a glossemática e o estruturalismo norte- americano. a morfologia universidade de vigo, 2007

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A Glossemática e o A Glossemática e o estruturalismo estruturalismo norte-americano. A norte-americano. A morfologia morfologia Universidade de Vigo, Universidade de Vigo, 2007 2007

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Page 1: A Glossemática e o estruturalismo norte- americano. A morfologia Universidade de Vigo, 2007

A Glossemática e o A Glossemática e o estruturalismo norte-estruturalismo norte-

americano. A morfologiaamericano. A morfologia

Universidade de Vigo, 2007Universidade de Vigo, 2007

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A GlossemáticaA Glossemática

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A GlossemáticaA Glossemática

Escola fundada por Louis T. Escola fundada por Louis T. Hjelmslev e Hans J. Uldall no Hjelmslev e Hans J. Uldall no seio do seio do Círculo Linguístico Círculo Linguístico de Copenhaguede Copenhague

Outros nomes conhecidos:Outros nomes conhecidos: Viggo Bröndal – fundador do Viggo Bröndal – fundador do

CírculoCírculo

GlossemaGlossema: : Forma mínima da Forma mínima da análise linguística que porta análise linguística que porta significado (< gr. significado (< gr. γλωσσγλωσσαα). ).

Louis Trolle Hjelmslev

(1899- 1965)

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A GlossemáticaA Glossemática É umha escola estruturalista “de base”, já que É umha escola estruturalista “de base”, já que

parte dumha reformulaçom do próprio conceito parte dumha reformulaçom do próprio conceito de signo linguístico (de signo linguístico (videvide suprasupra) e fai uso dumha ) e fai uso dumha terminologia completamente autónoma.terminologia completamente autónoma.

Consideram a língua umha forma pura e Consideram a língua umha forma pura e procedem a realizar umha formulaçom muito procedem a realizar umha formulaçom muito mais formal e abstracta do que tinha sido mais formal e abstracta do que tinha sido realizado até entom, deixando de parte qualquer realizado até entom, deixando de parte qualquer consideraçom relativa à substância.consideraçom relativa à substância.

A língua seria um ente formal autónomo A língua seria um ente formal autónomo constituído por umha série de dependências constituído por umha série de dependências (relações) internas entre elementos de diferentes (relações) internas entre elementos de diferentes níveis linguísticos.níveis linguísticos.

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A GlossemáticaA Glossemática A sua análise linguística leva-os a diferenciar A sua análise linguística leva-os a diferenciar

dous tipos de glossemas: dous tipos de glossemas: cenemascenemas (~ fonemas) (~ fonemas) e e pleremaspleremas (~ morfemas). Do seu estudo (~ morfemas). Do seu estudo encarregaria-se respectivamente a cenemática e encarregaria-se respectivamente a cenemática e a pleremática.a pleremática.

Um contributo mui importante de Hjelmslev é a Um contributo mui importante de Hjelmslev é a catalogaçom de três tipos de relações:catalogaçom de três tipos de relações:

De determinaçom (subordinaçom):De determinaçom (subordinaçom): Joám comprou um boneco Joám comprou um boneco que falaque fala segadsegadoraora

De interdependência (interordinaçom): De interdependência (interordinaçom): sacasaca--rolhasrolhas Fijo os trabalhosFijo os trabalhos masmas nom passou a matéria nom passou a matéria

De constelaçom (coordenaçom):De constelaçom (coordenaçom): galaico-luso-brasileirogalaico-luso-brasileiro Joám canta e Paulo dançaJoám canta e Paulo dança

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Estruturalismo norte-Estruturalismo norte-americanoamericano

Page 7: A Glossemática e o estruturalismo norte- americano. A morfologia Universidade de Vigo, 2007

O relativismo linguísticoO relativismo linguístico É umha corrente herdeira da linguística É umha corrente herdeira da linguística

comparada do séc. XIX e do estruturalismo comparada do séc. XIX e do estruturalismo saussureano.saussureano.

Relaciona-se com o relativismo Relaciona-se com o relativismo antropológico, corrente minoritária no séc. antropológico, corrente minoritária no séc. XIX e inícios do séc. XX que se opunha ao XIX e inícios do séc. XX que se opunha ao etnocentrismo de inspiraçom darwinista.etnocentrismo de inspiraçom darwinista.

