a historia de carmem miranda - mkmouse.com.br historia de... · mais tarde veio o cinema, ......

30
A HISTORIA DE CARMEM MIRANDA Sexta-feira, 25.04.14 Maria do Carmo Miranda da Cunha GOIH (Marco de Canaveses, 9 de fevereiro de 1909 — Los Angeles, 5 de agosto de 1955), mais conhecida como Carmen Miranda, foi uma cantora e atriz luso-brasileira Sua carreira artística transcorreu no Brasil e Estados Unidos entre as décadas de 1930 e 1950. Trabalhou no rádio, no teatro de revista, no cinema e na televisão, chegando a receber o maior salário até então pago a uma mulher nos Estados Unidos. Muito "avançada" para o seu tempo, Carmen Miranda - cuja imagem ficou para sempre associada aos penduricalhos ao pescoço e às frutas tropicais que lhe ornamentavam a cabeça - é considerada a pioneira do tropicalismo, movimento cultural brasileiro dos anos de 1960. Tal afirmação ainda é desconsiderada por certos pesquisadores.

Upload: doanhuong

Post on 08-Feb-2019

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

A HISTORIA DE CARMEM MIRANDASexta-feira, 25.04.14

Maria do Carmo Miranda da Cunha GOIH (Marco de Canaveses, 9 defevereiro de 1909 — Los Angeles, 5 de agosto de 1955), mais conhecidacomo Carmen Miranda, foi uma cantora e atriz luso-brasileira

Sua carreira artística transcorreu no Brasil e Estados Unidos entre asdécadas de 1930 e 1950.

Trabalhou no rádio, no teatro de revista, no cinema e na televisão,chegando a receber o maior salário até então pago a uma mulher nosEstados Unidos.

Muito "avançada" para o seu tempo, Carmen Miranda - cuja imagemficou para sempre associada aos penduricalhos ao pescoço e às frutastropicais que lhe ornamentavam a cabeça - é considerada a pioneira dotropicalismo, movimento cultural brasileiro dos anos de 1960.

Tal afirmação ainda é desconsiderada por certos pesquisadores.

Biografia Infância

Carmen Miranda foi batizada com o nome de Maria do Carmo Miranda da Cunhana igreja da freguesia de Várzea da Ovelha e Aliviada, concelho de Marco de Canaveses.

Era a segunda filha do barbeiro José Maria Pinto da Cunha (Marco de Canaveses,Várzea da Ovelha e Aliviada, 17 de Fevereiro de 1887 - 21 de Junho de 1938) e de suamulher, Maria Emília Miranda (Marco de Canaveses, Várzea da Ovelha e Aliviada, 10 deMarço de 1886 - Rio de Janeiro, 9 de Novembro de 1971).

Ganhou o apelido de Carmen no Brasil, graças ao gosto que seu tio Amaro tinhapor óperas.

A emigração da família para o Brasil já estava marcada.

Entretanto, ao ver-se grávida, a mãe de Carmen preferiu aguardar.

Pouco depois de seu nascimento, seu pai, José Maria, emigrou para o Brasil,5onde se instalou no Rio de Janeiro.

Em 1910, sua mãe, Maria Emília seguiu o marido, acompanhada da filha maisvelha, Olinda, e de Carmen, que tinha menos de um ano de idade.

Carmen nunca voltou ao país onde nascera.

A câmara municipal de Marco de Canaveses deu seu nome ao museu municipal.

No Rio de Janeiro, seu pai abriu um salão de barbeiro na rua daMisericórdia, número 70, em sociedade com um conterrâneo.

A família estabeleceu-se no sobrado acima do salão.

Mais tarde mudaram-se para a rua Joaquim Silva, número 53, na Lapa.

No Brasil, nasceram os outros quatro filhos do casal: Amaro (1911),Cecília (1913-2011), Aurora (1915 - 2005) e Oscar (1916).

‘Carmen estudou na escola de freiras Santa Teresa, na rua da Lapa,número 24.

Teve o seu primeiro emprego aos 14 anos numa loja de gravatas, edepois numa chapelaria.

Contam que foi despedida por passar o tempo cantando, mas o seubiógrafo Ruy Castro diz que ela cantava por influência de sua irmã maisvelha, Olinda, e que assim atraía clientes .

