

• sofisticação de uso: umamedida que caracteriza o uso,desde convencional a altamentesofisticado e impulsionando ainovação.

Os valores de Cabo Verde para estasdimensões são indicados a seguir:

A penetração está classificada nonível 3, Comum. em Dezembro de2001, havia uma estimativa de12.000 utilizadores da Internet nopaís ou 2,8 por cento da população.1

0

1

2

3

4Penetração

Dispersão

Absorção

Conectividade

Organizacional

Sofisticação

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5. Conclusões

A dispersão geográfica estáclassificada no nível 3, Altamentedispersa. O acesso à Internet estádisponível em qualquer local com umalinha telefónica e um PC com modem,e é cobrado às taxas de ligação local.Entretanto, há falta de linhas de telefonerural. Além disso, os cibercafés nãoestão disseminados.

A absorção dos sectores estáclassificada no nível 2, Moderado. Aclassificação é em função do tipo deconectividade em educação, governo,assistência na saúde e comércio. Todosos institutos de ensino superior têmacesso à Internet. Um terço das escolassecundárias estão ligadas à Internet(9 de 27). Algumas escolas primáriasestão ligadas. Até ao final de 2000,todos os ministérios estavam ligadosatravés da Intranet do governo. Aconectividade ao nível administrativolocal é inferior. Poucas empresas estãoligadas à Internet e ainda menos têmsítios da web. Existe conectividadelimitada no sector da saúde.

A Infra-estrutura de Conectividadeestá no nível 2, Expandido. Aconectividade internacional é de trêsMbps via cabo submarino de fibraóptica. Existe um suporte de fibra/micro-ondas/satélite a nível nacional –construído para a rede telefónica - queopera nas diversas velocidades e nos

quais o tráfego de dados pode fluir.Entretanto, não existe suporte deInternet dedicado nacional. Não existeintercâmbio de Internet uma vez quesó existe um PSI. As opções de acessolocal de alta velocidade estão limitadasa RDSI e a linhas alugadas, uma vezque o acesso em banda larga via DSLou modem por cabo não está disponível.

A Infra-estrutura Organizacionalestá no nível 1, Simples. Um PSI temum monopólio legal para comunicaçõesinternacionais. O monopólio foiconcedido por um período de 25 anos,até 2025.

A Sofisticação de Uso está no nível 2,Convencional. As aplicações maispopulares são o e-mail e a busca deinformações. Existem algumas bases dedados governamentais e planos paradesenvolver aplicações governamentaisem linha.

Um exame das dimensões da Internetem Cabo Verde revela que érelativamente forte em termos de infra-estrutura e acessibilidade potencial,mas fraca em estrutura de mercado ena sofisticação do uso da Internet (verFigura 5.1). O seu mercado de Interneté considerado o mais restrito secomparado com outros países às quaisesta estrutura foi aplicada (verTabela 5.1). Isto indica que os

Tabela 5.1: Comparações de Infra-estrutura

Comparações do país utilizando estrutura e Mosaic

Penetra- Disper- Absor- Organiza- Cone- Sofisti- Totalção são ção cional ctividade cação

Singapura 4 4 4 3,5 3 3,5 22

Malásia 4 3,5 2,5 3,5 2,5 2,5 18,5

Indonésia 3 3 1,5 3,5 2,5 2 15,5

Tailândia 3 3,5 2,5 2 2,5 2 15,5

Filipinas 3 2,5 2 3 2,5 2 15

Cabo Verde 3 3 2 1 2 2 13

Vietname 2 2 1,5 2 1,5 1,5 10,5

Laos 2 1,5 1 2 1,5 1 9

Camboja 1 1,5 1 1,5 1,5 1 7,5

Fonte: UIT.

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esforços devem ser concentrados nasúltimas áreas. A liberalização domercado atrairia mais agentes,solicitações adicionais e formas deusar a Internet de forma a captarnovos clientes, e provavelmente teriaum impacto positivo no número deutilizadores da Internet.

5.2 Recomendações

Cabo Verde obteve ganhos invejáveisno mercado das telecomunicaçõesdesde a independência de Portugal.Subiu ao topo dos Países MenosDesenvolvidos (PMDs) em termos deinfra-estrutura de rede. Entretanto,Cabo Verde necessita agora deconsolidar os ganhos dodesenvolvimento de infra-estruturas epassar para um nível mais elevado. Istoinclui a formação de serviços de valoracrescentado adicionados às infra-estruturas. Uma necessidade é abrir omercado de PSI – em linha com osobjectivos do governo para liberalizara economia - e desenvolver serviços deconteúdo como design e hospedagemde web, desenvolvimento de portal ecomércio electrónico. Envolve ainda odesenvolvimento de mais conteúdopara o público como serviçoselectrónicos para o cidadão.