Baseia-se em trabalhos de campo e Baseia-se em trabalhos de campo e descrições de línguas mui diferentes do descrições de línguas mui diferentes do típico padrom indo-europeu, típico padrom indo-europeu, fundamentalmente línguas ameríndias.fundamentalmente línguas ameríndias.

Page 8: A Glossemática e o estruturalismo norte- americano. A morfologia Universidade de Vigo, 2007

O relativismo linguísticoO relativismo linguístico Franz BoasFranz Boas (1858-1942): antropólogo de (1858-1942): antropólogo de

origem alemã (judaica) que emigrou para os origem alemã (judaica) que emigrou para os EUA e que é pai do chamado “relativismo EUA e que é pai do chamado “relativismo cultural”:cultural”:

““raças como os índios do Peru e da América raças como os índios do Peru e da América Central desenvolverom civilizações similares Central desenvolverom civilizações similares àquelas nas quais as civilizações europeias àquelas nas quais as civilizações europeias tenhem a sua origemtenhem a sua origem””

Cada cultura é umha unidade integrada, fruto Cada cultura é umha unidade integrada, fruto dum desenvolvimento histórico particular. Deve dum desenvolvimento histórico particular. Deve ser estudada em relaçom aos seus próprios ser estudada em relaçom aos seus próprios parâmetros.parâmetros.

A partir dos estudos de Boas, a Antropologia A partir dos estudos de Boas, a Antropologia começa a abandonar as ideias etnocentristas.começa a abandonar as ideias etnocentristas.

No âmbito da linguística, Boas destacou o valor No âmbito da linguística, Boas destacou o valor idêntico de todas as línguas, com independência idêntico de todas as línguas, com independência da raça ou nível cultural de cada povo, algo que da raça ou nível cultural de cada povo, algo que se contrapunha à visom maioritária no seio da se contrapunha à visom maioritária no seio da linguística comparada (p.ex. Schleicher)linguística comparada (p.ex. Schleicher)

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O relativismo linguísticoO relativismo linguístico Edward SapirEdward Sapir (1884-1939): (1884-1939):

discípulo de Boas e, ao igual que discípulo de Boas e, ao igual que ele, judeu alemám emigrado para ele, judeu alemám emigrado para os EUA.os EUA.

Desenvolveu um ingente trabalho Desenvolveu um ingente trabalho de campo com línguas em perigo, de campo com línguas em perigo, elaborando umha multidom de elaborando umha multidom de gramáticas e dicionários.gramáticas e dicionários.

Interessou-se sobretudo pola Interessou-se sobretudo pola organizaçom do significado nas organizaçom do significado nas diferentes línguas e pola relaçom diferentes línguas e pola relaçom deste factor com aspectos de tipo deste factor com aspectos de tipo cultural.cultural.

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O relativismo linguísticoO relativismo linguístico Benjamim Lee WhorfBenjamim Lee Whorf (1897-1941): (1897-1941):

discípulo de Sapir com formaçom no discípulo de Sapir com formaçom no campo da antropologia cultural, mas campo da antropologia cultural, mas com conbributos fundamentais para a com conbributos fundamentais para a linguística.linguística.

Dedicou-se especialmente ao Dedicou-se especialmente ao trabalho de campo, estudando um trabalho de campo, estudando um grande número de línguas grande número de línguas ameríndias.ameríndias.

Aprofundando nas ideias de Sapir, Aprofundando nas ideias de Sapir, desenvolveu o princípio do desenvolveu o princípio do relativismo linguístico, também relativismo linguístico, também conhecido como conhecido como hipótese Sapir-hipótese Sapir-WhorfWhorf. Esta teoria terá grande . Esta teoria terá grande importância no debate acerca da importância no debate acerca da possibilidade da traduçom.possibilidade da traduçom.

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O relativismo linguísticoO relativismo linguístico A hipótese Sapir-Whorf afirma que existe umha A hipótese Sapir-Whorf afirma que existe umha

relaçom estreita entre a linguagem e o relaçom estreita entre a linguagem e o pensamento. A língua materna dumha pessoa pensamento. A língua materna dumha pessoa determinaria o seu jeito de pensar e de estar no determinaria o seu jeito de pensar e de estar no mundo (a sua cogniçom).mundo (a sua cogniçom).

