a hipniatria nas neuroses* - rio de janeiro · causas; útil, porem, para o esclarecimento de seu...

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A HIPNIATRIA NAS NEUROSES* Dr. Miguel. Cal 1 i l e Júnior** Há aplicação da hipniatria nas neuroses? Respondendo a esta questão teremos que operacionar, antes, os termos "hipnotera_ pia" e "hipniatria". Compreendemos por hipnoterapia a terapêutica pela hipnose; por hipniatria o mé- todo de cura médica obtida através da utilização, pelo médico, da hipnose como meio predo ninante no conjunto terapêutico. Mas era que vamos empregar tal "cura médica"? 0 que ê neurose? 0 que ê hipnose? GENERALIDADES 0 termo "neurose" aparece, pela primeira vez, nos fins do século XVIII, nos tra balhos do médico escocês WILLIAM CULLEN,cirurgião, considerado como fundador da Escola de Medicina de Glasgow, designando uma série de quadros (histeria, nervosismo, síndromes neurológicas) sem uniformidade conceituai^ (Synopsis Nosologicae Medicae). Importante em CULLEN e o conceito de locura como condição patológica da mente; portanto, já uma orienta ção psicológica em psiquiatria. Em 1871, KRAFFT-EBING cria o termo "Psiconeurose": "Para designar os tr-«nstor - nos psíquicos nos quais os indivíduos de cérebro sadio são atingidos. Preferimos a pala- vra psiconeurose e aqueles transtornos que se desenvolvem em um cérebro doente o termo de generescencia psíquica. Tal termo é retomado por DUBOIS, em 1909, para título de um seu trabalho, desig nando formas de transição entre quadros que podem ser considerados como psicopáticos e psicóticos. A Psicologia e a Psiquiatria modernas devem seus avanços a dois nomes que sentam ideias opostas, aparentemente. De Inteira e absoluta validade científica são suas afirmações, pois que obedecem aos requisitos essenciais para aquela validade: repetição- por outrem, nas mesmas condições, obtendo-se os mesmos resultados. Foram IVAN PETROVICH PAVLOV e SIGMUND FREUD fundadores da Medicina Cortico-visceral e da logia Profunda. Inúmeros e ilustres seguidores vêm mantendo opostos os campos, mas confirmando, aperfeiçoando, permitindo a evolução das duas grandes escolas, sem — e nisto reside agran deza de ambos - alterar seus postulados básicos. Depois de FREUD é que a palavra "neurose" adquire compreensão psicológica e foi com PAVLOV que a hipnose encontrou o caminho científico para a sua explicação, t indiscu- tível que a rejeijão, por FREUD, da hipnose, trouxe a esta arma terapêutica um período de esquecimento de vários anos. Mas, paradoxalmente, é a psicanálise um dos f atoresresponsã veis pela projeção científica extraordinária que vem tomando a hipnoterapia nos últimos ã" nos. Muitas das modernas técnicas e muitas das modernas teorias da hipnose têm base no? princípios e na penetração científica da psicanalise,a qual, por sua vez, teve origem na hipnose, o que talvez, de acordo com a própria teoria, explique a rejeição da hipnose pe los psicanalistas. Importante é, também, a preocupação dos mais destacados psicanalistas - •com os fenómenos hipnóticos, tentando torná-los caudatários de sua escola.com explicações que procuram reduzi-los, quando hipniãtricos, ã terapêutica de superfície ou ã medicina de fachada. O QUE E NEUROSE Partindo da hipnose e criando seu método especial, considerava FREUD, inicial - mente, as neuroses como a resultante de conflitos entre o princípio do prazer-desprazer (guia inicial do recém-nascido em contato com a vida) e o princípio da realidade (guia progressivo da criatura, originado nas coerções e exigências sociais). Tal concepção se foi modificando até que, em seus últimos trabalhos, admitia serem os sintomas neuróticos expressões do Ego, sofredor e expiatório, vítima dos conflitos entre os impulsos do Id e as repressões do Super-ego. As neuroses seriam, pois, como que um "acordo", proposto pelo Ego, para defen - der-se daquelas lutas de outrem, nas quais levasse a pior. * - Trabalho apresentado nos I9s Congressos Pan Americano e Brasileiro de Hipnologia.Rio de Janeiro, 16-22, julho, 1961. Trabalho publicado na Rev. Bras. de Saúde Mental,vo1. IX, no único, 1965. ** - Ex-Presidente da SEHM. Livre Docente da Fac.Medicina do Rio de Janeiro da Universida de do Brasil. Da Academia Brasi1eira'de Medicina de Reabilitação. Da Academia Brasi- leira de Medicina Militar. repre as - a eles Ps ico 12

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Page 1: A HIPNIATRIA NAS NEUROSES* - Rio de Janeiro · causas; útil, porem, para o esclarecimento de seu papel nos sintomas neuróticos. Nas de transferência haveria, como que, e como defesa,

A HIPNIATRIA NAS NEUROSES*

Dr. Miguel. Cal 1 i l e Júnior**

Há aplicação da h i p n i a t r i a nas neuroses?

Respondendo a e s t a questão teremos que o p e r a c i o n a r , a n t e s , os termos "hipnotera_ p i a " e " h i p n i a t r i a " .

Compreendemos por h i p n o t e r a p i a a terapêutica p e l a h i p n o s e ; por h i p n i a t r i a o mé­todo de cura médica o b t i d a através da utilização, p e l o médico, da hipnose como meio predo n i n a n t e no conjunto terapêutico.

Mas era que vamos empregar t a l "cura médica"? 0 que ê neurose? 0 que ê hipnose?

GENERALIDADES

0 termo "neurose" aparece, pela p r i m e i r a v e z , nos f i n s do século X V I I I , nos t r a balhos do médico escocês WILLIAM CULLEN,cirurgião, c o n s i d e r a d o como fundador da Escola de Medicina de Glasgow, designando uma série de quadros ( h i s t e r i a , nervosismo, síndromes neurológicas) sem uniformidade c o n c e i t u a i ^ (Synopsis N o s o l o g i c a e Medicae). Importante em CULLEN e o c o n c e i t o de l o c u r a como condição patológica da mente; p o r t a n t o , já uma o r i e n t a ção psicológica em p s i q u i a t r i a .

Em 1871, KRAFFT-EBING c r i a o termo " P s i c o n e u r o s e " : "Para d e s i g n a r os tr-«nstor -nos psíquicos nos quais os indivíduos de cérebro s a d i o são a t i n g i d o s . Preferimos a p a l a ­vra p s i c o n e u r o s e e aqueles t r a n s t o r n o s que se desenvolvem em um cérebro doente o termo de ge n e r e s c e n c i a psíquica.

Tal termo é retomado por DUBOIS, em 1909, para título de um seu t r a b a l h o , d e s i g nando formas de transição e n t r e quadros que podem s e r c o n s i d e r a d o s como psicopáticos e psicóticos.

