caderno c: capitão américa - guerra civil

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Fábio Trindade DA AGÊNCIA ANHANGUERA [email protected] Se os fãs da Marvel são fascina- dos pelos filmes dos Vingado- res (algo difícil para eu enten- der), a ponto de transformá-los nos dois longas de maior bilhe- teria da gigante dos quadri- nhos, o mínimo que Capitão América: Guerra Civil vai fazer com esse público é levá-los ao clímax. Chega a ser difícil com- parar a qualidade da produ- ção, que aporta nos cinemas à meia-noite de hoje, com os de- mais feitos sobre o querido ti- me de super-heróis. A começar pelo fato de que a terceira produção liderada por Steve Rogers (Chris Evans) — exatamente como as duas anteriores — tem um excelen- te roteiro (ou seja, história), acompanhado por uma dire- ção impecável, fugindo com louvor da fórmula “tiro, porra- da e bomba” tão cansativa de Os Vingadores. Os irmãos Joe e Anthony Russo mostraram em Capitão América 2: O Soldado Invernal que o herói patriota seguiria uma linha muito diferente dos demais filmes da Marvel, apos- tando em conteúdo denso, re- levante, interessante e muito bem intrincado, com boas ce- nas de ação que servem para complementar o enredo. Co- mo resultado, o filme se tor- nou, de longe, no melhor da Marvel. Ponto. Havia uma preocupação se os diretores manteriam a alta qualidade nesta sequência, jus- tamente pelo excesso de super- heróis envolvidos na trama (in- cluindo quatro, dos seis Vinga- dores originais das versões ci- nematográficas). Porém, saiba que estamos diante de uma obra-prima. Bom, pelo menos no segmento em questão. Por exemplo, é impossível não comparar a batalha entre Capitão América e Homem de Ferro (Robert Downey Jr.) ao desastre lançado mês passado chamado Batman vs Super- man: A Origem da Justiça. Quem esperava um belo filme entre os dois maiores super- heróis da DC Comics vai ter que se contentar mesmo com a Marvel. Neste caso, a batalha foi vencida com uma facilida- de impressionante. Até porque se o que real- mente salva em Batman vs Su- perman é a Mulher Maravilha (Gal Gadot), em Guerra Civil as várias participações espe- ciais dão um show à parte. A começar pela estreia do Ho- mem-Aranha no universo Mar- vel. O ator Tom Holland, de apenas 19 anos, encarna tão bem o personagem que trans- formou o querido herói no mais carismático e bem-humo- rado já feito, superando inclu- sive Tobey Maguire. Suas ce- nas (como o encontro com Tony Stark e a sua participa- ção na esperada luta entre as equipes) estão entre as melho- res do filme. Aliás, falando no combate, o que deixa Guerra Civil tão in- teressante é que não há ape- nas Capitão América x Ho- mem de Ferro. Temos aqui Fei- ticeira Escarlate x Visão; Solda- do Invernal x Pantera Negra; Falcão x Máquina de Comba- te; Gavião Arqueiro x Viúva Ne- gra; e Homem-Formiga (Paul Rudd, novamente divertidíssi- mo) x Homem-Aranha. E é aí que tudo fica interes- sante. Ao contrário do que acontece quando os Vingado- res se juntam, há muita união entre os times, tanto do Capi- tão América quanto do Ho- mem de Ferro. Isso quer dizer que eles não são apenas he- róis poderosos lutando contra uma mesma causa (como os Vingadores), eles literalmente são uma equipe, e isso signifi- ca ajudar um ao outro, usar es- tratégias em conjunto para der- rotar o oponente, unir forças por um mesmo objetivo. Não há lutas individuais, há um de- fendendo o outro o tempo to- do, em movimentos inespera- dos e alucinantes. É uma baita luta. E isso os faz se aproximar muito do que os X-Men sem- pre fizeram (esses, sem discus- são, os melhores heróis já cria- dos). E como é bom ver isso acontecer. Sem contar que os motivos que os levam a se en- frentar são maiores do que eles. Ou seja, realmente con- vencem o espectador. Não é bem contra o mal, são princí- pios, numa busca pelo certo e errado que pode interferir no todo. Afinal, só isso importa, concorda? A UNIÃO faz a FORÇA As equipes lideradas por Homem de Ferro (Robert Downey Jr., com armadura vermelha) e Capitão América (Chris Evans, com escudo) se enfrentam em novo filme com heróis da Marvel / ESTREIA / Capitão América: Guerra Civil mostra embate de super-heróis com narrativa impecável Direção passa longe da fórmula “tiro, porrada e bomba” INVESTIGAÇÃO Fotos: Divulgação Restos mortais de Pablo Neruda são sepultados pela quarta vez. PÁGINA A24 Sugestões de pautas, críticas e elogios: [email protected] CORREIO POPULAR Campinas, quarta-feira, 27 de abril de 2016

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Page 1: Caderno C: Capitão América - Guerra Civil

Fábio TrindadeDA AGÊNCIA ANHANGUERA

[email protected]

Se os fãs da Marvel são fascina-dos pelos filmes dos Vingado-res (algo difícil para eu enten-der), a ponto de transformá-losnos dois longas de maior bilhe-teria da gigante dos quadri-nhos, o mínimo que CapitãoAmérica: Guerra Civil vai fazer

com esse público é levá-los aoclímax. Chega a ser difícil com-parar a qualidade da produ-ção, que aporta nos cinemas àmeia-noite de hoje, com os de-mais feitos sobre o querido ti-me de super-heróis.