Um dos exemplos mais eloquentes do alcance Um dos exemplos mais eloquentes do alcance desta teoria é o sistema verbal da língua hópi:desta teoria é o sistema verbal da língua hópi: ““... O idioma hópi parece nom conter palavras, formas ... O idioma hópi parece nom conter palavras, formas

gramaticais, construções ou expressões referidas gramaticais, construções ou expressões referidas directamente ao que nós chamamos “tempo”, quer directamente ao que nós chamamos “tempo”, quer passado, presente ou futuro...passado, presente ou futuro...

...Entre as propriedades peculiares do tempo em hópi ...Entre as propriedades peculiares do tempo em hópi estám a de que ele varia com cada observador, nom estám a de que ele varia com cada observador, nom permite a simultaneidade e nom tem dimensões, isto é, permite a simultaneidade e nom tem dimensões, isto é, nom lhe pode ser atribuído um número maior do que um. nom lhe pode ser atribuído um número maior do que um. Os hópi nom dizem: Os hópi nom dizem: Eu fiquei durante cinco diasEu fiquei durante cinco dias mas mas Eu Eu parti no quinto diaparti no quinto dia......

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O relativismo linguísticoO relativismo linguístico No entanto, Whorf nom considera essa diferença No entanto, Whorf nom considera essa diferença

como um defeito do hópi:como um defeito do hópi: A língua hópi evidencia um nível mais elevado de A língua hópi evidencia um nível mais elevado de

pensamento, uma análise mais racional das situações do pensamento, uma análise mais racional das situações do que o nosso inglês tam celebrado? Claro que evidencia. que o nosso inglês tam celebrado? Claro que evidencia. Neste aspecto e em vários outros, o inglês comparado Neste aspecto e em vários outros, o inglês comparado com o hópi é como um coto comparado com uma longa com o hópi é como um coto comparado com uma longa espadaespada

Portanto:Portanto: Cada língua é um vasto sistema diferente dos outros no Cada língua é um vasto sistema diferente dos outros no

qual som ordenadas culturalmente as formas e as qual som ordenadas culturalmente as formas e as categorias polas quais as pessoas nom só comunicam categorias polas quais as pessoas nom só comunicam como também analisam a natureza e os tipos de relações como também analisam a natureza e os tipos de relações e de fenómenos, ordenam o seu raciocínio e constroem a e de fenómenos, ordenam o seu raciocínio e constroem a sua consciênciasua consciência

Nom existe umha fonte universal do pensamento Nom existe umha fonte universal do pensamento humano. Os falantes das diferentes línguas vêm o humano. Os falantes das diferentes línguas vêm o Cosmos diferentemente, às vezes de modo aproximado, Cosmos diferentemente, às vezes de modo aproximado, às vezes de modo bastante diferenteàs vezes de modo bastante diferente

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O relativismo linguísticoO relativismo linguístico

Whorf aduziu como argumento favorável à Whorf aduziu como argumento favorável à sua hipótese a dificuldade que, mesmo sua hipótese a dificuldade que, mesmo entre as línguas indo-europeias, existe às entre as línguas indo-europeias, existe às vezes para traduzir mesmo simples frases. vezes para traduzir mesmo simples frases. Tais dificuldades (ou “impossibilidade”) Tais dificuldades (ou “impossibilidade”) provariam que as diferenças linguísticas provariam que as diferenças linguísticas transmitem umha diferente apreensom da transmitem umha diferente apreensom da realidade.realidade.

Portanto, o relativismo linguístico seria um Portanto, o relativismo linguístico seria um argumento a favor da impossibilidade da argumento a favor da impossibilidade da traduçom.traduçom.

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O relativismo linguísticoO relativismo linguístico A teoria Sapir-Whorf tem sido apoiada e criticada com A teoria Sapir-Whorf tem sido apoiada e criticada com

paixom desde o início, tendo suscitado um caloroso debate paixom desde o início, tendo suscitado um caloroso debate entre os seus partidários e os seus detractores.entre os seus partidários e os seus detractores.

John B. Carroll (1916), linguista e psicólogo estadunidense John B. Carroll (1916), linguista e psicólogo estadunidense que trabalhou com línguas muito diferentes, corroborou a que trabalhou com línguas muito diferentes, corroborou a teoria Sapir-Whorf, mas eliminando o seu carácter teoria Sapir-Whorf, mas eliminando o seu carácter determinista: a língua predispom, mas nom determina, a determinista: a língua predispom, mas nom determina, a nossa visom do mundo.nossa visom do mundo.