A P s i c o l o g i a e a P s i q u i a t r i a modernas devem seus avanços a d o i s nomes que sentam i d e i a s opostas, aparentemente. De I n t e i r a e a b s o l u t a v a l i d a d e científica são suas afirmações, pois que obedecem aos r e q u i s i t o s e s s e n c i a i s para aquela v a l i d a d e : repetição- por outrem, nas mesmas condições, obtendo-se os mesmos r e s u l t a d o s . Foram IVAN PETROVICH PAVLOV e SIGMUND FREUD fundadores da M e d i c i n a C o r t i c o - v i s c e r a l e da l o g i a Profunda.

Inúmeros e i l u s t r e s seguidores vêm mantendo opostos os campos, mas confirmando, aperfeiçoando, permitindo a evolução das duas grandes e s c o l a s , sem — e n i s t o r e s i d e a g r a n deza de ambos - a l t e r a r seus postulados básicos.

Depois de FREUD é que a p a l a v r a "neurose" a d q u i r e compreensão psicológica e f o i com PAVLOV que a hipnose encontrou o caminho científico para a sua explicação, t i n d i s c u ­tível que a rejeijão, por FREUD, da hipnose, trouxe a e s t a arma terapêutica um período de esquecimento de vários anos. Mas, paradoxalmente, é a psicanálise um dos f atoresresponsã v e i s p e l a projeção científica extraordinária que vem tomando a h i p n o t e r a p i a nos últimos ã" nos. Muitas das modernas técnicas e muitas das modernas t e o r i a s da hipnose têm base no? princípios e na penetração científica da p s i c a n a l i s e , a q u a l , por sua vez, teve origem na hipnose, o que t a l v e z , de acordo com a própria t e o r i a , e x p l i q u e a rejeição da hipnose pe lo s p s i c a n a l i s t a s . Importante é, também, a preocupação dos mais destacados p s i c a n a l i s t a s -

•com os fenómenos hipnóticos, tentando torná-los caudatários de sua escola.com explicações que procuram r e d u z i - l o s , quando hipniãtricos, ã terapêutica de superfície ou ã medicina de fachada.

O QUE E NEUROSE

P a r t i n d o da hipnose e c r i a n d o seu método e s p e c i a l , c o n s i d e r a v a FREUD, i n i c i a l -mente, as neuroses como a r e s u l t a n t e de c o n f l i t o s e n t r e o princípio do prazer-desprazer (guia i n i c i a l do recém-nascido em contato com a v i d a ) e o princípio da r e a l i d a d e (guia p r o g r e s s i v o da c r i a t u r a , o r i g i n a d o nas coerções e exigências s o c i a i s ) . Tal concepção se foi modificando até que, em seus últimos t r a b a l h o s , a d m i t i a serem os sintomas neuróticos expressões do Ego, s o f r e d o r e expiatório, vítima dos c o n f l i t o s e n t r e os impulsos do Id e as repressões do Super-ego.

As neuroses seriam, p o i s , como que um "acordo", proposto p e l o Ego, para defen -der-se daquelas l u t a s de outrem, nas quais l e v a s s e a p i o r .

* - Trabalho apresentado nos I9s Congressos Pan Americano e B r a s i l e i r o de H i p n o l o g i a . R i o de J a n e i r o , 16-22, j u l h o , 1961. Trabalho p u b l i c a d o na Rev. Bras. de Saúde Mental,vo1. IX, no único, 1965.

** - E x - P r e s i d e n t e da SEHM. L i v r e Docente da Fac.Medicina do Rio de J a n e i r o da Uni v e r s i d a de do B r a s i l . Da Academia B r a s i 1 e i r a ' d e Medicina de Reabilitação. Da Academia B r a s i ­l e i r a de Medicina M i l i t a r .

repre as

- a el e s

Ps ico

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Page 2: A HIPNIATRIA NAS NEUROSES* - Rio de Janeiro · causas; útil, porem, para o esclarecimento de seu papel nos sintomas neuróticos. Nas de transferência haveria, como que, e como defesa,

A vantagem de t a l ponto de v i s t a f o i a p o s s i b i l i d a d e da compreensão dos mecanis mos profundos das neuroses, escapando-se ao esquematismo fictício e rígido das formas clí n i c a s de evolução e s i n t o m a t o l o g i a uniforme das e s c o l a s noso1õgico-causais . ~

Dentro da compreensão de seus mecanismos, as neuroses s e r i a m :

- a t u a i s - de transferência - de nao transferência

Nas a t u a i s h a v e r i a sempre um f a t o r orgânico ou m a t e r i a l predominando e que.afas tado, por vezes, b a s t a r i a para curã-las (masturbação e x c e s s i v a , insatisfação s e x u a l , úlce­ra duodenal, e t c . J . 0 tratamento psicanalítico s e r i a i n s u f i c i e n t e sem a remoção daquelas causas; útil, porem, para o e s c l a r e c i m e n t o de seu papel nos sintomas neuróticos.

Nas de transferência h a v e r i a , como que, e como d e f e s a , uma diluição do Ego no mundo externo e incorporação pelo Ego daquele mundo. 0 Ego se t o r n a r i a extra-erõtico, as sumindo uma grande expansão e surgindo a "fome s e x u a l " por um mecanismo que FERENCZI'denõ minou de "introjeçao". -

Impor-se-ia a terapêutica e a transferência do o b j e t o .(reca1cado, ignorado, cul poso, e t c . ) sobre o a n a l i s t a ; s e r i a um dos estágios obrigatórios da mesma. Tal transferãn :

c i a , no d i z e r de FREUD, o r g a n i z a - s e por "impressões e reproduções de emoções e fantasias, que devem ser despertadas e t r a z i d a s ã consciência durante o progresso da análise e se ca r a c t e r i z a m porque substituem o u t r a pessoa, a n t e r i o r , p e l a pessoa do médico". No d i z e r dê FERENCZI, "a t r a n s f e r e n c i a ê umjmecanismo psíquico característico das neuroses, mas quo s e v i d e n c i a em todas as situações da v i d a , e, su b j a c e n t e ao q u a l , encontra-se a maior par te das manifestações patológicas". -

Nas de não transferência h a v e r i a , ao contrário, uma concentração do Ego e perda de I n t e r e s s e pelo mundo ext e r n o . 0 Ego se t o r n a r i a auto-erõtico ( n a r c i s i s m o ) ; em vez da "fome s e x u a l " , s u r g i r i a o d e s i n t e r e s s e s e x u a l , por um mecanismo de projeção e consequente e s t r e i t a m e n t o do Ego.

A terapêutica psicanalítica s e r i a de menos v a l i a , a não s e r que, se possível, houvesse o "desligamento da l i b i d o em sua aplicação sobre o Ego" e a transformação daque l a neurose, em t r a n s f e r e n c i a l . Aí, então, e x e r c i t a r - s e - i a a psicanálise.

.* * * Enquanto que para FREUD as neuroses não t e r i a m conteúdo psíquico e s p e c i a l que

lhe s f o s s e p e c u l i a r e só o c o r r e s e n e l a s , p a r a JUNG os neuróticos s o f r e r i a m de complexos c o n t r a os quais todos os indivíduos também lutam.