Nesta época, a sua família deixou a Lapa e passou a residir numsobrado na Travessa do Comércio, número 13.

Em 1925, Olinda, acometida de tuberculose, voltou a Portugal paratratamento, onde permaneceu até sua morte em 1931.

Para complementar a renda familiar, sua mãe passou a administraruma pensão doméstica que servia refeições para empregados de comércio.

Em 1926, Carmen, que tentava ser artista, apareceu incógnita em umafotografia na sessão de cinema do jornalista Pedro Lima da revista Selecta.

Em 1929, foi apresentada ao compositor Josué de Barros, queencantado com seu talento passou a promovê-la em editoras e teatros.

No mesmo ano, gravou na editora alemã Brunswick, os primeirosdiscos com o samba Não Vá Sim'bora e o choro Se O Samba é Moda.

Pela gravadora Victor, gravou Triste Jandaya (grafia original) e DonaBalbina ou "Buenas Tardes muchachos".

O início da carreira artística e consagração

Em 1928, o deputado baiano Aníbal Duarte, que almoçava na pensãodirigida por Maria Emília Miranda, apresentou Carmen a Josué de Barros.Josué trabalhava na Rádio Sociedade Professor Roquete Pinto e levouCarmen para atuar na emissora.

Ele queria ouvir sua voz em disco, então a apresentou ao diretor daBrunswick e em 1929, ela gravou sua primeira música - o samba "Não vásimbora", com autoria de Josué.

Carmen foi então apresentada ao diretor da gravadora RCA Victor,onde ela iniciou sua carreira gravando "Dona Balbina" e "Triste Jandaia".

Meses depois foram lançadas as musicas "Barucuntum" e "Iaiá Ioiô".

O famoso compositor e médico Joubert de Carvalho escutou em discoCarmen cantar a música Triste Jandaia enquanto passava pela RuaGonçalves Dias, ponto de encontro de músicos e compositores, e insistiu quealguém o apresentasse à cantora.

Feitas as apresentações, Joubert revelou que queria escrever algoespecial para ela.

Ele compôs a música Taí com a marcha-canção Pra Você Gostar deMim.

A música foi um sucesso e o disco vendeu 35 mil cópias no ano delançamento, recorde para a época, Carmen era então aclamada pela críticacomo a maior cantora do Brasil.

Em 1933 ajudou a lançar a irmã Aurora na carreira artística.

No mesmo ano, assinou um contrato de dois anos com a rádio MayrinkVeiga para ganhar dois contos de réis por mês.

Foi a primeira cantora de rádio a merecer contrato, quando a praxe erao cachê por participação.

Logo recebeu o apelido de "Cantora do It".

Apesar de Carmen não ser especificamente uma sambista – apesar delhe terem atribuído esse título – chegou a gravar mais de vinte canções entreTangos (um de seus gêneros favoritos), Foxtrote, Marchas de carnaval eLundu; dos mais populares autores brasileiros, como Ary Barroso,Pixinguinha, Noel Rosa, Cartola e Assis Valente.

A carreira seguiria de vento em popa, Carmen excursionou por todosos estados do Brasil e logo começou a fazer sucesso nos países da AméricaLatina.

Em 30 de outubro de 1933, realizou sua primeira turnê internacional,apresentando-se em Buenos Aires.

Voltou à Argentina no ano seguinte para uma temporada de um mês naRádio Belgrano. Também passou a estrelar vários filmes na época, ao todoela fez sete filmes no Brasil – a maioria, perdidos.

Ela passou a ser chamada de "A Pequena Notável" - por causa daestatura baixa.

Em dezembro de 1936, Carmen deixou a Mayrink Veiga e assinou coma Tupi, ganhando semanalmente 1 conto de réis.

Carmen une-se posteriormente ao Bando da Lua, e com eles começa afazer turnês pelo Brasil, apresentando-se.

As pessoas ficam surpresas ao verificar que a dona da bela voz étambém tão bela quanto ela e acompanhada pelo conjunto Diabos do Céu,de Pixinguinha grava canções como "Anoiteceu" e "Tempo perdido".

Dois anos depois de ingressar na Odeon, ela já era o mais popular ebem pago nome da música brasileira.

Foi então que assumiu a condição de estrela principal do Cassino daUrca.