Um passo nesta direcção será o iníciode uma sociedade de informação e umaeventual sociedade baseada noconhecimento.6 É essencial que ogoverno de Cabo Verde instigue esteprocesso o mais rapidamente possível.Com recursos naturais escassos, oprincipal activo de Cabo Verde são aspessoas. Este é um recurso essencial,uma vez que as TIC são essencialmenteuma actividade intelectual. As TICoferecem um potencial considerávelpara o desenvolvimento económico esocial de Cabo Verde, redução dapobreza e integração na economiaglobal. Isto pode auxiliar Cabo Verdea fazer a transição de um PMD parauma prosperidade económica de nívelmais elevado. Em primeiro lugar, asTIC oferecem um potencialconsiderável para ser acrescentado aocrescimento económico nacionalatravés da criação de novos serviçoselectrónicos. Em segundo lugar, as TICpodem auxiliar no desenvolvimentoeconómico ao incrementar a

disseminação das informações. Emterceiro lugar, podem auxiliar CaboVerde a superar a sua descontinuidadegeográfica por meio de serviços comoo ensino à distância e a telemedicina,As TIC podem acrescentar aocrescimento incentivado pelaexportação através de serviços como odesenvolvimento de software off-shore,venda de bens e serviços de Cabo Verdee ao atrair investimento estrangeiro.

Os pontos fortes e fracos de Cabo Verdeestão identificados na Tabela 5.2. Atabela resume os pontos fortes e asoportunidades consideráveis de CaboVerde na área das TIC. Embora a naçãotenha certas fraquezas, apesar daatenção apropriada, estas podem sersuplantadas. Finalmente, estão listadasas consequências de não abraçar as TICrapidamente.

As recomendações apresentadas abaixosalientam os passos que o governonecessita de dar para acelerar odesenvolvimento da Sociedade deInformação cabo-verdiana.

5.2.1 Mudança da Concessão daCVT

A Cabo Verde Telecom (CVT) teve um bomdesempenho e dotou o país de umainfra-estrutura de telecomunicaçõesactualizada. Entretanto, há asconsequências inevitáveis da situaçãode monopólio, incluindo preçoselevados, escassez de firmas auxiliarese deficiências na inovação. O relatóriodescreveu alguns dos sectores, comoo serviço móvel e o acesso à Internet,onde os preços de Cabo Verde estãobem acima dos padrões internacionais,sugerindo preços acima da média. Ospreços altos desencorajam o acesso elevam também a soluções complicadaspara evitá-los. Por exemplo, a Internetdo governo está a desenvolver soluçõesde ligação alternativas para evitar oscustos elevados da capacidade dealuguer da CVT. O monopólio de factoda companhia no mercado de Internete os custos elevados de arrendamentodesincentivaram a entrada no mercadode novos PSIs bem como decompanhias auxiliares como ahospedagem de web, designers depáginas web, etc. Isto, por sua vez,contribuiu para uma escassez de

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Tabela 5.2: FFOAs das TIC em Cabo Verde

Pontos Fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças das Tecnologia de Informação e Comunicação

Fonte: UIT.

PONTOS FORTES

EDUCAÇÃO: O índice relativamente elevado de alfabetização dopaís, o nível crescente de matrícula escolar e o númerocrescente de pessoas com educação pós-secundária são pré-requisitos essenciais para a exploração com sucesso das TIC.EXPATRIADOS / COMUNIDADE LUSÓFONA /ALUNOS QUE ESTUDAM NOEXTERIOR: O grande número de pessoas no exterior comlaços a Cabo Verde são uma rica fonte de recursos emconhecimento e investimento. A filiação da grandecomunidade de língua portuguesa oferece sinergiaslinguísticas e de assistência. Ambos os grupos dão a CaboVerde uma perspectiva externa. O grande número decabo-verdianos que estudam no exterior fortalece os laçoscom os países estrangeiros e proporciona ao país umajuventude de mente aberta e escolarizada e uma mão-de-obra que geralmente fala inglês, francês e outras línguas.BOM GOVERNO: a nação tem sido elogiada pela suaestabilidade, transparência e fortes medidas anti-corrupção.PEQUENAS DIMENSÕES/REGIONALISMO: As pequenasdimensões da nação tornam fácil governar e criar umespírito de identidade. As suas característicasgeográficas forçaram-no a tratar das questões numabase regional/local, que facilitaram os processos deimplementação e levaram à eficiência.INFRA-ESTRUTURA: A infra-estrutura das TIC de CaboVerde é de alta qualidade e razoavelmente bemdispersa.LOCALIÇÃO/TURISMO: O arquipélago está estrategicamentelocalizado no cruzamento entre a Europa do Sul, a ÁfricaOcidental e a América do Sul. É também um destinoturístico popular.