A p s i c o l o g i a i n d i v i d u a l de ADLER, p a r t i n d o do enquadramento do indivíduo pela h e r e d i t a r i e d a d e e meio ambiente, o qual responde em termos de seu característico, marcado e pessoal poder c r i a d o r , c o n s i d e r a a neurose como s u p e r e s t r u t u r a compensadora, da nual o indivíduo lança mão para r e a l i z a r seu i d e a l t r a n s c e n d e n t e de afirmação e de t r i u n f o sobre seu complexo i n f a n t i l de i n f e r i o r i d a d e . 0 d e s a j u s t e neurótico d e c o r r e r i a de seu fictício e s t i l o de v i d a , em oposição ao s e n t i d o de s o l i d a r i e d a d e c o l e t i v a ( s e n t i d o de comunidade). 0 iieurõtico, então, p r o c u r a r i a inconscientemente vencer p e l a compaixão ou pelo temor.Para KAREN HORNEY, o mecanismo das neuroses s e r i a mais do t i p o p s i c o - s o e i a 1, c u j o núcleo dinâ­mico se s i t u a r i a na angústia. Sem subestimar o f a t o r s e x u a l , d i v e r g e do panséxualismofreu d i a n o , i n c l u i n d o no mesmo nível de importância os costumes, c u l t u r a , padrão de v i d a , etcT Nega o carãter estático da p e r s o n a l i d a d e .

Quando, em seus t r a b a l h o s , PAVLPV se r e f e r i a a estados psicopatolõgicos, d e c l a ­rava sempre, a n t e s , ser um f i s i o l o g i s t a er. incursões na P s i q u i a t r i a . Experimentand" em an i m a i s , p r i n c i p a l m e n t e em cães, não g e n e r a l i z a v a suas conclusões, p r e c i p i t a d a m e n t e , apli_ cando-as ao ente humano. Foi no último período de suas a t i v i d a d e s que, passando a frequen t a r regularmente clínica psiquiátrica, procurou a p l i c a r ao homem seus estudos de l a b o r a t o r i c . Era seu t r a b a l h o sobre neuroses e x p e r i m e n t a i s , assim se exprime: — "Por neuroses, en­tendemos os d e s v i o s crónicos (de semanas, meses ou mesmo anos) da a t i v i d a d e nervosa com relação ã normal". Em seu estudo sobre a a t i v i d a d e nervosa s u p e r i o r , a f i r m a que "a doença pode l i m i t a r - s e a pequenos pontos c o r t i c a i s , i s o l a d o s . I s t o p r o v a , i n c o n t e s t a v e l m e n t e , o carãter de mosaico do córtex. Nos últimos tempos, em laboratório, pudemos provocar um trans t o r n o , em grande parte semelhante â h a b i t u a l neurose de g u e r r a , na qual o p a c i e n t e revive, durante o sono ou hipnose, terríveis cenas de g u e r r a , ço« g r i t o s e movimentos correspon -dentes". Procurando a interpretação flsiolõlica das neuroses, chama a atenção dos que a t a i s estudos se dedicam, para o s e g u i n t e mecanismo:

1 - existência, no córtex, de pontos patológicos claramente i s o l a d o s ; 2 - inércia patológica do processo de excitação (zona de excitação persistente); 3 - fase u l t r a - p a r a d o x a l . Nas neuroses, especialmente nas de t i p o o b s e s s i v o , h a v e r i a preponderância, con­

comitância ou alternância da inércia patológica e da f a s e u l t r a - p a r a d o x a l , bem como pon tos patológicos i s o l a d o s

Para p e r f e i t a compreensão de t a l mecanismo, recordemos o que é "inércia patoló­g i c a " e " f a s e u1tra-paradoxa1".

T a i s concepções encontram seu i n t e i r o e s c l a r e c i m e n t o nos estudos de WEDENSKI e OUTCHOMSKY sobre 5 que denominaram "Parab1ose", i s t o é, a perda de capacidade de r e a g i r

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A vantagem de t a l ponto de v i s t a f o i a p o s s i b i l i d a d e da compreensão dos mecanis mos profundos das neuroses, escapando-se ao esquematismo fictício e rígido das formas clí n i c a s de evolução e s i n t o m a t o l o g i a uniforme das e s c o l a s nosológico-causais .

Oentro da compreensão de seus mecanismos, as neuroses s e r i a m :

- a tua i s - de transferência - de nao transferência

Nas a t u a i s h a v e r i a sempre um f a t o r orgânico ou m a t e r i a l predominando e que.afas tado, por vezes, b a s t a r i a para curá-las (masturbação e x c e s s i v a , insatisfação s e x u a l , úlcc ra duodenal, e t c . ] . 0 tratamento psicanalítico s e r i a i n s u f i c i e n t e sem a remoção daquelas causas; útil, porem, para o e s c l a r e c i m e n t o de seu papel nos sintomas neuróticos.

Nas de transferência h a v e r i a , como que, e como d e f e s a , uma diluição do Ego no mundo externo e incorporação pelo Ego daquele mundo. 0 Ego se t o r n a r i a extra-erõtico, as sumindo uma grande expansão e surgindo a "fome s e x u a l " por um mecanismo que FERENCZI"denõ minou de "introjeção". ~

Impor-se-ia a terapêutica e a transferência do o b j e t o . ( r e c a l c a d o , ignorado, c ul poso, e t c . ) sobre o a n a l i s t a ; s e r i a um dos estágios obrigatórios da mesma. Tal transferên­c i a , no d i z e r de rREUD, o r g a n i z a - s e por "impressões e reproduções de emoções e f a n t a s i a s que devem ser despertadas e t r a z i d a s ã consciência durante o progresso da análise e se ca r a c t e r i z a m porque substituem o u t r a pessoa, a n t e r i o r , p e l a pessoa do médico". No d i z e r dê" FERENCZI, "a transferência ê um "mecanismo psíquico característico das neuroses, mas que s e v i d e n c i a em todas as situações da v i d a , e, su b j a c e n t e ao q u a l , encontra-se a maior par te das manifestações patológicas". ~

Nas de não transferência h a v e r i a , ao contrário, uma concentração do Ego e perda de I n t e r e s s e pelo mundo externo. 0 Ego se t o r n a r i a auto-erõtico ( n a r c i s i s m o ) ; em vez da "fome s e x u a l " , s u r g i r i a o d e s i n t e r e s s e s e x u a l , por um mecanismo de projeção e consequente e s t r e i t a m e n t o do Ego.

A terapêutica psicanalítica s e r i a de menos v a l i a , a não s e r que, se possível, houvesse o "desligamento da l i b i d o em sua aplicação sobre o Ego" e a transformação daque l a neurose, em t r a n s f e r e n c i a l . Aí, então, e x e r c i t a r - s e - i a a psicanálise.

,# * * Enquanto que para FREUO as neuroses não t e r i a m conteúdo psíquico e s p e c i a l que

lhe s f o s s e p e c u l i a r e só o c o r r e s e n e l a s , para JUNG os neuróticos s o f r e r i a m de complexos c o n t r a os quais todos os indivíduos também lutam.

