a horta escolar como instrumento de educaÇÃo alimentar e nutricional - a experiÊncia da e.b.m....
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Projeto horta na escolaTRANSCRIPT
A HORTA ESCOLAR COMO INSTRUMENTO DE EDUCAÇÃO ALIMENTAR E
NUTRICIONAL - A EXPERIÊNCIA DA E.B.M. DIOGO ALVES DA SILVA, NO
MUNICÍPIO DE CHAPECÓ – SC.
¹Chaiane Paula Toldo, ¹Jordana Fortunatti Mendes, ²Nadia Kunkel Szinwelski.
¹ Acadêmicas do Curso de Nutrição da Universidade Comunitária da Região de
Chapecó - UNOCHAPECÓ.
² Mestre em Saúde Pública. Docente do Curso de Nutrição da Área de Ciências da
Saúde da Universidade Comunitária da Região de Chapecó – UNOCHAPECÓ.
INTRODUÇÃO
A promoção da educação alimentar e nutricional permite que as pessoas
adquiram maior controle sobre sua própria qualidade de vida em relação a
alimentação. Através da adoção de hábitos saudáveis não só, os indivíduos, mas
também suas famílias e a comunidade se apoderam de um bem, um direito e um
recurso aplicável à vida cotidiana (MAGALHÃES, 2003).
Segundo a Organização Mundial da Saúde, (OMS, 1997), uma das melhores
formas de promover a saúde é através da escola, pois é um espaço social, onde
muitas pessoas convivem, aprendem e trabalham, além disso, é onde os programas
de educação e saúde podem ter a maior repercussão, beneficiando os estudantes
na infância e na adolescência, portanto, ela desempenha um papel fundamental na
formação dos hábitos alimentares.
Nesta abordagem, o Projeto Horta na Escola tem enfoque prioritário no
resgate de hábitos alimentares regionais, como o cultivo de hortaliças, frutas,
verduras e legumes na escola ou em casa, sendo alimentos de baixo custo de
manutenção, mas elevado valor nutritivo, bem como adoção de padrões alimentares
variados desde os primeiros anos à adolescência na escola, conduzindo esses
hábitos junto à vida adulta até a velhice, e repassando assim por diante (PINHEIRO,
2003).
Diante disso, o objetivo deste trabalho é relatar a experiência do projeto Horta
na Escola da E.B.M. Diogo Alves da Silva, Chapeco – SC.
Metodologia:
Foi realizado um estudo de caso como modalidade de pesquisa, que é
entendido como uma metodologia ou como a escolha de um objeto de estudo
definido pelo interesse em casos individuais. Visa à investigação de um caso
específico, bem delimitado, contextualizado em tempo e lugar para que se
possa realizar uma busca circunstanciada de informações (VENTURA, 2007).
O estudo de caso em questão diz respeito ao projeto Horta na Escola,
que foi desenvolvido com crianças de 6 a 8 anos cursando o ensino
fundamental matutino, durante o mês agosto de 2015.
Este trabalho foi articulado com a professora de artes, onde a mesma
trabalhou com os alunos em sala de aula o tema Giuseppe Arcimboldo um
artista muito conhecido por suas obras principalmente a série "As quatro
estações", onde usou, pela primeira vez, imagens da natureza Morta, tais
como frutas, verduras e flores, para compor fisionomias humanas
(BERRA,2011).
A professora organizou a turma para que as estagiarias do curso de
Nutrição pudessem desenvolver o projeto. O mesmo foi executado em dois
momentos, o preparo da horta propriamente dita e o trabalho pedagógico em
sala de aula. O projeto teve a parceria da EPAGRI - Empresa de Pesquisa
Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina, e o Viveiro da
UNOCHAPECÓ, que disponibilizaram mudas de alecrim, hortelã, sementes
de pepino, beterraba, cenoura, salsa, feijão.
Resultados e discussão:
Conhecer os hábitos e aspectos alimentares, sociais e culturais das
crianças matriculadas na E.B.M. Diogo Alves da Silva foi o início do processo
da ação educacional. Através deste estudo, ficou clara a importância de
analisar temas ligados à educação ambiental e alimentar, uma vez que as
crianças não têm muito contato com a horta ou com o plantio. Outro fato
reside no fato da horta ser uma ferramenta de EAN que já tem sua eficácia
bem relatada da literatura.