Carreira cinematográfica no Brasil

No início, sua carreira foi marcada por uma tímida atuação solo ealgumas interpretações em duo, com astros do porte de Chico Alves, MárioReis e Sylvio Caldas.

Mais tarde veio o cinema, que em 1933 leva a sua imagem e seujeitinho esperto de olhar para todo o país com "Luz do Carnaval", o primeirode uma série de 19 filmes que marcaram sua trajetória.

Em 1926 apareceu como figurante no filme A Esposa do Solteiro, equatro anos depois assinou contrato para Degraos da Vida, que não chegoua ser rodado.

Em 1932 faz parte do elenco de artistas de um semidocumentário:"Carnaval Cantado de 1932 no Rio"

Em 1933, canta as marchas "Good-Bye Boy" e "Moleque Indigesto",documentário nos moldes de Carnaval Cantado.

Em 1934 canta duas músicas no filme "Alô, Alô, Brasil", tendo a elasido concedida a última apresentação do filme, geralmente dada ao artistaprincipal.

Em 1935, recebe o apelido de "A Pequena Notável", dado pelo célebrecantor-apresentador César Ladeira, com quem trabalhou na Rádio MayrinkVeiga.

Com o sucesso do filme, é convidada para participar, em 1935 do filme"Estudantes", pela primeira vez como protagonista.

O êxito do filme levou a Cinédia a chamá-la para um novo filme:"Bonequinha de Seda".

Esta, por algum motivo não elucidado - provavelmente viagem àArgentina - não aceitou o papel, que foi dado a Gilda de Abreu.

Em 20 de janeiro de 1936, estreou o filme Alô, Alô Carnaval com afamosa cena em que ela e Aurora Miranda cantam "Cantoras do Rádio".

Neste mesmo celulóide, canta uma música sozinha no palco.

No mesmo ano, as duas irmãs passaram a integrar o elenco doCassino da Urca de propriedade de Joaquim Rolla.

A partir de então as duas irmãs se dividiram entre o palco do cassino eexcursões frequentes pelo Brasil e Argentina.

Quase todos os musicais tiveram como tema o Brasil e o carnaval, masfoi o último filme, Banana da Terra, de 1939, que instaurou o estilo queconsagrou Carmen Miranda no mundo todo.

Ela apareceu interpretando O que é que a Baiana Tem?

de Dorival Caymmi, usando as famosas roupas de baiana, turbantes,as altíssimas sandálias de plataforma e os inúmeros colares e pulseiras.

Depois de uma apresentação para o astro de Hollywood Tyrone Powerem 1938, aventou-se a possibilidade de uma carreira nos Estados Unidos.Carmen recebia o fabuloso salário de 30 contos de réis mensais no Cassinoda Urca e não se interessou pela ideia.

Em 1939, o empresário estadunidense Lee Shubert e a atriz SonjaHenie assistiram ao espetáculo de Carmen no Cassino da Urca.

Depois de um espetáculo no transatlântico Normandie, Carmenassinou contrato com o empresário.

A execução do contrato não foi imediata, pois a cantora fazia questãode levar o grupo musical Bando da Lua para a acompanhar, mas oempresário estava apenas interessado em Carmen.

O impasse foi resolvido graças à intervenção de Alzira Vargas, quegarantiu o embarque dos integrantes do Bando da Lua.

Carmen partiu no navio SS Uruguay em 4 de maio de 1939, àsvésperas da Segunda Guerra Mundial.

A carreira nos Estados Unidos

Protagonista de uma carreira meteórica, Carmen conseguiu umaprojeção internacional como nenhuma outra artista do país, primeiro naArgentina e outros países da América Latina e depois nos Estados Unidos,Europa e em todo o mundo.

Nos Estados Unidos, a carreira de Carmen Miranda e sua imagemganharam novas conotações.

Carmen foi inicialmente contratada para trabalhar na Broadwayfazendo performances musicais em grandes teatros e casas deentretenimento, já em 1940 começa a atuar também na indústriacinematográfica.

Sempre acompanhada nos palcos e nos filmes do Bando da Lua. Comos filmes hollywoodianos Carmen sedimentou sua popularidade no país e setornou uma estrela internacional.

Em 29 de maio de 1939, estreou no espetáculo musical Streets ofParis, em Boston e em seguida na Broadway, com êxito estrondoso depúblico e crítica.

As suas participações teatrais tornaram-se cada vez mais famosas.