A p s i c o l o g i a i n d i v i d u a l de ADLER, p a r t i n d o do enquadramento do indivíduo pela h e r e d i t a r i e d a d e e meio ambiente, o qual responde em termos de seu característico, marcado e pessoal poder c r i a d o r , c o n s i d e r a a neurose como s u p e r e s t r u t u r a compensadora, da nual o indivíduo lança mão para r e a l i z a r seu i d e a l t r a n s c e n d e n t e de afirmação e de t r i u n f o sobre sei> complexo i n f a n t i l de i n f e r i o r i d a d e . 0 d e s a j u s t e neurótico d e c o r r e r i a de seu fictício e s t i l o de v i d a , em oposição ao s e n t i d o de s o l i d a r i e d a d e c o l e t i v a ' ( s e n t i d o de comunidade). 0 iieurõtico, então, p r o c u r a r i a inconscientemente vencer p e l a compaixão ou pe 1 o .temor. Pa ra KAREN HORNEY, o mecanismo das neuroses s e r i a mais do t i p o p s i c o - s o e i a l , c u j o núcleo d i n a ­mito se s i t u a r i a na angústia. Sem subestimar o f a t o r s e x u a l , d i v e r g e do pansexual ismo freu_ d i a n o , i n c l u i n d o no mesmo nível de importância os costumes, c u l t u r a , padrão de v i d a , e t c . Nega o carãter estático da p e r s o n a l i d a d e .

Quando, em seus t r a b a l h o s , PAVLPV se r e f e r i a a estados psicopatolõgicos, d e c l a ­rava sempre, ant e s , ser um f i s i o l o g i s t a en incursões na P s i q u i a t r i a . Experimentando em ani m a i s , p r i n c i p a l m e n t e em cães, nao g e n e r a l i z a v a suas conclusões, p r e c i p i t a d a m e n t e , ap 1 i_ catido-as ao ente humano. Foi no último período de suas a t i v i d a d e s que, passando a frequen t a r regularmente clínica psiquiátrica, procurou a p l i c a r ao homem seus estudos de laboratõ r i c . Em seu t r a b a l h o sobre neuroses e x p e r i m e n t a i s , assim se exprime: - "Por neuroses, en­tendemos os d e s v i o s crónicos (de semanas, meses ou mesmo anos) da a t i v i d a d e nervosa com relação ã normal". Em seu estudo sobre a a t i v i d a d e nervosa s u p e r i o r , a f i r m a que "a doença pode l i m i t a r - s e a pequenos pontos c o r t i c a i s , i s o l a d o s . I s t o p r o v a , i n c o n t e s t a v e l m e n t e , o carãter de mosaico do córtex. Nos últimos tempos, em laboratório, pudemos provocar um trans^ t o r n o , em grande parte semelhante ã h a b i t u a l neurose de g u e r r a , na qual o p a c i e n t e revive, durante o sono ou hipnose, terríveis cenas de g u e r r a , com g r i t o s e movimentos correspon -dentes". Procurando a interpretação fisiolólica das neuroses, chama a atenção dos que a t a i s estudos se dedicam, para o s e g u i n t e mecanismo:

1 - existência, no córtex, de pontos patológicos claramente i s o l a d o s ; 2 - inércia patológica do processo de excitação (zona de excitação persistente); 3 - fase u l t r a - p a r a d o x a l . Nas neuroses, especialmente nas de t i p o o b s e s s i v o , h a v e r i a preponderância, con­

comitância ou alternância da inércia patológica e da f a s e u l t r a - p a r a d o x a l , bem como pon tos patológicos i s o l a d o s

Para p e r f e i t a compreensão de t a l mecanismo, recordemos o que é "Inércia patoló­g i c a " e " f a s e u l t r a - p a r a d o x a l " .

T a i s concepções encontram seu i n t e i r o e s c l a r e c i m e n t o nos estudos de WEDENSKI e OUTCHOHSKY sobre 6 que denominaram " P a r a b i o s e " , i s t o ê, a perda de capacidade de r e a g i r

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corretamente quando as células c o r t l c a l s são submetidas a agentes v i o l e n t o s t a i reação i n c o r r e t a apresenta as se g u i n t e s f a s e s , cuja nomenclatura é - d e n t i c a ã do sono fisiológi­co, mas a localização é f o c a l , i r r e g u l a r e transitória ipontos i n e r t e s ) . " gerando a t i v i d a -des físicas ps i copa to 1õg i ca s

- de igualização - todos os estímulos, sejam quais forem as suas i n t e n s i d a d e s , resultam no mesmo grau de irritação.

- paradoxal - na qual as intensidades dos estímulos produzem um e f e i t o -nverso - O S estímulos f o r t e s provocam uma reaçao débil e inversamente;

- u l t r a - p a r a d o x a 1 - os estímulos e x c i t a d o r e s provocam inibição e os i n i b i d o r e s a excitação

Em suas experiências sobre a f i s i o l o g i a das neuroses, PAVLOV e seus colaborado res v e r i f i c a r a m que a doença a p a r e c i a com f a c i l i d a d e nos caes de t i p o s nervosos extremos: excitáveis e i n i b i d o s ; e, d i f i c i l m e n t e , nos t i p o s c e n t r a i s , e q u i l i b r a d o s

E, a q u i , vem a propósito lembrar o que FREUD escreveu em "Minha Vida e a P s i c a ­nálise": - "Sem alguma condição fa v o r e c e d o r a , c o n s t i t u c i o n a l , congénita, é provável que nenhuma neurose se m a n i f e s t a s s e "

V e r i f i c a m o s , p o r t a n t o , que, para a Escola C õ r t 1 c o - V i s c e r a 1 . as neuroses. para sua manifestação, necessitam de condições c o n s t i t u c i o n a i s biológicas e de estímulos exter nos e i n t e r n o s v i o l e n t o s .

0 t i p o nervoso, o enfraquecimento do tono das células c o r t i c a i s , a criação de r e f l e x o s v i c i o s o s por estímulos v i o l e n t o s ou inadequados, se r i a m , em seu conjunto,os p r i n c i p a i s responsáveis pelo aparecimento das neuroses

Baseando-se nas i n t e r r e l ações dos dois Sistemas de Sinalização da Realidade, PA VLOV d i s t i n g u i u , no Homem, três t i p o s de a t i v i d a d e nervosa s u p e r i o r

- t i p o artístico, no qual h a v e r i a predominância do 19 SSR, - t i p o i n t e l e c t u a l , no qual h a v e r i a predominância do 20 SSR. - t i p o médio no qual h a v e r i a equilíbrio dos d o i s SSR Segundo a h i s t o r i a da vi d a do paciente e o t i p o de neurose apresentada, PAVLOV

propôs a s e g u i n t e classificação: - H i s t e r i a , com predominância do 19 SSR, - Ps i c a s t e n i a , _ c o m oredomináncia do 29 SSR Ambas l i g a d a s a estruturação p a r t i c u l a r do cérebro, ac tmo nervoso e ao t i p o de

a t i v i d a d e nervosa s u p e r i o r . As demais formas neuróticas seriam combinações ou predominância de uma destas

duas, básicas (Congresso I n t e r n a c i o n a l de Neurologia de Londres, em 30 de j u l h o de 1935)

Dentro de uma concepção f i s i o 1õgico-dinãmica, a E s c o l a Cõrtico-Viscera1 vê as neuroses como r e s u l t a n t e s de c o n f l i t o s entre forças que já existem nas condições normais fisiológicas. Quando se chocam, inibem - s e ou se estancam, determinam jogo de tensões p s i ­cológicas, das quais a neurose é o r e s u l t a d o .