OPORTUNIDADES

DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARE: A população cada vez maisescolarizada de Cabo Verde é bem adequada para a entrada dedados, desenvolvimento de software e, com o tempo, aplicaçõesde computador mais elevadas de valor acrescentado paraexportação. A grande comunidade de expatriados e outros paíseslusófonos são mercados potenciais.COMÉRCIO ELECTRÓNICO B2C: Existem grandes oportunidades aserem exploradas. A grande comunidade de expatriados cabo-verdiana é um mercado cativo potencial para todas as coisastipicamente cabo-verdianas que possam ser vendidas na Internet.Isto inclui tudo desde notícias, meios de comunicação, atéserviços vocacionados para os amigos e família (por exemplo,entrega de flores, transferências de dinheiro, etc.). Outraoportunidade é para os produtos cabo-verdianos que poderiamser anunciados e vendidos pela web, como música e informaçõesturísticas.INVESTIMENTO ESTRANGEIRO: A localização, estabilidade e situação deCabo Verde como um país PMD e africano apresentam vantagensaos investidores potenciais. A primeira razão torna-o uma boabase para as exportações para a Europa, América Latina ou ÁfricaOcidental, enquanto que a última razão inclui incentivos comopreferências a importação sem impostos. A disponibilidade deserviços de telecomunicações de boa qualidade a preçocompetitivo atrairia investidores potenciais. Há uma semelhançade desenvolvimento com as Ilhas dos Açores, Canárias e Madeira,Macaronésia. Estes locais mais desenvolvidos economicamenteestão ansiosos por investir em Cabo Verde, contanto que aíexistam os incentivos adequados.

PONTOS FRACOS

PMD: Apesar do sucesso, Cabo Verde ainda é um PMD eenfrenta certas dificuldades.DESCONTINUIDADE GEOGRÁFICA: O facto de Cabo Verde estarespalhado por dez ilhas diferentes eleva os custos deconectividade e significa que a maior parte da infra-estrutura deve ser duplicada.CUSTOS ALTOS DAS TIC: os preços de telecomunicações eInternet relativamente elevados desincentivam odesenvolvimento e investimento de mercado noutrossectores da economia.FALTA DE CULTURA DE INTERNET: A Internet foi introduzidarelativamente tarde e não existe um mercado de valoracrescentado de apoio alargado na hospedagem de web,criação de conteúdos, etc. Há poucos cibercafés comInternet e não há um elevado nível de consciencializaçãoentre o púbico.Empreendedorismo: Cabo Verde está em transição deuma economia estatal para uma economia de livremercado e o envolvimento e iniciativa do sector privadoainda é limitado.INGLÊS: O inglês não é amplamente falado, o que podeser um ponto fraco, se considerarmos que muitossoftwares, conteúdo e manuais das TIC são em inglês.

AMEAÇAS

GLOBALIZAÇÃO: A economia mundial cada vez mais integradaoferece menos controlo às autoridades nacionais e exigecompetitividade do país e "capacidade electrónica". Existecompetitividade crescente para atrair investimento.DESVIO TECNOLÓGICO: Refile e VoiP são apenas dois exemplos douso da tecnologia para se evitarem custos elevados decomunicação. Estes tipos de desvios não podem sereficazmente impedidos e ameaçam provocar impacto noinvestimento no sector das TIC.COMPLACÊNCIA: O crescimento impressionante da rede em CaboVerde pode levá-lo a acomodar-se.TEMPO: O mundo da Internet move-se com rapidez. Os atrasosno desenvolvimento do seu sector de TIC dificultará a CaboVerde recuperar este atraso.CONCORRENTES: O mundo está a tornar-se um lugar cada vezmais competitivo. As nações competem por recursos einvestimento. Existe o risco de Cabo Verde se tornar menoscompetitivo devido a problemas das TIC.FUGA DE CÉREBROS: Uma falta de oportunidades das TICnacionais levará os profissionais qualificados para o exterior.Esta é uma ameaça particularmente séria para Cabo Verdeque já tem uma tradição de emigração, tornando mais fácilpara os que saíram para o exterior manterem-se ligados comos amigos e família no exterior.ESTABILIDADE SOCIAL: Uma falta de oportunidades no campo dasTIC bem como a atracção natural pelos aspectos sociais dasmesmas (por exemplo, e-mail, chat, jogos) pode aumentar odesencanto nos jovens se estes não tiverem acesso às TIC.

5. Conclusões

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Caixa 5.1: Desenvolvimento de serviços TIC

As TIC podem ajudar o processo de desenvolvimentode Cabo Verde. Três exemplos mostram como asTIC podem ser aplicadas à situação social, geográficae económica específica da nação:

Aprendizagem à distância: Cabo Verde investiuintensamente em educação e os resultados estão adar frutos. Existe uma educação primária quaseuniversal. A matrícula no ensino secundário está acrescer: um facto notável se considerarmos quehavia somente três escolas secundárias dez anosatrás. Entretanto, na área de ensino superior, a naçãosofre uma falta de instituições e escassez deprofessores qualificados. Existem apenas cincoinstitutos de ensino superior e uma universidaderecém-inaugurada. Isto não é suficiente pararesponder à procura, e consequentemente muitosalunos vão para o exterior em busca de ensinosuperior. As TIC poderiam ajudar a aliviar a escassezde opções de ensino superior por meio daaprendizagem à distância. Isto poderia tambémsuplantar a descontinuidade geográfica da nação aotornar a cibereducação disponível em todo oarquipélago. Apesar de ter havido algumas iniciativaspara desenvolver o ensino à distância em CaboVerde, nenhuma produziu resultados. As falhasdestas iniciativas não foram analisadas, por isso nãose sabe ao certo quais foram os problemas. Asexperiências bem sucedidas de outros países nestaárea sugerem que, se aplicada apropriadamente, aaprendizagem à distância poderia trazer imensasvantagens a Cabo Verde.2