A partir de entom, é normal falar da acepçom forte da A partir de entom, é normal falar da acepçom forte da teoria Sapir-Whorf, actualmente minoritária, e da acepçom teoria Sapir-Whorf, actualmente minoritária, e da acepçom moderada, amplamente aceita apesar de ter também moderada, amplamente aceita apesar de ter também detractores.detractores.

No âmbito da tradutologia, mesmo aceitando os No âmbito da tradutologia, mesmo aceitando os condicionantes postos pola acepçom moderada da teoria condicionantes postos pola acepçom moderada da teoria Sapir-Whorf, é amplamente maioritária a opiniom de que Sapir-Whorf, é amplamente maioritária a opiniom de que nom existem textos ou expressões intraduzíveis. Podem é nom existem textos ou expressões intraduzíveis. Podem é existir, em qualquer caso, dificuldades de diverso tipo para existir, em qualquer caso, dificuldades de diverso tipo para a traduçom.a traduçom.

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O distribucionalismoO distribucionalismo É umha escola original, desenvolvida por É umha escola original, desenvolvida por

Leonard BloomfieldLeonard Bloomfield (1887-1949), que (1887-1949), que apresenta certas afinidades com a apresenta certas afinidades com a glossemática e que está influída pola glossemática e que está influída pola psicologia condutista (“o comportamento psicologia condutista (“o comportamento humano está determinado polas condições humano está determinado polas condições externas em que tem lugar”).externas em que tem lugar”).

Outros nomes conhecidos:Outros nomes conhecidos: Charles HockettCharles Hockett Zellig HarrisZellig Harris

Afirma que um acto de fala nom é mais que Afirma que um acto de fala nom é mais que um comportamento particular que se explica um comportamento particular que se explica por factores externos antes que polo por factores externos antes que polo pensamento do falante. pensamento do falante.

Nesse sentido, relaciona-se com as correntes Nesse sentido, relaciona-se com as correntes funcionalistas e será precursor dos estudos funcionalistas e será precursor dos estudos sociolinguísticos. Também será um dos sociolinguísticos. Também será um dos alicerces do gerativismo.alicerces do gerativismo.

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O distribucionalismoO distribucionalismo Contudo, e nessa mesma linha antimentalista, a principal Contudo, e nessa mesma linha antimentalista, a principal

característica do distribucionalismo será a sua renúncia a característica do distribucionalismo será a sua renúncia a considerar o significado na descriçom linguística.considerar o significado na descriçom linguística.

A renúncia ao significado, que consideram um elemento A renúncia ao significado, que consideram um elemento inapreensível, teria por vantagem atingir umha maior inapreensível, teria por vantagem atingir umha maior cientificidade e rigor na descriçom linguística.cientificidade e rigor na descriçom linguística.

A análise distribucional centra-se na fala (A análise distribucional centra-se na fala (corporacorpora) e ) e consiste em descrever o contexto imediato das unidades do consiste em descrever o contexto imediato das unidades do discurso e as hierarquias que entre elas se estabelecem discurso e as hierarquias que entre elas se estabelecem mediante umha técnica de comutaçom baseada na mediante umha técnica de comutaçom baseada na gramaticalidade das sequências (nom no significado).gramaticalidade das sequências (nom no significado). P.ex. Em P.ex. Em o gato dormeo gato dorme o elemento o elemento gatogato fai parte da mesma fai parte da mesma

categoria que a unidade categoria que a unidade carrocarro porque a frase porque a frase o carro dormeo carro dorme é é gramatical, embora careça de sentido ou seja inaceitável. No gramatical, embora careça de sentido ou seja inaceitável. No entanto, a sequência entanto, a sequência cantamoscantamos nom pertence a essa categoria nom pertence a essa categoria porque a sequência *porque a sequência *o cantamos dormeo cantamos dorme é agramatical. é agramatical.

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A morfologiaA morfologia

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MorfologiaMorfologia

Parte da gramática que trata da análise da Parte da gramática que trata da análise da estrutura interna da palavra. Do estudo estrutura interna da palavra. Do estudo das palavras como unidades do léxicon das palavras como unidades do léxicon ocupa-se a lexicologia.ocupa-se a lexicologia.