# * *

Assentando o nosso po n t o - d e - v i s t a em bases fenomenolõgico-ex í stenciais e na nos sa experiência p e s s o a l , r e s u l t a n t e da l i d a contínua com doentes mentais, considera - ios mais o indivíduo que a síndrome "neurose" que e l e apresente

Partimos de que o indivíduo só é porque tem que ser, logo, sua existência é uma t a r e f a da qual só e l e mesmo poderá encarregar-se

Parte dessa reflexão o compreender-se que. na tem p o r a l i d a d e , o momento essen -c i a i é o vir-a-aev ( p o r v i r ) . 0 ente humano é sempre p r o j e t o , p o i s a existência deste ente nunca lhe é dada, mas algo que está sempre para a c o n t e c e r ^ donde a c e i t a r - s e . somente, uma existência possível.

Podemos t e n t a r a captação ontológica do p r o j e t o desta existência possívei a par t i r da i n t e n c i o n a l i d a d e da consciência e da r e s p o n s a b i l i d a d e :

- consciência é- sempre de algo e pressupõe a coexistência e n t r e s u j e i t o e obje-to (Eu + a l g o ) ;

- r e s p o n s a b i l i d a d e é sempre de alguma c o i s a , uma aspiração que tende a r e a l i z a r -se (quero + v i r a s e r ) .

Consciência e r e s p o n s a b i l i d a d e tornam possíveis, no tempo, a coexistência (Eu * o u t r o ) e a sucessão (Nós + v i r a s e r ) , que vão c o n f e r i r a cada indivíduo um s e n t i a ' de vi da e um p r o j e t o de mundo.

Compreendemos as neuroses como sendo alterações deste s e n t i d o de vida e deste p r o j e t o de mundo.

Para que uma neurose se ma n i f e s t e , e n t r e t a n t o , é necessário a conjugação de

a) Fundamentos c o n s t i t u c i o n a í s , i u e , por sua ordem de importância se estruturam; - na d e b i l i d a d e neurológica', - na constituição c o r p o r a l ; - na h e r e d i t a r i e d a d e

li»

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b) Fundamentos c o n d i c i o n a i s , que são:

- as reações intrínsecas do Eu;

- as reações extrínsecas do Eu.

Os Fundamentos c o n s t i t u c i o n a i s emolduram os fundamentos c o n d i c i o n a i s , que se ex

pressam:

em modos de existência gerando

- a t i t u d e s e x i s t e n c i a i s , que podem ou não f i x a r

- decisões e x i s t e n c i a i s .

A característica g e r a l das neuroses é o v a l o r I n t e n c i o n a l de seus sintomas -mensagens que podem re p r e s e n t a r a consequência, a expressão d i r e t a e os meios de e x p l i c a ­ção i n d i r e t a dos fundamentos. Por outra p a r t e , o sintoma a l i v i a o s o f r i m e n t o de que é pre sa o p a c i e n t e , daí a sua u t i l i d a d e , o seu estar-ã-mão e o a c l a r a r - s e porque, embora não forneça a origem de uma neurose, e l u c i d a a sua persistência.

Em face do exposto, consideramos nas neuroses d o i s mecanismos básicos: Catagêne se (LOPEZ IBOR) e Syngênese.

CATAGENESE: Nas neuroses predominantemente orgânicas, desencadeadas por mecanismo emocio­

n a l , mas nas quais de t a l forma se Implantou a síndrome orgânica que, a q u i l o que se produ z1u por mecanismo psíquico, não mais se reduz por qualquer forma de p s i c o t e r a p i a e x c l u s i v a mente.

E uma conversão sem reversão. São as Psicossomatoses.

SYNGÊNESE: As neuroses reduzidas pela p s i c o t e r a p i a . E uma conversão com reversão. São P s i -

coneuroses. 0 QUE E HIPNOSE

Adotando o mesmo critério que para o estudo c o n c e i t u a i das neuroses, v e r i f i c a r e mos o que vem a ser hipnose, sem nos r e f e r i r m o s aos históricos e ãs t e o r i a s derivadas dõ pensamento mágico a n t e r i o r ; r e s t r i n g i r - n o s - e m o s ao que há de básico e fundamental nas o r i g i n a i s e modernas t e o r i a s .

* * * A t e o r i a de FREUD, para e x p l i c a r o fenómeno "Hipnose", v a i ao início de seus es

tudos e da criação da Psicanálise. Baseia-se em observações de alguns p a c i e n t e s seus,quan do ainda empregava a hipnose terapêutica e que reagiam, ao ac o r d a r , de maneira e x p l o s i v o -a T e t i v a . Oecisivãmente, porém, um caso p e r m i t i u a FREUD a generalização de sua do u t r i n a so bre a "entrega amorosa", que s e r i a a hipnose, e abandono de t a l técnica pela da a s s o c i a " ção l i v r e de i d e i a s .

FREUD i d e n t i f i c a a hipnose com o masoquismo, necessidade i n s t i n t i v a de submis -são, que e n v o l v e r i a gratificação de caráte- l i b i . d i n o s o ; a relação sexua 1 - a f e t i v a s e r i a , n a hipnose, um f a t o r impossível de ser dominado e muito mais poderoso que o t r a b a l h o "catãr-t i c o " , a n u i ando qualquer bom r e s u l t a d o ao mtnor d i s s a b o r ou desarmonia e n t r e o médico e o enfermo.

Mas é com FERENCZI que vamos e n c o n t r a r , melhor e l a b o r a d o , o ponto-de-v1sta p s i ­canalítico sobre a hipnose. Oeclara-se convencido da correção do c o n c e i t o de BERNFEIN: a hipnose é só uma forma de sugestão (sono sugerido) e, por i s t o , c o n s i d e r a como sendo i mesma c o i s a hipnose e sugestão,usando, mesmo,um termo pelo o u t r o .

A c e i t a também a "condição de dissociação" da mente, afirmando que t a l d i s s o c i a ­ção e x i s t e , segundo a psicanálise, em todas as pessoas despertas ( i n c o n s c i e n t e , pré-cons-d e n t e e c o n s c i e n t e ) .

Assim e x p l i c a o fenómeno "hipnose": no i n c o n s c i e n t e , s e n t i d o f r e u d i a n o do termo, encontram-se todos os impulsos rep r i m i d o s durante o desenvolvimento c u l t u r a l do i n d i v i d u o ; t a i s impulsos estão pejados de a f e t o s , i n s a t i s f e i t o s , famintos de estímulos que lhesper a i -tam " t r a n s f e r i r - s e " para objetos ou pessoas do mundo e x t e r n o , conexar o b j e t o s ou pessoas com o Ego e "introjetá-1 os".