Pesca: A pesca é uma fonte importante desubsistência para Cabo Verde, apesar do seu plenopotencial não ter sido alcançado.3 Muita pesca érealizada em pequena escala e as técnicas poderiam

ser aperfeiçoadas através do acesso à informação.Uma forma é através da disseminação mais amplade informações sobre técnicas eficientes, apropriadase auto-suficientes. A Organização para a Alimentaçãoe Agricultura (FAO) tem um projecto em Cabo Verdepara melhorar a pesca, utilizando dispositivos deagregação de pesca de baixo custo,tecnologicamente apropriados. Os dispositivosatraem a sarda, o atum e outros peixes nas águasde Cabo Verde e a pesca duplicou nos locaisequipados com o dispositivo. Existem informaçõessobre a construção do dispositivo no sítio da web e,se mais pescadores tiverem acesso à Internet, istopoderia ajudar a melhorar o seu sustento.4

Ligação com a Diáspora: Uma das consequênciasda emigração em grande escala de Cabo Verde foi adificuldade na comunicação entre os que partiram eos que ficaram para trás. Sem o contacto, as duascomunidades cresceram separadas, mas agora comas TIC, existem sinais crescentes de reaproximação.A intensificação dos esforços para ligar os que estãoem Cabo Verde e os que estão fora do país poderiater um impacto significativo no desenvolvimento dopaís. Por exemplo, a expansão do acesso à Internetpara mais cabo-verdianos possibilitaria que eles secorrespondessem por e-mail com maior frequênciae a preços mais baixos com amigos e familiares noexterior. Ao mesmo tempo, há uma quantidadeconsiderável de uso de Internet, desenvolvimentode sítios da web e conteúdo levado a cabo por cabo-verdianos no exterior. A sua perícia é necessária paraauxiliar o país no seu desenvolvimento das TIC.5 Damesma forma, os estudantes que estudam noexterior querem manter-se em contacto com afamília no país. As TIC facilitam esta “relação com opaís”, a um preço relativamente moderado.

inovação, que é crítica se Cabo Verdepretender a transição para umasociedade da informação e aproveitarcom sucesso as TIC para as suasnecessidades de desenvolvimento.

Existem certos argumentos lógicospara a manutenção do monopólio daCVT que só expirará em 2025. Aspreocupações sobre o tamanho domercado não são válidas dado que hápaíses com populações menores doque a de Cabo Verde que possuemsectores de telecomunicaçõescompetitivos. Da mesma forma, aspreocupações sobre a infra-estruturadupla podem ser descartadasassumindo-se que as políticasapropriadas de interligação e revendaestão vigentes. Assumindo-se que

existe capacidade excessiva, seria dointeresse da CVT não a alugar aosseus concorrentes.

Além disso, a CVT pode efectivamentedesistir de seu monopólio. Existeevidência considerável que osmonopólios de telecomunicaçõesanteriores aumentaram efectivamenteas receitas após a introdução daconcorrência como resultado dotamanho maior do mercado, maiorvisibilidade das TIC de receitas depublicidade e interligação. A CVT podetambém querer evitar ser a única fontede críticas dos problemas no sector dasTIC. A CVT pode também beneficiar pornão ser o único responsável pelo acessouniversal. Legalmente, já existe oprecedente de Cabo Verde terminar o

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5. Conclusões

monopólio de serviços internacionais daCPRM mais cedo do que o esperado.Há ainda outros países nos quais aintrodução da concorrência foi levadaadiante. A preferência é que a CVT cedavoluntariamente o seu monopólio.Entretanto, ou se isso não for possívela curto prazo, existem outrosinstrumentos políticos para introduzirconcorrentes. Uma opção é abrir omercado de revenda. Na realidade, nãohá nada no acordo de concessão quesugira que a CVT não seria obrigada afornecer os preços de atacado aosrevendedores. Outra opção seria impormais obrigações de acesso universal àCVT. Isto poderia incluir exigências deprover acesso grátis à Internet a todasas escolas, prover acesso público àInternet em todas as localidades eobrigações similares para aumentar oacesso público às TIC. Se o monopólionão puder ser eliminado a curto prazo,os preços da CVT devem ser estipuladosde acordo com as normas internacionaise a CVT deve ser obrigada a permanecercompetitiva. O governo deve tambémfazer um esforço para esclarecer asituação no mercado dos PSI. Se a CVTnão tiver legalmente um monopólio nomercado dos PSI, isto deve ser tornadoclaro e outras companhias devem serincentivadas a entrar no mercado.