Em 5 de março de 1940, fez uma apresentação perante o presidenteFranklin D. Roosevelt durante um banquete na Casa Branca.

Neste mesmo ano ela fez sua primeira aparição no cinema norte-americano; foi em Serenata Tropical (Down Argentine Way), da 20th Century-Fox, em que Carmen apenas canta.

O filme estreou em outubro e bateu recordes de bilheteria.

Em pouco tempo fez participações em programas de grande audiência,cantando músicas como Mamãe Eu Quero, Tico-tico no Fubá, O que é que aBaiana Tem? e South American Way, tornando-se um fenômeno também nosEUA.

Em 1945 tinha o maior salário de Hollywood, acima de nomes comoCary Grant e Humphrey Bogart.

O figurino extravagante e peculiar, inspirado nas roupas dastradicionais baianas, ganhou o apelido de Miranda Look em Hollywood, nadécada de 40, seus turbantes e balangandãs foram copiados e expostos emvitrines de lojas, como cantora vendeu mais de 10 milhões de discos nomundo todo, ficou conhecida como a "The Brazilian Bombshell" (A ExplosãoBrasileira)nota 3 alusão ao frenesi que causava em suas apresentações.

A exótica baiana agradou aos norte-americanos, mas despertoupolêmica entre os brasileiros, com suas vestes estilizada e o arranjo de frutastropicais que carregava sobre a cabeça – marcas definitivas de sua imagem– Carmen Miranda, acabou por expor ao mundo uma visão caricata eestereotipada do Brasil.

No auge da “política da boa vizinhança” entre os Estados Unidos e aAmérica do Sul, sua imagem latina era explorada pelos estúdios à exaustão.Tal exposição internacional fez despertar na intelectualidade brasileira umcerto sentimento de desprezo por sua figura.

Em uma apresentação no Cassino da Urca com a presença de políticosimportantes do Estado Novo, foi apupada pelos que a consideravam"americanizada". Entre os seus críticos havia muitos que eram simpatizantesde correntes políticas contrárias aos Estados Unidos.

Dois meses depois, Carmen voltaria ao mesmo palco e seriafartamente aplaudida por uma platéia mais afeita ao seu repertório, então jáatualizado com respostas como "Disseram que Voltei Americanizada",especialmente composta por Vicente Paiva e Luiz Peixoto, no mesmo mêsgravou seus últimos discos no Brasil.

Eles não podiam perceber que ela, a seu modo, resistia àamericanização já anunciada em 1940, talvez o antiamericanismo deCarmen não estivesse em nenhuma grande manifestação pública denacionalismo. Talvez a resistência sutil fosse a forma encontrada parasuportar a máquina americana do show business.

Fabricada pelos filmes da 20th Century Fox sua imagem acaboucriando um inconveniente para si própria: ela percebeu que estariaaprisionada a imagem da “Garota Latina” para sempre.

Como contratada da Fox, Carmen era uma mina de ouro para acompanhia, ela era obrigada a forçar um sotaque latino caricato, mesmofalando inglês perfeitamente.

Nos filmes, grandes musicais luxuosos em Tecnicolor – tãoestonteantes quanto o seu figurino – Carmen tanto podia interpretar umabrasileira, quanto uma mexicana, cubana, porto-riquenha ou até uma cigana.

Mas ela era sempre a garota latina.

Entre os atores com quem contracenou, estão nomes importantes daantiga Hollywood, como Alice Faye, Betty Grable, Jane Powell, Vivian Blaine,Don Ameche, Dean Martin, John Payne e Cesar Romero.

Seus filmes mais importantes foram Uma Noite no Rio (1941),Aconteceu em Havana (1941), Minha Secretária Brasileira (1942), Entre aLoura e a Morena (1943), Alegria Rapazes (1944) e em 1947, com GrouchoMarx, Copacabana.

De 1940 à 1953 atuou em 14 filmes em Hollywood e nos maisimportantes programas de rádio, televisão, casas noturnas, cassinos eteatros norte-americanos.

A Política de Boa Vizinhança, implementada pelos Estados Unidos parabuscar aliados na Segunda Guerra Mundial, incentivou a imigração deartistas latino-americanos.