A hipnose s e r i a a r e s u l t a n t e de t a l transferência: as forças mentais i n c o n s c i e n tes do h i p n o t i z a d o usariam o h i p n o t i z a d o r como obj e t o t r a n s f e r e n c i a l . Entre t a i s _ forças mentais i n c o n s c i e n t e s seriam s e l e c i o n a d o s "os complexos p a t e r n a i s " , p o i s estes têm orande e extraordinária importância em toda a formação da v i d a . T a i s complexos p a t e r n a i s então, pejados de a f e t o s , famintos de estímulos de natureza s e x u a l , germinariam o que a ps í ca ná 1 j_ se denomina "fome s e x u a l " , que s e r i a o mais poderoso vínculo ent r e os desejos sexuais r e ­primidos e i n c o n s c i e n t e s e a pessoa s i g n i f i c a t i v a , no caso, o h i p n o t i z a d o r . Repetimos suas a l a v r a s : - "a capacidade de ser h i p n o t i z a d o e i n f l u e n c i a d o pela sugestão depende da possi i l i d a d e de que se desenvolva uma t r a n s f e r e n c i a , ou,mais claramente, uma a t i t u d e sexual pn

s i t i v a , embora i n c o n s c i e n t e , que a pessoa h i p n o t i z a d a adote com relação ao h i p n o t i z a d o r . A

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t r a n s f e r e n c i a , como todo "objeto-amor", tem sua* profundas raízes nos r e p r i m i d o s comple­xos paternos". E. em continuação: - "o que desejo e s t a b e l e c e r mediante os f a t o s apresenta dos e o c o n c e i t o de que o "médium" está realmente enamorado pelo h i p n o t i t a d o r e que esta tendência vem da infância".

Em s e g u i d a , continuando a r e p e U r suas p a l a v r a s , v e r i f i c a m o s que, embora preca­riamente, f u n c i o n a sua auto-crítica: - "nao c o n t i n u a r e i estudando a a n a l o g i a entre o ena­moramento e a hipnose para não dar a impressão de que deduzo sobre semelhança banal".

Acaba afirmando que t a l hipótese é bem fundada sobre investigações suas e de FREUD e que é p e r f e i t a m e n t e c o r r e t a .

Tal concepção, que é g e r a l para as e s c o l a s p s i c a n a l T t i c a s .^ortodoxas ou d i s s i -dentes, c o n c l u i pela submissão i n c o n s c i e n t e ao h i p n o t i z a d o r . l i g a d a i submissão f i l i a l f r e n t e ã a u t o r i d a d e dos g e n i t o r e s . Daí o considerarem a hipnose como terapêutica maternal ou paterna 1.

Se concordássemos com as e s c o l a s psicanalíticas, teríamos que c o n s i d e r a r a h i p ­nose como sendo, somente, o eco de f a n t a s i a s i n c e s t u o s a s , p r o i b i d a s , numa criança.

Situando-se como um f i s i o l o g i s t a fazendo incursões na P s i q u i a t r i a , PAVLOV consi^ dera a hipnose como um estado de f a s e , intermediário e n t r e a vigília e o sono. Tal estado de fase r e s u l t a r i a :

1 - de diferentes níveis de extensão da inibição, i s t o e, maior ou menor difusão da Inibição nos d i f e r e n t e s s e t o r e s , quer do córtex, quer em profundidade.nos d i f e r e n t e s estágios do cérebro;

2 - de d i v e r s a s i n t e n s i d a d e s de inibição, mais ou menos profunda e i n c i n d i n d o s o bre os mesmos pontos.

Para a E s c o l a C o r t i c o - V i s c e r a 1 , a hipnose é um fenómeno neuro-fisiolõgico devi do a u m r e f l e x o de indução; t a l r e f l e x o é condicionado por estímulos d i v e r s o s e vários,o? quais são e x c i t a d o r e s e c o n d i c i o n a d o r e s . T a i s estímulos provocam uma inibição c o r t i c a l d i f u s a e i r r a d i a d a , mantendo conexões temporárias e n t r e o córtex e o cérebro profundo.Man têm-se, e n t r e t a n t o , um ponto vígil excitãvel, o qual permite a interrelação " s u j e t " - hip" n o t i s t a . ~

Quando estuda o aspecto "sugestão" em hipnose, assim se exprime PAVLOV - "Suges tao e auto-sugestão sao a concentração da excitaçao em um ponto de sua r e s u l t a n t e - a repre­sentação; Esta excitação concentrada pode ser provocada pela emoção (origem s u b c o r t i c a 1 ) : por excitação e x t e r n a o u por ligações i n t e r n a s de associações. A d q u i r e , então, s i g n i f i c a ­ção dominante, inelutável. Sua existência, sua exteriorização em movimentos, não e causa­da por outras associações, sensações ou representações presentes ou passadas, o que se­r i a um ato r a c i o n a l . Nao, a q u i , com o enfraquecimento do tono c o r t i c a l , e s t a associação concentrada acompanha-se de uma f o r t e indução n e g a t i v a , que a i s o l a de todas as demais in fluências".

Este é o mecanismo da sugestão hipnótica ou põs-hipnõtica que, no cérebro nor­mal, o c o l o c a , momentaneamente, num estado de tono p o s i t i v o mais b a i x o , p o s i t i v o porque e uma r e s p o s t a a t i v a ã excitação.

Das t e o r i a s que aceitam para a hipnose a dissociação ou exclusão de aspectos da mente, vamcs nos r e f e r i r ã de RAPHAEL RHODES, denominada " t e o r i a da exclusão psíqui­ca r e l a t i v a " .

0 autor c o n s i d e r a que em todas as pessoas existem duas mentes: - o b j e t i v a e sub j t t i v a . A mente o b j e t i v a r e l a c i o n a - s e com os s e n t i d o s e tem a capacidade de r a c i o c i n a r ? t a n t o i n d u t i v a como dedutivamente; a mente s u b j e t i v a r e l a c i o n a - s e com a memória, só pode r a c i o c i n a r dedutivamente e não dispõe de capacidade de síntese.

Há equilíbrio p e r f e i t o , em cada indivíduo normaj, t a l coroo no travessão de uma balança ou como num vaso que contenha líquidos de densidades d i f e r e n t e s , entretanto,o pre domínio de uma destas mentes e x c l u i a a t i v i d a d e da o u t r a , de maneira r e l a t i v a e concomi -ts nte.

I s t o ê válido para oindivíduo acordardo, dormindo ou em hipnose. Quando acorda do, o que determina a predominância de uma dessas mentes são as necessidades s o l i c i t a d o r

ras de um ou de outro t i p o de raciocínio.

Na hipnose, é a ação do h i p n o t i s t a que induz ã retração a mente o b j e t i v a (senso r i a l ) , p e r m i t i n d o que a mente s u b j e t i v a avance para o p r i m e i r o p l a n o ; aí, então, por mecã n i s m o s ^ s u g e s t i v o s , t o r n a - s e capaz de ser d i r i g i d a e se submete ao operador. Tal submissão e possível em fac e de a mente s u b j e t i v a ser incapaz de síntese e a c e i t a r , passivamente, as sínteses que lhe forem sugeridas pelo h i p n o t i s t a , com carãter incontrovertível; a aneste­s i a , por exemplo, por prender-se ao s e n s o r i a l , é conseguida na hipnose porque a mente sub j e t i v a a c e i t a a sugestão e rechaça a sensação dolor o s a que, como d e t a l h e , não faz parteda síntese s u g e r i d a pelo h i p n o t i s t a .