Divide-se em:Divide-se em: Morfologia derivacionalMorfologia derivacional - Estudo dos - Estudo dos

processos de formaçom de palavrasprocessos de formaçom de palavras Morfologia flexionalMorfologia flexional - Estudo dos processos - Estudo dos processos

de variaçom da forma dos itens lexicais por de variaçom da forma dos itens lexicais por razões gramaticaisrazões gramaticais

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MorfologiaMorfologia

Problemas para definir o conceito Problemas para definir o conceito PALAVRAPALAVRA

Som análogas as relações que Som análogas as relações que acontecem dentro da palavra das que acontecem dentro da palavra das que acontecem em níveis superiores? acontecem em níveis superiores?

Hipótese lexicalista: A tarefa exclusiva da Hipótese lexicalista: A tarefa exclusiva da morfologia é estrutura interna da palavramorfologia é estrutura interna da palavra

Hipóteses nom lexicalistas: Os processos Hipóteses nom lexicalistas: Os processos sintácticos também atingem o nível da palavra.sintácticos também atingem o nível da palavra.

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Classes de palavrasClasses de palavras As palavras nom som todas iguais, mas estám As palavras nom som todas iguais, mas estám

classificadas em diferentes "classes“. classificadas em diferentes "classes“. O emprego de diferentes classes de palavras é O emprego de diferentes classes de palavras é

um conhecimento espontâneo de todos os um conhecimento espontâneo de todos os falantes, mas inconsciente. falantes, mas inconsciente.

Só as pessoas com certa formaçom som capazes Só as pessoas com certa formaçom som capazes de classificar umha palavra na classe que lhe de classificar umha palavra na classe que lhe correspondecorresponde

Os gregos forom os primeiros a classificarem as Os gregos forom os primeiros a classificarem as palavras em partes do discurso e descrever as palavras em partes do discurso e descrever as suas variações segundo as diferentes flexões: suas variações segundo as diferentes flexões: tempo, género, número, caso, voz, modo, etc.tempo, género, número, caso, voz, modo, etc. Platom: diferenciou entre nomes e verbosPlatom: diferenciou entre nomes e verbos Aristóteles: acrescenta ainda a categoria das conjunçõesAristóteles: acrescenta ainda a categoria das conjunções

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Classes de palavrasClasses de palavras Critério tradicional para estabelecer as classes de Critério tradicional para estabelecer as classes de

palavras > Critério nocional ou semântico. P.ex: palavras > Critério nocional ou semântico. P.ex: "Verbo é a palavra que indica estado ou acçom" "Verbo é a palavra que indica estado ou acçom" > estar, andar; mas tb. doente, corrida...> estar, andar; mas tb. doente, corrida...

Critério formal ou morfológico. p.ex: "Substantivo Critério formal ou morfológico. p.ex: "Substantivo é a palavra que se flexiona em número" > mas... é a palavra que se flexiona em número" > mas... “Galiza” ??“Galiza” ??

Critério funcional ou distribucional: funçom do Critério funcional ou distribucional: funçom do vocábulo em relaçom a outros. P.ex: "Adjectivo é vocábulo em relaçom a outros. P.ex: "Adjectivo é aquele vocábulo que modifica os substantivos" > aquele vocábulo que modifica os substantivos" > mas "marinheiro brasileiro" ??mas "marinheiro brasileiro" ??

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Classes de palavrasClasses de palavras Mediante os três critérios, as gramáticas tradicionais Mediante os três critérios, as gramáticas tradicionais

estabelecerom dez classes de palavras: substantivo, estabelecerom dez classes de palavras: substantivo, artigo, adjectivo, pronome, numeral, verbo, artigo, adjectivo, pronome, numeral, verbo, advérbio, preposiçom, conjunçom, interjeiçomadvérbio, preposiçom, conjunçom, interjeiçom

Mas a delimitaçom depende de cada língua. P.ex. o Mas a delimitaçom depende de cada língua. P.ex. o latim ou o russo nom tenhem artigos. Nalgumhas latim ou o russo nom tenhem artigos. Nalgumhas línguas nom é singelo diferenciar verbos de línguas nom é singelo diferenciar verbos de adjectivos... etc.adjectivos... etc.