Apesar de Carmen ter obtido o sucesso nos EUA muito antes daimplantação desta política (o personagem Zé Carioca de Walt Disney estamuito mais associado a isto), ela acabou se tornando o modelo mais bemsucedido do projeto.

No fim dos anos 40 ela excursionou por toda a Europa, fez longatemporada no Teatro London Palladium em Londres, batendo recordes depúblico, e até chegou a receber simbolicamente as chaves da cidade deEstocolmo, capital da Suécia.

Ela se consagrou em 1941, ao ser a primeira e única luso-brasileira atéhoje, a gravar as mãos e plataformas no cimento da calçada da fama doTeatro Chinês em Los Angeles.

Em 8 de fevereiro de 1960 ganhou uma estrela póstuma na Calçada daFama da Hollywood Boulevard.

Carmen era a principal atração do Copacabana Night Club, famosaboate nova-iorquina, fundada em 1940 e que existe até hoje em Manhattan.O cartaz do "The Copa" é desde aquela época uma gravura estilizada deCarmen, em homenagem a cantora.

Carmen Miranda tornou-se um "hit" nos EUA.

Ela apareceu em desenhos animados Tom & Jerry, Popeye e LooneyTunes.

Foi imitada e caricaturada por Lucille Ball, Bob Hope, Jerry Lewis,Mickey Rooney e Dean Martin.

A imagem de Carmen era muito forte, cômica, engraçada, caricata.

Acabou-se criando um verdadeiro estereótipo, o que nem sempre épositivo.

Mesmo assim, ela foi sem dúvidas foi a artista latina mais bemsucedida nos EUA em Hollywood, e lá sua imagem ainda hoje é mais forte doque no Brasil.

Vida amorosa e casamento

Em 1946, Carmen era a artista mais bem paga de Hollywood e amulher que mais pagava imposto de renda nos EUA.

Em 17 de março de 1947 casou-se com o americano David AlfredSebastian, nascido em Detroit a 23 de novembro de 1908.

Antes, Carmen namorou vários astros de Hollywood e também omúsico brasileiro Aloysio de Oliveira, integrante do Bando da Lua.

Antes de partir para os Estados Unidos e antes de conhecer o marido,Carmen namorou o jovem Mário Cunha e o bon vivant Carlos da RochaFaria, filho de uma tradicional família do Rio de Janeiro. Já nos EUA, Carmenmanteve caso com os atores John Wayne e Dana Andrews.

Em 1945, Carmen teve um breve relacionamento com o piloto da FABCarlos Niemeyer, os dois se conheceram por acaso em Los Angeles,Niemeyer tinha ido aos Estados Unidos com um grupo de oito soldados levaraviões da FAB para concertos, o romance durou cerca de um mês, atéCarlos voltar ao Brasil.

O casamento é apontado por todos os biógrafos e estudiosos deCarmen Miranda como o começo de sua decadência moral e física.

Seu marido, David, antes um simples empregado de produtora decinema, tornou-se "empresário" de Carmen Miranda e conduzia mal seusnegócios e contratos.

Também era alcoólatra e pode ter estimulado Carmen Miranda aconsumir bebidas alcoólicas, das quais ela logo se tornaria dependente.

O casamento entrou em crise já nos primeiros meses, por conta deciúmes excessivos, brigas violentas e traições de David, mas CarmenMiranda não aceitava o desquite pois era uma católica convicta.

Engravidou em 1948, mas sofreu um aborto espontâneo depois de umaapresentação e não conseguiu mais engravidar, o que agravou suas crisesdepressivas e o abuso com bebidas e remédios sedativos.

Dependência de barbitúricos

Desde o início de sua carreira americana, Carmen fez uso debarbitúricos para poder dar conta de uma agenda extenuante.

Adquiria as drogas com receitas médicas pois, na época, elas eramreceitadas pelos médicos sem muitas preocupações com efeitos colaterais.

Nos Estados Unidos, tornou-se dependente de vários outros remédios,tanto estimulantes quanto calmantes.

Por conta do uso cada vez mais frequente, Carmen desenvolveu umasérie de sintomas característicos do uso de drogas, mas não percebia osefeitos devastadores, que foram erroneamente diagnosticados como estafa(cansaço) por médicos americanos.

Em 3 de dezembro de 1954, Carmen retornou ao Brasil após umaausência de 14 anos viajando e fazendo shows pelo mundo, além de estarmorando nos EUA.