5.2.2 Promoção, apoio e políticagovernamental para as TIC

À revelia, a RAFE tem sido encarregadade desenvolver a rede governamental.Tem conseguido avanços admiráveis naligação das agências do governo e nodesenvolvimento de aplicaçõesinternas. Mas como a RAFE salienta,Cabo Verde ainda não tem um governoelectrónico. Por esse motivo, ogoverno terá de desenvolver uma visão,política e planos estratégicos paragoverno electrónico. Isto inclui odesenvolvimento de aplicações para oscidadãos que podem levar a uma maiorconsciencialização e necessidade de usoda Internet.

5.2.3 Cultura electrónica

Os sinais da Internet em Cabo Verdesão escassos. Existe um escassomercado de acesso à Internet e poucadivulgação externa dos produtos eserviços da Internet. Os benefícios daInternet devem ser mais amplamente

disseminados. Existe uma lacunasignificativa entre os utilizadores actuaise potenciais da Internet em Cabo Verde,que em parte pode ser explicada poruma falta de consciencialização. Por umlado, incluiria o governo dar maiorvisibilidade à Internet paradesenvolvimento nacional. Os passosa serem dados – alguns dos quais jáestão em curso mas necessitam de seracelerados - incluem a adopção de umaestratégia nacional das TIC, a criaçãode leis digitais e a criação de umministério e órgão regulador unificadodas TIC. O sector privado emcrescimento em Cabo Verde tambémnecessita de tomar mais iniciativas nolobby das TIC, por exemplo ao enfatizara importância de aprovar leis edesenvolver soluções de comércioelectrónico. O sector privado tambémnecessita de incorporar as TIC maisprofundamente nas suas empresas e ogoverno necessita de lhes concederincentivos nesse sentido. Podem sertambém dados passos para beneficiaras aptidões das TIC da grande diásporade Cabo Verde.

5.2.4 Melhoria do acesso àinformação na Internet

Muito tem ainda de ser feito paraexpandir o acesso público à Internet.Foi dado um primeiro passo com aligação de todos os institutos deensino superior e um terço das escolassecundárias. Isto necessita de serexpandido e o nível existente deacesso de ser melhorado. Além disso,devem ser elaboradas políticas paraacesso público à Internet. As barreirasreguladoras e outras aoestabelecimento de cibercafés devemser levantadas e deve ser incentivadoo fornecimento de acesso à internetpor atacado. O país necessita tambémde avançar na ligação por banda larga,incluindo o lançamento da tecnologiade Digital Subscriber Line (DSL) (LinhaDigital de Assinante).

5.2.5 Coordenação de projectosde desenvolvimento comcomponente TIC

Muitos desenvolvimentos estimulantesdas TIC em Cabo Verde surgiram pormeio da assistência internacional. Porexemplo, o projecto RAFE, que criouuma rede governamental, é custeado

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pelo Banco Mundial. Entretanto, existeuma carência de conhecimento sobretodos esses projectos. Um problema éque os projectos podem ter umaintenção maior com o componente dasTIC não amplamente divulgado ( comoo RAFE). Deve existir uma melhorcoordenação de todos os projectos quepossuem um componente TIC de formaa evitar duplicação, alcançar sinergiase compartilhar os resultados.

5.2.6 Enigma de tarifas

Cabo Verde enfrenta uma situaçãodifícil relativamente à sua estruturade tarifas telefónicas. As tarifas fixastêm-se mantido praticamenteinalteráveis na última década. Astarifas internacionais são elevadas enecessitam de ser reduzidas se CaboVerde quiser ser competitivo e atrairinvestimento estrangeiro. Além disso,os preços das ligações internacionaissão insustentáveis e incentivam odesvio por meio de refile e telefoniaIP. A CVT precisa de reequilibrar assua tarifas. No entanto tarifastelefónicas locais mais elevadas teriamimpacto no serviço universal, aotornar a posse de telefone mais carae inverter o progresso impressionantefeito por Cabo Verde ao aumentar a

posse de telefones residenciais.Também teria um impacto negativonos preços de Internet via linhatelefónica, já altos em comparaçãocom os internacionais. Uma soluçãopoderia ser baixar ou até mesmoeliminar a taxa de ligação de telefonefixo – citada como sendo uma barreiraà assinatura de telefones - e aumentaras tarifas locais. Ao mesmo tempo,os preços de Internet via linhatelefónica poderiam ser cobrados emseparado das ligações telefónicas devoz tanto à taxa existente como a umataxa menor. A política que maisfavoreceria a Internet seria eliminara taxa de ligação local para acesso àInternet. Alternativamente, a taxa deligação local poderia ser mantida, masos preços de acesso à Interneteliminados, como em Portugal. Emqualquer caso, o exercício dereequilíbrio tarifário deveria sercuidadosamente pensado devido aoseu impacto negativo potencial sobrea assinatura de telefone e o acesso àInternet. Cabo Verde deve procurarauxílio de outros países que tenhamenfrentado problemas semelhantes.Isto ajudaria o governo e o sectorprivado a avaliarem as possíveisconsequências das diferentes políticase directrizes.