A começar pelo fato de quea terceira produção lideradapor Steve Rogers (Chris Evans)— exatamente como as duasanteriores — tem um excelen-te roteiro (ou seja, história),acompanhado por uma dire-ção impecável, fugindo comlouvor da fórmula “tiro, porra-da e bomba” tão cansativa de

Os Vingadores.Os irmãos Joe e Anthony

Russo mostraram em CapitãoAmérica 2: O Soldado Invernalque o herói patriota seguiriauma linha muito diferente dosdemais filmes da Marvel, apos-tando em conteúdo denso, re-levante, interessante e muitobem intrincado, com boas ce-nas de ação que servem paracomplementar o enredo. Co-

mo resultado, o filme se tor-nou, de longe, no melhor daMarvel. Ponto.

Havia uma preocupação seos diretores manteriam a altaqualidade nesta sequência, jus-tamente pelo excesso de super-heróis envolvidos na trama (in-cluindo quatro, dos seis Vinga-dores originais das versões ci-nematográficas). Porém, saibaque estamos diante de uma

obra-prima. Bom, pelo menosno segmento em questão.

Por exemplo, é impossívelnão comparar a batalha entreCapitão América e Homem deFerro (Robert Downey Jr.) aodesastre lançado mês passadochamado Batman vs Super-man: A Origem da Justiça.Quem esperava um belo filmeentre os dois maiores super-heróis da DC Comics vai terque se contentar mesmo coma Marvel. Neste caso, a batalhafoi vencida com uma facilida-de impressionante.

Até porque se o que real-mente salva em Batman vs Su-perman é a Mulher Maravilha(Gal Gadot), em Guerra Civilas várias participações espe-ciais dão um show à parte. Acomeçar pela estreia do Ho-mem-Aranha no universo Mar-vel. O ator Tom Holland, deapenas 19 anos, encarna tãobem o personagem que trans-formou o querido herói no

mais carismático e bem-humo-rado já feito, superando inclu-sive Tobey Maguire. Suas ce-nas (como o encontro comTony Stark e a sua participa-ção na esperada luta entre asequipes) estão entre as melho-res do filme.

Aliás, falando no combate,o que deixa Guerra Civil tão in-teressante é que não há ape-nas Capitão América x Ho-mem de Ferro. Temos aqui Fei-ticeira Escarlate x Visão; Solda-do Invernal x Pantera Negra;Falcão x Máquina de Comba-te; Gavião Arqueiro x Viúva Ne-gra; e Homem-Formiga (PaulRudd, novamente divertidíssi-mo) x Homem-Aranha.

E é aí que tudo fica interes-sante. Ao contrário do queacontece quando os Vingado-res se juntam, há muita uniãoentre os times, tanto do Capi-tão América quanto do Ho-mem de Ferro. Isso quer dizerque eles não são apenas he-

róis poderosos lutando contrauma mesma causa (como osVingadores), eles literalmentesão uma equipe, e isso signifi-ca ajudar um ao outro, usar es-tratégias em conjunto para der-rotar o oponente, unir forçaspor um mesmo objetivo. Nãohá lutas individuais, há um de-fendendo o outro o tempo to-do, em movimentos inespera-dos e alucinantes. É uma baitaluta.

E isso os faz se aproximarmuito do que os X-Men sem-pre fizeram (esses, sem discus-são, os melhores heróis já cria-dos). E como é bom ver issoacontecer. Sem contar que osmotivos que os levam a se en-frentar são maiores do queeles. Ou seja, realmente con-vencem o espectador. Não ébem contra o mal, são princí-pios, numa busca pelo certo eerrado que pode interferir notodo. Afinal, só isso importa,concorda?

A UNIÃO faz a FORÇA

As equipes lideradas por Homem de Ferro (Robert Downey Jr., com armadura vermelha) e Capitão América (Chris Evans, com escudo) se enfrentam em novo filme com heróis da Marvel

/ ESTREIA / Capitão América: Guerra Civil mostra embate de super-heróis com narrativa impecável

Direção passa longeda fórmula “tiro,porrada e bomba”

INVESTIGAÇÃO

Fotos: Divulgação

Restos mortais de PabloNeruda são sepultados pelaquarta vez. PÁGINA A24

Sugestões de pautas, críticas e elogios:[email protected]

CORREIO POPULARCampinas, quarta-feira, 27 de abril de 2016