a guerra civil

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A guerra civil Atento ao que se passava em Portugal, D. Pedro IV decidiu agir. Assim, em 1832, abdicou do trono do Brasil em favor do seu filho e assumiu a regência de Portugal, em nome de sua filha D. Maria da Glória. Tinha a seu lado a Inglaterra e também a França. Decidiu então organizar um exército, juntando-se na ilha Terceira, nos Açores, aos exilados liberais e partiu para Portugal, desembarcando, ainda nesse ano, numa praia perto do Porto, ocupando essa cidade sem grande resistência. D. Miguel e as suas tropas cercaram o Porto durante um ano; mas os habitantes desta cidade e os liberais resistiram até à derrota dos absolutistas. A partir do Porto, a guerra civil estendeu-se a quase todo o país, tendo os exércitos liberais alcançado uma série de vitórias, nomeadamente a reconquista de Lisboa, em 1833. Em Maio de 1834, D. Miguel aceitou assinar a paz, na Convenção de Évora-Monte, abandonando depois, definitivamente, o país. Era o triunfo do liberalismo. As reformas de Mouzinho da Silveira Vencidos os absolutistas, os liberais puderam efectuar reformas no país, com o objectivo de o modernizar e acabar com as marcas do Antigo Regime. De entre todas as reformas, salientam-se as que se inserem no plano económico e social, efectuadas por elementos dos governos liberais, destacando-se as de Mouzinho da Silveira, entre 1832-34: a abolição do direito de morgadio, ou seja, o direito que o filho mais velho (o morgado) tinha de herdar exclusivamente todos os bens dos pais; a extinção da dízima e dos direitos senhoriais; a reforma da administração pública, através da divisão do país em províncias, comarcas e concelhos; a liberalização do comércio e da pequena indústria, através da extinção dos monopólios. Apesar de importantes, as reformas deste e de outros liberais não foram suficientes para que Portugal registasse um grande desenvolvimento económico, sobretudo devido à grande instabilidade política que se vivia na época. No plano religioso, os liberais decidiram extinguir as ordens religiosas (1834), bem como apoderar-se dos bens destas, passando-os para as mãos do Estado .

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Page 1: A guerra civil

A guerra civil

Atento ao que se passava em Portugal, D. Pedro IV decidiu agir.

Assim, em 1832, abdicou do trono do Brasil em favor do seu filho e

assumiu a regência de Portugal, em nome de sua filha D. Maria da

Glória. Tinha a seu lado a Inglaterra e também a França.

Decidiu então organizar um exército, juntando-se na ilha Terceira,

nos Açores, aos exilados liberais e partiu para Portugal,

desembarcando, ainda nesse ano, numa praia perto do Porto,

ocupando essa cidade sem grande resistência.

D. Miguel e as suas tropas cercaram o Porto durante um ano; mas

os habitantes desta cidade e os liberais resistiram até à derrota dos

absolutistas.

A partir do Porto, a guerra civil estendeu-se a quase todo o país,

tendo os exércitos liberais alcançado uma série de vitórias,

nomeadamente a reconquista de Lisboa, em 1833.

Em Maio de 1834, D. Miguel aceitou assinar a paz, na Convenção

de Évora-Monte, abandonando depois, definitivamente, o país.

Era o triunfo do liberalismo.

As reformas de Mouzinho da Silveira

Vencidos os absolutistas, os liberais puderam efectuar reformas no país, com o objectivo de o

modernizar e acabar com as marcas do Antigo Regime.

De entre todas as reformas, salientam-se as que se inserem no plano económico e social, efectuadas

por elementos dos governos liberais, destacando-se as de Mouzinho da Silveira, entre 1832-34:

• a abolição do direito de morgadio, ou seja, o direito que o filho mais velho (o morgado) tinha de

herdar exclusivamente todos os bens dos pais;

• a extinção da dízima e dos direitos senhoriais;

• a reforma da administração pública, através da divisão do país em províncias, comarcas e

concelhos;

• a liberalização do comércio e da pequena indústria, através da extinção dos monopólios.

Apesar de importantes, as reformas deste e de outros liberais não foram suficientes para que Portugal

registasse um grande desenvolvimento económico, sobretudo devido à grande instabilidade política que

se vivia na época.

No plano religioso, os liberais decidiram extinguir as ordens religiosas (1834), bem como apoderar-se dos bens destas, passando-os para as mãos do Estado .