Podemos agrupar as dez classes em dous grupos:Podemos agrupar as dez classes em dous grupos: Palavras lexicais Palavras lexicais ouou nocionais nocionais: substantivo, artigo, : substantivo, artigo,

adjectivo, pronome, numeral, verbo, advérbioadjectivo, pronome, numeral, verbo, advérbio Palavras gramaticaisPalavras gramaticais ou ou instrumentaisinstrumentais: preposiçom, : preposiçom,

conjunçomconjunçom

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Outros critérios de classificaçom Outros critérios de classificaçom das palavrasdas palavras

simples vs. compostassimples vs. compostas p.ex: maçã vs. vaga-lumep.ex: maçã vs. vaga-lume

primitivas vs. derivadasprimitivas vs. derivadas p.ex: pedra vs. pedrinhap.ex: pedra vs. pedrinha

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Análise das palavrasAnálise das palavras

Formas livres: possuem existência Formas livres: possuem existência autónoma: autónoma: reirei, , marmar

Formas presas: nom podem ocorrer Formas presas: nom podem ocorrer isoladamente: isoladamente: cant-a-re-icant-a-re-i

Formas dependentes: nom som Formas dependentes: nom som afixos, mas também nom som afixos, mas também nom som autónomos: autónomos: meme, , dede, , aa

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Análise das palavrasAnálise das palavras

MorfemaMorfema (ou (ou monemamonema): é o elemento ): é o elemento mínimo de análise da primeira articulaçom mínimo de análise da primeira articulaçom (um átomo de significante + significado).(um átomo de significante + significado).

AlomorfeAlomorfe: variantes de forma que um : variantes de forma que um mesmo morfema apresenta por diversas mesmo morfema apresenta por diversas causas. causas. a) Pola presença de contextos fonéticos a) Pola presença de contextos fonéticos

condicionadores (condicionamento fonológico). condicionadores (condicionamento fonológico). Disto ocupa-se a morfofonologia. P.ex: Disto ocupa-se a morfofonologia. P.ex: i-legali-legal, , im-possívelim-possível, , in-disciplinain-disciplina

b) Por selecçom lexical (condicionamento b) Por selecçom lexical (condicionamento lexical). P.ex: lexical). P.ex: abade-abade-ØØ, , abadess-aabadess-a

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Análise das palavrasAnálise das palavras

Algumhas escritas tendem a ocultar Algumhas escritas tendem a ocultar a alomorfia de base fonológica. P.ex. a alomorfia de base fonológica. P.ex. o inglês: o inglês: assignassign vs. vs. assignationassignation ; ; devoteddevoted vs. vs. blamedblamed vs. vs. pickedpicked

/asign-/ > [asain-] vs. [asign-]/asign-/ > [asain-] vs. [asign-] /-ed/ > [-id] vs. [-d] vs. [-t]/-ed/ > [-id] vs. [-d] vs. [-t]

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Análise das palavrasAnálise das palavras ArquimorfemaArquimorfema: Neutralizaçom que em : Neutralizaçom que em

certos contextos tem lugar entre dous certos contextos tem lugar entre dous morfemas. P.ex: neutralizaçom da oposiçom morfemas. P.ex: neutralizaçom da oposiçom masc. vs. fem. no pluralmasc. vs. fem. no plural

Ao igual que noutros níveis de análise Ao igual que noutros níveis de análise linguística, entre os diferentes morfemas linguística, entre os diferentes morfemas estabelecem-se relações de subordinaçom, estabelecem-se relações de subordinaçom, coordenaçom e interordinaçom:coordenaçom e interordinaçom: P.ex: estrutura morfológica de P.ex: estrutura morfológica de tranquillizertranquillizer::

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Análise das palavrasAnálise das palavras LexemasLexemas ou ou morfemas radicaismorfemas radicais: parte : parte

(geralmente) invariável das palavras: (geralmente) invariável das palavras: GATGAT-o, -o, GATGAT-a, -a, GATGAT-inh-o, -inh-o, GATGAT-um... O conjunto das palavras -um... O conjunto das palavras relacionadas por um lexema denomina-se família ou relacionadas por um lexema denomina-se família ou paradigma lexical)paradigma lexical) O termo lexema também se emprega para designar de jeito O termo lexema também se emprega para designar de jeito

abstracto umha família lexical no seu conjunto. Para abstracto umha família lexical no seu conjunto. Para representar o lexema costuma escolher-se representar o lexema costuma escolher-se convencionalmente uma das palavras derivadas: convencionalmente uma das palavras derivadas: lemalema. . P.ex: nos verbos o infinitivo: CANTAR (mas em latim a P.ex: nos verbos o infinitivo: CANTAR (mas em latim a primeira pessoa do Pres. Ind: CANO)primeira pessoa do Pres. Ind: CANO)

A concretizaçom dum lexema num discurso determinado A concretizaçom dum lexema num discurso determinado denomina-se denomina-se vocábulovocábulo. Quando um vocábulo só registra . Quando um vocábulo só registra umha única ocorrência num texto denomina-se umha única ocorrência num texto denomina-se hápaxhápax..