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5. Conclusões

1 Não existem pesquisas anteriores em relação ao número de utilizadores. O número de assinantes era de1.974 em Dezembro de 2001. O número de 12.000 é baseado na multiplicação do número de assinantes por4, uma relação comum nos países em desenvolvimento onde o acesso é normalmente através de contaspartilhadas e locais públicos. A agência nacional de estatísticas está a realizar uma pesquisa domiciliária queinclui a questão sobre se a residência tem acesso à Internet. Os resultados devem estar disponíveis emJaneiro de 2003.

2 Uma abordagem seria Cabo Verde colaborar com outros parceiros. A rede de ensino à distância daCAERENAD liga universidades de seis nações diferentes, incluindo o Brasil. Como resultado, o materialdidáctico está disponível em português. A Universidade do Oceano Índico liga cinco nações da costa leste deÁfrica numa rede que oferece programas graduados através de ensino à distância. Está em discussão umprojecto semelhante para as ilhas da Macaronésia de língua portuguesa, incluindo Cabo Verde. Ver WilliamSaint. Tertiary DistanceEducation and Technology in Sub-Saharan África. Banco Mundial, Washington, D.C.Setembro de 1999. http://www.adeanet.org/publications/wghe/tert_disted_en.pdf.

3O peixe constitui 70-90 por cento da proteína animal na dieta cabo-verdiana. A pesca contribui em cerca de5 por cento para o PIB e emprega uns 7.000 pescadores e 3.200 negociantes. Estima-se que somente cercade um terço do potencial é explorado. Ver José Manuel Lima Ramos. “Chemical and Physical Properties ofSynthetic Fibres most Commonly used in Fishing Gear, with Reference to their Use in Cape Verde Fisheries”.Disponível em www.unuftp.is/images/Ramos99-lei%F0r1FF.pdf

4 FAO. “Small cost yields big catch for fishers in Cape Verde.” 18 de Janeiro de 2001.www.fao.org/News/2001/010102.htm.

5 Um projecto da agência das NU para ligar a diáspora africana aos cidadãos locais, particularmente para odesenvolvimento das capacidades em TIC de mulheres, pode ser importante aqui. Verhttp://www.unifem.undp.org/press/pr_afr_digital.html.

6 “The Information Society is a society where the ability to acess, search, use, create and exchangeinformation is the key for individual and collective well-being.” Ver “Creating a Knowledge Society in NewZealand” no sítio da web do Ministério da Pesquisa, Ciência e Tecnologia em:www.newuses.net/docs/Kaplan_IS%20definition.doc. Sociedade baseada no conhecimento “descreve umasociedade onde a criação, partilha e uso do conhecimento são factores-chave para a prosperidade e bem-estar das pessoas.” Ver http://www.morst.govt.nz/guide/knowledge.html.

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Anexo 1: Relação de reuniõs

No. DATA HORÁRIO Reunião com

1 16/04/02 14:00 Ministério de Infra-estructura e Transportes (MIT) 2 16/04/02 15:30 Direcção-Geral das Comunicações 3 16/04/02 17:30 Sociedade Internacional de Telecomunicações

Aeronáuticas (SITA) 4 17/04/02 09:00 Cabo Verde Telecom (CVT) 5 17/04/02 14:00 Instituto Nacional de Estatística (INS). 6 17/04/02 15:00 Reforma da Administração Financeira do Estado

(RAFE) 7 17/04/02 17:00 Câmara de Comércio que representa o Sotavento.

D.G. de Comércio, D.G. das Alfândegas 8 18/04/02 09:00 Ministério da Saúde 9 18/04/02 10:00 Ministério da Educação e PROMEF (Projecto de

Consolidação e Modernização da Educação e Formação)

10 18/04/02 14:30 Representantes do Sector Privado: NT2000, INFOTEL, SOPROINF, MULTIDATA, CABONET, ENITEL, BOUTIQUE INFORMATICA. CECV, BCA, BANCO TOTA E AÇORES, B. INTERATLANTICO, BCV, SISP

11 18/04/02 16:00 Representantes dos meios de comunicação: RTC, RTPA, EXPRESSO DAS ILHAS, JORNAL HORIZONTE, JORNAL A SEMANA, INFOPRESS, RÁDIOS PRIVADAS

12 19/04/02 09:30 RAFE 13 19/04/02 11:30 PROMEX. Conselho e promoção de investimentos. 14 19/04/02 14:00 Visita à Escola Técnica de Santa Catarina e a

Cibercafé 15 22/04/02 11:00 Instituto Superior de Engenharia e Ciências do Mar

(ISECMAR) 16 22/04/01 15:00 Câmara de Comércio que representa o Barlavento

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Anexos

Anexo 2: Acrónimos e abreviaturas

ADB Banco de Africano de Desenvolvimento

ATM Máquinas de caixa automática

B2B Business-2-Business

B2C Business-2-Consumer

CCNA Cisco Certified Network Associate exam

CNAP Cisco Networking Academy Program

CPLP Comunidade dos Países de Língua Portuguesa

CPRM Companhia Portuguesa Rádio Marconi

CTT Serviços de Correios e Telecomunicações (CTT)

CTT-EP Empresa Pública de Correios e Telecomunicacões SARL

CVT Cabo Verde Telecom. A operadora nacional de telecomunicações.