Ela continuava casada e sofrendo com o marido, cada vez maisalcoólatra e violento. Seu médico brasileiro constatou a dependência químicae tentou desintoxicá-la.

Ficou quatro meses internada em tratamento numa suíte do hotelCopacabana Palace.

Carmen melhorou, embora não tenha abandonado completamenteremédios.

Os exames realizados no Brasil não constataram alterações defrequência cardíaca.

A morte nos Estados Unidos

Ligeiramente recuperada, retornou para os Estados Unidos em 4 deabril de 1955.

Imediatamente começou com as apresentações.

Fez uma turnê por Cuba e Las Vegas entre os meses de maio e agostoe voltou a usar barbitúricos, além de fumar e beber mais do que antes.

No início de agosto de 1955, Carmen gravou uma participação especialno programa televisivo do comediante Jimmy Durante.

Durante um número de dança, sofreu um ligeiro desmaio,desequilibrou-se e foi amparada por Durante.

Recuperou-se e terminou o número.

Na mesma noite, recebeu amigos em sua residência em Beverly Hills,à Bedford Drive, 616.

Por volta das duas da manhã, após beber e cantar algumas cançõespara os amigos presentes, Carmen subiu para seu quarto para dormir.

Acendeu um cigarro, vestiu um robe, retirou a maquiagem e caminhouem direção à cama com um pequeno espelho à mão.

Um colapso cardíaco fulminante a derrubou morta sobre o chão no dia5 de agosto.

Seu corpo foi encontrado pela mãe no dia seguinte, às 10h30 damanhã.

Tinha 46 anos.

Funeral

Aurora Miranda, sua irmã, recebeu na mesma madrugada umtelefonema do marido de Carmen Miranda avisando sobre o falecimento.

Aurora Miranda se desesperou por completo e passou então a notíciapara as emissoras de rádio e jornais.

Heron Domingues, da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, foi o primeiroa noticiar a morte de Carmen Miranda em edição extraordinária do RepórterEsso.

Em 12 de agosto de 1955, seu corpo embalsamado desembarcou deum avião no Rio de Janeiro.

Uma imensa multidão se concentrou nas ruas por onde passou ocortejo, o corpo foi conduzido por uma carreta do Corpo de Bombeiros,envolto numa bandeira brasileira.

Antes da saída do cortejo, o presidente da Câmara Municipal do Rio deJaneiro, vereador Salomão Filho, falou dando o ultimo adeus, em nome dacidade, à artista.

Sessenta mil pessoas compareceram ao seu velório realizado nosaguão da Câmara Municipal da então capital federal.

O cortejo fúnebre até o Cemitério São João Batista foi acompanhadopor cerca de meio milhão de pessoas que cantavam esporadicamente, emsurdina, "Taí", um de seus maiores sucessos.

No ano seguinte, o prefeito do Rio de Janeiro Francisco Negrão deLima assinou um decreto criando o Museu Carmen Miranda, o qual somentefoi inaugurado em 1976 no Aterro do Flamengo.

Hoje, uma herma em sua homenagem se localiza no Largo da Carioca,Rio de Janeiro.

Homenagens

As imagens de Carmen Miranda voltam à cena durante o movimentotropicalista.

Ícone da cultura popular e do exagero estético, sua figura era evocadamenos por sua importância musical na cena brasileira e mais pela suavinculação a uma imagem estereotipada e “tropical” do Brasil.

A cantora viria a ser assumida como um dos ícones tropicalistas,estando presente tanto nas letras de canções (como “Tropicália”, de CaetanoVeloso), quanto nas imitações dos trejeitos da artista – o torcer das mãos e orevirar dos olhos – com que Caetano Veloso por mais de uma vezbrindou/provocou a platéia.

Em 1972, recebeu uma homenagem da Escola de Samba ImpérioSerrano, com o tema "Alô, alô, Taí Carmen Miranda".

Em 2008, homenageando Carmen Miranda, o Império Serrano setornou campeão do Grupo de Acesso A e voltou em 2009 a desfilar no GrupoEspecial.

Em 18 de Julho de 1995 foi agraciada a título póstumo com o grau deGrande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.

Foi nomeada pelo American Film Institute, uma das 500 "grandeslendas do cinema".