A elaboração de uma horta suspensa, que ocorreu em dois momentos,
surgiu como uma das propostas de atividades a serem realizadas no Estágio
em Nutrição Social I, intitulado “Projeto Horta na Escola”, foi desenvolvido
durante o mês de agosto de 2015. O referido projeto contou com a
participação das estagiárias do curso de Nutrição, a Pedagoga responsável
pelos alunos participantes, os alunos matriculados, Viveiro da Unochapecó e
EPAGRI. No primeiro momento, por meio de diálogos, explicamos aos alunos
quais eram os alimentos que estávamos plantando, a sua importância
nutricional e a utilidade do mesmo. Em seguida, cultivamos os mesmos em
garrafas descartáveis suspensas, onde muitos dos alunos relataram estar
tendo o primeiro contato com o plantio. Quando terminado o trabalho,
explicamos a importância do cuidado com a horta, pois embora eles não
tenham conhecimento, boa parte da alimentação preparada na escola vem de
alimentos cultivado por agricultores familiares, então cuidando da horta,
poderiam estar aproveitando os alimentos que dela viriam.
No segundo momento, trabalhamos em sala, levando alguns alimentos
que plantamos e outros que haviam sido distribuídos em sementes. Os
alimentos já estavam grandes e maduros, e a atividade contava com o
reconhecimento dos alunos e os alimentos. Muitos desconheciam alguns,
como por exemplo, o agrião, a rúcula, o repolho roxo, etc. Após o
reconhecimento, explicamos a importância de um prato colorido, e a atividade
se conclui com a releitura prática de uma obra de Giuseppe Arcimboldo,
intitulada “Vertemnus”, de 1591, e após os grupos terminarem suas obras,
tiveram a oportunidade de provar alguns alimentos que, até o início da aula
eram desconhecidos aos seus olhos. Os alunos conseguiram compreender a
importância de uma alimentação variada e balanceada, contendo alimentos in
natura que trazem apenas benefícios ao nosso organismo.
Considerações finais
O trabalho horta na escola proporcionou uma reflexão acerca da
importância dos alimentos in natura na vida dos alunos e também o
conhecimento sobre temperos, frutas, verduras e legumes. Observou-se que
muitos alunos não têm o habito de realizar suas refeições em casa, com
alimentos que sejam preparados e que não sejam prontos para o consumo.
Alguns alunos desconhecem certas ervas naturais e que podem substituir o
sal na comida do dia a dia. A horta em ambiente escolar torna-se um
laboratório vivo que possibilita o desenvolvimento de diversas atividades
pedagógicas em educação ambiental e alimentar, unindo teoria e prática de
forma contextualizada, auxiliando no processo de ensino-aprendizagem e
estreitando relações através da promoção do trabalho coletivo e cooperado
entre os agentes sociais envolvidos (MORGADO, 2008).
Com o projeto trabalhado na escola, obtiveram-se ganhos positivos
com resultados esperados alcançados, através de mudanças alimentares e
consumo diário pelos alunos e de pais que relataram que passaram a
consumir hortaliças devido às cobranças dos filhos. Percebe-se, portanto, que
é notório que a horta contribui para um ensino e aprendizagem, tanto para
inserção ao consumo das hortaliças, frutas, verduras, legumes, como para
uma consciência ambiental e sustentável.
A relevância deste projeto para os acadêmicos foi grande, sendo
gratificante trabalhar o tema horta escola, com um ganho valoroso que foi
repassar o conhecimento para crianças que se permitem aprender e tem o
poder de passar para sua família o que aprenderam.
REFERÊNCIAS:
BERRA, Giacomo. Ut musica pictura: l'Arcimboldo e la ricerca dele “musicali
consonanze dentro i colori”. In: Arcimboldo: artista milanese tra Leonardo e
Caravaggio. (p.349-359). Milano: Skira ed., 2011. (artigo traduzido)
MAGALHÃES, A. M. A horta como estratégia de educação alimentar em creche.
2003. 120 f. Dissertação (Mestrado em Agroecossistemas) - Universidade Federal
de Santa Catarina, Florianópolis, 2003.
MORGADO, Fernanda da Silva. A horta escolar na educação ambiental e
alimentar: experiência do projeto horta viva nas escolas municipais de
Florianópolis. EXTENSIO – Revista Eletrônica de Extensão, Nº 6, ano 2008.
PINHEIRO, Anelise Rizzolo de Oliveira. Promoção da alimentação saudável
como instrumento de prevenção e combate ao sobrepeso e obesidade.
Brasília: Ministério da Saúde; 2003.
VENTURA, Magda Maria. O Estudo de Caso como Modalidade de Pesquisa.
Revista da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro.
Setembro/outubro de 2007.