No sono normal, o mecanismo é idêntico, mas a mente s u b j e t i v a c o n t i n u a , apesar da sua preponderância, a ser d i r i g i d a pela mente o b j e t i v a do próprio indivíduo. A auto hipnose , é _ v a r i a n t e na qual,por vontade própria, a mente s u b j e t i v a avança com a a u t o - s u ­gestão e ê d i r i g i d a pela mente do próprio indivíduo.

A capacidade de recordação, que é aguçada no estado hipnótico, ê devida ã pre­ponderância da mente s u b j e t i v a , a qual se r e l a c i o n a com a memória.

* * *

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Estas três são, a nosso v e r , as t e o r i a s modernas básicas que tentam a e x p l i c a ­ção do fenómeno "hipnose". Podemos, apenas para ilustração, lembrar a t e o r i a de MORTON PRINCE (1908), da dissociação e dupla consciência; a de ANOREW SALTER (1944), do c o n d i c i o namento; de HULL (1933), da elevada s u s c e p t i b i l i d a d e ã sugestão (para HULL a hipnose nada tem a ver com o sono e afirma que o c o n c e i t o de íono só serve para obscurecer a compreen­são da hipnose) e a de SOLOVEY-MILECHNIN (1955-60), da hipnose como resp o s t a emocional, cu j a i n t e n s i d a d e é semelhante aos estados emocionais da vigília.

* * *

0 NOSSO P0NTO-0E-VISTA Não encontrando na P s i q u i a t r i a d e s c r i t i v a r e s p o s t a ao que perguntávamos ante ca

da caso de distúrbio mental que se nos apresentava,nos dirigimos para a psicanálise; os en tusia'smos i n i c i a i s arrefeceram quando v e r i f i c a m o s que, também a q u i , continuavam, em seus fundamentos, os critérios rígidos de causa e e f e i t o , as generalizações, as formas a r t i f i c i a i s, sofisticadas e s u p e r f i c i a i s de compreensão e a t e n t a t i v a de e n c o n t r a r o paciente atra vês dos seus sintomas.

P r i n c i p a l m e n t e o carãter estático da p e r s o n a l i d a d e que, segundo FREUD, e s t a r i a e s t a b e l e c i d a entre 5 a 6 anos de idade e, daí por d i a n t e , apenas r e p e t i n d o os padrões de conduta a d q u i r i d o s , f o i a grande fon t e das nossas desilusões. Mesmo as i d e i a s mais avança das de KAREN HORNEY, s i n t e t i z a n d o e desenvolvendo os p o n t o s - d e - v i s t a d i s s i d e n t e s e ortodõ xos, negando t a l estratificação, considerando a transferência como o conjunto de elemen­tos i r r a c i o n a i s na a t i t u d e emocional do pa c i e n t e com referência ao médico, p r i n c i p a l m e n t e , da l u t a c o m p e t i t i v a e n t r e c a p i t a l e t r a b a l h o , entre segurança, prestígio e frustração na l u t a s o c i a l , não nos s a t i s f i z e r a m .

A fenomenologia e x i s t e n c i a l , concebida como d o u t r i n a para o P s i q u i a t r a e não como método terapêutico, que realmente não o ê nem e x i s t e como t a l , v e i o trazer-nos aque l a p o s s i b i l i d a d e que procurávamos: - compreender o sintoma através da existência mórbida do p a c i e n t e e, assim, poder realmente t r a t a r ao pa c i e n t e e não ã síndrome.

Compreendemos as neuroses dentro do critério fenomenolõgico existencial, já d e s c r i t o . No que que se r e f e r e ã hipnose, concordamos, em princípio, com a Escola Cortiço

- V i s c e r a l que inibição, sono e hipnose são um mesmo processo; queremos a c r e s c e n t a r , po­rém que geram fenómenos fisiológicos d i f e r e n t e s e que a inibição, na hipnose, n e c e s s i ­ta de e s c l a r e c i m e n t o quanto ao seu processamento. Tal afirmação b a s e i a - s e na fenomenoio -gia do estado hipnótico, no e l e t r o e n c e f a l o g r a m a e nas a t u a i s aquisições neurofisiolõgicas, no que concerne ao cérebro profundo.

São poucos, muito poucos mesmo, os casos que pudemos c o n t r o l a r com o EEG; mas ele s nos conduzem a a f i r m a r que a hipnose é uma resposta bioelétrica: - o aparelho capta e o EEG r e g i s t r a a sua presença.

0 EEG no sono e na hipnose, para o mesmo indivíduo, aparentemente, não aoresen-tadiferenças; é esta a afirmação de muitos hipnõlogos em suas pesquisas e l e t r o e n c e f a 1 o -grãficas;_a nõs, parece necessário algo mais que a simples observação mecanográfica do e l e t r o ; sao f i l i g r a n a s , alterações pequenas de amplitude e de frequência, por vezes ver dadeira "coartaçao", se assim pudermos nos e x p r e s s a r , da função eletrogênica da substãn" c i a nervosa, por o u t r a s , d i s c r e t o s aumentos que devem ser i n t e r p r e t a d o s de acordo com a problemática psicológica do " s u j e t " e nunca estática e isoladamente como "mais um" traça­do eletroencefalogrãfico.

0 número mínimo de pesquisas nos impede de maiores afirmações neste sentido. Aí está, somente, um a l e r t a e a comunicação de uma hipótese de t r a b a l h o , cuja invest'gaçãode ve ser f e i t a e que pretendemos c o n t i n u a r .

Aceitamos as t e o r i a s psicanalíticas cr e d e n c i a d a s : - e l a s explicam as diferenças s u p e r f i c i a i s da hipnose, c e r t a s reações psicológicas, as resistências do " s u j e t " , a eficã c i a de um processo para t a l indivíduo e sua inocuidade em o u t r o , e t c . Entretanto,por se­rem as t e o r i a s psicanalíticas de mera observação s u p e r f i c i a l e u n i l a t e r a l , nenhuma delas e x p l i c a o fenómeno "hipnose", nem os r e s u l t a d o s g e r a i s da h i p n i a t r i a .

De maneira esquemática, como convém ao presente t r a b a l h o , tentaremos r e l a d o nar com a hipnose os achados a t u a i s no que d i z r e s p e i t o ã Formação R e t i c u l a r do Tronco C e r e b r a l , especialmente ao Sistema R e t i c u l a r A t i v a d o r Ascendente.

A descoberta das funções da substância r e t i c u l a r deve s e r considerada como a mais importante da moderna n e u r o f i s i o l o g i a . T a i s investigações vêm sendo f e i t a s no últi­mo decénio.