DNS Servidor de Nomes de Domínio

DSL Linha de Assinante Digital

ECV Escudo de Cabo Verde. A moeda nacional. A taxa de ECV 120 por um dólar americanofoi usada nos cálculos deste relatório.

FAO Organização para a Alimentação e Agricultura

GDP Gross Domestic Product (Produto Interno Bruto)

GNI Gross National Income (Rendimento Nacional Bruto)

GPRS General Packet Radio Services

GSM Sistema Global de Comunicação Móvel

HDI Índice de Desenvolvimento Humano

ICT Information and Communication Technologies (Tecnologias de Informação e Comunicação– TIC)

INE Instituto Nacional de Estatística. National Institute of Statistics.

ISDN Integrated Services Digital Network (Rede Digital de Serviços Integrados – RDSI)

ISECMAR Instituto Superior de Engenharia e Ciências do Mar.

PSI Internet Service Provider (Provedor de Serviços de Internet - PSI)

ITCI ITU’s Iniciativa de Centros de Formação de Internet para Países em Desenvolvimento

ITU International Telecommunication Union (União Internacional das Telecomunicações –UIT)

Kbps Kilo bites por Segundo

LAN Local Area Network (Rede Local)

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LDC Least Developed Country (País Menos Desenvolvido – PMD)

Mbps Mega bites por segundo.

MESYS Ministry of Education, Science, Youth and Sports (Ministério da Educação, Ciência,Juventude e Desporto)

MID Marconi’s Internet Direct

MIT Ministerio de Infra-estructura e Transportes.

MMDS Serviço de Distribuição Multi-pontos Multi-canal

NIS National Institute of Statistics (Instituto Nacional de Estatística)

OPEC Organisation of Petroleum Exporting Countries (Organização dos Países Exportadoresde Petróleo – OPEP)

PAICV Partido Africano para a Independência de Cabo Verde

PIP Public Investment Program (Programa de Investimento Público)

PROMEF Projecto de Consolidação e Modernização da Educação e Formação:

PT Portugal Telecom.

RAFE Reforma da Administração Financeira do Estado

RDP Radiodifusão Portuguesa S.A.

RFI Radio France Internationale

RIPE Réseaux IP Européens

RTC Radiotelevisão de Cabo Verde

RTP Radiotelevisão Portuguesa

SME Small and Medium Enterprises (Pequenas e Médias Empresas)

UUCP UNIX-to-UNIX Copy. Refere-se a um protocolo UNIX que torna possível copiar um arquivodum computador UNIX para outro via linha telefónica ou ligação directa.

WAP Wireless Application Protocol

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Anexos

Anexo 3: Dimensões da estrutura

Tabela 1: Penetração da Internet

Nível 0 Não existente: A Internet não existe de forma viável neste país. Não há nenhum computador com conexões IP internacionais no país. Pode haver alguns utilizadores de Internet no país; entretanto, obtêm uma ligação via uma ligação telefónica internacional para um PSI estrangeiro.

Nível 1 Em estado embrionário: A proporção de utilizadores de utilizadores per capita é da ordem de magnitude de pelo menos um em mil (0,1% ou mais).

Nível 3 Comum: A proporção de utilizadores de Internet per capita é da ordem de magnitude de pelo menos um em cem (1% ou mais).

Nível 4 Penetrante: A internet é penetrante. A proporção de utilizadores de Internet per capita é da ordem de magnitude de pelo menos um em 10 (10% ou mais).

Tabela 2: Dispersão Geográfica da Internet

Nível 0 Não existente: A Internet não existe de forma viável neste país. Não há nenhum computador com conexões IP internacionais no país. Um país pode usar conexões UUCP para email e USEnet.

Nível 1 Local único: Os pontos de presença da Internet estão confinados a um centro populacional de porte.

Nível 2 Moderadamente disperso: Os pontos de presença de Internet estão localizados pelo menos em metade do primeiro nível de subdivisões políticas do país.

Nível 3 Altamente disperso: Os pontos de presença da Internet estão localizados em pelo menos três quartos do primeiro nível de subdivisões políticas do país.

Nível 4 Em todo o país: Os pontos de presença da Internet estão localizados no primeiro nível das subdivisões políticas do país. O acesso via linha telefónica rural está disponível a nível público e geral e existe disponibilidade de conectar uma linha alugada.