Em 1995, ela foi tema do aclamado documentário CarmenMiranda:Bananas is my Business, dirigido por Helena Solberg.

Em 25 de setembro de 1998, uma praça no distrito de Hollywoodganhou o nome de Carmen Miranda Square, em uma cerimônia liderada peloantigo prefeito honorário de Hollywood, Johnny Grant, que também era umdos amigos pessoais da artista.

A Praça Carmen Miranda é um dos doze cruzamentos em Los Angelesque foram nomeados em homenagem a artistas históricos, a praça estálocalizada no cruzamento da Hollywood Boulevard e Orange Drive em frenteao Teatro Chinês. A localização é especialmente notável.

Em 2005, o escritor Ruy Castro lançou pela editora Companhia dasLetras uma biografia de 600 páginas sobre a cantora, intitulado de Carmen,Uma Biografia.

Castro passou cinco anos pesquisando sobre a vida e carreira deCarmen Miranda, utilizando inclusive dezenas de entrevistas com pesquisasem jornais e arquivos pessoais.

O livro é considerado a mais completa obra sobre a artista lançado atéhoje.

Uma escultura em tamanho natural seguindo as características dacantora foi criada pelo artista plástico Ulysses Rabelo, que estudou amáscara mortuária e a arcada dentária de Carmen para garantir a fidelidadeda peça. A escultura faz parte do acervo do Museu Carmen Miranda.

Carmen Miranda foi uma das homenageadas em uma série de selosvendidos nos Estados Unidos no ano de 2011, além da cantora, outrosquatro "gigantes da música latina" aparecem nas imagens: Tito Puente, CeliaCruz, Selena e Carlos Gardel.

Em 2009, no ano de seu centenário de nascimento, a artista foihomenageada pela Academia Brasileira de Letras, e declarada a mesma"Patrimônio da Cultura Brasileira".

Foi a grande homenageada na edição de 2009 da São Paulo FashionWeek, o maior evento de moda do Brasil, e o mais importante da AmericaLatina, Carmen foi escolhida pela organização do evento por representar aalegria e o brasileirismo colocados como temática dos desfiles daquelaedição.

Uma estatua sua será feita pela escultora paulistana Christina Motta, aobra ficará na praça ao lado do Museu da República, no bairro do Catete, noRio.

Em 2009, a gravação de "O que é que a baiana tem?", de DorivalCaymmi, na voz de Carmen Miranda, em 1939, foi selecionada parapreservação num arquivo sonoro especial da Biblioteca do Congresso dosEUA.

Foi eleita a 15º maior voz e à 35º maior artista da música brasileira pelarevista Rolling Stone.

Filmografia

A carreira cinematográfica de Carmen Miranda, que se iniciara no Brasil com cinco filmes, teve prosseguimento na Meca do cinema, primeiro na 20th Century Fox, depois na United Artists, na MGM e, por fim na Paramount.

Todos os títulos em Português dos filmes estrangeiros referem-se a exibições no Brasil.54

1926 A Esposa do Solteiro (Como Extra)1930 Degraos da Vida (Rodada apenas uma cena)1932 O Carnaval Cantado de 19321933 A Voz do Carnaval1935 Alô, Alô, Brasil1935 Estudantes1936 Alô, Alô, Carnaval1939 Banana-da-Terra1940 Laranja-da-China1940 Serenata Tropical1941 Uma Noite no Rio (That Night in Rio)1941 Aconteceu em Havana (Week-end in Havana)1942 Minha Secretária Brasileira (Springtime in the Rockies)1943 Entre a Loura e a Morena (The Gang's All Here ou The Girls He Lef Behind)1944 Quatro Moças num Jipe (Four Jills in a Jeep)1944 Serenata Boêmia (Greenwich Village)1944 Alegria, Rapazes (Something for the Boys)1945 Sonhos de Estrela (Doll Face)1946 Se Eu Fosse Feliz (If I'm Lucky)1947 Copacabana (Copacabana)1948 O Príncipe Encantado (A Date with Judy)1950 Romance Carioca (Nancy Goes to Rio)1953 Morrendo de Medo (Scared Stiff)1995 Carmen Miranda: Banana is My Business (Documentário)

https://duronaqueda.blogs.sapo.pt/a-historia-de-carmem-miranda-593260

duronaqueda

São Paulo, SP, 28 Fereveiro de 2019

Mkmouse