Desde a descrição, por HERRICK, do que denominou de " n e u r o p i l " , na salamandra, até aos estudos de DELL, MAGOUN, MORUZZI e tan t o s outros sobre a F.R.T.C, no homem, t a l conjunto é considerado como zona de integração, como campo de convergências e s p a c i a i s s i ^ nãpticas.

Os estímulos são levados ao córtex por dois sistemas de condução a f e r e n t e :

- 0 pausinãptico - constituído de v i a s longas, poucas s i n a p s e s , já conhecido como v i a s e n s i t i v a . Permite uma distribuição c o r t i c a l bem g e n e r a l i z a d a , com zonas de recepção específica. S e r i a um sistema Exõtropo;

- 0 mui tissinâptico - constituído pela substância r e t i c u l a r desde os bastões da r e t i n a , passando pelas e s t r u t u r a s mediobasais do cérebro, até a substância i n

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t e r n u n c i a l da medula. Oe f i b r a s c u r t a s , multas s i n a p s e s , sem zonas c o r t i c a i s de recepção e s p e c i f i c a e distribuição d i f u s a . S e r i a um slstíema Endótropo. Pa­ra f i n s didãticos consideramos a s e g u i n t e divisão:

- Formação R e t i c u l a r do Tronco C e r e b r a l (FRTC):

- Sistema r e t i c u l a r ascendente a t i v a d o r (SRA);

- Sistema r e t i c u l a r descendente, d e s a t i v a d o r ;

- Sistema Difusotalãmico, antagónico.

Cabe ao córtex função a n a l i s a d o r a , seiec1onadora e d e s a t i v a d o r a dos estímulos; t a l r e s p o s t a , no que d i z r e s p e i t o aos estímulos inespecíficos, é i n i b i d o r a e con t r o l a d o r a (desativação c o r t i c a l ) .

A Formação R e t i c u l a r é e s t r u t u r a nervosa s i t u a d a e n t r e o d i e n c i f a l o e o mesencé f a l o (do bulbo ã par t e i n f e r i o r do tálamo] e está constituída, segundo DELL, por conver­gências e s p a c i a i s de inervação a f e r e n t e , nao específica, t a n t o somáticas caio v e g e t a t i v a s .

Ao nosso estudo i n t e r e s s a o SRA. Recebendo de MAGOUN e colaboradores t a l denomi_ nação, tem por função manter o animal d e s p e r t o . A excitação d i r e t a provoca no e l e t r o c e f a -lograma uma "reaçao de despertamento" i g u a l a que se v e r i f i c a quando o I n d i v i d u o é acorda do bruscamente (aumento da frequência e diminuição da i n t e n s i d a d e do rit m o EEG). A des ~ truição do SRA em gatos e macacos, sendo p a r c i a l , determina um estado de obnubilação da consciência, tanto mais i n t e n s o quanto maior f o r a área destruída e semelhante ao coma.no homem. A t o t a l destruição do SRA é incompatível com a v i d a .

E o SRA que mantêm o córtex em a l e r t a , vígil e, p o r t a n t o , capaz de perceber os estímulos d i s c r i m i n a d o s e específicos da s e n s i b i l i d a d e t r a n s m i t i d o s ã cortiça c e r e b r a l pe l a s v i a s longas e s e n s i t i v a s ( a u d i t i v a , v i s u a l , tãtil, e t c ) .

MAGOUN e colaboradores v e r i f i c a r a m o e f e i t o da a n e s t e s i a pelo éter e pentobarbi t a l sódico, r e g i s t r a n d o os p o t e n c i a i s elétricos, quer de um quer de o u t r o sistema, e v e r i f i c a r a m que:

- os.estímulos projet a d o s pelo mu 11issinãptico são bloqueados;

- os projeta d o s pelo paussinãptico são, por ve z e s , e x a l t a d o s .

E n t r e t a n t o , o animal c o n t i n u a i n c o n s c i e n t e , sem o estado de a l e r t a . Embora a informação d i s c r i m i n a d a chegue ao córtex,- não pode s e r u t i l i z a d a , por f a l t a de estímulo que lhe confere a capacidade de aperceber. E o SRA que mantém o córtex desperto, conscien­t e .

O EEG r e g i s t r a toda e qualquer alteração do SRA e, segundo GASTAUT:

- a excitação do SRA provoca desincronização no EEG (aumenta a frequência e d i ­minui a a m p l i t u d e ) , i s t o é, há descargas neuronais mais frequentes e menor nú mero de neurónios em f a s e ;

- a inibição do SRA provoca sincronização no EEG ( d i m i n u i a frequência e aumen­ta a amplitude ), i s t o é t diminuem as descargas neuronais e aumenta o número de neurónios em fa s e .

Tanto a a d r e n a l i n a como a a c e t i 1 " o l i n a são os mais poderosos d e s i n c r o n i z a d o r e s do EEG. Parece que os colinérgicos exercem açao predominante na par t e s u p e r i o r do SRA e os adrenérgicos na p a r t e i n f e r i o r .

Embora pareça p a r a d o x a l , p o r t a n t o , quer os adrenérgicos (norad r e n a l i n a , simpíti-na) como os colinérgicos ( s e r o t o n i n a , a c e t i 1 - c o l i n a ), ao e x c i t a r e m c e n t r o s hipota iâmicos, simpáticos ou parasimpáticos, vão r e s u l t a r em EEG muito semelhante.

As f e n o t i a z i n a s , antiadrenalínicos, que inibem os c e n t r o s hipotalãmicos simpãt^ co s , diminuem a frequência e aumentam a amplitude no ÈEG. A r e s e r p i n a , que l i b e r t a a sero t o n i n a e a t i v a os centros hipotalãmicos par?simpáticos , dá em r e s u l t a d o um EEG muito seme­l h a n t e ao a n t e r i o r (mesmo e f e i t o por outra v i a ) . São, p o r t a n t o , ambos s i n c r o n i z a n t e s .

Ta i s estudos nos permitem afirmar- que a a t i v i d a d e do SRA e as respostas c o r t i ­c a i s são de origem bio-e1étricas, p o i s o EEG as r e g i s t r a f i e l m e n t e ; que as funçõesda FRTC estão r e l a c i o n a d a s , intimamente, com os fenómenos da hipnose. Quer a reaçao de desperta­mento, a vigília; quer a reação de recrutamento (ã qual não nos r e f e r i m o s no presente tra_ b a l h o j ; quer a desativação e c o n t r o l e c o r t i c a l , bem como o sono, as ações adrenérgicas e c o l i n e r g i c a s , e t c . são fenómenos bio-e1étricos, que o EEG r e g i s t r a . Também as alterações bio-elétricas do estado de hipnose sao r e g i s t r a d a s pelo EEG.

Repetimos, são mínimas as nossas observações, mas e l a s nos levam a c r e r , como hipótese de t r a b a l h o , que busca e exige confirmações e e s c l a r e c i m e n t o s , ser a hipnor.-e uma resposta bio-elétrica de tipo inibitório, a estímulos sensoriais feitos com determinada técnicat resultando em fenómenos fÍ3Íol ó^gioos espec i a i s e disposições psicológicas exsep-aionaie, incidindo', principalmente , no estado de consciência e na função afetivo-emocio-n a l - continua no próximo número

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