Tabela 3a: uso Sectorial da Internet

Sector Raro Moderado Comum

Académico - escolas primárias e secundárias, universidades

>0-10% têm conectividade à Internet por linha alugada

10-90% têm conectividade à Internet por linha alugada

>90% têm conectividade à Internet por linha alugada

Comercial – empresa com >100 empregados

>0-10% têm servidores de Internet

10-90% têm servidores de Internet

>90% têm servidores de Internet

Saúde-Hospitais e clínicas

>0-10% têm conectividade à Internet por linha alugada

>0-10% têm conectividade à Internet por linha alugada

>0-10% têm conectividade à Internet por linha alugada

Principais entidades públicas e segundo nível do governo

>0-10% têm servidores de Internet

10-90% têm servidores de Internet

>90% têm servidores de Internet

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Estudo de casos de Internet em Cabo Verde

Tabela 3b: A Absorção Sectorial da Internet

Total de pontos sectoriais Taxa de dimensão de absorção

0 Nível 0 Não existente

1-4 Nível 1 Raro

5-7 Nível 2 Moderado

8-9 Nível 3 Comum

1-12 Nível 4 Amplamente usado

Tabela 4: Infra-estrutura de Conectividade da Internet

Suporte doméstico

Links Internacionais

Centrais de Internet

Métodos de acesso

Nível 0 Não existente Nenhum Nenhum Nenhuma Nenhum

Nível 1 Fraca ? 2 Mbps ? 128 Kbps Nenhuma Modem

Nível 2 Expandida > 2 - 200 Mbps

> 128 Mbps kbps -- 45 Mbps

1 Modem linhas alugadas de 64 Kbps

Nível 3 Ampla > 200 Mbps -- 100 Gbps

>45 Mbps -- 10 Gbps

Mais de uma; Bilateral ou Aberta

Modem linhas alugadas a > 64 Kbps

Nível 4 Imensa > 100 Gbps > 10 Gbps Muitas; Ambas Bilaterais e Abertas

< 90% modem Linhas alugadas de> 64 Kbps

Tabela 5: A Estrutura Organizacional da Internet

Nível 0 Nenhuma: A Internet não está presente neste país.

Nível 1 Simples: Um único PSI tem um monopólio no mercado de abastecimento de serviço de Internet. Este PSI é de forma geral da propriedade ou significativamente controlado pelo governo.

Nível 2 Controlada: Existem apenas poucos PSIs porque o mercado é controlado de perto por meio de barreiras à entrada. Todos os PSIs ligam-se à Internet internacional por meio de um provedor de serviços de telecomunicações em monopólio. A prestação de infra-estrutura doméstica é também um monopólio.

Nível 3 Competitividade: O mercado de Internet é competitivo e existem muitos PSIs devido às baixas barreiras à entrada no mercado. A provisão de links internacionais é um monopólio, mas a provisão de infra-estrutura doméstica está aberta à competição, ou vice-versa.

Nível 4 Robusta: Existe uma infra-estrutura rica de abastecimento de serviço. Existem muitos PSIs e poucas barreiras à entrada no mercado. Os links internacionais e a infra-estrutura nacional estão abertas à concorrência. Existem organizações colaboradoras e acertos como centrais públicas, associações industriais e equipes de resposta de emergência.

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Anexos

Tabela 6: A Sofisticação do Uso da Internet

Nível 0 Nenhuma: A Internet não é usada, à excepção de uma fracção muito pequena da população que se liga aos serviços externos.

Nível 1: Mínima: A pequena comunidade de utilizadores luta para usar a Internet em aplicações convencionais, predominantes.

Nível 2: Convencional: A comunidade de utilizadores muda as práticas estabelecidas de alguma forma em resposta a, ou de forma a adaptar a tecnologia, mas poucos processos estabelecidos são mudados drasticamente. A Internet é usada como um substituto ou intensificação de um processo existente (por exemplo, e-mail versus correio). Este é o primeiro nível em qual podemos dizer que a Internet “se impôs” num país.

Nível 3 Transformação: O uso pela comunidade de utilizadores dos resultados da Internet em novas aplicações, ou mudanças significativas nos processos e práticas existentes, embora estas inovações possam não necessariamente alargar as fronteiras da capacidade tecnológica. Um forte indicador do processo de reengenharia empresarial para tirar proveito da Internet, é que um número significativo (mais de 5%) de sítios da web, tanto governamentais como empresariais, é interactivo.

Nível 4: Inovação: A comunidade de utilizadores é perspicaz e altamente exigente. A comunidade de utilizadores aplica regularmente ou tenta aplicar a Internet de forma inovadora, que incentiva a capacidade da tecnologia. A comunidade de utilizadores desempenha um papel significativo no incentivo à tecnologia de ponta e tem uma relação mutuamente benéfica e sinérgica com os responsáveis de desenvolvimento.