Morfemas afixaisMorfemas afixais: parte variável das palavras: gat-: parte variável das palavras: gat-OO, pat-, pat-INHINH--OO, dorm-, dorm-II--RERE--MOSMOS

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Análise das palavrasAnálise das palavras

Identificaçom dos morfemas: Identificaçom dos morfemas: segmentaçom e comutaçom:segmentaçom e comutaçom:

cantaremos > cant a re moscantaremos > cant a re mos cantaríamos > cant a ría moscantaríamos > cant a ría mos cantávamos > cant a va moscantávamos > cant a va mos cantarmos > cant a r moscantarmos > cant a r mos

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Análise das palavrasAnálise das palavras

Tipos de morfemas:Tipos de morfemas: 1. Aditivos 1. Aditivos

radicaisradicais afixosafixos

prefixos: prefixos: desdes-fazer-fazer sufixos: palh-sufixos: palh-eireir--oo infixos: árabe> infixos: árabe> kkaattaabb (escreveu) | (escreveu) | kkaattiibb

(escrevendo) | (escrevendo) | kkiittaabb (livro) > raiz (livro) > raiz k_t_bk_t_b

Também se chamam infixos as partículas Também se chamam infixos as partículas intercaladas por razões de eufonia entre lexemas intercaladas por razões de eufonia entre lexemas e outros morfemas afixais: café + inho > café-e outros morfemas afixais: café + inho > café-zz--inho.inho.

circunfixos: circunfixos: enen-terr--terr-arar

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Análise das palavrasAnálise das palavras

2. Reduplicativos: samoano: 2. Reduplicativos: samoano: manaomanao (quer) > (quer) > mananaomananao (querem) (querem)

3. Alternativos: muda a estrutura fónica 3. Alternativos: muda a estrutura fónica da raiz. p.ex: da raiz. p.ex: vamosvamos vs. vs. fomosfomos

4. Morfema zero: morfema para o qual 4. Morfema zero: morfema para o qual nom há um alomorfe evidente: p.ex: nom há um alomorfe evidente: p.ex: leitorleitorØØ vs. vs. leitoraleitora

5. Morfema substrativo: umha categoria 5. Morfema substrativo: umha categoria gramatical é representada pola perda de gramatical é representada pola perda de morfema: morfema: réuréu - - réré

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Análise das palavrasAnálise das palavras

Morfemas afixais flexivos e derivativosMorfemas afixais flexivos e derivativos Morfemas flexivos: Estabelecem relações e Morfemas flexivos: Estabelecem relações e

acidentes gramaticais. Nom mudam o acidentes gramaticais. Nom mudam o significado referencial básico do lexema. p.ex: significado referencial básico do lexema. p.ex: bel-bel-aa--ss

Morfemas derivativos: Acrescentam matizes ao Morfemas derivativos: Acrescentam matizes ao significado do lexema. p.ex: significado do lexema. p.ex: cafe-t-cafe-t-eireir-a-s-a-s

A derivaçom é, junto com a composiçom A derivaçom é, junto com a composiçom (p.ex: "quebra-nozes"), um dos (p.ex: "quebra-nozes"), um dos procedimentos empregados para a procedimentos empregados para a FORMAÇOM DE NOVAS PALAVRAS.FORMAÇOM DE NOVAS PALAVRAS.

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Análise das palavrasAnálise das palavras

Categorias gramaticais ou morfo-Categorias gramaticais ou morfo-sintácticas:sintácticas: Som categorias que podem realizar-se Som categorias que podem realizar-se

flexionalmente em diversas línguas, flexionalmente em diversas línguas, tendo umha projecçom sintáctica: tendo umha projecçom sintáctica: número, género, grau, definitude, caso, número, género, grau, definitude, caso, posse, tempo, aspecto, modo, negaçom, posse, tempo, aspecto, modo, negaçom, transitividade, voz, pessoa.transitividade, voz, pessoa.